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Violência Sexual

“ Promover a eqüidade e a igualdade dos sexos e os direitos da mulher,

eliminar todo o tipo de violência contra a mulher e garantir que seja ela quem

controle sua própria fecundidade são a pedra angular dos programas de popu-

lação e desenvolvimento. Os direitos humanos da mulher, das meninas e jovens

fazem parte inalienável, integral e indivisível dos direitos humanos universais.

A plena participação da mulher em igualdade de condições na vida civil,

cultural, econômica, política e social em nível nacional, regional e internacio-

nal e a erradicação de todas as formas de discriminação por razões do sexo

são objetivos prioritários da comunidade internacional.


Declaração da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, Cairo/1994.

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ÍNDICE
índice

Apresentação
________________________________________________________________________________ 7
Introdução
________________________________________________________________________________ 13
Conceitos e Direitos
________________________________________________________________________________ 17
Procedimentos e Responsabilidades
________________________________________________________________________________ 41
Bibliografia
________________________________________________________________________________ 63
Integre esta rede
________________________________________________________________________________ 65

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APRESENTAÇÃO
apresentação

A Themis - Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero apresenta a 3ª edição,


revisada e ampliada, do Manual Violência Sexual e Prevenção de DST/Aids,
resultado de um projeto que objetiva informar a sociedade sobre os conceitos,
os direitos, as responsabilidades e os procedimentos adequados e indicados
nos casos de violência sexual e de prevenção das doenças sexualmente
transmissíveis e do HIV/Aids.
Desde o início do projeto, ainda em 1999, a estratégia utilizada para a
abordagem do tema foi a Norma Técnica para Agravos Resultantes da Violência
Sexual contra Mulheres e Adolescentes do Ministério da Saúde, que foi
recentemente atualizada, no ano de 2005, e que contou com grande repercussão
na mídia e na sociedade, por tratar do direito ao aborto legal decorrente de

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estupro, exclusivamente na área da saúde. Retirou-se a obrigatoriedade do registro


policial da violência sofrida para a realização do aborto, conforme constava na
primeira edição da Norma Técnica. Em uma concepção mais moralista, ou menos
informada, dizia-se que o obrigatório, para a realização do aborto, seria a
apresentação do registro policial junto ao serviço de saúde. Felizmente, com
argumentos do âmbito do próprio direito penal, esta concepção foi desconstruída,
mantendo-se a Norma Técnica na íntegra.
Inicialmente, a divulgação da Norma Técnica no desenvolvimento do
projeto contou com a campanha intitulada Violência Sexual: Não Seja Vítima
Duas Vezes, em que, através de mutirões comunitários, oficinas, seminários,
pesquisas e publicações, iniciamos um trabalho voltado a uma das violações
mais antigas dos direitos humanos das mulheres.
Com a receptividade das usuárias dos serviços de saúde, das promotoras
legais populares, das organizações não-governamentais, dos serviços públicos e
em especial com o apoio do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da
Saúde, o projeto foi sendo ampliado e continuado. Em 2005 começamos a
organizar Seminários em todas as regiões do Brasil com organizações parceiras.

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Na região norte contamos com a parceria da Rede Acreana de Mulheres e Homens,


na região central com o CFEMEA1, no nordeste com o Centro 8 de Março, no
Sudeste com a Cepia2 e, na região sul, com a ACMUN3. Ainda fortalecendo o
projeto, neste ano de 2006 também contamos com o apoio da Coordenação
Estadual de DST/Aids para o fortalecimento da Rede de Justiça e Gênero no
Estado do Rio Grande do Sul.
Desejamos, com o projeto, dar visibilidade ao fenômeno da violência sexual,
construindo e fortalecendo uma rede nacional, incentivando, assim, as parcerias
com as organizações não-governamentais feministas, de Aids, de gays, lésbicas,
travestis, transexuais e organizações voltadas às discriminações étnicas e raciais,
em um trabalho que envolve as instâncias governamentais de saúde, segurança,
justiça, o executivo e o legislativo. Enfim, os órgãos responsáveis pelo acolhimento
das denúncias, dos atendimentos, das legislações, de políticas públicas e do
acesso à saúde e aos direitos.

1
CFEMEA – Centro Feminista de Estudo e Assessoria.
2
Cepia – Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação.
3
Associação Cultural de Mulheres Negras.

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Além disso, como um objetivo não menos importante, se busca


sensibilizar as autoridades para a necessidade de produção de dados estatísticos
e de estudos qualitativos que possam nortear o planejamento das políticas
públicas para sua prevenção e erradicação, com a necessária vinculação da
violência e dos direitos com a saúde.
Infelizmente, essa vinculação ainda não foi apropriada por todos os agentes
sociais que trabalham com o tema. A vítima de violência se dilui e fica
fragmentada quando um profissional de saúde não sabe como aconselhá-la em
relação aos procedimentos legais. Observa-se um maior número de conseqüências
negativas, se o agente de segurança não sabe encaminhar a vítima aos serviços
de saúde. Afirmamos que a vítima não deve procurar os serviços de saúde somente
quando tiver lesões físicas decorrentes da violência sexual, mas sim para receber
o tratamento adequado para evitar a transmissão de DST/Aids, a gravidez
indesejada e para receber cuidados em relação à sua saúde mental.
Existem estudos importantes sobre saúde mental que apontam seqüelas
emocionais significativas, como o denominado transtorno de estresse pós-
traumático, que revela sintomas específicos apresentados pela imensa maioria

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das pessoas que sofrem violência sexual. Há alguns anos a Themis vem se
dedicando a introduzir a idéia de utilização de laudos psíquicos como prova nos
crimes sexuais. Não somente para a comprovação do crime, mas também para
um atendimento inicial e para o encaminhamento das vítimas para o tratamento
de sua saúde mental.
A idéia, assim, é ampliar o debate e promover a visibilidade de um fenômeno
social de graves implicações, tanto de caráter individual como social/coletivo,
que atinge especialmente mulheres, adolescentes e crianças de todas as classes
sociais, origens étnicas e níveis educacionais.

Porto Alegre, abril de 2006.

