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Julgados não comentados por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com base
em peculiaridades do caso concreto: EDcl no REsp 1.340.444-RS; REsp 1.330.279-BA; REsp 1.218.605-PR; REsp
1.207.103-SP; Leia-os ao final deste Informativo.
ÍNDICE
DIREITO ADMINISTRATIVO
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Existência de cadáver em decomposição em reservatório de água.
SERVIDORES PÚBLICOS
Inaplicabilidade do direito à recondução do art. 29, I, da Lei 8.112/90 a servidor público estadual.
DIREITO CIVIL
CONTRATO DE SEGURO
Via adequada para cobrança de indenização fundada em contrato de seguro de automóvel.
INTERDIÇÃO
Desnecessidade de nomeação de curador especial se a interdição não foi proposta pelo MP.
ALIMENTOS
São irrenunciáveis os alimentos devidos na constância do vínculo familiar (art. 1.707 do CC).
Verbas eventuais recebidas pelo devedor e reflexo no valor da pensão alimentícia.
DIREITO DO CONSUMIDOR
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO
Inocorrência de dano moral pela simples presença de corpo estranho em refrigerante.
PRÁTICAS ABUSIVAS
Prática de venda casada por operadora de telefonia celular gera dano moral coletivo in re ipsa.
PENHORA
Possibilidade excepcional de penhora sobre honorários advocatícios.
EXECUÇÃO FISCAL
Dispensabilidade da indicação do RG, CPF ou CNPJ do devedor.
EMBARGOS DE TERCEIRO
Embargos de terceiro não servem para impugnar decisão se o fundamento invocado pelo autor não é a posse, mas
sim unicamente a propriedade.
INTERDIÇÃO
Desnecessidade de nomeação de curador especial se a interdição não foi proposta pelo MP.
DIREITO PENAL
USO DE DOCUMENTO FALSO
Desnecessidade de prova pericial para condenação por uso de documento falso.
CÓDIGO DE TRÂNSITO
Denúncia no caso de homicídio culposo deve apontar qual foi a conduta negligente, imprudente ou imperita que
ocasionou a morte da vítima.
EMENDATIO LIBELLI
Momento processual em que deve ser realizado.
RECURSOS
Manutenção do regime inicial fixado, mas com fundamentação diversa.
DIREITO TRIBUTÁRIO
IMPOSTO DE RENDA
Correção monetária do valor do IR incidente sobre verbas recebidas acumuladamente em ação trabalhista.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
PERÍODO DE GRAÇA
Comprovação da situação de desemprego para prorrogação do período de graça.
Importante!!!
Se a legislação estadual não prevê a recondução, é possível aplicar a Lei 8.112/90 por analogia?
NÃO. Não é possível a aplicação, por analogia, do instituto da recondução previsto no art. 29, I,
da Lei 8.112/1990 a servidor público estadual na hipótese em que o ordenamento jurídico do
estado for omisso acerca desse direito.
Segundo a jurisprudência do STJ, somente é possível aplicar, por analogia, a Lei 8.112/90, aos
servidores públicos estaduais e municipais se houver omissão, na legislação estadual ou
municipal, sobre direito de cunho constitucional e que seja autoaplicável e desde que tal
situação não gera o aumento de gastos. Ex: aplicação, por analogia, das regras da Lei 8.112/90
sobre licença para acompanhamento de cônjuge a determinado servidor estadual cuja
legislação não prevê esse afastamento (RMS 34.630⁄AC, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, julgado em 18/10/2011). Nesse exemplo, o STJ reconheceu que a analogia se
justificava para proteção da unidade família, valor protegido constitucionalmente (art. 226 da
CF/88).
No caso da recondução, contudo, não é possível a analogia porque esse direito não tem cunho
constitucional.
STJ. 2ª Turma. RMS 46.438-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 16/12/2014 (Info 553).
RECONDUÇÃO
O que é recondução?
A Lei n. 8.112/90 prevê, em seu art. 29, duas hipóteses de recondução. Confira:
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
II - reintegração do anterior ocupante.
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será aproveitado em outro,
observado o disposto no art. 30.
O pedido do impetrante foi aceito pelo STJ? Se a legislação estadual não prevê a recondução, é possível
aplicar a Lei n. 8.112/90 por analogia?
NÃO. Não é possível a aplicação, por analogia, do instituto da recondução previsto no art. 29, I, da Lei n.
8.112/1990 a servidor público estadual na hipótese em que o ordenamento jurídico do Estado for omisso
acerca desse direito.
Segundo a jurisprudência do STJ, somente é possível aplicar, por analogia, a Lei n. 8.112/90, aos
servidores públicos estaduais e municipais se houver omissão, na legislação estadual ou municipal, sobre
direito de cunho constitucional e que seja autoaplicável e desde que tal situação não gere o aumento de
gastos. Ex: aplicação, por analogia, das regras da Lei n. 8.112/90 sobre licença para acompanhamento de
cônjuge a determinado servidor estadual cuja legislação não prevê esse afastamento (RMS 34.630⁄AC, Rel.
Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 18/10/2011). Nesse exemplo, o STJ reconheceu
que a analogia se justificava para a proteção da unidade familiar, valor protegido constitucionalmente
(art. 226 da CF/88).
No caso da recondução, contudo, não é possível a analogia porque esse direito não tem cunho constitucional.
Para fins de concessão da pensão por morte de servidor público federal, a designação do
beneficiário nos assentos funcionais do servidor é prescindível se a vontade do instituidor em
eleger o dependente como beneficiário da pensão houver sido comprovada por outros meios
idôneos.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.486.261-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 20/11/2014 (Info 553).
Pessoa designada
Segundo a redação original do art. 217, II, “d”, da Lei n. 8.112/90, o servidor público federal que falecesse
poderia deixar uma pensão por morte para uma pessoa por ele designada, até 21 anos ou inválida, e que
vivesse sob sua dependência. Veja:
Art. 217. São beneficiários das pensões:
II - temporária:
(...)
d) a pessoa designada que viva na dependência econômica do servidor, até 21 (vinte e um) anos, ou, se
inválida, enquanto durar a invalidez.
Atenção: MP 664/2014.
No dia 30 de dezembro de 2014 foi publicada a MP 664/2014, promovendo importantes alterações na
pensão por morte do Regime Próprio dos Servidores Públicos federais (Lei n. 8.112/90).
Uma das mudanças buscadas pela MP foi a de acabar com a possibilidade de ser concedida pensão para
“pessoa designada que viva na dependência econômica do servidor”.
Até o momento, a MP não foi votada. Se for aprovada, a discussão acima perde importância.
DIREITO CIVIL
CONTRATO DE SEGURO
Via adequada para cobrança de indenização fundada em contrato de seguro de automóvel
O advogado de João agiu corretamente? A via adequada para cobrar indenização securitária é a ação de
execução?
NÃO. A via adequada para cobrar a indenização securitária fundada em contrato de seguro de automóvel é
a ação de conhecimento sob o rito sumário (e não a ação executiva).
Não é possível propor diretamente a execução nesse caso porque o contrato de seguro de automóvel não
se enquadra como título executivo extrajudicial (art. 585 do CPC).
Somente a lei pode prescrever quais são os títulos executivos, fixando-lhes as características formais
peculiares. Desse modo, apenas os documentos descritos pelo legislador, seja em códigos ou em leis
especiais, é que são dotados de força executiva, não podendo as partes convencionarem a respeito.
Logo, para o seguro de automóveis, na ocorrência de danos causados em acidente de veículo, a ação a ser
proposta é, necessariamente, a cognitiva (ação de conhecimento), sob o rito sumário (art. 275, II, “e”, do
CPC), uma vez que este contrato de seguro é destituído de executividade e as situações nele envolvidas
comumente não se enquadram no conceito de obrigação líquida, certa e exigível, sendo imprescindível,
portanto, nessa hipótese, a prévia condenação do devedor e a constituição de título judicial.
Logo, para a cobrança de indenização decorrente de seguro de vida, é possível utilizar a ação de execução.
O legislador optou por elencar somente o contrato de seguro de vida como título executivo extrajudicial,
justificando a sua escolha na ausência de caráter indenizatório do referido seguro, ou seja, o seu valor
carece de limitação, sendo de responsabilidade do segurador o valor do seguro por ele coberto, uma vez
que existe dívida líquida e certa.
Em outras palavras, a pessoa contrata o seguinte: se eu morrer, deverá ser pago XX mil reais às pessoas
que indiquei. Há, portanto, uma dívida líquida e certa.
Os seguros de dano e de automóveis, por outro lado, possuem índole indenizatória, de modo que a
indenização a ser paga pela seguradora deverá ser no exato valor do prejuízo sofrido pelo beneficiário, a
fim de não gerar enriquecimento do segurado, mas apenas a reposição do que ele perdeu, nos limites do
montante segurado. Ex: o carro, no momento em que foi furtado, custava R$ 30 mil; logo, esse valor
deverá ser pago ao beneficiário. Ocorre que isso não é líquido e certo, podendo ser discutido na ação.
