Comentários no Evangelho segundo S.

Mateus
Pedro José

06 de Janeiro de 2018

Capitulo 1 mais quando queres provar a pessoas que

1.1. “Livro da genealogia de Jesus Cristo,
filho de Davi, filho de Abraão.”
A forma como Mateus abre o livro denuncia
de antemão a sua intenção de demonstrar a
Messianidade desse Jesus, a quem Ele
adianta logo na primeira alinha que é o Cristo
podiam facilmente abrir os rolos e desmentir,
depois, sendo Mateus um verdadeiro
discípulo de Cristo que inclusive se relata ter
morrido por sua fé, seria completamente
irracional vermos ele a forjar algo em nome do
Messias que era proclamado como sendo só
A Verdade.

(Messias).
O registro de Mateus aos nossos olhos atuais
Ele conecta Jesus a Abraão e a Davi. Esses pode ser dividido em duas partes — a parte
são os dois pilares fundamentais, os dois conhecida (que aparece no Velho Testamento)
critérios básicos que qualquer pessoa que e a parte desconhecida que se perdeu com a
quiser proclamar ser o Messias deve ter. destruição de Israel e com o passar do
Primeiro, deve sem contradição nenhuma ser templo. Podemos atestar a exatidão da parte
filho de Abraão, deve ser um Israelita, os desconhecida usando a parte conhecida
profetas antigos deixaram isso muito explicito como critério. Quando comparamos a
que o Messias viria das entranhas de Abraão genealogia de José até Abraão, em todos os
(Gn.22:18, Nm.24:19),
nomes citados da velha aliança não vemos
nenhuma discrepância. Compare com os
Porquê de David? talvez esse seja o aspecto relatos de 1 Crônicas 2 e 3. O que nos faz
mais determinante, porque os profetas além assegurar ainda que sem acesso aos arquivos
de profetizarem que viria da estripe de originais que a mesma fidelidade com que se
Abraão, eles foram categóricos que o Messias começou o registro deve ter continuado até
seria da tribo de Judá (Gn.49;10), e não ao ultimo ascendente de José.

somente de Judá mas que seria um filho de

David (Is.11:1, Jr. 23:5-7, Jr. 33;15-17, 2 Cr. Genealogia de Mateus e Lucas

7;18, 1Cr 22:9-10), isto é, alguém da estripe
de David com sangue real para tomar o trono
e reinar em seu lugar.
José quando comparamos com o relato de
Livro da Genealogia. Essa expressão é por
assim dizer técnica, se assemelha àquela
usada em Genesis (5:1). A expressão por si só
sugere que Mateus aqui fará uma transcrição
perfeita do que está escrito nos registros
públicos. Conta-se que os judeus mantinham
no templo (Enciclopédia Judaica, Genealogia)
No entanto, na parte desconhecida pela velha
aliança há discrepância sobre a origem de
L u c a s . S ã o p o r a s s i m d i z e r re l a t o s
completamente diferentes, José descende de
Salomão filho de David de acordo com
Mateus, já em Lucas ele descende de Natã,
filho de Salomão. Muitas alternativas foram
apresentadas até agora para conciliar tal
discrepância.

