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TESE DE MESTRADO
MODERADOR
Prof. Dr. Pe. BERNARDO GIANLUIGI BOSCHI, O.P.
ROMA, 2005
Pontificia università S. Tommaso D’Aquino
Largo Angelicum
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO ...................................................................................................... 2
ÍNDICE ........................................................................................................................ 3
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 5
CONCLUSÃO ............................................................................................................. 80
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 83
INTRODUÇÃO
1
Cf PONTIFICIA COMMISSIONE BIBLICA, L’interpretazione della Bibbia nella
Chiesa, Città del Vaticano 1993, 21.
2
Cf SACROSANCTUM CONCILIUM OECUMENICUM VATICANUM II, Constitutio
Dogmática De Divina Revelatione Dei Verbum (18/11/1965), AAS 58 (1966) 25.
3
Dificuldades no que se refere à interpretação dos textos bíblicos não é novidade
ou um problema que não havia no passado, pois basta olhar a história para se
comprovarem os vários desafios que tivemos diante de algumas passagens bíblicas. Cf
PONTIFICIA COMMISSIONE BIBLICA, L’interpretazione della Bibbia nella Chiesa, Città
del Vaticano 1993, 25.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 6
humildade daqueles que pesquisam, para admitir que nem sempre teremos
as respostas que gostaríamos e, assim, manter o coração aberto ao
Espírito, fonte e porto seguro de nossos mais profundos anseios.
Docilidade ao Espírito de Deus. Este é o primeiro passo para um
verdadeiro estudo bíblico, porque de outra forma restará uma grande
produção científica, acadêmica, mas com o grave risco de não portar
consigo a razão de ser da própria pesquisa: um sentido para a nossa vida.
Jesus é claro ao explicar a razão de sua vinda ao mundo: “Eu vim para
que tenham vida e a tenham em abundância”4. Com poucas palavras, esta
é a razão da vinda e da vida de Jesus neste mundo. Ter vida é ainda a
razão pela qual Jesus convidou e convida também hoje para que façamos
parte do seu Reino. Tal convite tem sempre uma dimensão pessoal, mas é
ao mesmo tempo comunitário, isto é, fazer parte de uma comunidade de
acordo com minha vocação.
O presente trabalho recorda apenas a história de um destes convites
feitos por Jesus, mas tendo presente uma dimensão riquíssima contida nos
textos bíblicos: a etimologia e simbologia dos nomes bíblicos. Muitas
vezes na Bíblia a simbologia de um nome é uma mensagem a mais. Com
este pensamento que iremos abordar a missão de Simão Pedro nas
palavras de Jo 1,42: “Tu és Simão, o filho de João; chamar-te-ás Cefas”.
4
Jo 10,10b.
CAPÍTULO I
1
Cf Cl 1,15-20.
2
Cf W. BINNI – B. G. BOSCHI, Cristologia primitiva. Dalla teofania del Sinài
all’Io Sono giovanneo, Bologna 2004, 229. Nesta obra, mais do que a estreita relação
entre os testamentos, temos a identificação do “Eu Sou” joanino com “Ihwh”.
3
Cf Jo 14,9-11.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 8
4
Cf PONTIFICIA COMMISSIO BIBLICA, Il popolo ebraico e le sue Sacre Scritture
nella Bibbia cristiana, Città del Vaticano 2001, 3; K. H. SCHELKLE, Israele nel Nuovo
Testamento, Brescia 1991, 33.
5
Não obstante esta questão do vocábulo Antigo ser evitado por alguns, no presente
trabalho utilizaremos, sempre que necessário, a expressão Antigo Testamento (ou AT),
pois devidamente entendida, não traz prejuízo ao estudo bíblico e, sobretudo, porque é
uma expressão universalmente conhecida.
6
Cf PONTIFICIA COMMISSIO BIBLICA, Il popolo ebraico e le sue Sacre Scritture
nella Bibbia cristiana, Città del Vaticano 2001, 19.
7
Cf J. T. BARRERA, A bíblia judaica e a bíblia cristã. Introdução à história da
bíblia, Petrópolis 1996, 599.
