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DOI: 10.1590/1413-81232015206.

13672014 1795

Histórias de vida, homeopatia e educação permanente:

TEMAS LIVRES FREE THEMES


construindo o cuidado compartilhado

Life stories, homeopathy and permanent education:


construction of shared healthcare

Helvo Slomp Junior 1


Laura Camargo Macruz Feuerwerker 2
Emerson Elias Merhy 3

Abstract Taking its inspiration from the homeo- Resumo Inspirando-se no método homeopático
pathic method of collecting data, and acting in de coleta de dados, e sob a perspectiva da edu-
a context of permanent education in health, this cação permanente em saúde, esta pesquisa teve
study aimed to analyze the possibilities that can como objetivo analisar as possibilidades, para o
be offered for healthcare by construction of Life cuidado em saúde, que a construção de histórias
Histories, in organized encounters for collective de vida podem oferecer, em encontros organizados
elaboration of shared therapeutic projects. Some para a elaboração coletiva de projetos terapêuticos
changes that arose from the use of this strategy are compartilhados. São discutidas algumas mudan-
discussed: health workers and users changed their ças que decorreram do emprego dessa estratégia,
stances in relation to each other; teams looked at seja no reposicionamento mútuo de trabalhadores
cases with a new approach; and both these de- e usuários, seja em uma nova abordagem dos ca-
velopments appeared to have created stronger sos pelas equipes, mudanças essas que parecem ter
and more effective encounters to produce care. It fortalecido o estabelecimento de encontros produ-
is concluded that, in the ambit of this study, Life tores do cuidado. Conclui-se que, no âmbito deste
Histories, by intensifying the collective operation estudo, as histórias de vida, ao intensificarem a
of soft technologies, in an invitation to the shared operação coletiva de tecnologias leves em um con-
therapeutic project, increased the porosity of the vite ao projeto terapêutico compartilhado, propi-
teams, and the recognition of the user as a val- ciaram a ampliação da porosidade das equipes e o
id interlocutor. The conclusion favors reorienta- reconhecimento do usuário como interlocutor vá-
tion of approach to the other technological levels lido, favorecendo a reorientação dos demais pla-
in health work, and recognition of Life Histories nos tecnológicos do trabalho em saúde, operando
1
Departamento de Saúde as powerful elements for production of effective assim como potentes dispositivos para a produção
Comunitária, Universidade healthcare. do cuidado em saúde.
Federal do Paraná. R. Padre
Camargo 280/7º, Centro. Key words Life histories, Therapeutic project, Palavras-chave Histórias de vida, Projeto
80060-240 Curitiba PR Permanent education in health, Homeopathy terapêutico, Educação permanente em saúde,
Brasil. helvosj@gmail.com Homeopatia
2
Faculdade de Saúde
Pública, Universidade de
São Paulo.
3
Faculdade de Medicina,
Campus Macaé,
Universidade Federal do Rio
de Janeiro.
1796
Slomp Junior H et al.

