You are on page 1of 43

12/22/2018

Garantia da Constituição
Inconstitucionalidades

No nosso sistema não se fiscalizam atos, mas sim


Garantia da Constituição normas.
Inconstitucionalidades O Tribunal Constitucional é que diz se são, ou não,
inconstitucionais.

Não se diz: a norma é constitucional

Mas sim: a norma é, ou não, inconstitucional.

TP2 – Elisabete Santos 573 TP2 – Elisabete Santos 574

573 574

Garantia da Constituição
Inconstitucionalidades

Sistema de revisão constitucional


No nosso sistema a garantia da Constituição é
fundamentalmente assegurada por dois meios
distintos, ambos consagrados na Parte IV da CRP: Características:
a) Só a AR compete a revisão da constituição, sem
i) Fiscalização da constitucionalidade (Título I) intervenção dos restantes órgãos legislativos
(Governo e assembleias regionais) e sem recurso ao
i) Revisão constitucional (Título II). referendo (reserva parlamentar de revisão);
b) A revisão constitucional está sujeita a limites
temporais, tendo de decorrer 5 anos antes de se
proceder a nova revisão (salvo no caso de revisão
extraordinária).
TP2 – Elisabete Santos 575

575 576

1
12/22/2018

Garantia da Constituição
Inconstitucionalidades

Sistema de revisão constitucional No que respeita à fiscalização da constitucionalidade,


esta pretende assegurar a:
Cont.) Características:
i) Observância da Constituição, bem como prevenir
c) As alterações à Constituição carecem de a criação de atos normativos que a contrariem;
maioria especialmente qualificada (2/3
deputados); ii) Cabe aos limites da revisão constitucional garantir
d) Existem limites materiais de revisão que a estabilidade e a conservação da Constituição.
impedem a alteração da constituição quanto aos
traços essenciais da lei fundamental.

TP2 – Elisabete Santos 578

577 578

Garantia da Constituição Garantia da Constituição


Inconstitucionalidades Inconstitucionalidades

A constituição como norma das normas prevê o As garantias da Constituição incluem:


processo de feitura das normas jurídicas, disciplina a
sua formação, competência e procedimento dos a) A vinculação de todos os poderes à CRP (art.º 3, n.º3);
órgãos que as emanam e preconiza que as mesmas
b) Os limites da revisão constitucional (art.288);
devem respeitar a CRP.
c) O principio da separação e interdependência dos poderes;
d) A constitucionalização dos estados de exceção (art.19, n.º
O sistema de controlo jurisdicional da 6, 138.º);
constitucionalidade, pretende assim ser um
instrumento privilegiado, previsto a jusante e) E a fiscalização da constitucionalidade das normas.
das normas ordinárias, para garantir o
cumprimento da CRP.
TP2 – Elisabete Santos 579 TP2 – Elisabete Santos 580

579 580

2
12/22/2018

Garantia da Constituição Garantia da Constituição


Inconstitucionalidades Inconstitucionalidades

A garantia jurisdicional da Constituição em Portugal A justiça constitucional, criação resultante da


é assegurada pelo exercício de funções de controlo da evolução do Estado para estado social e democrático
constitucionalidade, a de direito, é exercida nos termos da CRP e da lei e
compete ao Tribunal Constitucional e aos tribunais
i) Cargo dos tribunais em geral, comuns.
e do
i) Tribunal Constitucional, em especial. Artigos da Parte IV, Título I, da CRP e Lei da
organização, funcionamento e processo do Tribunal
Constitucional, Lei n.º 28/82 pelo artigo 224.º, n.º 1,
da CRP.

TP2 – Elisabete Santos 581 TP2 – Elisabete Santos 582

581 582

Garantia da Constituição Garantia da Constituição


Inconstitucionalidades Inconstitucionalidades

Como prevê o art. 3, n.º 3 “a validade das leis O Tribunal Constitucional. Composição e
depende da sua conformidade com a CRP” competências (artigos 222.º e 223.º CRP)
e
Lei n.º 28/82, de 15 de novembro (alterada)
LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
Se a norma for inconstitucional então é uma norma
desconforme com a CRP. «Artigo 2.º Decisões - As decisões do Tribunal
Constitucional são obrigatórias para todas as
entidades públicas e privadas e prevalecem sobre as
dos restantes tribunais e de quaisquer outras
autoridades».
TP2 – Elisabete Santos 583 TP2 – Elisabete Santos 584

583 584

3
12/22/2018

Garantia da Constituição Garantia da Constituição


Inconstitucionalidades Inconstitucionalidades

Lei n.º 28/82, de 15 de novembro (alterada) O Lei n.º 28/82, de 15 de novembro (alterada)
LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL

Esta lei “(1) densifica a disciplina jurídica referente à Esta lei “( (2) individualiza e regula os vários processos
competência, organização e funcionamento do constitucionais, designadamente os processos de
tribunal Constitucional; fiscalização da constitucionalidade e legalidade”...
“Através dos processos constitucionais garante-se,
desde logo, a Constituição”.
TP2 – Elisabete Santos 585 TP2 – Elisabete Santos 586

585 586

Garantia da Constituição Garantia da Constituição


Inconstitucionalidades Inconstitucionalidades

O Tribunal Constitucional. Composição e


O Lei n.º 28/82, de 15 de novembro (alterada) competências (artigos 222.º e 223.º CRP)
LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL e
Lei n.º 28/82, de 15 de novembro (alterada)
“Garantir a constituição contra normas LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
inconstitucionais significa proteger a ordem
constitucional objetiva. … O direito constitucional «Competência - Artigo 6.º Apreciação da
processual cumpre a função de garantia da inconstitucionalidade e da ilegalidade: Compete ao
funcionalidade do próprio sistema de controlo da Tribunal Constitucional apreciar a
constitucionalidade”, inconstitucionalidade e a ilegalidade nos termos dos
artigos 277.º e seguintes da Constituição e nos da
J. J. GOMES CANOTILHO, ob. cit., págs. 958 a 960. presente lei.».
TP2 – Elisabete Santos 587 TP2 – Elisabete Santos 588

587 588

4
12/22/2018

Garantia da Constituição Garantia da Constituição


Inconstitucionalidades Inconstitucionalidades

Lei n.º 28/82, de 15 de novembro (alterada) Lei n.º 28/82, de 15 de novembro (alterada)
LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL

«Das decisões dos tribunais relativas à questão da «O recurso a interpor para o TC nos termos em que a
inconstitucionalidade cabe recurso para o tribunal Lei 28/82 estatui, após o tribunal se pronunciar que
Constitucional. uma norma é ou não inconstitucional em determinada
interpretação que se lhe seja dada pelo Juiz do tribunal
O objeto do recurso não é a decisão do tribunal a quo a quo.
sobre o mérito da questão ou do facto submetido a O recorrente só pode criticar a interpretação da lei e
julgamento, mas apenas o segmento da decisão da sua desconformidade com a Constituição depois
judicial relativo à questão da inconstitucionalidade». de ter a decisão.»
TP2 – Elisabete Santos 589 TP2 – Elisabete Santos 590

589 590

Garantia da Constituição Garantia da Constituição


Inconstitucionalidades Inconstitucionalidades

Lei n.º 28/82, de 15 de novembro (alterada)


Lei n.º 28/82, de 15 de novembro (alterada) LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
«Para se poder recorrer da decisão da não
«A regulamentação processual destes recursos, das inconstitucionalidade para o TC é necessário que os
decisões judiciais para o tribunal Constitucional em Tribunais apliquem uma norma ao caso concreto,
que se vai reapreciar a ilegalidade da norma aplicada
ou não aplicada conforme a constituição está contida norma essa cuja inconstitucionalidade haja sido
nos artigos 280.º da norma normarum e nos artigos suscitada durante o processo, conforme preceitua o
69.º e seguintes LCT..» artigo 280.º n.º 1 b) da CRP. .»