8
Mt 5,17. Seguindo o ensinamento de Jesus, a Igreja nunca sugeriu que o Antigo
Testamento estivesse superado, como desejava, por exemplo, Marcião, mas pelo
contrário, sempre afirmou que o Antigo e o Novo Testamento são inseparáveis. Cf
CAP. I: INTER-RELAÇÃO ENTRE ANTIGO E NOVO TESTAMENTO 9
De sorte que Antigo e Novo Testamento são partes distintas mas que se
completam, pois formam no seu conjunto uma única história, a história da
salvação. De modo que a esse respeito encontramos nas palavras de Santo
Agostinho uma bela síntese, quando dizia, que o Novo Testamento está
escondido no Antigo, e o Antigo se revela no Novo 9. Além do mais,
devemos ter presente que a inter-relação dos Testamentos, Antigo e Novo,
não é apenas teórica, pois tem razão São Paulo ao escrever: “Ora tudo o
que se escreveu no passado é para nosso ensinamento que foi escrito, a
fim de que, pela perseverança e pela consolação que nos proporcionam as
Escrituras, tenhamos a esperança”10.
Todavia, não podemos fazer uma leitura do Antigo Testamento como se
fosse um álbum de fotografias que antecipavam o advento de Jesus. Mas
nossa leitura deve ser feita de modo retrospectivo, isto é, a partir da vida,
morte e ressurreição de Jesus, perceber o processo dinâmico do Antigo
Testamento, mas jamais numa ótica como se todas as referências que lá
encontramos, fossem referências diretas e históricas a respeito de Jesus
Cristo e ao cristianismo11. É verdade que temos no texto bíblico fatos
históricos, porém, a justa interpretação do mesmo, requer mais do que
uma interpretação histórica, uma interpretação teológica, pois assim
12
Cf PONTIFICIA COMMISSIO BIBLICA, Il popolo ebraico e le sue Sacre Scritture
nella Bibbia cristiana, Città del Vaticano 2001, 21.
13
O maior exemplo da complexidade que é a pesquisa bíblica são os inúmeros
livros, comentários e artigos com as mais variadas teorias, que, ao longo do tempo, se
completam em alguns casos, mas que também se contradizem um sem número de
vezes; o que não deixa de ser uma riqueza, pois, no campo científico, são de grande
valia os confrontos de idéias diferentes.
14
Cf DV 22-23. A Igreja, reconheço, é sempre prudente quando se trata de tomar
decisões. Porém, muitas vezes, em nome da prudência, sua caminhada foi duramente
sacrificada e, no caso da teologia bíblica, ficamos estacionados durante longo tempo.
CAP. I: INTER-RELAÇÃO ENTRE ANTIGO E NOVO TESTAMENTO 11
15
Cf L. A. SCHÖKEL, A palavra inspirada. A bíblia à luz da ciência da linguagem,
São Paulo 1992, 82.
16
Cf DV 12.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 12
Uma palavra escrita, mais do que sinais gráficos, contém sempre uma
mensagem, carregada de idéias e emoções que nem sempre conseguimos
decodificar na sua inteireza, pois é um conceito mental que manifestamos
de modo sonoro ou visual (quando escrita), e sendo um conceito mental,
muitas vezes, não só varia a forma sonora, de língua para língua, como
varia a compreensão de um mesmo conceito17. Outro fator ainda a ser
considerado, é que, quando um determinado texto é transmitido e
retransmitido por várias gerações e épocas diferentes, como é o caso da
Bíblia, e especificamente o Antigo Testamento, devido seu maior recuo
temporal e cultural (que reflete um milênio de desenvolvimento
lingüístico)18, o desafio do destinatário em decifrar seu conteúdo, sem
perder sua originalidade, não é tarefa fácil.
É aqui que entra de modo importantíssimo o estudo da literatura.
Conhecer o gênero literário, ou, melhor dizendo, conhecer os gêneros
literários, é parte fundamental na pesquisa bíblica. Para tanto, faz-se
necessário partir de uma língua concreta – na redação bíblica temos o
hebraico, o grego, e em menor escala o aramaico – que se torna como que
17
Cf L. A. SCHÖKEL, El estilo literario. Arte y artesanía, Bilbao 1994, 33-34.
Exemplo citado pelo autor, sobre a compreensão diversa que temos sobre um mesmo
vocábulo – no caso a saudação «boa noite», que, dependendo da língua, expressa uma
idéia distinta, sendo, por exemplo, no espanhol uma saudação usada quando se
escurece e, no inglês ou no alemão, uma expressão usada quando se vai dormir – nos
permite perceber que linguagem é um conceito muito mais amplo do que se imagina às
vezes, pois a mesma palavra pode ser entendida diversamente dependendo de uma
serie de fatores culturais e sociais. Logo, decifrar a escrita é apenas um aspecto da
leitura a ser interpretada.