Introdução tribuições da produção coletiva denominada mi-


cropolítica do trabalho e do cuidado em saúde1,4,5.
Este artigo apresenta resultados de um recorte As histórias de vida (HV) são utilizadas em
de uma pesquisa, já parcialmente abordada em atividades de pesquisa de diversas áreas do co-
outro artigo1, que teve como principal objetivo nhecimento, e diversos também são os procedi-
“compreender as possibilidades de contribuição mentos escolhidos para coleta, processamento
extraclínica da homeopatia na construção coleti- e análise das informações. No campo da saúde
va de projetos terapêuticos cuidadores, em ofici- há, a título de exemplo, uma produção recente
nas multiprofissionais de educação permanente que aplica o método fenomenológico à proposta
em saúde, no contexto da atenção básica à saúde”. antropológica da experiência do adoecimento, e
O referencial de base para toda a pesquisa foi o da que atualmente promove suas primeiras inves-
educação permanente em saúde (EPS), que pode tidas empíricas a partir desta formulação: é a
ser resumido a partir das revisões de Merhy et al.2 “experiência em 1ª pessoa”9,10. Escapa ao escopo
e de Merhy e Feuerwerker3: com base nos incô- deste texto desenvolver aqui essa proposta, ca-
modos vivenciados com a realidade experiencia- bendo no entanto delimitar que, apesar de apro-
da – a vida vivida em ato – e contando com os ximações no que se refere à relevância das HV
saberes prévios de cada sujeito, pode-se mobili- para apreensão de certas dimensões da realidade,
zar a potência transformadora da realidade em tendo em comum por exemplo a aposta na ante-
saúde. Nessa matriz, que dialoga com a produ- rioridade da experiência vivida sobre a doença, a
ção do campo da micropolítica do trabalho e do opção feita por esta pesquisa foi pela mediação
cuidado em saúde, opera-se uma certa concepção narrativa a partir das equipes de saúde, o coletivo
de tecnologias em saúde, as duras (instrumentos, no qual se interferiu.
medicamentos, equipamentos, tudo que já vem Construída sobre alguns princípios hipocrá-
pronto para o encontro cuidador), as leve-du- ticos, sendo o principal deles o da similitude, e
ras (conhecimentos técnicos estruturados, que utilizando-se de medicamentos dinamizados, a
ao serem aplicados sofrem a interferência desse homeopatia foi institucionalizada no Brasil como
mesmo encontro) e as leves, aquelas relacionais e especialidade médica e posteriormente de outras
que conferem “vida” propriamente dita ao traba- profissões da saúde. Fundada no final do século
lho em saúde, que acontece em ato e é produtor XVIII, lança mão de várias técnicas e procedi-
(ou não) do cuidado4,5. Neste trabalho se buscou mentos, dentre os quais uma atenção específica
explorar a potência das histórias de vida (HV) na a fatos da vida do paciente que possam ser úteis
dimensão das tecnologias leves, quando da pro- para a leitura homeopática de seu adoecimento.
dução do encontro para o cuidado. Em sua obra mais importante, o Organon da
Do referencial acima extraiu-se ainda um Arte de Curar, Samuel Hahnemann, o fundador
certo conceito de dispositivo, ferramenta analí- da homeopatia, elaborou uma primeira sistema-
tica que pode ser construída por um mediador tização de como se tomar um caso na clínica ho-
junto a um coletivo em análise1,6. Para Foucault, meopática11, posicionando como de alta hierar-
dispositivo pode ser entendido como uma in- quia sintomática o que denominava, seja qual for
tervenção racional e organizada nas relações de a enfermidade em questão, de “estado de ânimo
força em jogo em determinado cenário social, ou mental”. Também propunha a valorização das
tendo, portanto, uma função estratégica quando influências “externas” ao atual processo de adoe-
se pretende operar tais forças, estabilizando-as cimento, advindas de “circunstâncias especiais da
ou desenvolvendo-as em determinada direção7. vida” (modo de viver, ocupação, dieta, etc.), bem
Empregou-se nesta pesquisa um dispositivo como uma certa suscetibilidade ou predisposição
que denominamos projeto terapêutico compar- mórbidas individuais, que alguns autores poste-
tilhado (PTC)1, com o qual se buscou a produ- riormente relacionaram também à constituição
ção de novas relações quando da articulação de e ao temperamento individuais12,13. Além disso,
uma “cadeia de cuidados em saúde”8, produto de há também na teoria homeopática a premissa
uma construção coletiva que pretende abranger de que somos todos passíveis de um adoecimen-
a equipe multiprofissional da saúde, usuários, to crônico progressivo, ou seja, acontecimentos
familiares envolvidos e gestores, além das redes significativos durante a vida podem deflagrar a
de atenção à saúde como um todo. Tal concepção atividade de uma enfermidade silenciosa ou em
de projeto terapêutico retoma seu aporte original estado latente, que a partir desses momentos pas-
no campo da saúde mental, porém agrega as con- sa a disparar uma sucessão de mudanças/padeci-
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mentos que nem sempre guardam uma relação Aspectos éticos e metodológicos
