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Rio de Janeiro
Novembro de 2012
GESTÃO PORTUÁRIA COM SUBSÍDIOS DE MODELAGEM COMPUTACIONAL
PARA PROJETOS DE DRAGAGEM
Examinada por:
iii
“Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos.
Fazer ou não fazer algo só depende de nossa vontade e perseverança.”
(Albert Einstein)
iv
Dedicatória:
À minha querida filha, Beatriz Lima, nascida durante o doutorado, que faz minha vida
muito mais feliz.
Ao meu marido, Allan Lima, que tornou tudo possível para mim.
Aos meus pais, Amadeu e Deusarina Teixeira, que sempre serão responsáveis pelo meu
sucesso.
v
Agradecimentos
A Deus, acima de todas as coisas. Tudo que Ele faz é bom, perfeito e acontece
no tempo certo!
À minha família, suporte para todas as horas.
Ao CNPq, pelo fomento à pesquisa nos quatro primeiros anos do doutorado.
Ao meu orientador, Flavio Mascarenhas, pela orientação, conselhos,
perseverança, confiança e otimismo para superar os obstáculos enfrentados.
Aos membros externos da banca examinadora, por aceitarem meu convite de
fazer parte dela e pelas grandes contribuições que fizeram para melhorar este
documento. É uma honra ter uma banca composta por representantes de renomadas
universidades do Brasil, a saber: prof. Mario Thadeu, da USP; profa. Thereza Rosso, da
UERJ; prof. Carlos Vasconcellos, do IME e prof. Julio Wasserman, da UFF.
Em especial, agradeço ao prof. Julio Wasserman pelo apoio prestado em
disponibilizar seu aluno bolsista, Renan, para me auxiliar na aplicação do SisBAHIA®
em prol da melhor apresentação dos resultados.
Ao prof. Otto Rottuno, por aceitar participar da minha banca como membro
interno da UFRJ.
Ao prof. Afonso Magalhães, por proporcionar uma nova diretriz na minha
pesquisa, que culminou no trabalho aqui apresentado.
Ao prof. Marco Ferro, que acreditou em meu potencial para seguir no doutorado,
logo após terminar meu mestrado.
À Marta Fornari, minha primeira chefe na área portuária e hoje, querida amiga.
Agradeço por todas as oportunidades profissionais que me foram oferecidas através dela
e por nossa convivência tão agradável.
Ao INPH, na pessoa do Sr. Domenico Accetta, pela oportunidade de trabalhar
com a modelagem voltada para as obras de dragagem portuárias.
À PLANAVE, na pessoa do meu chefe, Hélio José, por todo aprendizado
profissional na área portuária, nos projetos conceituais, básicos e executivos que
participei nestes mais de dois anos. Agradeço por tudo!
Ao Daniel Alves, colega de trabalho e grande pesquisador, pelo auxílio na
revisão deste documento, no conhecimento do modelo SisBAHIA® e outros aspectos
referentes à Hidráulica Marítima.
Ao amigo D.Sc. Andrews Lucena, companheiro de todas as horas, que conheci
no doutorado e me ensina todos os dias o amor de Deus para seus filhos.
vi
À amiga Claudia Adam, pela nossa convivência no doutorado e independente
dele, por nossas conversas tão significantes, que foram fundamentais em diversos
momentos de nossas vidas, sou muito feliz por vê-la feliz.
À Família Meireles, principalmente meus queridos avós Raimundo e Raimunda,
in memoriam, por serem tão especiais em vida e sei que hoje me protegem no céu.
À Família Teixeira, representada pela minha querida avó Valentina, in
memoriam, pelos momentos maravilhosos que passei em sua casa no interior de Minas
Gerais e o carinho que sempre me acolheu.
À Família Lima, principalmente meus sogros, Antonia e Raimundo, minhas
cunhadas, Raíssa e Lorena, tia Madá e Ray, pessoas que ganhei em minha vida através
do meu marido.
Aos meus pais, Amadeu e Deusarina, que me proporcionaram uma herança
valiosa: a educação. Por todo suporte, afeto, amor, cuidado, dedicação, carinho,
orgulho... Nossa, sou muito abençoada por ser filha única de um casal tão especial. Amo
demais!
Ao homem que me deu mais do que imaginei ter um dia, que também me
possibilitou gerar e criar uma menininha muito preciosa, Beatriz Lima, para amar
incondicionalmente. Allan Lima, obrigada por ser quem é e me fazer uma pessoa cada
dia melhor nesses oito anos de convivência. Amo-te de todo o coração!
A todos que de alguma forma contribuíram para a conclusão deste árduo
trabalho, acompanharam todos os dilemas que passei para finalizar esta etapa da minha
vida, confiando que seria capaz de fazê-lo a contento, enfim, meus sinceros
agradecimentos...
vii
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)
Novembro/2012
viii
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
November/2012
The Brazilian ports are becoming more competitive, due to the increase in cargo
handling, as well as other aspects of port growth. Consequently, vessels that travel in
the navigation channels have larger dimensions. This fact implies improvement and
primary focus in dredging works, whether of deepening, widening and maintenance. In
case of the Brazilian public ports, the Federal Government has specific programmes
aimed at the financing of works for the execution of dredging by of the Dredging Port
Dredging Nacional Programme, created in 2007. This program has as main objective
the hierarchization for prioritizing investments. In this context, the present thesis aims
to subsidize the currently performed prioritization, using as increment the
morphodynamics modeling that characterizes the region of interest and presents as a
result of simulations an important condition for prediction of new dredging: annual
sedimentation rate. The computer models used in the analysis were MIKE21 and
SisBAHIA®, being the first based on the finite difference method and the last in the
finite element method. The results were satisfactory in siltation rate assessment and
prediction of maintenance dredging. Entered into a proposed methodology, can be
considered as a criterion for decision making, adding value in the readjustment of the
current ranking of public ports to receive investment from the Federal Government for
dredging works.
ix
SUMÁRIO
1.2 Objetivos............................................................................................................3
2.5.1 Ventos 47
2.5.2 Ondas 47
2.5.3 Marés 49
2.5.4 Correntes 52
x
2.5.6 Condições de Equilíbrio da Praia 56
xi
5.2.5 Estudos de Assoreamento no Local Objeto de Dragagem 154
ANEXOS .......................................................................................................................217
xii
LISTA DE FIGURAS
xiii
Figura 24 – Dados maregráficos da baia de Sepetiba-RJ ............................................... 51
Figura 31 – Tensão crítica para mobilidade, τc, calculada pelo diagrama de Shields
modificado ...................................................................................................................... 89
Figura 43 – Detalhe da área de estudo extraída da carta náutica nº 1622 .................... 145
Figura 46 – Extrato da carta náutica nº 1621 – Baia da Ilha Grande ........................... 151
xiv
Figura 47 – Extrato da carta náutica nº 1622 – Baia de Sepetiba – Escala 1:40.122 ... 152
Figura 48 – Extrato da carta náutica nº 1623 – Porto de Itaguaí – Escala 1:20.000 .... 153
Figura 49 – Extraído do Plano Diretor Suape 2030 – Escala 1:20.000 ........................ 156
Figura 50 – Trecho da carta náutica nº 906 – Porto de Suape – Escala 1:15.000 ........ 157
Figura 52 – Extrato da carta náutica nº1701 – Porto de Santos – Escala 1:25.000 ...... 164
Figura 53 – Imagem de satélite com área do Porto Organizado de Santos .................. 165
Figura 55 – Áreas de despejo dos dragados utilizadas pela CODESP ......................... 171
Figura 57 – Situação atual – representação vetorial das correntes para maré enchente de
sizígia ............................................................................................................................ 179
Figura 58 – Situação atual – representação vetorial das correntes para maré enchente de
quadratura ..................................................................................................................... 179
Figura 59 – Situação atual – representação vetorial das correntes para maré vazante de
sizígia ............................................................................................................................ 180
Figura 60 – Situação atual – representação vetorial das correntes para maré vazante de
quadratura ..................................................................................................................... 180
Figura 63 – Situação de projeto - representação vetorial das correntes para maré vazante
de sizígia ....................................................................................................................... 182
Figura 64 – Situação de projeto - representação vetorial das correntes para maré vazante
de quadratura ................................................................................................................ 183
Figura 65 – Níveis d’água (em metros) simulados no Porto de Itaguaí antes e depois das
dragagens ...................................................................................................................... 184
xv
Figura 67 – Malha de elementos finitos para o domínio modelado com apresentação do
mapa de batimetria........................................................................................................ 188
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 3 – Meses mais indicados para início de dragagem nos portos .......................... 36
Tabela 5 – Escolha do tipo de draga de acordo com o material a ser dragado ............... 44
Tabela 9 – Exemplo de valores de tensão crítica de mobilidade τ0c para sedimentos .... 91
xvii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
xviii
FDA – Food and Drug Administration
FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente
FEMAR – Fundação de Estudos do Mar
FEPASA – Ferrovia Paulista S/A
FIRJAN – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
FIST – Filtered in Space and Time
FRF – Fundação Ricardo Franco
GLOSS – The Global Sea Level Observing System
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INFRAMAR – Infraestrutura Portuária Marítima
INMET - Instituto Nacional de Meteorologia
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
INPH – Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias
IOC – Intergovernmental Oceanographic Commission
IWR – Institute for Water Resources
JCOMM – Joint Technical Commission for Oceanography and Marine
Meteorology
LES – Large Eddy Simulation
MBR – Minerações Brasileiras Reunidas S/A
MP – Medida Provisória
MT – Ministério dos Transportes
NAFTA – Tratado Norte-Americano de Livre Comércio
NBR – Norma Brasileira
NCEP – National Centers for Environmental Prediction
NPCP – Normas e Procedimentos da Capitania dos Portos
OGMO – Órgão Gestor de Mão-de-Obra
OPEX – Operational Expenditure (Despesas Operacionais)
PAC – Programa de Aceleração do Crescimento
PDZ – Plano de Desenvolvimento e Zoneamento
PGL – Píer de Granéis Líquidos
PIANC – Permanent International Association Navigation Congress
PIB – Produto Interno Bruto
PND – Programa Nacional de Desestatização
xix
PNDP – Programa Nacional de Dragagem Portuária
PNLT – Plano Nacional de Logística e Transportes
PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente
RIMA – Relatório de Impactos sobre o Meio Ambiente
SEP/PR – Secretaria Especial de Portos/Presidência da República
SISBAHIA® – Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental
SQL – Structured Query Language ou Linguagem de Consulta Estruturada
TAL – Terminal de Alumina
TCS – Terminal de Contêineres
TCV – Terminal de Carvão
TEU – Twenty-foot Equivalent Unit
TMI – Terminal de Minérios
TPB – Tonelagem de Porte Bruto
TUP – Terminal de Uso Privativo
USACE – U.S. Army Corps of Engineers
WCSC – Waterborne Commerce Statistics Center
WMO – World Meteorological Organization
ZAL – Zona de Acesso Logístico
xx
LISTA DE SÍMBOLOS
xxi
NP = pontos nodais
pa (x,y,t) = pressão atmosférica (kg/m²)
QN = Componente de fluxo normal ao contorno
qs = vazão sólida (m³/s/m)
qs* = vazão sólida adimensional
R* = número de Reynolds do grão
Rh = raio hidráulico
S* função de Shields
SF = superfície de fundo
Ss = densidade do sedimento em relação à água ambiente
T= calado estático (m)
t= tempo (s)
Tc = tensão crítica de mobilidade do sedimento em relação à tensão de
arrasto no leito
u(x,y,t) = velocidade, na direção x, promediada na vertical (m/s)
u* = velocidade de atrito característica no leito
Ui = velocidade promediada na vertical (m/s)
UN = componente da velocidade normal ao contorno (m/s)
V= velocidade média da embarcação (m/s)
v(x,y,t) = velocidade, na direção y, promediada na vertical (m/s)
wB = folga com a margem (m)
xxii
δh = batimetria
∆t = intervalo de tempo
∆x = escala espacial de um dado elemento
δx, δy, δz dimensões de uma partícula fluida
ε= rugosidade equivalente
ϴ= ângulo de latitude
ν= viscosidade cinemática da água
ρ0 = massa específica da água
ρs = massa específica do sedimento do leito
τ* = tensão do atrito no fundo adimensional
τ0c, τc = tensão crítica de mobilidade do grão (N/m²)
τc* = tensão crítica de mobilidade do grão adimensional
τi B = tensão do atrito no fundo (N/m²)
τo = tensão de arrasto no leito exercida pelo escoamento (N/m²)
τo* = tensão de arrasto no leito adimensional
τS = tensão do atrito na superfície livre (N/m²)
Φ= velocidade angular de rotação da Terra no sistema de coordenadas
local
φi polinômios lagrangeanos
Ψ= parâmetro de Shields
Ψc = valor crítico do parâmetro de Shields
(xp,yp) = posição no domínio de um elemento definido por NP pontos nodais
= volume de escoamento
xxiii
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1
da obra através da previsão dos custos de dragagem de manutenção (OPEX)
(FERNANDES et al., 2007).
2
Os investimentos nas obras de dragagem são elevados e quando se trata de portos
públicos, tais recursos provêm do Governo Federal, que precisa destiná-los de acordo
com uma priorização e daí a importância do apoio à tomada de decisão.
Com este intuito, buscou-se, neste trabalho, aliar o conhecimento das técnicas de
modelagem hidrodinâmica e sedimentológica, inserindo os resultados obtidos como um
critério adicional determinante para a priorização do Programa Nacional de Dragagem
Portuária (PNDP), criado pelo Governo Federal em 2007.
1.2 Objetivos
3
Os resultados da modelagem morfodinâmica que podem subsidiar o Programa
Nacional de Dragagem Portuária são, basicamente, a taxa de assoreamento e o tempo
necessário entre duas dragagens de manutenção consecutivas. Esse tempo varia para
cada região de estudo, somados à relação custo/benefício que está atrelada ao retorno do
investimento.
4
• à localização, devido à natureza da ação hidrodinâmica na região, da
topografia local e natureza do terreno;
• ao tipo de embarcação, citando como exemplo, as embarcações costeiras,
que, devido à agitação das ondas, só podem atracar em locais que possuam
abrigos naturais ou artificiais;
• aos equipamentos utilizados no porto, pois as embarcações marítimas, por
possuírem um porte maior que as embarcações fluviais, exigem
equipamentos portuários mais complexos;
• às condições de profundidade e batimetria, que ocasionam deformações
nas ondas como o assoreamento e a refração. O assoreamento, que causa
a quebra e a refração, altera a altura da onda, fazendo com que esta atinja
sua altura máxima, antes da arrebentação. Por sua vez, a refração,
propriamente dita, além de causar alterações na altura da onda, também
muda seu rumo de propagação, sendo que, neste caso, na mesma frente de
onda encontram-se alturas diferentes;
• à maré na subida e descida do nível do mar, respectivamente denominadas
de maré de enchente e maré de vazante.
