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net/publication/282337601
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Jorge de Brito
University of Lisbon
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BARPINP - Concrete with recycled aggregates generated from precast elements View project
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Jorge de Brito
Janeiro de 2002
Prefácio
1. Introdução 1
2. Ambientes marinhos 2
2.1. Descrição dos danos 2
2.2. Técnicas de execução 4
3. Danos provocados por incêndios 8
3.1. Avaliação e classificação dos danos 8
3.2. Técnicas de reabilitação 9
3.2.1. Pilares 10
3.2.2. Vigas 12
3.2.3. Placas e lajes 12
3.3. Estruturas pré-esforçadas 14
4. Danos provocados por sismos 15
4.1. Conceitos gerais 15
4.2. Técnicas de reabilitação 15
5. Problemas em fundações 20
5.1. Descrição dos danos e suas causas 20
5.2. Técnicas de reabilitação 22
5.2.1. Escoramentos 23
5.2.2. Reforço de sapatas 25
5.2.3. Precauções nos trabalhos de reabilitação de fundações 31
5.2.4. Melhoramento do solo de fundações 32
5.2.5. Protecções adicionais de estruturas enterradas 33
5.2.6. Protecção contra as vibrações 34
6. Aberturas em muros e lajes existentes 36
6.1. Paredes 36
6.2. Lajes 41
7. Conclusões 43
8. Referências 45
Mestrado em Ciências da Construção Disciplina de Inspecção e Reabilitação de Construções
Reparação e reforço de estruturas em casos específicos por Jorge de Brito
1. INTRODUÇÃO
Por estas razões, este documento será essencialmente descritivo, dando-se muito pouca
ênfase a técnicas numéricas de cálculo.
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Reparação e reforço de estruturas em casos específicos por Jorge de Brito
2. AMBIENTES MARINHOS
De uma forma sucinta, vai-se passar em revista os danos mais comuns em estruturas de
betão armado colocadas em ambientes marinhos, ou seja, numa orla junto ao mar ou ao
estuário de um rio importante de cerca de 5 km para o interior [1].
Fig. 1 [2] - Fendilhação devida à corrosão das armaduras longitudinais combinada com a
devida à corrosão das cintas
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Reparação e reforço de estruturas em casos específicos por Jorge de Brito
Fig. 2 [2] - Desprendimento dos cantos e do recobrimento devido à corrosão das armaduras
Como consequência da perda de secção das armaduras, a sua capacidade resistente vai
diminuindo, ao mesmo tempo que desaparece a sua aderência ao betão devido à camada de
óxido pulverulento que se forma entre os dois materiais. Com as armaduras expostas ao ar
livre, a taxa de corrosão aumenta e o volume aparente do óxido, que inicialmente era de 3 a 4
vezes o do aço consumido, pode chegar a ser 10 vezes superior [2].
Devido à sua menor secção, os estribos e as cintas acabam por ser totalmente
consumidos (Fig. 3) com o que os varões longitudinais deixam de ficar confinados lateralmente
e podem ter problemas de varejamento. A sua contribuição para a capacidade resistente da
peça anula-se e as solicitações actuam apenas no núcleo de betão que, por sua vez, também
perdeu resistência numa zona contaminada pelos cloretos mais ou menos profunda conforme
o tipo de cimento utilizado [2].
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Reparação e reforço de estruturas em casos específicos por Jorge de Brito
Fig. 3 [2] - Nível elevado de degradação devida à corrosão com perda total de secção das cintas
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exteriores do núcleo de betão para detectar possíveis fissuras. Se estas existirem, devem ser
injectadas com uma resina epoxi de baixa viscosidade [2].
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outras formas de limpeza do tipo mecânico. Logo após a limpeza das armaduras, deve-se
aplicar uma camada de resina epoxi tanto nelas como no betão. As suas funções são melhorar
a aderência do novo betão e criar uma barreira impermeável que proteja o exterior das
armaduras [2]. Com essa camada ainda fresca, faz-se a betonagem do novo betão de
recobrimento. Se, por qualquer circunstância, a betonagem se vai demorar, não se deve aplicar
a resina no betão mas apenas nas armaduras tendo a precaução de espalhar sobre esta camada
areia fina para aumentar a aderência entre esta superfície tratada e seca e o betão que sobre ela
se colocará. Este procedimento deve-se ao facto de o aço recém limpo de óxido e, em
particular, se se tiver utilizado um jacto de areia, ser muito propenso a oxidar-se com grande
rapidez. Com a capa de resina, cria-se uma protecção eficaz [2].