Informativo 553-STJ (11/02/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7
“(...) É de se verificar, assim, que o contrato de seguro tem eficácia executiva tão-somente quando o
objeto segurado é a pessoa humana. Nas hipóteses em que o objeto segurado seja uma coisa, caberá ao
beneficiário do contrato de seguro valer-se do processo cognitivo para fazer valer sua pretensão. Assim,
por exemplo, nos seguros que têm por objeto um veículo qualquer, a indenização devida pela seguradora
em razão de acidente que o envolva será exigível através de 'ação de conhecimento' pelo procedimento
sumário (art. 275, II, e, do CPC).” (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, vol. II, Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 18ª ed., 2010, p. 194)
Veja o quadro-comparativo:
SEGURO DE VEÍCULOS SEGURO DE VIDA
Não é título executivo extrajudicial. É título executivo extrajudicial.
Deve ser cobrado por meio de ação de Pode ser cobrado por meio de ação executiva.
conhecimento de rito sumário.
INTERDIÇÃO
Desnecessidade de nomeação de curador especial se a interdição não foi proposta pelo MP
Importante!!!
A curatela é um encargo (múnus) imposto a um indivíduo (chamado de “curador”) por meio do
qual ele assume o compromisso judicial de cuidar de uma pessoa (“curatelado”) que, apesar de
ser maior de idade, possui uma incapacidade prevista no art. 1.767 do CC.
Para que a curatela seja instituída, é necessária a instauração de um processo judicial por
meio de uma ação de interdição.
É necessário que o juiz nomeie curador especial ao interditando?
• Se a ação de interdição for proposta pelo MP: SIM. O juiz deverá nomear curador à lide
(curador especial), nos termos do art. 1.179 do CPC.
• Se a ação de interdição for proposta por outro legitimado: NÃO é necessária a nomeação de
curador à lide porque o próprio MP já irá fazer a defesa dos interesses do interditando (art.
1.770 do CC).
STJ. 4ª Turma. REsp 1.099.458-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 2/12/2014 (Info 553).
Curatela
Em regra, se a pessoa for maior de 18 anos, ela é plenamente capaz e está habilitada à prática de todos os
atos da vida civil (art. 5º do CC).
No entanto, existem determinadas pessoas que, mesmo sendo maiores, não possuem capacidade jurídica
plena e não podem exercer alguns atos patrimoniais da vida civil sozinhos, necessitando da assistência ou
representação de terceiros.
Para resguardar os direitos de tais pessoas, o Direito Civil previu uma proteção jurídica chamada de “curatela”.
Obs.: Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald apontam situação excepcional em que seria possível a
nomeação de curador a um menor de 18 anos. Trata-se da hipótese de um menor, relativamente incapaz
(entre os dezesseis e os dezoito anos de idade), que sofre de alguma patologia psíquica. De ordinário, em
se tratando de relativamente incapaz, deveria estar assistido pelo tutor, praticando os atos conjuntamente
com ele. Todavia, considerado o seu estado psíquico, não lhe será possível a prática de qualquer ato,
mesmo assistido, impondo-se-lhe a interdição, para nomeação de um curador, que continuará lhe
assistindo mesmo após os dezoito anos de idade. (Curso de Direito Civil. Famílias. Vol. 6., Salvador:
Juspodivm, 2014, p. 902).
Apesar do registro dessa ponderação feita pela genial dupla de autores, vale ressaltar que o tema não é
pacífico e há outros doutrinadores que defendem que, mesmo nesse caso, haveria tutela, por envolver
menor de 18 anos, e não curatela.
Legitimados
A ação de interdição deve ser promovida:
I - pelos pais ou tutores;
II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente;
III - pelo Ministério Público.
Dessa forma, o MP só propõe a ação de interdição em caso de doença mental grave ou se nenhum dos
outros legitimados propuser.
Petição inicial
Na petição inicial da ação de interdição, o interessado (requerente) provará a sua legitimidade,
especificará os fatos que revelam a anomalia psíquica e assinalará a incapacidade do interditando para
reger a sua pessoa e administrar os seus bens.
Citação
O interditando será citado para, em dia designado, comparecer perante o juiz, que o examinará,
interrogando-o minuciosamente acerca de sua vida, negócios, bens e do mais que lhe parecer necessário
para ajuizar do seu estado mental.
Art. 1.179. Quando a interdição for requerida pelo órgão do Ministério Público, o juiz nomeará ao
interditando curador à lide (art. 9º).
(Promotor MP/PE 2014 FCC) O juiz nomeará curador à lide ao interditando, quando a interdição for
requerida pelo Ministério Público. (CERTO)
Marinoni e Mitidiero defendem que, se existir Defensoria Pública na comarca ou subseção judiciária, o
curador especial deverá ser obrigatoriamente o Defensor Público. Se não houver, o juízo terá liberdade
para nomear o curador especial (Código de Processo Civil comentado artigo por artigo. São Paulo: RT,
2008, p. 105).
Resumindo:
Ação de interdição proposta pelo MP: o juiz deverá nomear curador à lide (curador especial);
Ação de interdição proposta por outro legitimado: não é necessária a nomeação de curador à lide
porque o próprio MP já irá fazer a defesa dos interesses do interditando.
Obs: não confundir o curador do interditando, que é nomeado ao final, caso a ação seja julgada procedente
(art. 1.183, parágrafo único do CPC), com o curador à lide (curador especial), que é designado logo no início da
ação (art. 1.179). Apesar do nome ser parecido, são figuras completamente diferentes. O curador à lide é um
instituto processual, que só existe enquanto perdurar o processo. O curador do interditando é uma figura de
direito material, que vai surgir caso a ação de interdição seja julgada procedente.
ALIMENTOS
Renúncia aos alimentos feita durante a vigência da união estável não perdura se houve fato
superveniente que reduziu a capacidade de trabalho de um dos conviventes
Importante!!!
Um homem e uma mulher, na época em que conviviam juntos em união estável, fizeram uma
declaração, por escritura pública, afirmando que, em caso de dissolução da união, nenhum dos dois
iria pleitear pensão alimentícia. Em outras palavras, ambos renunciaram ao direito aos alimentos.
O STJ decidiu que, mesmo com essa renúncia, seria possível que a ex-convivente pedisse e tivesse
direito aos alimentos na hipótese em que, após essa renúncia, ela tenha sido acometida de uma
moléstia grave, que reduziu sua capacidade laboral, comprometendo sua situação financeira.
São irrenunciáveis os alimentos devidos na constância do vínculo familiar (art. 1.707 do CC).
É válida e eficaz a renúncia manifestada no momento do acordo de separação judicial ou de
divórcio. No entanto, por outro lado, não pode ser admitida a renúncia feita durante a vigência
da união estável.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.178.233-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 18/11/2014 (Info 553).
ALIMENTOS
Verbas eventuais recebidas pelo devedor e reflexo no valor da pensão alimentícia
Tema polêmico!
ALIMENTOS FIXADOS EM PERCENTUAL SOBRE A REMUNERAÇÃO E VERBAS EVENTUAIS
RECEBIDAS PELO DEVEDOR
As parcelas percebidas a título de PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS integram a base
de cálculo da pensão alimentícia quando esta é fixada em percentual sobre os rendimentos,
salvo se houve disposição transacional ou judicial em sentido contrário. Assim, se a pensão
alimentícia foi fixada em percentual (ex: 30% sobre os rendimentos), no mês que o devedor
receber participação nos lucros da empresa, o percentual incidirá sobre tal valor.
AVISO PRÉVIO
O aviso prévio não integra a base de cálculo da pensão alimentícia, salvo se houve disposição
transacional ou judicial em sentido contrário.
Assim, não importa que a pensão tenha sido fixada em valor fixo ou percentual variável, o
aviso prévio não interfere no valor a ser pago como pensão alimentícia.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.332.808-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/12/2014 (Info 553).
SITUAÇÃO 1
ALIMENTOS FIXADOS EM PERCENTUAL SOBRE A REMUNERAÇÃO E VERBAS EVENTUAIS RECEBIDAS PELO
DEVEDOR
Fausto não concordou com a decisão. Qual é o recurso que ele pode interpor neste caso?
Agravo de instrumento (art. 522 do CPC).
Em seu recurso, o alimentante alegou que os alimentos não podem incidir sobre verbas esporádicas,
eventuais e incertas, que visam premiar o esforço pessoal do trabalhador, tendo natureza indenizatória e
que não integram os rendimentos do alimentante, tais como adicionais, abonos, participação nos lucros e
gratificações.
O que o STJ entende sobre o tema? As verbas de caráter eventual (ex: horas extras) influenciam no valor
da obrigação, aumentando o quantum da pensão alimentícia nos meses em que o devedor receber
parcelas extras? Em suma, toda vez que o devedor receber mais (por qualquer motivo), o valor da
pensão deverá ser, automaticamente, pago a mais?
O tema, no entanto, é polêmico e não deveria ser cobrado em uma prova objetiva. No entanto, como tudo
é possível, caso seja exigido, marque a alternativa que espelha o último julgado divulgado em Informativo,
ou seja, a conclusão que está exposta em amarelo no início desta explicação.
Caso haja alguma novidade, você será informado no site.
AVISO PRÉVIO
O aviso prévio não integra a base de cálculo da pensão alimentícia, salvo se houve disposição transacional
ou judicial em sentido contrário.
