You are on page 1of 76

ELA

ORDEP
Título:
“Azul Instantâneo”

Autor:
Pedro Vale

Hernando Urrutia

Imagem de capa/contracapa ( obra de arte digital ):


Hernando Urrutia

Edição Digital:
Hernando Urrutia

Todos os Direitos Reservados


Copyright 2018

ISBN
978-989-208277

Produzido em Portugal
Todos os textos do livro foram escritos originalmente na minha
página do Facebook entre março de 2016 e setembro de 2017,
tendo sido recolhidos e trabalhados posteriormente.

Pedro Vale

1
“No hay banda.
There is no band.”

Mulholland Drive

“Neo: Why do my eyes hurt?


Morpheus: You’ve never used them before.”

Matrix

“Não existe cultura geral, só a cultura de cada um.”

Professor Agostinho da Silva

“E ao que quiser pleitear contigo e tirar-te a túnica, larga-lhe


também a capa; e a quem te obrigar a caminhar uma milha, vai
com ele duas. “

São Mateus 5: 14

2
Gostaria de agradecer à minha família e amigos, ao Designer e
Director de Arte Hernando Urrutia e em especial a toda a comu-
nidade facebookiana.

3
Por vezes
Acontece entrarmos
Num maravilhoso jardim árabe
E sentarmo-nos logo ali
No primeiro banco de pedra lisa
Imaginando o azul do mar.

4
L
I
B
E
R
T
O
a
P
A
L
A
V
R

5
A
e
S
O
L
T
O
o
P
U
L
S
O
É preciso viver sem paixões.

Mergulhar no absoluto anonimato,

Permanecer morto ou vivo até ao fim.

Aclamar o tumulto escuro e bruto.

Encenar o drama clemente e lento.

Sentir um amor ideal por anjos nebulosos.

Descobrir um novo fundo de poesia e aguardar

uma voz que nos ordene docilmente:

- Não te movas, nem te inquietes,

nem traias o que

ainda não

és.

6
O poema aquece
as montanhas
quase sem voz
e relativiza a fúria
Inocente e letal

Do vento

7
Um homem com medo e desgostoso da guerra enche-se
de coragem e decide enfrentar o perigoso frio do mato e da
noite incerta e muda.

Cavalga, desliza em vão, até descobrir um casaco de


soldado imaculado pendurado numa árvore de amor, fertilidade
e sabedoria. Julgando ter encontrado o aconchego e a salvação,
já perto do rio deita-se em cima dele para descansar um pouco
da agreste vida. Ignora porém que a guerra não dá descanso a
ninguém, atacando mesmo à falsa-fé, da calada da noite ao
resplandecente amanhecer.

O casaco ficou sem mancha, o homem, esse, manchado


pela distração do cansaço de viver.

(A partir da crónica “A mancha” de Mia Couto)

8
Da noite pró dia

Inverte-se o canto

Augúrico da cotovia

9
Milagre d’ estreia

Vida prazenteira,
Gesto normal.

Encadeamento
De claros
Acordes
Outonais.

Absorta lentidão.

Desejo,
Combate,
E renúncia
À tentação
Do recentemente
Adiado mil acre d’estreia
(sem unanimidade).

Prolongado o tempo

Da subtileza linguística.

Impaciente o esforço…

- Bica poética para a mesa sete!

10
- não sejas

obtuso contigo s u s p i ro u

A tropical árvore insular

Ao viajante sapateiro rouco.

E a partir daí ele

p a s s o u a s o n h a r

c o m

11
Talvez um dia recordes
num qualquer espelho torto
quão simples fora a tua salva
e te lembres daquela vez
em que ceáramos apenas meia
laranja e nada de pão naquela casa cega
com o telhado a verter lágrimas
de fel.

12
Porto

a poesia vai
pela rua,
nua.
esconde-se
nas manhãs mais
frias.
e é à noite que lhe foge
a voz.
lenta
e lenta,
lentamente,
até
desembainhar
na
f
o
z

13
Abastado corpete
momentaneamente
pousado no espanto

das suas mãos obedientes

e graciosas, desiguais.