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electrossoldada para melhorar a aderência do betão projectado [2]. Devido à distância que
deve haver entre a boca da mangueira e a superfície de projecção, é necessário utilizar
plataformas de trabalho amplas.
Uma estrutura está bem protegida contra a corrosão se nela se tiver empregue inertes e
cimentos adequados, uma boa granulometria sem excesso de finos, uma relação água /
cimento baixa da ordem dos 0.45, um recobrimento adequado com um mínimo de 4 cm e um
máximo de 5 cm e uma boa cura [2]. No entanto, pode julgar-se conveniente a utilização de
protecções adicionais como asfalto de coque, pinturas epoxídicas ou mesmo protecções
catódicas das armaduras. A protecção mais corrente é asfáltica ou de resina epoxi de baixo
módulo de elasticidade para penetrar nos poros e selá-los mais convenientemente. Nas zonas
da maré, pode-se projectar uma argamassa de cimento, areia e látex dissolvido em água ao
qual se adiciona junto à saída da mangueira fibras de vidro cortadas resistentes aos álcalis do
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cimento [2].
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A primeira atitude face a uma estrutura sinistrada pelo fogo consiste na análise e na
avaliação dos danos e da capacidade resistente residual dos elementos estruturais de betão
armado. Resumidamente, pode-se dizer que este passo engloba as seguintes acções [4]: visita
de inspecção à construção por uma equipa técnica com experiência no tipo de construção em
causa; análise do projecto ou de outra documentação acompanhada de comparação com a obra
existente; estimativa das solicitações que actuam a estrutura e esforços por elas provocados;
diagnóstico; análise retrospectiva; avaliação da capacidade estrutural (prognóstico). Nesta
fase, é ainda indispensável o recurso a ensaios de materiais e da estrutura tanto in-situ como
no laboratório.
A avaliação da capacidade resistente residual dos materiais não é uma tarefa fácil não
podendo ser apenas função de uma análise visual. Por exemplo, ensaios de provetes retirados
de estruturas danificadas pelo fogo, demonstraram que, mesmo em zonas expostas pelo
descasque do recobrimento e onde os varões tinham encurvado, não se havia registado perdas
assinaláveis de resistência e ductilidade do aço das armaduras [2].
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Placas e lajes
• estragos grandes ou moderados - eliminação dos elementos e sua reconstrução; as lajes
apenas moderadamente danificadas são demolidas por, neste tipo de elemento, o custo
da reparação ser, em geral, superior ao custo da reconstrução;
• estragos ligeiros - reparação com betão projectado (gunitagem) e reforço de armaduras;
Vigas
• estragos grandes - demolição e reconstrução;
• estragos moderados - corte de troços de betão seleccionados incluídos na zona de
compressão adjacente aos pilares; colocação de armaduras longitudinais, estribos
malha electrossoldada e recobrimento de todo o conjunto por gunitagem;
• estragos ligeiros - eliminação das zonas danificadas e reparação por gunitagem;
Pilares
• estragos grandes ou moderados - reforço com uma camada de betão colocada em todo
o perímetro do pilar e confinada por cofragem exterior após se ter previamente
eliminado todo o betão danificado;
• estragos ligeiros - eliminação das zonas danificadas e reparação por gunitagem.
3.2.1. Pilares
ca = 1.30 cd
cn ≥ ca = 1.30 cd
cr = 0.50 ca = 0.65 cd
em que:
cd - resistência do betão pré-existente aos 28 dias;
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rosa;
cn - resistência do betão novo utilizado na reparação.
Quanto às barras encurvadas, o mesmo autor [2] indica como referência geral que não é
necessário tomar precauções quando o deslocamento lateral do varão for inferior a metade do
seu diâmetro. Quando o deslocamento for superior, o varão deve ser cortado, endireitado e
soldado. Normalmente, torna-se mais prático colocar armadura suplementar. Deve-se reforçar
a ligação do betão novo ao pré-existente através de uma malha electrossoldada de reforço.
Esta malha deverá ser ligada às armaduras pré-existentes e impedirá também a retracção do
novo betão. Demonstrou-se em ensaios recentes [2] que a presença da malha permitiu quase
duplicar a resistência ao fogo do pilar ao impedir que o recobrimento salte e exponha as
armaduras longitudinais. Outra forma de unir os dois betões é por meio de uma camada de
resina epoxi aplicada no betão pré-existente após tratamento da superfície [2].
