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31/01/2019 Pocket: Não mude a si mesmo, mude os seus comportamentos

Não mude a si mesmo, mude os seus


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comportamentos trecho

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Setembro 22º, 2016

Aprender é mudar. Mudar para melhor é sinónimo de desenvolvimento pessoal. E


inevitavelmente por autoiniciativa ou por imposições da vida, a mudança acontece
em nós. Mas, por vezes quando mais desejamos e necessitamos mudar algo, somos
invadidos por um conjunto de obstáculos e autosabotagens que nos retiram
capacidade para efetivarmos a mudança desejada. As di culdades de mudança fazem
sentir-se porque queremos defender a nossa imagem, ter uma noção positiva de nós
mesmos, sermos amados e apreciados. Ter a noção que temos de mudar, é uma
questão generalista, pode mexer com todo o nosso ser, retira-nos capacidade,
responsabilidade, respeito a nós mesmos, e como tal, coloca-nos no alvo da
autosabotagem, da vitimização e do sentimento de culpa. É paradoxal, como
podemos mudar algo que não tem os valores su cientes para se mudar a si mesmo?
De que serve um pobre pedir a um pedinte.

“Você não pode mudar o que você é, só o que você faz.” – Philip Pullman

NÃO FAÇA DISPARAR O SEU MECANISMO DE DEFESA


O que estou a abordar, pode parecer paradoxal dado que muitos autores e
personalidades apontam para a mudança de nós mesmos como o primeiro passo a
ser dado para a melhoria. Eu concordo com grande parte dessas frases, a rmações e
ideias. O que temos que mudar é a interpretação taxativa do que esse conceito nos
transmite e igualmente o impacto que essa leitura tem no nosso eu. O nosso eu é
muito avesso e altamente resistente a qualquer tentativa que se oponha a si mesmo.
O nosso eu di cilmente é penetrável ao desdém, à renuncia, ao afastamento daquilo
que somos, à humilhação, à critica. Perante este cenário, cada vez que
conscientemente ou subconscientemente recebemos a ideia de mudança de nós
mesmos, tendencialmente é lido como uma afronta à nossa pessoa, ao amor, à

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estima, à consideração, orgulho e admiração que temos de nós próprios. E desa ar-
nos a nós mesmos de forma perniciosa, certamente o resultado será de insucesso. O
mais forte, o seu eu como um todo, vencerá a sua vontade de mudança de você
mesmo. É como um sistema de proteção que corre automaticamente perante a
ameaça de invasão do seu eu.

Por exemplo: Quando foi a última vez que você encontrou alguém e disse:
“Olá, você pode por favor rejeitar-me? Sabe, é que eu realmente prospero e
sinto-me incrivelmente bem sobre mim mesmo em ambientes de rejeição e
de ódio. “

Certamente isso não acontece. Porquê? Porque fomos feitos para o amor, afeto e
aceitação. Basta ligar o rádio e a televisão por dez minutos para descobrir que o
coração humano está na la da frente. Os lmes são centrados em torno dele, a
nossa realidade mostra que as pessoas procuram serem aceites e amadas. Podemos
con rmar isso no enorme impulso que as estrelas pop têm para cantar sobre o amor.
O coração humano quer ser amado. Isso veri ca-se desde a nascença, todos nós
necessitamos de carinho, afeto, aceitação e amor para que possamos desenvolver-
nos de forma saudável e emocionalmente equilibrados.

A ciência tem vindo a provar que os nossos cérebros funcionam melhor quando
sabemos que somos amados. Estou seguro em dizer que, por causa de pessoas
magoadas e ressentidas ferirem outras pessoas, provavelmente algumas não
conseguirão sentir o amor e carinho que necessitam, independentemente do quão
incrível os seus pais sejam ou possam ter sido. Nós somos seres imperfeitos num
mundo imperfeito, e passamos aos outros o que foi passado para nós. Quando não
recebemos o amor necessário a um bom desenvolvimento, ou quando ele é
pervertido e cruel, o nosso coração pode sofrer traumas emocionais catastró cos.
Um trauma pode instalar-se quando alguma coisa ou algo que já lhe aconteceu, afeta
a sua capacidade para lidar com a dor, e a mágoa sentida é superior à sua capacidade
de gerar alegria.