Assim, não importa que a pensão tenha sido fixada em valor fixo ou percentual variável, o aviso prévio
NÃO interfere no valor a ser pago como pensão alimentícia.
O aviso prévio é parcela de caráter excepcional, razão pela qual não deve incidir no cálculo da pensão
alimentícia, salvo se houver disposição transacional ou judicial em sentido contrário.
A jurisprudência do STJ é uníssona no sentido de que a verba indenizatória não se inclui na base de cálculo
da pensão alimentícia.
SITUAÇÃO 2
ALIMENTOS ARBITRADOS EM VALOR FIXO NÃO VARIAM SE HOUVER RECEBIMENTO DE VERBAS EVENTUAIS
PELO DEVEDOR
Se Fausto, em determinado mês, receber gratificações extras em seu trabalho, o valor pago a título de
pensão deverá ser aumentado (exs: abono, comissão por produtividade, 13º salário, participação nos
lucros)?
Para o STJ, na hipótese de alimentos arbitrados em valor fixo, eventuais flutuações dos rendimentos do
alimentante, para cima ou para baixo, ou mesmo sua supressão, não são aptas a alterar o quantum
devido, razão pela qual o recebimento de parcelas trabalhistas a título de 13º, férias e outras verbas da
mesma natureza não tem o condão de influenciar a dívida consolidada, sob pena de alterar o binômio
inicial (necessidade/possibilidade) considerado para a determinação do montante fixo.
Enfim, se o magistrado sentenciante arbitrou os alimentos em valor fixo à luz das circunstâncias do caso
concreto, há de se presumir que esse foi o método por ele considerado como o mais adequado à
satisfação do binômio necessidade/possibilidade.
Ressalvas:
Não é comum acontecer, mas o juiz, na decisão que fixou os alimentos, pode ter feito uma ressalva,
incluindo o 13º salário e outras verbas eventuais. Ex: o pai irá pagar 2 salários mínimos todos os
meses, mais 20% do 13º salário e outras verbas extras. Nesse caso, é óbvio, o devedor terá que pagar
tais valores, mas porque isso ficou expressamente previsto.
O alimentando, mesmo sendo condenado a pagar um valor fixo, poderá combinar com o credor, de
pagar uma parte das verbas eventuais que receber. Se houve essa disposição transacional, a quantia
também será devida.
Resumindo:
O 13º salário, a participação nos lucros e outras gratificações extras não compõem a base de cálculo da
pensão alimentícia quando esta é estabelecida em valor fixo, salvo se houver disposição transacional ou
judicial em sentido contrário.
Se o alimentante, em determinado mês, receber gratificações extras em seu trabalho, o valor pago a
título de pensão deverá ser aumentado?
Se os alimentos foram arbitrados em valor fixo: NÃO.
Se os alimentos foram arbitrados em percentual sobre a remuneração: há divergência, conforme
exposto no quadro acimab.
Importante!!!
Configura dano moral coletivo in re ipsa a realização de venda casada por operadora de
telefonia.
A prática de venda casada por parte de operadora de telefonia é capaz de romper com os
limites da tolerância. No momento em que oferece ao consumidor produto com significativas
vantagens - no caso, o comércio de linha telefônica com valores mais interessantes do que a de
seus concorrentes - e de outro, impõe-lhe a obrigação de aquisição de um aparelho telefônico
por ela comercializado, realiza prática comercial apta a causar sensação de repulsa coletiva a
ato intolerável, tanto que encontra proibição expressa em lei.
Afastar, da espécie, o dano moral difuso, é fazer tábula rasa da proibição elencada no art. 39, I,
do CDC e, por via reflexa, legitimar práticas comerciais que afrontem os mais basilares direitos
do consumidor.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.397.870-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2/12/2014 (Info 553).
Toda vez que são violados direitos dos consumidores haverá dano moral coletivo?
NÃO. O STJ entende que não é qualquer atentado aos interesses dos consumidores que pode acarretar
dano moral difuso (dano moral coletivo). É necessário que esse ato ilícito seja de razoável significância e
desborde os limites da tolerabilidade. Deve ser grave o suficiente para produzir verdadeiros sofrimentos,
Para existir interesse de agir em ação cautelar de exibição de documentos ajuizada por
consumidor com o objetivo de obter extrato contendo sua pontuação no sistema Crediscore, é
necessário que o requerente comprove:
a) que a recusa do crédito se deu em razão da pontuação que lhe foi atribuída pela dita
ferramenta de scoring; e
b) que tenha havido resistência da instituição responsável pelo sistema na disponibilização
das informações requeridas pelo consumidor em prazo razoável.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.268.478-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/12/2014 (Info 553).
O que é Cresdiscore?
“Credit scoring”, também chamado de “crediscore” é um sistema ou método utilizado para analisar se será
concedido ou não crédito ao consumidor que pedir a concessão de um empréstimo ou financiamento.
No “credit scoring”, a pessoa que está pedindo o crédito é avaliada por meio de fórmulas matemáticas,
nas quais são consideradas diversas variáveis como a idade, a profissão, a finalidade da obtenção do
crédito etc. Tais variáveis são utilizadas nas fórmulas matemáticas e, por meio de ferramentas da
estatística, atribui-se uma espécie de pontuação (nota) para a pessoa que está pedindo o crédito. Quanto
maior a nota, menor seria o risco de se conceder o crédito para aquele consumidor e, consequentemente,
mais fácil para ele conseguir a liberação.
Algumas das informações que são consideradas como variáveis na fórmula matemática do “credit
scoring”: idade, sexo, estado civil, profissão, renda, número de dependentes, endereço, histórico de outros
créditos que pediu etc.
Com base em estudos estatísticos, concluiu-se que pessoas de determinado sexo, profissão, estado civil,
idade etc. são mais ou menos inadimplentes. Logo, se o consumidor está incluído nos critérios
considerados como de “bom pagador”, ele recebe uma pontuação maior.
O “credit scoring” pode ser utilizado no Brasil como sistema de avaliação do risco de concessão de crédito?
SIM. O STJ entendeu que essa prática comercial é LÍCITA, estando autorizada pelo art. 5º, IV e pelo art. 7º,
I, da Lei n. 12.414/2011 (Lei do Cadastro Positivo), que, ao tratar sobre os direitos do cadastrado nos
bancos de dados, menciona indiretamente a possibilidade de existir a análise de risco de crédito.
O pedido de João deve ser aceito? Existe interesse de agir no caso concreto?
NÃO. O STJ decidiu que, para existir interesse de agir em ação cautelar de exibição de documentos
ajuizada por consumidor com o objetivo de obter extrato contendo sua pontuação no sistema Crediscore,
é necessário que o requerente comprove:
a) que a recusa do crédito se deu em razão da pontuação que lhe foi atribuída pela dita ferramenta de
scoring; e
b) que tenha havido resistência da instituição responsável pelo sistema na disponibilização das
informações requeridas pelo consumidor em prazo razoável.
Em nosso exemplo, o consumidor comprovou que existiu recusa na concessão do crédito em virtude da
pontuação que ele recebeu no Crediscore. No entanto, não houve resistência em fornecer as informações
requeridas pelo consumidor. Apenas exigiu-se que ele fizesse o pedido pessoalmente, o que não
caracteriza recusa.
Além de saber a sua pontuação, o consumidor tem direito de saber qual foi a metodologia utilizada no
cálculo?
NÃO. O consumidor terá direito de saber a sua pontuação e as informações pessoais utilizadas. No
entanto, nem o consumidor nem ninguém terá direito de saber a metodologia de cálculo, ou seja, qual foi
a fórmula matemática e os dados estatísticos utilizados no “credit scoring”. Isso porque essa fórmula é
fruto de estudos e investimentos, constituindo segredo da atividade empresarial (art. 5º, IV, da Lei n.
12.414⁄2011: ..."resguardado o segredo empresarial”).
STJ. 2ª Seção. REsp 1.419.697-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/11/2014 (recurso
repetitivo) (Info 551).
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Possibilidade de cumprimento imediato de medida socioeducativa imposta na sentença
Tema polêmico!
Em regra, a apelação contra a sentença que aplica medida socioeducativa de internação deverá
ser recebida no efeito meramente devolutivo ou no duplo efeito?
1ª corrente: apenas no efeito devolutivo, impondo-se ao adolescente infrator o cumprimento
imediato da medida socioeducativa (STJ. 6ª Turma. HC 301.135/SP).
2ª corrente: com a revogação do art. 198, VI, do ECA, as apelações interpostas contra sentenças
menoristas devem ser recebidas, em regra, no duplo efeito, com exceção da hipótese prevista
no art. 520, VII, do CPC, o qual dispõe que os apelos interpostos contra sentenças que
confirmam a antecipação dos efeitos da tutela são recebidos apenas no efeito devolutivo (STJ.
6ª Turma. AgRg no HC 292.200/PA).
STJ. 6ª Turma. HC 301.135-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 21/10/2014 (Info 553).
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 292.200/PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/08/2014.
Resumindo:
1ª opção: normas do ECA.
Na falta de normas específicas:
CPP: para regular o processo de conhecimento.
CPC: para regular o sistema recursal.