5
casos, caracteriza-se se ocorrerá algum tipo de problema tanto na travessia quanto na
atracação dos navios, conforme o traçado projetado.
6
Para a segurança da navegação, conforme o aumento dos navios, devem ser
consideradas as seguintes condicionantes:
7
CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
6.000 t
Comprimento 150 m 1,7 km 3,5 km
total (26 km em movimento)
Figura 2 – Comparativo de eficiência de transporte entre modais
Fonte: Adaptada de KNECHT, 2009.
8
transportes. Um dos aspectos que colabora com a baixa utilização do modal é o estado
precário dos cursos d’água para fins de navegação.
Neste sentido, é importante salientar que as obras portuárias estão sendo cada vez
mais valorizadas, em prol do aumento na movimentação de carga e consequentemente,
visando atender à necessidade de receber navios cada vez maiores.
9
- porto fluvial x porto marítimo (proteção contra agitação das águas,
porte e equipamentos – transporte internacional).
O transporte marítimo, como definido pelo próprio nome, realiza-se nos mares e
pode ocorrer no mesmo país ou entre dois ou mais países, podendo este ser continental
ou intercontinental. É a mais importante forma de transporte de carga em toda a história
da humanidade, abrangendo, fisicamente, mais de 90% das cargas transportadas, o que
ocorre também no Brasil (ALFREDINI, 2005).
10
quando ocorre em rios transfronteiriços (rios que atravessam o território de dois ou mais
Estados nacionais) (Resolução ANA nº 467, 2006).
Atualmente, o Brasil possui mais de 60 portos fluviais espalhados por todo seu
território e uma rede hidroviária superior a 20.000 km navegáveis. (MACHADO, 2009)
11
A construção de uma obra portuária contempla os seguintes aspectos estruturais:
12
• espigões – estruturas enraizadas no continente, para atenuar efeitos de
correntes; não evitam erosões transversais de retorno (“rip currents”) e não
são indicados para locais de fraco transporte de sedimentos ou direções
variáveis de transporte;
• defensas elásticas e pneumáticas – obras esbeltas exigem defensas que
absorvam maiores impactos; obras maciças exigem defensas menos
flexíveis;
• dolfins – servem para amarração, atracação, guia;
• cabeços e ganchos de engate rápido – servem para amarração, evitando
movimentos da embarcação no plano horizontal: deslocamento, arfagem e
cabeceio; indicados para terminais que operam com carregamentos
especiais, tais como combustíveis ou que estejam sujeitos a fortes ações do
mar ou ventos (NBR nº 9782/87)
13
Figura 5 – Dolfins e defensas pneumáticas para proteção
Fonte: KNECHT, 2009.
14
• obras em estruturas contínuas – geram normalmente as chamadas
soluções em cais de paramento aberto ou fechado. Os cais de paramento
fechado possuem uma cortina frontal que assegura a contenção do
terrapleno de retaguarda. Nos cais de paramento aberto, esta cortina não
existe ou está na retaguarda do cais. A zona abaixo da plataforma é
taludada (inclinada) suavemente a partir do extremo interno da seção
estrutural até atingir a linha de dragagem.
• obras em estruturas discretas – estão subdivididas em elementos
isolados, realizando funções específicas de acostagem, suporte de
equipamentos e amarração dos navios ou embarcações.
Outra maneira de classificação dos portos diz respeito ao tipo de carga nele
movimentada. Nesse sentido, têm-se as principais situações:
15
de carga existente como os contêineres, pallets, big bags, ou outra unidade
que se preste à união da carga para movimentação única; e
• cargas especiais – automóveis (terminais roll-on, roll-off, ou
simplesmente ro-ro), componentes industriais de grande porte (usinas
hidrelétricas, nucleares), dentre outras etc.
16
• profundidade e acessibilidade – compatível com as dimensões da
embarcação-tipo ou navio de projeto, correspondente às dimensões do
maior navio que trafegará no canal de acesso e bacia de evolução
projetados;
• áreas de influência:
- hinterland ou “área de reporto” – área de influência terrestre,
econômica e física do porto, com potencial de fluxo de cargas;
- vorland – distância das principais rotas; e
- umland – área física do porto propriamente dito.
• acessos a outros modais de transporte –rodoviários, ferroviários,
dutoviários ou aquaviários.
17
Para o estudo do transporte de sedimentos nessas regiões, diversos tipos de
modelos podem ser utilizados: modelos numéricos, matemáticos ou modelos
hidráulicos, em escala reduzida, realizados em laboratórios. O processo de deposição de
sedimentos é influenciado e influencia a erosão de praias, sendo assim necessário se
estudar também os possíveis mecanismos de proteção da linha de costa.
Deve-se contar ainda com consideráveis efeitos de empuxos de terras, que têm
importância comparável à dos demais carregamentos usados nas outras estruturas.
18
1ª fase – Estimativa do potencial de escoamento de cargas
Esta etapa é caracterizada pela coleta de dados físicos específicos sobre a área onde
se deseja implantar o empreendimento, tais como, sondagens geotécnicas, batimetrias,
características ambientais, condições climáticas, meteorologia da região, dados sobre
marés e ondas, que são imprescindíveis para a determinação dos parâmetros básicos do
projeto.
Esses dados devem ser os mais abrangentes possíveis e devem ser coletados durante
campanhas de levantamento de campo e/ou em bibliografia especializada que contenha
dados históricos e por meio da consulta em órgãos ou instituições que realizam coleta e
análise estatística destas informações.
19
Nesta fase, poderão ser realizadas modelagens físicas em tamanho reduzido, com
base nos dados coletados, de modo a analisar as reações das soluções propostas, e,
também, modelagem matemática para avaliar as alterações que o empreendimento
causará no meio em que será inserido. Com base nestes estudos, será escolhida a
solução que menor impacto causar e que apresentar o melhor resultado hidrodinâmico.
20
5ª fase – Projeto Executivo
21
Figura 8 – Portos marítimos públicos do Brasil
Fonte: Adaptada de SEP/PR, 2007.
Segundo LEAL (1991), canal de acesso é aquele que liga o alto-mar com as
instalações portuárias, podendo ser natural ou artificial e dotado de profundidade
adequada além da devida sinalização, com o objetivo de oferecer o acesso das
embarcações ao porto.
22
O projeto de um canal de acesso abrange um número de disciplinas que incluem
manobra de navios e engenharia marítima, para que se possa projetar hidrovias com um
nível desejável de navegabilidade e segurança. Isso demanda a avaliação de alguns
elementos-chave, incluindo porte e comportamento do navio, fatores humanos no seu
manejo e efeitos do ambiente físico.
Para portos de águas profundas que devam receber navios de grande porte, por
exemplo, acima de 50.000 TPB, um importante problema a ser enfrentado é o fato que a
trajetória real desses navios poderá desviar consideravelmente daquela que seria ideal.
Isso é consequência da baixa resposta de navios grandes à ação do leme ou a
movimentos de máquinas. Essa característica pode requerer a introdução de limites
operacionais diferentes para tais navios quando em acesso ao porto ou em outras áreas
de navegação. (PIANC, 1997)
Como resultado, os cuidados a serem tomados para uma navegação segura deverão
ser maiores nesses portos do que naqueles que atendam somente a navios de pequeno
porte.
23
congestionamentos, incidentes e acidentes; resumindo, ele funcionará inadequadamente.
Os ônus daí resultantes para a economia regional e nacional são sempre pesados.
24
Figura 9 – Método de projeto do canal de acesso
Fonte: Adaptada de PIANC, 1997.
25
2.3.1 Aspectos Relacionados à Profundidade de Canais de Acesso Portuários
Embarcação-tipo
a) maré – a influência deste fator é notória, uma vez que determina a situação
crítica sob a qual se dará a obtenção da profundidade requerida pela
embarcação. Neste caso, usa-se como valor característico aquele
correspondente à média das mínimas baixa-mares, incluindo efeito
26
meteorológico, pois se apresenta como a situação mais desfavorável, ou seja,
máxima diminuição da profundidade disponível.
b) tolerância devido às incertezas no nível d’água;
c) variação da onda de maré durante a travessia do canal;
d) calado estático da embarcação-tipo;
e) variação de densidade da água, uma vez que o afundamento aumenta com
água de menor densidade.
f) squat – o deslocamento do navio em águas restritas (até 1,5 vezes o seu
calado) causa variações de pressão na massa líquida que podem derrubá-lo,
além de afetar seriamente a capacidade de comando.
Águas profundas
Águas restritas
O squat acontece quando um navio está se movendo com uma baixa profundidade
de água abaixo da quilha.
27
No caso de águas profundas, o navio flutua com tranquilidade. Já em águas
restritas, a água é comprimida entre o fundo do mar e o corpo do navio, fluindo mais
depressa por este espaço. De acordo com o princípio de Bernoulli, a pressão diminui
quando a velocidade aumenta. A maré baixa é formada, atraindo para baixo do navio.
Antes e depois desta reentrância, as ondas são também mais elevadas.
(Eq. 01)
Sendo:
= . . . !: Deslocamento
#
"=
$ℎ
(Eq. 02)
28
Figura 12 – Exemplo de determinação do efeito squat pela proa para graneleiro de
65.000 TPB
Fonte: Adaptada de PIANC, 1995.
29
Recomenda-se um fator de segurança para compensar o efeito squat, que seja
relacionado com uma velocidade de evolução. Este fator de segurança é inserido no
cálculo do squat.
g) ondas – é sabido que os efeitos que uma onda causa numa dada embarcação,
no que tange ao seu movimento vertical, dependem de muitos fatores, dentre
os quais citam-se o comprimento e velocidade da embarcação, bem como
parâmetros característicos da onda (altura, período e direção). Conforme é
mostrado na Figura 13, o maior efeito das ondas sobre a embarcação ocorre
quando o seu comprimento é muito menor do que o comprimento da onda,
situação em que se pode considerar um acréscimo da profundidade de metade
da sua altura, quando a embarcação encontra-se no cavado da onda.
30
valor que deve ser aumentado para 1,00m, pelo menos, nos navios de maior
deslocamento.
i) tolerâncias devido às incertezas do leito (sedimentação), alterações do leito
entre dragagens e na execução da dragagem.
Em muitos portos do mundo, o valor de 1,10 tornou-se aceito, embora possa ser
encontrado o valor de 1,15. Tais valores são somente para águas tranquilas; quando se
há ondas, valores de 1,3 ou mais devem ser usados.
31
Os canais de acesso portuários podem ser subdivididos em externos, expostos à
ação da agitação ondulatória e internos, abrigados das ondas.
Em canais de mão dupla, deve-se considerar uma largura adicional entre as faixas
de manobra, que leva em conta a redução da interação hidrodinâmica navio-navio.
Outra margem de segurança a considerar na largura de um canal de acesso são as folgas
com as margens.
• Manobrabilidade (wM);
• velocidade do navio;
• ventos transversais prevalescentes;
• correntes transversais prevalescentes;
32
• correntes longitudinais prevalescentes;
• altura significativa (hs) e comprimento de onda (l);
• auxílios à navegação;
• superfície de fundo;
• profundidade da via navegável;
• nível de periculosidade da carga;
• intensidade de tráfego;
• largura adicional devido à folga com a margem (wB);
• largura de passagem para canais de mão dupla (wP).
33
Tabela 2 – Relação entre o porte bruto e a quantidade de rebocadores
Porte Bruto Quantidade de rebocadores
Até 60.000 TPB 2
Entre 60.000 e 120.000 TPB 3
Entre 120.000 e 170.000 TPB 4
Acima de 220.000 TPB 6*
*com potências (bollard pull) crescentes de acordo com o porte.
Fonte: NPCP, 2001.
34
Os exemplos citados anteriormente constam nos relatórios do INPH, disponíveis
para consulta na biblioteca do instituto, e contemplam o Plano Nacional de Dragagem
Portuária, onde há um estudo detalhado dos portos brasileiros mais importantes.
Segundo o relatório nº 57/97 do INPH (1997), a época mais indicada para início das
dragagens de manutenção seria imediatamente após o período de ocorrência das maiores
taxas de assoreamento, assim, é possível agir no sentido de aumentar o intervalo de
tempo entre sucessivas dragagens de manutenção.
35
Tabela 3 – Meses mais indicados para início de dragagem nos portos
PORTO MÊS
Belém Maio
Mucuripe Setembro
Recife Agosto
Malhado Agosto
Santos – Estuário Abril
Santos – Canal Outubro
Paranaguá – Baia Abril
Paranaguá – Canal Junho
São Francisco do Sul Abril
Itajaí Abril/Junho
Imbituba Junho
Laguna Junho
Rio Grande – Estuário Outubro
Rio Grande – Canal Julho
Fonte: INPH, Relatório nº 18/83.
Para o caso do porto de Santos-SP, por exemplo, são indicados dois meses distintos
para início da dragagem no estuário e no canal, ratificando que o transporte de
sedimentos ocorre de forma diferenciada nos dois locais.
36
• construção de barragens de terra;
• criação de novas praias ou alargamento das existentes;
• obtenção de materiais de construção, notadamente, areia, cascalho e argila;
• extração de materiais submersos.
37
Figura 17 – Draga tipo Alcatruzes
Fonte: Adaptada de KNECHT, 2009.
38
Figura 18 – Draga de Caçamba
Fonte: Adaptada de KNECHT, 2009.
39
Figura 19 – Draga de Retroescavadeira
Fonte: Adaptada de KNECHT, 2009.
40
Figura 20 – Draga tipo Sucção e Recalque
Fonte: Adaptada de GÓES FILHO, 2004
41
aberto com ondas; capacidade de transporte do material dragado; descarga do material
pela cisterna ou por bombas (no caso de despejo em terra); produção horária de
dragagem pode atingir 10.000m3.
