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OViSeE OM PANES ‘0 conhecimento do ambiente e o ambiente do conhecimento: anotacées sobre a conjuntura do debate sobre vulnerabilidade ‘The knowledge about the environment and the environment for knowledge: notes about the conjuncture of the debate on vulnerability, Henri Acselrad* Resuma- © texto problematiza as conigdes de conhecimento © de- bate em torno aos processos socials de vulnerabilizagao no Brasil superindo que, 20 lado das dificuldades propriamente metodologieas pia cacteizacio i Wunerblidad’ como procesto« como re [Scio elementos conjunturais cancorrem para que se manifest cera resistincia a problematizt © historcizar apropradamente tal objeto. Palavras-chaver meio ambiente; vulnerabilidade, 1sco; conflto so cial; mapeamento. Abstract The text discusses the conditions established for knowing and debating socal processes of wulnerabilzation in Brazil, sugges ing tha, besides methodological gifeuites to characterize’ wulere- tify ae a process and as Telatioship, sme conjuncturalclements Constibute to generate resistance fo probiemtze and propery Nistor Keywords: crvltonment; vulnerability risk; social confit; mapping 5 orm Econ cio do POUR pesqsador do CNP, Carespondnciz\PPURLUFR, Prods Borg tga ala 33 Ccade Unbesia Ths donto CEP 2h 910285 Re delaera Ena Shenae EMPAUTA Ro de nero-2°Semeste de 2015: 32,9-11-p. 115-129 Revista da Faculdade de Srvc Social da Univesdade do Fado do Rode ansiro 15 OViSéE OM PANES Introducao © campo da ciéncia define-se por um conjunto de posicdes e re- lacées através das quais os agentes nele atuantes concorrem pelo poder de estabelecer o que € e o que ndo € cientifico, quais os temas relevantes, os objetos e métodos legitimos de pesquisa. Nesse campo defrontam-se cons- {ruces sociais concorrentes, representagdes que se pretendem fundadas numa “realidade” que se supée capaz de validar os métodos coletivamente acumulados (BOURDIEU, 1975). Os agentes e instituigdes presentes no campo disputam a definigao do tipo de ciéncia deve ser feito, o que é atual € 0 que € ultrapassado. Ao lado, porém, dessa metafora espacial evocada para'a construcdo da nocao de campo cientifico, pretendemos aduzir aqui que caberia considerar que tais agentes ¢ instituigoes articulam-se igual- mente frente a circunstancias temporais ~ a conjunturas determinadas onde configura-se 0 que alguns chamam de “clima do debate*. Edward Said (2005) destaca o fato de que, ao procurar problematizar o consenso aparente em toro da “objetividade dos fatos’, certos pesquisadores procuram buscam, adotar 0 papel de intelectual critico, cuja perspectiva nao é a de mostrar {que esta certo, mas de tentar induzir uma mudanca no clima moral do de- bate. Fis que 0 conhecimento sobre 0 meio ambiente, em particular 0 modo como o debate ambiental tem se configurado desde 0 inicio dos ‘anos 2000, parece, em grande parte, depender de um ambiente do conheci- mento que tem se mostrado — € 0 que procuraremos mostrar — pouco propicio ao exercicio da reflexdo e da capacidade critica. Procuraremos desenvolver, a seguir, tal questdo, segundo duas distintas vias de entrada — a do ambiente do conhecimento, aplicado ao debate sobre a tematica da vulnerabilidade —e a do conhecimento do ambiente, no que este se articula as dinamicas de vulnerabilizagdo de determinados grupos sociais no con texto de um modelo de desenvolvimento baseado na expansao das fronteiras da acumulacao e na expropriagao de recursos comunais, associados a di- namicas especulativas nos campos financeiro e imobilidrio, © ambiente do conhecimento: a “microssociologia” de um debate sobre a vulnerabilizagao ambiental Em um debate piblico organizado por instituicées académicas sobre o tema da vulnerabilidade e dos riscos ambientais, chamou-se a aten- ‘cdo para o fato seguinte: na busca de indicadores para orientar aes contra avulnerabilidade social, costuma-se caracterizar 0 peril séciodemografico € locacional de individuos “sob risco” ~ em face da probabilidade de ocor- réncia de agravos-ou vulnerdveis-com suscetibilidades a sofrer agravos —, mas tem-se grande dificuldade em considerar os aspectos processuais relacionais presentes na producdo social da vulnerabilidade. A busca de EMPAUTA Rode ne -2°Semeste de 2013-032, 0.11,p.115-129 116 Revista da Faculdade de Serco Soci 6 Universidade do Estado do Rio de nero

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