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ORDEP
Título:
“Azul Instantâneo”
Autor:
Pedro Vale
Hernando Urrutia
Edição Digital:
Hernando Urrutia
ISBN
978-989-208277
Produzido em Portugal
Todos os textos do livro foram escritos originalmente na minha
página do Facebook entre março de 2016 e setembro de 2017,
tendo sido recolhidos e trabalhados posteriormente.
Pedro Vale
1
“No hay banda.
There is no band.”
Mulholland Drive
Matrix
São Mateus 5: 14
2
Gostaria de agradecer à minha família e amigos, ao Designer e
Director de Arte Hernando Urrutia e em especial a toda a comu-
nidade facebookiana.
3
Por vezes
Acontece entrarmos
Num maravilhoso jardim árabe
E sentarmo-nos logo ali
No primeiro banco de pedra lisa
Imaginando o azul do mar.
4
L
I
B
E
R
T
O
a
P
A
L
A
V
R
5
A
e
S
O
L
T
O
o
P
U
L
S
O
É preciso viver sem paixões.
ainda não
és.
6
O poema aquece
as montanhas
quase sem voz
e relativiza a fúria
Inocente e letal
Do vento
7
Um homem com medo e desgostoso da guerra enche-se
de coragem e decide enfrentar o perigoso frio do mato e da
noite incerta e muda.
8
Da noite pró dia
Inverte-se o canto
Augúrico da cotovia
9
Milagre d’ estreia
Vida prazenteira,
Gesto normal.
Encadeamento
De claros
Acordes
Outonais.
Absorta lentidão.
Desejo,
Combate,
E renúncia
À tentação
Do recentemente
Adiado mil acre d’estreia
(sem unanimidade).
Prolongado o tempo
Da subtileza linguística.
Impaciente o esforço…
10
- não sejas
obtuso contigo s u s p i ro u
p a s s o u a s o n h a r
c o m
11
Talvez um dia recordes
num qualquer espelho torto
quão simples fora a tua salva
e te lembres daquela vez
em que ceáramos apenas meia
laranja e nada de pão naquela casa cega
com o telhado a verter lágrimas
de fel.
12
Porto
a poesia vai
pela rua,
nua.
esconde-se
nas manhãs mais
frias.
e é à noite que lhe foge
a voz.
lenta
e lenta,
lentamente,
até
desembainhar
na
f
o
z
13
Abastado corpete
momentaneamente
pousado no espanto
e graciosas, desiguais.
14
o
li
U
m
bu
ror
De gente
Descrente
Perece
A meio do
Sonho.
e
Outros não,
vivendo o sonho
Em constante
15
Tecetera e tal
16
O poema emerge da cloaca musical de Brahams, eternizando o momento:
palavra-sopro.
17
Diving into the story
18
Luz(a) alma
- Ó alma lusa,
Acorda e sente,
mesmo que à tangente,
O que é ser filha de Portugal.
19
C r e s c e a R e s o m .
a u m b e o
e s p n t a
20
2017,
Obscuridade, incerteza
Confrangimento,
confusão.
Utilidade, confissão
Impossibilidade,
redenção.
Retrato atual.
Pensamento, urgente
Informação.
escrita.
21
Beber tanto azul
Até limpar a
Neurose.
22
Hoje acordei com uma andorinha no estômago.
23
Amizade
ópio que
consola convulsão
e desnorte. Salvação
da espécie de caos,
ná us ea , i l ha rga ,
tempestade
ou
nau
frá
gi
o.
24
Uma menina metafísica caminha e a história comete um
crime e ela chega a uma casa serrada três quartos e pensa que
todo o mundo é feito de lama e salta da falésia e cai no chão
coberto de vidro e grita e foge e corre ao pa trás e o grito ecoa
e acredita que sim até ao fim mas não - a história assassina tinha
razão - pum!
25
f i m
e ao
cabo
inquieto
semifuso
numerador
intermezzo
abismal dia
comunidade
cinético corpo
limbo passeio
contra pombo
justo benfeitor
força e género
grande assalto
fome assassina
fertilizante racial
e xpl osã o a t óni t a
fundição romana
unidade de tempo
e l o s i nt er medi á r i o s
so frer p r i v a t i zaç õ e s
d a n ç a re n a s c e n t i s t a
arrebatamento boémio
café com v i st a p r a t u d o .
26
s o
o s
i
l
r
r
l
i
s o
o s
27
A escrita rompe com o hábito e cursa uma boleia
sensata para a infância dominical, desfazendo
o equívoco e cruzando a luz invisível:
28
Camarão
- c h i q u e
Estát u a i n t e i r a ,
Crua beleza,
Brilho gestual.
C
o
r r
e
à e m b a i x a d a ,
Vista, salvação.
Doce o sorriso
Da estudan-
te dedicada.
- B o n n e -
journée F a n n y,
y o u r d r e a m s !
P s :
O mnia,
le p a r
fum.
29
Bebo do eco varrido da cal
O esquecimento do palco descansado.
30
Pedra
O cavaleiro,
símbolo maior,
Regressa do bosque:
Anoitece aqui,
Pedra.
31
9rbita
trans
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32
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imal
entrar
>>>
9rbita
33
O rio não corre,
Só o pensamento.
34
Respira-se nesta taberna turca um fétido ar de degenerescência
e sardónica podridão.