Rubia Abs da Cruz


Coordenação Geral da Themis

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INTRODUÇÃO
introdução

A violência sexual é uma das formas mais comuns de violência contra a


mulher. Estudos e pesquisas apontam a grande incidência dessa violação no
âmbito doméstico, muitas vezes associada a um contexto de violência física
e/ou psicológica. Entretanto, enquanto a agressão física é denunciada em
grandes proporções, a violência sexual não possui a mesma visibilidade, devido
aos padrões morais que determinam certos comportamentos sexuais,
especialmente às mulheres.
A luta prolongada do movimento de mulheres em âmbito nacional e
mundial foi conquistando o reconhecimento público sobre a situação de
discriminação e de violência às quais as mulheres estão submetidas. Essas
conquistas refletem-se especialmente nos instrumentos jurídicos internacionais

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de direitos das mulheres. Entre eles, a Convenção Interamericana para Prevenir,


Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, conhecida como Convenção de
Belém do Pará (1994) e a Convenção para a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher (CEDAW), de 1993, que são os instrumentos
jurídicos mais importantes para os direitos humanos das mulheres, pois são
juridicamente vinculantes, o que obriga os Estados signatários a implementá-los.
Ainda discorrendo sobre instrumentos jurídicos, é importante destacar que
a partir da Conferência Internacional de População em Desenvolvimento, Cairo
1994, um novo paradigma internacional foi introduzido em relação à população
em desenvolvimento na perspectiva das violações dos direitos humanos no campo
da reprodução e no controle do corpo das mulheres, ou seja, na sua autonomia
e sexualidade. A Conferência preocupou-se com a liberdade de homens e mulheres
em relação a um planejamento reprodutivo democrático e autônomo.
O Plano de Ação de Cairo foi fortalecido em 1995 com a IV Conferência
Mundial da Mulher realizado em Pequim, legitimando, através de documentos
de consenso internacional, o conceito de direitos reprodutivos, que estabeleceu
bases para um novo modelo de intervenção na saúde reprodutiva, que considera

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os direitos humanos. Logicamente, essa linha se originou devido aos princípios


internacionais já firmados em relação à universalidade, indivisibilidade e
interdependência dos direitos humanos, tratando os direitos sexuais e direitos
reprodutivos globalmente e com igualdade, de forma justa e eqüitativa, de acordo
com a diversidade e as especificidades existentes.
Sob essa ótica, determinados sujeitos de direitos ou determinadas violações
exigem uma resposta específica e diferenciada. Exatamente por isso a incorporação
da perspectiva de gênero permite a compreensão de que homens e mulheres
têm necessidades e interesses diferenciados, devido a características específicas,
como a sexualidade e reprodução nas mulheres (aborto, morte materna, maior
vulnerabilidade à violência sexual e maior risco de contrair doenças sexualmente
transmissíveis e HIV/Aids).
A eqüidade de gênero é uma questão central para a efetividade dos direitos
sexuais e direitos reprodutivos, pois as desigualdades observadas em relação às
mulheres no acesso ao trabalho, à saúde e a permanência da violência doméstica
e sexual são indicadores de ausência de cidadania e, conseqüentemente, de
problemas que afetam a titularidade dos direitos das mulheres.

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Entende-se que somente a possibilidade efetiva de acesso à informação, à


educação e à saúde gere autonomia e capacidade de escolha para decisão com
liberdade em todas as áreas da vida e, também, no campo da sexualidade e da
reprodução. Ainda nesse sentido, deve-se dar atenção à família, pois no âmbito
familiar a violência contra a mulher ainda ocorre cotidianamente, sendo naturalizada
culturalmente, ou seja, iniciam-se na família as desigualdades de oportunidades,
de responsabilidades diferenciadas e as limitações da liberdade de escolha.
A violência, em sentido amplo, é um fator preocupante em todos os lugares
do mundo, sendo objeto de pesquisas, teses e campanhas publicitárias com o intuito
de diminuir as estatísticas. A violência sexual, entretanto, só é causa de preocupação
mais efetiva do Estado quando ocorre no âmbito público; assim, a violência sexual
ocorrida no âmbito familiar e privado permanece em um estado de invisibilidade.
A proteção genérica e abstrata dos direitos humanos deve tomar uma forma
mais específica, que leve em conta, justamente, a especificidade do sujeito de
direito em relação às suas peculiaridades. Não há como defender os direitos
sexuais sem considerar as violações aos direitos humanos e as especificidades
de quem historicamente sempre foi submetida à discriminação e violência sexual.

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CONCEITOS
conceitos eE direitos
DIREITOS

1 O que é Violência de Gênero?

Gênero é um conceito criado para se compreender a forma como


as pessoas de um determinado grupo social entendem, definem e atribuem valores
às diferenças percebidas entre homens e mulheres. Na nossa sociedade, na maior
parte das vezes, tais valores diferenciados implicam relações de poder, que
transformam as diferenças em desigualdades. A violência de gênero é uma das
expressões dessas relações de poder entre o masculino e o feminino, que objetiva
manter as relações de desigualdade e de subalternidade entre homens e mulheres.

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O que é Violência contra a Mulher?

De acordo com artigo 1 e 2 da Convenção Interamericana para


Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a mulher, de 1994, ratificada pelo
Brasil em 1995, violência contra a mulher é “qualquer ação ou conduta, baseada
no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico
à mulher, tanto no âmbito público como no privado. Entende-se, ainda,
que violência contra a mulher inclui violência física, sexual e psicológica,
podendo ocorrer a) dentro da família ou unidade doméstica ou em qualquer
outra relação interpessoal, em que o agressor conviva ou haja convivido no
mesmo domicílio que a mulher e que compreende, entre outros, estupro,
violação, maus-tratos e abuso sexual; b) que tenha ocorrido na comunidade
e seja perpetrada por qualquer pessoa e que compreende, entre outros,
violação, abuso sexual, tortura, maus tratos de pessoas, tráfico de mulheres,
prostituição forçada, seqüestro e assédio sexual no lugar do trabalho, bem
como em instituições educacionais, estabelecimentos de saúde ou qualquer
outro lugar e c) que seja perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes,
onde quer que ocorra”.

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3 O que é Discriminação contra a Mulher?

A Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação Contra a Mulher, de 1979, ratificada pelo Brasil em 1984, define
discriminação como sendo toda distinção, exclusão ou restrição baseada no
sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento,
gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com
base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em
qualquer outro campo.