A decisão do juiz foi acertada? Em regra, a apelação contra a sentença que aplica medida
socioeducativa de internação deverá ser recebida no efeito meramente devolutivo ou no duplo efeito?
SIM NÃO
Nos processos decorrentes da prática de atos Existem inúmeras decisões em sentido contrário,
infracionais, em regra, a apelação interposta ou seja, afirmando que, depois da Lei n.
contra a sentença que aplicou internação deverá 12.010/2009 ter revogado o inciso VI do art. 198
ser recebida apenas no efeito devolutivo, do ECA, a regra agora é que os recursos sejam
impondo-se ao adolescente infrator o recebidos nos efeitos devolutivo e suspensivo.
cumprimento imediato da medida socioeducativa. Confira:
INTIMAÇÃO
Publicação de intimação com erro na grafia do sobrenome do advogado
Importante!!!
NÃO há nulidade na publicação de ato processual em razão do acréscimo de uma letra ao
sobrenome do advogado no caso em que o seu prenome, o nome das partes e o número do
processo foram cadastrados corretamente, sobretudo se, mesmo com a existência de erro
idêntico nas intimações anteriores, houve observância aos prazos processuais passados, de
modo a demonstrar que o erro gráfico não impediu a exata identificação do processo.
O entendimento do STJ é no sentido de que o erro insignificante na grafia do nome do
advogado, aliado à possibilidade de se identificar o processo por outros elementos, como o seu
número e o nome da parte, não enseja a nulidade da publicação do ato processual.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.356.168-RS, Rel. originário Min. Sidnei Beneti, Rel. para acórdão Min.
Jorge Mussi, julgado em 13/3/2014 (Info 553).
CONCEITO DE INTIMAÇÃO
Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe
de fazer alguma coisa (art. 234 do CPC).
d) Edital
Não foi prevista expressamente pelo legislador, mas tem sido admitida nas hipóteses em que a pessoa a
ser intimada não puder ser identificada ou localizada.
f) Meio eletrônico
As intimações podem ser feitas de forma eletrônica, conforme regulado em lei própria (art. 237, parágrafo
único, CPC). A Lei n. 11.419/2006 dispõe sobre o assunto.
O que acontece, no entanto, se a publicação for feita com erro no nome do advogado e este perder o
prazo para a prática do ato?
O STJ entende que, nesses casos, deve ser analisado se o mencionado erro era grave a ponto de impedir
que o advogado identificasse que se tratava do processo que patrocina.
Assim, não se deve declarar a nulidade da publicação de acórdão do qual conste, com grafia incorreta, o
nome do advogado se o erro é insignificante (troca de apenas uma letra) e é possível identificar o feito
pelo exato nome das partes e número do processo (STJ. Corte Especial. AgRg nos EDcl nos EAREsp
140.898/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 02/10/2013).
Diante da perda do prazo para o recurso, o advogado suscitou a nulidade da intimação realizada, nos
termos do § 1º do art. 236 do CPC, pedindo a republicação e a devolução do prazo recursal. O pleito do
causídico foi aceito pelo STJ?
NÃO. Segundo decidiu a Corte Especial do STJ, NÃO há nulidade na publicação de ato processual em razão
do acréscimo de uma letra ao sobrenome do advogado, no caso em que o seu prenome, o nome das
partes e o número do processo foram cadastrados corretamente, sobretudo se, mesmo com a existência
AÇÃO RESCISÓRIA
Prorrogação do termo final do prazo para ajuizamento da ação rescisória
Importante!!!
Que dia ocorre o trânsito em julgado?
O trânsito em julgado ocorre no dia imediatamente subsequente ao último dia do prazo para o
recurso em tese cabível.
Se o último dia do prazo da rescisória for sábado, domingo ou feriado, haverá prorrogação para
o primeiro dia útil subsequente?
SIM. O termo final do prazo para o ajuizamento da ação rescisória, embora decadencial,
prorroga-se para o primeiro dia útil subsequente se recair em dia de não funcionamento da
secretaria do Juízo competente.
STJ. Corte Especial. REsp 1.112.864-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, Corte Especial, julgado em 19/11/2014
(recurso repetitivo) (Info 553).
CONCEITO
Ação rescisória é uma ação que tem por objetivo desconstituir uma decisão judicial transitada em julgado.
NATUREZA JURÍDICA
A ação rescisória é uma espécie de ação autônoma de impugnação (sucedâneo recursal externo).
Atenção: a ação rescisória NÃO é um recurso. O recurso é uma forma de impugnar a decisão na pendência
do processo (enquanto este ainda não acabou). A ação rescisória, por sua vez, somente pode ser proposta
quando há trânsito em julgado, ou seja, quando o processo já se encerrou.
COMPETÊNCIA
A ação rescisória é sempre julgada por um tribunal (nunca por um juiz singular).
Quem julga a rescisória é sempre o próprio tribunal que proferiu a decisão rescindenda.
PRAZO
A ação rescisória possui prazo decadencial de 2 anos, contados do dia do trânsito em julgado da decisão:
CPC/Art. 495. O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 (dois) anos, contados do trânsito em
julgado da decisão.
Qual é o termo inicial do prazo de 2 anos previsto no art. 495? Ele se inicia no dia do trânsito em julgado
ou no dia seguinte ao trânsito em julgado? Ex: o acórdão transitou em julgado no dia 17/02. O prazo
para a rescisória começa a ser contado no dia 17/02 ou em 18/02?
O prazo de 2 anos começa a ser contado do exato dia em que ocorre o trânsito em julgado (em nosso
exemplo, no dia 17/02).
Dito de outro modo, o prazo decadencial para a propositura de ação rescisória começa a correr da data do
trânsito em julgado da sentença rescindenda, incluindo-se-lhe no cômputo o dia do começo.
Obs: existem julgados do próprio STJ em sentido contrário, mas o precedente mais recente da Corte
Especial foi no sentido de que o prazo se inicia no dia do trânsito em julgado.
Assim, se a lei prevê prazos em anos, eles não serão contados dia após dia, mas sim ano após ano,
terminando no mesmo dia (numeral) em que começou, acrescido dos anos respectivos.
Ex: se o prazo de 2 anos começou a correr no dia 17/02/2011 (data do trânsito), a ação rescisória poderá
ser proposta até o dia 17/02/2013 (este será o último dia possível).
E se o último dia do prazo for sábado, domingo ou feriado? Haverá prorrogação para o primeiro dia útil
subsequente?
SIM. O STJ entende que, se o termo final do prazo para ajuizamento da ação rescisória recair em dia não
útil, ele deverá ser prorrogado para o primeiro dia útil subsequente.
Em nosso exemplo, 17/02/2013 era um domingo. Logo, como se trata de um dia não-útil, a parte poderia
ajuizar a ação rescisória até o dia 18/02/2013 (segunda-feira).
Mas o prazo para a ação rescisória não é decadencial? Eu havia aprendido que o prazo decadencial não
se suspende, não se interrompe nem se prorroga...
É verdade. Trata-se de prazo decadencial, mas apesar disso, o STJ afirmou que nesse caso específico ele se
prorroga sim.
O STJ entende que deve ser aplicado ao prazo de ajuizamento da ação rescisória a regra geral do art. 184,
§ 1º, do CPC, com o objetivo de atender aos princípios da razoabilidade, efetividade e instrumentalidade,
evitando que se subtraia da parte a plenitude do prazo a ela legalmente concedido.
§ 1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em
que:
I - for determinado o fechamento do fórum;
II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal.
PROCESSO CAUTELAR
Requisitos para a propositura de ação de exibição de documentos relativos ao Crediscore
Para existir interesse de agir em ação cautelar de exibição de documentos ajuizada por
consumidor com o objetivo de obter extrato contendo sua pontuação no sistema Crediscore, é
necessário que o requerente comprove:
a) que a recusa do crédito se deu em razão da pontuação que lhe foi atribuída pela dita
ferramenta de scoring; e
PENHORA
Possibilidade excepcional de penhora sobre honorários advocatícios
Importante!!!
Os honorários advocatícios (contratuais ou sucumbenciais) são a remuneração do advogado e,
portanto, possuem caráter alimentar. Logo, são, em princípio, impenhoráveis, com base no art.
649, IV, do CPC.
No entanto, o STJ entende que o art. 649, IV, do CPC não pode ser interpretado de forma literal
ou absoluta. Em determinadas circunstâncias é possível a sua relativização.
Assim, se os honorários advocatícios recebidos são exorbitantes e ultrapassam valores que
seriam razoáveis para sustento próprio e de sua família, a verba perde a sua natureza
alimentar (finalidade de sustento) e passa a ser possível a sua penhora, liberando-se apenas
uma parte desse valor para o advogado.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.264.358-SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/11/2014 (Info 553).
Por que se falou “em regra”? Existe possibilidade de se penhorar a verba dos honorários?
SIM. O STJ entende que o art. 649, IV, do CPC não pode ser interpretado de forma literal ou absoluta. Em
determinadas circunstâncias é possível a sua relativização.
Se os honorários advocatícios recebidos são exorbitantes e ultrapassam valores que seriam razoáveis para
sustento próprio e de sua família, a verba perde a sua natureza alimentar (finalidade de sustento) e passa
a ser possível a sua penhora, liberando-se apenas uma parte desse valor para o advogado.