registros da genealogia que podiam ser No entanto, a alternativa que julgo ser mas
usadas para traçar a linhagem de qualquer lógica, consistente e até mesmo com maior
pessoa, especialmente na questão levitical e autoridade e peso histórico é a apresentada
sacerdotal, era critico que se soubesse a pelo historiador cristão Africanus a quem
linhagem das pessoas (Ed.2:62).
Eusébio de Cesáreia chama “não mau
Portanto, se Mateus quer de facto ingressar históriador” (VI, 2), aliás, Africanos em sua
nessa viagem de provar aos judeus que Jesus carta (VII,1) parece dar a entender que esta
é o Messias ele deve começar por provar que explicação também lhe foi entregue e que isso
Ele é um descendente genuíno de Abraão e estava rodeado de tradição (isto é, “verdades
que veio do tronco de David e nenhuma que devem ser transmitidas do mesmo jeito
evidencia é mais forte do que a recitação do como foram entregues”). Embora com alguns
registro publico.
erros de memória, Africanus descreve que a
discrepância sobre quem é o pai de José e
Quão credível é o registro usado por Mateus? portanto, de quais dos filhos de David, Jesus
podemos começar dizendo que forjar todo procede, está fundamentado no costume da
uma genealogia já é um trabalho difícil, muito Lei de ordenar que se alguém se casar e
morrer sem filhos, deve o irmão deste se
casar com sua irmã e gerar dele filhos em
nome de seu irmão, sendo então a geração
deste contada como daquele. Vivemos numa
sociedade onde é difícil entender a dinâmica
social que tal pratica gerou naqueles dias,
podemos citar ainda hoje exemplos de filhos
que são criados por tios e quando crescem
têm geralmente duas respostas diferentes
dependendo de quem pergunta sobre quem
são os seus pais, se for ser curto e objectivo
tendem a responder que são aqueles que os
criaram, se for para ser mais detalhado citam
que aqueles de facto não são seus pais e que
apenas os criaram.
Mateus precisamos assentar solidamente
Embora isso nos dá um senso da situação,
mas no caso de Israel era muito mais forte
que isso, por Lei, o filho devia ser chamado
como sendo do defunto. Acontece como
conta Africanus (Ver Eusébio de Cesáreia,
História Eclesiástica, VII), Heli o descendente
de Natã, morreu sem deixar filhos, e seu
irmão Jacó (do lado de Salomão) que era na
verdade seu irmão mas só de mãe (cujo nome
foi transmitido como sendo Esta) casou-se
com sua mulher e gerou a Heli.
1.16. “Maria, da qual nasceu Jesus, que se
(1) Matã casa-se com Esta e nasce Jacó
(2) Anos mais tarde, Matã morre
(3) Esta - estando livre para se casar
novamente - casa com Matate e gera Heli
(4) Heli casa-se com uma mulher
(5) Heli acaba morrendo sem fazer filhos
(6) Jaco sendo irmão de mãe de Heli é
chamado a ressuscitar o nome de seu
irmão Heli
(7) Jacó se casa com a mulher do defunto e
nascem José
(8) José é considerado filho de Heli por causa
da Lei (Lucas)
(9) José é considerado filho de Jacó por
causa da genealogia (Mateus)