O reforço de pilares deve ser feito após uma descarga e escoramento eficaz de modo a
que o reforço venha a suportar não só as sobrecargas mas também parte do peso próprio. Deve
também ser efectuado o mais rapidamente possível pois acontece por vezes que o escoramento
é de aluguer caro, complexo e, inclusivamente, de mais lenta execução que o próprio reforço.
É fundamental uma vigilância total e constante durante os trabalhos de recuperação [2].
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3.2.2. Vigas
Por vezes, as deformações lentas de peças danificadas pelo incêndio fazem com que se
dê uma redistribuição de esforços e se possa atingir a rotura em determinadas peças dias após
a extinção do fogo [2]. Por isso, é conveniente, antes de proceder ao reforço, observar e
controlar as possíveis deformações dos elementos.
As placas e lajes são os elementos estruturais que mais danos sofrem durante um
incêndio devido à menor espessura dos recobrimentos das armaduras e à sua maior superfície
de exposição ao fogo. Os problemas agravam-se quando se utilizam aços deformados a frio
por diminuir drasticamente a sua tensão de cedência com as temperaturas elevadas [2].
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Fig. 6 [2] - Reforço de uma laje danificada pelo fogo com malha electrossoldada
A utilização de betões projectados aos quais se adiciona fibras de aço permite em muitos
casos eliminar as malhas electrossoldadas e aumentar a rapidez de aplicação [2].
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recuperação. Logo, a rigidez acrescida do reforço só vai funcionar para as acções variáveis
que correspondem à menor fracção da carga total [6].
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Um edifício só poderá ser considerado seguro em relação à acção sísmica se uma das
seguintes condições for cumprida [8]:
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Sobre os vários métodos de reforço neste tipo de situações já quase tudo foi dito.
Convirá, no entanto, acrescentar que, no caso de reforço por encamisamento, o melhor
comportamento sob acções sísmicas se obtém quando o encamisamento é feito nas quatro
faces em pilares e nas duas em paredes resistentes pré-existentes [10].
Quanto ao reforço por adição de novos elementos resistentes, pode ser realizado de
várias formas [8] (Fig. 7):
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Fig. 7 [8] - Reforço de estruturas ao sismo por adição de novos elementos estruturais
resistentes
Em edifícios rectangulares em planta em que uma das dimensões é bastante maior que a
outra, as paredes resistentes colocadas nos cantos e orientadas da direcção longitudinal
limitam a deformação devida às mudanças de temperatura e podem provocar forças internas
consideráveis em toda a estrutura. Deve-se orientá-las preferencialmente na direcção
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transversal [11].
No exemplo a seguir apresentado (Fig. 8), existe uma grande excentricidade da força
sísmica resultante na direcção longitudinal ao mesmo tempo que as duas paredes transversais
têm uma distância entre si excessivamente pequena diminuindo assim o efeito de binário
resistente.
Irregularidades verticais, causadas pelo não preenchimento dos panos entre pilares em
todos os níveis, podem originar comportamento sísmico deficiente da estrutura e transladar os
danos e eventuais roturas para as zonas não reforçadas [11] (Fig. 9).
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pilares das estruturas formadas por mais de um corpo não separados fisicamente por juntas de
dilatação, é recomendável ligar os vários corpos do edifício com paredes resistentes
estendidas aos vários corpos [11] (Fig. 11).
Fig. 11 [11] - Ligação dos vários corpos com uma parede resistente
As fundações dos novos elementos devem ser concebidas criteriosamente para evitar
assentamentos diferenciais após o reforço [8].
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5. PROBLEMAS EM FUNDAÇÕES
De uma forma sucinta, vai-se passar em revista os danos mais comuns em fundações de
estruturas de betão armado.
Um dos problemas mais comuns é uma excessiva tensão de contacto sapata - solo quer
devido à subestimação das cargas quer devido à sobrevalorização da tensão de segurança do
terreno. Por outro lado, as próprias cargas podem ter aumentado por alteração no tipo de
utilização da estrutura e consequentemente nas suas sobrecargas de serviço. Pode ainda
acontecer que se tenha aumentado o número de pisos da estrutura [2].
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Fig. 12 [2] - Perigo de assentamentos maiores nas zonas centrais devido à sobreposição de
tensões
Quando se executam dois edifícios com um determinado espaçamento entre eles, existe
o perigo de ambos rodarem para dentro devido à sobreposição de tensões no terreno entre eles
[2] (Fig. 13).