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Partindo da ideia anterior, não pretendo ser radical ao ponto de transmitir que nós
não mudamos enquanto pessoas, ou que não podemos ou não devemos mudar a nós
mesmos. Nada disso, o que pretendo transmitir é que para mudarmos a nós mesmos
deveremos seguir uma abordagem de sucesso e que possa ser paci camente aceite,
sem que acione o nosso mecanismo de defesa e vá contra o impulso inato que todos
temos para defender a nossa imagem e nossa forma de ser. Por esta razão é mais
sensato e autoaceite comprometermo-nos em mudar alguns comportamentos em
nós, do que usarmos a frase generalista: mudar a si mesmo. No nal, é isso que se
pretende: mudar algo em nós mesmos para melhor.

A reter: A técnica a implementar é mudar através da mudança de


comportamentos, o que será melhor aceite por nós. Não nos ofende, não nos
diminui a autoestima, nem faz emergir frustração no nosso ego.

MUDE A SUA ATITUDE E NÃO A SI MESMO


Se percebe que gostaria de ser mais como o seu amigo, ou alguém de referência que
considera um modelo, não faça apreciações depreciativas acerca de você. Não se
compare pela negativa. Aprecie sim o que gostaria de ver em si mesmo e faça algo
que permita implementar esse comportamento, forma de ser, ou atitude que achou

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poder bene ciá-lo. Faça o que os adultos deveriam fazer na educação


comportamental aos seus lhos. Os pais devem manter o amor incondicional aos
seus lhos, mesmo na hora da desaprovação ou repreensão. Por exemplo, se um pai
quer reprovar um comportamento de uma criança pode seguir duas vias:

A positiva e construtiva: “O pai não gosta que quanto cas nervoso comeces
a dar pontapés nos teus brinquedos.” – Desaprovação do comportamento.

A negativa e destrutiva: “O pai não gosta de ti quando cas nervoso e dás


pontapés nos teus brinquedos.” – Desaprovação da criança.

O primeiro exemplo é focado apenas no comportamento, o que é correto e assertivo.


O segundo exemplo é focado na criança e no seu amor por ela, o que é incorreto e
destrutivo.

Cada vez que a autoimagem, autoestima e autovalor é afetado negativamente, pelos


outros signi cativos ou por nós mesmos, colocamo-nos em causa. Podemos
questionar o nosso próprio valor enquanto pessoas e com isso denegrirmos a
imagem que temos de nós mesmos. Isto pode ter um duplo impacto negativo:

1. Bota-nos abaixo.
2. Associamos a nossa desvalorização à incapacidade de mudarmos a nós mesmos,
dado que nos sentimos “vitimizados” e consequentemente com uma justi cação
plausível para não conseguirmos melhorar os nossos comportamentos.

Este ciclo negativo de desvalorização e justi cação das incapacidades pode levar a
que a pessoa se mantenha “presa” em si mesmo, fazendo sempre mais do mesmo.
Gera-se um con ito interno enorme. A pessoa sabe que tem coisas em si que
precisam de ser mudadas, que necessitam da sua atenção e dedicação, mas sente-se
impotente para fazer algo para sair dessa paralisação, isto porque foi-se acostumando
a olhar para si como alguém que não consegue ser e caz na mudança a que se
propõe, devido à sua baixa capacidade para tal. Este con ito interno é alimentado
pela dupla desvalorização anteriormente referida.

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Dica: Torna-se primordial que tente perceber se os seus hábitos paralisam ou


potenciam a sua vida?

MANTENHA O SEU AMOR INCONDICIONAL ACERCA DE


SI MESMO
Para mudar a si mesmo de forma e caz, assertiva e saudável você deve manter o
amor por você mesmo intato. O autoamor incondicional é autoprotetor e promotor
de sentimentos positivos e atitudes positivas em favor de nós mesmos. Como pode
ajudar-se a si mesmo se estiver contra você? Como pode mudar algo em si mesmo
quando a sua autoproteção foi antecipadamente ativada? Que credibilidade dará a si
mesmo se não se autorespeitar? As respostas a estas questões são certamente pela
negativa. Todos necessitamos de um senso de autoestima e de autovalor para que
possamos ajudar-nos a nós mesmos a mudar algo em nós. E a melhor forma de
fazer isso, é não focarmos a mudança em nós mesmos, mas sim nos nossos
comportamentos. Dado que os nossos comportamentos são percepcionados como
parte de nós, e não nós mesmos. Evitando desta forma que nos desvalorizemos ou
nos autodepreciemos enquanto um todo (o nosso Eu).

