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Suporte básico de vida na APS

Paciente que se sentiu mal e desmaiou enquanto aguardava


atendimento na sala de espera da UBS

Paciente
Branco

M.C.F.
58 anos
Motorista de ônibus

falta de ar
cansaço
náusea
dor epigástrica
Anamnese
Histórico do problema atual
Trazido pela esposa à UBS, a qual relata que em casa MCF estava queixando-se de falta
de ar aos pequenos esforços, cansaço, náusea e dor epigástrica há dois dias. Tem
prescrição para uso de AAS 100 mg 1x/ dia , Captopril 25 mg 2x/ dia ,
Hidroclorotiazida 25 mg 1x/ dia e Atenolol 50 mg 2x /dia.
Ao aguardar na sala de espera pela consulta médica, M.C.F. começou a relatar dor
precordial intensa, apresentando-se hipocorado e sudorético, evoluindo para a perda da
consciência. A técnica em enfermagem, ao verificar a pressão arterial do usuário,
percebeu que a mesma estava inaudível e chamou você, que constatou que o usuário
estava inconsciente, com ausência de movimentos respiratórios e de batimentos
cardíacos.
Enquanto a equipe prestava os primeiros cuidados, a recepcionista chamou o SAMU
(Serviço Móvel de Atendimento de Urgência).

Histórico
Antecedentes pessoais
Paciente diagnosticado com Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) há vinte anos,
mantendo-se sem acompanhamento médico e tratamento irregular, pois o horário de
atendimento da UBS não é compatível com seu horário de trabalho. Relata vários
atendimentos no Pronto Socorro da cidade, devido a crise hipertensiva. Há três meses
sofreu IAM. Refere dificuldade para aderir aos tratamentos corretamente. É obeso,
sedentário, fumante e consome bebida alcoólica aos finais de semana.

História social
Casado, cursou o ensino médio. Reside há doze anos no bairro. Mora com esposa e um
filho numa casa de alvenaria com água tratada, energia elétrica e rede de esgoto. Renda
familiar de aproximadamente dois salários mínimos, no momento, devido ao benefício
saúde, que recebe devido a Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) há 3 meses.

Antecedentes familiares
Refere que os pais eram hipertensos, sendo que o pai faleceu por Acidente Vascular
Encefálico (AVE) e a mãe faleceu por Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC).

Medicações em uso
AAS 100 mg 1x/ dia; Captopril 25 mg 2x/ dia , Hidroclorotiazida 25 mg 1x/ dia e
Atenolol 50 mg 2x /dia.

Questão 1
Considerando todos sinais e sintomas
apresentados, verifica-se que o paciente
apresenta-se em parada cardiorrespiratória.
Quais os achados que determinam essa
condição?
Inconsciência, dor precordial e ausência de batimentos cardíacos

Dor precordial, pressão arterial inaudível e ausência de movimentos respiratórios

Dor precordial, sudorese e inconsciência

Inconsciência, ausência de movimentos respiratórios e ausência de batimentos cardíacos

Pressão arterial inaudível, inconsciência e sudorese

Acertou
A inconsciência, a ausência de batimentos cardíacos e de movimentos respiratórios
evidenciam uma parada cardiorrespiratória.

(GONZALEZ et al., 2013).

Saiba mais
Etiologia e fisiopatologia da parada cardiorrespiratória

- É a cessação da circulação devido a função cardíaca não efetiva. O paciente


apresentará inconsciência, ausência de batimentos cardíacos e movimentos respiratórios
Os tipos de PCR de acordo com o ritmo são: taquicardia ventricular sem pulso,
fibrilação ventricular, Atividade Elétrica sem Pulso e Assistolia. Os dois primeiros
rítmos são chocáveis, ou seja, se utiliza o desfibrilador. O tratamento recomendado para
a parada cardíaca está contido nos protocolos mundiais da American Heart Association
(AHA).