TP2 – Elisabete Santos 591 TP2 – Elisabete Santos 592

591 592

5
12/22/2018

 FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE

Art.s 277 a 283.º CRP


A fiscalização da constitucionalidade
LOTC
encontra-se prevista no

Gomes Canotilho, Moreira, Vital, Constituição da Republica Portuguesa


anotada, Vol. II, Coimbra Editora Título I da Parte IV da CRP (artigos 277.º a
VAZ, Manuel Vaz; CARVALHO, Raquel, BOTEHO, Catarina Santos, 283.º da CRP), LOTC
FOLHADELA, Inês, RIBEIRO, Ana Teresa (2015) – Direito Constitucional– O
Sistema Constitucional Português (2.ª ed.). Porto: UCP, pp. 144-195;

CANOTILHO, J.J. GOMES (2018) – Direito Constitucional e Teoria da


Constituição, Reimpressão da 7ª ed.,. Coimbra: Almedina, pp. 885 ss.
TP2 – Elisabete Santos 593 TP2 – Elisabete Santos 594

593 594

FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE.

A constitucionalidade de uma lei ou de outro ato Fiscalização da


normativo estatal refere-se à conformidade desta constitucionalidade
lei ou ato com base em princípios estabelecidos e
contidos na Constituição
Visa prevenir a criação
Reprimir as violações
de normas
Fiscalização é o mecanismo jurídico inconstitucionais
da constituição
constitucional que permite verificar as possíveis
violações à constituição e consequentemente na
aplicação do Direito. Fiscalização da
Controlo preventivo da
inconstitucionalidade por
constitucionalidade
ação
TP2 – Elisabete Santos 595

595 596

6
12/22/2018

Fiscalização da Fiscalização da
constitucionalidade constitucionalidade

Fazer cumprir as suas


imposições e diretivas Significa que a CRP é a lei básica do país e
toda a ordem deve ser conforme com ela.
A fiscalização da constitucionalidade, visa
garantir o respeito pela hierarquia normativa.
Fiscalização da inconstitucionalidade por omissão A CRP é a norma suprema do país, todas as
demais normas a devem respeitar.

TP2 – Elisabete Santos 598

597 598

Evolução do sistema de fiscalização

Sistema
originário da CRP 1974
Sistema pré-constitucional Criação de 2
1974 Manteve novos tipos
1971 O Sistema misto de
1933 Acresce a Combina a
fiscalização
Fiscalização fiscalização :
1911 Art.º 123 concreta e Omissa e
judicial difusa e
Art.º 63 abstrata a fiscalização
preventiva dos
concentrada não judicial
atos
(Sistema concentrada
legislativos ou
misto) abstrata
equiparados
E a Comissão
Constitucional
Origem e formação do sistema de Sistema
fiscalização extremamente
complexo

TP2 – Elisabete Santos 599 TP2 – Elisabete Santos 600

599 600

7
12/22/2018

Evolução do sistema de fiscalização Evolução do sistema de fiscalização

Revisão
“[...] o controlo político das leis domina durante o
Constitucional constitucionalismo monárquico. Só com a constituição republicana
Revisão
- 1989 de 1911 (art. 63º) é que se introduziu entre nós o sistema de
Constitucional - Extensão da controlo difuso, incidental e concreto.
1982 competência de
fiscalização dos
Manteve-se Sistema tribunais e TC à Todavia, na Constituição de 1933, o sistema do controlo político
extremamente ilegalidade dos atos ressurgiu para as inconstitucionalidades orgânicas ou formais de
complexo legislativos
desconformes com as diplomas promulgados pelo Presidente da República (art. 123º)”
leis de valor reforçado
É Criado o Tribunal (Art 280-2, a) e 281-
Constitucional 1/a) e alargamento
da fiscalização
preventiva à CANOTILHO (1999, p. 832)
categoria de leis
orgânicas (art. 278/4,
5 e 6).
TP2 – Elisabete Santos 601 TP2 – Elisabete Santos 602

601 602

Fiscalização da Constitucionalidade
Pode classificar-se:

de quaisquer atos
(o nosso sistema só fiscaliza
normas, não atos)

Fiscalização da Constitucionalidade de normas


Classificação - Tipos

TP2 – Elisabete Santos 603 TP2 – Elisabete Santos 604

603 604

8
12/22/2018

Fiscalização da Constitucionalidade Fiscalização da Constitucionalidade


Pode classificar-se: Pode classificar-se:

concentrada – do modelo
política austríaco (segundo Kelser): só o
Trib. Const. pode decidir

jurisdicional (desde a 1ª difusa – do sistema Americano:


revisão constitucional em “Judicial Review”. É também:
1982) sucessiva + concreta ou abstrata.

O sistema Português é a combinação dos 2. Todos os


tribunais podem apreciar a constitucionalidade das
normas.
TP2 – Elisabete Santos 605 TP2 – Elisabete Santos 606

605 606

Fiscalização da Constitucionalidade Fiscalização da Constitucionalidade


Pode classificar-se: Pode classificar-se:

Difusa - distingue -se


Cont.) essencialmente pelo carácter Preventiva – antes da
difuso da fiscalização, ou seja, entrada em vigor da norma
pelo facto de o controlo da - será também: concentrada
constitucionalidade ser feito e abstrata
por todos os tribunais. Todos
os tribunais, em Portugal, são,
de alguma forma,
constitucionais. Isto porque ao Sucessiva - após a entrada
julgar um caso o juiz tem, por em vigor da norma
um momento, de pensar se a
lei é inconstitucional ou não.

TP2 – Elisabete Santos 607 TP2 – Elisabete Santos 608

607 608

9
12/22/2018

Fiscalização da Constitucionalidade
Pode classificar-se:

Fiscalização da constitucionalidade
Concreta - aplicada num
caso especial
Inconstitucionalidade Inconstitucionalidade
por ação por omissão

Abstrata – quando não está


em causa nenhuma Fiscalização Fiscalização
fiscalização concreta. preventiva sucessiva

Fiscalização Fiscalização
concreta abstrata
TP2 – Elisabete Santos 609

609 610

Espécies de fiscalização da inconstitucionalidade


Fiscalização da constitucionalidade

Em suma
No complexo modelo
Fiscalização preventiva português de fiscalização da
Fiscalização concreta constitucionalidade existem 4
da constitucionalidade
(art. 204 e 280.º)
I- (art. 278 e 279) formas de fiscalização:
Inconstitucionalidade
por ação
(art. 277, 282)
Fiscalização sucessiva Fiscalização abstrata
da constitucionalidade (art. 281 e 282)

A fiscalização sucessiva
Fiscalização abstrata A fiscalização sucessiva
concreta da
com base na abstrata da
fiscalização concreta inconstitucionalidade, a
inconstitucionalidade
(art. 281, n.º 3) cargo de qualquer
II – Inconstitucionalidade por
por ação
omissão (art.º 283) tribunal,
Fonte: VAZ, Manuel Vaz; CARVALHO, Raquel, BOTEHO, Catarina Santos, FOLHADELA, Inês,
RIBEIRO, Ana Teresa (2015) – Direito Constitucional– O Sistema Constitucional Português (2.ª
ed.). Porto: UCP p. 162.; TP2 – Elisabete Santos 611 TP2 – Elisabete Santos 612

611 612

10
12/22/2018

Espécies de fiscalização da inconstitucionalidade Espécies de fiscalização da inconstitucionalidade

Em suma Existem diversos tipos de fiscalização:


4 formas de fiscalização:
• Preventiva: Antes de a lei entrar em vigor
• Sucessiva: Depois de a lei entrar em vigor (Art. 281º, 282º)
A fiscalização preventiva A fiscalização da
da inconstitucionalidade inconstitucionalidade por • Por ação: Quando há, efetivamente, algo inconstitucional
por ação omissão, todas • Por omissão: Quando há uma matéria que não foi legislada e
exclusivamente a cargo do devia ter sido (Art. 283º)
Tribunal Constitucional.
• Abstrata: Quando não está associada a nenhum caso
concreta
Este tem ainda o exclusivo da • Concreta: Quando a inconstitucionalidade é suscitada no
apreciação dos recursos das
decisões de inconstitucionalidade âmbito de um caso concreto (Art. 280º)
dos restantes tribunais

TP2 – Elisabete Santos 613 TP2 – Elisabete Santos 614

613 614

Fiscalização da Constitucionalidade

Art.º 277.º

Inconstitucionalidade por ação

Traduz-se numa atuação dos poderes O objeto da fiscalização da


públicos contrária à CRP
constitucionalidade

TP2 – Elisabete Santos 615 TP2 – Elisabete Santos 616

615 616

11
12/22/2018

Segundo o artigo 204.º da Constituição da República


Portuguesa (doravante C.R.P.), “nos feitos submetidos a
julgamento não podem os tribunais aplicar normas que
infrinjam o disposto na Constituição ou os princípios nela
consignados”.
IMPORTÂNCIA DA DEFINIÇÃO
DO CONCEITO DE NORMA De outro modo, o artigo 280.º refere que cabe recurso para
o “Tribunal Constitucional as decisões dos tribunais: que
recusem a aplicação de qualquer norma com fundamento na
sua inconstitucionalidade, ou que apliquem norma cuja
inconstitucionalidade haja sido suscitada durante o
processo”.