óbvia entre si14, se considerados os parâmetros
nosológicos atuais. Tratou-se de um estudo exploratório, aprovado
Paschero15 enfatizou que todos os que procu- no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Uni-
ram a homeopatia têm uma história a ser explo- versitário Clementino Fraga Filho (UFRJ). Após
rada, que em geral fornece informações de máxi- a aprovação do projeto no Comitê de Ética em
ma hierarquia para a escolha do medicamento a Pesquisa, a participação de cada sujeito se fez
ser prescrito. Eizayaga13 descreveu o mapeamento após leitura e assinatura do Termo de Consen-
de informações relevantes da história biográfica timento Livre e Esclarecido, e os nomes próprios
e dos adoecimentos – no jargão técnico história reais foram preservados em sigilo.
biopatográfica ou biopatografia –, a partir de O pesquisador principal do estudo realizou e
uma narrativa que deve ir além dos antecedentes coordenou 34 oficinas semanais de EPS junto a 5
patológicos ou médicos, recomendando especial equipes de saúde da família, lotadas em 3 unida-
atenção para o modo de resposta às circunstân- des básicas do município de Colombo-PR. Cada
cias existenciais. Assim, se não se pode falar em equipe era formada por 8 profissionais: 1 médica
um modelo de HV próprio da homeopatia, mas (o), 1 enfermeira (o), 1 técnica (o) de enferma-
é certo que há razões epistêmicas e clínicas para gem e 5 agentes comunitários de saúde; em uma
que os homeopatas lancem mão com frequência delas contou-se com a participação também de
de tal recurso, mesmo que a priori, como um uma profissional da recepção da unidade; e em
simples instrumento de coleta de dados. outra participou uma Técnica em Saúde Bucal.
Supõe-se, no entanto, que há efeitos de tal Na discussão a seguir os trabalhadores partici-
uso que possam fugir à compreensão dos pró- pantes do projeto foram designados como tb1,
prios homeopatas: os usuários que os procuram tb2, tb3 etc., obedecendo-se à ordem cronológica
trazem com eles seus sofrimentos, suas queixas, e, de manifestação ao longo das oficinas.
mais do que suas “doenças”, trazem também uma Foram consideradas as seguintes as fontes do
história repleta de desejos e valores, “uma vida material empírico: o áudio gravado dos encon-
que vem junto com cada um”8, e talvez por conta tros; anotações do pesquisador-facilitador em
disso abram-se novas possibilidades relacionais, um diário de campo; uma narrativa voluntária
algo anterior ao efeito do remédio homeopático de cada um sobre a vivência dessa experiência da
em si. Não seria essa a razão pela qual tal moda- pesquisa, solicitada ao final do período do tra-
lidade de relação médico-paciente muitas vezes balho de campo (ao todo 9 sujeitos atenderam a
ganhe diferentes contornos, com relação à que esta última solicitação).
se estabelece no âmbito da racionalidade médica Cada equipe foi convidada a selecionar ca-
científica oficial? Foi esse engendramento o que sos com base na problematização das seguintes
se procurou experimentar, agora no contexto questões disparadoras: “o que é um ‘caso difícil’
desta pesquisa. para esta equipe?”; e a seguir “por que esse caso
Neste estudo trabalhou-se com a hipótese de e não outro qualquer?”. Após a problematização
que a operação das HV inspiradas na concepção dessas escolhas, a próxima etapa era a elaboração
homeopática, em encontros cuidadores, pode re- coletiva de um projeto terapêutico para cada caso
sultar em uma intensiva operação de tecnologias selecionado. Todos os vinte e um casos trabalha-
leves, reorientando todo o aporte tecnológico ao dos com os grupos na pesquisa apresentavam,
cuidado (ou seja, colocando o manejo das tec- em seus aspectos clínicos, indícios de um adoeci-
nologias leve-duras e duras sob a presidência do mento relevante suscetível de leitura homeopáti-
encontro, da porosidade às necessidades dos usu- ca; porém, somente para alguns deles justificou-
ários). Tratou-se nesta pesquisa de experienciar o se a composição de uma HV, para os fins desta
mesmo recurso que na homeopatia é instrumen- pesquisa.
to, agora com o objetivo de avaliar a possibilida- Sempre que emergiam tensões na produção
des de tal aporte em outra circunstância que não do cuidado (exemplos: sensação de impotência
a consulta médica homeopática: especificamente frente aos problemas do usuário, devido a difi-
quando da construção compartilhada de projetos culdades para compreender a problemática do
terapêuticos em equipes de saúde da família, em caso; dificuldades de comunicação e/ou relações
uma matriz de EPS. equipe-usuário, por vezes sensação de “incompa-
tibilidade”; e um suposto desinteresse do usuário
– e/ou seus familiares – com relação aos cuidados
com a saúde), o pesquisador-facilitador trazia
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para o debate concepções do campo da home- pressão a artista denominou perfis provisórios.
opatia. Desses, o conceito que mais enriqueceu Inspiramo-nos nessa noção pois, para o proces-
