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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS – TÉCNICO JUDICIÁRIO –

ÁREA ADMINISTRATIVA – CNJ


PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA

Saudações, prezado aluno!


Em nossa aula 2, estudaremos a regência de alguns nomes e
verbos, além de casos de ocorrência (ou não) da crase.
Em relação à regência, digo “de alguns nomes e verbos” porque a
grande quantidade deles no léxico da nossa Língua não nos permite estudar o
assunto em sua inteireza.
Ficaremos, então, com o estudo da regência de um grupo de
nomes e verbos cujo conhecimento não pode faltar a você.

Regência Nominal

Regência nominal é a relação entre um substantivo, adjetivo ou


advérbio transitivo e seu respectivo complemento nominal. Essa relação é
intermediada por uma preposição. Vejamos três exemplos do que acabei de
falar:
(1) Os cursos do Ponto têm sido úteis a muitos candidatos.
ADJ. COMP. NOMINAL

PREP.

(2) A maioria votou favoravelmente ao projeto.


ADV. COMP. NOMINAL

PREP. (de + a)

(3) Todos vocês têm capacidade de passar no concurso!


SUBST. COMP. NOMINAL

PREP.

É importante você notar que muitos nomes seguem o mesmo


regime dos verbos correspondentes. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
Abaixo está uma relação de nomes e suas regências que merecem
sua atenção, já que o emprego deles é frequente em concursos das mais
diversas bancas examinadoras:

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Acessível a Favorável a Ódio a ou contra


Acostumado a ou com Fiel a Odioso a ou para
Alheio a Grato a Posterior a

Alusão a Hábil em Preferência a ou por

Ansioso por Habituado a Preferível a

Atenção a ou para Inacessível a Prejudicial a

Atento a ou em Indeciso em Próprio de ou para

Benéfico a Invasão de Próximo a ou de


Compatível com Junto a ou de Querido de ou por
Cuidadoso com Leal a Residente em
Desacostumado a ou Maior de Respeito a ou por
com
Desatento a Morador em Sensível a
Desfavorável a Natural de Simpatia por
Desrespeito a Necessário a Simpático a
Estranho a Necessidade de Útil a ou para
Estranho a Nocivo a Versado em

Atenção especial deve ser dada aos nomes que regem preposição
A, por possibilitarem a ocorrência de crase.

1. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) A coerência e a correção gramatical do


texto seriam mantidas ao se substituir “fundamentais para a
sobrevivência” (l.9) por fundamentais a sobrevivência.

Comentário – O emprego da preposição a (no lugar de “para”) para reger o


complemento do adjetivo “fundamentais” deve fazer surgir a crase, pois ela se
aglutina com o artigo “a” que determina o substantivo “sobrevivência”:
“fundamentais à sobrevivência”.
Resposta – Item errado.

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[...]
Então, o estudo classifica essa drástica redução na
43 intensidade das emissões de gás carbônico relacionadas às
atividades econômicas de “sem precedente e, provavelmente,
impossível”, reforçando a defesa da estagnação econômica.
[...]
Ricardo Young. Mudanças no consumo. In: CartaCapital,
26/2/2010. Internet: <www.cartacapital.com.br> (com adaptações).

2. (Cespe/AGU/Administrador/2010) Na linha 45, o termo “da” pode ser


trocado por à, o que, embora altere a regência do nome, mantém seu
sentido no texto.

Comentário – A preposição “de”, que se contraiu com o artigo definido


feminino “a”, decorre da regência do substantivo abstrato “defesa” (esse é um
caso de regência nominal). A troca da preposição original por a não causa
prejuízos ao texto (permanece a ideia de que a estagnação econômica é
defendida) e faz surgir a crase, que deve ser indicada pelo acento grave (`):

“defesa a a estagnação” = “defesa à estagnação”

Lemos em Cegalla (2008:487), por exemplo, que:

“Certos substantivos e adjetivos admitem mais de uma


regência. A escolha desta ou daquela preposição deve, no
entanto, obedecer às exigências da clareza e da eufonia e
adequar-se aos diferentes matizes do pensamento.”

O que podemos entender quando o pesquisador diz "admitem


mais de uma regência" e logo em seguida menciona "A escolha desta ou
daquela preposição"? Devemos entender que mudança de preposição tem a
ver com mudança de regência.
Resposta – Item certo.

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[...]
legislar, de julgar e de impor o cumprimento da lei. Foi muito
além de seus antecessores e rejeitou, na construção da imagem
25 do homem natural, todas as determinações atribuíveis à vida
social, incluída a capacidade intelectual necessária para
conceber as normas adequadas à vida coletiva.
Rolf Kuntz. Um clássico sobre Rousseau.
In: Jornal de Resenhas, n.º 10 (com adaptações).

3. (Cespe/CNPQ/Analista em Ciência e Tecnologia Júnior/2011) O emprego


do sinal indicativo de crase em “à vida social” (L.25-26) e “à vida coletiva”
(L.27) é exigido por “atribuíveis” (L.25), no primeiro caso, e por
“adequadas” (L.27), no segundo, e pela presença do artigo feminino, que,
nos dois casos, restringe o substantivo “vida”.

Comentário – Repare que, realmente, os dois adjetivos exigem a preposição


“a” (atribuíveis a quê?; adequadas a quê?) para regerem seus respectivos
complementos: “a vida social” e “a vida coletiva”. Como esses complementos
se fazem acompanhar pelo artigo definido “a” (que pelo próprio nome já
transmite a ideia de determinação, restrição), as condições para o surgimento
da crase estão todas satisfeitas.
Resposta – Item certo.

[...]

4. (Cespe/PM-CE/2012) A crase que ocorre no segmento “dedicação à Pátria”


(L.2) consiste no fenômeno gramatical de se fundir a preposição “a”,
requerida por “dedicação”, ao artigo “a”, que acompanha o nome “Pátria”.
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Comentário – O examinador disse tudo corretamente. Trata-se de um caso


típico de regência nominal que contribui com o surgimento da crase.
Resposta – Item certo.

1 Os 68.544 vereadores que serão eleitos, em 7 de


outubro, por 138.242.323 eleitores, nos mais de 5.500
municípios brasileiros, terão a tarefa de fiscalizar as
4 prefeituras, além de criar e modificar leis restritas às cidades.
[...]
Editorial, Estado de Minas, 19/7/2012

5. (Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/2012) O sinal indicativo de crase em


“restritivas às cidades” (L.4) justifica-se porque a palavra “restritas” exige
complemento regido pela preposição a e a palavra “cidades” vem
antecedida por artigo definido feminino, no plural.

Comentário – Esta questão confirma o que expliquei. A palavra “restritas” é


adjetivo que rege seu complemento (“as cidades”) por meio da preposição “a”.
Trata-se, portanto, de mais um caso de regência nominal. Sabemos que
a + as = às.
Resposta – Item certo.

A seleção de uma ou outra preposição para acompanhar o nome


regente parece não ter critérios bem definidos. Em consulta feita ao Dicionário
de regimes substantivos e adjetivos1, de Francisco Fernandes, observam-se,
por exemplo, variadas construções possíveis para satisfazer a regência do
substantivo dificuldade(s), entre elas estão:
(4) "Com pouco mais estaria o Dr. Luís em dificuldades com
fornecedores."

1
FERNANDES, Francisco, 1980, Dicionário de regimes substantivos e adjetivos, Porto Alegre, Editora Globo.
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(5) "O ar carbonifica-se duma espessura ácida, que pelas


dificuldades de o respirar propende à sonolência."
(6) "Eu não tive dificuldade em mostrar que Felisbelo procurava
apenas uma achega."
(7) "Nunca encontrou dificuldade na realização de seus
projetos."

Observa-se aqui apenas a obrigatoriedade de se contrair a


preposição em com o artigo correspondente ao substantivo com o qual forma
um constituinte. Isso é o que ocorre em (7).
Há bons dicionários que nos orientam a utilizar as preposições
adequadamente. Um deles é o Dicionário prático de regência nominal, do
professor Celso Pedro Luft. E é importante lê-los. A omissão ou o uso
inadequado da preposição trazem prejuízo à frase.
Verifique a partir de agora outras questões de provas anteriores.

6. (Cespe/Sedu-ES/Agente de Suporte Educacional/2010) “o relacionamento


do ser humano com o meio onde vive e ao qual está diretamente
relacionado”. O emprego da preposição a em “ao qual está diretamente
relacionado” é exigido pela regência de “relacionado”.

Comentário – Este é mais um caso de regência nominal. O adjetivo


“relacionado”, que tem seu significado complementado pelo pronome relativo
“o qual” (representante do substantivo “meio”) exige a preposição “a”
(relacionada a quê?) para reger seu complemento.
Resposta – Item certo.

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[...]

7. (Cespe/Banco da Amazônia/Técnico Científico/2012) Na linha 8, o


emprego da preposição em ‘do qual’ é exigido pela presença da palavra
‘sistema’.

Comentário – A preposição “de” (contraída com o artigo “o”) é exigida pelo


substantivo abstrato “orgulho”. Trata-se, portanto, de um caso de regência
nominal. Observe: devemos ter orgulho do sistema financeiro. O termo
sublinhado funciona como complemento nominal.

Dica legal!
Fique de olho nos pronomes relativos (“o qual”, neste caso). Após eles,
a preposição exigida por um verbo ou nome é quase sempre colocada antes
desses pronomes.

Resposta – Item errado

Como você está indo até agora? Caso não tenha entendido alguma
explicação, sugiro que volte a ela imediatamente. Não prossiga sem que as
dúvidas tenham sido esclarecidas. Ao entrarmos no tópico sobre regência
verbal (faremos isso nas próximas linhas), é recomendável que você esteja
seguro em relação ao que acabamos de estudar. Outras informações serão
acrescentadas. Não deixe que as dúvidas se acumulem.