TP2 – Elisabete Santos 617 TP2 – Elisabete Santos 618

617 618

Interligando-se com o artigo 280º da C.R.P., o artigo


277.º n.º 1 da C.R.P. refere que “são inconstitucionais
O conceito de norma, para além da importância que
as normas que infrinjam o disposto na Constituição ou
revela nos artigos acima referidos, toca diretamente
os princípios nela consignados”.
com a interpretação da norma constante do artigo 3.º,
n.º 3 da C.R.P., isto é,
Neste artigo verifica-se inclusive dois lados nesta
relação de desconformidade: o lado ativo violador
“ a validade das leis e dos demais atos do Estado, das
(“são inconstitucionais as normas que infrinjam” – lado
regiões autónomas, do poder local e de quaisquer
ativo) e o lado passivo violado (“o disposto na
outras entidades públicas depende da sua
Constituição ou os princípios nela consignados” – lado
conformidade com a Constituição”
passivo).
Assim, segundo o artigo 277.º é essencial encontrar
um conceito de norma para efeitos de fiscalização da
constitucionalidade. TP2 – Elisabete Santos 619 TP2 – Elisabete Santos 620

619 620

12
12/22/2018

O objeto da fiscalização da constitucionalidade


Neste sentido, traduz-se o princípio da conformidade
dos atos do Estado com a Constituição, onde A fiscalização da constitucionalidade em Portugal, nos
expressamente se afirma a superioridade hierárquico- termos do artigo 277, n. 1, da CRP, recai sobre normas
normativa das normas constitucionais sobre todos os jurídicas.
atos de poderes públicos em geral.

TP2 – Elisabete Santos 621 TP2 – Elisabete Santos 622

621 622

O objeto da fiscalização O objeto da fiscalização


da constitucionalidade da constitucionalidade

O objeto da fiscalização da constitucionalidade


Objeto de
fiscalização
Não é possível o controlo de atos dos poderes públicos,
tais como:
 atos políticos, os quais sujeitam-se exclusivamente ao
regime de responsabilidade política; Atos normativos
Atos normativos
secundários ou
primários
 atos administrativos, os quais submetem-se apenas terciários
ao controle de legalidade pelos Tribunais
Administrativos; e
 atos jurisdicionais, os quais são objeto de recurso Tratados
Regulamentos,
Leis despachos
para os Tribunais. internacionais
normativos, etc…

TP2 – Elisabete Santos 623 TP2 – Elisabete Santos 624

623 624

13
12/22/2018

O objeto da fiscalização O objeto da fiscalização


da constitucionalidade da constitucionalidade

Qual a noção de norma para


efeito de controlo da A norma deve
equivaler a uma regra
Qual a noção de norma para efeito de controlo constitucionalidade? ou padrão
orientadora e
da constitucionalidade? reguladora de
condutas ou
Requisitos material
comportamentos
Ver pág. 983 e 984 .
Gomes Canotilho, Moreira, Vital, Constituição da Republica E não a atos de
aplicação dessa regra
Portuguesa anotada, Vol. II, Coimbra Editora. Noção ou padrão

Deve ser estabelecida


por um ato de poder
Requisito orgânico normativo, i.e., de
uma entidade dotada
de poderes públicos.

TP2 – Elisabete Santos 625 TP2 – Elisabete Santos 626

625 626

O objeto da fiscalização O objeto da fiscalização


da constitucionalidade da constitucionalidade

Submetem-se ao controlo, portanto, apenas:


a) normas constitucionais introduzidas por revisão
constitucional, normas transitórias ou outras constantes
em leis de revisão;
Quais são os atos normativos sujeitos e não
b) No que respeita ao direito internacional e direito
sujeitos à fiscalização da constitucionalidade?
supranacional também as suas normas podem
constituir objeto de controlo, podendo ser sujeitas as
Ver pág. 984 a 991
Gomes Canotilho, Moreira, Vital, Constituição da Republica
normas de convenções internacionais a todas as formas
Portuguesa anotada, Vol. II, Coimbra Editora. de fiscalização (artigo 277., n.º2 ), no entanto as normas
de organizações internacionais não estão sujeitas à
fiscalização preventiva uma vez que sobre as mesmas
não incide a ratificação
TP2 – Elisabete Santos 627 TP2 – Elisabete Santos 628

627 628

14
12/22/2018

O objeto da fiscalização O objeto da fiscalização


da constitucionalidade da constitucionalidade

Submetem-se ao controlo, portanto, apenas: Submetem-se ao controlo, portanto, apenas:


c)atos legislativos – leis, decretos-leis e decretos
legislativos regionais pois constitui os atos normativos e) Outro grupo são os “atos normativos atípicos”, ou
sujeitos a todos os tipos de controlo, seja os Regimentos das Assembleias, e as Resoluções
independentemente do seu conteúdo e da natureza da Assembleias da República e das Assembleias
geral e abstrata dos regimes neles estatuídos; Regionais, como é o caso de Resoluções de aprovação
d) atos normativos da Assembleia da República sem de tratados, de recusa ou suspensão de ratificação de
forma de lei ou conexos com atos de fiscalização decretos-leis (cfr. art. 172.º), obedecem aos princípios
política; gerais de controlo dos atos normativos

TP2 – Elisabete Santos 629 TP2 – Elisabete Santos 630

629 630

O objeto da fiscalização O objeto da fiscalização


da constitucionalidade da constitucionalidade

Submetem-se ao controle, portanto, apenas: Submetem-se ao controle, portanto, apenas:


f) atos normativos da Administração Pública, sejam g)Os atos normativos emitidos pelos tribunais arbitrais
provenientes da Administração direta, indireta, (regulamentos de arbitragem, desde que o parâmetro
autónoma, eleitoral, acessória aos órgãos de soberania de controlo imediato seja a Constituição) e ainda pelas
ou das pessoas coletivas de direito público e entidades privadas que exerçam tarefas
Universidade Públicas, sejam atos para-regulamentares administrativas «delegadas», «concessionadas» ou
internos à Administração Pública, etc; «devolvidas», desde que tais atos se enquadrem no
conceito de «normas públicas» ou normas editadas por
um «poder normativo público»
h) normas de direito estrangeiro aplicáveis em
particular, por virtude de regras de conflito.

TP2 – Elisabete Santos 631 TP2 – Elisabete Santos 632

631 632

15
12/22/2018

O objeto da fiscalização O objeto da fiscalização


da constitucionalidade da constitucionalidade

Submetem-se ao controle, portanto, apenas: Submetem-se ao controle, portanto, apenas:


j) estatutos e normas reguladoras dos partidos
i) De referenciar também que as propostas de referendo políticos;
nacional, regional e local (arts. 223.º, n.º2, alínea f) da m) compromissos arbitrais, enquanto condicionantes
C.R.P.) e atos normativos do Presidente da República das decisões dos tribunais arbitrais;
são-lhes atribuído um verdadeiro sentido normativo l) os acórdãos proferidos pelo Supremo Tribunal de
(por exemplo o decreto de declaração do estado-de-sítio Justiça em recursos de revista ampliada e em recursos
ou de emergência). extraordinários para fixação de jurisprudência;
m) estatutos e regulamentos de federações
desportivas.

(Ver, MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. 2ª edição. Tomo VI. Coimbra:
Coimbra Editora, 2005).
TP2 – Elisabete Santos 633 TP2 – Elisabete Santos 634

633 634

O objeto da fiscalização O objeto da fiscalização


da constitucionalidade da constitucionalidade

O que se tem, atualmente, é uma noção funcional de


norma jurídica, que equipara as normas jurídicas às Note-se que uma coisa é a sentença do caso concreto, a
regras de conduta ou aos critérios de decisão de casos qual não é suscetível de fiscalização de
concretos. constitucionalidade perante o Tribunal Constitucional,

outra é a norma que ela aplica ou deixa de aplicar, essa


Assim, o Tribunal Constitucional pode fiscalizar a sim suscetível de fiscalização de constitucionalidade.
inconstitucionalidade de interpretações extraídas das
normas nas decisões judiciais. Note-se que a posição doutrinal contra a noção
funcional de norma adotada pelo Tribunal Constitucional
não tem sido unânime.