42
Tabela 4 – Características de alguns equipamentos de dragagem e de disposição na água
CARACTERÍSTICAS/IMPACTOS
% de
ATIVIDADE TIPO EQUIPAMENTO água no
Turbidez Precisão Produtividade
material
dragado
Dragas de
Baixa Alta Baixa Baixa
Alcatruzes
Mecânica Draga de
Mediana Alta Baixa Baixa
Retroescavadeira
Draga de Caçamba Baixa Alta Baixa Baixa
Dragagem Draga Hopper Baixa Mediana Alta Alta
Hidráulica Draga de Sucção e
Baixa Mediana Alta Alta
Recalque
Pneumática __ Baixa Alta __ __
Especiais __ Baixa Alta __ __
Agitação Injeção de água Alta Alta Mediana Alta
Múltiplo Casco Mediana Mediana Alta Mediana
Tubo na Superfície Alta Baixa Alta Alta
Disposição na Água Tubo Submerso Baixa Alta Mediana Baixa
Jato de
Alta Baixa Baixa Alta
Espalhamento
Fonte: Adaptada de PLANÁGUA, 2002
43
Tabela 5 – Escolha do tipo de draga de acordo com o material a ser dragado
TIPOS DE DRAGA
DRAGAS MECÂNICAS DRAGAS HIDRÁULICAS
MATERIAL Pá de Escavadeira De Mandíbulas Pá Escavadeira Sucção e Arraste Sucção e
De Alcatruzes
DRAGADO Arrasto (Shovel ) (Clam Shell ) (Dipper ) (Hopper ) Recalque
Pedras Razoável (draga
Ruim Razoável Razoável Razoável Inaplicável Difícil
(calhau) orange peel )
Seixos Ruim Razoável Inaplicável Razoável Ruim Ruim Inaplicável
Cascalho Razoável Fácil Razoável Fácil Razoável Difícil a razoável Razoável
Fácil, mas baixa Fácil, mas baixa Fácil, com perdas se
Areia média Razoável Fácil Fácil Boa
produção produção feito overflow
Fácil, mas baixa Fácil, mas baixa Fácil, com perdas se
Areia fina Fácil Fácil Fácil Muito boa
produção produção feito overflow
Fácil, mas baixa Fácil, mas baixa Fácil, com perdas se
Silte Fácil Fácil Fácil Muito boa
produção produção feito overflow
Difícil (argilas Razoável
Argila Fácil Razoável Razoável a fácil Inaplicável Razoável a fácil compactadas) a (necessária
razoável desagregação)
• no corte:
- no local da execução da dragagem (leito); utilização de aparelhos
especiais (batímetro);
- características: imprecisões do assoreamento natural e do próprio
processo de dragagem; retorno de dragados; sedimentação de fundo;
- mede-se o volume do “vazio”, não do material dragado (medição
indireta).
• no despejo:
- valores geralmente menores do que no corte – perdas de material em
suspensão nas correntes; compactação diferente da natural (aterro
hidráulico); recalque de leito pelo peso do material dragado sobre o
solo.
44
• na cisterna:
- forma mais direta, sendo o primeiro local onde o material dragado é
acondicionado;
- cisterna/batelões; vazões (sucção e recalque);
- material decantado.
45
Dentro da temática dos impactos ambientais, se insere o estudo de sedimentação,
onde se procura sistematizar a situação do assoreamento pós-dragagem, com observação
dos seguintes itens, que sintetizam as características das regiões de estudo a serem
analisadas:
46
Para o estudo dos processos hidrodinâmicos, deve-se conhecer as suas variantes
como: os ventos, as ondas, as marés, as correntes litorâneas e transporte de sedimentos,
além de se observar as condições de equilíbrio da praia.
2.5.1 Ventos
Os estuários são sistemas costeiros semi-fechados que tendem a reagir aos agentes
meteorológicos, entre os quais o vento é o mais importante. O vento gera ondas com
pequenas cristas que podem tornar-se agentes de mistura eficazes. Em uma escala
maior, ventos podem gerar circulações autônomas dentro do estuário, caracterizadas
pela maré meteorológica, que será detalhada no item 2.5.3.
2.5.2 Ondas
As ondas podem ser geradas por efeito de ventos locais e atuam como importantes
agentes de energia, constituindo-se na principal causa de erosão ao formar diversos
tipos de correntes e diferentes padrões de transporte de areia. Desta forma, a morfologia
dos perfis de praias arenosas, em uma determinada região, é definida em função do
nível energético das ondas.
47
Dentre os vários tipos de ondas que ocorrem no oceano estão as ondas superficiais
de gravidade geradas pelo vento. As ondas superficiais de gravidade são a principal e
mais constante forma de transporte da energia no mar, exercendo papel preponderante
na determinação das feições costeiras.
48
barrancas muito elevadas e, por decorrência, os sedimentos finos da atividade mineral
estão assoreando rapidamente a represa. (BIDEGAIN, 2005)
2.5.3 Marés
49
A combinação de efeitos da força de atração gravitacional da Lua e do Sol sobre as
massas líquidas e da força centrífuga dos sistemas Terra-Lua e Terra-Sol dá origem às
marés. A força centrífuga tem a mesma magnitude e direção em todos os pontos,
enquanto a força gravitacional exercida pela Lua ou pelo Sol na Terra varia tanto em
magnitude como em direção. A força geradora de maré é sempre resultante das forças
gravitacional e centrífuga em um determinado ponto.
50
Figura 24 – Dados maregráficos da baia de Sepetiba-RJ
Fonte: FEMAR, 2000
51
A maré meteorológica pode ser definida como a elevação do nível médio do mar
resultante de gradientes de pressão atmosférico que geram fortes ventos provocando o
transporte de massa (água). Esse fenômeno é descrito pela teoria do transporte de
Ekman. A amplitude da maré meteorológica é proporcional à duração do vento, pois
quanto maior a duração, maior será a transferência de momento da atmosfera para o
oceano.
2.5.4 Correntes
As ondas que chegam à praia geram uma série de correntes, cujo padrão depende
do ângulo de incidência que fazem com a linha de praia.
52
• correntes de deriva ou fricção –. ocorrem na zona de arrebentação
gerando movimentos que podem causar erosão ou assoreamento, devido ao
transporte de sedimentos gerado. Tais correntes transportam os sedimentos
que são colocados em movimento pela ação das ondas. Este movimento de
areia é denominado de deriva litorânea e constitui-se num processo
significativo do transporte de sedimentos ao longo das costas arenosas.
53
Figura 25 – Tipos de transporte de sedimentos em um rio
Fonte: TEIXEIRA, 2006 (Adaptada de FRANCO, 1999)
A verificação de que uma região sofre algum processo de erosão pode ser realizada
a partir da observação das enxurradas e dos leitos de rios após o período de chuvas. Se a
água estiver barrenta, pode-se considerar que a região à montante sofreu um processo
forte de erosão. Ao erodir um terreno, a água da chuva leva a argila em suspensão,
dando a cor amarelo ocre às águas.
1
Corresponde à área formada por um processo natural que tem uma composição definida e um conjunto
de características físicas e visuais semelhantes.
54
FRANCO (1999) observa que os principais fatores que condicionam os processos
de erosão, transporte e sedimentação nos rios, são: a velocidade da corrente, as
características físicas dos sedimentos – tamanho, densidade e forma, a existência de
"acidentes" ou "obstáculos" no leito e as variações da vazão do rio que, por sua vez,
estão diretamente relacionadas com as variações climáticas.
• reflorestamentos;
• aproveitamentos hidroelétricos;
• obras de regularização dos cursos d’água com retificação de canais;
• exploração de sedimentos nos rios, zonas estuarinas, campos dunares e
praias;
• dragagens;
• obras portuárias;
• várias das obras de engenharia costeira.
55
2.5.6 Condições de Equilíbrio da Praia
Se uma quantidade maior de areia, superior à que pode ser transportada pelas
ondas, é levada até a costa, a praia tenderá a acumular areia; caso contrário, se o aporte
de sedimentos for menor, a praia será erodida.
Neste sentido, é primordial garantir que as obras de dragagem, por exemplo, não
afetem irremediavelmente a situação de equilíbrio, provocando sérios transtornos nas
proximidades da região dragada, inclusive culminando no desaparecimento da praia.
56
Em 2003, WANG et al. publicou um estudo que aborda a utilização de um modelo
de previsão de dragagem com aplicação no estuário Westerschelde, localizado na
Holanda.
Tal abordagem é utilizada para definição das áreas de despejos dos materiais
dragados, sendo o modelo físico representado por uma aproximação analógica na
simulação dos processos hidrossedimentológicos e o modelo numérico como uma
aproximação digital, possibilitando resultados mais rápidos e econômicos, porém não
invalidando totalmente a modelagem física, devendo ser esta utilizada em casos
relevantes, onde é necessário se realizar uma comprovação e avaliação visual dos
efeitos dinâmicos na região em estudo.
57
Para tal, foi necessário apresentar uma justificativa econômica mais detalhada para
o valor gasto por ano na manutenção de canais de navegação. Nesse sentido, utilizou-se
uma ferramenta de apoio à decisão, denominada modelo CPT, para auxiliar na
priorização de investimentos, aliando a segurança e a viabilidade econômica da
operação de dragagem.
Com relação à dragagem de materiais contaminados, que tem demonstrado ser uma
atividade nociva para o meio ambiente, WASSERMAN (2013) apresenta uma sugestão
de planejamento dos serviços de dragagem de material contaminado para o equilíbrio
ambiental e seus custos de investimento, demonstrando em um caso prático, no
Complexo Portuário de Itaguaí, localizado na baía de Sepetiba, que é possível reduzir a
quantidade de material a ser dragado e consequentemente seus custos associados.
58
níveis de contaminação e, assim, estabelecendo limites dentro dos quais os sedimentos
devem ser dragados com procedimentos seguros.
59
CAPÍTULO 3 – MODELAGEM COMPUTACIONAL
60
• nível de maré e correntes – contemplando medições e/ou séries históricas
de estações maregráficas mais próximas ao local do empreendimento;
• batimetria – decorrente de levantamentos batimétricos recentes e/ou
cartas náuticas que contemplem a região de interesse;
• direção dos ventos – obtidos através de estações meteorológicas locais
e/ou séries globais de vento (por exemplo, do NCEP ou ECMWF) com
histograma apresentando intensidade, direção e frequência dos ventos
locais;
• sedimentologia – boletins e perfis de sondagem medidos para
identificação dos tipos de sedimentos e sua granulometria;
• planta de dragagem – com profundidade e dimensionamento do canal de
acesso e bacia de evolução delimitados para o maior navio de projeto a
atracar no porto;
• estruturas portuárias – layout com as dimensões, arranjo geral.
61
diversos pontos, sabendo-se de onde vêm e para onde vai o contaminante medido.
Exceto em rios, que têm escoamento médio unidirecional, a dinâmica espacial da
dispersão de um contaminante é difícil de obter através de medições pontuais, mas pode
ser obtida através de modelos computacionais geralmente baseados no processo difusão-
advecção. O mesmo vale para a maioria das grandezas relevantes à gestão de corpos de
água naturais (ROSMAN, 2000).
Desta forma, em linhas gerais, modelos computacionais vêm se tornando cada vez
mais ferramentas indispensáveis para auxílio a projetos, à gestão e ao gerenciamento e
sistemas ambientais, pois permitem integrar informações espacialmente dispersas,
estender o conhecimento para regiões nas quais não há medições, ajudar a interpretação
de medições feitas em estações pontuais, prever situações simulando cenários futuros,
mas sendo submetidos à validação. O uso de modelos como ferramentas de previsão
inclusive pode ser feito em tempo real, para planejar operações de limpeza ambiental
em decorrência de derrames acidentais de contaminantes tóxicos como óleos e
solventes.
62
Observam-se, assim, duas respostas ou saídas (outputs) correspondentes aos
mesmos conjuntos de dados de entrada (inputs), sendo essas respostas ou saídas
associadas às reações do sistema físico natural e a do modelo matemático. A calibração
é considerada satisfatória quando ambas as respostas, a do sistema físico real e a do
modelo matemático, se aproximaram de acordo com certo critério definido pelo
modelador.
A partir de então, o modelo pode ser empregado para a fase de previsão, onde o
conjunto de dados de entrada é conhecido, porém não a resposta física do processo, que
será então “prevista” pelo modelo.
63
No Brasil, há alguns anos, modelos físicos de barragens, portos e outras obras de
engenharia, foram construídos nos laboratórios de Furnas e INPH, dentre outras
instituições. Muitas pesquisas fizeram o uso conjunto de modelos físicos e matemáticos,
mostrando sua complementariedade.
2
Este método consiste em transformar uma equação diferencial parcial de segunda ordem, em um sistema
de equações de primeira ordem. (RODRIGUES, 2010)
64
suspensos discretos do domínio, podem-se distinguir duas abordagens que se
denominam métodos explícitos e métodos implícitos. (SILVA et al., 2003)
• Consistência:
Um esquema numérico é chamado de consistente quando, ao refinar-se a
malha de discretização do domínio do problema, as equações discretizadas
tendem às equações originais governantes do problema.
• Convergência:
O esquema numérico é convergente quando, para o referido refinamento
da malha de discretização, as soluções discretas ou aproximadas tendem às
soluções das equações originais.
• Estabilidade:
O esquema numérico é chamado estável quando nenhum erro ou
perturbação na solução numérica é amplificado além de certos limites
durante o processo de cálculo da solução.
65
Em geral, os métodos explícitos conduzem a equações algébricas mais simples, nas
quais os valores desconhecidos das variáveis, num dado instante, podem ser escritos
explicitamente em termos de valores conhecidos no instante anterior. No entanto, estes
esquemas têm a limitação fundamental de não serem incondicionalmente estáveis sob o
ponto de vista numérico. O critério Courant-Friedrichs-Lewy (CFL), que é uma
generalização do critério de Courant3 para a equação 1-D da difusão parabólica, é a
condição necessária para convergência na solução de certas equações diferenciais
parciais, numericamente pelo método das diferenças finitas.
3
O número de Courant é adimensional e caracteriza a extensão relativa das oscilações numéricas,
também associado à discretização no tempo.
66
bidimensionais em perfil (2DV). Nos modelos 2DH são promediadas as
variáveis verticais, restando as dimensões x, y e t. Estes modelos são
aplicáveis a corpos d’água pouco estratificados tendendo a verticalmente
homogêneos. Os modelos 2DV se aplicam mais a corpos d’água com
variação vertical de densidade (gradientes salinos fortes), onde as
promediações são feitas sobre as variáveis laterais, restando as dimensões
x, z e t.
• Modelo unidimensional – são modelos aplicáveis a corpos d’água com
seção transversal aproximadamente homogênea, possuindo variáveis
médias na seção transversal. Possuem dimensões x e t. Evidentemente, a
maioria dos escoamentos fluviais pode ser abordada por este tipo de
modelagem computacional.
67
Brasil e no mundo) e um baseado em Elementos Finitos, o SisBAHIA®, apresentado
em maiores detalhes por se tratar de um modelo acadêmico, da COPPE/UFRJ, portanto
nacional, gratuito e de mais fácil acesso.