14
o

li

U
m

bu
ror
De gente
Descrente
Perece
A meio do
Sonho.
e
Outros não,
vivendo o sonho
Em constante

15
Tecetera e tal

Ignóbeis mercados abençoados pelo protetorado judicial


Envelhecem propositadamente a dívida liberal.
A familiaridade da paragem do gelatinoso avião patriarcal.
Conchas consumidas pelo musgo ambicioso, colonial.
O antónimo de cerveja descrito e vivenciado pelo sociólogo coloquial.
Plasticidades manobradas poeticamente, instinto maternal.
Um gesto jovial em telhado inalcançado e disfuncional.
Missionários com decotado perfil estrategicamente comercial.
Um rude mundo campestre carregado de dificilidade longitudinal.
Salário-nabo, tonel turístico, ataque livre e radical.
- Oferecem-se comichões de acampamento no Guincho ou no Sabugal!
O farmacêutico profissional filosofa da grevidade pontual.

Forais, tristeza, maresia, merda da fazenda, bênção, distinção,


reforma secular, implicação, falsa sensibilidade, alicate, resposta,
espanto, fratura ou reboque lateral.

Alheamento absurdamente temperamental.

16
O poema emerge da cloaca musical de Brahams, eternizando o momento:
palavra-sopro.

17
Diving into the story

Around global books


I read backdrops of love and hate:

A man called Josh sorts the trash


Darkly familiarly yelling.

His Journey of exploration holds


The heart surroundings of a beat club,
Learning to survive under the sign
Of a specific trade job trauma.

As a teenager Josh dreamt of


Working in the arts or with antiques in
An enigmatic major City.

The right path for his life was


To seek for contentment and happiness.

But What happened To him?

18
Luz(a) alma

Sossega e vive do ar,


a cómoda alma, armário espacial.

Plana e cisma a esmola pintada


na rua nua e perfumada.

Sonha a universal fundação,


À beira-rio, navio-fantasma e fruição.

Entoa, na guitarra infantil, dramática gente,


num acorde simples, medieval.

- Ó alma lusa,

Acorda e sente,
mesmo que à tangente,
O que é ser filha de Portugal.

19
C r e s c e a R e s o m .
a u m b e o
e s p n t a

20
2017,

Obscuridade, incerteza
Confrangimento,
confusão.

Estranho agir. Liberdade


D’ expressão.

Utilidade, confissão
Impossibilidade,
redenção.

Retrato atual.
Pensamento, urgente
Informação.

Abri e era uma carta,

escrita.

21
Beber tanto azul
Até limpar a
Neurose.

22
Hoje acordei com uma andorinha no estômago.

A noite era de tempo limpo e sono.


Sabia a quebra milenar, cabelo solto.

Nenhuma angústia, lei, mato ou víscera defronte.

O prédio seguia o seu curso normal de vida, espécie de abrigo impune.


Gineceu.

Observava sem capacidade estrelada o céu, quando a miúda astronomia me


espantou a inocência.

A circular impressão se revelara.

Tal como no meu estômago, assim uma via-andorinha se alongava, qual


fita emprestada, distraidamente, no ar.

23
Amizade
ópio que
consola convulsão
e desnorte. Salvação
da espécie de caos,
ná us ea , i l ha rga ,
tempestade
ou
nau
frá
gi
o.

24
Uma menina metafísica caminha e a história comete um
crime e ela chega a uma casa serrada três quartos e pensa que
todo o mundo é feito de lama e salta da falésia e cai no chão
coberto de vidro e grita e foge e corre ao pa trás e o grito ecoa
e acredita que sim até ao fim mas não - a história assassina tinha
razão - pum!

25
f i m
e ao
cabo

inquieto
semifuso
numerador
intermezzo
abismal dia
comunidade
cinético corpo
limbo passeio
contra pombo
justo benfeitor
força e género
grande assalto
fome assassina
fertilizante racial
e xpl osã o a t óni t a
fundição romana
unidade de tempo
e l o s i nt er medi á r i o s
so frer p r i v a t i zaç õ e s
d a n ç a re n a s c e n t i s t a
arrebatamento boémio
café com v i st a p r a t u d o .

