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31/01/2019 Pocket: E se o projeto ameaça desabar?

E se o projeto ameaça desabar?


gestaoescolar.org.br

Crédito: Ricardo Toscani


O ano começou atípico. Além de uma grande troca na equipe gestora da
EMEF Irmã Irene Alves Lopes -Irmã Zoé, em Paraíbuna, no interior
paulista, perderam-se vários dias letivos com emendas de feriados e devido
a uma paralisação dos professores e funcionários da Educação por melhores
salários. Um dos cronogramas atingidos foi o do projeto de Matemática do
4º ano, que tinha como objetivo melhorar o desempenho dos alunos na
resolução de situações-problema.

Ao comparar as ações programadas e as executadas ao longo do semestre, a


coordenadora pedagógica Leandra Campos das Neves Faria percebeu que
seria impossível concluir todas as atividades. ''Reorganizamos o

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planejamento e tiramos algumas etapas do trabalho para fechar no tempo


estipulado. No entanto, vamos retomar o projeto este semestre para atingir
plenamente a proposta inicial'', conta a coordenadora.

Para a especialista Maria Luiza Ramos, formadora do curso Gestão para


Aprendizagem, desenvolvido pela Elos Educacional, as equipes têm
di culdade para administrar o tempo disponível. ''Professores e
coordenadores se queixam de interferências e urgências que atrapalham.
Por isso, quem planeja deve supor problemas que, apesar de serem
imprevistos, acontecem o tempo todo. Acompanhar o plano de ações a cada
atividade permite checar se haverá tempo su ciente.''

A complexidade dos objetivos também pode ser um obstáculo. "Quando eles


são ambiciosos demais, por exemplo, pode ser preciso revê-los ou esticar o
cronograma. Outra questão é distribuir responsabilidades para cada um dos
envolvidos de forma clara. Na ausência de alguma pessoa, as demais podem
seguir com a proposta e ninguém ca sobrecarregado, o que interfere na
qualidade do projeto e nos prazos", completa a formadora.

É frustrante quando um projeto mobiliza esforços e desaba antes mesmo de


parar em pé. Aconteceu com a oferta de aulões interdisciplinares da EE
Plínio Pinheiro, em Marabá, no Pará. Pensada para motivar e preparar os
alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a atividade passou
meses atraindo apenas 20 jovens por sábado. O motivo: as aulas eram
monótonas e os alunos não viam valor em ir à escola para ver mais do
mesmo. Esse ano, em nova tentativa da gestão, o aulão ressurgiu
repaginado. Durante uma semana pedagógica, os professores se prepararam
para lidar com interdisciplinaridade e abordagens inovadoras e atraentes
para os jovens. Mesmo assim, os estudantes não estavam convencidos de
que o projeto tinha sido aprimorado.

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Crédito: Ricardo Toscani

OS DESLIZES MAIS COMUNS E OS AJUSTES


POSSÍVEIS
As metas não estão claras

Estabeleça os objetivos, as responsabilidades e os prazos com os


participantes do projeto para que todos se engajem.

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A infraestrutura é inadequada

Com antecedência, reorganize os espaços da escola, busque a ajuda da


comunidade escolar ou peça recursos à Secretaria de Educação.

Interrupções bagunçam o cronograma

Vale prever que acontecerão imprevistos e distribuir tarefas de forma


e ciente para que os prazos sejam cumpridos.

Os objetivos não estão sendo alcançados

A equipe deve fazer avaliações frequentes e, se necessário, remanejar ações


e realizar intervenções estratégicas.

"Entendemos hoje que a comunicação e caz é fundamental", concluiu o


coordenador pedagógico Adenilson Freitas Godinho, que identi cou os
pontos frágeis da proposta junto com sua equipe. "Para os estudantes, não
estávamos explicando o que os aulões acrescentariam aos seus projetos de
vida nem sobre a didática diferenciada dos encontros. Para os professores,
não tinha cado claro como sua visão pedagógica seria ampliada", contou
Adenilson. Um vasto trabalho de convencimento, a criação de um jornal e
de um blog para dar visibilidade às atividades transformou os aulões em
campeões de público: a cada sábado, uma média de 140 participantes lota a
quadra da escola. Música, apresentações de teatro e atividades lúdicas
animam os encontros, abertos à comunidade. Em um deles, a professora de
Química Darcy Alves instigou os participantes a investigar como os super-
heróis da série X-Men poderiam ter os poderes que exibem, considerando
as composições químicas de seus corpos.

Sem medo de reavaliar e corrigir

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"O engajamento dos professores afeta diretamente o envolvimento dos


alunos e, por consequência, o sucesso do projeto", explica Leninha Ruiz,
formadora de coordenadores e professores de Educação Infantil. Uma
questão-chave é a equipe pedagógica participar na construção desde o
princípio, como aconteceu no projeto dos Cantos de Aprendizagem, na
EMEI Arco Íris, em Lagoinha, no interior de São Paulo. Na hora de
acompanhar o projeto, o grupo percebeu que ele precisava ser reformulado.
"Deram muito certo os espaços temáticos nas salas de aula. No entanto, a
equipe observou que, durante o recreio e ao nal do período, enquanto
alunos mais novos aguardavam a saída dos mais velhos para embarcar no
transporte escolar, as crianças se machucavam, brigavam e cavam à toa",
conta Claudiane Santos, coordenadora pedagógica da escola. O projeto foi
ampliado para o espaço externo, que hoje conta com os cantos do desenho,
do supermercado, do escritório, da leitura, da casinha. "Substituímos as
instalações temáticas que não estão interessando mais. Os professores
ajudam na manutenção e na criação dos novos cantos, levando objetos e
ideias. Em seguida, decidimos juntos quais serão montados", conclui
Claudiane.

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As readequações explicitam que o desempenho do projeto passa por
avaliação constante. Esse é um cuidado importante, segundo Maura
Barbosa, coordenadora pegagógica da Comunidade Educativa Cedac. "A
avaliação precisa ser regular. Quando fazemos um plano de ação, analisamos
o resultado alcançado de cada etapa, para que a equipe possa corrigir e
ajustar as seguintes. Não se pode esperar o nal do projeto para descobrir
que ele não deu certo!" O m de um bimestre ou trimestre é o momento
ideal para olhar o que os resultados revelam sobre o processo de ensino
naquele período e fazer re exões.

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"Quando os objetivos de um projeto são ambiciosos demais, pode ser


preciso revê-los ou esticar o cronograma."
MARIA LUIZA RAMOS, formadora do curso de Gestão para
Aprendizagem, da Elos Educacional

Se as ações não estiverem atingindo os objetivos por completo, vale reunir a


equipe e traçar novas estratégias enquanto ainda dá tempo. A sugestão de
Maura é que a conversa não seja sobre a atuação especí ca de alguém.
"Quando o resultado se torna a pauta de discussão, a sensação de insucesso
pessoal é amenizada. Com base nos indicadores, o coordenador deve buscar
junto com a equipe quais as variáveis que levaram a esses resultados e como
será possível ajustar ou transformar o projeto. É um caminho mais
re exivo, proativo e e caz", orienta Maura.

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