TP2 – Elisabete Santos 635 TP2 – Elisabete Santos 636

635 636

16
12/22/2018

O objeto da fiscalização O objeto da fiscalização


da constitucionalidade da constitucionalidade

A fiscalização da constitucionalidade pode incidir sobre


Não são apenas as normas em vigor que se submetem
normas ainda não existentes, ou seja normas cujo
ao controlo de constitucionalidade,
processo ainda não está perfeito – estaremos perante a
fiscalização preventiva (art. 277 e 278).
mas também o Direito anterior – inconstitucionalidade
superveniente –, as normas revogadas, caducas ou
suspensas.

TP2 – Elisabete Santos 637 TP2 – Elisabete Santos 638

637 638

O controlo de constitucionalidade, conforme consagra


Nestas hipóteses, a relevância da fiscalização de (art. 277, n. 2), também objetiva garantir a
constitucionalidade reside nas situações jurídicas conformidade dos tratados internacionais, quando eles
produzidas por tais normais, violem disposição fundamental do ordenamento
jurídico-constitucional.
já que a declaração de inconstitucionalidade em
princípio produz efeito ex tunc (retroativos), ou seja, Contudo, se não se tratar de violação de uma
desde o momento de entrada em vigor da norma disposição fundamental, a inconstitucionalidade
declarada inconstitucional (artigo 282, n.1, CRP). orgânica ou formal de tratados internacionais
regularmente ratificados não impede a aplicação das
suas normas na ordem jurídica portuguesa.

TP2 – Elisabete Santos 639 TP2 – Elisabete Santos 640

639 640

17
12/22/2018

Conforme observa Jorge Miranda, poder-se-ia


caracterizar a violação sempre que houvesse:

Conforme observa Jorge Miranda, “saber o que seja “a) incompetência absoluta, por aprovação de
<<violação de disposição fundamental>> (...) eis algo a convenção por órgão sem competência de aprovação de
procurar no contexto da Constituição ou dos grandes tratados internacionais (...);
princípios políticos-constitucionais”.
b) incompetência relativa, por aprovação pelo Governo
de qualquer tratado político das categorias indicadas na
1ª parte do art. 161, alínea i), da Constituição;

TP2 – Elisabete Santos 641 TP2 – Elisabete Santos 642

641 642

Conforme observa Jorge Miranda, (Cont.)

“c) aprovação de tratado sobre questão relativamente


à qual tenha havido resultado negativo em referendo, Quais são os atos excluídos do controlo da
antes do decurso dos prazos constitucionais (art. 115, n. constitucionalidade
10);
?
d) inexistência jurídica da deliberação da Assembleia
da República, por falta de quorum ou de maioria de
aprovação (art. 116, n. 2 e 3)”.

(MIRANDA, Jorge. Manual de Direito..., Tomo VI, p. 180).


TP2 – Elisabete Santos 643 TP2 – Elisabete Santos 644

643 644

18
12/22/2018

Atos excluídos do controlo da Atos excluídos do controlo da


constitucionalidade constitucionalidade

Os atos de autonomia privada (regulamentos internos


de empresas, estatutos de sociedade cooperativa). Contudo, segundo Canotilho, a Constituição, para além
de definir o estatuto fundamental dos cidadãos através
da consagração de direitos fundamentais, não deixa
porém de estabelecer ligações com o direito privado.
Ou seja, as consequências jurídicas dos atos ou
comportamentos inconstitucionais dos particulares Verifica-se esta situação com a vinculação de entidades
não se reconduzem a problemas de privadas pelos direitos, liberdades e garantias.
inconstitucionalidade.

TP2 – Elisabete Santos 645 TP2 – Elisabete Santos 646

645 646

Atos excluídos do controlo da Atos excluídos do controlo da


constitucionalidade constitucionalidade

Em algumas situações, as normas constitucionais A não inclusão de tais atos, não significa a
estabelecem elas mesmo padrões de comportamento impossibilidade de tais atos violarem diretamente a
juridicamente vinculativos dos particulares. Constituição.

Por exemplo, o despedimento de um trabalhador sem Torna-se até frequente casos de inconstitucionalidade
justa causa ou por motivos ideológicos e políticos é um provocados por atos individuais e concretos de
ato privado (no caso de empresas privadas) em colisão administração, e até a ocorrência de infrações de
direta com a norma constitucional do artigo 53.º. normas constitucionais produzidas diretamente por
atos jurisdicionais.

TP2 – Elisabete Santos 647 TP2 – Elisabete Santos 648

647 648

19
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade

O controlo judicial concreto e o controlo abstrato


Constituição de 1976 consagrou o controlo difuso, sucessivo abrangem toda e qualquer norma,
concreto e incidental (influência do sistema da judicial independentemente da sua categoria ou hierarquia, e
review desenvolvido nos EUA desde 1803) dos atos por isso, naturalmente, os atos legislativos,
normativos, que será sempre, por sua própria essência,
sucessivo, abrangendo não só a inconstitucionalidade
(art. 280, n.1), mas também a ilegalidade de qualquer já no controlo preventivo apenas dele podem ser
norma (art. 280, n. 2). objeto os diplomas legislativos (da República ou
regionais) ou equiparados. Ex. Artigo 281.º, n.º 1,
alínea a), da CRP, n.º 1 do artigo 278.º da CRP

TP2 – Elisabete Santos 649 TP2 – Elisabete Santos 650

649 650

Fiscalização da inconstitucionalidade

A fiscalização da constitucionalidade só pode ter lugar


quando realizada por mecanismos jurisdicionais, seja
pelos

I) tribunais em geral (judiciais, administrativos e


fiscais, etc.), seja pelo próprio
II) Tribunal Constitucional, em processos da sua
competência em matéria fora do âmbito do
controlo da constitucionalidade, ou mesmo pelos
Quanto à natureza do órgão fiscalizador tribunais arbitrais e julgados de paz (artigo 209.º,
n.º 2 da CRP, que os inclui nas categorias de
tribunais)
TP2 – Elisabete Santos 651 TP2 – Elisabete Santos 652

651 652

20
12/22/2018

Os órgãos de fiscalização da constitucionalidade


são, por um lado, o Tribunal Constitucional e, por Os tribunais comuns decidem das questões de
outro, os demais tribunais (todos e cada um dos constitucionalidade levantadas em cada caso sub
tribunais). judice, e as suas decisões são sempre recorríveis
para o Tribunal Constitucional.
O primeiro tem o exclusivo de fiscalização
preventiva, da fiscalização sucessiva abstrata e da
fiscalização da inconstitucionalidade por omissão
e julga os recursos das decisões dos outros
tribunais em matéria constitucional.

TP2 – Elisabete Santos 653 TP2 – Elisabete Santos 654

653 654

Fiscalização da Constitucionalidade Fiscalização da Constitucionalidade


Pode classificar-se: Pode classificar-se:

Cont.)

A Teoria Constitucional distingue dois tipos de O controlo jurisdicional é aquele exercido por órgãos
controlo ou fiscalização da constitucionalidade: detentores de garantias de independência, como o
o controlo dito político e o jurisdicional. Poder Judiciário, os quais não participam no processo
de criação das normas jurídicas, agindo por
O controlo político é aquele que é exercido pelo provocação ou “ex lege”, de forma definitiva e com
próprio órgão criador da norma jurídica ou por outro pouca discricionariedade.
órgão ad hoc, o qual não detém garantias de
independência, caracterizando-se como preventivo e
discricionário.