4
O que são Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos?

São Direitos Humanos internacionalmente reconhecidos, que


garantem o desenvolvimento livre, sadio, seguro e satisfatório da vida sexual e
reprodutiva. Esses são direitos subjetivos e se fundamentam na dignidade humana
e na liberdade das pessoas em decidir sobre o exercício e gozo da sua sexualidade

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e da sua reprodução. Implicam o acesso aos serviços de saúde e à informação,


uma existência livre de discriminação, riscos, ameaças, coações e violência na
vivência da sua sexualidade e da sua reprodução.

5 O que é violência sexual?

É um tipo específico de violência, que envolve relações sexuais


não-consentidas e que pode ser perpetrada tanto por pessoa conhecida quanto
por algum familiar ou mesmo por uma pessoa estranha.
No Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, preparado pela OMS
(Organização Mundial de Saúde), a violência sexual é definida como “qualquer
ato sexual ou tentativa de ato sexual não-desejada, ou atos para traficar a
sexualidade de uma pessoa, utilizando coerção, ameaças ou força física, praticados
por qualquer pessoa, independentemente de suas relações com a vítima, em
qualquer cenário, incluindo, mas não limitado, o do lar ou do trabalho”.

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6
Existe violência sexual nas relações conjugais?

Sim. No entanto, na maioria dos casos, as pessoas envolvidas


não reconhecem que estão sofrendo violência sexual porque acham que fazer
sexo, mesmo forçado, é algo que faz parte das obrigações dos relacionamentos,
seja o casamento, a união estável ou o namoro.

7
O marido ou companheiro que obrigar sua mulher/
companheira a manter relações sexuais contra a vontade
pode ser considerado criminoso?

A lei que criminaliza o estupro vale para qualquer ato sexual não-
consentido, não importando se o agressor possui ou não relações íntimas com a
vítima. Entretanto, a vítima deverá registrar ocorrência policial e seguir todos os
procedimentos necessários, que constam a seguir neste manual.

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8 É correto afirmar que a violência sexual ocorre


mais nas classes de baixa renda?

Erradíssimo. Muitos estudos demonstram que a violência sexual,


enquanto um grave problema social, não reconhece as fronteiras de classe, se
manifestando em todas elas. A diferença que se pode encontrar, em relação ao
recorte de classe social, diz respeito à visibilidade. A tendência é encontrar maior
visibilidade deste problema junto às camadas sociais mais desfavorecidas devido
à sua exposição às ações interventivas do Estado.

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Por que há um certo silêncio sobre a violência sexual
na nossa sociedade?

A violência sexual é um tema de difícil abordagem porque envolve


questões sobre a sexualidade, que está construída histórica e culturalmente como
algo moralmente vergonhoso e do âmbito da intimidade. Portanto, não há um

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reconhecimento da violência sexual como algo da ordem do público, como uma


violação ao direito de livre exercício da sexualidade ou a necessária vinculação
da violência sexual com a saúde física e mental das vítimas.

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Por que as vítimas de violência sexual têm vergonha
e dificuldade de denunciar e procurar ajuda?

Além das questões mencionadas acima, em grande parte dos casos,


as vítimas de violência sexual, quando chegam a uma delegacia para denunciar
o crime que sofreram, são recebidas com piadinhas e vistas com desconfiança,
como se as vítimas desejassem a relação sexual violenta. Antes de terem os seus
direitos garantidos e reparados, passam por uma avaliação moral do seu
comportamento.

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11 Um(a) profissional do sexo que sofra uma agressão sexual


pode denunciar o agressor por crime sexual?

Sim. As atividades e o modo de vida de cada pessoa não interferem


no seu direito de escolha e liberdade sexual. Qualquer ato sexual não-consentido
é crime e deverá ser punido com a mesma severidade, não importando quem
sejam a vítima e o agressor.

12
A violência sexual é causada pelo alcoolismo
e pela drogadição?

Não. A drogadição e o alcoolismo não são fatores determinantes


para a violência sexual. Devido à sua complexidade, a violência sexual pode ter
inúmeras explicações. No entanto, ela pode ser entendida como uma conseqüência
da forma como a nossa cultura lida com a sexualidade, ou seja, ela está mais
associada a fatores culturais abrangentes, tais como valores morais, que impõem
determinados comportamentos aos homens e às mulheres na nossa sociedade.

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A violência sexual pode ser considerada a conseqüência
de uma doença, de uma tara?

Não. A violência sexual enquanto problema social tem raízes na


cultura, que determina papéis sociais masculinos e femininos, dominador/
dominado, prevalecentes na sociedade. Embora possam ocorrer alguns casos de
caráter patológico, são raros se comparados às estimativas gerais.

14 Que fatores permitem atribuir à violência sexual


o caráter de um problema social?

As estimativas baseadas nos registros de casos denunciados em


estudos e pesquisas relativas à questão apontam números significativos de
incidência de violência sexual no âmbito das relações familiares ou próximas.
No entanto, prevalece na sociedade o mito de que a violência sexual é um crime
praticado por estranhos e eventualmente. Em razão desse mito, a maior parte

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das vítimas da violência sexual acaba não reconhecendo essa violência como
uma violação de direitos e sofrendo, silenciosa e continuadamente, as suas
conseqüências.
Segundo o Diretor Geral da OMS, “a violência contra a mulher ocorre na
maioria das sociedades, mas muitas vezes não é reconhecida e é aceita como
parte da ordem estabelecida. A informação de que se dispõe sobre o alcance
desta violência ainda é muito escassa. No entanto, a violência doméstica contra
a mulher tem sido document ada em todos os países e ambientes
socioeconômicos, e as evidências existentes indicam que seu alcance é muito
maior do que se podia supor. Em diferentes partes do mundo, entre 16% e
52% das mulheres experimentaram violência física por parte de seus
companheiros, e pelo menos uma em cada cinco mulheres é objeto de violação
sexual ou de tentativa de violação em algum momento de sua vida. Sabe-se
também que a violação e a tortura sexual são utilizadas sistematicamente como
armas de guerra. A violência anula a autonomia da mulher e mina seu potencial
como pessoa e membro da sociedade”.

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15 Como esta violência atinge a sociedade?