26
s o
o s
i
l

r
r

l
i

s o
o s

27
A escrita rompe com o hábito e cursa uma boleia
sensata para a infância dominical, desfazendo
o equívoco e cruzando a luz invisível:

Espátula esburacada e centímetro


engelhado, sesmaria, prémio
d e m i l a n o s , c ré d i t o
amigável, cão
s e m f i

28
Camarão
- c h i q u e
Estát u a i n t e i r a ,
Crua beleza,
Brilho gestual.
C
o
r r
e
à e m b a i x a d a ,

Vista, salvação.

Doce o sorriso

Da estudan-

te dedicada.

- B o n n e -

journée F a n n y,

Dont forget about

y o u r d r e a m s !

P s :

O mnia,

le p a r

fum.

29
Bebo do eco varrido da cal
O esquecimento do palco descansado.

30
Pedra

O cavaleiro,
símbolo maior,
Regressa do bosque:

Punhal, corola d’espinhos,


Amante docemente assassinada,
Canteiro de inúteis, selvagens papoilas.

Porta entreaberta, treva do livro, argiloso feno.

Coração que arde ao colo da casa,

Respingada cabeça de chuva.

Triste delírio do cisne vão.

A dor caindo lentamente.

Sonho desfolhado, trevo,


Faúlha, corpo e chão.
Dia último, espuma.

Anoitece aqui,

Pedra.

31
9rbita
trans
ferênciaprocedi
mentonor \ mal
mo
delolan
çamentoCAUTIONpressãoestá
vel
Administraçãoes
*
pacial
eixolon
gitudepo
`

siçãocompor
tastraçarrotacompu
tadoresredundantesON
AIR
NOWgravidadea
jus
ta
@
r
cálculos:prop
ulsor
9alhacomunicaç
()
ão
d
er
iv
a
,
alt

32
e
ra
d
¥
a
repararcarga
evita
..
robstáculoMAKE
CO
NTA
CTimpul
soinver
<
tid
osinal
t-e-le-m-et-ric-o
Siste
m
a
opera
cionalviage
m
---
a
bertahex
adec
imal
entrar
>>>
9rbita

33
O rio não corre,
Só o pensamento.

34
Respira-se nesta taberna turca um fétido ar de degenerescência
e sardónica podridão.
Até o cão cego, apesar de jovem, transborda uma pueril
estupidez doentia, perfeitamente compatibilizada com a
ambiência do lugar.

35
T a l
qual a
i ni c i á t i c a
prima-andorinha,

Assim desce a
brisa noturna

na piazza d`Espagna:

f r e s c a ,

b e l a e ú t i l .

- b e n

V e n u

a!

36
Queria
I n v e n t a r
Uma linguagem,
movimento perpétuo, e
Um culto e belo cogumelo encontrar.
Queria a raiz, o chão, a manta, o lar.

T e r
Adorado o
Reto céu e toda
a fria doçura dispersa.

Falado co’ as montanhas


Através do tempo deslizado.
Feito cálculos, mudado o plano,
Descoberto o grande projeto de beleza.

Pintado a velocidade, guardado a palavra,


Honrado o som, imaginado o corpo inteiro, vivo.
Fechado o centro comercial instantâneo.

Limpo o ar e abraçado o bravo mundo.

Riscado a matéria, deslocado a linha,


Inventado uma fornada de cheiros,
Brinquedos, bebés não-humanos,
Um beijo na cabeça aguda,

A mão em peregrinação.

Corrido e esbarrado
No enigma de
Metal sobre o
verde-azul
do triste
p ó .

E
haver
p a r t i do
sem nada,
sem na

da.

37
Como um
figo e atir
o a chave
ao poço m
ó r b i d o

38
M
o n
te d’anhos

Bravo pinheiro
manso no piquenique de
burgueses. Toalha meridional,
Esvaídos doces. Perdição, desgos
to. Corre o norte da brisa. Encana
do arzinho da serra. Dormiam perdidos
como os anjos. Negra cor dos sonhos bre
ves. Árvore e livro. Sonda, papel-tigre listrado,
feroz pinha, Vinho, pão, monte e Anhos. Felizes To

39
Revelou o mestre ao seu discípulo:

- A grandeza dos olhos mede-se


sempre por um renovado modo de olhar.