Portanto, em sua genealogia Jesus fica
demonstrado por uma meio seguro “livro da
genealogia” capaz de ser atestado por
qualquer leitor judeu na altura, e ainda hoje
pode ser atestada ao recorrermos no Velho
Testamento e compararmos se de facto os
rolos foram consultados ou não.
como Melquisedec (Sl.110:4), profeta como
Aos lermos o Novo Testamento, quase
nenhuma oposição se vê a ser levantada
quanto a origem de Jesus. Que era
descendente de Abraão isso seria facilmente
comprovado até pela sua aparência (Jo.4:20),
nos escritos do Novo Testamento, os judeus
comprovam e afirmam saber de onde este
Jesus veio, aliás varias vezes este era
chamado de “não é este o filho de José (Jo.
6:42)”, Lucas reconhece dizendo “José, como
era considerado pai de Jesus” (Lc.3:23).
Quanto a este ser descendente de Judá,
Internamente, verifica-se outras confirmações
quanto à descendência real quando José vai à
sua cidade de origem (Lc.2:4), Lucas faz
questão de relevar esse fato quando cita
“cidade de David” traduzido pelas NTLH e
VIVA como a “cidade onde nasceu Davi”.
Repito, para entendermos a construção de
estas duas que são as principais — qualquer
candidato a ser o Messias precisa provar
primeiro que é um descendente de Abraão
por meio de Jacó — logo um Israelita.
Segundo precisa provar ser um Filho de
David. Só e somente quando isto se provar é
que podemos apelar aos seus milagres e
nascimento. Pois, por maiores que fossem os
milagres e os seus feitos, o Messias precisava
vir de Abraão e David.
chama Cristo”
No Português, “se chama” rebaixa o sentido
do verbo grego a um mero presente, como se
esse Jesus é hoje chamado de Cristo.
Quando o verbo se encontra no modo
particípio, onde o presente é apenas
continuidade de um evento no passado, isto é
Jesus “obteve o nome de Cristo (pelos meios
descritos a seguir no livro) e portanto é assim
chamado até hoje”.
Deve se remeter sempre ao ato inicial que
desencadeou a razão de no presente assim
ser chamado. Portanto, este que nasceu de
Maria é assim denominado até hoje que
escrevo esse livro de Messias.
Cristo. Porquê Cristo? Em Israel, todas as
grandes funções que se podiam imaginar de
ter grande valor perante Deus sempre se
deram inicio pela Unção ou consagração, o
sumo-sacerdote e os sacerdotes, os levitas,
os reis e até profetas (Ex.28:41, 1 Rs. 19:16, 1
Sm.15:1). No entanto, a mesma Escritura
começa descrevendo um homem que somaria
tudo isso, era dito dele que seria sacerdote
Moisés (Dt.18:15), e Rei como David (Jr.23:5).
Funções estas que não escapam à Unção. Já
na velha aliança este Prometido já era
chamado que seria Ungido como David em
(Sl.45:7), Isaías mostra que o Ministério desse
Prometido começaria exatamente com essa
Unção sobre Ele (Is.63:1), mas melhor que
ninguém foi Daniel ao especificamente O pensamento do autor. Quando contamos as
denominar o Ungido (Dn.9:25).
gerações à luz dos nomes providos por
Mateus elas não batem certo.