A violência contra a mulher tem um custo elevado para a sociedade


e impõe obstáculos ao desenvolvimento econômico. Além dos elevados gastos
em saúde resultantes da repercussão da violência conjugal sobre a saúde da
mulher, há também a queda de produtividade no trabalho e a alta taxa de
absenteísmo, já comprovadas por diversos estudos. Essa queda de produtividade
ocasiona redução de renda para estas mulheres e, conseqüentemente, menor
consumo e uma perda na produção nacional, com prejuízo para toda a sociedade.
Os efeitos intergeracionais trazem perdas no investimento com a
educação, resultantes da queda no rendimento escolar das crianças e dos
adolescentes que vivem sob condições de violência, com altos índices de
repetência e de evasão escolar. Esses efeitos têm um impacto negativo sobre o
capital humano representado por essas crianças e sobre sua capacidade de
conseguir, no futuro, boas condições de trabalho e salário. Não bastasse isso,
tais efeitos também realimentam o ciclo da violência, conduzindo à sua
reprodução nas relações interpessoais, ao abuso de álcool e drogas e, em grau
extremo, ao homicídio ou suicídio.

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Quais os direitos de quem sofre Violência Sexual?

Quem sofre violência sexual tem direito:


Ao registro de ocorrência policial, ao inquérito policial e à realização de
exames periciais junto ao Departamento Médico Legal (DML). Entretanto, a mulher
que sofre violência sexual não tem o dever legal de noticiar o fato à polícia;
 Ao recebimento gratuito de assistência médica;
À indicação de contracepção de emergência para evitar a gravidez
indesejada;
Ao recebimento de profilaxia para HIV e para Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DST);
 À informação sobre o direito ao aborto legal, bem como à realização do
aborto legal em caso de gravidez decorrente de estupro, de acordo com a
legislação vigente do Código Penal no artigo 128.
 À promoção da Ação Penal (processar o agressor) através do Ministério
Público, quando a violência sexual for praticada com abuso do pátrio poder ou

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da qualidade de padrasto, tutor ou curador; ou quando a vítima não tiver


condições de prover as despesas do processo. Quando a vítima tiver condições
financeiras de prover o processo e tiver mais de 18 anos, poderá, se desejar,
ingressar com uma queixa-crime.
À notificação compulsória da violência – Lei 10.778 de 24 de novembro
de 2003.
Acrescentamos ainda – apesar de não haver ser viços públicos
disponíveis em número necessário – o direito ao apoio psicológico gratuito,
devido ao trauma decorrente da violência sexual, que pode causar transtorno
de estresse pós-traumático.

17 O que é o Aborto Legal?

O aborto legal é aquele que não é considerado criminoso, sendo


legalmente permitido. Na legislação brasileira atual, o aborto é tipificado como
crime contra a vida, sendo prática proibida pelo Código Penal (artigos 124, 125

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e 126). O aborto somente será permitido quando praticado por médico em casos
necessários para salvar a vida da gestante ou para interromper gravidez resultante
de estupro, de acordo com o seguinte artigo do Código Penal:
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
De acordo com a Conferência de Cairo+5, em caso de aborto legal, “o
sistema de saúde deve treinar e equipar os provedores dos serviços de saúde e
deve tomar outras medidas para assegurar-se de que tais abortos sejam seguros
e acessíveis”.

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18 O que é o estupro?

De acordo com o artigo 213 do Código Penal:


“Constranger mulher à conjunção carnal mediante violência ou grave
ameaça. Pena: reclusão, de 6 a 10 anos.”
Isso quer dizer que toda relação sexual vaginal (pênis/vagina) sem o
consentimento da mulher é considerada estupro. No estupro, o agressor é sempre
do sexo masculino e a vítima é sempre do sexo feminino.
O estupro é considerado um crime hediondo. Entretanto, poucas vezes
ocorre a punição penal do agressor, pois o processo penal valoriza muito a prova
material do crime sexual (exame de corpo de delito), o que dificulta sua
comprovação. Além disso, as concepções culturais dos operadores do direito
acabam permitindo e naturalizando o comportamento sexual do homem,
culpabilizando, muitas vezes, a vítima.

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O que é Atentado Violento ao Pudor?

Código Penal – Atentado Violento ao Pudor


“Art.214. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar
ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal.
Pena- reclusão: de 6 (seis) a 10 (dez) anos.”
Como “ato libidinoso” são considerados: carícias íntimas, masturbação,
sexo oral, sexo anal e uso de objetos.

20
Qual a diferença entre estupro e atentado violento ao pudor?

Apesar de a pena ser a mesma, o estupro é caracterizado pela


relação sexual vaginal. Assim, só pode ser cometido por homens contra mulheres.
No atentado violento ao pudor, tanto a vítima quanto o agressor podem ser de
qualquer um dos sexos e a relação poderá ser anal, oral ou, ainda, pode haver a
introdução de objetos no ânus e na vagina.

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O que é assédio sexual?

Conforme o art. 216-A do Código Penal, assédio sexual é


“constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou de sua
ascendência, inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena:
detenção, por 1 (um) a 2 (dois) anos”. Quando alguém impõe ou força outra
pessoa a praticar um ato sexual (qualquer ato, como beijar, despir-se, ter
relacionamentos sexuais etc.), ameaçando-a com a perda do emprego, do cargo
ou da função, ou mesmo impedindo sua ascensão, configura-se o assédio
sexual. É importante dizer que a vítima não precisa praticar o ato sexual, a
simples investida do agressor configura o crime. Tanto a vítima como o agressor
podem ser do sexo feminino e masculino.

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A violência sexual pode acarretar problemas de saúde à mulher?

Sim. Uma relação sexual desprotegida predispõe à infecção por


doenças sexualmente transmissíveis, como HIV/Aids e o vírus da hepatite B,
que podem acarretar problemas de saúde física futuros e problemas emocionais
(saúde mental) advindos da própria violência sexual.
A Organização Mundial de Saúde – OMS – reconhece o caráter
epidemiológico da violência. Em sua resolução 49.25, a Assembléia Mundial da
Saúde proclama que a violência é uma questão de saúde pública.

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O que é Saúde?

Saúde é um bem-estar físico, mental e social. A partir da


Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, ocorrida no Cairo,
em 1994, passou a ser utilizada uma concepção mais ampla de saúde, que vai
além da mera ausência de doenças e enfermidades.