A título de curiosidade, no caso concreto, o advogado iria receber parcela de honorários no valor
aproximado de R$ 400 mil. Foi determinado que o advogado pudesse ficar com R$ 15 mil dessa quantia,
sendo autorizada a penhora do restante.
EXECUÇÃO FISCAL
Dispensabilidade da indicação do RG, CPF ou CNPJ do devedor
O juiz não pode indeferir a petição inicial em ação de execução fiscal com o argumento de que
não houve indicação do RG, CPF ou CNPJ da parte executada. Isso porque tais informações não
são exigidas pelo art. 6º da Lei nº 6.830/80 (LEF).
O art. 15 da Lei 11.419/2006 (Lei do Processo Eletrônico) exige que a parte autora informe o
CPF ou CNJP da ré, mas tal Lei não prevalece sobre a LEF, por ser esta norma específica e
aquela norma geral.
Princípio da especialidade
Diante da diferença entre a Lei n. 6.830/80 e a Lei n. 11.419/2006, o STJ entendeu que deveria
prevalecer a LEF, já que se trata de norma especial, que prevalece sobre a norma geral.
Orientação procedimental
Outro argumento exposto foi o de que art. 15 da Lei n. 11.419/06 não criou um requisito processual para
a formulação da petição inicial, mas apenas estabeleceu uma orientação procedimental voltada para
facilitar a identificação das partes.
Somente a Lei 6.830/80 pode trazer os requisitos formais para a composição da petição do processo fiscal.
Novo CPC
O novo CPC exige que a qualificação das partes venha acompanhada da indicação do CPF/CNPJ, mas há a
ressalva de que a petição inicial pode ser recebida apesar da ausência de algumas informações.
O proprietário sem posse a qualquer título não tem legitimidade para ajuizar, com
fundamento no direito de propriedade, embargos de terceiro contra decisão transitada em
julgado proferida em ação de reintegração de posse, da qual não participou, e na qual nem
sequer foi aventada discussão em torno da titularidade do domínio.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.417.620-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 2/12/2014 (Info 553).
O pedido de João tem fundamento jurídico? Ele tem legitimidade para ajuizar essa ação?
NÃO. O proprietário sem posse a qualquer título não tem legitimidade para ajuizar, com fundamento no
direito de propriedade, embargos de terceiro contra decisão transitada em julgado proferida em ação de
reintegração de posse, da qual não participou, e na qual nem sequer foi aventada discussão em torno da
titularidade do domínio.
O embargante, na via estreita dos embargos de terceiro, não buscou apenas discutir se o bem deveria ou
não ser objeto de constrição/apreensão. Seu objetivo foi tornar mais complexa a discussão material
inicialmente travada, alegando que o domínio e, consequentemente, a posse do imóvel, não seria nem do
autor nem do réu, mas sua, por força do direito de propriedade.
Ora, na demanda originária nem sequer foi aventada discussão em torno da titularidade do domínio.
Ademais, o propósito dos embargos é a liberação do bem que foi objeto de equivocada constrição judicial,
e não impugnar ato judicial que determinou, com base em decisão transitada em julgado, a reintegração
do bem objeto da discussão à parte vitoriosa na demanda, sem nem sequer poder ser afirmada a
existência de melhor posse em relação à parte vencedora.
Os embargos de terceiro têm cognição limitada e discutem apenas se o embargante tem melhor posse ou,
ainda, nas hipóteses do art. 1.047, que não se enquadram na presente situação.
Mas e, então, o que deveria João fazer para defender o seu direito?
Ele deveria ajuizar ação petitória (ex: ação reinvidicatória) contra o vencedor da ação de reintegração de
posse (no caso, Pedro). Nesta demanda, aí sim, poderia ser discutido o seu direito de propriedade.
Importante!!!
A curatela é um encargo (múnus) imposto a um indivíduo (chamado de “curador”) por meio do
qual ele assume o compromisso judicial de cuidar de uma pessoa (“curatelado”) que, apesar de
ser maior de idade, possui uma incapacidade prevista no art. 1.767 do CC.
Para que a curatela seja instituída é necessária a instauração de um processo judicial por meio
de uma ação de interdição.
É necessário que o juiz nomeie curador especial ao interditando?
• Se a ação de interdição for proposta pelo MP: SIM. O juiz deverá nomear curador à lide
(curador especial), nos termos do art. 1.179 do CPC.
• Se a ação de interdição for proposta por outro legitimado: NÃO é necessária a nomeação de
curador à lide porque o próprio MP já irá fazer a defesa dos interesses do interditando (art.
1.770 do CC).
STJ. 4ª Turma. REsp 1.099.458-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 2/12/2014 (Info 553).
DIREITO PENAL
O art. 225 do CP prevê que, nos crimes sexuais, em regra, a ação penal é condicionada à
representação.
Existem duas exceções previstas no parágrafo único:
1) Se a vítima é menor de 18 anos: INCONDICIONADA.
2) Se a vítima é pessoa vulnerável: INCONDICIONADA.
A interpretação que deve ser dada a esse parágrafo único é a de que, em relação à vítima
possuidora de incapacidade permanente de oferecer resistência à prática dos atos libidinosos,
a ação penal seria sempre incondicionada. Mas, em se tratando de pessoa incapaz de oferecer
resistência apenas na ocasião da ocorrência dos atos libidinosos, a ação penal permanece
condicionada à representação da vítima.
Assim, procede-se mediante ação penal condicionada à representação no crime de estupro
praticado contra vítima que, por estar desacordada em razão de ter sido anteriormente
agredida, era incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião da ocorrência dos atos
libidinosos.
STJ. 6ª Turma. HC 276.510-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/11/2014 (Info 553).
No interrogatório, ocorrido mais de seis meses após a autoria ter sido descoberta, o acusado confessou a
prática do delito.
Em memoriais, o MP pediu a condenação do réu.
A defesa, por seu turno, alegou uma única tese: o delito praticado pelo réu é crime de ação penal pública
CONDICIONADA à representação (art. 225 do CP). Como não houve representação no prazo de 6 meses
(art. 38 do CPP), houve decadência, que é causa de extinção da punibilidade (art. 107, IV, do CP).
O juiz julgou extinta a punibilidade e o MP recorreu alegando que o estupro de vulnerável (art. 217-A) é
sempre crime de ação penal pública incondicionada por causa do parágrafo único do art. 225 do CP.
A ação penal nos crimes sexuais é regida pelo art. 225 do CP:
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública
condicionada à representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor
de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.
O estupro de vulnerável (art. 217-A) é sempre crime de ação penal pública incondicionada por causa do
parágrafo único do art. 225 do CP? A expressão “pessoa vulnerável” empregada pelo parágrafo único é
o mesmo conceito de “vulnerável” do art. 217-A do CP?
NÃO. Para a 6ª Turma do STJ, a “pessoa vulnerável” de que trata o parágrafo único é somente aquela que
possui uma incapacidade permanente de oferecer resistência à prática dos atos libidinosos.
Se a pessoa é incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião da ocorrência dos atos libidinosos, ela não
pode ser considerada vulnerável para os fins do parágrafo único do art. 225 do CP, de forma que a ação
penal permanece sendo condicionada à representação da vítima.
Em nosso exemplo, a vítima estava desmaiada. Embora tenha sido considerada incapaz de oferecer
resistência na ocasião da prática dos atos libidinosos, não pode ser considerada pessoa vulnerável para os
fins do parágrafo único do art. 225 do CP. Logo, a ação penal era condicionada à representação.
Obs.: cuidado com esse julgado porque a conclusão exposta vai de encontro ao que preconiza a doutrina.
Fique atento em como a questão de prova é formulada. Não é possível antever se esse entendimento irá
prevalecer no próprio STJ, mas qualquer novidade você será alertado.
Importante!!!
É possível a condenação pelo crime de uso de documento falso (art. 304 do CP) com
fundamento em documentos e testemunhos constantes do processo, acompanhados da
confissão do acusado, sendo desnecessária a prova pericial para a comprovação da
materialidade do crime, especialmente se a defesa não requereu, no momento oportuno, a
realização do referido exame.
O crime de uso de documento falso se consuma com a simples utilização de documento
comprovadamente falso, dada a sua natureza de delito formal.
STJ. 5ª Turma. HC 307.586-SE, Rel. Min. Walter de Almeida Guilherme (Desembargador convocado do
TJ/SP), julgado em 25/11/2014 (Info 553).
Essas três alternativas acima foram baseadas na regra geral (art. 158 do CPP). Veja que elas não falam em
exceção, mitigação etc. Logo, não caiam na tentação de imaginar que existem exceções ao que o
enunciado da questão objetiva disse. Ele não falou em exceção, de forma que você não pode considerá-la
no momento de julgar se o item está correto ou não. Se o enunciado não fala na exceção, nem utiliza
palavras como “sempre” e “nunca”, o que vale é a regra geral.