18
Cf J.T. BARRERA, A bíblia judaica e a bíblia cristã. Introdução à história da
bíblia, Petrópolis 1996, 75.
CAP. I: INTER-RELAÇÃO ENTRE ANTIGO E NOVO TESTAMENTO 13
19
Cf L. A. SCHÖKEL, A palavra inspirada. A bíblia à luz da ciência da linguagem,
São Paulo 1992, 86.
20
Cf W. J. HARRINGTON, Chave para a bíblia. A revelação. A promessa. A
realização, São Paulo 1985, 13.
21
Cf R. C. DE SOUZA, Palavra, Parábola. Uma aventura no mundo da linguagem,
Aparecida 1990. Aqui não faço menção ou citação de uma página em específico, pois
o autor desenvolve em forma de diálogo, em todo o livro, a idéia que cada palavra é
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 14
uma parábola, ou seja, carrega consigo uma história de que nem sempre temos
consciência.
22
Cf L. A. SCHÖKEL, A palavra inspirada. A bíblia à luz da ciência da linguagem,
São Paulo 1992, 104-111.
23
Ibidem, 112.
24
Cf L. A. SCHÖKEL, et al., La bibbia nel suo contesto, Brescia 1994, 355.
CAP. I: INTER-RELAÇÃO ENTRE ANTIGO E NOVO TESTAMENTO 15
25
Cf A. LÄPPLE, Bíblia. Interpretação atualizada e catequese, São Paulo 1982, 28.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 16
hoje usamos; mas sim daqueles que estavam em uso entre seus
contemporâneos e conterrâneos”26.
O progresso científico, dos últimos tempos, de fato, como já indicava
Pio XII, colaborou em larga escala no desenrolar da pesquisa bíblica, de
modo que caminhamos bastante na busca de compreender melhor a
riqueza contida na Palavra de Deus, grafada com sinais humanos 27.
26
PIUS PP. XII, Litterae Encyclicae Divino Afflante Spiritu, (30/09/1943), AAS 35
(1943) 314-315. Não podemos esquecer da contribuição dada na área bíblica, em
várias épocas diversas, por tantas pessoas que, dentro de suas respectivas
possibilidades e limites, deram seu contributo. Todavia, é o Concílio Vaticano II que
marca de modo decisivo o desenvolvimento da Teologia bíblica, com a Constituição
Dei Verbum, evidentemente, mas também através de todo um contexto de reflexão
favorável, que naquele momento, mais do que em outras épocas, possibilitou um
grande passo na vida da Igreja.
27
Cf A. M. ARTOLA – J. M. S. CARO, Biblia y Palabra de Dios. Introduccion al
estúdio de la bíblia, Estella 1992, 320. Assim como Jesus é verdadeiramente Deus e
verdadeiramente homem, portanto, não obstante sua revelação, é sempre um mistério,
não podemos esquecer que a Palavra de Deus, embora em caracteres humanos, é
sempre Sagrada. Não é novidade esta afirmação? É verdade. E por que insisto nesta
questão? Justamente devido aos extremismos que muitas vezes nos marcaram, e que
são sempre perigosos: de um lado uma leitura bíblica literal, como se cada palavra da
bíblia fosse uma sentença absoluta proferida por Deus, onde o humano não existe; por
outro lado, quase que como uma reação oposta, o esvaziamento do sagrado, como se o
texto bíblico não passasse de literatura, que podemos e devemos decifrar de modo
pleno sem nenhum mistério. Eis os extremos que devemos evitar.
28
É preciso enfatizar que um símbolo não contrapõe ao real, pois só podemos
simbolizar aquilo que é uma realidade, caso contrário, o símbolo não pode existir, já
que sua função é representar ou trazer presente uma determinada entidade. Cf X.
LEON-DUFOUR, Lectura del Evangelio de Juan, Vol. I, Salamanca 1997, 19.