os debates foi a construção de HV, objeto deste samento da HV, entendeu-se que havia um certo
relato. Partindo-se do pressuposto de que vários perfil provisório a priori por meio do qual a equi-
desconfortos com relação aos diferentes usuários pe definia o usuário antes das oficinas, e ao qual
decorrem também da invisibilidade de suas vi- o processo da pesquisa, convidando à abertura
das, do processo de produção dos mesmos como para a multiplicidade do sujeito, agregará novas
protagonistas, a construção de sua HV era então informações, novas percepções e novos entendi-
proposta, agora não mais vinculada à sua inser- mentos com relação às relações envolvidas nas
ção original em homeopatia, porém com outra vidas em questão. A questão disparadora para
finalidade: a de dispositivo para facilitar a elabo- nortear essa recomposição ou flexibilização do
ração do PTC. perfil provisório do usuário era: “o que mudou a
Não se definiu previamente um modelo úni- respeito de (nome do usuário) para vocês?”
co para as HV, desde que as informações obtidas Devido ao limitado espaço disponível para
fossem significativas para o usuário e para a equi- este artigo, foi selecionado, como exemplo, um
pe: a depender do caso, concentrou-se sobre um único caso, com base em três critérios: possibili-
longo período da vida em foco, ou tão somente tou, durante o campo da pesquisa, o exercício da
sobre um conjunto restrito de fatos. O modo de problematização tal como proposto, e também
se construir o relato também foi definido caso a um avanço importante nas etapas de construção
caso. Entretanto, alguns procedimentos se torna- da HV, bem como no processamento, com o gru-
ram úteis para todos os casos: o pesquisador pro- po, dos efeitos dela decorrentes. Deste caso nar-
punha visitas ao usuário em questão, com pelo rou-se, na seção seguinte: os fatos e temas consi-
menos duas pessoas da equipe, uma delas com derados pelas equipes como mais importantes; a
a incumbência de anotar as informações; estabe- motivação para a tomada do caso; as mudanças
lecia-se um prazo, em geral duas semanas, para que se seguiram (ou não) durante e após sua ela-
discutir o primeiro produto no grupo. Conside- boração, tanto na própria equipe, como na usuá-
rando-se que já havia um certo vínculo da equipe ria envolvida; e as influências que tais mudanças
com o usuário, anunciava-se, para o usuário, ape- podem ter tido sobre a condução coletiva do se-
nas um propósito diferente para aqueles encon- guimento do caso.
tros, que seria o de, por exemplo, “conhecer me-
lhor a senhora, ouvi-la, saber um pouquinho de
sua vida para melhor cuidar dos seus problemas Resultados
de saúde” (como relatou tb1). Esses encontros
com o usuário só ocorriam com sua anuência, e A atividade proposta não era rotineira para as
não eram gravados. Invariavelmente, a receptivi- equipes de saúde em geral, e vivenciá-la causou
dade inicial foi boa, e outras visitas se sucediam estranhamento, por exemplo, frente à necessida-
para a complementação da HV. de de se recolher fatos e afetos vividos pelo usuá-
Era solicitada especial atenção para a explo- rio durante os anos passados, se não se pode mais
ração de algumas pistas relevantes já conhecidas mudá-los no momento atual. É significativa a
sobre a vida do usuário em questão, bem como enunciação de uma trabalhadora: “resolver o que
de afetações que ele trazia para a equipe, e en- aconteceu no passado é impossível, então por
tão pactuavam-se alguns balizadores de busca que entrar nisso? Não seria melhor fazer o que
de novas informações. O mais importante deles, os familiares provavelmente estão fazendo: pôr
também orientado pela homeopatia, era uma uma pedra em cima?” (tb3). Essas questões fo-
maior atenção aos momentos de virada existen- ram problematizadas à custa de novas questões,
cial: sempre que houvesse fatos, considerados re- que mobilizaram bastante as equipes no reposi-
levantes pelo próprio sujeito, ou acontecimentos cionar-se frente aos casos: “e será que só há pro-
que tivessem causado mudanças, eles deveriam blemas insolúveis no passado, só dor? e se houver
ser mais explorados. também alegrias esquecidas?” (intervenções do
A artista plástica Pilar Rocha, em uma atua- pesquisador).
ção artístico-cultural16, assentou faixas com gesso A cada debate e problematização seguiam-se
sobre partes dos corpos de pessoas vivas que, ao novas visitas, e os trabalhadores mostravam-se
se secarem e após a saída dos modelos, erigiam menos “armados” de uma missão estritamente
imagens suspensas e fugidias que apenas suge- biomédica e preventivista, mobilizados para ou-
riam uma figura humana: a esse modo de ex- vir os relatos que os usuários desejavam compar-
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tilhar, e que antes não cabiam no trabalho morto foi o relato de suas perdas de familiares, que a
que preside o cotidiano de muitos de nossos ser- equipe imaginava terem sido três, e que se cons-
viços de saúde. A cada novo encontro as equipes tatou serem oito, ano após ano: mãe adotiva, ma-