O MIKE 21 foi utilizado durante o ano de 2008, onde foram gerados os primeiros
resultados do estudo de caso apresentado nesta tese e o SisBAHIA® foi utilizado a
partir de 2012, para complementação e comparação com os resultados anteriormente
encontrados para a baia de Sepetiba.
68
hidrodinâmica do SisBAHIA® simula campos de correntes tridimensionais
(3D), bem como campos de correntes promediadas na vertical ou
bidimensionais na horizontal (2DH).
2. Modelo de transporte euleriano: um modelo independente de transporte
euleriano advectivo-difusivo com reações cinéticas, tipo 2DH, para simular o
transporte de escalares, isto é, substâncias dissolvidas, contaminantes ou
parâmetros de qualidade de água que se encontram bem misturados na coluna
d’água.
3. Modelos de qualidade de água e eutrofização: um conjunto de modelos
dedicados e otimizados para estudos de qualidade de água. Tratam-se de
modelos de transporte euleriano advectivo-difusivo 2DH, com reações
cinéticas interdependentes, isto é, reações com sinergia entre diferentes
componentes. Tal sistema dedicado permite simulações de salinidade,
temperatura, oxigênio dissolvido e demanda bioquímica de oxigênio (OD-
DBO), compostos do nitrogênio e biomassa, compostos do fósforo e biomassa,
bem como a combinação de todos estes indicadores simultaneamente.
4. Modelos de transporte de sedimentos e evolução morfológica do fundo:
Trata-se de modelos que calculam transporte de sedimentos e taxas de erosão e
sedimentação no fundo. O usuário pode prescrever curvas granulométricas e
estoques de sedimentos erodíveis diferentes em qualquer ponto da região
modelada. Pode funcionar dinamicamente acoplado a um modelo
hidrodinâmico, permitindo assim realizar estudos de evolução morfológica de
fundo. O modelo permite múltiplas opções de formulações de transporte, tais
como Van Rijn, Engelund-Hansen, Meyer-Peter Müller, Nielsen e Yalin
(COWELL e THOM, 1994; GONZALES et al., 2007; SPROVIERI e
FONTOURA, 2012). Outras formulações podem ser incluídas e funcionar
também de modo desacoplado, apenas para estimação de vazões sólidas.
5. Modelo de transporte lagrangeano - determinístico: é um modelo de uso
geral para simulação de transporte advectivo-difusivo com reações cinéticas,
para camadas selecionadas de escoamentos 3D ou 2DH. Este modelo é
especialmente adequado para simulações de vários tipos de problemas, por
exemplo:
• plumas de emissários ou pontos de lançamento de efluentes ao longo da
costa. Permite a simulação de plumas de esgoto com vazões variáveis e
69
taxas de decaimento (T90) variáveis de acordo com época do ano, horas do
dia, condições de cobertura de nuvens, etc.
• derramamento de óleo, instantâneo ou por período definido. No caso, o
modelo pode seguir as mesmas curvas de balanço de massa do ADIOS2
(padrão da indústria do petróleo) e pode incluir efeitos da dinâmica de Fay
na fase inicial do derrame, quando o espalhamento é chamado de inercial.
• mistura de massas de água, tempos de troca e renovação de massas de água
entre diferentes setores de um corpo de água.
• transporte de detritos flutuantes, inclusive óleos e graxas.
• determinação de tempos de residência4 em corpos de água naturais,
permitindo obter mapas de isolinhas de tempos de residência em diferentes
setores de corpos de água com geometria complexa.
• determinação de tendências de deriva de sedimentos, substâncias
dissolvidas ou particulados flutuantes.
• determinação de correntes residuais lagrangeanas.
• estudos de dragagens, com determinação de plumas no sítio de dragagem e
em locais de bota fora.
• determinação de massa e altura de material sedimentado, por exemplo, em
bota fora de dragagens.
• o modelo permite optar por transporte livre ou condicionado. Modelagens
com transporte condicionado são especialmente úteis em análises de
processos sedimentológicos. O transporte pode ser condicionado por
valores mínimos de velocidade de tensão no fundo exercida só por
correntes ou exercida conjuntamente por ondas e correntes.
• o modelo lagrangeano permite a utilização de praticamente qualquer tipo
de reação cinética de decaimento ou produção do contaminante sendo
modelado, inclusive através de curvas de decaimento fornecidas através de
tabelas e valores. Pode-se também simular processos de perda de massa
por sedimentação.
6. Modelo de transporte lagrangeano - probabilístico: acoplado ao modelo
anterior, permite obtenção de resultados probabilísticos computados a partir de
4
Tempo de residência é igual à capacidade de um sistema reter uma substância dividida pela taxa de
fluxo da substância no sistema. (DAVIS, M. & MASTEN, S., 2004)
70
N eventos ou de resultados ao longo de um período de tempo T. Exemplos de
resultados: probabilidade de toque no litoral, probabilidade de passagem (ou de
visita) de manchas ou plumas de contaminantes, probabilidade de passagem de
manchas ou plumas com concentração acima de um valor limite, probabilidade
de passagem com tempo de vida inferior a um limite dado, etc.
7. Modelo de campo próximo para emissários e fontes pontuais: este módulo
está inserido no bloco de modelo de transporte lagrangeano e funciona
dinamicamente acoplado a um modelo hidrodinâmico. O modelo considera as
características geométricas de linhas difusoras, perfis verticais variáveis de
densidade no meio receptor, turbidez variável da água para cômputo da
incidência de radiação solar. A radiação solar é computada em função da
latitude e longitude da localidade, variando a partir da data e hora de início da
simulação, com variação e cobertura de nuvem etc. No caso de análises de
balneabilidade, aceita diferentes tipos de bactéria, tais como coliformes
termotolerantes, escherichia colli e enterococcus, além de curvas de
decaimento prescritas pelo usuário.
8. Modelo de geração de ondas: é um modelo para geração de ondas por campos
de vento permanentes ou variáveis. O modelo determina se a geração de ondas
será limitada pela pista ou pela duração do vento. O modelo permite calcular,
ao longo do tempo, a distribuição espacial no domínio de parâmetros do clima
de ondas gerado tais como: alturas significativas e médias quadráticas,
períodos de pico, tensões oscilatórias no fundo devido a ondas, etc.
9. Modelo de propagação de ondas: trata-se de um programa de propagação de
ondas monocromáticas ou espectros de ondas, com efeitos de refração,
difração, dissipação e arrebentação. O programa implementado no
SisBAHIA® é similar ao conhecido código numérico REFDIF, desenvolvido
na Universidade de Delaware por KIRBY e DALRYMPLE (1986a) e baseado
na aproximação parabólica, com aplicações realizadas nos mais diversos
ambientes.
10. Módulo de análise e previsão de marés: através deste módulo, podem-se
realizar análises harmônicas de registros de níveis ou correntes para obtenção
das constantes. Com o módulo de previsão, fornecendo as constantes
harmônicas de níveis ou de correntes, fazem-se previsões de valores em séries
temporais a intervalos definidos pelo usuário, bem como de séries de máximos
71
e mínimos entre uma data inicial e uma final especificadas pelo usuário. Os
algoritmos de análise e previsão adotados são os mesmos empregados pelo The
Global Sea Level Observing System (GLOSS), que é um projeto internacional
patrocinado pela Joint Technical Commission for Oceanography and Marine
Meteorology (JCOMM), World Meteorological Organisation (WMO) e pela
Intergovernmental Oceanographic Commission (IOC).
11. Ferramentas diversas - tais como:
• gerente de animações: produz animações mostrando os resultados em
forma dinâmica.
• inquiridor de banco de dados: para buscar informações na base de dados
dos modelos desenvolvidos através de ferramenta de consulta, integrada na
interface, programável em SQL (Structured Query Language ou
Linguagem de Consulta Estruturada).
• conversor de tempo entre dados: a partir de uma série temporal com dados
em intervalos T1, produz outra série com dados em intervalo T2.
• cópia de malhas e modelos, mudança de escala, etc.
12. Interface de trabalho: Todos os modelos são integrados em uma interface de
trabalho amigável. Muitos tipos de saídas gráficas, inclusive animações, podem
ser geradas com modelos rodando. Várias ferramentas de edição de malha são
disponíveis na interface. A interface interage diretamente com os seguintes
programas comerciais:
• Argus One: programa para geração e edição de malhas de elementos
finitos diretamente importáveis pelo SisBAHIA®. Para detalhes sobre o
Argus One acesse www.argusone.com, onde se pode adquirir o programa e
baixar versão demo que funciona com limitações.
• Grapher e Surfer: programas usados pelo SisBAHIA® para apresentação
de resultados em gráficos e mapas. O SisBAHIA® funciona melhor com
as versões mais recentes do Grapher (v. 8) e do Surfer (v. 10) por estar em
constante atualização. As versões anteriores destes programas também
funcionam, mas podem ocorrer imperfeições em alguns casos. Em
www.goldensoftware.com pode-se ter maiores detalhes sobre os
programas e fazer download de versões demo que funcionam parcialmente
com o SisBAHIA®.
72
Modelo Hidrodinâmico do SisBAHIA®
73
módulo 2DH. Portanto, apresenta resultados menos precisos em regiões
nas quais as acelerações advectivas variem significativamente ao longo
da profundidade. Nessa opção, os perfis de velocidade são calculados
através de uma solução que é função das velocidades 2DH promediadas
na vertical, elevação da superfície livre, rugosidade equivalente de
fundo do módulo 2DH e da velocidade do vento atuando na superfície
livre da água.
74
equação de estado, compõem o modelo matemático fundamental para qualquer corpo
d’água.
(Eq. 03)
Por sua vez, a Figura 27 ilustra, na direção x, como as diversas forças atuam em
uma partícula fluida de dimensões δxδyδz.
5
No caso de modelos que consideram alagamento e secamento com meio poroso, a coluna de água
efetiva é modificada.
75
Figura 27 – Esquema de forças atuantes na direção x
Fonte: ROSMAN (2001)
Na Figura 27, o produto das tensões pela área no plano de contato representa as
forças de contato. Os diferentes tipos de seta mostram os vários tipos de forças. As
forças atuantes nas direções y e z são semelhantes à direção x apresentada.
1
( 6
- ) * 2Φ sen < #
01
(Eq. 04)
76
• Equação de quantidade de movimento 2DH para um escoamento
integrado na vertical, na direção y:
'# '# '# '. 1 '(1 '(1
*( *# = -$ * 2 * 5*
') '+ ', ', 01 '+ ',
1
3 6
- 4 - 2Φ sen < (
01
(Eq. 05)
(Eq. 06)
77
Representa a pressão hidrostática resultante na direção x
'.
(gradiente de pressão), devido à declividade da superfície
-$
'+
livre na direção x. Conforme indicado pelo sinal negativo,
este termo força escoamentos de lugares onde o nível de água
é mais alto para onde o nível de água é mais baixo.
Representa a resultante das tensões dinâmicas turbulentas
2DH no escoamento i.e., em um determinado instante,
1 '(1 '(1
representam o balanço dos fluxos difusivos médios na
2 * 5
01 '+ ',
vertical, por unidade de área, de quantidade de movimento na
direção x, por unidade de massa. Por exemplo, esses termos
são responsáveis pela geração de vórtices horizontais em
zonas de recirculação.
Representa a aceleração de Coriolis devido ao fato do
referencial estar se movendo com a rotação da Terra. Esse
2Φ sen < # termo é irrisório próximo ao equador, isto é, em baixas
latitudes, e pouco relevante em corpos de água relativamente
pequenos como a baia de Guanabara, por exemplo.
Representa a tensão do vento na superfície livre por
1
( 6)
unidade de massa. Se o vento estiver na mesma direção do
0 1 escoamento, esse termo irá acelerar o escoamento; se estiver
oposto, irá retardar o escoamento.
Representa a tensão de atrito no fundo atuante no
1
(- )
escoamento 2DH por unidade de massa. Conforme indicado
01 pelo sinal negativo, esse termo sempre tende a desacelerar o
escoamento. É sempre oposto ao escoamento.
78
superfície livre e do fundo. A partir das explicações dadas acima, observa-se que a Eq.
04, referente à equação da quantidade de movimento 2DH para um escoamento
integrado na vertical na direção x, ficaria reduzida a:
'. 1
0 = -$ * (- )
'+ 01
(Eq. 07)
A = 0 B(A [i =1,2]
(Eq. 08)
$
B= D (D * # D
C
(Eq. 09)
Módulo 2DH acoplado: Se o módulo 2DH for acoplado com o módulo 3D, o
parâmetro β depende da velocidade de atrito característica u*, que é função do perfil de
velocidade 3D. Nesse caso, tem-se:
$
B= | ∗|
C
(Eq. 10)
(Eq. 11)
79
Em escoamento permanente e uniforme, em canal largo e longo, a declividade da
=J
superfície livre é aproximadamente a mesma que a do fundo (I), ou seja, I= I ≅ K. Além
V
'. MC U 8$
H
|(| = C G G 1 → N
( O=
OOPO
C OKM
OQC →( = KMC → ( = H KMC
'+ NOOOOPO
W OOOQ \
RCéT X YYAYZ
NOOOOPO OOOQ
] ^ _`Aaab ^C
(Eq. 12)
80
Tabela 7 – Formatos dos elementos finitos triangulares e quadrangulares admissíveis no
modelo FIST3D
81
também um nó no centro do elemento. Dessa forma, garante-se um esquema numérico
potencialmente de quarta ordem6.
ef
3+ , , , )4 = d A ())hA 3+ , , 4
Ag
ef
' 3+ , , , )4 'hA 3+ , , 4
=d ())
'+ A
'+
Ag
etc.
ef
' D 3+ , , , )4 ' D hA 3+ , , 4
=d A ())
', D ', D
Ag
ef
' D 3+ , , , )4 ' D hA 3+ , , 4
=d A ())
'+', '+',
Ag
(Eq. 13)
6
Se os nós adicionais estiverem fora do ponto médio dos lados do elemento, a ordem do esquema cai até
primeira ordem. Isso ocorre em formulações isoparamétricas quadráticas. Utilizando uma formulação
subparamétrica, esse problema é facilmente evitado, CELIA e GRAY (1984).
82
Para a discretização temporal, esquemas de diferenças finitas de segunda ordem são
utilizados no FIST3D. Uma fatoração implícita de segunda ordem é empregada nos
termos não lineares, e o esquema de Crank-Nicholson é adotado para os termos lineares.
83
Figura 28 – Exemplo de um domínio de modelagem (Ω) para a baia de Guanabara.
