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Para aquele que tenha somente a concepção popular de quem foram Marx e
Engels a Ideologia Alemã é surpreendente. Esta, sua primeira análise detalhada da
filosofia sócio-política conhecida agora como o marxismo contem as referências
esperadas à ³burguesia´, ao ³proletariado´ e ao ³comunismo´, porém o conjunto de
seu argumento é uma análise da história das relações sociais baseando -se no
materialismo histórico.
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Até hoje, os homens tinham concepções falsas sobre si próprios, sobre o que
são e devem ser. Organizaram seus relacionamentos de acordo com idéias de
Deus, do homem normal, etc. Deixe-nos liberá-los destas quimeras, deixe-nos
revoltar-se contra a regência do pensamento. Estas fantasias infantis e inocentes
são a semente da filosofia jovem hegeliana que este livro deseja amadurecer, para
mostrar como seu ideário meramente imita as concepções da classe média alemão.
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Alemanha tem nos últimos anos passado por uma revolução em que os
heróis da mente superam-se uns aos outros, supostamente no rein o do pensamento
puro. Os industrialistas da filosofia vêm colocando no mercado, suas mercadorias.
Quando o mercado ficou saturado, o negócio foi deturpado como sempre acontece
na Alemanha, por mercadorias de baixa qualidade, por etiquetas falsas e por
vendas fictícias. Se desejarmos avaliar este tragicómico e mesquinho movimento
jovem hegeliano inteiro, nós devemos olhar além das fronteiras de Alemanha.
Tudo isto germinou do sistema filosófico de Hegel, onde cada lado extrai
categorias puras como a ³substância´ e a ³consciência de si´ e as profanaram então
os com nomes como ³genero´, ³único´ ou ³homem´.
dos homens, a única coisa contra a qual eles tem que lutar. Declaram que
estão lutando de contra as ³frases´, esquecendo que se opor a elas somente com
outras frases, de nenhum modo combatem no mundo real.
Não ocorreu a nenhum deles inquirir qual a conexão entre a filosofia alemã e
a realidade alemã, a relação do criticismo da matéria que os cercava.
O fato é que essa estrutura social e o estado estão evoluindo con tinuamente
pelo processo vital de indivíduos determinados, enquanto operam e produzem
matéria. O mesmo aplica-se às produções mentais como a política, as leis, a
moralidade, a religião, a metafísica etc. de um povo. São os homens realmente
ativos que são os produtores de suas concepções.
Em contraste com a filosofia alemã, que desce do céu à terra, aqui nós
ascendemos da terra ao céu. O que é dizer, nós não começamos naquilo que nos
homens imaginam, mas dos homens ativos reais. A vida não é determinada pela
consciência, mas a consciência é determinada pela vida. Quando a conversa vazia
sobre a consciência cessa, e o conhecimento real toma seu lugar na filosofia, ela
enquanto um ramo de conhecimento independente perde seu meio de subsistência.
Nós ilustraremos algumas destas abstrações por exemplos históricos.
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Já que nós estamos lidando com os alemães, que são desprovidos das
premissas, nós devemos indicar uma premissa, a saber, que os homens devem
poder viver para que se ³faça a história´, e viver engloba comer, beber, morar e
vestir-se. Mesmo quando o mundo sensível é reduzido a um mínimo, a um bastão
como acontece com São Bruno [Bruno Bauer], esta realidade implica na produção
deste bastão. Toda a interpretação da histór ia deve observar este fato fundamental,
algo que os alemães nunca fizeram.
O comunismo não é para nós uma situação que deva ser criada, ele é a
abolição do estado atual das coisas.
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Por sua vez, nessa concepção que vê as coisas tais como realmente são e
como aconteceram realmente, todo problema filosófico oculto se converte
simplesmente em um fato empírico, e pode ser facilmente resolvido. A ³substância´
e a ³consciência de si´ desmoronam quando nós compreendermos que a ³unidade
do homem e da natureza´ existiu sempre e se apresentou diferente em cada época
de acordo com o desenvolvimento da indústria. Feuerbach fala dos segredos da
ciência natural que são revelados somente ao olho do físico e do q uímico; mas onde
a ciência natural estaria sem indústria e o comércio? Na medida em que é
materialista, Feuerbach nunca faz intervir a história, e, na medida em que considera
a história, ele deixa de ser materialista. Para ele, história e materialismo são duas
coisas completamente separadas.