TP2 – Elisabete Santos 655 TP2 – Elisabete Santos 656

655 656

21
12/22/2018

Fiscalização da Constitucionalidade
Pode classificar-se:

Modelo Difuso (não se consagrou um sistema


puro judicial review) resulta, de um sistema
de fiscalização em que todos os tribunais têm
o poder de recusar a aplicação de normas
que creiam ser inconstitucionais, havendo
naturalmente recurso para tribunal superior.
Quanto ao número de Órgãos
que exercem a fiscalização da
constitucionalidade
TP2 – Elisabete Santos 657 TP2 – Elisabete Santos 658

657 658

A CRP atribui à AR a competência para “vigiar pelo Só se pode falar de verdadeira e própria fiscalização
cumprimento da Constituição” (art.162º/a), mas ela da constitucionalidade quando ela compete a órgãos
não pode declarar a inconstitucionalidade, estando jurisdicionais.
limitada a meios de fiscalização política.
O sistema português em vez de optar por um dos
O mesmo sucede com o PR, que está obrigado, sistemas de fiscalização jurisdicional acima referidos, a
segundo a fórmula constitucional de tomada de posse, CRP conjugou os dois, integrando as potencialidades
a “defender, cumprir e fazer cumprir a CRP” (art. 127º- de um e de outro.
3, CRP), funcionando por isso também, dentro dos
seus poderes, como um “guardião da Constituição”.

TP2 – Elisabete Santos 659 TP2 – Elisabete Santos 660

659 660

22
12/22/2018

Fiscalização Fiscalização Fiscalização Inconstitucio


Preventiva Sucessiva Sucessiva nalidade
Com base no artigo 278, 281 e 283 CRP Abstrata Concreta por
omissão
qual o órgão que pode apreciar a
Órgão TC TC Tribunais Inconstitucionalidade
constitucionalidade de qualquer norma.? Competente comuns por
TC omissão

661 662

Fiscalização Fiscalização Fiscalização Inconstitucio


Preventiva Sucessiva Abstrata Sucessiva nalidade
Concreta por
omissão
Com base no artigo 278, 281 e 283 CRP Iniciativa PR, Ministro PR, Partes na causa PR,
da República Presidente da Juiz da causa Presidente das
quais são os órgãos que podem requerer a (RA) (Quanto AR, assembleias
aos diplomas PM, Regionais
apreciação da constitucionalidade ao regionais), PGR
1/10 dos deputados, (Quanto às omissões
tribunal constitucional.? PM(Quanto legislativas relativas às
às leis MR (RA), regiões autônomas)
orgânicas. ), autoridades
Regionais
1/5 (Quanto às normas da
deputados República que afetem as
regiões autônomas)

663 664

23
12/22/2018

Fiscalização Fiscalização Fiscalização Inconstitucio


Preventiva Sucessiva Sucessiva nalidade
Abstrata Concreta por
omissão
Objeto Convenções Quaisquer Qualquer norma Falta de
internacionais, leis normas medidas
e decretos leis, legislativas
Qual o objeto da inconstitucionalidade.? decretos legislativos para cumprir a
regionais, decretos Constituição
regulamentares
regionais

O âmbito da fiscalização preventiva também é mais restrito do que o da fiscalização


sucessiva, dado que só abrange os diplomas legislativos (da República ou das regiões
autônomas) ou equiparados (convenções internacionais e decretos regionais de
regulamentação das leis da República.

665 666

Fiscalização Fiscalização Fiscalização Inconstitucio


Preventiva Sucessiva Sucessiva nalidade
Abstrata Concreta por
omissão
Efeitos da Veto do Nulidade Desaplicação Simples
inconstitucionali Presidente, da da declaração da
dade recusa de norma com norma no existência da
Quais os efeitos da inconstitucionalidade.? ratificação força caso omissão
dos tratados obrigatória concreto
internacionais geral

Art. 279.º

667 668

24
12/22/2018

Fiscalização da Constitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade


Pode classificar-se:

A fiscalização concreta da constitucionalidade Nos termos do artigo 204.º da Constituição, sob a


vigente em Portugal revela assim um controlo epígrafe «Apreciação da inconstitucionalidade»,
judicial difuso, incidental e concreto da estabelece-se:
Constitucionalidade, feito por todos os
«Nos feitos submetidos a julgamento não podem os
tribunais (artigos 204.º e 280.º, n.º 1 da CRP).
tribunais aplicar normas que infrinjam o disposto na
Constituição ou os princípios nela consignados».
Por isso se afirma que, no atual sistema
jurídico português, todos os tribunais, sem
exceção, são “órgãos de justiça
constitucional”.
TP2 – Elisabete Santos 669 TP2 – Elisabete Santos 670

669 670

Fiscalização da inconstitucionalidade

A competência para fiscalizar a O art. 204.º da Constituição é, o ponto de partida


constitucionalidade é reconhecida a qualquer juiz necessário da fiscalização concreta da
que deva aplicar um ato normativo num caso constitucionalidade (e da legalidade) e significa,
concreto submetido à sua apreciação - devendo, antes de mais, que:
caso considere a norma inconstitucional,
desaplicá-la - o que faz de todos os tribunais, a) Todos os tribunais, seja qual for a sua categoria
independentemente da sua categoria, órgãos da (art. 209.º), exercem fiscalização – a qual implica
justiça constitucional. «apreciação», e não simplesmente «não aplicação»;
b) A fiscalização dá-se nos «feitos submetidos a
julgamento», nos processos em curso em tribunal,
incidentalmente, não a título principal;

TP2 – Elisabete Santos 671 TP2 – Elisabete Santos 672

671 672

25
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Cont.)

c) Ninguém pode dirigir-se a Tribunal a pedir a declaração de Existem diversos tipos de fiscalização:
inconstitucionalidade de uma norma, mas é admissível que
alguém se lhe dirija propondo uma ação tendente à Se um juiz considerar uma norma inconstitucional
declaração ou à realização de um seu direito ou interesse,
não a pode aplicar (Art. 204º)
cuja procedência depende de uma decisão positiva de
inconstitucionalidade
– é o que sucede hoje, muito especialmente, nas ações para
efetivação de responsabilidade civil do Estado por atos Destas decisões há sempre recurso para o Tribunal
legislativos, segundo a Lei nº 67/2007, de 31 de Dezembro de Constitucional que tem sempre a última palavra.
2007 alterada pela Lei n.º 31/2008, de 17/07;Artigo 72, n.º 1,
al. b), n.º 2 LTC

TP2 – Elisabete Santos 673 TP2 – Elisabete Santos 674

673 674

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da Constitucionalidade


Pode classificar-se:

O sistema português de fiscalização concreta prevê


também um controlo concentrado no Tribunal
A questão de inconstitucionalidade só pode e só Constitucional: cabe recurso para o Tribunal das
deve ser conhecida e decidida na medida em que decisões dos tribunais que
haja um nexo incindível entre ela e a questão
principal objeto do processo, entre ela e o feito  recusem a aplicação de qualquer norma com
submetido a julgamento. fundamento na sua inconstitucionalidade;

[artigo 280.º, n.º 1, alíneas a) e b) e n.º 5 da CRP; artigo


70.º, n.º 1, alíneas a), b) e g) da Lei do Tribunal
Constitucional (LTC).

TP2 – Elisabete Santos 675 TP2 – Elisabete Santos 676

675 676

26
12/22/2018

Fiscalização da Constitucionalidade Fiscalização da Constitucionalidade


Pode classificar-se: Pode classificar-se:

O sistema português de fiscalização concreta prevê O sistema português de fiscalização concreta prevê
também um controlo concentrado no Tribunal também um controlo concentrado no Tribunal
Constitucional: cabe recurso para o Tribunal das Constitucional:cabe recurso para o Tribunal das
decisões dos tribunais que decisões dos tribunais

 apliquem norma cuja inconstitucionalidade tenha  que apliquem norma anteriormente julgada
sido suscitada durante o processo; inconstitucional pelo próprio Tribunal
Constitucional
([artigo 280.º, n.º 1, alíneas a) e b) e n.º 5 da CRP; artigo 70.º, ([artigo 280.º, n.º 1, alíneas a) e b) e n.º 5 da CRP; artigo 70.º, n.º 1, alíneas
n.º 1, alíneas a), b) e g) da Lei do Tribunal Constitucional (LTC)). a), b) e g) da Lei do Tribunal Constitucional (LTC)).

TP2 – Elisabete Santos 677 TP2 – Elisabete Santos 678

677 678

Fiscalização da Constitucionalidade
Pode classificar-se:

Todos os juízes tem «acesso direto à constituição»


Nesse sentido, a fiscalização da são o primeiro garante da constituição, mas sem que
constitucionalidade em Portugal é difusa na o Tribunal Constitucional, seja chamado a intervir
base e concentrada no topo, daí que estejamos como órgão de controlo da constitucionalidade
Surgindo como tribunal de recurso e último garante da
perante um sistema misto de justiça
Constituição.
constitucional.