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Regência Verbal

Comecemos este tópico trazendo à memória conceitos de


transitividade verbal. Você se lembra disso? Não é nenhum “bicho de sete
cabeças”! Quer ver?
Verbos cujos complementos (objetos diretos ou objetos
indiretos) lhes integram os sentidos são classificados como transitivos.
Estão divididos em:
a) transitivos diretos: seus complementos (objetos diretos) não
são introduzidos obrigatoriamente por preposição;

(8) Quero água.


VTD OD

(9) A médico, confessor e letrado nunca enganes.


ODP VTD

Em (9), a preposição “A” é empregada simplesmente por motivo


de ênfase, e não pela exigência da transitividade do verbo. Nesse caso, o
complemento vem preposicionado; contudo permanece como objeto direto.
b) transitivos indiretos: seus complementos (objetos indiretos)
são necessariamente introduzidos por uma preposição, exceto quando
empregado um pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe);
(10) Gosto de água.
VTI OI

(11) Custou-me entender o assunto.


VTI OI
c) transitivos diretos e indiretos: reúnem, ao mesmo tempo,
objetos diretos e indiretos;

(12) Deram-lhe um presente.


VTD OI OD

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Há também verbos considerados de sentidos completos, por não


exigirem complementos que lhes integrem os significados. São conhecidos
como intransitivos.
(13) Infelizmente, a vítima do acidente morreu.
VI

Todos esses verbos são considerados nocionais (possuem valor


semântico, denotam acontecimento, fenômeno natural, desejo, atividade
mental).
Existe ainda uma categoria de verbos que precisa ser mencionada
aqui. É a dos verbos de ligação, também considerados não nocionais ou
copulativos. Esses verbos, de significados indefinidos (ou predicações
incompletas), unem (ligam, servem de “ponte”) o sujeito da oração a seu
predicativo (função esta desempenhada por adjetivos, substantivos ou
pronomes).

(14) Maria é feliz.


Suj. VL Pred.

Verbos de ligação denotam situação permanente, situação


transitória, mudança de situação.

(15) João é estudioso. (situação permanente)


(16) João está cansado. (situação transitória)
(17) João ficou alegre. (mudança de situação)

Estaria tudo muito bom se as coisas fossem tão certinhas assim,


não é mesmo? O fato é que a classificação de um verbo em transitivo direto,
transitivo indireto, transitivo direto e indireto, intransitivo ou de
ligação dependerá das relações semântico-sintáticas entre os termos da
oração.
(18) João anda cansado.
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(19) João anda depressa.

Em (18), o verbo (“anda”) denota o estado de “João” no momento


da fala e liga o sujeito da oração (“João”) ao seu predicativo (“cansado”). É,
pois, verbo de ligação (copulativo, não nocional).
Em (19), o mesmo verbo agora indica a ação exercida pelo sujeito.
É, pois, verbo nocional. Notem que o vocábulo “depressa” não integra o
significado do verbo, mas indica a circunstância (de modo) em que a ação é
desenvolvida.
Uma vez entendido o porquê da classificação de um verbo em
transitivo (direto; indireto; direto e indireto), intransitivo ou de ligação, já
estamos aptos a tratar especificamente da regência de alguns verbos. Diga-se
ainda que “a regência verbal pretende estabelecer os diversos regimes com
que um verbo pode ser empregado”, como nos ensina o eminente professor
Décio Sena.

1 Assistimos à dissolução dos discursos


homogeneizantes e totalizantes da ciência e da cultura. Não
existe narração ou gênero do discurso capaz de dar um
4 traçado único, um horizonte de sentido unitário da
experiência da vida, da cultura, da ciência ou da
subjetividade. Há histórias, no plural; o mundo tornou-se
7 intensamente complexo e as respostas não são diretas nem
estáveis. [...]
Dora Fried Schnitman. Introdução: ciência, cultura e subjetividade. In: Dora Fried
Schnitman (Org.). Novos paradigmas, cultura e subjetividade, p. 17 (com adaptações).

8. (Cespe/Abin/Oficial de Inteligência/2008) O emprego do sinal indicativo de


crase em “à dissolução” (l. 1) deve-se à dupla possibilidade de relações
sintático-semânticas para o verbo assistir.

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Comentário – Vamos aproveitar esta questão de prova para conhecer as


acepções do verbo ASSISTIR.
a) Transitivo indireto com sentido de VER, OBSERVAR; seu
complemento é regido pela preposição A: Assistimos ao final do campeonato.
b) Transitivo indireto com sentido de COMPETIR, CABER,
TER DIREITO; seu complemento também é regido pela preposição A: Não
assiste ao professor reclamar tanto.
c) Transitivo direto ou transitivo indireto (neste caso,
exige preposição A) com sentido de SOCORRER, PRESTAR ASSISTÊNCIA: O
médico assistiu a vítima. Igualmente correta estaria a construção: O médico
assistiu à vítima. Repare o acento grave indicativo de crase (fusão da
preposição A com o artigo feminino A(S) que antecede substantivo de mesmo
gênero gramatical).
d) Intransitivo com sentido de MORAR, RESIDIR: Há cinco
anos resido em Brasília. Observe a presença da preposição “em” exigida pelo
verbo e que introduz o adjunto adverbial de lugar (não confunda esse termo
com objeto indireto).
Agora já podemos dar início ao comentário da questão
propriamente dito. O gabarito oficial considerou este item anulado. Por quê? A
parte final da declaração traz um conceito discutível. A ocorrência da crase,
muito embora dependa realmente da regência do verbo ASSISTIR, deve-se
ainda pela presença do artigo feminino A que acompanha o substantivo
“dissolução”.
Não obstante, a admissão do verbo ASSISTIR como transitivo
direto ou indireto só faz sentido se o tomarmos com os valores semânticos
indicados em c). No contexto em que surge, essa concepção alteraria o sentido
do que se pretende comunicar. Portanto, melhor seria a interpretação do verbo
ASSISTIR como transitivo indireto, indicando a observação do fato exposto
no período em que surge.

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Resposta – Item realmente mal formulado, melhor foi ter sido anulado
mesmo.

9. (Cespe/TSE/Analista Administrativo/2007) Assinale a opção que apresenta


fragmento de texto gramaticalmente correto.

a) “Estamos num caminho certo, no caminho que consagra o sistema que


preserva, acima de tudo, a vontade do eleitor”, destacou. O presidente
lembrou de que a expectativa inicial era de chegar ao patamar de 90%
dos votos totalizados em todo o país às 22 horas, mas o índice foi
alcançado às 19 h 30 min.
b) Ao responder uma questão sobre os resultados apontados na apuração do
segundo turno presidencial, o ministro Marco Aurélio considerou que,
“sem dúvida alguma, a diferença maior de votos resulta por legitimidade
para o candidato eleito”. O ministro Marco Aurélio congratulou aos
eleitores brasileiros que, mais uma vez, compareceram às urnas para
exercer “esse direito inerente à cidadania, que é o direito de escolher os
representantes”.

Comentário – Alternativa A: apresenta dois problemas de regência verbal. O


primeiro deles é o emprego da preposição “de” para reger o complemento da
forma verbal “lembrou”. É comum que algumas pessoas se atrapalhem com o
uso dos verbos LEMBRAR/ESQUECER. Isso ocorre porque esses verbos
apresentam variados regimes. Vamos a eles!
a) Transitivos diretos quando conjugados sem auxílio do
pronome (parte integrante do verbo): Esqueci o livro. Lembrou cada detalhe.
Temos aqui: I) sujeito oculto: eu e ele; II) objeto direto: “o livro” e “cada
detalhe”.
b) Transitivos indiretos quando conjugados com auxílio de
um pronome (parte integrante do verbo): Esqueci-me do livro. Lembrou-se de

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cada detalhe. O que temos agora? I) parte integrante do verbo: “me” e “se”;
II) objeto indireto: “do livro”; “de cada detalhe”.
c) Transitivos indiretos quando em construções nas quais a
coisa esquecida assume a função de sujeito e a pessoa (normalmente
representada pelo pronome oblíquo) representa o objeto indireto: Esqueceu-
me o livro. Lembrou-me cada detalhe. Perceba: I) sujeito: “o livro” e “cada
detalhe”; II) objeto indireto: “me”.
De acordo com a explicação em A, você pode entender que o
verbo “lembrou” é transitivo direto e a preposição “de” que o segue está
“sobrando” no enunciado. Também está “sobrando” a preposição “de” que rege
a oração subordinada substantiva predicativa “chegar ao patamar de 90% dos
votos totalizados em todo o país”. A redação correta deve ser a seguinte:
“Estamos num caminho certo, no caminho que consagra o sistema que
preserva, acima de tudo, a vontade do eleitor”, destacou. O presidente
lembrou que a expectativa inicial era chegar ao patamar de 90% dos votos
totalizados em todo o país às 22h, mas o índice foi alcançado às 19h30min.
Voltemos agora nossas atenções para a alternativa B, em que
há três problemas de regência verbal. A primeira diz respeito ao regime do
verbo RESPONDER, que pode ser empregado como:
a) Transitivo direto e indireto (exige preposição A) com
objeto direto representado por coisa e objeto indireto representado por
pessoa: Respondi o telegrama ao amigo.
b) Transitivo indireto (exige preposição A) com relação à
pergunta feita: Ele respondeu ao interrogatório.
c) Transitivo direto com relação ao que foi respondido ou à
resposta dada: Ele respondeu que não iria à praia.
Note a ausência da preposição A antes do complemento do
verbo “responder” na passagem em surge, indicando erroneamente seu
emprego como transitivo direto.