ganhavam não apenas informações adicionais rido, filho, genro (os dois últimos assassinados),
para a compreensão do caso em si, mesmo que irmão, irmã, cunhada e neto: “... a partir da pri-
relevantes, mas exibiam novas possibilidades de meira perda ela foi piorando, não tendo ânimo
relações, de agenciamentos e de condução dos para viver. O que mais a família se queixa é do
casos. Depois de alguns encontros, vários traba- desânimo dela, da falta de vontade de melhorar.
lhadores e usuários diziam já não serem “mais os A doença só foi matando mais, se agregando
mesmos”. O que estaria acontecendo agora? Com mais nela. Hipertensão ela já tinha, diabetes, mas
efeito, de parte dos trabalhadores “baixou-se a aí foi surgindo mais a depressão. Aí ela se trata
guarda”, como tb3 chegou a se referir à nova rela- com várias especialidades, cada especialidade faz
ção que se estabelecia, tanto de parte das equipes um tratamento, claro, né? Ela toma em média 20
como da usuária. A seguir, o caso selecionado. comprimidos por dia.” (tb2)
Relato de caso. Trata-se de D. Ana Maura, Duas foram as perdas que mais a teriam
62 anos, viúva há 16 anos (marido morrera de abalado e que foram tomadas inicialmente, pela
morte súbita), 3 filhos e 4 netos, o primeiro caso equipe, na condição de momentos de virada: a do
a ser elaborado no decorrer da pesquisa. O per- filho (“eu tive ele só prá mim por 8 anos, e per-
fil provisório da usuária para a equipe era o de di!”, teria dito a usuária, seg. tb2) e a da cunhada
uma senhora de atitude lânguida, que apresenta- (“era sua única amiga verdadeira, até trocavam
va “desmaios” inexplicáveis e frequentes sempre roupas”, seg. tb4). Para tb3 o filho perdido, que
que confrontada com suas “responsabilidades” morreu assassinado com pouco mais de 30 anos
como usuária do serviço de saúde. Há controvér- de idade, há 7 anos, “sempre foi companheiro
sias quanto a essa característica de D. Ana Maura, dela, e depois de adulto ele é quem cuidava dela”;
pois ela também é diabética e a equipe se ques- esse filho deixou um neto que hoje tem 17 anos, e
tiona quanto ao papel de uma possível hipoglice- que está sempre junto da avó.
mia nessas manifestações. De qualquer maneira, Revelou-se seu nascimento no interior de Mi-
tais “desmaios” haviam se tornado o estigma de nas Gerais, a mudança há 40 anos para o Paraná,
D. Ana para a equipe, que não os considerava seu casamento e fixação de residência na região
“reais”: “quando você vai na casa dela é difícil o metropolitana de Curitiba. D. Ana gosta de ir à
diálogo, ela não conversa quase, fala muito baixo, igreja, e se diz preocupada com a recente gestação
devagar (...) Ela fala baixinho. Quando a gente da filha, de 40 anos, que mora com ela. Essa infor-
chega ela geralmente dá uma ‘desmaiadinha’. Ela mação contradiz o perfil provisório inicial: o de
está sempre morrendo. Não é?” (tb3) “A filha já que a usuária só lamentava a perda de outro filho,
falou: ‘eu já desisti da minha mãe’”. (tb2) mas que não se ocupava de quem efetivamente
A motivação para a escolha deste caso havia cuidava dela: essa filha em gestação de risco.
surgido a partir da incompatibilidade da equipe Outro tema considerado relevante foi o fato
com relação à usuária, e da sensação de impotên- de ter sido adotada: tem onze “irmãos de criação”,
cia de alguns trabalhadores para cuidar dela: “a mantendo contato com todos deles (disse ter 6
gente não vê muitas soluções, vive correndo atrás “irmãos de sangue”, praticamente desconheci-
e não adianta, né? Muita decepção, pelos métodos dos). A mãe adotiva morrera de leucemia quan-
tradicionais a gente não conseguiu avançar com do ela tinha 14 anos, e depois descobriu-se que
ela, né?” (tb2). “Ela não quer fazer certo, ela quer passou apresentar os tais “desmaios” desde então.
ser a exceção da regra. Ela quer fazer do jeito dela” Muitas mudanças se seguiram à elaboração
(tb3) “E é daquele jeito e ela vai morrer assim” desta história de vida. Em algumas discussões
(tb2). “E o estresse nosso, o desgaste, é querer que começaram a emergir diferentes referências a D.
ela entre na regra, mas ela é exceção” (tb3). Ana, de quando, por exemplo que ela teria sido
A equipe antes comparava esta senhora com vista conversando “normalmente” com uma vizi-
outros usuários mais cordatos e disciplinados, nha; e outro dia em que ela estava “mexendo nas
que aceitavam as medidas prescritas. Quando panelas”, quando a equipe chegou (seu perfil pro-
da afirmação da filha de que teria “desistido” da visório anterior era o de uma pessoa “improduti-
mãe, o sentimento foi compartilhado pela equipe va”). Os preconceitos que até então habitavam os
e, então, foi consenso a escolha do caso. discursos dos trabalhadores foram dando lugar a
Ao longo de sua construção, a marca princi- outras ponderações: D. Ana agora “era outra pes-
pal da história de D. Ana Maura para a equipe soa, até sorriu algumas vezes” (tb3).
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D. Ana também passou a se colocar de modo da com a gravidez de Aurelice, agora diz que tem