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Fig. 13 [2] - Rotação de dois edifícios devido à sobreposição de tensões no intervalo entre eles
Fig. 14 [2] - Perigo de rotação do novo edifício devido à falta de compactação do terreno à sua
direita
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originaram o movimento das fundações. Por outro lado, é aconselhável efectuar as reparações
definitivas apenas quando os terrenos tiverem estabilizado.
Para situações em que as causas não sejam removíveis, terá de se proceder a trabalhos
de recalce de fundações, alteração do tipo de fundação, reforço do terreno ou alívio das cargas
[12].
5.2.1. Escoramentos
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sapatas mais sobredimensionadas e a que não actuem sobre as que se vão reforçar.
O escoramento e descarga das sapatas, quando necessário, pode ser conseguido por meio
de perfis metálicos colocados obliqua (Fig. 15), vertical (Fig. 16) ou horizontalmente [2] (Fig.
17).
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Deve ser feita uma nova análise de esforços da estrutura tomando em conta a existência
das escoras por estas poderem introduzir momentos de sinal contrário ao esperado nas secções
de apoio. O apoio das escoras no solo deve também ser dimensionado adequadamente.
São muitas as técnicas de reforço de fundações. Uma das mais correntes e eficazes é a
execução sob a sapata existente de uma nova sapata de betão armado (Fig. 18) que tenha
dimensões em planta suficientes para suportar a nova carga com o que o terreno continuará a
trabalhar a tensões inferiores à sua tensão de segurança.
Fig. 18 [7] - Recalce de uma sapata pré-existente em que se realça o problema da retracção do
novo betão
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Fig. 19 [2] - Alteração dos diagramas de momentos devidos ao recalce da sapata de um pilar
Fig. 20 [13] - Fases de execução do recalce de uma sapata sem necessidade de a descarregar
A melhor solução para recalce de sapatas é realizar a escavação do terreno até obter o
novo caboco e depois cortar com um martelo pneumático parte da zona inferior da sapata
existente até conseguir um tronco de pirâmide invertida com faces inclinadas a 30º (Fig. 21).
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Desta forma, a betonagem da nova sapata realiza-se com mais facilidade e consegue-se assim
um bom contacto entre os dois betões [2].
Fig. 21 [2] - Execução correcta do recalce da sapata para minorar o efeito da retracção
No caso de muros de suporte, faz-se o recalce em troços de cerca de 1.20 m que são
marcados na sapata. Seguidamente, escava-se poços de 1.20 m de largura separados de 2.40 m
que passam debaixo da sapata existente e vão até à profundidade pretendida. Feito isto,
betonam-se os poços abertos. Quando o betão atingiu a resistência necessária, realiza-se a
mesma operação nas outras zonas separadas entre si de 2.40 m e assim sucessivamente até
recalçar toda a sapata (Fig. 22). O sistema é muito prático, rápido e não levanta quaisquer
problemas [2].
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sapata existente, absorvendo-se os importantes esforços de corte que aparecem entre os dois
betões por meio de um coto de betão que se introduz por baixo da sapata existente (Fig. 23) e
por meio de uma resina epoxi que se aplica em toda a superfície lateral da sapata [2] (Fig. 24).
É fundamental conseguir-se uma boa limpeza do terreno contra o qual se vai betonar,
descarnar e limpar de terra as superfícies de betão da peça existente para conseguir uma boa
união dos dois betões por meio da resina epoxi. As armaduras de reforço também contribuem
para essa mesma aderência [2]. Na Fig. 25, representa-se uma técnica alternativa sem qualquer
recalce da sapata existente.
Fig. 23 [2] - Reforço de uma sapata por aumento da sua área de contacto com o solo mas
praticamente sem recalce
Fig. 24 [2] - Aplicação de resina epoxi em toda a superfície exterior da sapata pré-existente
após picagem desta
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Fig. 25 [10] - Reforço de uma sapata por aumento da sua área de contacto com o solo mas
sem recalce
Ao calcular a área necessária para a nova sapata, deve tomar-se em conta que as cargas
verticais actuantes sobre a sapata quando se executa o reforço só induzem tensões na sapata
existente. Só as cargas posteriores se dividem igualmente por toda a sapata reforçada. Daí que
as tensões sob a sapata existente continuem sendo as mais condicionantes e que seja
fundamental descarregar ao máximo a sapata existente antes da execução do reforço.