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E não é só isso: o verbo RESULTAR, transitivo indireto, rege


preposição EM e não “por” como está no texto. Por último, o verbo
CONGRATULAR é transitivo direto, isto é, seu complemento não necessita de
preposição. Mas ele foi utilizado como verbo transitivo indireto. Caso seu
emprego se desse com aspecto pronominal (congratular-se), seria também
transitivo indireto, porém regendo preposição COM. O emprego da preposição
“a” é completamente descabido.
Resposta – Itens errados.

[...] Para crescer mais e de maneira


13 socialmente mais includente, do que o Brasil realmente precisa é
que se desconstrua o mito do gigante adormecido. E, para isso,
carecemos de um discurso que apresente à sociedade os custos
16 reais que precisam ser pagos para promover a prosperidade de
cada indivíduo e do conjunto da nossa sociedade.
Carlos Pio. Gigante adormecido. In: Correio
Braziliense, 15/4/2010 (com adaptações)

10. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) A ausência da preposição de antes do


complemento de “precisa” (l.13) indica que essa forma verbal está sendo
usada em função de auxiliar, como em precisar construir.

Comentário – Na verdade, a preposição de existe e o verbo precisar é


principal e não integra nenhuma locução. Repare que ela esta aglutinou-se
(“do”) com o pronome demonstrativo “o” (= aquilo) que surgiu antes do
pronome relativo “que”. Cegalla (2008:513) ensina que a anteposição da
preposição ao pronome demonstrativo tem a vantagem de tornar a frase mais
leve e eufônica. Ele afirma que é opcional repetir a preposição depois do verbo
ser:

“Do que ele menos se lembrava era da perfídia que os


inspirou.” (Machado de Assis)
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Atente agora para as possíveis regências do verbo precisar:


– TRANSITIVO INDIRETO com sentido de ter necessidade,
necessitar:

O país precisa de bons professores. Quem não precisa deles?

Observação: quando acompanhado de infinitivo, a língua


tende a dispensar a preposição:

“Precisavam ser duros, virar tatus.” (Graciliano Ramos)


“Precisava ter a cabeça fria.” (Machado de Assis)

– TRANSITIVO DIRETO no sentido de indicar com exatidão:

A testemunha não soube precisar a hora do acidente.

Resposta – Item errado.

1 Aprendemos a pensar o Brasil como gigante adormecido.


O mito nos diz que o sucesso está garantido pela grandeza dos
nossos recursos naturais, humanos e culturais.
[...]
Carlos Pio. Gigante adormecido. In: Correio
Braziliense, 15/4/2010 (com adaptações).

11. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) A omissão da preposição em no


complemento de pensar, como se vê em “pensar o Brasil” (l.1), indica
uma linguagem pouco formal; em texto com mais formalidade seria
usado: pensar no Brasil.

Comentário – Esta foi de lascar! Acostumados a utilizar o verbo pensar como


transitivo indireto (pensar em), muitos candidatos erraram a questão. Portanto
eis aqui uma excelente oportunidade para aprendermos um pouco mais sobre
os regimes desse verbo.

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Como verbo INTRNASITIVO, ele se equivale a analisar,


refletir, raciocinar. Exemplo:

Antes de decidir, pense!

Como verbo TRNASITIVO INDIRETO (ocorrência muito


comum entre nós), exige a preposição em para reger seu complemento (objeto
indireto) e significa imaginar, cogitar. Exemplo:

“Quando penso em você, fecho os olhos de saudade.” (Cecília


Meireles)

Como verbo TRANSITIVO DIRETO (uso menos comum), é


sinônimo de cuidar, tratar. Exemplo:

A equipe permaneceu pensando as vítimas do terremoto.

Foi com o último sentido que o verbo pensar surgiu no texto


da prova. Entenda-se: Aprendemos a tratar o Brasil como se ele fosse um
gigante adormecido. Portanto o emprego dele também demonstra o uso formal
da linguagem.
Resposta – Item errado.

[...]
4 A palavra “projeto” remete-se à antecipação e, em boa
parte, ao voluntarismo. Não se trata unicamente de prever o
futuro e, sim, de mudar o seu rumo em consequência de um
7 conjunto de valores e de necessidades. [...]

Ignacy Sachs. Voltando ao planejamento.


Internet: <www.envolverde.com.br.> (com adaptações).

12. (Cespe/Aneel/Cargos de Nível Superior/2010) A supressão da preposição


antes dos vocábulos “antecipação” (l.4) e “voluntarismo” (l.5), com a
manutenção dos artigos definidos, não acarretaria prejuízo sintático ao
texto.
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Comentário – A preposição a (“à” = a [prep.]+ a [art.]; “ao” = a [pre.]+ o


[art.]) é uma exigência do verbo remeter (remeter a). Suprimi-la da
aglutinação existente em “à antecipação” e da combinação em “ao
voluntarismo” constitui erro de regência
Resposta – Item errado.

[...]

[...]

13. (Cespe/TJ-ES/Analista Judiciário/2011) Em “à natureza”, o emprego do


sinal indicativo de crase indica que o verbo “conectar” está sendo utilizado
com a preposição a, regendo um de seus complementos. Estaria
igualmente correto e coerente o emprego, em vez da preposição a, da
preposição com, não cabendo, nesse caso, o uso do acento indicativo de
crase: com a natureza.

Comentário – Sim, é isso mesmo. O verbo conectar é bitransitivo. Os termos


“a sua moralidade” e “à natureza das coisas” são, respectivamente, objeto
direto e objeto indireto. Este é regido pela preposição a, mas nada impede o
emprego da preposição com. Obviamente, a estrutura com (prep.) + a (art.)
não faz surgir a crase.
Resposta – Item certo.
Precisamos ainda conhecer a regência de mais alguns verbos.

ASPIRAR
a) VTD = sorver, respirar: Gosto de aspirar o ar puro do campo.
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b) VTI (prep. A) = desejar, almejar: O escriturário aspira ao cargo de


gerente.

CHAMAR
a) VTD = convocar, solicitar a presença: Chamei o professor.
b) VTI (prep. POR) = invocar, pedir ajuda: Chamei por Deus.
c) VTD ou VTI = qualificar, nomear, apelidar: Chamei-o patriota (de
patriota) // Chamei-lhe patriota (de patriota). – a preposição que
acompanha o predicativo do objeto é facultativa.

[...]

14. (Cespe/EBC/Cargos de Nível Superior/Advocacia/2011) Em “que ele


chama metafísica dos costumes” (L.1-2), o trecho em itálico, que exerce,
na oração, a função de complemento verbal, deveria estar precedido da
preposição de.

Comentário – Existem dois problemas aqui, apesar de muitos candidatos


terem percebido apenas um deles. Começarei explicando o mais notável para a
maioria.
O primeiro problema foi o examinador ter dito que a
preposição de é obrigatória. Na verdade, ela é facultativa quando o verbo
chamar tem sentido de qualificar, nomear, apelidar. Nesse caso, ele é
transitivo direto ou transitivo indireto, tanto faz. Portanto a construção está
correta e correta também estaria se fosse assim: que ele chama de metafísica
dos costumes.
Agora vem o que muitos não viram. O trecho em itálico não
exerce função de complemento verbal (objeto direto e objeto indireto). Essa
função é desempenhada pelo pronome relativo “que”, o qual substitui o
antecedente “ética”. Veja a oração adjetiva reescrita de outra forma: ele

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chama a ética (de) metafísica dos costumes. O termo “ética” funciona


como complemento verbal (objeto direto); o trecho destacado pelo examinador
(“metafísica dos costumes”) funciona como predicativo desse objeto, quer com
preposição, quer sem.
Resposta – Item errado.

CUSTAR
a) VTI (conjugado na 3ª pessoa) = ser difícil, ser penoso: Custou-me
entender este assunto.
b) VTDI = acarretar: A imprudência custou-lhe lágrimas amargas.
c) VI = estabelecer preço: Este rádio custou vinte reais.

15. (Cespe/Ceturb-ES/Agente de Trânsito/2010) “que os acidentes de trânsito


no Brasil custam ao Estado e à sociedade aproximadamente 30 bilhões de
reais por ano”. O acento grave indicativo de crase em “à sociedade”
justifica-se pela regência de “custam” e pela presença de artigo definido
feminino singular.

Comentário – Funciona como objeto indireto da forma verbal “custam” o


termo “ao Estado e à sociedade”. Como tal, o objeto indireto veio regido por
preposição (“a” – custam a quem?). Essa preposição contraiu-se com o artigo
“a” que acompanha o substantivo “sociedade” (a + a), o que ocasionou a
forma “à”.
Resposta – Item certo.

IMPLICAR
a) VTD = acarretar, trazer conseqüência: Teu nervosismo implicou a tua
reprovação.
b) VTI (prep. COM) = contender: Ela implica muito com o seu irmão.

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c) VTI (prep. EM) = pronominal: Implicou-se em situações delicadas.

INFORMAR/AVISAR/CIENTIFICAR/NOTIFICAR
a) VTDI: Informei a prova ao aluno. Informei o aluno da (de + a) prova.

PREFERIR
a) VTDI (seu complemento indireto é regido pela preposição A): Prefiro
cinema a televisão. Prefiro o cinema à (a + a) televisão. (CERTO). Prefiro
mais cinema do (de + o) que televisão. (ERRADO).
Obs.: O significado de PREFERIR não admite gradações (mais... que; menos...
que; tanto... quanto). Além disso, a preposição que rege seu complemento
indireto é, obrigatoriamente, A.

VISAR
a) VTD = mirar, ver: O caçador visou o tigre.
b) VTD = rubricar, dar visto: O gerente visou o cheque.
c) VTI (prep. A)= almejar, ter como objetivo: Visamos ao bom ensino da
linguagem.