CÓDIGO DE TRÂNSITO
Denúncia no caso de homicídio culposo deve apontar qual foi a conduta negligente, imprudente
ou imperita que ocasionou a morte da vítima
É inepta a denúncia que imputa a prática de homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302
da Lei n. 9.503/1997) sem descrever, de forma clara e precisa, a conduta negligente, imperita ou
imprudente que teria gerado o resultado morte, sendo insuficiente a simples menção de que o suposto
PROVAS
Compartilhamento de provas em razão de acordo internacional de cooperação
MLAT
Na prática diária da Justiça Federal, é muito comum a utilização de provas emprestadas da Justiça norte-
americana, por força de um acordo celebrado entre o Brasil e os EUA e que ficou conhecido pela sua sigla (MLAT).
Em inglês, MLAT significa “Mutual Legal Assistance Treaty” e consiste em um acordo bilateral por meio do
qual os EUA e o Brasil se comprometem a prestar auxílio jurídico direto em matéria processual. O MLAT foi
a forma encontrada para desburocratizar e tornar mais célere e fácil a cooperação jurídica internacional,
que antes era feita apenas por meio de cartas rogatórias que, no entanto, são caras e demoradas.
As cartas rogatórias demoram mais para serem cumpridas porque exigem maiores formalidades e, para
serem enviadas e recebidas, precisam passar pelos canais diplomáticos de cada país. No Brasil, para serem
cumpridas, precisam ainda da autorização do STJ.
O MLAT, por sua vez, é um instrumento de Auxílio Direto, permitindo que o pedido de auxílio seja
formulado diretamente pelo juiz de 1ª instância, sendo desnecessário o juízo prévio de delibação do STJ. A
tramitação desses pedidos é coordenada pela Autoridade Central brasileira designada em cada tratado
firmado, conforme explica o Manual de Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça editado
em 2012 (www.portal.mj.gov.br).
O MLAT entre o Brasil e os EUA foi assinado em 1997, mas promulgado apenas em 2001, por meio do
Decreto n. 3.810/2001.
Por meio desse acordo, as partes (Brasil e EUA) se obrigam a prestar assistência mútua, em matéria de
investigação, inquérito, ação penal, prevenção de crimes e processos relacionados a delitos de natureza
criminal. A assistência incluirá: a) tomada de depoimentos ou declarações de pessoas; b) fornecimento de
documentos, registros e bens; c) localização ou identificação de pessoas (físicas ou jurídicas) ou bens; d)
entrega de documentos; e) transferência de pessoas sob custódia para prestar depoimento ou outros fins;
f) execução de pedidos de busca e apreensão; g) assistência em procedimentos relacionados a
imobilização e confisco de bens, restituição, cobrança de multas; e h) qualquer outra forma de assistência
não proibida pelas leis do Estado Requerido.
Os EUA mantêm acordos semelhantes com diversos outros países do mundo.
EMENDATIO LIBELLI
Momento processual em que deve ser realizados
RECEBER a denúncia ou queixa caso não se verifique nenhuma das hipóteses do art. 395.
NÃO. Segundo a jurisprudência majoritária do STF e do STJ é a sentença o momento processual oportuno
para a emendatio libelli, a teor do art. 383 do CPP. Veja:
(...) A emendatio libelli e a mutatio libelli - previstas, respectivamente, nos arts. 383 e 384 do Código de
Processo Penal - são institutos de que o Juiz pode valer-se quando da prolação da sentença. Não há
previsão legal para utilização destes em momento anterior da instrução. Precedentes.
STJ. 5ª Turma. HC 213.043/MS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/08/2013.
....
(...) De acordo com reiterados precedentes desta Corte, o momento adequado para o julgador utilizar-se
da emendatio libelli, nos termos do artigo 383 do Código de Processo Penal, é quando da prolação da
sentença e não anteriormente no momento do recebimento da denúncia. (...)
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1417555/CE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 04/11/2014.
....
(...) Não é lícito ao Juiz, no ato de recebimento da denúncia, quando faz apenas juízo de admissibilidade da
acusação, conferir definição jurídica aos fatos narrados na peça acusatória. Poderá fazê-lo adequadamente
no momento da prolação da sentença, ocasião em que poderá haver a emendatio libelli ou a mutatio
libelli, se a instrução criminal assim o indicar.
STF. 1ª Turma. HC 87.324-SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/04/2007. No mesmo sentido, mais
recentemente: HC 111445/PE, rel. Min. Dias Toffoli, 16/4/2013 (Info 702).
Nesse sentido: Antônio Scarance Fernandes, citado por Renato Brasileiro (Curso de Processo Penal. Niterói:
Impetus, 2013) e Fernando da Costa Tourinho Filho (Código de Processo Penal Comentado. 14ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2012, p. 1046).
Outros julgados adotando essa tese: STJ. 5ª Turma. HC 103.763/MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
17/02/2009; STF. 1ª Turma. HC 89686, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 12/06/2007.
Ex.: MP denuncia o réu por furto qualificado (art. 155, § 4º, II do CP). O juiz, analisando a denúncia, percebe
que, pelos fatos narrados, aquela conduta se amolda ao tipo do estelionato (art. 171, caput, do CP). Nesse
caso, o magistrado poderia, ao receber a denúncia, desde já fazer a desclassificação para estelionato, ao
invés de aguardar pela sentença, porque isso possibilitará que o acusado tenha direito à suspensão
condicional do processo, cabível no caso de estelionato (cuja pena mínima é igual a 1 ano), mas impossível
na hipótese de furto qualificado (pena mínima de 2 anos).
É importante conhecer a posição acima explicada para ser mencionada em provas práticas e orais da
Defensoria Pública. Em provas objetivas, deve-se adotar o entendimento majoritário. Veja: (DPE/MA 2011
– CESPE) É lícito ao juiz, no ato de recebimento da denúncia, conferir definição jurídica aos fatos narrados na
peça acusatória diversa da atribuída pelo MP, podendo, ainda, fazê-lo no momento da prolação da sentença,
ocasião em que poderá haver emendatio libelli ou mutatio libelli. (ERRADO)
RECURSOS
Manutenção do regime inicial fixado, mas com fundamentação diversa
SITUAÇÃO 2
Imagine a seguinte situação hipotética:
João foi condenado à pena de 6 anos de reclusão.
O juiz, na sentença, aplicou o regime inicial fechado utilizando como fundamento o argumento “X”.
A defesa interpôs apelação questionando o regime aplicado.
O TJ manteve o regime inicial fechado, mas com base em fundamentação “Y”, ou seja, diferente da
utilizada pelo magistrado.
COMPETÊNCIA
Desacato praticado por militar de folga contra militar
em serviço em local estranho à administração militar
Compete à Justiça Comum Estadual (e não à Justiça Militar Estadual) processar e julgar suposto
crime de desacato praticado por policial militar de folga contra policial militar de serviço em
local estranho à administração militar.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.320.129-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/11/2014 (Info 553).
Compete à Justiça Comum Estadual – e não à Justiça Militar Estadual – processar e julgar suposto crime de
desacato praticado por policial militar de folga contra policial militar de serviço em local estranho à
administração militar. Isso porque essa situação não se enquadra em nenhuma daquelas previstas no art.
9º, II, do CPM.
DIREITO TRIBUTÁRIO
IMPOSTO DE RENDA
Correção monetária do valor do IR incidente sobre
verbas recebidas acumuladamente em ação trabalhista
Até a data da retenção na fonte, a correção do IR apurado e em valores originais deve ser feita
sobre a totalidade da verba acumulada e pelo mesmo fator de atualização monetária dos
valores recebidos acumuladamente, sendo que, em ação trabalhista, o critério utilizado para
tanto é o Fator de Atualização e Conversão dos Débitos Trabalhistas (FACDT). Essa sistemática
não implica violação do art. 13 da Lei 9.065/1995, do art. 61, § 3º, da Lei 9.430/1996, dos arts.
8º, I, e 39, § 4º, da Lei 9.250/1995, uma vez que se refere à equalização das bases de cálculo do
imposto de renda apuradas pelo regime de competência e pelo regime de caixa e não à mora,
seja do contribuinte, seja do Fisco. Ressalte-se que a taxa SELIC, como índice único de correção
monetária do indébito, incidirá somente após a data da retenção indevida.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.470.720-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em
10/12/2014 (Info 553).
Trata-se de assunto muito específico e mais ligado ao setor de cálculos, sendo improvável que seja exigido
na maioria dos concursos essencialmente jurídicos.
Se for cobrado, será exigido do candidato apenas o conhecimento da conclusão do julgado acima exposta.
Mudança de entendimento!
Atualize o Info 535-STJ
Houve importação do produto de procedência estrangeira e, no momento do desembaraço,
ocorreu a incidência do IPI. Será possível nova cobrança do tributo quando ele sair do
estabelecimento do importador para ser vendido?
• Regra: NÃO.
• Exceção: será possível nova cobrança do tributo se, entre o desembaraço aduaneiro e a saída
do estabelecimento do importador, o produto tiver sido objeto de uma das formas de
industrialização.
Em síntese: havendo incidência do IPI no desembaraço aduaneiro de produto de procedência
estrangeira (art. 46, I, do CTN), não é possível nova cobrança do tributo na saída do produto do
estabelecimento do importador (arts. 46, II, e 51, parágrafo único, do CTN), salvo se, entre o
desembaraço aduaneiro e a saída do estabelecimento do importador, o produto tiver sido
objeto de uma das formas de industrialização (art. 46, parágrafo único, do CTN).