TP2 – Elisabete Santos 679 TP2 – Elisabete Santos 680

679 680

27
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade

O controlo abstrato pode ser feito, a todo tempo,


depois de as normas serem plenamente válidas e
eficazes na ordem jurídica – controlo sucessivo
Fiscalização preventiva
– mas também antes de os diplomas entrarem em Art. 278, 279 CRP
vigor – controlo preventivo (cfr. artigos 281º e 278º da
CR).
Ver pág. 1000 a 1012
Gomes Canotilho, Moreira, Vital, Constituição da
Republica Portuguesa anotada, Vol. II, Coimbra
Editora.

TP2 – Elisabete Santos 681 TP2 – Elisabete Santos 682

681 682

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Fiscalização preventiva

Se o diploma já foi publicado no Diário da República, a Objeto: normas que carecem de promulgação ou
fiscalização é sucessiva mas, se ocorrer antes dessa assinatura;
publicação é, então, preventiva.
Só se apreciam questões de inconstitucionalidade e
não ilegalidades.
Isto é, a fiscalização preventiva ocorre sempre antes da
promulgação do diploma que parte do Presidente da
República.

TP2 – Elisabete Santos 683 TP2 – Elisabete Santos 684

683 684

28
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Ou foi o Governo que elaborou o diploma ou foi a


“(…) no direito constitucional português «decreto» (…) é um
Assembleia da República que fez o diploma.
atos parlamentares, na fase que decorre entre a aprovação
definitiva nas Assembleias e a sua promulgação pelo PR (…)
Mas, note-se que, curiosamente, chamamos a tratando-se de decreto da Assembleia dos Deputados,
ambos os diplomas decretos, porque decreto é a queremos precisamente dizer isso: é um projeto de lei que já foi
forma que assume o ato depois de aprovado e antes aprovado mas que ainda não foi promulgado. É este o sentido
de ser promulgado, como ainda não foi promulgado tradicional no direito constitucional português”,
o nome coincide. Depois, passará a ser lei se for da
JORGE MIRANDA, Diário da Assembleia Constituinte, de 2 de
AR, ou DL se for do Governo. Portanto, o decreto é junho de 1975 a 2 de Abril de 1976, Volume IV, Lisboa,
vetado e remetido ao órgão que o aprovou (artigo Assembleia da República, 1995, pág. 3828. Note-se que a
279.º, n.º 1, da CRP). Constituição não assinala qualquer prazo para este envio.

TP2 – Elisabete Santos 685 TP2 – Elisabete Santos 686

685 686

Fiscalização da inconstitucionalidade
Fiscalização preventiva

Fiscalização preventiva
Traduz uma fiscalização anterior à própria
introdução das normas na ordem jurídica, ou seja,
Fiscalização anterior à introdução das normas
jurídicas na ordem jurídica. tem por objeto normas imperfeitas.
Os casos do diploma que cria as regiões ou do que É por natureza um controlo abstrato e, no caso de
decreta a abolição das 'portagens do oeste' são
juízo de inconstitucionalidade, as respetivas normas
exemplos deste tipo de fiscalização preventiva, cuja
iniciativa reside, de forma predominante mas ainda não chegam a entrar na ordem jurídica.
que não exclusiva, no Presidente da República.

A fiscalização preventiva é sempre abstrata, por ação


e concentrada.
TP2 – Elisabete Santos 687 TP2 – Elisabete Santos 688

687 688

29
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Quem pode fiscalizar? E quem pode desencadear


a fiscalização?
Na fiscalização preventiva a eficácia do juízo de
Fiscalização preventiva – a competência para inconstitucionalidade passa por um ato de
fiscalizar cabe ao Tribunal Constitucional e terceiros
apenas a ele (art. 278, n.º 1 e 2), razão pela qual o
processo é concentrado e abstrato. (o veto do Presidente da República ou o Ministro
da República)
O Tribunal é chamado a fiscalizar, funciona em
plenário (art. 224, n.º 2).

TP2 – Elisabete Santos 689 TP2 – Elisabete Santos 690

689 690

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Quem pode fiscalizar? E quem pode desencadear a Quem pode fiscalizar? E quem pode desencadear
fiscalização? a fiscalização preventiva?
Processos de fiscalização abstrata :
«Artigo 51.º LTC Recebimento e admissão : 1 - O A iniciativa cabe consoante o tipo de decreto a
pedido de apreciação da constitucionalidade ou da fiscalizar:
legalidade das normas jurídicas referidas nos artigos 278.º e  Ao PR – al. g), art.134, n.º 5 do art. 136.º, n.º
281.º da Constituição é dirigido ao Presidente do Tribunal
1 do art. 278
Constitucional e deve especificar, além das normas cuja
apreciação se requer, as normas ou os princípios  (ex. tratados internacionais submetidos a
constitucionais violados». ratificação, os decretos enviados ao PR para
Processos de fiscalização preventiva . promulgação como Lei ou DL e os decretos de
«Artigo 57.º Prazos para apresentação e aprovação de acordos internacionais
recebimento(…) LTC. submetidos ao PR para assinatura).
TP2 – Elisabete Santos 691 TP2 – Elisabete Santos 692

691 692

30
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Quem pode fiscalizar? E quem pode desencadear Quem pode fiscalizar? E quem pode desencadear
a fiscalização preventiva? A iniciativa cabe a fiscalização preventiva?
consoante o tipo de decreto a fiscalizar:
 O PR pode requerer ao TC, no prazo de 08 (oito) A iniciativa cabe consoante o tipo de decreto a
dias a contar da data da receção do diploma fiscalizar:
(art. 278, n. 3), a apreciação preventiva da  Ao Representante da República – n.º 5 do art.
constitucionalidade de qualquer norma 233, n.º 2 do art. 278) (ex. Decretos que devam
constante em tratado internacional que ele vá assinar DLR)
ratificar, bem como de qualquer decreto que ele  Ao PM e a 1/5 dos deputados em efetividade
vá promulgar como lei ou como decreto-lei ou de funções (n.º 4 do art. 278). (ex. Decretos
de acordo internacional cujo decreto de que devam ser promulgados como lei
aprovação vá assinar (art. 278, n.1). orgânica).
TP2 – Elisabete Santos 693 TP2 – Elisabete Santos 694

693 694

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Quem pode fiscalizar? E quem pode desencadear


Quem pode fiscalizar? E quem pode desencadear a fiscalização preventiva? A iniciativa cabe
a fiscalização preventiva? A iniciativa cabe consoante o tipo de decreto a fiscalizar:
consoante o tipo de decreto a fiscalizar:  O PM e 1/5 dos Deputados da Assembleia da
 Os Representantes da República também República em efetividade de funções podem
podem requerer ao TC, no prazo de 08 (oito) desencadear a fiscalização preventiva pelo TC
dias a contar da data em que recebeu o de qualquer norma constante em decreto
diploma (art.278,n.º3), a apreciação enviado ao PR para promulgação como lei
preventiva da constitucionalidade de orgânica, no prazo de 08 dias a contar da
qualquer norma constante no decreto comunicação feita pelo Presidente da AR por
legislativo regional que lhe tenha sido enviado ocasião do envio do decreto ao PR para
para assinatura (art. 278, n.º2). promulgação (art.278, n.º 4, n.º 5 e n.º6).
TP2 – Elisabete Santos 695 TP2 – Elisabete Santos 696

695 696

31
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Em suma,
Admitido o pedido, o Presidente do Tribunal
Prazo para desencadear o processo – 8 dias (n.º Constitucional notifica o órgão que tiver exarado a
3, art. 278) norma impugnada para, querendo, se pronunciar
no prazo de 3 (três) dias.
(para o PR e Representantes o prazo conta-se da
receção do diploma; Transcorrido esse prazo, o TC tem, em regra, 25
no caso do PM e deputados a partir da data em (vinte e cinco) dias para se manifestar acerca da
que é dado conhecimento pelo Presidente da AR inconstitucionalidade da norma. Este prazo,
do envio do decreto para promulgação (n.º 5, art. todavia, pode ser encurtado pelo Presidente da
278)). República por motivo de urgência (art. 278, n. 8).