MORAR/RESIDIR/SITUAR
a) VI (prep. EM): Ela reside na (em + a) rua Dr. Nilo Peçanha. (CERTO) / Ela
reside à (a + a) rua Dr. Nilo Peçanha. (ERRADO)

OBEDECER/DESOBEDECER
a) VTI (prep. A): Obedeço a meu pai. Não desobedeça a seus pais.

Crase

Vamos agora estudar os casos de ocorrência (ou não) de


crase, um fenômeno linguístico que consiste na pronúncia de vogais idênticas

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e sequenciais em uma mesma sílaba. Observe como isso se dá nos versos do


poeta Casemiro de Abreu:

“Teu pensamento é como o Sol que morre


Há de cismando mergulhar-se em mágoas
Durante a noite quando o orvalho desce.”

Entretanto, o que nos interessa nesta aula são apenas os casos de


crase envolvendo a preposição A e a vogal A, que recebem notação gráfica
específica (acento grave): À.

(20) Fomos à (a + a) festa de aniversário do nosso vizinho.

Como regra geral, toda vez que um termo regente (seja nome,
seja verbo) exigir preposição A e o termo regido vier determinado pelo artigo
feminino A(S), a crase surgirá e deverá ser indicada pelo acento grave (`),
como no exemplo acima. Analise estas questões de prova:

16. (Cespe/Correios/Agente de Correios/2011) Emprega-se o sinal indicativo


de crase em “corresponde à crescente transformação histórica” (l.1-2)
porque

(A) a expressão “história postal” (l.1) exige complemento antecedido por


artigo definido feminino.

(B) a forma verbal “corresponde” exige complemento regido da preposição a,


e a expressão que a complementa é precedida do artigo definido a.

(C) a expressão “transformação histórica” deve ser imediatamente precedida


da preposição a.

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(D) a forma verbal “transcorrer” exige complemento regido da preposição a.

(E) a forma verbal “transcorrer” (l.1) foi transformada em substantivo pela


anteposição do artigo “O”.

Comentário – Está clara para você a relação estabelecida entre o termo


regente (a forma verbal “corresponde”) e o termo regido (“a crescente
transformação histórica do próprio país”)? O verbo reclamou a preposição a; o
complemento dele é iniciado pelo artigo definido feminino a. Pronto, estão
satisfeitas as condições para a ocorrência a crase: a + a = à.
Resposta – B.

[...]

[...]

17. (Cespe/Correios/Cargos de Nível Superior/2011) O emprego do sinal


indicativo de crase em “Sujeitado a residência forçada” (L.14-15)
manteria a correção gramatical do texto.

Comentário – Sim. Esta foi só para confirmar o que ensinei acima sobre a
relação entre o termo regente (“Sujeitado”) e o termo regido (a residência
forçada. Quem se sujeita se sujeita a [preposição] alguma coisa. Residência é
palavra feminina que admite o artigo definido feminino a.
Resposta – Item certo.

18. (Cespe/Serpro/Advogado/2010) No trecho “vem causando crescente


apreensão às autoridades”, a ocorrência do acento grave deve-se à
regência de “apreensão”.

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Comentário – Na verdade, a ocorrência do acento deve-se à regência do


verbo causar – que foi usado como bitransitivo (causando o quê a quem?) e
exigiu a preposição “a” para reger o objeto indireto (“as autoridades”) – e à
presença do artigo definido plural “as” que acompanha o substantivo
“autoridades”.
Resposta – Item errado.

19. (Cespe/Serpro/Advogado/2010) “os dados reforçam tendências que vêm


causando crescente apreensão às autoridades atentas à evolução do perfil
da violência no país”. Em “autoridades atentas à evolução do perfil da
violência no país”, o termo “à” poderia ser substituído, sem prejuízo
gramatical ou de sentido para o texto, por para a.

Comentário – Esta questão trata de regência nominal. O adjetivo “atentas”


tem seu significado complementado pelo termo seguinte. Como todo
complemento nominal, este veio introduzido por preposição (“a”). Já que a
regência do nome “atentas” admite tanto a preposição a quanto a preposição
para, a substituição mencionada pelo examinador não prejudica o texto.
Ressalte-se que o artigo que surge na forma para a também está presente na
forma “à”.
Resposta – Item certo.

20. (Cespe/TJ-ES/Cargos de Nível Superior/2011) Nos trechos “chegou à sala


de aula” (L.7) e “uma referência à xepa” (L.8), o emprego do sinal
indicativo de crase, opcional em ambos os casos, justifica-se pela
regência, respectivamente, da forma verbal “chegou” e do substantivo
“referência”.

Comentário – O texto aqui é desnecessário. Tanto o verbo “chegou” como o


nome “referência” requerem a preposição para regerem seus respectivos

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complementos (chegou a onde?; referência a que?). Mas isso é só um lado da


história. A ocorrência da crase depende ainda do que vem depois. Como os
termos seguintes são femininos e estão acompanhados pelo artigo definido
“a”, a crase ocorre. Portanto, dizer que a crase se justifica pela regência da
forma verbal “chegou” e do substantivo “referência” é o mesmo que
desconsiderar a segunda condição, que é essencial.
O outro problema é dizer que a crase é facultativa.
Experimente, por exemplo, substituir os termos femininos “a sala de aula” e “a
xepa” por outros masculinos (não precisa haver relação semântica entre os
termos substitutos e substituídos): “chegou ao auditório”; “referência ao
mercado”. Eis a regrinha de ouro: se usamos ao(s) para o masculino, usamos
à(s) para o gênero feminino.
Resposta – Item errado.

21. (Cespe/BRB/Analista de Tecnologia da Informação /2011) No trecho “essa


propensão tenderá à aceleração” (L.25), o uso do sinal indicativo de crase
não é obrigatório, haja vista que o verbo tender, com o sentido
empregado no texto, pode ter complementação direta ou indireta, isto é,
com ou sem preposição.

Comentário – A história pode até ter comovido você, mas não expressa a
verdade. O verbo é transitivo indireto e requer a preposição A para reger seu
objeto indireto: tenderá a + a aceleração. Basta trocar o substantivo feminino
“aceleração” por um masculino para comprovar o uso do artigo: tenderá ao
aumento.
Pessoalmente, acredito que a banca quis confundir os
candidatos com a regência do verbo atender. Este pode ser usado como
transitivo direto ou indireto: atendeu aos/os anseios dos alunos. Nesse caso,
crase seria facultativa.
Resposta – Item errado.

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[...]

[...]

22. (Cespe/MJ-DPF/Papiloscopista/2012) Na linha 24, considerando-se a dupla


regência do verbo impor e a presença do pronome “mesmas”, seria
facultado o emprego do acento indicativo de crase na palavra “as” da
expressão “as mesmas renúncias”.

Comentário – O verbo impor é transitivo direto e indireto. Pense assim:


quem impõe impõe algo a alguém. A coisa imposta (“as mesmas renúncias”) é
o objeto direto; portanto “as” é somente artigo, não existe aí preposição. A
pessoa a quem se impõe algo é o objeto indireto, representado pelo pronome
reflexivo “se”, que faz alusão ao termo “aqueles”. Como o pronome “se” é
átono, a preposição é desnecessária. Caso estivéssemos diante de um
pronome tônico, a preposição seria evidenciada: ...pela prisão daqueles que
não impõem as mesmas renúncias a si mesmos. Concluímos, pois, que o
emprego do acento indicativo de crase na palavra “as” da expressão “as
mesmas renúncias” é proibido.
Resposta – Item errado.

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23. (Cespe/MPE-TO/Promotor de Justiça/2012) O emprego do sinal indicativo


de crase em “à lei” (L.5) é facultativo, razão por que sua retirada não
prejudicaria a correção gramatical do texto.

Comentário – O verbo “devem” é bitransitivo. Seu objeto direto é o termo


“obediência” e seu objeto indireto, introduzido pela preposição a é o termo “a
lei” (substantivo feminino que surgiu acompanhado do artigo a).

Dica legal!
Troque a palavra feminina por uma do gênero masculino para notar a
presença do artigo: obediência ao delegado. Se usamos ao(s) para o
masculino, devemos usar à(s) para o feminino.

Resposta – Item errado.

Também merecem destaque os casos de crase que surgem do


encontro da preposição A com a letra A que inicia os pronomes demonstrativos
AQUELA(S), AQUELE(S) e AQUILO, bem como com o A (= aquela) pronome
demonstrativo.

(21) O aluno referia-se àquela questão anulada da prova.


(22) O prêmio foi dado à que chegou primeiro.

Em (23), a forma verbal “referia-se” (“se” é parte integrante do


verbo) é transitivo indireto. Seu complemento é regido pela preposição A, que
se une ao A inicial do pronome demonstrativo “aquela”.
Em (24), o complemento indireto de “dado” é regido também pela
preposição A, que se funde com o pronome demonstrativo A (= aquela).

Vejamos outras questões de prova:

1 É evidente que vivemos em um momento prodigioso


da técnica, com transformações profundas das noções de espaço
e tempo; mas a política do espírito não acompanha esse
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4 alargamento do mundo: pelo contrário, vemos dominar no


homem o encolhimento das fronteiras éticas e o esquecimento
de algumas ideias essenciais que fundam o humanismo. Nada
7 vemos de semelhante ao que aconteceu, no plano das ideias, em
outro momento de grandes transformações da técnica e também
de grandes descobertas [...]
Adauto Novaes. Sobre tempo e história. In: Adauto Novaes (Org.).
Tempo e história. São Paulo: Companhia das Letras, p. 14-5 (com adaptações).

24. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) Na linha 7, as relações de regência entre


“semelhante” e “aconteceu” permitem que o trecho “ao que” seja
substituído por àquilo que, sem prejudicar a coerência nem a correção
gramatical do texto.