Essa derivação já era comum nos outros

homens que ungidos desempenhavam
àquelas funções a pouco citadas entre o
povo, como David chamar Saul de ungido do
Senhor (2Sa 1:14), qualquer homem sobre
quem estivesse essa Unção passava
praticamente a gozar do nome de Ungido (Lv.
4:5, Hb.3:13). Exemplo todas as passagens
Mas se as contarmos à luz da realidade
histórica, vemos que Mateus na verdade
estava plenamente ciente das genealogias
que foram saltadas, por exemplo, entre Jorão
e Acaz, Amazias e Uzias não são citados, sem
estas duas gerações, não seria possível ter as
14 gerações.

onde Ungido aparece todas são transliteradas

Portanto, neste texto Mateus demonstra
em hebraico como mâshı̂ yach. Se era por um claramente sua intenção, se focar nas
costume já decorrente ou por seguirem à pessoas chaves da genealogia sem deixar de
nomenclatura de Daniel ou por mera ser preciso.

expectativa, admiração e até mesmo gabança

no tamanho Poder que Ele teria, Ou pela Albert Barnes faz um bom sumário:

combinação de todos esses factores, a

verdade é que Israel adoptou esse nome para First Second Third
chamar Aquele que viria, Aquele que Deus Division Division Division
mesmo ungiria para vir cumprir com todas as Abraham David Josias
Profecias ditas pelos antigos (ver João 1:20,
Isaac Solomon Jechonias
41).

Portanto, Cristo não é um nome próprio, é um Jacob Roboam Salathiel

titulo que descreve o oficio que foi colocado Judas Abia Zorobabel
no ombro da pessoa, no caso, de cumprir
todas as profecias messiânicas. Por isso os Phares Asa Abiud
fariseus podiam perguntar a João cujo nome
sabia que se ele era ou não o Messias, logo Esrom Josaphat Eliakim
Messias era uma característica. Portanto é Aram Joram Azor
assim que que até hoje esse Jesus que era
um nome comum em Israel nos seus dias, Aminadab Ozias Sadoc
p a s s o u a fi c a r a s s o c i a d o a g r a n d e
característica de Messias.
Naasson Joatham Achim

Assim como João era o Baptista (Aquele que Salmon Achaz Eliud
Baptiza), Jesus era então o Messias (O
Boaz Ezekias Eleazar
Ungido).