TP2 – Elisabete Santos 697 TP2 – Elisabete Santos 698

697 698

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

o TC pode proferir um de dois tipos de decisão, em Cont.)


sede de fiscalização preventiva:
 1. no caso de o Tribunal se pronunciar pela
 1. pronunciar-se pela inconstitucionalidade ou inconstitucionalidade da norma constante de
qualquer decreto ou acordo internacional, o
 2. não se pronunciar pela inconstitucionalidade diploma deve ser obrigatoriamente vetado pelo
da totalidade ou de parte das normas Presidente da República. (art. 279.º)
submetidas a apreciação:

TP2 – Elisabete Santos 699 TP2 – Elisabete Santos 700

699 700

32
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Cont.) O texto normativo, no caso de veto por


inconstitucionalidade, não pode ser promulgado ou
 2. e se o Tribunal não se pronunciar pela assinado sem que o órgão que o tiver aprovado
inconstitucionalidade, esta decisão não faz caso haja expurgado a norma julgada inconstitucional
julgado, podendo em processo de fiscalização ou, quando for caso disso, “o confirme por maioria
abstrata sucessiva vir a ser declarada a de dois terços dos deputados presentes, desde que
inconstitucionalidade com força obrigatória superior à maioria dos deputados em efectividade
geral. de funções” (artigo 279º, n.º1, 2).
O TC já aceitou que também os diplomas regionais
sejam suscetíveis de confirmação (cfr. o Acórdão n.º
151/93).
TP2 – Elisabete Santos 701 TP2 – Elisabete Santos 702

701 702

Fiscalização da inconstitucionalidade

Veto politico
No caso de confirmação do diploma, o Presidente
da República (ou o Ministro da República) não é Recordar

obrigado a promulgar (ou a assinar) o decreto.

Situação diversa ocorre na confirmação do diploma Ocorre quando o PR devolve à


Assembleia ou ao Governo os
vetado politicamente pelo PR, ou pelo Ministro da
decretos que lhe são submetidos
República, casos em que é obrigatória a para promulgação com
promulgação ou assinatura (cfr. artigos 136º, n.º 2 e fundamentos de que no seu
3, e 233º, n.º 3, CR). conteúdo há normas, valores ou
princípios com os quais
politicamente ele discorda.
TP2 – Elisabete Santos 703 TP2 – Elisabete Santos 704

703 704

33
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade

Veto jurídico

Recordar

O veto político, é assim um ato livre, e distingue-se


Quando o PR, tendo duvidas se as normas contidas nos
“decretos” são ou não constitucionais, remete-os ao TC do veto por inconstitucionalidade (artº 279º da
para que este faça uma fiscalização da constitucionalidade CRP) que o Presidente deve apor vinculadamente a
dessas normas. diplomas normativos por ele impugnados e julgados
Se forem consideradas constitucionais, ainda assim, o inconstitucionais em fiscalização preventiva.
Presidente tem a faculdade de vetá-las politicamente.
Se forem inconstitucionais, o Presidente remete-as para o
órgão responsável para que sejam tomadas em
consideração e se proceda a reformulação em
conformidade com os argumentos do TC.

TP2 – Elisabete Santos 705 TP2 – Elisabete Santos 706

705 706

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Se, porém, o órgão autor do diploma onde se Quando o TC se manifesta pela


achava a norma objeto de pronúncia de inconstitucionalidade de norma constante em
inconstitucionalidade a expurgar ou reformular o tratado internacional, este poderá ser ratificado
diploma, pela AR se esta o aprovar por maioria de 2/3 dos
Deputados presentes, desde que superior à maioria
absoluta dos Deputados em efetividade de funções
poderá o “PR ou o Ministro da República, conforme (art. 279, n. 4)
os casos, requerer a apreciação preventiva da
constitucionalidade de qualquer das suas normas”
(artigo 279º, n.º 3, da CR)

TP2 – Elisabete Santos 707 TP2 – Elisabete Santos 708

707 708

34
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Na fiscalização preventiva, a declaração da Note-se que a norma declarada inconstitucional


inconstitucionalidade de uma só norma ou de uma preventivamente pelo TC, cuja declaração for afastada
parte da norma determina a inconstitucionalidade pela AR, poderá voltar a ser reapreciada.
de toda a disposição ou de todo o diploma legal,
Conforme esclarece Canotilho, “o Tribunal
não sendo possível como ocorre na fiscalização Constitucional pode sempre vir a considerar, em
sucessiva se autonomizar uma norma ou parte da controlo sucessivo, de novo inconstitucionais, as
norma não inconstitucional. normas já objeto de idêntica decisão em sede de
controle prévio”.

TP2 – Elisabete Santos 709 TP2 – Elisabete Santos 710

709 710

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Se o Tribunal Constitucional se pronunciar pela


verificação de uma inconstitucionalidade material,
deverá o PR vetar sempre o ato, sem dúvidas de
O veto político do PR relativamente a um decreto do qualquer espécie.
Governo é definitivo e absoluto (o diploma não produz
mais efeitos). Se a inconstitucionalidade for orgânica, isto é, quem
aprovou o ato é um órgão sem competência para o
efeito, deverá o ato também ser vetado.

TP2 – Elisabete Santos 711 TP2 – Elisabete Santos 712

711 712

35
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Fiscalização preventiva

Processo de fiscalização preventiva de referendos


que incide sobre as propostas da AR ou do Governo
(art. 115) ou sobre as propostas das ALR (art. 232,
n.º 2) ou das Autarquias Locais (art. 240).

Trata-se de um caso de submissão obrigatória a


fiscalização preventiva (art. 115, n.º 8), pelo menos
de forma explicita quanto ao referendo nacional. Fiscalização Sucessiva

Art. 278.º, 279 da CRP, art. 57 ss da Lei orgânica do


Tribunal constitucional.
TP2 – Elisabete Santos 713 TP2 – Elisabete Santos 714

713 714

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Fiscalização sucessiva da constitucionalidade


A fiscalização sucessiva, é uma fiscalização que
ocorre depois da publicação (Diário da República), A fiscalização sucessiva da constitucionalidade
o que significa que podemos desencadear uma pode ser abstrata ou concreta, consoante esteja em
fiscalização sucessiva imediatamente a seguir à causa um mero confronto entre a CRP e a lei ou um
publicação do ato no DR independentemente da recurso de uma decisão de um tribunal que se
entrada em vigor do diploma. pronuncie sobre a conformidade ou
Fiscalização sucessiva é pedida em casos em que desconformidade da lei face à CRP.
as normas já estão em vigor.
TP2 – Elisabete Santos 715 TP2 – Elisabete Santos 716

715 716

36
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade

O controlo abstrato sucessivo, também


denominado de controlo em “via principal”, existe
quando, independentemente de um caso
concreto, se averigua a conformidade de
quaisquer normas vigentes com o parâmetro
normativo-constitucional.
O TC, nestas hipóteses, protege a Constituição
frente ao legislador ordinário, garantindo a
Fiscalização sucessiva abstrata hierarquia normativa da ordem constitucional..

TP2 – Elisabete Santos 717 TP2 – Elisabete Santos 718

717 718

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Ver artigos 280º a 283º da CRP.


Segundo o artigo 281.º/2, têm legitimidade para suscitar a
Na fiscalização sucessiva abstracta, existe quando
fiscalização abstrata da constitucionalidade:
certos órgãos públicos (PR, Presidente da
Tem poder de iniciativa para desencadear o processo de
Assembleia da República, PM, certo número de
fiscalização de quaisquer normas, com base em quaisquer
deputados...) suscitam, também junto do Tribunal
fundamentos,
Constitucional,
 Presidente da República,
 Presidente da Assembléia da República,
a apreciação da inconstitucionalidade de qualquer
 Primeiro-Ministro,
norma já existente na ordem jurídica,
 Provedor de Justiça,
independentemente da sua aplicabilidade ou não
 Procurador-Geral da República e 1/10 dos Deputados
em quaisquer caso concreto.
da Assembleia Geral (art. 281, n. 2, a, b, c, d, e f).