Comentário – Convém entender primeiro o que há no trecho original. O


adjetivo “semelhante” exige preposição a para reger seu complemento:
“semelhante ao que aconteceu” (isso é um caso de regência nominal, como
visto na primeira parte desta aula). O vocábulo “o” é pronome demonstrativo
(= aquilo); o “que” é pronome relativo. A substituição do “o” por “aquilo” faz
aglutinarem-se a preposição exigida pelo adjetivo “semelhante” e a letra inicial
do pronome relativo: “semelhante àquilo que aconteceu”. A tal aglutinação
deve ser indicada por meio do acento grave indicativo de crase.
Resposta – Item certo.

25. (Cespe/SAD-PE/Analista de Planejamento, Orçamento e Gestão/2010)


“Mas, diante de cada fato, por mais inelutável que seja, o indivíduo tem
ainda uma opção: pode escolher que significação atribuirá àquele fato”. O
acento grave em “àquele” indica que “fato” está empregado de maneira
determinada e específica, comportando o artigo definido.

Comentário – A crase com os pronomes demonstrativos àquele, àquela e


àquilo ocorre porque o “a” inicial desses pronomes se aglutina com a
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preposição “a” exigida por um verbo ou por um nome. Nesta questão, a


preposição foi solicitada pelo verbo “atribuirá”, que a requereu para reger o
seu objeto indireto.
Resposta – Item errado.

[...]
país. Para reverter esse quadro, a Federação Brasileira de
Bancos tenta convencer o Congresso Nacional a criar uma
22 legislação específica para punir os delitos eletrônicos,
semelhante àquela adotada há nove anos pela União Europeia.

André Vargas. Assalto.com.br. In: Veja, 24/11/2010 (com adaptações).

26. (Cespe/PC-ES/Perito Criminal Especial/2011) O uso do acento grave no


pronome “àquela” (L.23) é obrigatório.

Comentário – Você reparou que antes do pronome demonstrativo existe o


adjetivo “semelhante”, que exige a preposição “a” (semelhante a quê?) para
reger seu complemento? Portanto a fusão da preposição “a” com a letra inicial
do demonstrativo “aquela” faz surgir obrigatoriamente “àquela”.
Resposta – Item certo.

Passarei à explicação de outros casos obrigatórios de emprego


do acento grave indicativo de crase.

1. Nas locuções adverbiais femininas


(23) Sairás às pressas.
(24) Todos, à uma, aplaudiram a decisão do professor.

2. Nas locuções prepositivas femininas


(25) Vivia às expensas do (de + o) tio.
(26) A polícia saiu à procura da (de + a) quadrilha.

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Observação: a crase será de rigor quando uma locução


prepositiva terminada por a estiver diante de artigo feminino que acompanha
substantivo. Veja um exemplo abaixo, a partir de uma questão de prova.

[...] Enfrentam-se, teoricamente e na


prática, as manifestações de saúde, a qual é alterada no seio da
10 sociedade devido aos efeitos da desigualdade da distribuição
dos bens produzidos, à aquisição de uma multiplicidade de
conhecimentos e de erros, às possibilidades de domínio dos
13 territórios e comportamentos e ao choque contínuo dos
conflitos. [...]
Ada Ávila Assunção. Uma contribuição ao debate sobre as relações saúde e trabalho.
In: Ciênc. Saúde Coletiva, v. 8, n.o 4, p. 1.005-18, 2003 (com adaptações).

27. (Cespe/Inca/Cargos de Nível Superior/2010) A presença da preposição a


em “à aquisição” (l.11), “às possibilidades” (l.12) e “ao choque” (l.13) é
exigida por “Enfrentam-se” (l.8); por isso, sua repetição é importante,
pois explicita as relações entre termos tão distantes no período sintático.

Comentário – O erro está na indicação do termo regente. A preposição


integra a locução prepositiva “devido a” (l. 10). Observe que a crase decorre
da aglutinação entre a preposição a e os artigos a e as que determinam os
substantivos “aquisição” e “possibilidades”. Note bem: “...devido aos
efeitos..., à aquisição..., às possibilidades... e ao choque...”.
Resposta – Item errado.

[...]
34 O fenomenal crescimento da economia mundial no
decorrer dos dois últimos séculos, baseado no uso das energias
fósseis, provocou um aquecimento global de consequências
37 deletérias e, em parte, irreversíveis. Seria, no entanto, um erro
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considerar que o clima é a bola da vez e as urgências sociais


podem esperar. Em 2007, existiam, no Brasil, 10,7 milhões de
40 indigentes e 46,3 milhões de pobres. E, enquanto os latifúndios
de mais de mil hectares — 3% do total das propriedades rurais
do Brasil — ocupam 57% das terras agriculturáveis,
43 4,8 milhões de famílias sem-terra estão à espera do chão para
plantar.
[...]
Ignacy Sachs. Voltando ao planejamento.
Internet: <www.envolverde.com.br.> (com adaptações).

28. (Cespe/Aneel/Cargos de Nível Superior/2010) O emprego do sinal


indicativo de crase na expressão “à espera” (l.43) é obrigatório; portanto,
sua retirada acarretaria prejuízo ao sentido do texto.

Comentário – O examinador fez duas afirmativas: uma quanto à


obrigatoriedade do acento indicativo de crase e outra a respeito do prejuízo
semântico causado pela sua retirada.
A primeira afirmativa é verdadeira, pois estamos diante da
locução prepositiva feminina “à espera de” (nas locuções adverbiais,
prepositivas e conjuntivas, o acento grave é empregado independentemente
da relação entre termo regente e termo regido).
Agora, experimente retirá-lo: “...4,8 milhões de famílias
sem-terra estão a espera do chão para plantar”. A informação tem sua clareza
prejudicada. É possível argumentar em favor da existência de uma espera: “a
espera do chão”, com a finalidade de plantar. Assim, a passagem perderia a
coesão e a coerência adequadas, ficaria inconclusa (“a espera do chão para
plantar” – e daí?), e teria, repito, seu sentido prejudicado. A segunda
afirmativa também é verdadeira.
Resposta – Item certo.

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3. Nas locuções conjuntivas femininas


(27) À medida que estudo, mais aprendo.
(28) À proporção que vocês estudam, mais se aproximam da
aprovação.

4. Antes de pronome possessivo feminino substantivo (retornem à aula


2, página 4, se vocês tiverem dúvidas quanto ao que seja pronome
substantivo)
(29) Sou favorável à proposta dele e não à sua.
(30) Refiro-me a sua proposta e à minha.

5. Antes de nomes masculinos quando possamos subentender as


palavras MODA, MANEIRA
(31) Cortou cabelo à (maneira de) príncipe Danilo.
(32) Usava sapatos à (moda) Luís XV.
Há construções em que o fenômeno da crase pode ou não ocorrer.
São casos facultativos de emprego do acento grave.

1. Antes de nome próprio feminino (se for personagem histórica, o uso é


proibido)
(33) Refiro-me a (à) Joana.
(34) Refiro-me a Joana d’Arc.

2. Antes de pronome possessivo feminino adjetivo.


(35) Dedico a (à) minha irmã todo o meu trabalho.

Convém ressaltar que o emprego facultativo do acento deriva da


possibilidade de se omitir o artigo feminino A que antecede pronomes
possessivos femininos que acompanham substantivos.

3. Quando o A (artigo) vem precedido pela preposição ATÉ.


(36) Correu até a (à) árvore.

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Se pensarmos na frase Correu até o poste, por exemplo,


perceberemos que a preposição A (“...até ao poste”) não foi empregada
concomitantemente à preposição “até”. Daí vem a alegação de que o emprego
da preposição A é facultativo em casos semelhantes.

E há ainda os casos de crase proibida.

1. Antes de nomes masculinos


(37) Comprou a prazo.

(38) Dei aquela calça a este homem.

2. Antes de verbo.
(39) Começou a chover.

1 O regime trabalhista, ao adotar estratégias de proteção


à saúde do trabalhador, institui mecanismos de monitoração
dos indivíduos, visando a evitar ou identificar precocemente os
4 agravos à sua saúde, quando produzidos ou desencadeados
pelo exercício do trabalho. [...]

Elias Tavares de Araújo. Perícia médica. In: José E. Assad (Coord.). Desafios
éticos. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 1993, p. 241 (com adaptações).

29. (Cespe/Inca/Cargos de Nível Superior/2010) Na linha 3, não se usa o


acento grave na preposição a, logo depois de “visando”, porque o verbo
“evitar” não admite o artigo definido feminino.

Comentário – Questão fácil. A crase não ocorre diante de verbo realmente


porque ele não admite artigo. O “a” é preposição.
Resposta – Item certo.

3. Antes de pronome de tratamento (exceções: SENHORA, SENHORITA)

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(40) Referiu-se a Vossa Excelência.

4. Antes de pronomes oblíquos


(41) Dedico o meu trabalho a ela.

5. Antes de pronomes indefinidos


(42) Ofereci um presente a alguém desta sala.

6. Antes de artigo indefinido


(43) Concedeu a bolsa de estudos a uma menina pobre.

Você deve comparar este exemplo com o (26), que traz uma
locução adverbial feminina e constitui-se em caso obrigatório de crase.

7. Quando o A precede palavras femininas no plural


(44) Respondeu a cartas pouco elogiosas.

Aqui, existe apenas a preposição A, em decorrência da regência da


forma verbal “Respondeu”. A ausência do artigo feminino plural (as)
precedendo o substantivo “cartas” amplia, generaliza, indetermina o alcance
semântico dele. Em resumo, é o seguinte: nunca use crase na seguinte
estrutura: singular (a) + plural (cartas).