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O que são doenças sexualmente transmissíveis – DST?

As doenças sexualmente transmissíveis, DST, são causadas por


vírus, bactérias ou outros micróbios e se transmitem, principalmente, nas relações
sexuais desprotegidas.
As DST são um grave problema de saúde pública, devido a vários fatores:
 Facilitam a transmissão sexual do HIV;
 Caso não sejam diagnosticadas e tratadas, podem levar os portadores a
sérias complicações clínicas;
 Algumas DST, quando acometem gestantes (se não forem diagnosticadas
e tratadas), podem provocar o abortamento ou o nascimento do bebê com graves
malformações.

Tipos de doenças sexualmente transmissíveis:


Herpes genital; Cancro mole; Linfogranuloma venéreo; Donovanose; Sífilis
Adquirida; Sífilis Congênita (transmitida durante a gravidez, pode provocar aborto
ou parto prematuro, morte ou deficiências físicas no bebê).

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36

Gonorréia; Clamídia; Tricomoníase; Vaginose bacteriana; Candidíase;


Condiloma acuminado.
Outras doenças, como o HIV/aids e a hepatite B, são transmitidas
sexualmente e também através do sangue (em transfusões ou pelo uso de drogas
injetáveis – UDI).

25
O que é HIV/Aids?

Aids significa Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Trata-se


de uma síndrome causada pelo vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana),
que destrói as defesas (anticorpos) do corpo humano infectado, tornando-o
suscetível a qualquer tipo de doença. A Aids ainda não tem cura, apesar de
existirem tratamentos relativamente eficazes para o controle de infecções
decorrentes. O vírus pode ser transmitido através de:
 Relação sexual, vaginal, oral e anal sem camisinha, com alguém que
esteja infectado.

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37

 Compartilhamento de agulhas e seringas com sangue contaminado.


(drogas injetáveis).
 Mãe para o filho, durante a gravidez, no parto ou na amamentação.
 Transfusões de sangue contaminado pelo HIV.
 Contato com materiais perfurocortantes contaminados pelo HIV, como
alicates, navalhas e lâminas de barbear, instrumentos odontológicos cirúrgicos,
entre outros. Essa é uma forma menos freqüente de transmissão.

Para impedir a transmissão você deve:


Utilizar o preservativo nas relações sexuais (anal, oral e vaginal), seja

homem com mulher, homem com homem ou mulher com mulher.
 Evitar o compartilhamento de agulhas ou seringas no uso de drogas
injetáveis.
 Receber somente transfusão de sangue testado.
 Evitar o contato com objetos perfurocortantes não-esterilizados,
principalmente em ambientes de saúde (agulhas, seringas e bisturis).

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38

 Realizar o pré-natal e, em caso de sorologia positiva da mãe ao HIV,


realizar o tratamento que evita a transmissão para o bebê.
 Evitar a amamentação do bebê em casos de mãe portadora do vírus HIV.

26
Quais são os medicamentos utilizados para profilaxia
das doenças decorrentes de violência sexual?

Os medicamentos específicos para se evitar a infecção de doenças


que podem ser transmitidas através da violência sexual são chamados profiláticos,
porque evitam que tais doenças se desenvolvam. São utilizados antibióticos, no
caso de doenças sexualmente transmissíveis, e anti-retrovirais para HIV/Aids,
havendo também medicamentos específicos para hepatite, como a vacina e a
imunoglobulina.
A Norma Técnica para Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes
da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes, edição 2005, informa quais
as medicações devem ser utilizadas atualmente (www.saude.gov.br).

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39

27 Qual a função da anticoncepção de emergência?

Sua função é evitar a gravidez. A anticoncepção de emergência é


um método de prevenção da gravidez que pode ser utilizado após a relação
sexual desprotegida, no máximo em 72 horas após o coito, que previne a maioria
das gestações não-desejadas e reduz o número de demanda por aborto, os seus
riscos e as suas repercussões negativas na saúde das mulheres.
A anticoncepção de emergência é um direito da mulher e não é considerado
um método abortivo pela ciência médica. A pílula não tem efeito após iniciada a
gravidez. O método mais indicado em casos de violência sexual são os
anticoncepcionais orais.
Seus mecanismos de ação, seus esquemas de administração, sua eficácia e
as informações importantes podem ser encontrados na Norma Técnica para
Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra
Mulheres e Adolescentes – edição 2005 (www.saude.gov.br).

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40

28 O que é o preservativo feminino?

Preservativo feminino é um método de barreira que, quando


utilizado durante a relação sexual pela mulher, evita a gravidez e a transmissão
de doenças sexualmente transmissíveis e do vírus HIV. É um método semelhante
ao preservativo masculino (camisinha), porém é utilizado pela mulher.

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41

PROCEDIMENTOS
procedimentos Ee RESPONSABILIDADES
responsabilidades

29 Quais os procedimentos indicados após a violência sexual?

1) Registrar ocorrência policial em qualquer delegacia de polícia (o ideal é


que seja feita imediatamente após o fato). Ao registrar a ocorrência na delegacia
a pessoa deve afirmar que deseja representar criminalmente contra o agressor,
ou seja, quer que ele responda a um processo criminal.
2) Conservar as provas que comprovem a violência (exemplo: roupas
rasgadas, objetos quebrados, presença de sêmen).
3) Realizar o exame pericial no Departamento Médico Legal, para comprovar
a materialidade do crime (lesões, sêmen etc).

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42

4) Dirigir-se ao hospital de referência para receber atendimento gratuito e


medicações indicadas para evitar doenças sexualmente transmissíveis (DST),
HIV/Aids e a gravidez indesejada (pílula de emergência).
5) Caso seja necessário, ir ao hospital de referência para realização do
Aborto Legal (não é crime e nem necessita de autorização judicial), conforme o
que prescreve a Norma Técnica para Prevenção e Tratamento dos Agravos
Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes – edição 2005
(www.saude.gov.br).
Apesar da previsível dificuldade, recomenda-se não fazer a higiene pessoal
antes do registro e exame pericial, pois o banho e/ou a lavagem podem anular os
vestígios, ou seja, a prova material do crime.

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43

30 Quem pode registrar ocorrência policial


nos crimes sexuais?