Obed Manasses Matthan

1.17 “Estas são as quatorze das gerações
desde de Abraão até o rei Davi; quatorze Jesse Amon Jacob
desde o tempo do rei Davi até o exílio, e
quatorze desde o exílio até Cristo.” David Josias Joseph

Este texto embora alvo de muitas 14 14 14

especulações ditas “revelações”, ele vem
trazer água na fogueira lançada anteriormente
pela aparente falta de precisão e saltos
No entanto, apesar de ser justificável contar
g e n e a l ó g i c o s q u e M a t e u s a p re s e n t a
David duas vezes, visto que Mateus mesmo o
comparado com Lucas, Mateus cita apenas
conta duas vezes “Abraão até David” e depois
24 nomes, Lucas cita 72 nomes.

diz “de David até…”, sendo que David é

Pode alguém tão desajustado ser tão
calculista contando exatamente quantas
gerações existiram desde Abraão até Cristo?
Alguém já começou mostrando pouca
exatidão na contagem das gerações agora
parece revelar que O fez propositadamente.
ultimo elemento da primeira divisão, e David
Quando contamos as genealogias elas
simplesmente não batem certo. Aqui nosso
m é t o d o é fi n a l m e n t e c a l i b r a d o a o
incluido, deve ser também lógico que Cristo
deve ser incluido “até Cristo”, a dificuldade
fica por conta do exílio da babilónia, Josias foi
contemporâneo mas o exílio em si se deu em
Jeconias portanto, se fixarmos David como o
como o primeiro elemento da segunda divisão
e colocarmos Cristo como ultimo da terceira
divisão (como Mateus parece querer) então
não teremos que iniciar a terceira lista
necessariamente com o mesmo elemento que
fecha a segunda lista, porque aqui fala-se do
período e não de pessoas em especifico.
Sendo assim, o possível arranjo que Mateus
pensou seria, David até Josias (quando
começa o exílio e termina em Zorobabel) e de
Cristo para trás, 14 começaríamos a lista com
Jeconias.
Israel, não seria necessário mil palavras, mas
Há várias razões que são apresentadas de
porquê que Mateus deve ter apresentado a
genealogia de tal jeito — fala-se que era
costume os judeus dividirem em três partes
grandes listas para facilitar a memorização.
O desposamento em Israel (ver Wikipedia
Porquê 40 gerações? pretendia Mateus com
isso levar o autor a ver alguma coisa? Apesar
de não ser muito clara a razão de Mateus ter
citado quatorze, quatorze e mais quatorze. No
entanto, fica claro para nós como leitores,
quanto tempo Deus levou desde Abraão até
finalmente concretizar sua promessa a nós. 40
gerações desde a promessa a Abraão, o que
nos serve de consolo, nós que esperamos a
Vinda de Deus tão pacientemente (2 Pe.3:9).
Também é justo concluir que o tempo da
Vinda de Cristo não foi aleatório ou acidental,
visto que precisamente soma quatorze, mais
quatorze e depois mais quatorze. Não
somente isso mas até estágios mais
importantes da vida do povo de Israel,
Abraão, David, Babilónia. Confirma-se as
palavras de Paulo Cristo veio no tempo exato
que devia vir (Gl.4:4) “vindo na plenitude dos
tempos”. Que o tempo exato de sua vinda
não foi meramente aleatório, mas segue um
arranjo preciso através dos tempos.
Santo. A transição do texto é muito
1.18 “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi
assim: estando Maria, sua mãe, desposada
com José, sem que tivessem antes
coabitado, achou-se grávida pelo Espírito
Santo.”
Mateus quer aqui enfatizar claramente a
pureza do nascimento desse Israelita e
descendente de David. Já provou que Ele é
genuinamente um filho de Abraão e David. No
entanto, somente isto não lhe conferiria o
direito de reclamar o lado divinal que os
profetas pareciam atribuir ao Messias, como
Isaias que O chamou de Deus Forte, Pai da
Eternidade, Principe da Paz (Is.9:6) ou ter que
se assentar à direita do próprio Deus (Sl.
110:1), Miqueias diz que Ele é Eterno (Mq.5:7)
Como Deus conseguiu resolver este puzzle?
Fazer com que o Messias fosse filho de
Abraão, descendente de David e ao mesmo
tempo Divino em sua Origem?
Mateus enfatiza sem deixar nenhum espaço
para mal entendidos, Maria estava desposada
com José, aqui segundo o costume de
castidade dos noivos que era decorrente em
Ele segue em frente a mostrar que não só
estavam desposados mas que nunca haviam
coabitados, isto é, que ainda não tinham dado
o passo da conivência mutua.
Jewish Views on marraige). Quando um jovem
quisesse de uma jovem, ele como Sansão
podia impelir seus pais sobre o assunto e
pedir aos pais que fossem conversar com os
pais da jovem, pedindo-a em casamento. Na
maioria das vezes, eram os pais que por
iniciativa própria ou outros motivos que se
dispunham a pedir mulher para seu filho.
Quando assim fosse, a familia do jovem era
admitida em um almoço, onde se estabelecia
o compromisso, a jovem a partir daquele dia
estava “comprometida” em casamento para
aquele jovem (ver O casamento nos templos
biblicos, Dr. Rodrigo Silva).
Conta-se que era dado ao jovem, um período
de ano para preparar as condições para então
vir buscar a sua noiva na cerimonia final do
casamento.
Era exatamente no decorrer desse período
que Maria “se achou” gravida do Espírito
importante, viemos de um texto onde vemos
um Deus que meticulosamente calculou 14
gerações, mais 14 gerações e então mais 14
gerações para trazer esse Cristo mas acabou
atropelando o período em que Maria já estava
compromissada, colocando-a num situação
perigosa (como se verá a seguir) e
constrangedora? Qual a razão de assim O
ser?
É fato de que é finalmente chegada a
Plenitude dos tempos (Gl 4:4), o Messias deve
nascer, só ao lermos o papel fundamental de
José nessa história é que se percebe que
aquele que planeou as 14 + 14 + 14 gerações
não errou em se intrometer nesse enlace
matrimonial.
1. Ele precisava de uma mulher virgem para
trazer o seu Filho de modo que este não
nascesse de semente humana, mas de
uma Divina (Is.9:6, Is.7:14)