CAP. I: INTER-RELAÇÃO ENTRE ANTIGO E NOVO TESTAMENTO 17
29
Cf Gn 1,26.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 18
30
Cf M. BOCIAN, Adamo, in Dizionario dei personaggi biblici, Casale Monferrato
2004; L. A. SCHÖKEL, ~d'a', in Dicionário bíblico hebraico-português, São Paulo 1997.
31
Cf M. G. CORDERO, Eva, in Enciclopedia de la Biblia, Vol. III, Barcelona 1970.
32
Cf R. C. DE SOUZA, Palavra, parábola. Uma aventura no mundo da linguagem,
Aparecida 1990, 1; M. BOCIAN, Abele, in Dizionario dei personaggi biblici, Casale
Monferrato 2004; L. A. SCHÖKEL, lb,h,, in Dicionário Bíblico hebraico-português, São
Paulo 1997.
33
Cf M. BOCIAM, Caino, in Dizionario dei personaggi biblici, Casale Monferrato
2004.
CAP. I: INTER-RELAÇÃO ENTRE ANTIGO E NOVO TESTAMENTO 19
34
Cf R. C. DE SOUZA, Palavra, parábola. Uma aventura no mundo da linguagem,
Aparecida 1990, 3-5. De fato, todo ser humano é um pouco Caim e um pouco Abel,
pois labutamos diariamente e somos insistentes como um ferreiro que trabalha na
bigorna. Contudo, a nossa vida é apenas um hálito.
35
Cf M. BOCIAN, Abramo, in Dizionario dei personaggi biblici, Casale Monferrato
2004.
36
Cf F. B. GERRITZEN, Sara, in Enciclopedia de la Biblia, Vol. VI, Barcelona
1970.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 20
37
Cf Gn 9,18-19.
38
Cf R. C. DE SOUZA, Palavra, parábola. Uma aventura no mundo da linguagem,
Aparecida 1990, 38.
39
Ibidem, 42.
CAP. I: INTER-RELAÇÃO ENTRE ANTIGO E NOVO TESTAMENTO 21
40
Cf R. C. DE SOUZA, Palavra, parábola. Uma aventura no mundo da linguagem,
Aparecida 1990, 44. A Bíblia nos diz que os três filhos de Noé povoaram toda a terra.
Seus nomes expressam essa totalidade, já que representam de certo modo, o céu (Sem),
a terra (Cam) e o espaço (Jafé).
41
Cf Gn 9,26.
42
Por razões práticas utilizaremos, às vezes, NT para designar Novo Testamento.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 22
43
Cf J. T. BARRERA, A bíblia judaica e a bíblia cristã. Introdução à história da
bíblia, Petrópolis 1996, 34-35; F. G. MARTÍNEZ – J. T. BARRERA, Os homens de
Qumran, Petrópolis 1996, 265-266.
44
J. T. BARRERA, A bíblia judaica e a bíblia cristã. Introdução à história da bíblia,
Petrópolis 1996, 35.
45
Cf J. T. BARRERA, A bíblia judaica e a bíblia cristã. Introdução à história da
bíblia, Petrópolis 1996, 35.
46
Ibidem, 36.
CAP. I: INTER-RELAÇÃO ENTRE ANTIGO E NOVO TESTAMENTO 23
47
Cf W. J. HARRINGTON, Chave para a bíblia. A revelação. A promessa. A
realização, São Paulo 1985, 187. Contudo, não se pode desconhecer, ainda que não
plenamente desenvolvida, a presença gnóstica contemporânea à redação do IV
evangelho. A questão que se coloca, é que ao contrário do que se cogitou por um
tempo, o pensamento gnóstico não é a fonte inspiradora do IV evangelho, mas sim o
Antigo Testamento. A este respeito, cf W. BINNI – B. G. BOSCHI, Cristologia
primitiva. Dalla teofania del Sinài all’Io Sono giovanneo, Bologna 2004, 7; R. E.
BROWN, Giovanni, Assisi 1999, LXIII.
48
Cf K. H. SCHELKLE, Israele nel Nuovo Testamento, Brescia 1991, 33.
49
Cf J. KONINGS, A bíblia nas suas origens e hoje, Petrópolis 2002, 17.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 24
4. Reflexos do AT no IV Evangelho
A Pontifícia Comissão Bíblica, no já citado documento “O povo
hebraico e suas Sagradas Escrituras na Bíblia cristã”, afirma que, sem o
Antigo Testamento, o Novo seria um livro indecifrável 50. De fato, já
mencionamos no presente trabalho tal inter-relação. Contudo, cada livro
do Novo Testamento tem sua particularidade, de modo que teremos
leituras diversas, ou abordagens diversas do Antigo Testamento,
dependendo do livro que empreitamos no Novo Testamento.