Está cada vez mais vulgarizada a utilização de micro-estacas neste tipo de trabalhos. As
micro-estacas cravam-se na direcção vertical ou inclinada para conseguir o efeito desejado e a
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máxima eficácia ligando-se depois as suas cabeças através de um embasamento que passa
debaixo da sapata existente e recebe a carga desta. Um sistema possível é unir as cabeças das
estacas através de cabos de pré-esforço enquanto que a componente dada pelos cabos é
absorvida por bielas postas em tracção por roscas ou mangas metálicas roscadas que
transmitem parte ou a totalidade da carga do pilar às cabeças das micro-estacas [2].
Fig. 26 [2] - Transmissão das cargas do pilar às estacas por intermédio de escoras metálicas e
pré-esforço
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Fig. 27 [14] - Reforço de uma fundação de uma ponte com introdução de estacas metálicas
A medida mais eficaz para evitar estes problemas é, sempre que possível, o escoramento
dos edifícios de um lado e do outro da escavação através de perfis metálicos ou treliças
convenientemente dimensionadas (Fig. 28).
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Uma outra solução ainda que mais complicada é efectuar um recalce das sapatas
existentes até as levar a um nível igual ou inferior ao das fundações do novo edifício ou ao da
rua a construir. Mais simples mas eventualmente mais cara é a construção de um muro de
suporte de terras ou uma cortina de estacas-prancha que se ancora perfeitamente no terreno
sob o edifício existente por meio de ancoragens pré-esforçados [2] (Fig. 29).
Ainda que não esteja perfeitamente integrado no assunto deste trabalho, vai-se aqui
referir resumidamente as técnicas de melhoramento do solo de fundações.
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estenda a toda a zona afectada pelo bolbo de pressões originado pela carga que actua sobre a
sapata. Após a injecção, devem ser extraídos tarugos para verificar a sua eficácia. O sistema é
cómodo e rápido mas é em geral menos económico que o recalce devido ao custo dos
materiais e à necessidade de realizar muitos furos de injecção [2]. A injecção pode também
servir o objectivo de tornar estanques terrenos porosos e permeáveis tais como rochas
fissuradas, areias e cascalhos e zonas aluvionares. Permite ainda aumentar a compacidade do
terreno sem alterar o seu volume já que apenas se limita a preencher os vazios existentes no
terreno através de um produto resistente [2].
cimento em terrenos arenosos pode oscilar entre 200 e 300 kg/m3 de terreno a tratar [2].
Em pilares de pontes, pode-se substituir o material levado pelas águas por betão ou por
um enchimento de rochas de dimensões criteriosamente escolhidas [3].
Os solos são ambientes muito agressivos em relação ao betão armado. Neles se pode
encontrar sais de magnésio e cálcio sob a forma de sulfatos e cloretos e ainda sais de amónia
[2]. A agressividades destes produtos será tanto maior quanto mais dissolvidos eles estiverem
em águas que estejam em movimento diminuindo bastante o seu efeito se as águas estiverem
em repouso ou estagnadas. Por esta mesma razão, estão mais ameaçadas de ataque químico as
partes da infraestrutura que estão em contacto com o nível freático e nas quais existe em
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alternância água e ar [2]. Daí que seja frequentemente considerada a hipótese de conferir
protecções adicionais adequadas às fundações.
Fig. 30 [2] - Rigidificação do terreno sob a sapata existente através da sua injecção
As vibrações que se podem fazer sentir nas fundações das estruturas, para além de
poderem provocar movimentos de terras, podem ainda originar fenómenos de fadiga nos
materiais [2]. Para diminuir os efeitos das vibrações, pode-se optar por vários métodos como,
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Uma solução mais económica ainda que não tão eficaz pode consistir em rodear o topo e
as faces laterais das fundações com camadas espessas amortecedoras das vibrações [2]. Estas
camadas podem ser de cortiça ou de materiais plásticos expandidos. A vantagem destes
últimos é a de não apodrecerem na presença de humidade.