Fonte: ROSMAN, 2000
84
Para corpos de água rasos, para se evitar efeitos de camada limite7, a condição de
contorno típica em fronteiras de terra é a especificação da componente da velocidade
(UN) ou de fluxo (QN) normal ao contorno. E a condição típica em contornos abertos é a
prescrição da elevação da superfície livre ao longo do contorno aberto em qualquer
instante. Porém, dependendo da situação de escoamento vigente, são necessárias
condições adicionais para definir um problema bem posto, DAUBERT e GRAFFE
(1967).
7
Os efeitos de camada limite ocorreriam se a condição de velocidade nula fosse especificada em
contornos terrestres. Neste caso, uma discretização refinada próximo ao contorno terrestre seria
necessária para capturar o perfil horizontal de velocidade.
85
fornecida. Em situações de efluxo, a direção é obviamente conhecida, pois o
escoamento sai do domínio com a direção que tem.
n∗ qr pn∗ s
Ψ = Z(6 )p
=s = \u w ; xa = so
o t (6o )p v t
R*
(Eq. 14)
86
A Figura 29 é a representação gráfica tradicional do diagrama de Shields,
mostrando a relação entre o parâmetro de Shields, Ψ, e o número de Reynolds do grão,
R*.
87
de referência deve ser interpretado como o valor para o qual a probabilidade de
mobilidade ou deposição é 50%.
No caso da Figura 31, considerou-se água salgada com massa específica ρ0 = 1025
kg/m³, viscosidade ν = 1.19E-6 m²/s e sedimentos com massa específica ρs = 2650
kg/m³. O diâmetro do grão em unidades φ é igual a - ln (d [mm])/ln(2).
88
Figura 31 – Tensão crítica para mobilidade, τc, calculada pelo diagrama de Shields
modificado
Fonte: Adaptada de ROSMAN, 2000
89
De fato, como se observa na Figura 29, há uma nuvem de pontos no entorno da
linha pontilhada que define Ψc. Deste modo, ao invés de um valor crítico preciso, há
uma faixa de movimento incipiente definida por Ψc ± α.
• se a tensão no fundo exercida pelo escoamento, τ0, for tal que Ψ/Ψc < (1 -
α), o modelo considera que certamente não há condições de erosão ou
transporte. No caso, se no local houver sedimentos em transporte, estes se
depositariam, e os sedimentos em repouso assim permaneceriam.
• contrariamente, se ocorrer τ0 de modo que Ψ/Ψc > (1 + α), o modelo
considera que certamente o escoamento tem capacidade de erosão e
transporte.
• na situação intermediária, o modelo entra no seguinte processo
probabilístico:
- se (Ψ/Ψc – 1 + α) < (2α × A[0,1]), admite-se não haver capacidade
de erosão e transporte, caso contrário há capacidade. Na expressão,
a função A[0,1] gera números aleatórios entre 0 e 1, a cada
instante.
- observa-se que se Ψ/Ψc = 1, a probabilidade de erosão e transporte
ou de sedimentação é de 50%. À medida que Ψ/Ψc se aproxima de
(1 – α), a probabilidade de erosão e transporte diminui até 0, e à
medida que Ψ/Ψc se aproxima de (1 + α), a probabilidade aumenta
até 1.
- com um valor de α diferente de zero, simula-se a incerteza que
existe na determinação de Ψc ou do equivalente τc. Como Ψc é
estimado através da curva do parâmetro de Shields, que é ajustada
a valores experimentais, o valor de α representa a amplitude da
nuvem de dados experimentais, como se vê na Figura 29.
90
Ao lado da Tabela 9, inclui-se uma tabela menor sugerindo valores de α. O caso
sugerido representa uma situação pouco usual, pois, geralmente, os sedimentos em um
dado domínio de modelagem têm granulometria menos variada. Não é comum haver
casos com granulometria variando de areia muito fina a areia muito grossa em uma
mesma região de modelagem. Em casos com granulometrias menos variadas, os valores
de α para o exemplo com cinco faixas de τ0c seriam menores.
Na tabela maior, a massa específica dos sedimentos é ρs= 2.650 kg/m³, água com
ρ0= 998,1 kg/m³ e viscosidade cinemática ν= 1,05E-06 m²/s. A tabela inferior sugere
valores típicos de τ0c e mostra valores de α cobrindo toda a granulometria da tabela
maior, o que não é comum em casos reais.
91
c) Fórmulas de transporte de sedimentos – Vazão Sólida Potencial
Mais de uma dezena de fórmulas para cálculo de vazão sólida potencial está
disponível na literatura especializada. No SisBAHIA® é dada a opção de escolher a
fórmula de transporte de sedimentos a ser utilizada, dentre as disponíveis descritas a
seguir. Embora todas sejam fórmulas bem estabelecidas, com aplicações práticas em
diversos outros modelos, a escolha demanda critério, já que foram definidas por
métodos semi-empíricos, presumindo condições específicas. Como o resultado obtido
92
por diferentes fórmulas pode variar significativamente, a escolha da fórmula pode ter
grande importância no resultado da modelagem.
(Eq. 15)
= 0 ⁄$( 6 - 0 )z
∗
(Eq. 16)
Vale lembrar que todas as fórmulas a seguir apresentadas são para vazão sólida
potencial, em função da capacidade de transporte do escoamento. Isto é, presume-se
que a disponibilidade de sedimentos seja ilimitada.
93
abranger diversos pesos específicos e granulometrias, que variaram de 0.4 mm a 30 mm,
conforme VANONI (1975).
y6∗ = 8( ∗
0 - ^)
∗ {⁄D
(Eq. 17)
Uma reanálise dos dados usados por Meyer-Peter e Muller foi apresentada por
WONG e PARKER em 2006. Na reanálise, foi constatado que na expressão original de
1948 havia uma correção para rugosidade de fundo que, efetivamente, seria
desnecessária. As alterações feitas na formulação original de Meyer Peter e Muller
resultaram nas seguintes expressões:
y6∗ = 4,93( ∗
0 - ^)
∗ ,U
(Eq. 18)
y6∗ = 3,97( ∗
0 - ^)
∗ {⁄D
(Eq. 19)
0,05 ∗ ƒ⁄D
y6∗ = ( 0)
•‚
(Eq. 20)
D
•‚ = R = $⁄…18 log
Z U>
0 u ‰ wŠ ou •‚ = /Œ (( D * # D )•
„
(Eq. 21)
94
No SisBAHIA®, a fórmula de Engelund e Hansen presume o coeficiente 0,05 e o
expoente 5/2, porém, o usuário pode calibrar a fórmula para melhor ajuste a dados de
campo, alterando os valores presumidos.
Van Rijn (1984): A formulação de Van Rijn é usada para o cálculo de transporte por
arrasto ou pelo leito. Desenvolvida originalmente para transporte em rios, tem sido
aplicada também em corpos de água costeiros como estuários e canais de maré. É
recomendável para sedimentos com granulometria na faixa de areias finas a muito
grossas, indo de 0,2 a 2,0 mm.
!^ D,
y6∗ = 0,053
z∗0,{
(Eq. 22)
qr qŽ •o •t Z6 ⁄{
Onde: !^ = xa = z∗ = zƒ0 u ‘ • w
qŽ •t
; ;
(Eq. 23)
y6∗ = 12 Œ 0
∗ ⁄D ∗
0 - ^•
∗
(Eq. 24)
95
Novamente, destaca-se que a seleção de uma dada fórmula de transporte sólido
potencial deve ser feita levando em conta o caso a ser estudado e as condições de
validade da fórmula. O resultado obtido com a ativação de fundo móvel, isto é, modelo
hidrodinâmico com atualização de batimetria, ou modelo morfodinâmico, está
fortemente relacionado à fórmula utilizada. Portanto, a escolha da fórmula deve levar
em conta as condições para as quais elas foram desenvolvidas, tais como granulometria
e condições do escoamento.
No tipo 0 a vazão sólida afluente para cada uma das M classes de sedimentos é
calculada levando em conta a hidrodinâmica vigente no local. As variáveis necessárias
96
são obtidas do módulo hidrodinâmico, e o cálculo da vazão sólida normal à fronteira é
realizado com a fórmula previamente selecionada no módulo de transporte de
sedimentos. Este modo de prescrição da condição de contorno é usualmente
denominado condição de equilíbrio, pois as vazões sólidas na fronteira são iguais à
capacidade de transporte do escoamento, ou seja, admite-se a vazão sólida potencial,
respeitando a proporção das diferentes classes de sedimentos definida nas condições
iniciais para o nó de contorno.
No tipo 1 a vazão sólida normal à fronteira é prescrita para cada uma das M classes
de sedimentos do domínio. Esta opção é útil quando se tem à disposição dados obtidos
em campo ou dados provenientes de outro modelo. A vazão sólida imposta pode ser
permanente ou variável no tempo, na forma de uma série temporal. Recomenda-se, em
conjunto com essa abordagem, um ajuste das fórmulas de transporte a fim de obter
resultados mais fidedignos. Esta abordagem pode ser muito útil em modelos à jusante
de usinas hidrelétricas, onde o transporte de sedimentos na usina é nulo ou muito
reduzido.
Os resultados são compostos por uma tabela contendo a vazão sólida, sua direção e
a alteração da batimetria do fundo acumulada até o instante do resultado em cada nó do
domínio a cada instante. Os valores positivos representam erosão e os valores negativos
97
representam deposição de sedimentos. A batimetria atualizada pode ser obtida pela
soma da alteração da batimetria do fundo acumulada com a batimetria inicial do
modelo.
(Eq. 25)
Lembrando que a cota do fundo é dada por z= – h(x, y, t), por isso o sinal (–) na
frente do somatório é necessário, pois DSEm > 0 significa assoreamento e DSEm < 0
erosão.
8
De acordo com o Teorema de Nyquist, a quantidade de amostras por unidade de tempo de um sinal,
chamada taxa ou frequência de amostragem, deve ser maior que o dobro da maior frequência contida no
sinal a ser amostrado, para que possa ser reproduzido integralmente sem erro.
98
Embora os resultados finais de evolução batimétrica através de modelagem de N
ciclos hidrossedimentológicos, com = 1.0, sejam similares aos resultados de
modelagem de 1 ciclo com = N, os resultados intermediários não são comparáveis.
99
O sistema MIKE 21 compreende os seguintes simuladores:
• grade única – modelo retilíneo clássico, fácil de configurar e prático
intercâmbio I/O (entrada/saída).
• grades múltiplas – modelo retilíneo dinamicamente estruturado com
capacidade de focalizar a resolução da grade.
• malha flexível (FM) – flexibilidade máxima para adaptação da resolução
da grade dentro do modelo. Todos os instrumentos FM suportam
processamento paralelo.
100
funções simuladoras (forcing funcions). Portanto, é este módulo que efetivamente faz os
cálculos hidrodinâmicos.
O arquivo de grade batimétrica é formado a partir de uma matriz cujos valores dos
elementos são as cotas dos pontos da superfície de fundo. Estes pontos têm um
espaçamento definido de acordo com o tamanho da área a ser modelada e da precisão
que se deseja.
Ressalta-se, ainda, que além da batimetria e dos contornos abertos, pode-se colocar
como dados de entrada no modelo: a ação de ondas, o atrito de fundo, a mudança da
viscosidade d’água, a ação dos ventos, fontes e sumidouros de vazões líquidas.
• AD – Advecção-dispersão
101
• PT – Rastreamento de partículas
Modelo eficiente utilizado para estudar a dinâmica das ondas em áreas costeiras e,
por exemplo, a ressonância em portos em resposta à simulação linear e monocromática
de ondas.
• BW – Modelo Boussinesq de Ondas
102
O BW está sendo preparado para execução em computação paralela com múltiplos
núcleos (multicore).
• WS WAT – Ferramenta de análise de ondas
Análise detalhada de ondas, tais como: análise espectral linear, com filtragem
digital, direcional e transversal de ondas. Esta ferramenta atua no pós-processamento
dos dados gerados pelo MIKE 21 BW.
103
• forças de Coriolis – tendência que qualquer corpo em movimento sobre a
superfície terrestre tem de mudar seu curso devido à direção rotacional e a
velocidade da Terra;
• dispersão da quantidade de movimento (inclusive pela formulação de
Smagorinsky);
• correntes induzidas pelas ondas;
• fontes e sumidouros (massa e quantidade de movimento);
• evaporação e precipitação;
• inundação e seca;
• estruturas.
Trata-se de um modelo hidráulico geral, que pode facilmente ser montado para
descrever fenômenos hidráulicos específicos. Ele simula escoamentos não permanentes
2D em fluidos com uma camada (verticalmente homogêneos). Exemplos de tais
aplicações são:
• troca de água devida às marés e às correntes;
• ondas devidas a terremotos;
• circulações secundárias, redemoinhos e vórtices;
• ressonância em portos;
• ruptura de barragens.
104
Continuidade:
∂ ∂ ∂
ζ* p* q =0
∂t ∂x ∂y
(Eq. 26)
1 ' ' ℎ ∂
- £ (ℎ )* 3ℎ 4¤ - Ωy - \##T * ( )=0
¢ '+ ', ¢ ∂x
(Eq. 27)
1 ' ' ℎ ∂
- £ 3ℎ 4* 3ℎ 4¤ - Ωy - \## * ( )=0
¢ ', '+ ¢ ∂y
(Eq. 28)
Este módulo faz o cálculo básico do transporte de sedimentos produzido pela ação
de ondas e correntes combinadas. Os principais resultados são o transporte de
105
sedimentos em suspensão e o de fundo, em duas direções e combinando ondas que
arrebentam e as correntes atuantes.
106
• Teoria do transporte de arrastamento de fundo de Meyer-Peter e Müller
(1948);
• Formulação do transporte total de Ackers e White (1973).
Nota-se que para situações com sedimento fino e velocidades altas de correntes,
esta formulação pode subestimar a taxa de transporte total, já que apenas a contribuição
do fundo é considerada.
107
acelerações verticais são assumidas como sendo pequenas em relação à aceleração da
gravidade. Isso faz com que o Delft3D-Flow seja adequado para a predição de fluxos
em mares rasos, áreas costeiras, estuários, lagos, rios e lagoas. (WL | Delft Hydraulics,
2009a).
108
Figura 34 – Fluxograma esquemático da simulação morfodinâmica.
Fonte: Adaptada de LESSER, 2009.
109
sedimento na densidade considerando-se a massa específica de todas as frações de
sedimento e subtraindo a massa específica de água substituída.