2. Ele precisava que o Messias fosse da
Tribo de Judá, descendência de David (Is..
89:3-4) Os casamentos eram suposto ser
tribais. Ainda que assim fosse, o Messias
ficaria associado ao Pai e não à Mãe
(como hoje é costume devido os
constantes exílios dos judeus). Não se
sabendo quem é o Pai, automaticamente
este seria posto em descrédito (ver Jo.
8:41)
nascer, será chamado Filho de Deus. (Lc.
3. Ele precisava da força e da liderança de
um homem como José para cuidar de
Maria nos momentos turbulentos que
viriam por causa da criança - quão
constrangedor não seria para Maria
aguentar essa criança sozinha, correndo
ao Egipto, procurando Manjedoura ou
nascer em Belém (ver Mt.24:19 sobre a
d i fi c u l d a d e d a s g r a v i d a s d u r a n t e
tribulações).
O termo “se achou” é traduzido por algumas
Portanto, afim de poder combinar esses três
elementos, A Mente Divina projectou
justamente a fase do Noivado como a melhor
de todas, onde Maria ainda estaria Virgem,
onde o menino podia tomar a Tribo de quem
julgassem ser o Pai, e podia contar com José
em sua liderança para cumprir suas ordens
p a r a p re s e r v a r a c r i a n ç a d u r a n t e a
perseguição de Herodes. Tudo isso foi
meticulosamente delineado.
“Gravida do Espírito Santo” como vem isso a
ser? como pode isso acontecer? Ficam
excluído daqui todas as carnais imaginais
contra aquele que é Santo. Lucas expõe que
“a sombra do Altissimo te cobrirá” (Lc.1:35),
existem várias formas de se conceber
logicamente esse ato, tal como a criação de
Eva, Deus transcendeu o natural tirando
pedaços de carne de Adão para fazer Eva
(Gn.2:21). Aqui o Senhor como que por uma
inseminação artificial — só que aqui Divina,
introduz o Primogénito ao mundo, no vente de
Maria.
A gravidez de Maria seguiu o curso normal de
uma gravidez, como se vê nos registros (Lc.
2:6).
A melhor explanação para O quanto isso
(nascer do Espírito) afectaria a natureza do
Messias (tornando-a sobre-humana) se
encontra na reacção dos Judeus quando
disseram: que tu sendo homem te fazes igual
a Deus? porque Ele disse que Deus é seu Pa
(Jo.10:33)i!
descendência de José, a nenhum dos leitores
Literalmente Deus é o Pai de Cristo, enquanto
que nos meros homens mortais, a semente
que germina na mulher vem de sua biologia
(Jo.1:13, 3:6). A semente que germinou em
Maria veio literalmente na esfera espiritual (1
Jo.5:1,18), era um ser divinal a ser transitado
para um meio biológico para progredir e
nascer. Este é o Jesus, que portanto, faz
sentido ser chamado de Filho de Deus e o
anjo detalhou bem esta sequênci à Maria
“por isso também o Santo, que de ti há de
1:35)”, note a expressão “por isso também”,
aqui são apresentadas uma das razões pelas
qual, Jesus seria chamado de Filho de Deus,
porque o Espírito Santo (Virtude do Altíssimo)
é que originaria Ele. Então podemos afirmar
que o ter nascido do Espírito fez dele Filho de
Deus (Jo.3.6).
Se achou.
vezes passando a ideia de ser Maria que se
surpreendeu nisso, mas o verbo se encontra
não na voz média (acção realizada sobre si
mesmo) mas na passiva dando a ideia de que
ela foi achada grávida, nesse caso por José.
Como traduz a Internations Standard Version.
Por isso o verso seguinte começa com
“ P o r é m , J o s é … ” i s t o é , a p ó s t e r- s e
apercebido disso ao invés a difamar, sendo
Justo, procurava secretamente como…”
“José, sendo justo”.
Duas coisas contribuíram para a atitude de
José, primeiro, o ele ser justo (caracter) e
segundo o ele não querer difamar Maria
(amor), é isso que a conjunção kai (traduzida
como “e”) introduzir, duas variáveis que
balancearam na mente de José.
Sua justiça não lhe permitia cooperar com
aquilo que aparentava ser um erro de parte de
Maria, seu amor no entanto, não lhe permitia
entregá-la à vergonha publica (como Jo.
8:1-11).
Vários deviam ser os pensamentos que
rodearam na mente de José, “Deixa-la
secretamente” podia implicar “desertar” e
carregar consigo a fama de ter “conhecido
Maria” antes do casamento e carregar a culpa
sobre si onde fosse. Sejam quais fossem os
planos que ele idealizou, não chegou a
concretizar porque o Senhor interviu.
“O que nela está gerado é do Espírito Santo”.
Mateus começou o seu Evangelho ligando
Jesus que ele chamou de Cristo com a
ele revelou a procedência desse cuja
genealogia ele descreve, Ele apenas faz um
salto “José gerou Jesus, marido de Maria, da
qual nasceu Jesus”.
de um porquê desse nome tão comum para