Para máquinas de impacto, as fundações devem ter grande massa mas ser de suspensão
flexível permitindo assim transformar uma onda de choque de grande intensidade noutra de
intensidade mais baixa e de maior duração e, portanto, menos perigosa. Em máquinas
rotativas, a primeira preocupação deve consistir em conseguir o seu equilíbrio dinâmico e
projectar fundações livres de ressonância para que a frequência própria da fundação com a
máquina instalada fique bastante afastada por excesso ou por defeito da frequência excitadora
[2]. É muito importante conseguir a total separação do bloco de fundação da máquina em
relação ao terreno e fundações da estrutura. Daí que seja normal as máquinas estarem
colocadas sobre grandes blocos de betão que descarregam por sua vez em molas ou
amortecedores de borracha ou cortiça [2]. Estes elementos amortecedores devem ser
facilmente acessíveis para se proceder à sua limpeza, inspecção e eventual substituição.
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6.1. Paredes
A primeira operação a efectuar é a descarga da parte do muro que se vai suprimir das
cargas que as vigas e lajes lhe transmitem através da colocação dos escoramentos necessários
(Fig. 32).
É em geral necessário proceder ao recalce das fundações do muro na zona que fica
intacta devido ao incremento de cargas nessa zona, cargas essas que anteriormente eram
absorvidas pelas fundações do troço de muro a eliminar. Logo, o terreno vai ficar submetido a
uma tensão muito superior à inicial sendo o incremento tanto maior quanto o for o vão da
abertura pretendida. O recalce executa-se abrindo uma vala de cada lado da antiga sapata a
uma profundidade superior à desta. As duas valas comunicam-se por baixo da sapata existente
a fim de se poder colocar uma malha de varões ou perfis laminados que armem a nova
fundação. Seguidamente, procede-se à betonagem das zonas abertas no terreno procurando
que as armaduras adicionais fiquem completamente embebidas no novo betão [2] (Fig. 33).
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assim não acontece, será necessário colocar pilares capazes de resistir a essas cargas e
transmiti-las às fundações. Para isso, executa-se no muro existente aberturas de largura
suficiente para os pilares e com o eixo coincidente com o destes. Para que os novos pilares
fiquem perfeitamente travados e ligados monoliticamente ao muro existente, realiza-se uns
encaixes nestes constituídos por zonas reentrantes e salientes na zona do muro que se irá
manter e que serão preenchidas por parte do betão dos novos pilares dando lugar a uma
ligação muito perfeita destes com o muro [2] (Fig. 34).
Fig. 33 [2] - Recalce da sapata do muro de suporte existente junto aos limites da futura
abertura por incremento das tensões de contacto nessas zonas
Fig. 34 [2] - Denteado da parede existente para solidarização dos novos pilares a esta
Coloca-se depois a armadura necessária nos pilares e betona-se estes. Os pilares vão
ficar a delimitar o vão da abertura a realizar-se. Após a realização destas operações prévias de
reforço e quando os novos materiais tenham adquirido resistência suficiente, procede-se à
abertura de roços para o alojamento do lintel no topo do muro. O comprimento destes roços
será igual ao vão da abertura mais as correspondentes entregas do lintel e uns 5 a 10 cm de
cada lado para se poder trabalhar sem empecilhos na colocação do lintel [2]. É preciso um
cuidado especial com as faces superiores dos roços procurando que sejam totalmente
horizontais e planos, a fim de que tenham um bom contacto com a parte superior do lintel. O
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lintel é em geral formado por perfis metálicos em I ou U ainda que não haja inconveniente em
executá-los em betão armado colocado in-situ ou com recurso a pré-fabricação.
Quando os lintéis são formados por perfis metálicos, a colocação dos mesmos faz-se
abrindo um primeiro roço correspondente à metade mais carregada do muro que, nos
edifícios, corresponde ao paramento interior (Fig. 35).
Este roço terá a altura do perfil que irá receber e uma largura igual a metade da
espessura do muro. Uma vez aberto o roço, coloca-se no seu interior um dos perfis metálicos,
ligando-o bem com argamassa de cimento de alta resistência, em particular nas zonas dos
apoios, procurando que assente perfeitamente na parte inferior do roço (Fig. 36). O objectivo é
que, quando se realize a abertura do roço correspondente à outra metade do muro, o perfil não
fique sujeito à flexão suportando assim a totalidade da carga que na altura actuasse sobre ele
[2].
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Fig. 37 [2] - Demolição do muro para criar a abertura já com o par de perfis metálicos na sua
posição definitiva
A parte superior do muro no qual se pretende fazer a abertura deve transmitir as suas
cargas ao lintel colocado o que se consegue metendo cunhas de aço no espaço compreendido
entre a face superior do lintel e a inferior do topo da abertura. O espaço restante compreendido
entre as duas faces pode ser preenchido por uma argamassa expansiva ou por meio de betão,
se o espaço for muito grande [2].