diferente nas visitas; não frequentava a unidade medo de perdê-la” (tb2).
de saúde e passou a fazê-lo. Teria comentado que Problematizou-se a conotação de “reais” ou
sempre fora quieta, não costumava conversar, e não, atribuída aos desmaios em discussões ante-
que antes nunca teria tido oportunidade de falar riores no grupo, e qual seria a importância disso
sobre sua vida: “a vida sempre foi muito sofrida, neste momento. A abertura mútua entre usuária
quem vai querer ouvir?” (tb4). As conversas com e equipe agora predominava, e até uma festa de
a equipe foram adiante, perguntou-se a ela sobre aniversário na casa daquela contou com a presen-
o casamento, se teria sido “por amor”: “foi prá ça de pessoas da equipe, fato inédito até então.
se livrar do meu irmão, que judiava da gente na Aprofundou-se então a construção do proje-
roça”, teria respondido à tb3. Seguiu-se um de- to terapêutico, nas oficinas, problematizando-se
bate sobre o tema do casamento como “válvula vários temas, como por exemplo a triangulação
de escape” para muitas mulheres daquela região. mãe – filho predileto morto – filha que atual-
Não parou por aí, e certo dia a equipe revelou mente mora com ela. Neste caso concluiu-se que
ter feito uma pergunta ainda mais íntima: “per- a relação com a filha, que está grávida e é acom-
guntei: ‘todos já tiveram uma grande paixão: a panhada em um serviço de pré-natal de alto ris-
senhora teve a sua?’; ela respondeu que sim, per- co, na verdade era carregada de implicações afeti-
guntei então se foi antes do atual marido, mais vas bem mais intrincadas. Concluiu-se, também
uma vez assentiu, e disse: ‘ele prometeu voltar um que para nós ela própria (essa filha) era também
dia prá me procurar...’” (tb4). importante candidata a um projeto terapêutico.
Agora não parecia haver mais qualquer “aver- As visitas a D. Ana, que se seguiram às conver-
são” à usuária, ou irritação com sua rebeldia sas para a construção da HV, agora retomavam o
ou mesmo com os antes “irritantes” desmaios. tema de sua saúde, mas tentando-se sempre en-
A própria enunciação da carga de sofrimento tender sua visão frente a isso, os valores que ela
acumulada naquela vida (a certa altura alguém atribui à vida pela frente, e do lugar que ocupa o
lembrou-se de D. Ana mostrando objetos pesso- cuidado com sua saúde nesse contexto. Em uma
ais que a faziam lembrar o passado e chorar...) dessas últimas visitas tivemos uma surpresa: “ela
passou a incorporar os desejos ainda presentes, a até me perguntou se eu tinha levado o aparelho
potência de vida que havia ali naquela existência de pressão, e me pediu para medir: deu 16/10”
(ainda havia muita dor pelas perdas, mas tam- (tb3). A barreira estava vencida.
bém grande esperança pela volta de uma pessoa
amada de sua história pessoal, que há muito não
encontrava). Seus amores (o filho, a nora e a pes- Discussão
soa amada de seu passado), e as correspondentes
reminiscências, passaram a habitar o cotidiano As mudanças relatadas acima, tanto nos traba-
da usuária e de suas conversas com a equipe. lhadores como na usuária, estariam relacionadas
Conforme a história de vida era construída, a a uma intensificação dos encontros trabalhador-
equipe modificava mais e mais sua postura frente trabalhador e usuário-equipe, proporcionada
à usuária, e não mais se falou em “um caso per- pelas HV. Oportunidade para todos conversarem
dido”: “Ela não foi criada pelos pais; não casou sobre suas próprias experiências, pela primeira
por amor, sempre trabalhou arduamente, mas vez em muito tempo, e naquele âmbito da saúde,
não queria ter vivido aquela vida” (tb4). “Me sen- que até então parecia a todos tão codificado de ou-
ti um pouco culpada, pois não aguentava mais tro modo. A tomada de uma HV, ao prolongar os
aquele baixo astral dela; acho que agora dá prá tempos físicos de convivência-coexistência entre
ir com menos rejeição na casa dela” (tb2). “Ela equipe e usuários, parece ter possibilitado requa-
sorriu mais de uma vez, e ficou com uma cara lificar as relações por singularizá-las, bem como
tão bonitinha!” (tb4). “O semblante dela mudou” produzir outros modos de vínculo. O registro
(tb3, complementando tb4). O relato de uma das cognitivo passou a não dar conta, sozinho, do re-
últimas visitas durante a pesquisa é representati- conhecimento de todas aquelas intensidades que
vo dessa constatação: “Ela veio diferente, parecia escapavam a uma simples “nova compreensão” de
que havia rejuvenescido uns 10 anos, está saindo fatos passados. Mais do que isso, tal processo pa-
mais de casa, ontem foi à igreja, voltou a cos- rece ter colocado em circulação novos – e também
turar” (tb3). “Ela está desmaiando bem menos, coletivos – afetos, e desse modo certos planos de
mesmo quando acabou de acordar” (tb2). “A casa produção de existência, tanto dos trabalhadores
está mais agitada, agora” (tb4). “Anda preocupa- como da usuária, ganharam visibilidade.
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Ao deixarem de fazer sentido, os perfis pro- habitualmente vincula-o a um diagnóstico, a
