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17/01/2019 - 05:00

Ministério tenta reabrir UE a carnes e


pescados
Por Cristiano Zaia

O Ministério da Agricultura fixou uma meta para reabilitar os frigoríficos de carne de frango e fábricas
de pescados que estão embargados pela União Europeia desde o ano passado por questões sanitárias. A
intenção é reabrir o mercado europeu este ano.

No fim de 2018, o então ministro da Agricultura, Blairo Maggi, já havia feito uma indicação positiva
sobre as negociações com os europeus. Em dezembro, o bloco anunciou que visitará o Brasil para fazer
auditorias em frigoríficos, provavelmente no primeiro semestre. A data exata ainda não foi marcada.

"Nosso sistema de defesa é respeitado lá fora. Esses desgastes com a União Europeia foram muito mais
influenciados pela conjuntura política e não por questões técnicas. E existe sim a possibilidade de
reabertura já neste ano", afirmou ao Valor o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da
Agricultura, José Guilherme Leal.

De acordo com ele, a Pasta respondeu a todos os questionamentos sanitários feitos pela União Europeia.
Por outro lado, o bloco ainda quer algumas garantias sanitárias antes de enviar técnicos para checar in
loco se as unidades de carne de frango e pescado atendem às exigências. "Estamos cumprindo
rigorosamente o calendário de informações da União Europeia", afirmou Leal.

O veto europeu a 20 frigoríficos de carne de frango é uma decorrência direta da Operação Trapaça,
investigação da Polícia Federal deflagrada em março do último ano para apurar um esquema de fraudes
envolvendo a BRF e laboratórios na análise da bactéria salmonela em lotes de carne de frango. Em
reação, os europeus vetaram todas as unidades da BRF que podiam vender ao bloco.

Em reunião nos últimos dias, representantes da indústria de carne frango reforçaram à ministra Tereza
Cristina a necessidade de retomar as vendas à União Europeia em 2019. Na ocasião, um convite para
que a ministra vá a Bruxelas em março foi entregue.

"Esperamos que a União Europeia reabra seu mercado para parte das empresas ainda no primeiro
semestre. Todas as empresas estão fazendo o dever de casa e já temos a sinalização de que eles vão voltar
a importar", afirmou o presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA),
Francisco Turra.
No ano passado, as restrições europeias tiveram impacto significativo nas exportações brasileiras. Ainda
que nem todos tenham sido proibidos de exportar, não era possível ocupar o espaço aberto pela BRF,
maior exportadora do país. Conforme dados da ABPA, o Brasil deixou de exportar em torno de 60 mil
toneladas para os europeus em 2018. Esse volume representa 35% do que o país exportou para o bloco
no período.

Além do setor avícola, há grande expectativa por parte da indústria brasileira de pescados para que ao
menos 15 empresas possam voltar a exportar. No ano passado, Bruxelas proibiu as compras de pescados
de todas as 64 plantas do Brasil habilitadas até então a vender para o bloco.

"Se tudo der certo, voltamos a exportar no segundo semestre. Mas sabemos que virá uma nova lista de
empresas e os europeus devem habilitar planta por planta", ponderou Christiano Lobo, diretor da
Abipesca, entidade que representa a indústria pesqueira. A sinalização, portanto, é que a abertura aos
pescados deve ser limitada.

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