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O primeiro caso supõe que os indivíduos estão unidos por laços como família,
tribo, a terra etc.; o segundo esse são mantidos unidos somente pela possibilidade
de intercambio. No primeiro caso, basta um ser humano com inteligência média, no
segundo caso deve haver uma divisão entre o trabalho físico e o intelectual.
Enquanto esta turba pelo menos se revoltava mesmo que ineficazes por
causa de sua impotência, trabalhadores qualificados nunca faziam mais do que
cometer pequenos atos de insubordinação. Os grandes levantes da Idade Média
nasceram todos no campo, mas eram ineficaze s por causa do isolamento e da falta
de educação dos camponeses.
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Essa subsunção dos indivíduos por determinadas classes não pode ser
abolida enquanto não se tiver formado uma classe que não tenha mais que fazer
prevalecer seus interesses com os da classe dominante. A transformação, com a
divisão do trabalho, de forças pessoais (relações) em forças materiais, não pode ser
abolida por tirar a representação geral dela de sua mente, mas somente pelos
indivíduos que subjuguem as forças materiais e que abolem a divisão de trabalho.
Isto somente é possível na comunidade onde a liberdade pessoal é possível.
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O comunismo cria uma base real que torna impossível que qualquer coisa
exista independentemente dos indivíduos. O comunismo trata as circunstâncias
atuais como inorgânicas, criadas pela produção e pelo comércio.
A relação entre forças produtivas e forma das trocas é a relação entre o modo
das trocas e a ação ou a atividade dos indivíduos. A forma fundame ntal dessa
atividade é naturalmente a forma material de que depende qualquer outra forma
intelectual, política, religiosa etc. as condições nas quais os indivíduos entram em
relações entre si são condições inerentes à sua individualidade, definidas pela
realidade de sua natureza condicionada. Estas circunstâncias parecem
primeiramente como sua afirmação ativa de si e são produzidas por essa afirmação
de si, depois dão forma à evolução histórica das forças produtivas.
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O sistema feudal não foi trazido pronto da Alemanha, mas teve suas origens
da parte dos conquistadores, da organização do exército durante conquis ta e se
desenvolveu com as ações das forças produtivas no país conquistado. Isto é
demonstrado pelas tentativas fracassadas de impor outras formas derivadas da
Roma antiga (Carlos Magno)
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II. A questão se a verdade objetiva pode ser atribuída ao pensamento humano não é
teórica, mas sim uma questão prática.
III. A doutrina materialista que espera que os homens sejam produtos das
circunstâncias e da educação esquece que as circunstâncias e a educação podem
ser modificadas por homens e que é essencial educar o educador. Esta doutrina
consequentemente divide a sociedade em duas partes, uma delas acima da
sociedade. A mudança se dará apenas pela práxis revolucionária
IV. Feuerbach parte da duplicação do mundo em um mundo religioso e em um
profano. Seu trabalho consiste em reduzir o mundo religioso à sua base profana. O
fato da base profana se destacar de si própria e se estabelecer enquanto um reino
independente nas nuvens pode somente ser explicado pelas pelo auto rompimento
e pela autocontradiçã o dentro desta base profana. É preciso compreender sua
contradição e depois revoluciona -la na prática. Portanto, uma vez que se descobriu,
por exemplo, que a família terrestre é o segredo da família celeste, é da terrestre
que se deve fazer a crítica teóri ca e é ela que se deve revolucionar na prática.
V. Feuerbach procura a intuição sensível; mas não percebe que é uma atividade
prática.
Tentei preservar a essência desta obra, porém no original de Marx e Engels contém,
segundo minha pesquisa, uma analogia a qual não posso deixar de fora: ³esta
filosofia (de Feuerbach) está para a ciência como a masturbação está para o sexo.´
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*78 (* @ AB CDEF filósofo alemão aluno de Hegel, que
discutiu na Essência da Cristandade que a religião é a elevação das qualidades
humanas à um objeto da adoração.
&8 9 G ADDB CHF filósofo alemão de, notável pela
obscuridade de seus escritos e por ver a história como a história das idéias. ³A
experiência e história ensina é esta - que os povos e os governos nunca
aprenderam qualquer coisa da história´