visórios, anteriormente compartilhados por partir de regras de enunciação próprias aos ser-
usuários e equipes, são então abandonados, re- viços de saúde. Um dos problemas importantes
vistos, reorientados. Tais perfis, delimitados por que as equipes de saúde enfrentam é frequente-
diagnósticos médicos e modos relacionais em mente restringir a exploração da história do usu-
geral bastante restritos, escondiam as vidas ali ário exatamente ao campo de seus adoecimentos,
presentes, estruturando um agir profissional no limitando à dimensão biológica os nexos explica-
sentido de intervenções protocolares, nem sem- tivos do processo atual de sofrimento. Modos de
pre eficientes em si e por vezes até mesmo frus- estar no mundo, os sentidos atribuídos a diferen-
trantes para ambas as partes. Os debates eram tes aspectos da existência etc. passam despercebi-
agora habitados por vidas que não pareciam as- dos ou sequer são cogitados como importantes
sim tão distantes das de cada membro do grupo, no reconhecimento “da vida que vem junto” com
incluindo-se a do pesquisador. Vidas que em si o usuário, e que é parte da produção e das pos-
são múltiplas já não cabem mais em perfis pro- sibilidades de enfrentamento de determinados
visórios, por vezes tomados como definitivos. sofrimentos. Em tempo: a história das enfermi-
Tal movimento não se restringiu ao modo como dades é coerente com a biopatografia homeopáti-
o usuário era visto pela equipe, mas também o ca, ao menos em seu marco técnico, entretanto a
contrário: diante de novas perspectivas no en- leitura coletiva “da vida que vem junto” traz à luz
contro, ampliou-se sua própria potência de vida. outras dimensões da HV.
Nesta pesquisa não se buscaram interpreta- Nesse sentido, é também indispensável a
ções estritamente racionais, sociais ou psicodinâ- história dos núcleos familiares, configurando,
micas, e nem mesmo o enfrentamento de possí- segundo o estudo citado acima, o modo como
veis “causas” de problemas atuais localizadas no nas redes de conexões existenciais se constroem
passado, e sim a intensificação do encontro no as trajetórias internamente ao núcleo familiar17.
sentido de fazer emergir outros sentidos da exis- Intimamente relacionado a esta dimensão de sua
tência, abrindo passagem para novas possibilida- história, há também o território da vida comum,
des no engendramento do cuidado. Uma pesqui- um espaço repleto de relatos relevantes a serem
sa sobre saúde mental realizada em Campinas-SP, compartilhados, especialmente quando se conse-
também numa perspectiva micropolítica, possi- gue vivenciar junto à equipe cuidadora o interes-
bilitou uma formulação acerca da construção se por todas as possibilidades de conexões que o
de casos que vêm ao encontro da utilizada nesta viver com os outros, de diferentes e imprevisíveis
pesquisa17. Nos parágrafos seguintes traçamos a tipos, permite17. Por último, outro construto que
matriz conceitual relacionada às HV delineada compõe a perspectiva de HV aqui operada é o das
em tal estudo, a fim de facilitar a compreensão trajetórias de vida, entendidas micropoliticamen-
dos sentidos que se abriram para o caso aqui re- te como os múltiplos trajetos ou caminhos, cada
latado, e para além dele. qual com sua linha de significação, que o usuário
Naquela pesquisa as HV foram produzidas dispara nas redes em que se insere e constitui, em
como um conjunto de aproximações das vidas certos momentos de sua existência17.
em jogo sem nenhuma linearidade ou mesmo O caso anteriormente relatado vem em nos-
hierarquia, sendo cada uma delas ao mesmo so auxílio para exemplificarmos um mapeamento
tempo muitas e diferentes histórias, uma multi- dessas dimensões. Seu modo de se comunicar e de
plicidade, enfim. Por isso, emprestamos daquele se colocar diante da comunidade e da equipe de
estudo um conceito que consideramos central saúde, a priori um perfil provisório que, inicial-
para a finalidade deste aqui relatado: o de redes mente confinado à sua história das enfermidades,
de conexões existenciais. Trata-se de uma imagem mesmo quando emergia no território da vida co-
a ser extraída da HV, sempre que se voltam todos mum, em realidade traduzia, agora em suas traje-
os sentidos para um campo singular de relações tórias de vida, profundas mudanças em uma rede
e encontros do usuário com pessoas, serviços singular de conexões existenciais e no interior
ou mesmo eventos17. Correspondem a uma car- mesmo de seu núcleo familiar. Para outros casos,
tografia do emaranhado de relações e conexões na pesquisa, também foi possível traçar um mape-
que o usuário constrói com pessoas, familiares, amento existencial como este, durante o período
eventos, lugares e serviços, e que são fundantes do trabalho de campo, e temos razões para crer
do modo como ele se produz no mundo. que ele pode ser possível para a maioria dos casos.
Outro aspecto considerado, este mais óbvio, Vale dizer que as perdas que a usuária do caso
é a história das enfermidades de cada sujeito, que relatado vivenciou são exemplos do que anterior-
1802
Slomp Junior H et al.