TP2 – Elisabete Santos 719 TP2 – Elisabete Santos 720

719 720

37
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Tem poder de iniciativa para desencadear o processo de


fiscalização de quaisquer normas, com base em quaisquer
fundamentos,
Provedor de Justiça: Recolhe queixas de cidadãos
 O Representante da República,
acerca da inconstitucionalidade das normas (Art. 23º).
 As Assembleias Legislativas regionais (ALR),
 Presidentes das ALR,
 Presidentes dos Governos regionais
 e 1/10 dos Deputados da respetiva ALR por sua vez,
podem requerer a apreciação e declaração de
inconstitucionalidade ou de ilegalidade de certas
normas, com fundamento em violação dos direitos das
regiões autónomas ou violação do estatuto da
respetiva região (art. 281, n. 2, g).
TP2 – Elisabete Santos 721 TP2 – Elisabete Santos 722

721 722

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Nesse sentido, a fiscalização sucessiva abstrata


pode ser desencadeada por qualquer um dos órgãos Na fiscalização sucessiva não há prazos como há na
referidos no nº 2 do artº 281º da CRP. Assim, após a fiscalização preventiva, podendo o pedido ser
publicação da norma, qualquer um desses órgãos apresentado a qualquer tempo
pode requerer ao TC que verifique da sua
conformidade ao teor da CRP. LOTC - Processos de fiscalização sucessiva
« Artigo 62.º - Prazo para admissão do pedido
Este modo de fiscalização é pois objetiva, na 1 - Os pedidos de apreciação da inconstitucionalidade ou
medida em que se limita à relação entre dois atos da ilegalidade a que se referem as alíneas a) a c) do n.º 1
legislativos. do artigo 281.º da Constituição podem ser apresentados a
A fiscalização sucessiva abstrata tem força todo o tempo.»
obrigatória geral (artº 281º, nº 1 da CRP).
TP2 – Elisabete Santos 723 TP2 – Elisabete Santos 724

723 724

38
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Admitido o pedido, o Presidente do Tribunal A fiscalização sucessiva abstrata é sempre da


Constitucional notifica o órgão do qual a norma inconstitucionalidade e da ilegalidade de quaisquer
impugnada tiver emanado para, querendo, se pronunciar normas vigente, exceto da desconformidade de
no prazo de 30 (trinta) dias. normas legislativas com normas de Direito
Internacional Convencional.
Ao contrário do que ocorre na fiscalização preventiva, não
é admitida a desistência do pedido e não se suspende a Da fiscalização sucessiva abstrata resulta uma
aplicação, vigência ou eficácia das normas impugnadas. decisão positiva de declaração de
inconstitucionalidade com força geral e obrigatória,
nos termos do art. 281 da CRP.

TP2 – Elisabete Santos 725 TP2 – Elisabete Santos 726

725 726

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Publicada a decisão de declaração de Desencadeada uma fiscalização sucessiva abstrata,


inconstitucionalidade (ou de ilegalidade) com força o TC irá pronunciar-se.
obrigatória geral na I Série do jornal oficial (cfr.
artigos 122º, n.º 1, alínea g), da CR e 3º, n.º 1, alínea
a), da Lei do Tribunal Constitucional - LTC) Deste modo, se for uma inconstitucionalidade
originária (artigo 282.º, n.º 1, da CRP), a declaração
a mesma produz efeitos, em regra, desde a entrada com força obrigatória geral da
em vigor da norma declarada inconstitucional ou inconstitucionalidade determinará igualmente a
ilegal e determina a repristinação das normas que repristinação das normas eventualmente revogadas
ela eventualmente haja revogado (artigo 282º, n.º pelo ato nulo.
1, da CR

TP2 – Elisabete Santos 727 TP2 – Elisabete Santos 728

727 728

39
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

A regra geral é, pois, a da invalidade ab initio ou ex


Exemplo, Repristinação = volta a entrar em vigor o
tunc (nulidade), embora fiquem ressalvados os
que estava antes:
casos julgados, salvo decisão em contrário do
X --------------------- Y ---------------------
Tribunal quando a norma respeitar a direito
sancionatório público (matéria penal, disciplinar, ou
X substituído por y
de ilícito administrativo, ou seja, “ilícito de mera
ordenação social”) e for de conteúdo menos
Y declarado inconstitucional, logo x volta a entrar
favorável ao arguido (artigo 282º, n.º 3).
em vigor.

TP2 – Elisabete Santos 729 TP2 – Elisabete Santos 730

729 730

Fiscalização da inconstitucionalidade

Exemplo
Suponhamos que nos termos do art. 282º: uma norma
publicada em janeiro é declarada inconstitucional em
Fiscalização Concreta
setembro.
Art. 280 CRP
Efeitos a partir de janeiro

Art. 282º/2/3 – não são reapreciados os casos Ver pág. 1012 a 1030
anteriores, salvo os casos julgados. Gomes Canotilho, Moreira, Vital, Constituição da
Republica Portuguesa anotada, Vol. II, Coimbra
Editora.
● A concreta passa a abstrata, através do 281º/3.

TP2 – Elisabete Santos 731 TP2 – Elisabete Santos 732

731 732

40
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Na fiscalização sucessiva concreta recorre-se de


O mecanismo de fiscalização concreta difusa e uma decisão de um tribunal.
incidental pode ser desencadeado:
O recurso para o TC, de acordo com o artº 280º da
I) oficiosamente ou por CRP, é facultativo, só podendo ser realizado por
quem tenha arguido a inconstitucionalidade da
II) impugnação das partes do processo. norma aplicada na decisão que lhe foi
anteriormente desfavorável (artº 280º, nº 4 da
CRP).

TP2 – Elisabete Santos 733 TP2 – Elisabete Santos 734

733 734

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Na fiscalização sucessiva concreta Na fiscalização sucessiva concreta

É a que tem lugar no julgamento de qualquer causa Chama-se concreta porque o que está aqui em causa
judicial, quando se suscita o problema da é a dúvida que pode ser suscitada em qualquer caso
constitucionalidade de qualquer norma que seja concreto que esteja a ser julgado em qualquer
aplicável à causa, qualquer que seja a natureza desta tribunal, seja num caso de despejo, num caso de
(causa cível, penal laboral, comercial, etc.). despedimento, num acidente de viação, num
processo crime ou em qualquer outra circunstancia
suscetível de ser objeto de uma ação judicial.

TP2 – Elisabete Santos 735 TP2 – Elisabete Santos 736

735 736

41
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Na fiscalização sucessiva concreta


A questão de constitucionalidade pode ser levantada
O preceito legal aqui aplicável é o art. 204 da CRP, em qualquer instância judicial e em qualquer fase do
segundo o qual processo.

“nos feitos submetidos a julgamento não podem os E pode dizer respeito a qualquer tipo de norma,
tribunais aplicar normas que infrinjam o disposto na desde uma lei da AR, passando por um decreto
Constituição ou os princípios nela consignados”. legislativo regional, até a um regulamento de uma
autarquia local.

TP2 – Elisabete Santos 737 TP2 – Elisabete Santos 738

737 738

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Das decisões dos tribunais em matéria de O Tribunal pode ainda fixar os efeitos da
constitucionalidade cabe sempre recurso para TC, inconstitucionalidade (ou ilegalidade) com um
que é, nos termos do art. 231º da CRP, alcance mais restrito do que o previsto nas regras
gerais dos n.ºs 1 e 2 do artigo 282º,
“o tribunal ao qual compete especificamente
administrar a justiça em matérias de natureza quando a segurança pública, razões de equidade ou
jurídico-constitucional”. interesse público de excecional relevo, que deverá ser
fundamentado, o exigirem (cfr. artigo 282º, n.º 4).
Mas se o recurso é sempre possível, ele só é
obrigatório em certos tipos de casos.

TP2 – Elisabete Santos 739 TP2 – Elisabete Santos 740

739 740

42
12/22/2018

Fiscalização da inconstitucionalidade Fiscalização da inconstitucionalidade

Na fiscalização sucessiva concreta


As decisões proferidas nos recursos de fiscalização
concreta não têm força obrigatória geral, nem eficácia
Este recurso será, no entanto, obrigatório para o
erga omnes.
Ministério Público se a decisão do tribunal defender
a inconstitucionalidade de norma constante de
Valem apenas para as partes do recurso e para
convenção internacional, ato legislativo ou decreto
terceiros no processo a quem possam aproveitar
regulamentar (artº 280º, nº 3), ou,
(artigo 74º, n.ºs 1, 2 e 3, da LTC). De facto, a decisão
do recurso faz caso julgado no processo quanto à
se a decisão do tribunal se basear em norma já
questão da inconstitucionalidade ou de ilegalidade
anteriormente julgada inconstitucional ou ilegal
suscitada.
pelo Tribunal Constitucional (artº 280º, nº 5 da CRP).

TP2 – Elisabete Santos 741 TP2 – Elisabete Santos 742

741 742

43

You might also like