30. (Cespe/MPU/Analista Atuarial/2010) “Estudos a respeito de riqueza e


pobreza ora dão quitação a classes pela forma quantitativa da ordem do
ganho econômico, ora pelo grau de consumo na sociedade capitalista”. A
ausência de sinal indicativo de crase no segmento “a classes” indica que
foi empregada apenas a preposição a, exigida pelo verbo dar, sem haver
emprego do artigo feminino.

Comentário – Sim, é isso mesmo. Lembre-se de que não existe crase na


estrutura SINGULAR + PLURAL. Nesse caso, o a que surge é apenas
preposição e o substantivo não se faz acompanhar de artigo.
Resposta – Item certo.

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31. (Cespe/TRE-MT/Analista Administrativo/2010) “É preciso partir da vida.


Mas não vida em geral, e sim da vida hoje, no contexto contemporâneo,
frente a duas tendências contrapostas que nos obrigam a repensar”. A
coerência e a correção gramatical do texto serão preservados caso se
proceda à inserção do sinal indicativo de crase em “a duas”.

Comentário – Mais uma vez a banca examinadora nos apresentou a estrutura


SINGULAR + PLURAL, diante da qual não existe crase. O “a” é preposição
que integra a locução prepositiva “frente a”. Para haver crase é preciso que
haja também o artigo feminino a(s): ...frentes às duas tendências...
Resposta – Item errado.

32. (Cespe/TRE-ES/Técnico – Operação de Computadores/2011 – adaptada)


Considerando que o item seguinte é parte de um texto adaptado do jornal
Estado de Minas de 29/11/2010, julgue-o com referência à correção
gramatical.

A lei impede a justiça eleitoral de conceder registro a candidatura à cargos


eletivos dos condenados em decisão colegiada por crimes contra a vida, o
patrimônio e a administração pública, a economia popular, o meio
ambiente, a saúde pública e o sistema financeiro, assim como por abuso
de autoridade, lavagem de dinheiro e atentado à dignidade sexual, entre
outros.

Comentário – O Cespe não se cansa de apresentar este tipo de questão


envolvendo a estrutura SINGULAR + PLURAL (“à cargos”), diante da qual
não existe crase. Além disso, o substantivo “cargos” repele a crase por ser do
gênero masculino.
Resposta – Item errado.

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[...]

33. (Cespe/TJ-ES/Analista Judiciário/2011) Seriam desrespeitadas as regras


gramaticais caso se substituísse, na expressão “à custa de” (l.4), o
vocábulo “custa” por custas.

Comentário – De novo!? Não existe crase com SINGULAR + PLURAL


(à custas de).
Resposta – Item certo.

8. Quando a preposição A se encontra entre palavras idênticas


(45) Perdeu o gol cara a cara com o goleiro.

9. Com o pronome relativo CUJO(S), CUJA(S)


(46) A pessoa a cuja filha me refiro estuda neste colégio.

O “a” que surge antes do pronome relativo é simplesmente a


preposição exigida pela regência do verbo pronominal REFERIR-SE. Como o
pronome relativo CUJO (e suas variações) não admite o uso de artigo que o
acompanhe, não há o encontro de dois sons iguais.

10. Com pronome relativo QUEM


(47) A pessoa a quem me refiro estuda neste colégio.

Vale também para este caso a explicação dada anteriormente.

ATENÇÃO! É necessário ter cuidado com os pronomes relativos


QUE e A QUAL. Em relação ao primeiro, a crase ocorrerá se o termo anterior
a ele (seja verbo, seja nome) reger preposição A e o termo seguinte for um
dos pronomes demonstrativos A(S), AQUELA(S), AQUELE(S), AQUILO

(48) Dirigi-me às que estavam de serviço na recepção.


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Perceba que existe a contração da preposição A, exigida pelo verbo


DIRIGIR-SE, com o pronome demonstrativo AS (= aquelas).

(49) Sou favorável à que chegou primeiro.

Em relação ao pronome relativo A QUAL, a crase surgirá se o


termo posterior a ele reger preposição A, que deverá ocupar posição
imediatamente anterior ao pronome, contraindo-se com o A inicial que o
integra.

(50) A festa à qual nos dirigimos começará agora.

11. Diante de qualquer preposição diferente de ATÉ


(51) Ele o esperava desde as oito horas.

(52) O trabalho ficará pronto após as seis horas.

12. Diante de nome próprio feminino que designe personagens


históricas, ilustres, celebridades ou entidades religiosas

(53) Refiro-me a Joana d’Arc.

(54) Rogou a Nossa Senhora que o ajudasse.

13. Antes dos pronomes demonstrativos ESTA(S), ESSA(S)


(55) Chegamos a esta cidade há cinco anos.

34. (Cespe/Previc/Técnico Administrativo/2011) Na linha 21, a supressão do


termo ‘essas’, em ‘a essas intervenções externas’, provocaria a
necessidade do uso do acento indicativo de crase em ‘a’.

Comentário – Se você está sentindo falta do texto, digo que ele não é
necessário aqui. Acabei de dizer que a crase não ocorre antes do
demonstrativo essa(s). Mas vamos retirar esse pronome do trecho indicado,
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conforme sugere a banca: a intervenções externas. Então, você acha mesmo


que a mudança provocaria a necessidade do uso do acento indicativo de crase?
É claro que não! A crase não ocorre na estrutura SINGULAR + PLURAL
(a intervenções). Na dúvida, volte ao ponto 7, exemplo (46).
Resposta – Item errado.
35. (Cespe/TC-DF/ACE/2012) No trecho “Exceção a essa regra” (L.22), é
opcional o emprego do sinal indicativo de crase no “a”.

Comentário – Questão fácil, fácil, não é mesmo? Você nem precisa do texto,
certo? Repita-se a regra: antes dos pronomes demonstrativos ESTA(S),
ESSA(S), é proibido o uso do acento indicativo de crase.
Resposta – Item errado.

14. Quando se atribui ao nome valor semântico indefinido


(56) Cristo não fazia jus a morte tão humilhante. (o “a” é apenas
preposição)

[...]
16 informação. “Tudo o que eu aprendo está sujeito à imediata
erosão”, afirma. Isso provoca o que o autor chama de “liquidez
[...]
Mao Barros e Victor Guy. A Internet e a mente. In:
Época Negócios, abr./2010, p. 82 (com adaptações).

36. (Cespe/FUB/Médico/2011) O uso do sinal indicativo de crase em ‘à


imediata erosão’ (L.16-17) é obrigatório.

Comentário – Belíssima questão, apesar de algumas controvérsias por parte


de alguns candidatos. O nome “sujeito” rege preposição “a”; mas o seu
complemento pode ser usado sem o outro “a”, ou seja, sem a outra condição
para que ocorra a crase. Em outras palavras, a expressão “imediata erosão”
pode ser usada em sentido genérico. Compare com os exemplos abaixo:
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– Ele está sujeito a multa. (que tipo de multa?)


– Ele está sujeito à (a + a) multa prevista no regulamento.
(está claro que se trata de uma multa específica)

O eminente gramático Cegalla (2008:277-8) nos ensina


claramente que não há crase diante de nomes femininos “usados em sentido
geral e indeterminado”. Entre os vários exemplos que ele nos fornece, estão
estes que lemos a seguir:

– Depois comprara um cone de papel com pipocas recendentes


a gordura vegetal. (Érico Veríssimo)

– O exército dos invasores, semelhante a serpe monstruosa...


(Alexandre Herculano)

Resposta – Item errado.

[...]
Deparamo-nos com situações de risco que ninguém
teve de enfrentar na história passada — das quais o
28 aquecimento global é apenas uma. Muitos de novos riscos e
incertezas nos afetam onde quer que vivamos, não importa
quão privilegiados ou carentes sejamos. Eles estão
31 inextricavelmente ligados à globalização. A ciência e a
tecnologia tornaram-se elas próprias globalizadas.
Anthony Giddens. Mundo em descontrole. Rio de
Janeiro: Record, 2005, p. 13-4 (com adaptações).

37. (Cespe/MPE-PI/Cargos de Nível Médio/2012) O emprego do sinal


indicativo de crase em “ligados à globalização” (L.31) é facultativo, pois o
termo “globalização” poderia ser empregado, nesse contexto, de forma
indeterminada, indefinida e, consequentemente, sem o artigo definido.

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Comentário – Bem, eu acredito que agora não há dificuldade para responder


a esta questão. Comparando o enunciado com as explicações anteriores,
concluímos que o examinador tem razão.
Resposta – Item certo.

15. Antes da palavra DISTÂNCIA usada sem qualquer especificação


(57) A vítima reconheceu o ladrão a distância.
Considerando que os fragmentos apresentados nos próximos dois itens
constituem partes sucessivas de um texto de Jamil Chade (O Estado de
S. Paulo, 18/12/2008), julgue-os quanto à correção gramatical.

38. (Cespe/DPU/Agente Administrativo/2010 – adaptada) O trecho seguinte é


adaptado do editorial do Jornal Zero Hora (RS) de 20/4/2010. Julgue-o
quanto à correção gramatical.

“A capacidade de atingir milhões de pessoas em apenas alguns segundos


[falando sobre a internet] significa uma ferramenta de valor inestimavel,
que já mostrou toda sua eficiência na eleição
norte-americana que levou Barack Obama a Casa Branca, em um
processo que foi visto como uma revolução na maneira de fazer
campanha.”

Comentário – O Cespe novamente explorou a regência do verbo levar, como


na questão anterior. O detalhe agora é que o seu objeto indireto, regido pela
preposição a, contém a palavra “Casa”. Quando ela vem seguida de
determinante (“Casa Branca”), a crase é obrigatória (“levou Barack Obama à
Casa Branca). Veja outro exemplo:

Vou à casa florida.