40
3 quartos de jornal
mais uma carta magistral

De quanto precisas além do vinco das camisas?


Negligência obtusa das frágeis imagens,
Uma perna pequena, reduzida, imerecida.
Saíres lesado do frugal concurso internacional?

Humores suados e refinados na brassagem


Das penúltimas tendências de maquilhagem.
Quimera ou tentacular contração da multidão,
Retificada a vida passada, louca a sã rebelião!

O que rende afinal, o que dá certo em concreto?


- Somos pela mobilidade, avante a reconstrução:
Projetos renais de elevados riscos ambientais.
Astutos os estatutos, desvalorização é em vão.

Desleixo, demência, e a incontornável falência


De mundanas comemorações. - Insinuações?!
Caóticos sigilos do bruto corsário, incendiário.
O congelamento é engarrafamento retardatário.

Ó vitoriosas cartas do dia! Da vil alegria que chia!


E sumir-se na vida ativa, esquiva ou contemplativa.
(Suborno da revolução pela inovação coletiva).
É hora. Contagem crescente e decrescente pró

Dia Mundial do Sonho de Miúdo. Alto aí Graúdo


- É para ti, pode ser teu, aproveita a vida ó meu!
Local de venda, brexit duro: concerto solidário.
Pão escuro, reduz o peso: já! Joga pelo seguro.

41
Vol
ta
ren
a
mar
te

42
A abstrata alucinação do tapete

luminoso do mundo virtual

liberta o desumano cataclismo

vaidoso do deus estranho,

sacrificando a consistência

d a p a l a v r a d o i n g é n u o

mas gracioso, provinciano

p o s t a l .

43
Infantil literatura

Doce criança que cospes no banho


E trepas da risada mercantil à felicidade bruta!

Ris do imperador e murmurejas ao herói moleza pingada.


Pontapeias o pecado e teces na morte
Uma força brincalhona.

Saltas distraída pelo tabuleiro mágico,

Inventas a poça inteligente, a insatisfeita rede,

E desdenhas no silêncio patado simbólica traição.

- De que entontecida lentidão


foges tu, ó
criança doce?

44
stâ ncia
it e rn a sub
no ete Do tempo:
na A
Memória
o
nt e ve
nto
.
Fi

45
Os meus sonhos são simples.
Um coreto atual, uma praça ficcional, mistura de estranho jardim,
bordel e prisão, um vestido dormido, milhões de línguas corte-
sãs, uma maçã trincada, jazz moderno, uma imposição vitoriana,
talento comercial, cruzamentos, estações por abandonar, sorrisos
satânicos, belas rameiras, uma precetora desenhada e cobras, e
mais cobras.
Os meus sonhos não sei se são simples.

46
família

nto u m
no q

P la
a

ter ra
uintal,
En

da

ena,
am
a

uídea nal
.
rq setentrio
o

47
Rush hour

Time has come, come see for yourself.


Foreign takeovers reach the climax.
Unhappy return arrested in inquiry.
Intelligent approach from sceptics like you.

Markets keep going up since the cold war.


Discover unique flavor by chef’s special recipes.

Life on mars will define you.


Worlds leading prices and details.
Across our puzzle and so much more.
Vintage car fan available for 5.99.

More quality books, Bloomsday scenario.


Women rethought sex in state of recession.
Fear around brexit slows down sales.
A lesson in love will happen eventually.

Extra protection strikes final blow.


A genetic situation or the right to start a family?

48
No
silêncio
de ouro da
ponta do pargo,
por um fio não
desci para a
gruta ida
d e t
i
.
.
.
.
.
.
.
.
.

49
Soalheira amante do atónito subúrbio: pé descalço, rotina escura,
ardente em fabril desejo de perseguição.

Ponto de referência: janela industrial, um sentido linearmente


pensado, espantosa altercação nebulosa.

Imagem moderna, rosto antigo, tardia hora diurna.