1) A própria vítima deve fazer a denúncia, mas há exceções. Assim,


quando a vítima for criança ou adolescente (0 -18 anos), a queixa deverá ser
apresentada:
 Pelos pais (pai ou mãe) ou responsáveis;
 Pelo Conselho Tutelar, na falta dos pais ou responsáveis, seja porque
não querem registrar ou porque o agressor é um familiar. Nesse caso, o CT
deverá encaminhar o caso ao Ministério Público, que irá processar o agressor.

31
Existe um prazo determinado para efetuar
o registro de ocorrência?

O Código Penal estabelece, como norma geral, que nos casos de


crimes sexuais a ação criminal contra o agressor deve ser proposta (ajuizada)
dentro de até 6 meses depois de ocorrido o fato.

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44

Exceção é feita se a vítima tiver idade inferior a 18 anos quando da ocorrência


da violência. Nesse caso, o prazo de 6 meses começa a contar:
1) a partir do dia em que os pais ou responsáveis tomaram conhecimento;
2) a partir da data em que a vítima completar 18 anos de idade, se os
pais ou responsáveis não tomaram conhecimento ou tomaram e não quiseram
registrar a ocorrência.

32
Onde receber ajuda?

Nos Centros de Referência de Violência, em organizações não-


governamentais, nas delegacias de polícia, em especial na Delegacia da Mulher,
nos Conselhos Tutelares (quando a vítima é criança ou adolescente), em hospitais
públicos de referência.
No caso do Rio Grande do Sul, nos SIMs (Serviços de Informação à Mulher),
locais onde as promotoras legais populares atuam.

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45

33
Quais serviços devem prestar imediato atendimento
às vítimas de violência sexual?

 Os postos de Saúde e Hospitais Públicos,


 as delegacias de polícia e a Polícia Militar (postos),
o Departamento Médico Legal e os Conselhos Tutelares (quando a vítima

tem menos de 18 anos).
Caso os postos de saúde não estejam devidamente preparados ou não
possuam as medicações necessárias, deverão encaminhar as vítimas ao hospital
de referência local ou ao hospital de emergência (Pronto-Socorro). E ainda, de
acordo com a Lei 10.778 de 24 de novembro de 2003, deverá também, ocorrer a
notificação compulsória, em caso de violência contra a mulher que for atendida
em serviços de saúde públicos ou privados, em território nacional.

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46

34
Como os serviços públicos devem atender a uma pessoa
vítima de violência sexual?

O atendimento adequado às vítimas de violência sexual deve ser


imediato e respeitoso. Em qualquer situação, as pessoas devem ser informadas
sobre o que será realizado em cada etapa do atendimento e sobre a importância
de cada conduta, respeitando a sua opinião ou recusa em relação a algum
procedimento.
O atendimento deve levar em conta:

 Que a vítima de violência sexual não é culpada pela agressão sofrida;


assim, é preciso evitar julgamentos preconceituosos sobre as causas da agressão
(local, horário, roupa, comportamento sexual etc.);
 Que a vítima se encontra extremamente fragilizada psicologicamente,
por nutrir sentimentos de vergonha e culpa;
A história da pessoa com ênfase nas informações relativas à violência

(quem, onde e como aconteceu);

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47

As providências já tomadas pela vítima e/ou familiares, tais como


atendimento médico de emergência, boletim de ocorrência policial, exame de
corpo de delito, notificação compulsória;
 Que se a vítima engravidar ou suspeitar de gravidez é preciso identificar
claramente a demanda trazida por ela, focalizada nos seguintes aspectos:
identificação do desejo de interrupção da gravidez, discussão a respeito dos
direitos legais garantidos à mulher (a lei garante o direito de interrupção da
gestação em caso de estupro), identificação dos fatores morais ou religiosos que
possam influenciar a escolha da mulher e discussão de alternativas à interrupção
da gravidez, como a entrega da criança à adoção e a orientação à realização de
pré-natal;
 Identificação de redes de apoio familiar e social à mulher.

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48

35 Como reconhecer uma vítima de violência sexual


na área da saúde?

Muitas vezes a mulher vítima de violência sexual deixa passar muito


tempo até procurar o ginecologista e o motivo da sua consulta não está
relacionado ao estupro, porém é de responsabilidade do ginecologista e do
obstetra não só o atendimento à vítima na fase aguda – de emergência após o
episódio de estupro –, mas o reconhecimento das suas seqüelas comportamentais
e físicas. A identificação e o adequado acompanhamento às vítimas são de vital
importância para o restabelecimento físico e psicológico destas mulheres.

36
Qual a função dos postos de saúde e hospitais
em casos de violência sexual?

Os serviços de saúde devem prestar assistência integral às vítimas


de violência sexual, realizando abertura de prontuário, anamnese (histórico clínico

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49

do paciente) e exame clínico-ginecológico, para avaliar a extensão e gravidade


das lesões, além de realizar a notificação compulsória.Todas as lesões encontradas
deverão ser cuidadosamente registradas no prontuário. Nas pacientes que não
estejam em uso de contraceptivo eficaz e estando no período fértil, é preciso
iniciar a contracepção de emergência. Em todos os casos, iniciar
antibioticoprofilaxia das DST, encaminhar apoio psicológico, agendando retorno
para solicitação de exames de sífilis (VDRL), sorologia anti-HIV e marcadores
para hepatite. Iniciar também a quimioprofilaxia para Aids, de acordo com os
critérios médicos. As pacientes não-vacinadas para hepatite B deverão receber
vacina e imunoglobulina. É responsabilidade dos serviços (e dos médicos) que
fornecem medicação ou a prescrevem notificar o caso para reposição ou
solicitação da medicação no local de atendimento.
Caso os postos de saúde não estejam equipados com as medicações
devidas, os profissionais deverão encaminhar a vítima para o hospital de
referência.

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50

37
Quais os postos de saúde municipais e hospitais públicos
responsáveis pelo atendimento em casos de violência sexual?

Todos os serviços públicos de saúde são responsáveis e devem


prestar atendimento em casos de violência sexual e ou acesso à informação,
viabilizando, dessa forma, os medicamentos e a contracepção de emergência
nos serviços de referência. Nos casos de não-cumprimento ou omissão, as
secretarias responsáveis devem ser notificadas e os serviços devem ser
responsabilizados.