Aqui agora Mateus trata de revelar os factos
que farão os leitores desconectarem
completamente qualquer conexão biológica
entre Jesus e José. Aqui Ele amplia os
conflitos na mente de José, a sua rejeição
inicial por aquele que estava gerado em
Maria, ele trata de contar a surpresa, a atitude
de José para demonstrar aos leitores que este
claramente não procedeu de José.
salvação de Israel esperava, mas o anjo em
O Espírito Santo implantou a semente Deus
no ventre de Maria. Ele não pediu autorização
à José, nem O avisou que o faria. Apenas lhe
disse: “Não fiques com receio de receber
Maria”.
tem José não é Roma ou a pobreza ou os
O que vem a ser receber Maria? Após o
estabelecimento do compromisso matrimonial
entre as duas famílias, após o decorrer do
tempo determinado, o jovem finalmente
“recebia” a mulher para si em uma cerimonia
festiva de até 7 dias.
Que o Messias viria resolver o problema
Há no entanto, pouca referência bíblica sobre
o custo que José pagaria ao anular o
casamento estando Maria gravida, a Lei
ordenava a obrigatoriedade de ficar com a
virgem (Mt.22:29), excepto se José declararia
apenas à familia de Maria que o bebé não era
dele ou então a barriga de Maria ainda não
estava visível a este ponto. Coisas que nunca
saberemos ao certo.
José é esclarecido. Finalmente o anjo declara
a natureza deste que foi gerado em Maria.
Primeiro, sua origem. É gerado a partir do
Espírito Santo
Segundo, será um menino.
fazer um pequeno sumário e enquadrar o
Terceiro, seu nome deverá ser JESUS.
O nome Jesus. A razão do nome JESUS,
Jesus significa “YH é Salvação”, é uma
transcrição do nome Josué. Este nome tem
em si embutido o verdadeiro sinónimo de
Salvação tão proclamada em todo velho
testamento mas que era continuamente
aplicado à batalhas e guerras (Sl.146:3, 2Sm.
22:36,).
Aqui o anjo está como dizendo a José, é um
nome comum, mas somente este trará a luz o
sentido pleno por detrás desse nome. Josué,
vos trouxe salvação e livramento ao vos
introduzir na terra prometida, mas neste pela
primeira vez, Salvação é finalmente conectada
com a raíz de todos os problemas da
humanidade, com a verdadeira natureza de
todos males do homem — o pecado.
Portanto, a mente judaica de José precisava
um menino que foi gerado pelo próprio
Espírito Santo. Sim, porque Ele salvará o seu
povo dos seus pecados.
A mente de um judeu nacionalista, que podia
bem ser o pensamento de José, pensava que
o problema de Israel era ser salvo dos
romanos e restaurar a soberania de Israel de
volta às suas mãos (At.1:6), era essa a
poucas frases derruba vários conceitos
erróneos judaicos que possivelmente estavam
também na mente de José, como que
dizendo o grande problema que o teu povo
tumultos, o problema que fez o próprio
Espírito Santo interferir o ventre de tua mulher
e ter criado todo esse constrangimento é nada
mais nada menos que os vossos muitos
pecados.
igualmente o problema do pecado, isso os
profetas já haviam pre-anunciado (Zc.3:9, Is.
53, Zc.13:1, Dn.9:24) no entanto, sempre
pareceu ambíguo como numa unica Vinda.
Portanto, ao tornar sobre si o nome de Jesus
(O Senhor é Salvação), Ele traduz o sentido
verdadeiro da palavra Salvação — livramento
dos pecados.
“A virgem conceberá e dará à luz a uma
criança, será chamado Emanuel que
traduzido é Deus connosco”
Mateus toma a palavra novamente no verso
22, e com a conjunção “ora (gr. dè)” ele vai
ouvinte no intento do livro — Este é o Messias
porque nEle todas as profecias acerca do
Messias viram cumprimento.
Mas antes de entrarmos nesse ponto nos
convém pararmos um pouco para podermos
entender a abordagem apostólica sobre as
profecias do Velho Testamento.
A teoria do duplo sentido
Podemos adiantar que se as profecias do
Velho Testamento não possuem nenhum
segundo sentido (isto é, um sentido além do
que profeta pensava dizer ou o ouvinte
direito), como ultima alternativa teríamos que
re-interpretar a maioria dessas profecias para
se encaixar num quadro onde elas devem ser
encaradas como meras figuras de estilo e
hipérboles (exagero de linguagem) e não
como algo a levar literalmente a letra. E
alguém pode até mesmo ousar marcar um
passo mais avante e dizer que Deus mentiu Trifão, de Justino ou Contra Joviniano, de
em muitas passagens do Velho Testamento Jerónimo) afirma que ‛almâh nunca significou
quando Ele promete coisas como por virgem. Pode Mateus cometer uma falácia tão
exemplo dizer que nunca faltaria um ignorante como essa?

