You are on page 1of 4

TURMA A – Exame Especial – Filosofia do Direito

1) Leia:
“O segundo momento desse ideal de formação é o preparo do homem grego para a política, com
o advento da democracia. A direção da comunidade, sua administração, a elaboração de suas leis
e tudo o mais que a ela se refere, estava nas mãos dos próprios membros da comunidade. Daí a
necessidade de preparar e formar o cidadão para os debates na ágora, o que fez surgir um dos
modos de convivência mais racional jamais conhecido, o diálogo, a busca da solução dos
problemas comuns através da razão, ou seja, pelo consenso, ou da experiência da liberdade. E é
dessa experiência da liberdade exercida através da palavra, do lógos, que surgem as duas vertentes
da argumentação, a retórica para a persuasão e a lógica para o convencimento, vale dizer, o uso da
palavra com sua dimensão emocional para conseguir a adesão do interlocutor, atuando na sua
subjetividade, ou o uso dos conceitos apoditicamente articulados a impor-se objetivamente à
aceitação do interlocutor”. (SALGADO, Joaquim Carlos. A ideia de justiça no período clássico ou da
metafísica do objeto: a igualdade. Belo Horizonte: Del Rey, 2018, p. 51-52.)

Leia o trecho da matéria: “A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, disse em
entrevista publicada pela revista Veja nesta sexta-feira esperar que propostas de candidatos à
Presidência da República sobre mudanças na corte sejam apenas retórica dos presidenciáveis, por
entender que elas podem representar ameaças à democracia. Na entrevista à publicação, a
presidente do Supremo também disse que as críticas feitas à corte miram o que o tribunal tem feito
de bom: o combate à corrupção e o consequente fim da impunidade dos mais poderosos. ‘Todos
os movimentos de ruptura institucional no mundo começaram com atentados contra o Judiciário,
e quando o Judiciário está atuando a contento’, disse Cármen Lúcia à revista. Ela foi indagada pela
publicação sobre propostas como a do candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro, de aumentar
o número de ministros na corte, do presidenciável do PDT, Ciro Gomes, de colocar o Judiciário
de volta à sua ‘caixinha’ e do programa de governo do PT de estabelecer mandatos para juízes de
tribunais superiores. ‘Espero que essas propostas apresentadas agora sejam apenas retórica dos
candidatos’, acrescentou Cármen Lúcia”. Cármen diz esperar que propostas de candidatos sobre
STF sejam retóricas. Revista Exame, 3 de agosto de 2018. Disponível em
<https://exame.abril.com.br/brasil/carmen-diz-esperar-que-propostas-de-candidatos-sobre-stf-
sejam-retoricas/>. Acesso em 30 ago. 2018.

Discorra brevemente sobre o papel da retórica no contexto da reflexão grega. Depois, aponte as
semelhanças e diferenças entre o papel da retórica na educação dos gregos e o papel da retórica
nos processos de construção política contemporâneos. A retórica é uma ferramenta de
consolidação ou uma ameaça à democracia?
2) Considere o trecho:
“De todo o exposto, é possível concluir que o princípio supremo da moralidade em Kant é a
autonomia da vontade, que se revela pela fórmula do imperativo. Como já havia sido explicitado,
este princípio coloca a ética kantiana em posição diametralmente oposta a todas as éticas até então
desenvolvidas, visto que estas partiam de uma heteronomia da vontade. Elas precisavam, então
fornecer algum tipo de motivação, vantajosa ou desvantajosa, para garantir o cumprimento da lei.
Com isso, estas éticas só eram capazes de fornecer imperativos hipotéticos - para se alcançar a
felicidade, por exemplo, deve-se agir de tal modo -, e não um imperativo categórico, como o faz a
ética kantiana.”
SALGADO, Karine. A Paz Perpétua de Kant. Belo Horizonte: Mandamentos, 2008.
Com base no trecho acima e em seus estudos, responda: de que modo a “Ética do Dever”, fundada
por Kant, se distancia da chamada “Ética das Virtudes”? Explicite, em sua resposta, o papel que o
“imperativo categórico” desempenha na ética kantiana, conceituando-o.

3) Em que consiste a ideia de justiça concebida pelo sistema filosófico de Platão? Qual o papel da
Filosofia no processo de realização desta ideia?
TURMA B – Exame Especial – Filosofia do Direito

1) Discorra sobre a natureza da justiça e suas diversas modalidades no pensamento aristotélico.


2) Leia:
“A Cultura não é apenas um ornamento que se acrescenta a uma comunidade: é o alicerce
subterrâneo sem o qual o Povo não sobrevive, porque não terá duração, nem no tempo nem no
espaço. A Cultura é, por um lado, a fonte criadora, que alimenta a personalidade singular do País
e, por outro, a expressão mais vital de seu povo. Um povo descaracterizado é fácilmente absorvido
quando não se desagrega por si mesmo. Sem uma Cultura característica e própria, todas as
manifestações da vida de um país serão decalcadas, imitadas, importadas e postiças.”
(SUASSUNA, Ariano apud SANTOS, Idelette Muzart Fonseca dos. Ariano Suassuna: um
intelectual a serviço da cultura brasileira. In: RIDENTI, Marcelo; BASTOS, Elide Rugai;
ROLLAND, Denis. Intelectuais e Estado. Belo Horizonte: UFMG, 2006. p. 193-208.)
Inspirado pelo excerto acima, e de posse de seus conhecimentos, responda:
A) De que modo o Culturalismo Jurídico articula sua crítica às correntes do jusnaturalismo e do
juspositivismo?
B) Como se articulam, no interior da concepção culturalista do direito, o estudo do direito no
plano da lei positivada pelo Estado, e o estudo do direito no plano dos valores? Em sua resposta,
sirva-se da Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale.
3) Leia:
“Indo mais a fundo, lembro que as primeiras décadas do século XX viram crescer, fortemente, o
poder regulatório do Estado — que se intensificará nas décadas de 30 e 40 — e a falência dos
modelos sintático-semânticos de interpretação da codificação se apresentaram completamente
frouxos e desgastados. O problema da indeterminação do sentido do Direito aparece, então, em
primeiro plano. É nesse ambiente que aparece Kelsen. Por certo, ele não quer destruir a tradição
positivista que foi construída pela Begriffjurisprudence (jurisprudência dos conceitos). Pelo contrário,
é possível afirmar que seu principal objetivo era reforçar o método analítico proposto pelos
conceitualistas de modo a responder ao crescente desfalecimento do rigor jurídico que estava
sendo propagado pelo crescimento da Jurisprudência dos Interesses e da Escola do Direito Livre
— que favoreciam, sobremodo, o aparecimento de argumentos psicológicos, políticos e
ideológicos na interpretação do direito. Isso é feito por Kelsen a partir de uma radical constatação:
o problema da interpretação do direito é muito mais semântico do que sintático.” (STRECK, Lênio
Luis. Que maldição estaria por trás da interpretação do direito em Kelsen? 2014. Disponível
em: <https://www.conjur.com.br/2014-nov-13/senso-incomum-maldicao-estaria-interpretacao-
direito-kelsen>. Acesso em: 02 dez. 2018)
Baseado no trecho acima e nos seus conhecimentos sobre o positivismo kelseniano, responda: em
que consiste a proposição kelseniana de uma “Teoria Pura do Direito”? Como se desenvolvem,
na proposição de Kelsen, a estrutura escalonada do ordenamento jurídico e a noção de hipotética
fundamental?

You might also like