(AHA, 2015)

Saiba mais
A PCR é considerada um problema mundial de saúde pública. Apesar de avanços nos
últimos anos relacionados à prevenção e tratamento, muitas são as vidas perdidas
anualmente no Brasil relacionadas a este evento, ainda que não tenhamos a exata
dimensão do problema pela falta de estatísticas robustas a este respeito. Podemos
estimar algo ao redor de 200.000 PCRs ao ano, no Brasil, sendo metade dos casos
ocorrendo em ambiente hospitalar, e a outra metade em ambientes como residências,
shopping centers, aeroportos, estádios, etc.
(GONZALEZ et al., 2013)

Questão 2

Frente a essa situação de emergência há


necessidade de atendimento imediato. De acordo
com as novas diretrizes de Reanimação
Cardiopulmonar (2010), qual a sequência correta
de atendimento no Suporte Básico de Vida
(SBV)?
Abertura de vias aéreas, verificação de sinais vitais e ventilação

Circulação, ventilação e abertura de vias aéreas

Circulação, abertura de vias aéreas e ventilação

Abertura de vias aéreas, ventilação e circulação

Acertou
As novas diretrizes para a Reanimação Cardiopulmonar recomendam que a alteração na
sequência de procedimentos de Suporte Básico de Vida de A-B-C* (via aérea,
respiração, compressões torácicas) para seja C-A-B*, em que o “C” corresponde a
checar responsividade, pulso e respiração, chamar socorro e iniciar compressões
torácicas, o “A”abertura de vias aéreas, e o “B” respiração) em adultos, crianças e bebês
(excluindo-se recém-nascidos).
*A: airway; B: breathing; C: circulation

Ainda é importante ressaltar que a desfibrilação precoce esta presente na cadeia de


sobrevivência pré e intra-hospitalar.
(AHA, 2015)
Saiba mais
Suporte Básico de vida (SBV)

O SBV visa ao reconhecimento e ao atendimento de situações de emergência como


obstrução aguda de via aérea, acidente vascular cerebral e parada cardiorrespiratória. A
abordagem inicial por estas manobras tem como objetivo instituir as condições mínimas
necessárias para a manutenção ou recuperação da perfusão cerebral, já que é a
viabilidade neurológica que define o prognóstico da vítima. Pode ser realizado por
profissionais e leigos.
(MARTINS et al., 2011)

A realização imediata de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) em uma vítima de parada


cardiorrespiratória (PCR), ainda que for apenas com compressões torácicas no pré-
hospitalar, contribui sensivelmente para o aumento das taxas de sobrevivência das
vítimas de parada cardíaca.

O SBV define essa sequência primária de ações para salvar vidas. Por mais adequado e
eficiente que seja um suporte avançado, se as ações de suporte básico não forem
realizadas de maneira adequada, será extremamente baixa a possibilidade de
sobrevivência de uma vítima de PCR. (GONZALEZ et al., 2013)

Saiba mais
Na sequência preconizada anteriormente (A-B-C), as compressões torácicas eram
realizadas apenas após o socorrista encontrar um dispositivo de barreira ou organizar o
equipamento de ventilação para abrir a via aérea e aplicar respiração boca a boca. Com
a alteração da sequência para C-A-B, as compressões torácicas são iniciadas mais cedo
e o atraso na ventilação será mínimo, isto é, somente o tempo necessário para aplicar o
primeiro ciclo.
A maioria das vítimas de parada cardiorrespiratória extra-hospitalar não recebe
nenhuma manobra de Reanimação Cardiopulmonar (RCP) das pessoas presentes. Um
empecilho para isso pode ser a sequência A-B-C, que começa com os procedimentos
considerados mais difíceis: a abertura da via aérea e a aplicação de ventilações.
Começar com compressões torácicas pode encorajar mais pessoas a iniciar a RCP.
(Hazinski , 2010)

É importante ressaltar que


Avalie a responsividade e respiração da
vítima
Avalie a responsividade da vítima chamando-a e tocando-a pelos ombros. Se a vítima
responder, apresente-se e converse com ela perguntando se precisa de ajuda. Se a vítima não
responder, avalie sua respiração observando se há elevação do tórax em menos de 10
segundos. Caso a vítima tenha respiração, fique ao seu lado e aguarde para ver sua evolução,
caso seja necessário, chame ajuda. Se a vítima não estiver respirando ou estiver somente com
“gasping”, chame ajuda imediatamente.