110
atmosférica, descarga fluvial e/ou ondas oceânicas. Para simulações prognósticas,
devido à natureza estocástica dos ventos, ondas e outros processos forçadores, são
requeridas algumas considerações especiais, frequentemente resultando no uso de uma
série temporal derivada da média anual ou climas sazonais, e testes de sensibilidade dos
desvios ao redor desta média.
Simulações do tipo brute-force (LESSER et al., 2004; LESSER, 2009) são usadas
para investigar com detalhe o desenvolvimento histórico-temporal das variações
morfológicas e investigar o impacto relativo dos processos associados. No entanto, esse
tipo de modelagem é extremamente dispendioso computacionalmente e, dependendo da
resolução, diversidade de processos simulados e da capacidade do hardware do
computador disponível, será frequentemente executado em uma velocidade apenas 10
vezes mais rápida que o tempo real (e.g. 100 dias de simulação requereriam 10 dias de
computação). Isto significa que, quando o interesse é resolver processos de mudanças
morfológicas da ordem de meses ou anos, técnicas de aceleração morfológica do
modelo são necessárias para reduzir o tempo de processamento.
111
CAPÍTULO 4 – ASPECTOS DA GESTÃO PORTUÁRIA PARA PROJETOS DE
DRAGAGEM
Neste sentido, se faz necessário que os portos brasileiros priorizem uma efetiva
modernização e eficiência. O potencial para as operações portuárias é indiscutível e
pode significar um diferencial logístico incomparável para o País em competitividade e
em redução de custo de produtos.
112
Figura 35 – Sistemas de gestão portuária
Fonte: SEP/PR, 2007.
113
• Lei nº 8.630/1993 – Lei de Modernização dos Portos;
• Lei nº 8.987/1995 – Lei das Concessões;
• Lei nº 9.277/1996 – Lei de Delegação de Rodovias e Portos para Estados,
Municípios e Distrito Federal;
• Lei nº 10.233/2001 – Lei de Criação da ANTAQ (Agência Nacional de
Transportes Aquaviários).
114
• Resoluções CONAMA:
- nº 01/86 (critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de
impacto ambiental);
- nº 237/87 (revisão e complementação dos procedimentos e critérios
utilizados para licenciamento ambiental) e
- nº 344/2004 (diretrizes gerais e procedimentos mínimos para a
avaliação do material a ser dragado em águas jurisdicionais
brasileiras).
• Normas da Marinha Brasileira:
- NORMAM 11 – Obras e Dragagem;
- NORMAM 17 – Auxílios à Navegação;
- NORMAM 25 – Levantamentos Hidrográficos;
- NORMAM 26 – Serviço de Tráfego de Embarcações (VTS).
• Normas ABNT:
- NBR 9782/87 – Ações em Estruturas Portuárias, Marinhas ou
Fluviais: cargas permanentes, sobrecargas verticais, etc.
- NBR 13246/95 – Planejamento Portuário – Aspectos Náuticos.
• arrendamento portuário, que poderá ser feito com prazo de até 25 anos,
prorrogável por igual período (até 50 anos);
115
• terminais privativos, que hoje podem operar não só carga própria como de
terceiros;
• instituição da figura do operador portuário – pessoa jurídica pré-
qualificada para a execução de operação portuária na área do porto
organizado;
• criação do Conselho de Autoridade Portuária – CAP, que permite a
participação de representantes do poder público (União, Estados e
Municípios), de operadores portuários, de trabalhadores portuários e de
usuários de serviços portuários e afins;
• criação do Órgão Gestor de Mão-de-obra – OGMO, que atua como
provedor de mão-de-obra na área do porto organizado.
116
cabotagem que está em constante crescimento. (FILHO, 2007; SILVA e SANTOS,
2011).
b) Profissionalização da Gestão
117
c) Reestruturação das Companhias Docas
Uma das principais questões que afeta as Companhias Docas é sua estrutura
administrativa (Diretorias e Superintendências), que comporta revisão, para que,
mantidas suas áreas-fim, seja estudada a conveniência de criação de Superintendências
de Informação e Comunicação, Superintendências para Gestão Ambiental Portuária e
Assessorias Especializadas na Captação de Negócios.
O ano de 1998 foi marcado pela quebra do monopólio estatal de operação dos
portos públicos, com a melhoria na qualidade dos serviços ofertados, tendência à
redução dos custos e aumento da movimentação, trazendo, assim, reflexos à atividade
econômica regional e geração de empregos. Ao mesmo tempo, os compromissos
mínimos assumidos pelos arrendatários de quadruplicar a movimentação também foram
relevantes para contribuir na melhoria do sistema.
A Lei no 8630/93, no artigo 4º, diz que: “Fica assegurado ao interessado o direito de
construir, reformar, ampliar, melhorar, arrendar e explorar instalação portuária,
dependendo:
9
Na lei dos portos, só é mencionado o RIMA, que é um texto resumido do EIA. Pela CONAMA nº
237/97, o nome correto é EIA/RIMA, pois a aprovação deve ser do documento completo e detalhado.
118
A preocupação dos legisladores é evidente e justificável, na medida em que portos,
invariavelmente, estão localizados em áreas marítimas, baias, estuários, lagos ou foz de
rios e para suas implantações e desenvolvimentos requerem intervenções nesse
ambiente pré-existente: dragagem para aumento das lâminas d’água, derrocagens,
aterro, além das obras necessárias à logística terrestre.
Os portos representam o elo mais importante e complexo dos vetores logísticos. Por
eles passam 95% do fluxo do comércio exterior nacional. (PORTO, 2007)
119
• Companhia Docas do Ceará (CDC): que administra o porto de Fortaleza;
• Companhia Docas do Rio Grande do Norte (CODERN): que administra os
portos de Natal e Maceió, além do Terminal Salineiro de Areia Branca;
• Companhia Docas do Estado da Bahia (CODEBA): que administra os
portos de Salvador, Ilhéus e Aratu;
• Companhia Docas do Espírito Santo (CODESA): que administra os portos
de Vitória e Barra do Riacho;
• Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ): que administra os portos do
Rio de Janeiro, Niterói, Angra dos Reis e Itaguaí;
• Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP): que administra o
porto de Santos.
120
Dessa forma, iniciou a retomada de importantes e sistemáticos investimentos
públicos em infraestrutura portuária no Brasil.
121
• contratar a elaboração do Plano Nacional de Logística Portuária – PNLP,
contendo, inclusive, um plano geral da situação dos portos no Brasil,
indicando as providências e ações emergenciais a serem executadas;
• propiciar o desenvolvimento sustentável dos portos nacionais frente à
crescente demanda de comércio nacional e internacional, tornando os
mesmos competitivos, lucrativos e autossustentáveis.
• estabelecer prioridades para dragagem de ampliação, fixar sua
profundidade e demais condições, que devem constar do Projeto Básico de
Dragagem;
• assegurar a eficácia da gestão econômica, financeira e ambiental, por meio
da aprovação e fiscalização:
- dos programas de investimentos e de dragagem;
- da estruturação da gestão ambiental dos portos;
- da alocação dos recursos arrecadados por via tarifária das Cia Docas.
122
Coordenadoria de Estudos e Projetos Ambientais com o objetivo principal de assegurar
a sustentabilidade ambiental na gestão portuária.
123
vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo na baia de Guanabara, causando
grandes danos aos manguezais.)
• resolução CONAMA nº 344, de 25/03/2004, que estabelece as diretrizes
gerais e os procedimentos mínimos para a avaliação do material a ser
dragado em águas jurisdicionais brasileiras, e dá outras providências.
De acordo com o exposto, a SEP/PR preparou um documento que deve ser seguido
por todos os portos públicos que submetem seus Projetos Básicos de Dragagem para
receberem investimentos do Governo Federal.
O Anexo 1 apresenta os itens que devem ser detalhados por cada porto público,
com informações em relação ao local de interesse. É importante salientar que a questão
ambiental é determinante para o projeto, já que no Capítulo 6 – Licenciamento
Ambiental – deve ser apresentada a licença da área de dragagem e do local de despejo,
seguindo diretrizes dos órgãos ambientais para mitigação dos prováveis impactos
negativos causados com as operações de dragagem.
No Capítulo 5 desta tese, tais estudos são apresentados para três portos brasileiros:
Itaguaí-RJ, Santos-SP e Suape-PE, onde é possível analisar as particularidades e
principais diferenças no processo de sedimentação nestes três estados brasileiros.
124
Dragagem Portuária e Hidroviária (PNDP) foi criado pela Lei nº 11.610 de dezembro de
2007.
125
A Figura 37 ilustra a relação entre a profundidade e os calados dos navios em
alguns portos brasileiros, incluindo os portos que serão estudados em mais detalhe no
Capítulo 5.
126
Para tanto, foi realizada uma padronização dos editais de licitação. A ação vai
uniformizar o processo licitatório, tornando-o ainda mais transparente e confiável, com
as mesmas exigências para todas as empresas que participarem do certame.
127
Tabela 10 – Reprodução da Tabela I com tarifas INFRAMAR
10
O TDW, que aparece no item 3 da Tabela 10, é uma sigla do termo em inglês “tonnage deadweight”
que corresponde ao peso máximo da carga e equivalente ao TPB, tonelagem porte bruto em português.
128
Tabela 11 – Portos públicos beneficiados na 1a Etapa do PNDP
Modernização dos Acessos Aquaviários
Publicação
Porto Profundidade Dragagem Derrocagem Total Estimado
Edital
(m) Volume Estimado (m³ mil) (em milhões de R$)
1 Recife/PE 29/09/2008 11,5 2.123 - 29,1
2 Rio Grande/RS 31/10/2008 16 / 18 16.000 - 160,0
3 Santos/SP 31/10/2008 15 9.135 33 167,3
Aratu/BA 15 3.300 5 49,0
4 28/11/2008
Salvador/BA 12 / 15 2.986 - 50,0
Rio de Janeiro/RJ 13,5 / 15,5 3.500 - 150,0
5 28/11/2008
Itaguaí/RJ - 2ª fase 17,5 4.900 - 130,3
6 Suape/PE 28/11/2008 20 4.889 362 240,1
7 Paranaguá/PR 15/12/2008 16 / 15 / 14,5 9.000 - 53,0
Fortaleza/CE 14 5.947 - 42,3
8 22/12/2008
Natal/RN 12,5 2.079 25 30,3
S. F. do Sul/SC 14 3.200 72 85,9
9 09/01/2009
Itajaí/SC 12 / 12,5 3.060 - 23,3
10 Cabedelo/PB 20/02/2009 11 1.996 225 105,0
11 Imbituba/SC 20/02/2009 13 850 - 4,4
12 Vitória/ES 31/03/2009 14 1.866 96 95,2
TOTAL GERAL PND 74.831 818 1.415,2
129
Tabela 12 – Parque de dragagem brasileiro
PARQUE DE DRAGAGEM BRASILEIRO
Capacidade
Ano Produção anual
Empresa Draga Tipo TPB de cisterna
Construção (m³/ano)
(m³)
Copacabana Hopper 1993 8.062,00 5.000,00 5.500.000,00
Recreio dos Bandeirantes (1) Hopper 1960 2.123,00 1.340,00 2.750.000,00
Bandeirantes Ipanema (1) Hopper 1991 960,00 880,00 660.000,00
Leblon (1) Hopper 1991 940,00 880,00 660.000,00
Brasil (1) Hopper 1996 126,00 400,00 330.000,00
Boa Vista I (2) Hopper 1976 10.000,00 5.600,00 5.500.000,00
Dragaport
Macapá (2) Hopper 1976 10.000,00 5.600,00 5.500.000,00
Votzee Hopper N.D N.D 790,00 550.000,00
Enterpa
Virgínia (1) Hopper 1978 958,00 750,00 550.000,00
SDC do Brasil Hang Jung 3001 Hopper 1989 4.059,00 5.000,00 5.500.000,00
Total 27.500.000,00
c) Evolução histórica
130
• afastamento das Cia Docas da execução direta da dragagem;
• alienação obrigatória de seus equipamentos de dragagem;
• serviços de dragagem transferidos à iniciativa privada a serem contratados
por licitação pública;
• custeio da dragagem com recursos gerados pelas receitas das
Administrações Portuárias.
Após 1997, houve uma maior dificuldade para a contratação e execução das obras e
serviços de dragagem motivados pela falta de capacitação técnica e maior rigor dos
órgãos de controle, além da má gestão das Cia Docas nos contratos, licitações e recursos
tarifários, culminando na falta de planejamento e de estudos técnicos para a gestão e
acompanhamento das atividades de dragagem nos portos.
Em 2007, esta situação foi alterada com a criação da SEP/PR, que, conforme
apresentado, busca suprir as carências históricas no ambiente portuário através do Plano
Nacional de Dragagem Portuária.
131
Figura 38 – Dragagem de aprofundamento dos portos nacionais
Fonte: Adaptada de PNDP, 2007
132
§ 1o Na hipótese de ampliação ou implantação da área portuária de que trata o
caput deste artigo, é obrigatória a contratação conjunta dos serviços de dragagem de
manutenção, a serem posteriormente prestados.”
133
4.3 Hierarquização Atual dos Portos Marítimos
Neste item, apresentam-se os critérios adotados para compor o atual ranking dos
portos marítimos prioritários de investimentos advindos do Governo Federal.
1. Oferta de infraestrutura:
• berços especializados em determinados tipos de carga;
• capacidade de armazenagem;
• profundidade dos berços e dos acessos marítimos;
• acessibilidade terrestre.
2. Resultados operacionais:
• quantidades movimentadas;
• taxa anual de crescimento.
3. Situação geoeconômica:
• área de influência (hinterland);
• produção/consumo em cada área;
• comércio exterior (exportação/importação).
Dessa forma, é possível se identificar, conforme a Figura 39, quais são os portos
que sempre serão priorizados de acordo com a hierarquização atual dos portos
marítimos, já que o enfoque principal contempla critérios somente relacionados à
movimentação de cargas e aspectos relacionados ao mercado internacional, não se
levando em conta o processo de assoreamento nos locais de dragagem.
134
Figura 39 – Localização dos principais portos brasileiros em termos de movimentação
de cargas
Fonte: Adaptada de ANTAQ, 2006.
135
1. Santos-SP 11. São Francisco do 20. São Sebastião - SP
2. Rio Grande-RS Sul-SC 21. Macapá - AP
3. Paranaguá-PR 12. Aratu-BA 22. Maceió - AL
4. Vitória-ES 13. Fortaleza-CE 23. Areia Branca - RN
5. Itaguaí-RJ 14. Imbituba-SC 24. Ilhéus - BA
6. Itaqui-MA 15. Vila do Conde-PA 25. Manaus - AM
7. Rio de Janeiro-RJ 16. Recife - PE 26. Santarém - PA
8. Barra do Riacho-ES 17. Salvador - BA 27. Porto Alegre - RS
9. Suape-PE 18. Angra dos Reis - RJ 28. Belém - PA
10. Itajaí-SC 19. Cabedelo - PB 29. Natal – RN
No próximo capítulo, serão detalhados esses três portos com relação aos aspectos
morfodinâmicos, sendo realizada a modelagem computacional no porto de Itaguaí-RJ,
onde se obteve uma base de dados cedida pelo INPH para calibração e validação dos
resultados.
