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CURSO DE PSICOLOGIA
São Paulo
2018
Ana Augusta R. S. L. Da Fonseca
Bianca Teófilo Silva
Leandro Lima Silva
Wellington Wulf
Yasmin Martim Albert
São Paulo
2018
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 2
2. A ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS ....................................... 4
3. A PESQUISA COM SERES HUMANOS NA PSICOLOGIA .............................. 6
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 9
1 INTRODUÇÃO
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2 A ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS
A Segunda Guerra Mundial foi marcada como um período sombrio quando se trata de
ética e respeito ao bem-estar humano. Os nazistas realizaram experimentos atrozes com os
judeus nos campos de concentração sob o argumento de que suas pesquisas visavam o
desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos, terapias comportamentais e a descoberta de
novos remédios para o bem da humanidade (ZANOTTI, 2016). Ao fim da guerra, os médicos
responsáveis por esses experimentos foram condenados pelo Tribunal de Nuremberg e, as
argumentações de defesa dos transgressores deram origem ao Código de Nuremberg que,
basicamente, impõe princípios básicos de respeito à integridade física e mental do sujeito da
pesquisa, a necessidade da autodeterminação do participante expressa no consentimento
informado, exposição dos riscos envolvidos na pesquisa, cuidados especiais destinados à
proteção do sujeito da pesquisa e a qualificação do pesquisador (ALBUQUERQUE, 2013) – ou
seja, devem respeitar os princípios da Autonomia, Não-Maleficência, Beneficência e Justiça
(COSTA; LANDIM; BORSA, 2017).
No Brasil, a primeira regulamentação que normatizou as pesquisas com humanos foi a
Resolução 001/1988 do CNS que foi substituída em menos de dez anos pela Resolução
196/1996, considerada, de fato, o primeiro instrumento efetivo de regulamentação dos
princípios éticos em pesquisa com seres humanos no Brasil (Novoa, 2014). Com base nessa
resolução, foram criados a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e os Comitês de
Ética em Pesquisa (CEPs) que implementam normas e diretrizes sobre pesquisas com humanos
no Brasil e também revisam esses protocolos, certificando que os preceitos éticos dos
voluntários sejam respeitados.
Em 2012, o CNS em conjunto com o CONEP e os CEPs identificaram a necessidade de
uma nova resolução que revisasse os princípios da Resolução 196/1996 e então foi promulgada
a Resolução 466/2012, com o objetivo principal de contemplar a ética também em pesquisas
sobre o genoma humano e pesquisas genéticas (COSTA; LANDIM; BORSA, 2017). No
entanto, essa resolução ainda não abrangia as Ciências Sociais e Humanas (CSH) contemplando
majoritariamente as necessidades de pesquisa das áreas biomédicas. O cenário para as CSH era
ruim pois elas teriam que ser submetidas a uma análise que não abarcaria seus arcabouços
teóricos e metodológicos (GUERREIRO; MINAYO, 2013).
Somente quatro anos depois com a Resolução 510/2016 que as CSH foram
contempladas com uma direção normativa às suas pesquisas com humanos. No entanto, a
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Psicologia encara desafios particulares de sua essência, como a relação sujeito/objeto e
sujeito/observador que possuem características comuns e uma relação subjetiva (BORSA;
NUNES, 2008) que devem ser levados em consideração ao realizar pesquisas com humanos.
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3 A PESQUISA COM SERES HUMANOS NA PSICOLOGIA
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A Resolução 466/2012 considerava que as pesquisas com seres humanos deveriam
ser desenvolvidas preferencialmente em indivíduos com autonomia plena. No entanto, quando
consideramos que, para o avanço do campo da pesquisa científica em Psicologia é necessário
realizar pesquisas com grupos em condições de vulnerabilidade (principalmente psicológica),
a Resolução 510/2016 deu mais espaço aos psicólogos ao dar importância à participação de
indivíduos vulneráveis não apenas na ausência de indivíduos com autonomia plena – desde que
a situação de vulnerabilidade não seja ampliada com a pesquisa.
Art. 3º:
IX – Compromisso de todos os envolvidos na pesquisa de não criar, manter ou ampliar
as situações de risco ou vulnerabilidade para indivíduos e coletividades, nem acentuar
o estigma, o preconceito ou a discriminação. (CNS, 2016)
Além disso, a resolução vigente propõe que “o pesquisador deverá adotar todas as
medidas cabíveis para proteger o participando quando criança, adolescente ou qualquer pessoa
cuja autonomia esteja reduzida (...)” (CNS, 2016) e, levando em consideração o primeiro
princípio fundamental do psicólogo que diz que é obrigação do profissional basear seu trabalho
no respeito, na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser
humano (CFP, 2005), é necessário sempre buscar formas de minimizar o sofrimento do
indivíduo ou grupo estudado, fornecendo, por exemplo, tratamento terapêutico após a pesquisa
ou alguma outra forma de não prejudicar esses indivíduos, prolongando seu sofrimento
(COSTA; LANDIM; BORSA, 2017).
Deve-se também levar em consideração que a Resolução 510/2016 diz que grupos
vulneráveis não devem ser participantes de pesquisa a menos que a investigação possa trazer
benefícios aos indivíduos desse grupo (CNS, 2016) e, assim como o Código de Ética
Profissional do Psicólogo diz que o psicólogo deve trabalhar visando promover a saúde e a
qualidade de vida das pessoas e das coletividades (CFP, 2005), é de extrema importância que o
pesquisador não desenvolva pesquisas que não vão agregar para a Psicologia como ciência e
também que qualquer pesquisa desenvolvida traga benefícios para a qualidade de vida e o bem-
estar da saúde mental das pessoas.
A Resolução 510/2016 também considera o sigilo como um princípio ético da
pesquisa com humanos quando ressalta a garantia da confidencialidade das informações, da
privacidade dos participantes e da proteção de sua identidade (CNS, 2016). O Código de Ética
Profissional do Psicólogo prevê o sigilo como princípio ético profissional em seu Artigo 9º:
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
73312013000300006&lng=en&nrm=iso>.acesos em 03 Nov. 2018.
NOVOA, Patricia Correia Rodrigues. O que muda na Ética em Pesquisa no
Brasil: resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Einstein (São Paulo), São
Paulo , v. 12, n. 1, p. vii-vix, Mar. 2014 . Disponíve em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
45082014000100001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 03 Nov. 2018.
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