O martelo pneumático tem como desvantagens o facto de ser lento e introduzir efeitos
dinâmicos apreciáveis que podem produzir, em alguns casos, estragos na estrutura [2]. O corte
com lança de oxigénio é rápido mas caro ainda que o custo com mão-de-obra seja menor. Tem
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Uma vez efectuadas todas as operações atrás descritas, elimina-se todo o sistema de
escoramento utilizado.
O principal problema deste tipo de reforço é o controle de flechas nos lintéis [2]. Estas
devem ser calculadas tomando em conta a intensidade e forma de actuação das cargas antes e
depois da execução da abertura.
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6.2. Lajes
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7. CONCLUSÕES
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8. REFERÊNCIAS
[1] CEB Bulletin n.º 166, “Guide to Durable Structures”, Comité Européen du Béton,
General Task Group n.º 20, Copenhagen, 1985
[2] M. Fernández Cánovàs, “Patología y Terapéutica del Hormigón Armado”, 2ª Edição,
Editorial Dossat, Madrid
[3] Jorge de Brito, “Patologia das Estruturas de Betão - Degradação, Avaliação e Previsão
da Vida Útil”, Tese de Mestrado em Engenharia de Estruturas, Lisboa, 1987
[4] M. G. Cachadinha e V. Cóias e Silva, “Reforço e Reparação de Elementos de Betão
Armado - Concepção e Execução”, Revista Portuguesa de Engenharia de Estruturas, n.º
17, Lisboa, 1983
[5] I. Cabrita Neves, “Avaliação e Reparação de Prejuízos Causados por Incêndios”, Curso
sobre Patologia, Reabilitação e Manutenção de Estruturas e Edifícios, Lisboa, 1986
[6] W. Klingsch e U. Bretschneider, “Apreciação e Reparação de Danos de Incêndio”, DBZ
Forchung + Praxis, 12/80, 1980
[7] J. K. Green e W. B. Long, “Gunite Repairs to Fire Damaged Concrete Structures”,
Concrete, London, 1971
[8] M. Hirosawa, “Japanese Report on General Situation of Research on Method to
Strengthen Existing Reinforced Concrete Buildings in Japan”, Intergovernmental
Conference on the Assessment and Mitigation of Earthquake Risk, Paris, 1967
[9] CEB Bulletin n.º 162, “Assessment of Concrete Structures and Design Procedures for
Upgrading (Redesign)”, Comité Européen du Béton, General Task Group n.º 12, Prague,
1983
[10] N. Ignatiev, “Strengthening of Prefabricated Reinforced Concrete Structures and
Strengthening with Precast Elements”
[11] N. Ignatiev, “Strengthening of Building Reinforced Concrete Structures through
Addition of New Bearing Components”
[12] J. Vasconcelos de Paiva et al., “Documento Introdutório do Tema - Patologia da
Construção”, 1º Encontro sobre Conservação e Reabilitação de Edifícios de Habitação,
Lisboa, 1985
[13] J. Appleton, “Patologia de Construções Novas: O Caso do Bairro da Liberdade
(Setúbal)”, 1º Encontro sobre Conservação e Reabilitação de Edifícios de Habitação,
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Reparação e reforço de estruturas em casos específicos por Jorge de Brito
Lisboa, 1985
[14] M. G. Cachadinha, “Reforço e Reparação de Pontes”, Relatório Interno, Gapres, Lisboa,
1983
[15] V. Cóias e Silva, “Reparação e Reforço de Estruturas de Edifícios”, 1º Simpósio
Nacional de Materiais e Tecnologias na Construção (SIMATEC), Lisboa, 1985
[16] Jorge de Brito, “Reabilitação de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado - Volume
4”, Relatório DEC. AI 14/88, CMEST, IST, Lisboa, 1988
[17] Jorge de Brito, “Reabilitação de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado - Volume
3”, Relatório DEC. AI 13/88, CMEST, IST, Lisboa, 1988
[18] Jorge de Brito, “Reabilitação de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado - Volume
2”, Relatório DEC. AI 12/88, CMEST, IST, Lisboa, 1988
[19] Jorge de Brito, “Reabilitação de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado - Volume
1”, Relatório DEC. AI 12/88, CMEST, IST, Lisboa, 1988
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