38
Como a violência sexual se reflete na vida da mulher
violentada?

A violência sexual traz graves conseqüências à saúde física e psicológica


de suas vítimas, que vão além dos traumas óbvios das agressões físicas. Queixas
ginecológicas, depressão, suicídio, gravidez indesejada e doenças sexualmente

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51

transmissíveis, queixas gastrointestinais e outras1 são conseqüências recorrentes


que vêm sendo apontadas em vários estudos. Essas indicam que mulheres que
sofrem violência física e sexual tendem a utilizar mais os serviços de saúde.
Além disso, a violência contra a mulher também pode trazer repercussões
intergeracionais, ou seja, transmitir-se de uma geração para a outra. Meninos
que testemunham violência contra suas mães por parte dos companheiros têm
maior probabilidade de usar de violência para resolver conflitos na vida adulta;
meninas que presenciam o mesmo tipo de violência têm maior probabilidade de
estabelecer relações em que serão maltratadas por seus companheiros2 .
Segundo cálculos da OMS, no mundo todo, a violência contra a mulher é
uma causa de morte e incapacidade entre as mulheres em idade reprodutiva tão
grave como o câncer e provoca mais problemas de saúde do que acidentes de
trânsito e malária juntos. Acrescente-se a isso as seqüelas de um aborto ou de
um filho decorrente de uma relação sexual violenta.

1
SCHRAIBER, L.B., D’OLIVEIRA, A. F. L. P. Violência contra mulheres: interfaces com a Saúde -
Interface. Comunicação, Saúde, Educação, V.3, n.5, 1999.
2
OMS/OPS, junho 1998.

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52

39
Como deve ser feito o atendimento à mulher com gravidez
decorrente de estupro?

O atendimento deverá ser propiciado as mulheres que foram


estupradas, engravidaram e solicitaram a interrupção da gravidez nos serviços
públicos de saúde.

Documentos e procedimentos obrigatórios:


 O consentimento por escrito da mulher é imprescindível e deve ser
anexado ao prontuário médico. Entre 16 e 18 anos, a adolescente deverá ser
assistida pelos seus pais ou por seu representante legal e com menos de 16 anos
deve ser representada pelos seus pais ou por seu representante legal. Em caso de
incapacidade da mulher também será necessário a representação. A palavra da
mulher tem a presunção de veracidade.
 Informação à mulher – ou assistente/representante legal – de que ela
poderá ser responsabilizada criminalmente pelo aborto, caso a declaração de
violência sexual seja falsa (artigo 299 do Código Penal).

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53

Registro, em prontuário médico, das consultas e da avaliação da equipe


multidisciplinar, além dos resultados de exames clínicos ou laboratoriais.

Documentos desejáveis, entretanto não obrigatórios:


 Cópia do Boletim da Ocorrência Policial.
 Cópia do registro de atendimento médico á época da violência.
 Cópia do laudo do Instituto Médico Legal.
É importante salientar que a realização de aborto legal decorrente de estupro
não se condiciona a uma decisão judicial, não sendo necessário, portanto, alvará/
autorização judicial.
O procedimento para realização do aborto precisa levar em consideração a
idade gestacional, de acordo com a Norma Técnica para Prevenção e Tratamento
dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes –
edição 2005 (www.saude.gov.br).

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54

40
Quando um médico pode se negar à realização do aborto legal?

Em caso de objeção de consciência o médico pode negar-se a


realizar o aborto legal. Entretanto, deverá informar à mulher sobre seus direitos
e encaminhá-la a outro profissional da rede pública de saúde, para que o
procedimento seja realizado, garantindo, assim, a assistência devida pelo Estado.
Artigos 7, 21, 28 e 43 do Código de Ética Médica.

41 Como reconhecer uma vítima de violência sexual


durante os procedimentos policiais?

O medo e a vergonha contribuem para o silêncio. Assim, é


necessário observar os locais das lesões. Em muitos casos, lesões leves, médias
ou graves indicam a ocorrência de violência sexual. O relato da vítima sobre a
presença de mordidas, edemas, escoriações em regiões íntimas (seios, vagina,
virilha, ânus) são, além de lesões corporais, fortes indícios de violência sexual.

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55

Silenciar (não questionando ou não especificando o tipo penal correto) é omissão


e pode comprometer a investigação e a garantia dos direitos da vítima,
principalmente o do acesso à saúde.

42
Qual é a função das delegacias de polícia nos casos
de violência sexual?

Fazer um cuidadoso registro da ocorrência, encaminhar a vítima


ao Departamento Médico Legal para realização do exame pericial, com coleta de
material e constatações de lesões corporais. Essas informações, juntamente com
os termos de declarações, farão parte do inquérito policial que será remetido ao
Poder Judiciário, com o indiciamento do autor da violência.
Trabalhando com uma concepção de rede integrada de serviços, espera-se
que as delegacias de polícia também encaminhem devidamente as vítimas de
violência sexual aos serviços de saúde públicos de referência.

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56

43
Qual a diferença da Delegacia da Mulher em relação
a outras delegacias de polícia?

A Delegacia da Mulher é especializada em ocorrências em que as


mulheres são vítimas de qualquer tipo de constrangimento ou violência (física,
psicológica ou sexual). Entretanto, todas as delegacias podem (e devem) realizar
o registro de qualquer tipo de violação contra os direitos das mulheres.

44 O que é o Inquérito Policial?

Pode-se dizer que é a investigação policial dos fatos relatados pela


vítima no registro efetuado na delegacia de polícia. O Inquérito Policial inicia-se
após o registro de ocorrência policial e se constitui de informações colhidas pela
polícia civil que visam comprovar a ocorrência de um crime. Tais informações
são depoimentos e provas materiais (vestígios ou exames realizados pelo
Departamento Médico Legal e até em alguns casos, os exames realizados por

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57

médicos), que são encaminhados pela delegacia de polícia ao Ministério Público,


que poderá, com base no inquérito, apresentar a denúncia, ou ainda, solicitar
que a queixa-crime seja proposta pela vítima.