Até o cão cego, apesar de jovem, transborda uma pueril
estupidez doentia, perfeitamente compatibilizada com a
ambiência do lugar.
35
T a l
qual a
i ni c i á t i c a
prima-andorinha,
Assim desce a
brisa noturna
na piazza d`Espagna:
f r e s c a ,
b e l a e ú t i l .
- b e n
V e n u
a!
36
Queria
I n v e n t a r
Uma linguagem,
movimento perpétuo, e
Um culto e belo cogumelo encontrar.
Queria a raiz, o chão, a manta, o lar.
T e r
Adorado o
Reto céu e toda
a fria doçura dispersa.
A mão em peregrinação.
Corrido e esbarrado
No enigma de
Metal sobre o
verde-azul
do triste
p ó .
E
haver
p a r t i do
sem nada,
sem na
da.
37
Como um
figo e atir
o a chave
ao poço m
ó r b i d o
38
M
o n
te d’anhos
Bravo pinheiro
manso no piquenique de
burgueses. Toalha meridional,
Esvaídos doces. Perdição, desgos
to. Corre o norte da brisa. Encana
do arzinho da serra. Dormiam perdidos
como os anjos. Negra cor dos sonhos bre
ves. Árvore e livro. Sonda, papel-tigre listrado,
feroz pinha, Vinho, pão, monte e Anhos. Felizes To
39
Revelou o mestre ao seu discípulo:
40
3 quartos de jornal
mais uma carta magistral
41
Vol
ta
ren
a
mar
te
42
A abstrata alucinação do tapete
sacrificando a consistência
d a p a l a v r a d o i n g é n u o
p o s t a l .
43
Infantil literatura
44
stâ ncia
it e rn a sub
no ete Do tempo:
na A
Memória
o
nt e ve
nto
.
Fi
45
Os meus sonhos são simples.
Um coreto atual, uma praça ficcional, mistura de estranho jardim,
bordel e prisão, um vestido dormido, milhões de línguas corte-
sãs, uma maçã trincada, jazz moderno, uma imposição vitoriana,
talento comercial, cruzamentos, estações por abandonar, sorrisos
satânicos, belas rameiras, uma precetora desenhada e cobras, e
mais cobras.
Os meus sonhos não sei se são simples.
46
família
nto u m
no q
P la
a
ter ra
uintal,
En
da
ena,
am
a
uídea nal
.
rq setentrio
o
47
Rush hour
48
No
silêncio
de ouro da
ponta do pargo,
por um fio não
desci para a
gruta ida
d e t
i
.
.
.
.
.
.
.
.
.
49
Soalheira amante do atónito subúrbio: pé descalço, rotina escura,
ardente em fabril desejo de perseguição.
50
b ... . ... r . . i . _
. . .
. n. ........... . ... _ .
_ c . . a
. n. . . ...... .
..... . . a . .... .
. ............. . ei. __
r. __ . .
_ . ....... . a
51
O poema
como
Pétala de escravo
marinho
que enternece.
52
Vi o vento, o verde, a árvore, a pedra, o velho, a dor,
a ponte, o ângulo, o céu, a curva, a cana, o pássaro, o fim,
a morte, o gesto, a brida, o fogo, a água, o poço, o tombo, a
linha, a tábua, o medo, a força, o sol, a sede, a casa, o brilho,
a sebe, a toca, o corvo, a sina, o lago, o foco, a brita, o riso,
a espera, o peixe, o fusco, a flor.
Eu vi.
53
Ontem dei contigo a escreveres-me e-mails de amor.
Fui abrir mais um e era rar.
Como nós.
Beijo-te,
Lola
54
Cisma
em mim um
conceito,
quase uma
ordem estabelecida.
- o desejo.
Quanto
menos o
pratico,
Mais
se manifesta e me
surpreende por
excitante e novo.
Glicínias.
55
. .
Gato
cavaleiro
impotente
.... poder doente ....
Adão sideral
campo de
a m o r
Conforto árabe
Bom-dia sistemati
camente sistemático
Abandono-paz
Cabelos maduros
Meia-a-jato Força vital
Particípio Futuro
México-sonho
Vigário Selvagem
Trivial Sede
B u d a
amb
ien
t
a
l
56
L`
Acqua pura
57
Da M e l a n c ó l i c a
Musicalidade
To r t u o s a d o
Cego-outsider
N a r a m p a
D o p á t i o
N i n g u é m
L e m b r a
58
Procuro
nas ventrechas das frases sem fim
o nexo algum do início do pensamento.
59
Mecânica do Sonho
Qualidade do ir.
60
Sus
tenho,
perduro
a rara beleza
calada e malva
na cápsula
de lu
61
Deitada na praia, fecho os olhos e recordo tudo aquilo que ainda não vi.
62
No fim resta a obra, a família, as crianças, o fenómeno
do talento, a independência, o tiro manuseado, aplausos se-
cos, o caráter da poesia, sucessos subvertidos, notáveis recusas,
um mapa, um registo predial, um pensamento íntegro, cidades
renascidas, uma regra demasiado formal, mármores frios, uma ilustração
contínua, galerias limpas, o poder da metrópole, um chão fu-
gidio, velhos e trapos, histórias pouco naturais, uma luz varian-
te, lendas e verniz, camadas de pó, andar por aí, humanidade.
63
APOIOS
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PEDRO ALE
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