136
CAPÍTULO 5 – METODOLOGIA PARA PRIORIZAÇÃO DE
INVESTIMENTOS EM OBRAS DE DRAGAGEM
O presente capítulo irá apresentar três estudos de casos em regiões costeiras. Neles
serão descritos aspectos gerais de cada porto, como: localização, origem, acesso
náutico, etc.
O porto de Itaguaí-RJ foi o mais detalhado por ter sido o porto utilizado para a
modelagem nesta tese, sobre o qual se obteve acesso a informações importantes e
levantamentos de campo que serviram de base à modelagem apresentada neste capítulo.
137
estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 15 de março de 1975, a implantação do
porto ficou a cargo da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ).
De acordo com a Tabela 13, atualmente, o porto de Itaguaí conta com 04 (quatro)
terminais portuários especializados na movimentação de cargas com características bem
distintas. Já a Figura 40 apresenta a localização espacial destes terminais no complexo
portuário.
138
Tabela 13 – Terminais arrendados no porto de Itaguaí-RJ
Terminal Arrendatário Destinação
Descarga de alumina e
TAL - Terminal de Alumina Valesul Alumínio S.A.
Embarque de Cimento
Descarga de carvão,
CSN - Cia. Siderúrgica coque e outros granéis
TCV - Terminal de Carvão
Nacional sólidos; Embarque de
Minério de Ferro
Embarque de Minério de
CPBS - Cia. Portuária
TMI - Terminal de Minérios Ferro e de grãos
Baia de Sepetiba
agrícolas (soja e farelo)
Movimentação de
TCS – Terminal de Contêineres Sepetiba Tecon S/A contêineres, produtos
siderúrgicos e carga geral
Fonte: CDRJ, 2008.
139
porto, dado que os produtos são movimentados por instalações especializadas
objetivando grande eficiência e reduzido custo.
O porto tinha o seu nome original, porto de Sepetiba, por conta da baia onde ele se
situa, a baia de Sepetiba, porém havia alguma confusão nesse caso, pois Sepetiba
também é o nome de um bairro da cidade do Rio de Janeiro, o que fazia a alguns
pensarem que o porto se situa no bairro de Sepetiba (que também é costeiro e está
situado na mesma baia).
Isso causava certo descontentamento aos moradores de Itaguaí, pois era interessante
ter uma associação direta entre o nome da cidade e sua maior fonte econômica. Uma
campanha para a mudança do nome para porto de Itaguaí foi feita tendo como slogan a
frase "Itaguaí, a cidade do porto".
Em 2006, o porto de Sepetiba teve seu nome trocado definitivamente para porto de
Itaguaí, segundo projeto de Lei nº 11.200, cuja sanção presidencial foi publicada no
DOU – Diário Oficial da União, em 25 de novembro de 2005.
140
5.2.1 Acesso Rodoviário
141
Figura 41 – Arco Rodoviário
Fonte: Adaptada de DNIT, 2007
142
Ferrovia Centro-Atlântica S/A, que atende ao restante dos Estados de Minas Gerais,
Bahia, Goiás e Distrito Federal.
A pequena comunicação com o Oceano Atlântico ocorre no lado oeste, pelo Canal
de Guaratiba, já que a baia encontra-se isolada do mar aberto na porção sul pela
presença da restinga de Marambaia.
143
Figura 42 – Localização da baia de Sepetiba no território brasileiro
Fonte: Adaptada de Ecology Brasil, 2008.
144
Figura 43 – Detalhe da área de estudo extraída da carta náutica nº 1622
Fonte: DHN – Marinha do Brasil, 2004.
145
Dados de sísmica de alta resolução analisados por FIGUEIREDO (1989) apud
SILVA (2006) apontam para a existência de quatro unidades principais na coluna
estratigráfica local. Uma unidade próxima ao fundo caracterizada por refletores
paralelos e contínuos, provavelmente relacionados a ambientes de baixa energia
hidrodinâmica; uma segunda unidade caracterizada por refletores regulares a
irregulares, eventualmente erosivos, onde nota-se a intercalação entre sedimentos finos
e grossos; e outras duas unidades, cujos refletores apresentam menor intensidade nos
registros.
146
Figura 44 – Compartimento baia de Sepetiba (da Pedra de Guaratiba à Ilha da
Marambaia e Orla da baia de Sepetiba)
Fonte: Adaptada de MUEHE et al., 2006.
147
Da Figura 44 se extraem algumas características a respeito do entorno da baia de
Sepetiba, a saber:
O antigo acesso, ora denominado canal alternativo (ao norte da Ilha do Martins) é
sinuoso e com profundidade de 11 m. O acesso ao porto totaliza 22 km com calado
máximo autorizado; no período diurno, de 17,10 m mais 1,00 m de maré e no período
noturno, de somente 17,10 m. A Marinha não permite navegação noturna no canal
alternativo devido à inadequação da sinalização náutica existente.
148
Canal Alternativo
(bifurcação de entrada para
os terminais arrendados)
De acordo com CENTRAN (2009), vale ressaltar que embora o canal de acesso seja
alargado para 200 m, continuará sendo monovia. Para ser possível viabilizar a dupla via,
seria necessário um alargamento de no mínimo 300 m, que aumentaria a capacidade
operacional do canal em cerca de 20%.
149
Tabela 14 – Características atuais e desejadas do canal de acesso ao porto de Itaguaí-RJ
CARACTERISTICAS ATUAL DESEJADO A DRAGAR
Profundidade Limitante Mínima 17,10 m 20,00 m
Profundidade Limitante Máxima 18,10m 20,00 m
4,7 milhões de m³
Largura Limitante 150 m 300 m
Calado Máximo Autorizado 18,10 m 19,00 m
D) Calado Máximo Autorizado
Fonte: CENTRAN, 2009 m
150
Figura 46 – Extrato da carta náutica nº 1621 – Baia da Ilha Grande
Parte Leste (Terminal da Ilha Guaíba) – Escala 1:40.090
Fonte: DHN – Marinha do Brasil
151
Figura 47 – Extrato da carta náutica nº 1622 – Baia de Sepetiba – Escala 1:40.122
Fonte: DHN – Marinha do Brasil
Como se observa na Figura 47, a principal ligação da baia de Sepetiba com o mar é
feita pelo lado oeste, através do canal situado entre a Ilha Grande e a Restinga de
Marambaia. No lado leste da baia existe um pequeno canal de ligação entre este corpo
d’água e o oceano, através da Barra de Guaratiba.
152
Figura 48 – Extrato da carta náutica nº 1623 – Porto de Itaguaí – Escala 1:20.000
Fonte: DHN – Marinha do Brasil
Nevoeiros são raros, à exceção dos meses entre maio e agosto. A visibilidade é boa,
normalmente superior a 10 milhas náuticas. As características climáticas da região são
tais que, de modo geral, não interferem nas operações de dragagem.
153
5.2.5 Estudos de Assoreamento no Local Objeto de Dragagem
Ainda é sinalizado que eventuais assoreamentos que possam ocorrer durante a fase
de dragagem serão exclusivamente da adaptação da calha natural às condições de
projeto – e tal assoreamento já é considerado nas tolerâncias vertical e horizontal de
dragagem.
154
5.3 Segundo Estudo de Caso: Porto de Suape-PE
Além de tudo isso, Suape localizava-se a apenas oito horas das rotas internacionais
dos grandes transportadores dos Estados Unidos e da Europa. Desse modo, através da
Lei estadual no 7763/78, no dia 7 de novembro de 1978, criou-se a empresa Suape
Complexo Industrial Portuário.
155
Figura 49 – Extraído do Plano Diretor Suape 2030 – Escala 1:20.000
Fonte: SUAPE (2010)
156
Figura 50 – Trecho da carta náutica nº 906 – Porto de Suape – Escala 1:15.000
Fonte: DHN – Marinha do Brasil
157
As operações do porto de Suape tiveram seu início através do Píer de Granéis
Líquidos I, que foi arrendado à Petrobras, em abril de 1984, quando foi realizado o
primeiro embarque de álcool. Nesse mesmo ano, um molhe em pedras foi construído,
com o objetivo de proteger a entrada interna do porto. Com a bacia formada depois do
molhe, foi implantada a primeira oferta portuária. Ela constou de duas instalações de
acostagem de navios - o chamado Píer de Granéis Líquidos (PGL) e o Cais de
Múltiplos Usos (CMU). Três anos depois, em 1987, o Parque de Tancagem de
Derivados de Petróleo do Porto do Recife foi transferido para Suape; e, em 1991, o
CMU, que movimenta cargas de contêineres, entrou em operação.
No ano de 2004, foi instalada a Emplal, uma indústria de embalagens plásticas por
termoformagem e inaugurado o Centro de Treinamento do Complexo Industrial
Portuário de Suape, um empreendimento voltado para o atendimento dos funcionários
das empresas instaladas no porto e das comunidades que vivem em suas imediações.
158
Também, em 2007, o Complexo Industrial Portuário de Suape entra em uma nova
fase de desenvolvimento, foi assinado no mês de janeiro, pelo então presidente Luis
Inácio Lula da Silva, contrato entre a Transpetro – subsidiária da Petrobrás e o Estaleiro
Atlântico Sul – da Camargo Corrêa, para a implantação de um estaleiro no complexo. A
iniciativa insere, definitivamente, o porto de Suape na reativação da indústria naval
brasileira.
Por fim, cabe registrar que o porto de Suape possui a capacidade de operar navios
em todos os dias do ano, independentemente dos horários das marés e dispõe de um
sistema de monitoração de atracação de navios a laser, que proporciona um controle
mais seguro, tanto para as pessoas quanto para os seus carregamentos.
159
Distribuidora S/A, a Refresco Guararapes Ltda. (Coca-Cola), a Shell do Brasil S/A, a
Termo Fértil S/A, a Transportadora Cometa e a Work Mariner Ltda.
160
5.3.1 Estudos de Assoreamento no Local Objeto de Dragagem
O porto interno de Suape situa-se no estuário dos rios Massangana e Tatuoca, e tem
sua concepção calcada na filosofia de porto escavado, tendo a sua implantação à custa
de dragagem dos canais de navegação, com aproveitamento do material dragado para
aterro das margens e criação do retroporto.
Assim sendo, para o local escolhido convergem dois rios locais, que historicamente,
não contribuem para o assoreamento dos canais dragados. Tem-se observado,
empiricamente, ao longo dos últimos 10 anos de implantação do porto interno, que não
há transporte de sedimentos significativo convergindo para as áreas dragadas, a não ser
aquele proveniente do material colocado em suspensão por ocasião dos serviços de
dragagem.
161
Para se determinar, com relativa precisão, o assoreamento do porto de Suape e
definir previsão da necessidade de dragagem de manutenção sistemática, o documento
atenta que é necessário o estabelecimento de um programa de acompanhamento do
assoreamento, definido para os dois primeiros anos a partir do final da dragagem de
aprofundamento, sendo este programa realizado através de uma série de batimetrias
sucessivas semestrais ao longo dos dois primeiros anos após a batimetria final de
encerramento da dragagem. Os dados coletados definirão o assoreamento médio anual
do porto de Suape-PE.
162
de circulação rodoviária e ferroviária e, ainda, os terrenos ao longo dessas faixas
marginais e em suas adjacências, pertencentes à União, incorporados ou não ao
patrimônio do porto de Santos ou sob sua guarda e responsabilidade, incluindo-
se também a Usina Hidrelétrica de Itatinga e a faixa de domínio de suas linhas
de transmissão;
163
Figura 52 – Extrato da carta náutica nº1701 – Porto de Santos – Escala 1:25.000
Fonte: DHN – Marinha do Brasil
164
Na Figura 53, extraída do Relatório de Regularização Ambiental do Porto de Santos
(DTA, 2011) é apresentada a localização do complexo portuário de Santos-SP e seus
arredores, incluindo informações como: delimitação da área de influência direta,
fundeadouro e bota-fora, ou área de disposição dos materiais dragados.
165
A ação das correntes de maré do Estuário Santista suplanta a ação fluvial, com
quase todos os canais e meios de circulação apresentando características marinhas e
baixa taxa de sedimentação fluvial, em especial por transporte de fundo. A existência de
foraminíferos no interior do canal do porto demonstra a contribuição marinha, com a
deposição do estuário sendo governada, predominantemente, por correntes de maré.
(RODRIGUES et al.,2003)
166
5.4.1 Estudos de Assoreamento no Local Objeto de Dragagem
No período de 1997 a 2003, foi realizado um estudo visando obter uma estimativa
das taxas de evolução dos fundos no canal de acesso ao porto de Santos, tendo em vista
estabelecer como a sua dinâmica hidrossedimentológica afeta os serviços de dragagem.
A modelagem foi realizada usando o modelo MIKE 3 MT, que calcula o transporte
de lama considerando 3 dimensões (3D). Tal fato é condicionado aos possíveis impactos
tridimensionais que acarretarão as obras de aprofundamento do canal.
167
Foi feita, então, uma calibração completa do modelo tridimensional (3D) de
transporte de sedimento, a qual mostrou bons resultados quando comparados às
medições realizadas ao longo do canal de acesso principal.
168
A Figura 54 apresenta a definição das subáreas utilizadas no estudo e a massa de
deposição sedimentar anual (em toneladas/ano) antes e depois do aprofundamento do
canal principal.
Isto se deve à localização destas áreas, já que as últimas citadas são as periféricas e
as primeiras correspondem às regiões onde a dragagem propriamente dita será realizada,
alterando o equilíbrio natural do estuário. Para recuperar este equilíbrio, como citado no
item 2.5.6 desta tese, haverá um balanço sedimentar até sua estabilização.
169
As taxas anuais de sedimentação, de maneira resumida, estão apresentadas na
Tabela 15.
A localização da área de despejo também é relevante, pois deve ser tão distante
quanto possível, para não haver retorno de sedimentos ao canal dragado. Na Figura 55
de AUN & BANDEIRA (1995), pode-se observar diferentes áreas de despejo dos
dragados utilizadas pela CODESP ao longo das últimas décadas:
• Até 1974, ao largo da Ponta de Itaipu, que era inadequada, pois o material
retornava, pela ação da circulação hidrodinâmica, ao sistema baia-estuário;
• De 1974 a 1986, próximo à Ilha da Moela, fora da baia e a leste da mesma.