mente denominamos momentos de virada, que, com quem é necessário que a equipe dialogue
mediante análise, parecem terem se constituído a fim de se produzir, de modo compartilhado,
em marcas que foram mapeadas ao longo das vá- novas possibilidades de manejo dos problemas
rias trajetórias de vida de cada usuário, das his- e sofrimentos. Nesta pesquisa a estratégia de
tórias dos núcleos familiares e das enfermidades, construção das HV parece ter proporcionado
e que operaram como verdadeiras inflexões nas esse reposicionamento, ao criar um mecanismo
conexões existenciais que o mesmo estabeleceu a potencializador do encontro que contribuiu para
cada momento, a cada “virada” desfazendo-se al- o enriquecimento de outros planos tecnológicos
gumas e conectando-se outras. Reafirmamos: não do cuidado, como a própria clínica em jogo em
se trata de tomar os momentos de virada como cada caso, operando assim como dispositivo para
marco causal, e sim reconhecer que podem ser a produção do encontro cuidador.
úteis na análise de um mapeamento existencial.
Assim entendemos que se obteve, com a pes-
quisa, a emergência de mapas de múltiplos tra- Considerações finais
jetos e histórias, a perpassarem as existências em
análise, agenciando as equipes a ponto de tam- Novos estudos poderão esclarecer a relevância
bém se colocarem em análise; e de outro lado os da inspiração na homeopatia para se obter os
próprios usuários, que ao serem reconhecidos resultados aqui relatados. De qualquer modo, a
como interlocutores válidos, passaram a se mo- partir dela experienciou-se, ao longo desta pes-
vimentar de outro modo. Efetivamente mudou o quisa, as HV quando da construção de projetos
modo como a equipe cuidadora se viu instada a terapêuticos, em oficinas de EPS junto a equipes
conectar, ativar o que chamaríamos redes ou ca- profissionais de saúde da família. Nessas condi-
deias de cuidado em ação, e esse movimento in- ções, observaram-se mudanças, seja no reposi-
cluiu tanto os modos como o usuário passou a cionamento de trabalhadores como de usuários,
se movimentar nos seus viveres, como a tensão uns frente aos outros, seja na abordagem dos
constitutiva entre a micropolítica do agir em ato, casos pelas equipes, que parecem ter influencia-
ao se instalar outra relação equipe cuidadora- do no estabelecimento do encontro que produz
cuidado, e o trabalho morto instituído por nor- cuidado. Conclui-se que, no âmbito deste estudo,
mas e regras das organizações da saúde8,17. as histórias de vida, ao intensificarem a operação
Esse nos parece ser um elemento fundamen- coletiva de tecnologias leves em um encontro
tal da experiência aqui analisada: de corpo pro- cuidador, proporcionado pelo convite ao projeto
blemático/sujeito desprovido de saber/objeto de terapêutico compartilhado, atuaram na reorien-
intervenção da equipe, e portanto interlocutor tação dos demais planos tecnológicos e operaram
desqualificado, o usuário passa a sujeito porta- como potentes dispositivos para a produção do
dor de uma vida complexa, de saberes e desejos, cuidado em saúde.
1803

Ciência & Saúde Coletiva, 20(6):1795-1803, 2015


Colaboradores Referências

H Slomp Junior participou da concepção do pro- 1. Slomp Junior H, Feuerwerker LCM, Land MGP. Educa-
ção em saúde ou projeto terapêutico compartilhado? O
jeto, realizou o trabalho de campo da pesquisa e
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Artigo apresentado em 26/08/2014


Aprovado em 15/10/2014
Versão final apresentada em 17/10/2014

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