descendente de David no trono de Israel (1

Rs.9:5) ou então David não ter visto a
corrupção (Sl.16:10), ou como o Salmos de
Salomão onde se fazem referências que se
não se referissem a um outro ser podiam ser
consideradas exageradas e dignas de ser
ignoradas (Sl.72:1ss), como os judeus
replicarem que a profecia a respeito de
Melquisedec se referia a Ezequiel (ver Diagolo
com Trifão, Justino de Roma)
(moças ou virgens) vão tocando adufes num
A alegria de Davi em não ver a corrupção
seria mera parábola! as 70 semanas de Daniel
não teriam conexão alguma com os 70 anos
de Jeremias!
pois descreve as categorias no palácio de um
Portanto, apesar de intensa critica, como
veremos a seguir, é plausível as passagens
vetero-testementárias terem um pano de
fundo messiânico, doutro jeito, quase
nenhuma poderia ser cumprida por aqueles a
Essa palavra ‛almâh aparece 7 vezes em todo
Velho Testamento, a primeira vez ela é
aplicada à Miriã (Ex.2:8) que apenas uma
menina, portanto, virgem. O termo é aplicado
a Rebeca, pois o servo de Abraão estava a
procura de uma mulher virgem para se casar
com o seu senhor (Gn.24:43). Salmos
descreve um cortejo real onde as donzelas
cortejo real (Sl.68:25), Em Cantares 1:3
colabora com essa passagem mostrando as
virgens que ficavam assistentes das rainhas.
Em Cantares 6:8 é mais interessante ainda
rei, rainhas, concubinas e as virgens. Quem
seriam essas? E por ultimo temos o
Provérbios 30 que é mais ambíguo. Não se vê
aqui virgem quase sempre se refere a moças
puras que nunca conheceram homem?

quem aparentava se dirigir.

Portanto, é evidente ‛almâh que é
Dito isso, podemos entrar para a profecia de completamente infundado o argumento de
Isaías a Acaz sobre o sinal da virgem.
que Isaías não se referia a uma mulher virgem.

Há em Isaías indícios de que aquele “Despertado José do sono, fez como lhe
nascimento não seria virginal?
ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua
mulher.”
A pergunta fundamental em Is 7:14 é como
pode uma mulher nascer se tornar um sinal Atitude de José foi em obediência à
para responder à incredulidade de Acaz? A mensagem que recebeu. A bíblia diz que ele
única forma de isto ser um sinal é se essa “recebeu” sua mulher, embora um termo
virgem nascesse de forma anormal, aliás, dali comum e normal, paralambano quando
este menino este menino poder ser chamado aplicado no contexto matrimonial é o termo
de Emanuel. Pois Deus disse à Acaz para usado para se referir ao passo da
pedir por um sinal, este negou pedir em sua concretização do ato. Há pouco aqui para
rebelião, Deus mesmo se ofereceu para lhe deduzir se José realizou a cerimonia de
dar um sinal.
recepção da sua mulher sem que ainda
Geralmente existem duas oposições aqui:
estivesse visível da gravidez dela, ou se a
realizou sabendo todos que ela já a
O menino é Ezequias. No primeiro século conhecera.

como se entende no Diálogo de Justino com

Trifão, havia a interpretação de que este
menino aqui referido era Ezequias. Assente na
possibilidade de que virgem ali não é
necessariamente uma virgem mas uma mulher
não casada ou uma mulher jovem. No entanto,
sendo que Ezequias só começou a reinar aos
25 anos, e seu pai só reinou 16 anos (2 Cr.
28:1, Ez.29:1) logo não podia ter menos de 9
anos quando seu Pai começou a reinar. Logo,
“Contudo, não a conheceu, enquanto ela
não deu à luz um filho, a quem pôs o nome
de Jesus.”
Mateus é aqui novamente enfático, em não
aceitar nenhuma conexão biológica entre
Jesus e Mateus. Ele fecha o episódio
mostrando mesmo após a concepção,
nenhum rastro biológico de José se achou em
Maria até que Jesus nascesse.

está descartada essa possibilidade dos

judeus contemporâneos de Mateus.
Virgem não é virgem. Outra oposição
levantada por judeus é sobre se a palavra
virgem pode significar virgem, como se vê nos
primeiros debates cristãos (Diagolo com
Podemos concluir que neste capitulo Mateus
se ocupa em lançar os fundamentos
essenciais da Messianidade de Jesus:
primeiro que Ele é Filho de Abraão, que Ele é
Descendente de David mas é igualmente Filho
de Deus (Emanuel).

Capítulo 2