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.411.749-PR, Rel. originário Min. Sérgio Kukina, Rel. para acórdão Min. Ari
Pargendler, julgado em 11/6/2014 (Info 553).
IPI
IPI é a sigla para Imposto sobre Produtos Industrializados.
Trata-se de um tributo federal e que incide sobre a produção e a circulação de produtos industrializados.
O IPI foi instituído por meio da Lei nº 4.502/64.
Ao revender esses produtos, a Receita Federal cobrou novamente o IPI da empresa, desta vez com base no
art. 46, II, do CTN:
Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador:
II — a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;
A tributação feita foi correta? É possível a nova incidência do IPI no momento da saída do produto? O IPI
pode ser exigido na revenda de produtos importados?
NÃO. O STJ decidiu que, havendo incidência do IPI no desembaraço aduaneiro de produto de procedência
estrangeira (art. 46, I, do CTN), não é possível nova cobrança do tributo na saída do produto do
estabelecimento do importador (arts. 46, II, e 51, parágrafo único, do CTN). Não pode haver nova
incidência por causa da regra prevista no parágrafo único do art. 46:
Segundo ressaltou o STJ, a norma do parágrafo único do art. 46 do CTN constitui a essência do fato
gerador do IPI. A teor dela, o tributo não incide sobre o acréscimo embutido em cada um dos estágios da
circulação de produtos industrializados. O IPI incide apenas sobre o montante que, na operação tributada,
tenha resultado da industrialização, assim considerada qualquer operação que importe na alteração da
natureza, funcionamento, utilização, acabamento ou apresentação do produto. Em outras palavras, depois
do desembaraço aduaneiro, só pode incidir novo IPI se tiver havido processo de industrialização (e não
simples e pura revenda).
Se fôssemos pensar de forma contrária, os fatos geradores do IPI e do ICMS acabariam sendo iguais nesse
caso, incidindo pela mera comercialização.
“Pretender que para o importador⁄comerciante sejam dois os fatos geradores da tributação pelo IPI fere a
lógica da especialidade, pois há uma regra própria para a importação, que é a da tributação no momento
do desembaraço aduaneiro. Na condição de revendedor da mercadoria importada, esse contribuinte
realiza mera atividade comercial, que não se assemelha a qualquer processo de industrialização.” (Min.
Napoleão Nunes Maia Filho).
A tributação feita foi correta? É possível a nova incidência do IPI no momento da saída do produto?
SIM, neste caso a tributação foi correta. Isso porque os produtos, após terem sido importados, foram
novamente modificados/aperfeiçoados por meio de um processo de industrialização, de forma que se
amoldaram no parágrafo único do art. 46, que transcrevo novamente:
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido
submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.
Logo, podemos concluir que os incisos I e II do caput do art. 46 do CTN são, a princípio, excludentes, salvo
se, entre o desembaraço aduaneiro e a saída do estabelecimento do importador, o produto tiver sido
objeto de uma das formas de industrialização.
Dessa forma, no caso de produto importado, o fato gerador do IPI é o desembaraço aduaneiro. A hipótese
definida no inciso II do art. 46 do CTN (saída do estabelecimento) só incidirá se o produto alienígena sofreu
algum processo de industrialização antes da comercialização.
Resumindo:
Houve importação do produto de procedência estrangeira e, no momento do desembaraço, ocorreu a
incidência do IPI. Será possível nova cobrança do tributo quando ele sair do estabelecimento do
importador para ser vendido?
Regra: NÃO.
Exceção: será possível nova cobrança do tributo se, entre o desembaraço aduaneiro e a saída do
estabelecimento do importador, o produto tiver sido objeto de uma das formas de industrialização
(art. 46, parágrafo único, do CTN).
PERÍODO DE GRAÇA
Comprovação da situação de desemprego para prorrogação do período de graça
Importante!!!
O § 2º do art. 15 da Lei 8.213/91 prevê que o período de graça do segurado será acrescido de
12 meses se ele estiver desempregado e comprovar essa situação “pelo registro no órgão
próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social”.
O simples fato de não haver anotação na CTPS do segurado é prova suficiente de que ele estava
desempregado para fins do § 2º do art. 15?
NÃO. A ausência de anotação laboral na CTPS do indivíduo não é suficiente para comprovar a
sua situação de desemprego. Isso porque pode ser que ele tenha trabalhado em alguma
atividade remunerada na informalidade, não tendo assinado carteira.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.338.295-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 25/11/2014 (Info 553).
FILIAÇÃO DO SEGURADO
Para que o indivíduo possa ser considerado segurado, é necessário que ele seja filiado à Previdência Social.
Filiação é a relação jurídica que se estabelece entre o indivíduo e o INSS, fazendo com que o primeiro se
torne segurado da Previdência Social e passe a ter direitos (ex: auxílio-doença, aposentadoria) e
obrigações (ex.: pagamento das contribuições previdenciárias).
Se o segurado deixa de realizar atividade laborativa remunerada (ex: é demitido) ou deixa de pagar a
contribuição previdenciária (no caso do contribuinte individual), ele irá perder a qualidade de segurado, ou
seja, deixará de ser segurado da Previdência Social e não mais terá direito aos benefícios previdenciários.
Vale ressaltar que essa perda não é imediata, ou seja, no mesmo dia em que for demitido ou deixar de
pagar a contribuição previdenciária.
O art. 15 da Lei nº 8.213/91 prevê que a pessoa, mesmo sem estar pagando as contribuições
previdenciárias, continuará sendo segurada do INSS por um tempo, que é chamado de “período de graça”.
A palavra “graça” significa favor dispensado a alguém, presente, dádiva, algo grátis.
Período de graça é, portanto, um tempo previsto na lei em que o indivíduo continua sendo segurado do
INSS mesmo sem estar pagando contribuição previdenciária. É uma forma de ajudar a pessoa que pode
estar momentaneamente desempregada ou, por razões de adversidade, impossibilitada de recolher a
contribuição previdenciária.
A hipótese mais comum é a do indivíduo que estava trabalhando e ficou desempregado. Ao sair do
emprego, ele parou de pagar contribuição previdenciária. Se não houvesse o período de graça, ele
perderia imediatamente a qualidade de segurado. No entanto, o inciso II do art. 15 prevê um período de
presente, de graça, no qual ele continuará sendo segurado mesmo sem pagar. Confira:
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
II – até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade
remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;
(...)
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago
mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de
segurado.
Durante o período de graça, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social (§ 3º
do art. 15). Da mesma forma, durante o período de graça, os dependentes do segurado também
permanecem com os mesmos direitos.
Passado o período de graça sem que o indivíduo volte a pagar as contribuições previdenciárias, ele perde a
condição de segurado e seus dependentes também deixam de gozar da proteção da Previdência Social.
Dessa forma, se a pessoa for até o Ministério do Trabalho e comprovar que continua desempregada, ela
terá um bônus de mais 12 meses no seu período de graça.
Repare que o § 2º afirma que, para ter essa prorrogação, o segurado precisa comprovar o desemprego
pelo registro no Ministério do Trabalho. No entanto, os advogados previdenciários e a DPU começaram a
questionar o rigor dessa exigência dizendo que não seria justo que a situação de desemprego só pudesse
ser provada por meio desse registro. Afirmou-se que o segurado é parte hipossuficiente, que não conhece
a lei, não sabe que tinha que ir até o Ministério do Trabalho, entre outros argumentos. Enfim, começaram
a pedir que essa regra fosse flexibilizada.
O STJ aceitou essa tese? É possível flexibilizar a regra do § 2º do art. 15 da Lei n. 8.213/91? A situação
de desemprego do segurado, para que ele tenha direito à prorrogação do prazo de carência, pode ser
provada por outros meios além do registro no Ministério do Trabalho?
SIM. O STJ consagrou o entendimento de que o registro no órgão próprio do MTE não é o único meio de prova
admissível para que o segurado desempregado comprove a situação de desemprego para a prorrogação do
período de graça. Ex: prova testemunhal ouvida em juízo na ação que pede o benefício previdenciário.
O precedente mais importante no STJ sobre o tema é o Pet 7.115/PR, 3ª Seção. Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 10/03/2010.
Se quiser demonstrar que sabe mesmo tudo sobre o tema em sua prova, você pode citar ainda a posição
sumulada da TNU:
Súmula 27-TNU: A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação
do desemprego por outros meios admitidos em Direito.
A defesa dos segurados, no entanto, quis avançar um pouco mais e sustentou o seguinte raciocínio: todas
as vezes que a pessoa trabalha, esse vínculo fica registrado na Carteira de Trabalho (CTPS). Logo, se, nesse
período, não houver nenhum registro de emprego na CTPS da pessoa, isso significa que ela estava
desempregada, possuindo, portanto, direito à prorrogação do período de graça.
O STJ aceitou essa segunda tese? O simples fato de não haver anotação na CTPS do segurado é prova
suficiente de que ele estava desempregado para fins do § 2º do art. 15?