COMPORTAMENTOS INDESEJADOS E NOVOS


COMPORTAMENTOS
Podemos mudar por duas razões principais. Porque queremos eliminar ou diminuir
um comportamento indesejado ou um mau hábito, ou porque queremos
implementar um comportamento novo que perspetivamos poder mudar a vida para
melhor. Em ambas as situações a capacidade de liderar a nós mesmos é uma
ferramenta imprescindível para a obtenção de sucesso. Certi que-se que sabe o que
pretende mudar, foque as suas forças e estratégias nisso e muna-se da força de
vontade necessária para auxiliar-se nos momentos de provação. Atenção, a maior
di culdade em mudar algo que percebemos não nos servir mais, prende-se com o
fato de termos recompensas associadas, nomeadamente recompensas cognitivas,
situacionais, emocionais e físicas. Por outro lado, quando pretendemos implementar
um comportamento ou atitude nova, a maior di culdade prende-se com o

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desconforto inicial e com a ausência de um retorno positivo imediato. Por este


motivo, você deve estar bem ciente do que quer, porque quer, e qual o benefício a
médio prazo. Esta é a sua vida, melhore-a hoje mesmo!

INVISTA TEMPO E DEDICAÇÃO AO QUE PRETENDE


MUDAR
Para mudar algo, para implementarmos uma mudança signi cativa de forma efetiva
até que se torne parte de nós, é preciso aprender algo novo. E, para aprender algo
novo é necessário dedicar tempo a essa tarefa, é preciso praticá-la e persistir nela. É
primordial traçar um objetivo suportado num planejamento e com passos bem
de nidos que descrevam as ações a tomar. Essas ações devem estar de nidas no
tempo, serem especí cas e acima de tudo dependerem de você.

para aprofundar o assunto, leia: Plani cação e estratégia, duas armas para
alcançar o sucesso

DESENVOLVA A SUA AUTOCONFIANÇA PARA A


MUDANÇA

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Inevitavelmente a autocon ança joga um papel importantíssimo em qualquer tipo de


mudança que queiramos implementar em nós mesmos. Sem um senso de
autocon ança, camos à mercê das vicissitudes da vida e das nossas incapacidades,
medos e fraquezas. Certi que-se que desenvolve a con ança necessária em si
mesmo para poder propor-se ao desa o que uma mudança comportamental exige.
Por vezes, pode passar-se um calvário de pequenos avanços e recuos, e os
retrocessos podem ser desanimadores, enfraquecendo-lhe a força que tanto
necessita para continuar rme no seu caminho traçado. É exatamente nesses
momentos de perda de ânimo que a sua con ança deve impor-se às suas dúvidas,
sofrimento ou cansaço.

Estando ciente que a mudança que pretende ver sedimentada irá desa á-lo, por um
lado fazendo sentir algumas necessidades impostas pelos velhos hábitos e por outro,
pela ausência de recompensa imediata no novo comportamento ou hábito, e
sabendo também que necessita investir tempo e dedicação que permitirá modelar os
comportamentos desejados, a sua autocon ança irá promover o seu sucesso.

Para aprofundar o assunto, leia: 3 Passos e 10 formas para construir a sua


autocon ança

APOIE OS SEUS NOVOS COMPORTAMENTOS


Partindo do princípio de que não existem fracassos mais sim resultados, e estes
podem estar de acordo com as suas expetativas ou não, importa focar-se no seu
objetivo e ir veri cando se os seus comportamentos estão a surtir efeito. Caso não
estejam, não personalize, não avalie o resultado pela perspetiva da sua identidade,
como se você fosse um falhado. Foque a sua atenção nas ações que não estão a ser
e cazes e melhore-as. Reveja o que não funcionou e pense numa solução.
Experimente novas formas de abordar o que pretende ver implementado, até que o
resultado obtido seja satisfatório. Até lá, não avalie os seus resultados do ponto de
vista do seu valor enquanto pessoa. Olhe para si como alguém que tem capacidade e
habilidade para aprender com os erros e falhas, e seguir em frente. Estimule-se,

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incentive-se, motive-se até instituir em si mesmo o comportamento desejado. Nesse


momento, você mudou a si mesmo, sem focar-se em mudar-se a si mesmo. Essa é a
abordagem funcional e promotora de sucesso.

Para aprofundar o assunto, leia: Como aumentar e manter a motivação

Abraço

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