O presente trabalho aborda uma palavra em especial no IV Evangelho,
Kefas, de sorte que trataremos agora dos reflexos e implicações do Antigo
Testamento no Evangelho de João51.
Não é sem razão que, dos quatro evangelhos, os três primeiros (Mateus,
Marcos e Lucas) chamamos sinóticos, ou seja, mesma ótica; o quarto
(João), tratamos e estudamos sob outro ponto de vista. Realmente o
Evangelho segundo João, é sui generis. Não adota o mesmo esquema
cronológico e geográfico que temos nos outros evangelhos. E, além disso,
o que mais nos interessa é a forma narrativa que João utiliza, em vez de
breves passagens contendo ditos ou gestos de Jesus, como fazem os
sinóticos. Narra longos episódios elaborados como grandes discursos ou
diálogos, mais ou menos como fazia Moisés no Deuteronômio, o que nos
leva afirmar que João é mais reflexivo que os outros 52.
50
Cf PONTIFICIA COMMISSIO BIBLICA, Il popolo ebraico e le sue Sacre Scritture
nella Bibbia cristiana, Città del Vaticano 2001, 84.
51
Apesar da questão espinhosa da identificação do autor do IV Evangelho,
usaremos sempre que necessário, a expressão Evangelho de João, já que é uma
expressão tradicionalmente conhecida.
52
Cf J. KONINGS, A bíblia nas suas origens e hoje, Petrópolis 2002, 164.
CAP. I: INTER-RELAÇÃO ENTRE ANTIGO E NOVO TESTAMENTO 25
53
Cf J. T. BARRERA, A bíblia judaica e a bíblia cristã. Introdução à história da
bíblia, Petrópolis 1996, 36.
54
Cf R. E. BROWN, Giovanni, Assisi 1999, LXIX.
55
Cf G. GHIBERTI, et al., Opera giovannea, Torino 2003, 75.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 26
56
Cf R. E. BROWN, Giovanni, Assisi 1999, LXIX. Esta idéia da influência do livro
do Êxodo no Evangelho de João é desenvolvida pelos autores W. BINNI – B. G.
BOSCHI, no já citado livro “Cristologia Primitiva”, onde a dependência do IV
Evangelho em relação à teologia sinaítica é colocada em evidência.
57
Cf C. K. BARRET, El evangelio según san Juan, Madrid 2003, 57.
CAPÍTULO II
1
Cf A. FUCHS, Βηθσαϊδά in H. BALZ – G. SCHNEIDER, ed., Dizionário Esegetico
del Nuovo Testamento, Brescia 2004. Como fonte para o texto grego do NT, utilizamos
NESTLE-ALAND, Novum Testamentum Graece, Stuttgart27 1993.
2
Cf O. CULLMANN, Cullmann e altri. Il primato di Pietro, Bologna 1965, 22.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 28
informação que temos também nos sinóticos (Mc 1,16; Lc 5,2-3), ou seja,
que Simão Pedro era pescador.
O Pedro apresentado no IV Evangelho tem muitos traços comuns com
os sinóticos, é citado mais vezes que todos os outros discípulos, inclusive
mais que o anônimo discípulo amado. Entretanto, temos também
significativas diferenças entre o que nos falam os sinóticos e aquilo que
nos apresenta São João com relação a Pedro3.
São várias as questões interessantes que podem ser observadas, se
colocamos em paralelo os Evangelhos sinóticos e o Evangelho de João.
Porém, o nosso objetivo não é identificar as divergências e as
convergências de tal paralelo – mesmo que de vez em quando seja
necessário – mas procurar conhecer a missão de Simão Pedro no IV
Evangelho.
Assim, tomemos o Evangelho de João, com o olhar voltado à pessoa de
Pedro, para identificar algumas de suas características; aproveitar aquilo
que o texto nos apresenta sem muitas dificuldades, já que sem maiores
problemas temos sua profissão (pescador), o nome da região onde vive
(Betsaida) e evidentemente o nome Simão Pedro4, que no IV Evangelho
adquire características especiais, como veremos mais adiante.