50
b ... . ... r . . i . _
. . .
. n. ........... . ... _ .
_ c . . a
. n. . . ...... .
..... . . a . .... .
. ............. . ei. __
r. __ . .
_ . ....... . a

51
O poema

como

Pétala de escravo
marinho

que enternece.

52
Vi o vento, o verde, a árvore, a pedra, o velho, a dor,
a ponte, o ângulo, o céu, a curva, a cana, o pássaro, o fim,
a morte, o gesto, a brida, o fogo, a água, o poço, o tombo, a
linha, a tábua, o medo, a força, o sol, a sede, a casa, o brilho,
a sebe, a toca, o corvo, a sina, o lago, o foco, a brita, o riso,
a espera, o peixe, o fusco, a flor.

Eu vi.

53
Ontem dei contigo a escreveres-me e-mails de amor.
Fui abrir mais um e era rar.
Como nós.

Beijo-te,
Lola

54
Cisma
em mim um
conceito,
quase uma
ordem estabelecida.

- o desejo.

Quanto
menos o
pratico,

Mais
se manifesta e me
surpreende por
excitante e novo.

Glicínias.

55
. .
Gato
cavaleiro
impotente
.... poder doente ....
Adão sideral
campo de
a m o r
Conforto árabe
Bom-dia sistemati
camente sistemático
Abandono-paz
Cabelos maduros
Meia-a-jato Força vital
Particípio Futuro
México-sonho
Vigário Selvagem
Trivial Sede
B u d a
amb
ien
t
a
l

56
L`

Acqua pura

La notte, una fontana

E un sogno per sparare.

57
Da M e l a n c ó l i c a
Musicalidade
To r t u o s a d o
Cego-outsider
N a r a m p a
D o p á t i o
N i n g u é m
L e m b r a

58
Procuro
nas ventrechas das frases sem fim
o nexo algum do início do pensamento.

59
Mecânica do Sonho

Trepa a liana o simbólico detetive da imaginação.


Referência orgânica da língua, declaração de exílio, fonte abundante.
Descida à prisão. Identidade e interesse do pensamento.
Descoberta dos personagens: paradigma e destino.
Um poeta articula e reverte o mundo de casa aberta, viva canção.

(falsidade-embaraço, perfume-folclore, magia-projeção, poema-cheiro,


figura-mãe, memória-ferrugem)

Arrastamento, recorrência e inevitável esquecimento do declarado


interesse da escrita livre.

Natureza, alma, nome, sinal, cansaço, mulher, vingança (calma).

Do diálogo do namoro dispara a comovente dualidade, o triste


abraço, meia-hora de cama, granítica repetição e dor dormente.
(Contacto coordenado e devidamente contextualizado)

Aurora azulada na palma do tempo.

Do coração do livro só (poemário) brotam: risco, mar, azulejo e


gestação.

O banho realizou-se à hora marcada, seguido de passeio de


barco e manifestação de amor.

Qualidade do ir.

60
Sus

tenho,

perduro

a rara beleza

calada e malva

na cápsula

de lu

61
Deitada na praia, fecho os olhos e recordo tudo aquilo que ainda não vi.

62
No fim resta a obra, a família, as crianças, o fenómeno
do talento, a independência, o tiro manuseado, aplausos se-
cos, o caráter da poesia, sucessos subvertidos, notáveis recusas,
um mapa, um registo predial, um pensamento íntegro, cidades
renascidas, uma regra demasiado formal, mármores frios, uma ilustração
contínua, galerias limpas, o poder da metrópole, um chão fu-
gidio, velhos e trapos, histórias pouco naturais, uma luz varian-
te, lendas e verniz, camadas de pó, andar por aí, humanidade.

63
APOIOS

Governo Regional da Madeira; Secretaria da Educação da RAM;


Secretaria Regional do Turismo e Cultura da RAM; Câmara Mu-
nicipal do Funchal;
PEDRO ALE

00351 964700220

valedepedro@gmail.com

www.facebook.com/Azul-Instantâneo
PEDRO ALE

00351 964700220

valedepedro@gmail.com

www.facebook.com/Azul-Instantâneo

You might also like