NÃO. A ausência de anotação laboral na CTPS do indivíduo não é suficiente para comprovar a sua situação
de desemprego. Isso porque pode ser que ele tenha trabalhado em alguma atividade remunerada na
informalidade, não tendo assinado carteira. Ex: camelô, vendedor de frutas, diarista etc.
Resumindo:
A ausência de registros na CTPS, só por si, não é suficiente para comprovar a situação de desemprego da
parte autora, admitindo-se, no entanto, que tal demonstração possa ser efetivada por outros meios de
prova que não o registro perante o Ministério do Trabalho e da Previdência Social, como a testemunhal.
A grande maioria das ações propostas contra o INSS objetivando benefícios previdenciários é de
competência dos Juizados Especiais Federais (JEF).
Diante disso, é muito comum que o segurado, sem ter antes requerido administrativamente o benefício
previdenciário em um dos postos do INSS, opte por já ajuizar diretamente no JEF uma ação pedindo a
concessão da aposentadoria, por exemplo.
A prática acima explicada é admitida? O segurado ou dependente pode ingressar com a ação judicial
pleiteando a prestação previdenciária mesmo sem ter feito previamente requerimento administrativo no INSS?
NÃO. Em regra, o segurado/dependente somente pode propor ação pleiteando a concessão do benefício
previdenciário se anteriormente formulou requerimento administrativo junto ao INSS e este foi negado.
Caso seja ajuizada a ação sem que tenha havido prévio requerimento administrativo e sem que este pedido
tenha sido indeferido, deverá o juiz extinguir o processo sem resolução do mérito por ausência de interesse de
agir, considerando que havia a possibilidade de o pedido ter sido atendido pelo INSS na via administrativa.
Para o STF, a exigência de que seja feito prévio requerimento administrativo NÃO viola o princípio da
inafastabilidade da jurisdição. O art. 5º, XXXV, da CF/88 estabelece que “a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Ora, se não houve pedido administrativo anterior e negativa
por parte do INSS no prazo legal, não está caracterizada nenhuma lesão ou ameaça de direito.
1) o interessado requereu administrativamente o benefício, mas este foi negado pelo INSS (total ou
parcialmente);
2) o interessado requereu administrativamente o benefício, mas o INSS não deu uma decisão em um prazo
máximo de 45 dias;
3) o interessado não requereu administrativamente o benefício, mas é notório que, sobre essa matéria, o
INSS tem reiterada posição contrária ao pedido feito pelo segurado. É o caso das situações em que a
matéria está pacificada no âmbito da autarquia por meio de instrução normativa ou súmula
administrativa. Ex.: existe uma instrução normativa do INSS proibindo a renúncia à aposentadoria e,
consequentemente, vedando a desaposentação. Logo, o segurado poderá ajuizar a ação pedindo a
desaposentação mesmo que não tenha feito prévio requerimento administrativo.
A exigência do prévio requerimento administrativo vale tanto para os casos em que a parte quer a concessão
inicial do benefício, como também para as hipóteses de revisão do benefício que já é recebido?
NÃO. O STF afirmou que a exigência de prévio requerimento administrativo só existe para as ações que
buscam a concessão inicial do benefício.
Em regra, para a propositura de ação pleiteando a revisão do benefício, não se exige o prévio
requerimento administrativo.
EXCEÇÃO:
Antes de ajuizar a ação pedindo a revisão do benefício previdenciário, o segurado precisará formular
requerimento administrativo se essa revisão é baseada em novos fatos que não haviam sido examinados
pelo INSS.
QUADRO RESUMO:
Para que a ação judicial proposta seja conhecida, é necessário que fique comprovado que:
a) o autor requereu administrativamente o benefício, mas este foi negado pelo INSS (total ou
parcialmente);
b) o autor requereu administrativamente o benefício, mas o INSS não deu uma decisão em um prazo
máximo de 45 dias;
c) o benefício pleiteado trata de matéria sobre a qual o INSS tem posição manifestamente contrária
ao pedido feito pelo segurado.
Vale ressaltar que o STJ, em julgamento ocorrido após a decisão do STF acima explicada, reconheceu
a existência de uma quarta exceção à regra geral:
d) pode ser ajuizada a ação judicial pedindo o benefício quando o autor comprova que o INSS se
recusou a receber o requerimento administrativo apresentado, ou seja, a autarquia nem examinou
o pedido administrativo porque o servidor não aceitou sequer dar regular processamento ao pedido
de benefício (STJ. 2ª Turma. REsp 1.488.940-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
18/11/2014. Info 552).
Obs.: não é necessário o esgotamento da via administrativa (o segurado não precisa interpor
recurso administrativo contra a negativa do pedido).
Agora que o STF finalmente decidiu o tema, indaga-se: o que fazer com os inúmeros processos
sobrestados nos quais o autor propôs a ação sem ter requerido previamente o benefício junto ao INSS?
Eles deverão ser extintos por falta de interesse de agir ou poderão voltar a tramitar normalmente?
O STF modulou os efeitos de sua decisão e definiu três regras de transição a serem aplicadas aos processos
judiciais sobrestados que envolvem pedidos de concessão de benefício ao INSS nos quais não houve
requerimento administrativo prévio.
Se a ação foi proposta em um juizado itinerante, mesmo não tendo havido prévio
requerimento administrativo, o curso do processo deve ser retomado e prosseguir
1ª regra:
normalmente (não será extinto sem resolução do mérito). Isso porque os juizados
Juizado itinerante.
itinerantes ocorrem, basicamente, em lugares onde não há agência do INSS, de
forma que não seria razoável exigir do autor prévio requerimento administrativo.
Se a ação foi ajuizada sem prévio requerimento, não se trata de juizado itinerante
e o INSS não apresentou contestação de mérito, o processo deverá continuar
sobrestado (suspenso) e o juiz /Tribunal deverá tomar as seguintes providências:
O autor será intimado para que, no prazo de 30 dias, dê entrada em
requerimento administrativo junto ao INSS pedindo o benefício que está sendo
3ª regra: pleiteado na via judicial.
Demais casos não A partir daí, o INSS terá o prazo de até 90 dias para se manifestar.
enquadrados nas
situações • Caso negue o benefício, a ação judicial continuará normalmente, uma vez que
anteriores. ficou demonstrado o interesse de agir.
• Caso o benefício seja concedido administrativamente, o processo judicial será
extinto.
• Caso o autor não dê entrada no requerimento administrativo no prazo de 30
dias, o processo também será extinto.
Se o benefício for concedido (seja administrativamente, seja pela via judicial), a data
Vale esclarecer, mais uma vez, que essas três regras acima valem para os processos que estavam
sobrestados aguardando a decisão do STF. Para as novas ações que forem propostas após a decisão do
STF, a regra é a necessidade de que tenha havido prévio requerimento. Em caso de sua ausência, haverá
extinção sem resolução do mérito, salvo se o benefício pleiteado tratar de matéria sobre a qual o INSS
tenha posição manifestamente contrária ao pedido feito pelo segurado.
EXERCÍCIOS
Gabarito
1. E 2. C 3. E 4. C 5. C 6. C 7. C 8. C 9. C 10. C 11. C 12. C 13. C 14. E 15. E
DIREITO CIVIL. INEFICÁCIA DE DISPOSIÇÃO TESTAMENTÁRIA QUE NÃO AFASTA O PRÊMIO DO TESTAMENTEIRO.
A perda de finalidade de testamento – elaborado apenas para que os bens imóveis herdados pelos filhos
do testador fossem gravados com cláusula de incomunicabilidade – não ocasiona a perda do direito do
testamenteiro de receber um prêmio pelo exercício de seu encargo (art. 1.987 do CC/2002) caso a
execução da disposição testamentária só tenha sido obstada em razão de omissão do próprio testador
que, após a vigência do novo Código Civil, deixou de aditar o testamento para indicar a justa causa da
restrição imposta (art. 1.848 c/c art. 2.042 do CC/2002).
Com a vigência do CC/2002, passou-se a exigir a indicação de justa causa para que o testador imponha cláusula
de incomunicabilidade sobre os bens da legítima, tendo sido concedido o prazo de 1 (um) ano após a entrada
em vigor do Código para que fosse feito o aditamento (art. 1.848 c/c art. 2.042 do CC/2002), o que não foi
observado, no caso, pelo testador. A despeito de a ineficácia da referida cláusula afetar todo o testamento, não
há que se falar em afastamento do pagamento do prêmio ao testamenteiro, a pretexto de que a sua atuação no
feito teria sido singela, uma vez que o maior ou menor esforço no cumprimento das disposições testamentárias
deve ser considerado apenas como critério para a fixação da vintena, que poderá variar entre o mínimo de 1% e
o máximo de 5% sobre a herança líquida (art. 1.987 do CC/2002), mas não para ensejar a sua supressão. Na
hipótese, a fiel execução da disposição testamentária foi obstada pela própria inação do disponente ante a
exigência da lei, razão pela qual não pode ser atribuída ao testamenteiro nenhuma responsabilidade por seu
descumprimento. Ademais, cabe ressaltar que a perda do direito ao prêmio só é admitida, excepcionalmente,
em caso de sua remoção, nas situações previstas em lei (art. 1.989 do CC/2002 e art. 1.140, I e II, do CPC).
REsp 1.207.103-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 2/12/2014.