O Simão Pedro que temos no IV Evangelho, podemos dizer que
desempenha um papel fundamental como acontece também nos sinóticos,
mas é ao mesmo tempo apresentado de modo particular, como por
3
Cf R. E. BROWN, Pietro nel Nuovo Testamento, Roma 1988, 151; R. FABRIS,
Pietro, in P. ROSSANO – G. RAVASI – A. GIRLANDA, ed., Nuovo Dizionario di Teologia
Biblica, Cinisello Balsamo 1988.
4
Com relação ao nome Pedro, especialmente quando è chamado por Jesus em Jo
1,42 de , será objeto de uma reflexão maior no capítulo III.
CAP. II: IDENTIDADE DO APÓSTOLO PEDRO NO IV EVANGELHO 29
exemplo, já na sua vocação Pedro é levado até Jesus como que numa
atitude de “passividade”5, sem falar que, diferentemente dos sinóticos,
onde Pedro aparece por primeiro na lista dos vocacionados 6, em João ele
não é o primeiro a encontrar Jesus7; todavia, merece da parte de Jesus um
olhar especial desde o primeiro momento. “Jesus fixa a vista em Pedro,
assim como João Batista a tinha fixado nele mesmo no início do episódio
(1,36). Não se trata, pois, de olhar de eleição, mas de penetração”8. O
verbo utilizado neste caso, ἐμβλέψας, pode ser usado não somente no
sentido de ver, perceber, mas sobretudo, fixar o olhar com atenção 9; de
modo que não é um simples sguardo, como se diz no italiano. É Jesus que
conhece imediatamente a personalidade e o destino de Pedro10.
Uma outra questão ainda que temos com referência a Pedro no IV
Evangelho é que existem indicações fortes a respeito de sua pertença ao
discipulado de João Batista antes de ser levado até Jesus, através de seu
irmão André, que era discípulo de João11. Em Jo 1,42 Jesus fixa o olhar
em Pedro e diz: “Tu és Simão, o filho de João”. A expressão “o filho de
5
Cf J. MATEOS – J. BARRETO, O Evangelho de São João. Análise lingüística e
comentário exegético, São Paulo 1989, 107; X. LÉON-DUFOUR, Lectura del Evangelio
deJuan, Vol. I, Salamanca 1997, 152. Sobre esta questão da “passividade” de Pedro,
retornaremos no capítulo IV.
6
Cf Mt 4,18; Mc 1,16; Lc 5,3.8-10.
7
Cf R. PESCH, I fondamenti biblici del primato, Brescia 2002, 58.
8
J. MATEOS – J. BARRETO, O Evangelho de São João. Análise lingüística e
comentário exegético, São Paulo 1989, 107.
9
Cf I. PEREIRA, Ver, in Dicionário grego-português e português-grego, Braga
1998; C. RUSCONI, ἐμβλέπω, in Vocabolario del greco del Nuovo Testamento, Bologna
1997.
10
Cf C. K. BARRET, El evangelio según san Juan, Madri 2003, 274.
11
“André, o irmão de Simão Pedro”, sem dúvidas era discípulo de João Batista,
como se pode ler claramente em Jo 1,40.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 30
João” (ὁ υἱὸς Ἰωάννου), neste caso pode significar não exatamente filho
biológico, pois, na mentalidade semita, “filho de” pode ser usado em
vários sentidos, como por exemplo, “adepto”, “partidário”, “discípulo”.
De modo que, levando-se em consideração a mentalidade semita em
questão, já que Jesus é judeu, a expressão “o filho de João” sugere que
Pedro fosse discípulo de João Batista, pois o artigo “o”, confirma esta
interpretação. Se Jesus estivesse falando que Pedro fosse filho de um
homem chamado João, o artigo “o” sugeriria um filho único, coisa que
sabemos que não é possível; Pedro não é filho único, seu irmão André foi
quem o conduziu até Jesus. Assim, temos um indício forte que também
Pedro era discípulo de João Batista 12.
12
Cf J. MATEOS – J. BARRETO, Pedro, in Vocabulario teologico del evangelio de
Juan, Madri 1980.
13
Cf R. E. BROWN, Giovanni, Assisi 1999, 385.
14
Cf Mc 3,14; Mt 10,1; Lc 6,13.