Quando a palavra casa vem sem nenhum determinante, a


crase é proibida:
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Vou a casa imediatamente.

Resposta – Item errado.

Por hoje é só. Na próxima aula, estudaremos sintaxe dos termos


da oração. Antes disso, porém, espero suas dúvidas e sugestões.
Fique com Deus e bons estudos!

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Lista das Questões Comentadas

[...] Omite-se, propositadamente,


7 que o mais longo período da história da vida humana foi
orientado pela cooperação e solidariedade, valores
fundamentais para a sobrevivência da espécie. [...]

Henrique Rattner. Tecnologia e sociedade. In: Internet:


<www.espacoacademico.com.br> (com adaptações).

1. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) A coerência e a correção gramatical do


texto seriam mantidas ao se substituir “fundamentais para a
sobrevivência” (l.9) por fundamentais a sobrevivência.

[...]
Então, o estudo classifica essa drástica redução na
43 intensidade das emissões de gás carbônico relacionadas às
atividades econômicas de “sem precedente e, provavelmente,
impossível”, reforçando a defesa da estagnação econômica.
[...]

Ricardo Young. Mudanças no consumo. In: CartaCapital,


26/2/2010. Internet: <www.cartacapital.com.br> (com adaptações).

2. (Cespe/AGU/Administrador/2010) Na linha 45, o termo “da” pode ser


trocado por à, o que, embora altere a regência do nome, mantém seu
sentido no texto.

[...]
legislar, de julgar e de impor o cumprimento da lei. Foi muito
além de seus antecessores e rejeitou, na construção da imagem
25 do homem natural, todas as determinações atribuíveis à vida

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social, incluída a capacidade intelectual necessária para


conceber as normas adequadas à vida coletiva.
Rolf Kuntz. Um clássico sobre Rousseau.
In: Jornal de Resenhas, n.º 10 (com adaptações).

3. (Cespe/CNPQ/Analista em Ciência e Tecnologia Júnior/2011) O emprego


do sinal indicativo de crase em “à vida social” (L.25-26) e “à vida coletiva”
(L.27) é exigido por “atribuíveis” (L.25), no primeiro caso, e por
“adequadas” (L.27), no segundo, e pela presença do artigo feminino, que,
nos dois casos, restringe o substantivo “vida”.

[...]

4. (Cespe/PM-CE/2012) A crase que ocorre no segmento “dedicação à Pátria”


(L.2) consiste no fenômeno gramatical de se fundir a preposição “a”,
requerida por “dedicação”, ao artigo “a”, que acompanha o nome “Pátria”.

1 Os 68.544 vereadores que serão eleitos, em 7 de


outubro, por 138.242.323 eleitores, nos mais de 5.500
municípios brasileiros, terão a tarefa de fiscalizar as
4 prefeituras, além de criar e modificar leis restritas às cidades.
[...]
Editorial, Estado de Minas, 19/7/2012

5. (Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/2012) O sinal indicativo de crase em


“restritivas às cidades” (L.4) justifica-se porque a palavra “restritas” exige

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complemento regido pela preposição a e a palavra “cidades” vem


antecedida por artigo definido feminino, no plural.

6. (Cespe/Sedu-ES/Agente de Suporte Educacional/2010) “o relacionamento


do ser humano com o meio onde vive e ao qual está diretamente
relacionado”. O emprego da preposição a em “ao qual está diretamente
relacionado” é exigido pela regência de “relacionado”.

[...]

7. (Cespe/Banco da Amazônia/Técnico Científico/2012) Na linha 8, o


emprego da preposição em ‘do qual’ é exigido pela presença da palavra
‘sistema’.

1 Assistimos à dissolução dos discursos


homogeneizantes e totalizantes da ciência e da cultura. Não
existe narração ou gênero do discurso capaz de dar um
4 traçado único, um horizonte de sentido unitário da
experiência da vida, da cultura, da ciência ou da
subjetividade. Há histórias, no plural; o mundo tornou-se
7 intensamente complexo e as respostas não são diretas nem
estáveis. [...]
Dora Fried Schnitman. Introdução: ciência, cultura e subjetividade. In: Dora Fried

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Schnitman (Org.). Novos paradigmas, cultura e subjetividade, p. 17 (com adaptações).

8. (Cespe/Abin/Oficial de Inteligência/2008) O emprego do sinal indicativo de


crase em “à dissolução” (l. 1) deve-se à dupla possibilidade de relações
sintático-semânticas para o verbo assistir.

9. (Cespe/TSE/Analista Administrativo/2007) Assinale a opção que apresenta


fragmento de texto gramaticalmente correto.

a) “Estamos num caminho certo, no caminho que consagra o sistema que


preserva, acima de tudo, a vontade do eleitor”, destacou. O presidente
lembrou de que a expectativa inicial era de chegar ao patamar de 90%
dos votos totalizados em todo o país às 22 horas, mas o índice foi
alcançado às 19 h 30 min.
b) Ao responder uma questão sobre os resultados apontados na apuração do
segundo turno presidencial, o ministro Marco Aurélio considerou que,
“sem dúvida alguma, a diferença maior de votos resulta por legitimidade
para o candidato eleito”. O ministro Marco Aurélio congratulou aos
eleitores brasileiros que, mais uma vez, compareceram às urnas para
exercer “esse direito inerente à cidadania, que é o direito de escolher os
representantes”.

[...] Para crescer mais e de maneira


13 socialmente mais includente, do que o Brasil realmente precisa é
que se desconstrua o mito do gigante adormecido. E, para isso,
carecemos de um discurso que apresente à sociedade os custos
16 reais que precisam ser pagos para promover a prosperidade de
cada indivíduo e do conjunto da nossa sociedade.

Carlos Pio. Gigante adormecido. In: Correio


Braziliense, 15/4/2010 (com adaptações)

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10. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) A ausência da preposição de antes do


complemento de “precisa” (l.13) indica que essa forma verbal está sendo
usada em função de auxiliar, como em precisar construir.

1 Aprendemos a pensar o Brasil como gigante adormecido.


O mito nos diz que o sucesso está garantido pela grandeza dos
nossos recursos naturais, humanos e culturais.
[...]
Carlos Pio. Gigante adormecido. In: Correio
Braziliense, 15/4/2010 (com adaptações).

11. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) A omissão da preposição em no


complemento de pensar, como se vê em “pensar o Brasil” (l.1), indica
uma linguagem pouco formal; em texto com mais formalidade seria
usado: pensar no Brasil.

[...]
4 A palavra “projeto” remete-se à antecipação e, em boa
parte, ao voluntarismo. Não se trata unicamente de prever o
futuro e, sim, de mudar o seu rumo em consequência de um
7 conjunto de valores e de necessidades. [...]

Ignacy Sachs. Voltando ao planejamento.


Internet: <www.envolverde.com.br.> (com adaptações).

12. (Cespe/Aneel/Cargos de Nível Superior/2010) A supressão da preposição


antes dos vocábulos “antecipação” (l.4) e “voluntarismo” (l.5), com a
manutenção dos artigos definidos, não acarretaria prejuízo sintático ao
texto.

[...]

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[...]

13. (Cespe/TJ-ES/Analista Judiciário/2011) Em “à natureza”, o emprego do


sinal indicativo de crase indica que o verbo “conectar” está sendo utilizado
com a preposição a, regendo um de seus complementos. Estaria
igualmente correto e coerente o emprego, em vez da preposição a, da
preposição com, não cabendo, nesse caso, o uso do acento indicativo de
crase: com a natureza.

[...]

14. (Cespe/EBC/Cargos de Nível Superior/Advocacia/2011) Em “que ele


chama metafísica dos costumes” (L.1-2), o trecho em itálico, que exerce,
na oração, a função de complemento verbal, deveria estar precedido da
preposição de.

15. (Cespe/Ceturb-ES/Agente de Trânsito/2010) “que os acidentes de trânsito


no Brasil custam ao Estado e à sociedade aproximadamente 30 bilhões de
reais por ano”. O acento grave indicativo de crase em “à sociedade”
justifica-se pela regência de “custam” e pela presença de artigo definido
feminino singular.

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16. (Cespe/Correios/Agente de Correios/2011) Emprega-se o sinal indicativo


de crase em “corresponde à crescente transformação histórica” (l.1-2)
porque

(A) a expressão “história postal” (l.1) exige complemento antecedido por


artigo definido feminino.

(B) a forma verbal “corresponde” exige complemento regido da preposição a,


e a expressão que a complementa é precedida do artigo definido a.

(C) a expressão “transformação histórica” deve ser imediatamente precedida


da preposição a.

(D) a forma verbal “transcorrer” exige complemento regido da preposição a.

(E) a forma verbal “transcorrer” (l.1) foi transformada em substantivo pela


anteposição do artigo “O”.

[...]

[...]

17. (Cespe/Correios/Cargos de Nível Superior/2011) O emprego do sinal


indicativo de crase em “Sujeitado a residência forçada” (L.14-15)
manteria a correção gramatical do texto.

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18. (Cespe/Serpro/Advogado/2010) No trecho “vem causando crescente


apreensão às autoridades”, a ocorrência do acento grave deve-se à
regência de “apreensão”.

19. (Cespe/Serpro/Advogado/2010) “os dados reforçam tendências que vêm


causando crescente apreensão às autoridades atentas à evolução do perfil
da violência no país”. Em “autoridades atentas à evolução do perfil da
violência no país”, o termo “à” poderia ser substituído, sem prejuízo
gramatical ou de sentido para o texto, por para a.

20. (Cespe/TJ-ES/Cargos de Nível Superior/2011) Nos trechos “chegou à sala


de aula” (L.7) e “uma referência à xepa” (L.8), o emprego do sinal
indicativo de crase, opcional em ambos os casos, justifica-se pela
regência, respectivamente, da forma verbal “chegou” e do substantivo
“referência”.