Chame ajuda
Em ambiente extra-hospitalar, ligue para o número local de emergência (por exemplo, Sistema
de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU 192) e, se um Desfibrilador Externo Automático
(DEA) estiver disponível no local, vá buscá-lo. Se não estiver sozinho, peça para uma pessoa
ligar e conseguir um DEA, enquanto continua o atendimento à vítima. É importante designar
pessoas para que sejam responsáveis em realizar essas funções. A pessoa que ligar para o
Serviço Médico de Emergência (SME) deve estar preparada para responder às perguntas como
a localização do incidente, as condições da vítima, o tipo de primeiros socorros que está sendo
realizado, etc. Nos casos de PCR por hipóxia (afogamento, trauma, overdose de drogas e para
todas as crianças), o socorrista deverá realizar cinco ciclos de RCP e, depois, chamar ajuda, se
estiver sozinho.
(GONZALEZ et al., 2013, p. 05)

Questão 3

Ao verificar o pulso de um paciente com suspeita


de parada cardiorrespiratória, qual local de
primeira escolha?
Braquial

Femoral

Radial

Carotídeo

Acertou
No suporte básico de vida, em suspeita de PCR, sempre irá verificar- se o pulso central,
ou seja, carotídeo ou femoral, pois o pulso braquial e o radial são os primeiros a
desaparecer. Opta-se, prioritariamente, pelo pulso carotídeo pela facilidade de acesso ao
local de verificação, não necessitando perder tempo em despir a vítima para acessar o
pulso femoral.

(Martins et al., 2011).

Questão 4
Na UBS onde ocorreu esta parada
cardiorrespiratória não havia disponível material
para o atendimento desta emergência (dispositivo
bolsa-válvula-máscara - ambú). Enquanto
aguardam a chegada da equipe do SAMU, qual a
conduta que pode ser estabelecida com vistas a
melhorar o prognóstico do Sr. MCF?
Iniciar precocemente a respiração boca a boca e realizar 50 compressões cardíacas por minuto

Iniciar precocemente ventilação boca- a - boca

Iniciar precocemente de 100 a 120 compressões cardíacas por minuto

Elevar membros inferiores e verificar sinais vitais de cinco em cinco minutos

Acertou
Nas novas diretrizes, houve maior ênfase na recomendação de compressões torácicas
eficazes (100/min), sem ventilação quando a reanimação é conduzida por leigos ou
quando não se dispõe de dispositivo bolsa-válvula-máscara (ambú). O esterno adulto
deve ser comprimido, no mínimo 5 cm e no máximo 6 cm de profundidade. (AHA,
2015)
Saiba mais

Figura. Recomendação de compressões torácicas eficazes, sem ventilação.

Questão 5

Se estivesse disponível na UBS o dispositivo


bolsa-válvula-máscara (ambú), qual seria a
relação de compressão-ventilação adotada?
20:1

30:1

15:2

30:2

Incorreto
Essa relação é preconizada para dar ênfase às compressões torácicas. A relação de 30:2
é recomendada para simplificar o treinamento, alcançar ótima frequência e reduzir as
interrupções. (AHA, 2015)
Saiba mais
A demora no início das compressões poderá ser reduzida se houver dois socorristas
presentes: o primeiro inicia as compressões torácicas e o segundo abre a via aérea. Este
se prepara para aplicar respirações tão logo o primeiro complete a primeira série de 30
compressões torácicas. Quer haja um ou mais socorristas presentes, o início da
Reanimação Cardiopulmonar com compressões torácicas garante que a vítima receba
logo essa intervenção crítica.

(Hazinski , 2010)

Objetivos do caso
Refletir sobre o Suporte Básico de Vida e a atuação dos profissionais de saúde que prestam
cuidados na atenção básica, frente a situação de usuário em parada cardiorrespiratória, com
intuito de melhorar a sobrevida e diminuir as sequelas até a chegada do Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Referências
1. AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das diretrizes da American Heart
Association 2010 para RCP e ACE. Dallas, EUA: American Heart Association,
2010. <http://www.heart.org/idc/groups/heart-
public/@wcm/@ecc/documents/downloa...> . Acesso em : 2012.
2. BELLAN, M. C.; ARAÚJO, I. I. M.; ARAÚJO, S. Capacitação teórica do enfermeiro para o
atendimento da parada cardiorrespiratória. Revista Brasileira de Enfermagem,
Brasília, DF, v. 63, n. 6, p. 1019-1027,
2010. <http://www.scielo.br/pdf/reben/v63n6/23.pdf> . Acesso em : 2012.
3. MARTINS, H. S. et al. Emergências clínicas: abordagem prática. São Paulo: Manole,
2011.

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