45
Qual a função do DML – Departamento Médico Legal –
nos casos de Violência Sexual?

O DML deve assegurar a realização dos exames periciais


encaminhados pelas delegacias de polícia e pelo Poder Judiciário para comprovar
a materialidade do crime. Tais exames estão entre as provas mais importantes
nos processos criminais de estupro e de atentado violento ao pudor. Atualmente
existem psiquiatras ou psicólogos peritos em alguns DML no Brasil, que realizam
também o exame perícia, diagnosticando sintomas referentes ao transtorno de
estresse pós-traumático nas vítimas de crimes sexuais. Esse exame também deverá
contribuir com a prova dos fatos.

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58

46
O que é o exame de corpo de delito ou laudo pericial?

É o exame que objetiva averiguar e atestar lesões corporais,


espermas, pêlos e outros elementos que comprovem a materialidade do crime,
sendo realizado por médicos peritos do Departamento Médico Legal, após o
encaminhamento policial que registra a ocorrência.

47
O que é o exame psíquico ou laudo psíquico da vítima?

É o exame realizado por um perito médico legista, psiquiatra ou


psicólogo, para verificar se os sintomas apresentados pela vítima configuram o
transtorno de estresse pós-traumático. Esse transtorno psíquico é observado na
maioria das vítimas de crimes sexuais e é cientificamente comprovado. Entretanto,
pouquíssimos são os locais que oferecem esse tipo de exame às vítimas.

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59

48
Como coletar o material para identificação do agressor?

O material do conteúdo vaginal, anal ou oral deve ser coletado


por meio de swab ou similar, sendo acondicionado em papel filtro estéril e
mantido em envelope lacrado, preferencialmente em ambiente climatizado. Nos
serviços que dispõem de congelamento do material a medida poderá ser adotada.
O material deverá ser armazenado em condições adequadas e ficar à disposição
do Poder Judiciário.
Norma Técnica para Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da
Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes – edição 2005
(www.saude.gov.br).

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60

49 Qual a função do Ministério Público em casos


de Violência Sexual?

O Ministério Público é um órgão que age em defesa dos interesses


da sociedade. Além de suas outras funções, nos crimes sexuais ele representa as
vítimas, apresentando denúncia ao juiz e atuando no processo criminal contra
os violadores. Os Promotores de Justiça são os funcionários públicos que atuam
no Ministério Público, assumindo os casos de violência sexual em três hipóteses:
Quando a vítima não tem condições financeiras para pagar um advogado
e manifesta o desejo de processar criminalmente o agressor – como regra a ação
penal é privada nos crimes sexuais e deve ser proposta mediante queixa-crime
por um advogado, mas isso no caso da vítima possuir condições financeiras;
 Quando o crime é praticado pelo pai, padrasto ou pelo responsável
(tutor ou curador);
 Quando o crime for praticado contra criança, ainda que não pelo pai,
padrasto ou responsável. É possivel fazer a denúncia diretamente no Ministério
Público, embora haja discussão sobre essa posição.

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61

50
Qual a função do Poder Judiciário nos casos
de violência sexual?

O Poder Judiciário, através de suas varas criminais e respectivos


magistrados, será responsável pelo recebimento (ou não) da denúncia oferecida
pelo Ministério Público ou pelo recebimento (ou não) da queixa-crime, bem
como pela instrução e pelo julgamento no processo criminal. O juiz será o
responsável pelo andamento do processo, ouvindo o acusado, a vítima, as
testemunhas e realizando a análise dos exames periciais e demais provas do
crime, até a sentença criminal condenatória ou absolutória. O Poder Judiciário
continuará responsável pelo processo em segundo grau de jurisdição (Tribunais
de Justiça), onde então haverá uma decisão colegiada dos Desembargadores,
em caso de encaminhamento ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo
Tribunal Federal.

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62

51 Qual o papel do Conselho Tutelar nos casos


de violência sexual?

O Conselho Tutelar deverá encaminhar o responsável pela criança


ou pelo adolescente para registrar ocorrência policial e para realizar o exame
pericial. Entretanto, será o órgão competente para representar crianças e
adolescentes, caso eles tenham seus direitos violados pelos próprios pais ou
responsáveis, por violação ou omissão. O Conselho Tutelar deve encaminhar o
caso ao Ministério Público ou Varas/Juizado da Infância e Juventude.
Os crimes cometidos pelos pais ou responsáveis contra crianças e
adolescentes podem ensejar a perda do pátrio poder e o afastamento do agressor
ou agressora do lar. A vítima também poderá ser encaminhada pelo Conselho
Tutelar para um abrigo ou casa de algum familiar.
Para efeitos da ação do Conselho Tutelar, considera-se criança toda a pessoa
com até 12 (doze) anos incompletos e considera-se adolescente toda pessoa
entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos.

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Centro da Mulher 8 de Março


João Pessoa/PB - F: (83) 3241-8001 / 3241-6828
cm8mar@uol.com.br

CEPIA Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação


Rio de Janeiro/RJ - F: (21) 2558-6115 / 2205-2136
www.cepia.org.br

CFEMEA Centro Feminista de Estudos e Assessoria


Brasília/DF - F: (61) 3224-1791
www.cfemea.org.br

Rede Acreana de Mulheres e Homens


Rio Branco/AC - F: (68) 3224-8607
redeac@uol.com.br

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EXPEDIENTE
expediente
CONSELHO DIRETOR
Alinne de Lima Bonetti
Carmen Hein de Campos
Célio Golin
Eva Roseli dos Santos
Licia Margarida Peres
Márcia Ustra Soares
Míriam Steffen Vieira

CONSELHO FISCAL

Ângelo Kirst Adami


Maria Guaneci Marques de Ávila
Salma Villaverde

COORDENAÇÃO GERAL
Rúbia Abs da Cruz

EQUIPE TÉCNICA
Elisiane Pasine
EDITORA THEMIS Cristina dos Santos
Themis-Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero Ielena Azevedo Silveira
Rua dos Andradas, 1137/2205 – Porto Alegre/RS Márcia Veiga
CEP 90020-007 - Tel.: (51) 3212 0104 Vera Lúcia da Silva Pereira
themis@themis.org.br - www.themis.org.br Virgínia Feix

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Themis-Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero


Rua dos Andradas, 1137/2205 – Porto Alegre/RS
CEP 90020-007 - Tel.: (51) 3212 0104
themis@themis.org.br - www.themis.org.br

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