21. (Cespe/BRB/Analista de Tecnologia da Informação /2011) No trecho “essa


propensão tenderá à aceleração” (L.25), o uso do sinal indicativo de crase
não é obrigatório, haja vista que o verbo tender, com o sentido
empregado no texto, pode ter complementação direta ou indireta, isto é,
com ou sem preposição.

[...]

[...]

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22. (Cespe/MJ-DPF/Papiloscopista/2012) Na linha 24, considerando-se a dupla


regência do verbo impor e a presença do pronome “mesmas”, seria
facultado o emprego do acento indicativo de crase na palavra “as” da
expressão “as mesmas renúncias”.

23. (Cespe/MPE-TO/Promotor de Justiça/2012) O emprego do sinal indicativo


de crase em “à lei” (L.5) é facultativo, razão por que sua retirada não
prejudicaria a correção gramatical do texto.

1 É evidente que vivemos em um momento prodigioso


da técnica, com transformações profundas das noções de espaço
e tempo; mas a política do espírito não acompanha esse
4 alargamento do mundo: pelo contrário, vemos dominar no
homem o encolhimento das fronteiras éticas e o esquecimento
de algumas ideias essenciais que fundam o humanismo. Nada
7 vemos de semelhante ao que aconteceu, no plano das ideias, em
outro momento de grandes transformações da técnica e também
de grandes descobertas [...]
Adauto Novaes. Sobre tempo e história. In: Adauto Novaes (Org.).
Tempo e história. São Paulo: Companhia das Letras, p. 14-5 (com adaptações).

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24. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) Na linha 7, as relações de regência entre


“semelhante” e “aconteceu” permitem que o trecho “ao que” seja
substituído por àquilo que, sem prejudicar a coerência nem a correção
gramatical do texto.

25. (Cespe/SAD-PE/Analista de Planejamento, Orçamento e Gestão/2010)


“Mas, diante de cada fato, por mais inelutável que seja, o indivíduo tem
ainda uma opção: pode escolher que significação atribuirá àquele fato”. O
acento grave em “àquele” indica que “fato” está empregado de maneira
determinada e específica, comportando o artigo definido.

[...]
país. Para reverter esse quadro, a Federação Brasileira de
Bancos tenta convencer o Congresso Nacional a criar uma
22 legislação específica para punir os delitos eletrônicos,
semelhante àquela adotada há nove anos pela União Europeia.
André Vargas. Assalto.com.br. In: Veja, 24/11/2010 (com adaptações).

26. (Cespe/PC-ES/Perito Criminal Especial/2011) O uso do acento grave no


pronome “àquela” (L.23) é obrigatório.

[...] Enfrentam-se, teoricamente e na


prática, as manifestações de saúde, a qual é alterada no seio da
10 sociedade devido aos efeitos da desigualdade da distribuição
dos bens produzidos, à aquisição de uma multiplicidade de
conhecimentos e de erros, às possibilidades de domínio dos
13 territórios e comportamentos e ao choque contínuo dos
conflitos. [...]

Ada Ávila Assunção. Uma contribuição ao debate sobre as relações saúde e trabalho.
In: Ciênc. Saúde Coletiva, v. 8, n.o 4, p. 1.005-18, 2003 (com adaptações).

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27. (Cespe/Inca/Cargos de Nível Superior/2010) A presença da preposição a


em “à aquisição” (l.11), “às possibilidades” (l.12) e “ao choque” (l.13) é
exigida por “Enfrentam-se” (l.8); por isso, sua repetição é importante,
pois explicita as relações entre termos tão distantes no período sintático.

[...]
34 O fenomenal crescimento da economia mundial no
decorrer dos dois últimos séculos, baseado no uso das energias
fósseis, provocou um aquecimento global de consequências
37 deletérias e, em parte, irreversíveis. Seria, no entanto, um erro
considerar que o clima é a bola da vez e as urgências sociais
podem esperar. Em 2007, existiam, no Brasil, 10,7 milhões de
40 indigentes e 46,3 milhões de pobres. E, enquanto os latifúndios
de mais de mil hectares — 3% do total das propriedades rurais
do Brasil — ocupam 57% das terras agriculturáveis,
43 4,8 milhões de famílias sem-terra estão à espera do chão para
plantar.
[...]
Ignacy Sachs. Voltando ao planejamento.
Internet: <www.envolverde.com.br.> (com adaptações).

28. (Cespe/Aneel/Cargos de Nível Superior/2010) O emprego do sinal


indicativo de crase na expressão “à espera” (l.43) é obrigatório; portanto,
sua retirada acarretaria prejuízo ao sentido do texto.

1 O regime trabalhista, ao adotar estratégias de proteção


à saúde do trabalhador, institui mecanismos de monitoração
dos indivíduos, visando a evitar ou identificar precocemente os
4 agravos à sua saúde, quando produzidos ou desencadeados
pelo exercício do trabalho. [...]
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Elias Tavares de Araújo. Perícia médica. In: José E. Assad (Coord.). Desafios
éticos. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 1993, p. 241 (com adaptações).

29. (Cespe/Inca/Cargos de Nível Superior/2010) Na linha 3, não se usa o


acento grave na preposição a, logo depois de “visando”, porque o verbo
“evitar” não admite o artigo definido feminino.

30. (Cespe/MPU/Analista Atuarial/2010) “Estudos a respeito de riqueza e


pobreza ora dão quitação a classes pela forma quantitativa da ordem do
ganho econômico, ora pelo grau de consumo na sociedade capitalista”. A
ausência de sinal indicativo de crase no segmento “a classes” indica que
foi empregada apenas a preposição a, exigida pelo verbo dar, sem haver
emprego do artigo feminino.

31. (Cespe/TRE-MT/Analista Administrativo/2010) “É preciso partir da vida.


Mas não vida em geral, e sim da vida hoje, no contexto contemporâneo,
frente a duas tendências contrapostas que nos obrigam a repensar”. A
coerência e a correção gramatical do texto serão preservados caso se
proceda à inserção do sinal indicativo de crase em “a duas”.

32. (Cespe/TRE-ES/Técnico – Operação de Computadores/2011 – adaptada)


Considerando que o item seguinte é parte de um texto adaptado do jornal
Estado de Minas de 29/11/2010, julgue-o com referência à correção
gramatical.

A lei impede a justiça eleitoral de conceder registro a candidatura à cargos


eletivos dos condenados em decisão colegiada por crimes contra a vida, o
patrimônio e a administração pública, a economia popular, o meio
ambiente, a saúde pública e o sistema financeiro, assim como por abuso
de autoridade, lavagem de dinheiro e atentado à dignidade sexual, entre
outros.

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[...]

33. (Cespe/TJ-ES/Analista Judiciário/2011) Seriam desrespeitadas as regras


gramaticais caso se substituísse, na expressão “à custa de” (l.4), o
vocábulo “custa” por custas.

34. (Cespe/Previc/Técnico Administrativo/2011) Na linha 21, a supressão do


termo ‘essas’, em ‘a essas intervenções externas’, provocaria a
necessidade do uso do acento indicativo de crase em ‘a’.

35. (Cespe/TC-DF/ACE/2012) No trecho “Exceção a essa regra” (L.22), é


opcional o emprego do sinal indicativo de crase no “a”.

[...]
16 informação. “Tudo o que eu aprendo está sujeito à imediata
erosão”, afirma. Isso provoca o que o autor chama de “liquidez
[...]
Mao Barros e Victor Guy. A Internet e a mente. In:
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36. (Cespe/FUB/Médico/2011) O uso do sinal indicativo de crase em ‘à


imediata erosão’ (L.16-17) é obrigatório.

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teve de enfrentar na história passada — das quais o
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incertezas nos afetam onde quer que vivamos, não importa
quão privilegiados ou carentes sejamos. Eles estão
31 inextricavelmente ligados à globalização. A ciência e a
tecnologia tornaram-se elas próprias globalizadas.
Anthony Giddens. Mundo em descontrole. Rio de
Janeiro: Record, 2005, p. 13-4 (com adaptações).

37. (Cespe/MPE-PI/Cargos de Nível Médio/2012) O emprego do sinal


indicativo de crase em “ligados à globalização” (L.31) é facultativo, pois o
termo “globalização” poderia ser empregado, nesse contexto, de forma
indeterminada, indefinida e, consequentemente, sem o artigo definido.

38. (Cespe/DPU/Agente Administrativo/2010 – adaptada) O trecho seguinte é


adaptado do editorial do Jornal Zero Hora (RS) de 20/4/2010. Julgue-o
quanto à correção gramatical.

“A capacidade de atingir milhões de pessoas em apenas alguns segundos


[falando sobre a internet] significa uma ferramenta de valor inestimavel,
que já mostrou toda sua eficiência na eleição
norte-americana que levou Barack Obama a Casa Branca, em um
processo que foi visto como uma revolução na maneira de fazer
campanha.”

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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – CNJ
PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA

Gabarito das Questões Comentadas

1. Item errado 30. Item certo


2. Item certo 31. Item errado
3. Item certo 32. Item errado
4. Item certo 33. Item certo
5. Item certo 34. Item errado
6. Item certo 35. Item errado
7. Item errado 36. Item errado
8. Itens errados 37. Item certo
9. Item errado 38. Item errado
10. Item errado
11. Item errado
12. Item errado
13. Item certo
14. Item errado
15. Item certo
16. B
17. Item certo
18. Item errado
19. Item certo
20. Item errado
21. Item errado
22. Item errado
23. Item errado
24. Item certo
25. Item errado
26. Item errado
27. Item errado
28. Item certo
29. Item certo
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