Sua utilização, logo após os estudos, resultou em sensível redução dos
custos de dragagem;
• De 1986 a 1995, nas proximidades da Ponta Grossa e da Munduba, com
objetivo de reduzir, ainda mais, a distância de transporte (BOMTEMPO et
al., 1986);
170
Figura 55 – Áreas de despejo dos dragados utilizadas pela CODESP
Fonte: Adaptada de AUN & BANDEIRA (1995)
Segundo ROSMAN (2000), vale dizer que um modelo não substitui a arte do
modelador. Como em um programa para processamento de texto, apesar de todas as
facilidades para correção ortográfica e gramatical, depende do autor a qualidade e o
171
conteúdo da obra escrita. E, nem sempre, o leitor entende corretamente o que foi escrito.
Por razões similares, é comum que leitores leigos venham a levantar questionamentos
indevidos, façam interpretações errôneas dos resultados ou mesmo não cheguem a
entender os resultados de um dado processo de modelagem.
Por ser o procedimento mais amplamente utilizado na atualidade, o que segue foca
na sequência central do processo de modelagem, que está realçada no diagrama da
Figura 56, passando pelos modelos numérico e computacional.
FENÔMENO DE
INTERESSE
OBSERVAÇÃO + MEDIÇÃO
MODELO CONCEPTUAL
MODELO MATEMÁTICO
CÁLCULO OU
MEDIÇÃO MODELO COMPUTACIONAL CÁLCULO
MEDIÇÃO
PÓS-PROCESSAMENTO
(MODELAGEM DE RESULTADOS)
OBSERVAÇÃO + MEDIÇÃO?
RELATÓRIO COM MAPAS, GRÁFICOS E TABELAS, PARA
SIM
AUXÍLIO EM PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO
172
• Estimativa de custos e benefícios, e;
• Seleção da opção mais eficaz economicamente.
Um fator muito importante e que não é relacionado por BRAY et al. (1997) é a
verificação de impactos ambientais, sua importância, os danos que podem causar na
economia local e se o projeto de dragagem irá trazer algum tipo de prejuízo ou de
benefício ao ambiente. Este tipo de situação pode ser visto em ROBERTS (1976) e
173
ADAMS e BERG-ANDREASSEN (1989) e precisa ser profundamente analisado em se
tratando dos projetos de dragagem elaborados atualmente.
174
Os dados de entrada utilizados para a modelagem no canal de acesso ao porto de
Itaguaí estão discriminados nos próximos subitens.
b) Correntes de Marés
O interior da baia de Sepetiba é totalmente abrigado da ação das ondulações, o
mesmo não ocorrendo na região do canal de acesso.
175
Apesar de não ser empecilho à navegação que demanda o canal e também à
dragagem com dragas hidráulicas do tipo Hopper, as correntes de maré podem, em
alguns casos de mar mais agitado, em função das dimensões do equipamento de
dragagem, causar algum transtorno à operação.
Na região do canal de acesso, as correntes de maré podem atingir valores de 2,3 nós
na superfície e 1,1 nós a cinco metros de profundidade em baixa-mares de sizígia. Ainda
assim, as direções das correntes são para NE (nordeste) e SW (sudoeste), conforme a
maré seja enchente ou vazante, respectivamente.
A distribuição dos diâmetros médios da amostra total mostra que o sedimento mais
representativo do fundo da baia de Sepetiba é o silte, seguido de areia e argila. A
fração argilosa é especialmente importante na faixa de influência de processos fluviais.
(COSTA et al., 2005)
c) Ventos
As principais direções dos ventos são de leste, nordeste e sudoeste.
Ventos da direção leste ocorrem com mais de 30% de frequência nos meses de
fevereiro, março e abril com força 3 na escala Beaufort (7 a 11 nós). Durante os meses
de maio a janeiro, têm força 4 (11 a 16 nós).
Ventos da direção nordeste ocorrem com 15% de frequência nos meses de janeiro
a abril e de julho a agosto com força 3 e de setembro a dezembro com força 4 na escala
Beaufort.
Ventos da direção sudoeste ocorrem com 11% de frequência e força 4 (10 a 16 nós)
nos meses de maio e julho, com a mesma frequência e força 5 (17 a 21 nós), nos meses
de agosto, novembro e dezembro. Durante os meses de setembro e outubro, ocorrem
com frequência de 15% e força 5 (17 a 21 nós). Durante os meses de julho a novembro
176
existe a possibilidade de ventos fortes, com percentual de ocorrência reduzido. (INEA,
2009)
d) Ondas
As ondas oceânicas, ou seja, as geradas ao largo da costa do Rio de Janeiro, não
interferem significativamente no transporte de sedimento, pois apesar dessas ondas
penetrarem na baia de Sepetiba, elas sofrem um grande amortecimento antes mesmo de
chegarem ao porto do Rio de Janeiro. Assim sendo, são observadas na área portuária
apenas as ondulações de pequena altura e de curto período, geradas pelos ventos locais
dos quadrantes Norte a Leste.
177
a maior altura prevista é de 0,50 m, devido à influência do canal de navegação
da baía e da maior proximidade com a entrada da mesma.
Nas figuras a seguir, são mostrados alguns resultados das correntes simuladas para
a situação atual e para a situação de projeto.
178
Figura 57 – Situação atual – representação vetorial das correntes para maré enchente de
sizígia
Figura 58 – Situação atual – representação vetorial das correntes para maré enchente de
quadratura
179
Figura 59 – Situação atual – representação vetorial das correntes para maré vazante de
sizígia
Figura 60 – Situação atual – representação vetorial das correntes para maré vazante de
quadratura
180
A maré vazante de quadratura, conforme apresentado anteriormente, possui menor
velocidade que a maré vazante de sizígia, portanto a escala também foi modificada, com
valor máximo de 0,6 m/s.
181
Figura 62 – Situação de projeto - representação vetorial das correntes para maré
enchente de quadratura
Figura 63 – Situação de projeto - representação vetorial das correntes para maré vazante
de sizígia
182
Figura 64 – Situação de projeto - representação vetorial das correntes para maré vazante
de quadratura
Com base nessas figuras, pode-se verificar que o padrão geral da circulação d’água
na baia de Sepetiba não deve ser alterado após as obras projetadas. As mudanças físicas
percebidas ficaram restritas à área sob intervenção.
Para mostrar que em outros locais da baia de Sepetiba, situados fora das áreas de
dragagens, a circulação hidrodinâmica não sofreu mudanças, os níveis d’água e a
intensidade e direção das correntes foram extraídos em dois pontos situados fora da área
do projeto. Os resultados da comparação para o caso das situações sem e com a obra de
dragagem, estão apresentados na Figura 65.
183
Figura 65 – Níveis d’água (em metros) simulados no Porto de Itaguaí antes e depois das
dragagens
184
Figura 66 – Ponto situado em frente à praia de Sepetiba - comparação entre as
intensidades (m/s) e as direções (graus) das correntes simuladas antes e depois das
dragagens projetadas
185
Para o próximo item, é importante salientar que foram utilizados os mesmos dados
de entrada para a modelagem hidrodinâmica no modelo computacional SisBAHIA®,
sendo os resultados apresentados de forma a complementar aqueles encontrados através
do MIKE21.
a) Domínio modelado
Para seleção do domínio modelado, faz-se necessário que as fronteiras abertas com
o mar estejam longe da região de interesse, pois é comum haver incertezas quanto às
condições de contorno a serem prescritas. Por isso, a região de interesse deve ficar
suficientemente afastada para que o próprio escoamento modelado possa se ajustar às
condições topo-hidrográficas existentes, dissipando em grande parte as incertezas
presentes nas fronteiras. (MONTEZUMA, 2007)
Sabe-se que a baia de Sepetiba é a parte leste de uma grande baia composta pelo
conjunto Ilha Grande – Sepetiba. Para modelar a circulação hidrodinâmica em uma das
186
partes, seria ideal considerar o sistema completo. Entretanto, como o interesse está em
definir padrões de circulação hidrodinâmica e transporte de sedimentos, em pontos
internos da baia, é adequado considerar apenas a baia de Sepetiba propriamente dita.
Desta forma, considerou-se como domínio de modelagem a área ilustrada na Figura 13,
que aparece no item a seguir.
Para este estudo, foi elaborada uma malha da baia de Sepetiba, com base em
estudos realizados anteriormente pela área de Engenharia Costeira e Oceanográfica da
COPPE, priorizando um maior refinamento na área próxima à costa, onde se evidencia
o problema de assoreamento, local que se deseja analisar o transporte de sedimentos.
Deste modo, a malha adotada apresenta um grau de refinamento e otimização adequado
a capturar o fenômeno em estudo.
187
c) Batimetria
Os dados referentes à batimetria foram medidos no ano de 2008 pela equipe técnica
do INPH, complementados pelas cartas náuticas da região e informações batimétricas
dos rios afluentes.
188
Neste estudo, foi utilizada a distribuição de sedimentos apresentada em
MONTEZUMA (2007), adotando-se os seguintes valores de rugosidade equivalente
para os sedimentos descritos: argila=0,008; silte=0,015; e areia=0,040. Obteve-se,
assim, a Figura 68.
e) Maré
A maré é uma das forçantes mais importantes inseridas na modelagem da
circulação hidrodinâmica da região de estudo. As diferenças de nível d’água originam o
escoamento ao longo do domínio modelado.
A maré astronômica foi inserida no modelo com base nos registros da DHN das
principais constantes harmônicas das estações maregráficas de Ilha Guaíba (Terminal
MBR), Castelhanos e Recreio dos Bandeirantes, disponíveis no Catálogo de Estações
Maregráficas Brasileiras da FEMAR.
189
A seguir, a Tabela 16 apresenta as constantes harmônicas utilizadas como dados de
entrada para o modelo.
190
Figura 70 – Comparativo da curva de maré na entrada no canal e no porto durante os 17
dias de amostragem
191
Figura 71 – Situação representativa de direção e intensidade das correntes na maré
enchente de sizígia
192
Figura 73 – Situação representativa de direção e intensidade das correntes na maré
vazante de sizígia
193
Figura 75 – Intensidade e direção das correntes no canal de acesso considerando dias de
análise x horas do dia
194
Comparando-se os resultados entre a Figura 75 e a Figura 76, é possível perceber
com mais nitidez que na região do porto apresenta maiores intensidades de corrente,
sendo ainda mais intensas entre os dias 1 e 2, no período da tarde, das 15:00h às 16:30h.
195
retorno financeiro com o investimento do Governo, já que o processo de sedimentação
não afetaria a nova profundidade do canal em um ano ou mais.
A obra da dragagem por sua vez, passa por uma série de etapas antes de ser
realizada, já que é necessário calcular previamente o volume a ser dragado, assim como
sua disposição de forma a não impactar negativamente o meio ambiente, inclusive com
196
adoção de medidas mitigadoras, se necessário. A Figura 78 apresenta um fluxograma do
gerenciamento de material dragado.
OBJETIVO DA
DRAGAGEM
CARACTERIZAÇÃO DO
CONTROLE DA FONTE
MATERIAL DRAGADO
POSSIBILIDADE DE
SIM
REUTILIZAÇÃO OU USO
BENÉFICO
NÃO
OPÇÕES DE DISPOSIÇÃO:
- EM CORPOS HÍDRICOS
- EM TERRA
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
NÃO
LICENCIAMENTO
SIM
ELABORAÇÃO DE
ESTUDOS E PROJETOS
EXECUÇÃO DA OBRA
197
5.6 Ranking dos Portos Prioritários com o Critério da Modelagem
Computacional
Cada estudo de caso tem sua importância com relação à movimentação de cargas,
valor da carga transportada, sendo os portos de Suape-PE e Itaguaí-RJ os que possuem
maiores profundidades naturais, porém Santos-SP é o maior em termos de diversidade
de cargas atualmente, sendo que os outros serão potenciais concentradores de cargas no
futuro, pois estão em processo de plena expansão.
Dessa forma, foram adquiridas informações acerca das taxas de sedimentação para
os portos estudados. Dois deles, Santos-SP e Itaguaí-RJ, com resultados obtidos através
de modelagem morfodinâmica, utilizando basicamente os três modelos citados no
capítulo 3 desta tese: SisBAHIA®, MIKE 21 e Delft3D. Apenas o porto de Suape-PE
não contemplou a modelagem, sendo a taxa de sedimentação baseada em observações
locais.
198
descritas as técnicas utilizadas para caracterizar o ambiente marinho após a execução da
dragagem de aprofundamento.
199
relação ao intenso processo de sedimentação caracterizado nos resultados do modelo
MIKE 3 MT, considerando o sedimento como lodo e lama.
1. Porto de Itaguaí-RJ
2. Porto de Suape-PE
3. Porto de Santos-SP
200
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1 Conclusões
201
Para os portos situados em baias ou estuários, as condições geológicas e a escolha
da área de despejo passam a ser duas das principais componentes do custo desses
serviços de dragagem e derrocamento.
Tal fato é relevante ao observar que é necessário se identificar mais aspectos além
dos atualmente considerados para se realizar uma priorização mais justa e de maior
retorno financeiro ao Governo Federal.
Outra questão abordada foi a respeito do empirismo que ainda existe na área
portuária, onde se utiliza somente as observações para se prever dragagens de
manutenção, como no caso de Suape-PE, sendo que há modelos computacionais
amplamente utilizados, como os descritos nesta tese, a saber, SisBAHIA®, MIKE 21 e
Delft3D que simulam o ambiente costeiro com bastante acurácia, capaz de fazer
previsões que otimizam e sistematizam o processo das dragagens de manutenção.
202
De acordo com os resultados da modelagem computacional, é possível realizar uma
hierarquização mais consistente, visando maior retorno de custo e benefício no
investimento para as obras de dragagem. Inserindo como critérios para tomada de
decisão, a menor taxa de sedimentação e a menor frequência de dragagem de
manutenção nos portos públicos em questão, é possível propor a ênfase ao critério da
modelagem morfodinâmica para melhor priorização dos investimentos.
6.2 Recomendações
203
O PAC também investe em outras áreas do transporte, não somente nas obras de
dragagem, portanto é recomendável que o processo de priorização seja ampliado para
outros segmentos no sentido de atender essa necessidade crescente de se estabelecer um
padrão justificado e condizente à realidade brasileira.
204
CAPÍTULO 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
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Anexo 1 – Roteiro SEP para Projeto Básico de Dragagem
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219
220
221
222
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