CAP. II: IDENTIDADE DO APÓSTOLO PEDRO NO IV EVANGELHO 31
15
Cf O. CULLMANN, Cullmann e altri. Il primato di Pietro, Bologna 1965, 27-28;
R. SCHNACKENBURG, Il vangelo di Giovanni. Parte prima, Brescia 1973, 432-433.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 32
16
Cf R. E. BROWN, Pietro nel Nuovo Testamento, Roma 1988, 156.
17
Cf O. CULLMANN, Cullmann e altri. Il primato di Pietro, Bologna 1965, 30; R.
E. BRWON, A comunidade do discípulo amado, São Paulo 1984, 33.
18
Cf J. MATEOS – J. BARRETO, O Evangelho de São João. Análise lingüística e
comentário exegético, São Paulo 1989, 577; R. E. BROWN, Pietro nel Nuovo
Testamento, Roma 1988, 157.
19
Cf R. E. BROWN, A comunidade do discípulo amado, São Paulo 1984, 32.
CAP. II: IDENTIDADE DO APÓSTOLO PEDRO NO IV EVANGELHO 33
discípulos, mas ao mesmo tempo deixava claro o afeto especial que Jesus
tinha pelo discípulo amado20.
Além da Última Ceia, temos ainda a participação do discípulo amado
em outras situações ou momentos especiais. No momento em que Jesus é
crucificado, perto de sua cruz se encontram sua mãe e, junto dela, o
discípulo amado 19,26; ou, na corrida com Pedro ao sepulcro, assim que
recebem a notícia que Jesus não estava mais lá 20,2; e ainda, na pesca
após a ressurreição de Jesus, é o discípulo amado e anônimo que diz: “É o
Senhor!” 21,7; finalmente e fielmente, seguindo Pedro e Jesus e
“assinando” o Evangelho, temos o discípulo que Jesus amava 21,20.24.
De modo que a relação próxima entre Pedro e o discípulo amado salta
aos olhos. A interpretação de tal relacionamento é que não goza de um
consenso entre os estudiosos. Temos os que vêem uma relação de
concorrência ou rivalidade e os que acreditam que na verdade é um
relacionamento de complementaridade; ou ainda aqueles que atribuem a
estes dois discípulos uma relação de representatividade, onde Pedro
representaria a comunidade hierárquica e o discípulo amado, a
comunidade carismática21. Contudo, o que nos interessa é a proximidade
existente entre os dois que é um marco do IV Evangelho. Vale lembrar,
que o verbo utilizado pelo autor do Evangelho de João, para designar o
discípulo amado em 20,2, é o verbo φιλεῖν, diferente do utilizado nos
20
Cf R. E. BROWN, Pietro nel Nuovo Testamento, Roma 1988, 157.
21
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 10.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 34
3. Pedro e Judas
Na rede de relações de Pedro no IV Evangelho, não podemos deixar de
mencionar um personagem que sem dúvidas é um dos mais conhecidos
nos evangelhos – diga-se de passagem, tristemente – que é Judas de Simão
Iscariotes, ou simplesmente, Judas Iscariotes23, o traidor de Jesus.
Sobre o significado do nome deste personagem e suas implicações,
temos opiniões diversas. Vejamos algumas delas. Começando pelo nome
Judas, que é nominado oito vezes no Evangelho de João24, e que em si é
um nome comum, mas que no IV Evangelho, segundo Mateos-Barreto, de
qualquer modo já alude à dificuldade de relacionamento entre Jesus e os
judeus, uma vez que os nomes Judas, judeus e Judéia têm uma designação
e uma raiz comum25, detalhe que no caso do Evangelho Joanino é
22
Cf C. K. BARRET, El evangelio según san Juan, Madri 2003, 891; Não obstante,
porém, a questão dos verbos φιλεῖν e ἀγαπᾶν que, de modo geral, são empregados
como sinônimos não só na literatura joanina, mas também na LXX, existem opiniões
diferentes com relação à equivalência destes verbos no caso específico do capítulo 21,
onde para alguns comentaristas o autor teria a intenção de enfatizar a diferença entre o
amor sublime e incondicional, ἀγαπᾶν, e o amor afetuoso e amigo, φιλεῖν. De fato
não é tarefa fácil uma opinião sem riscos de erro; se recordarmos, por exemplo, que na
mentalidade semita, tanto o hebraico como o aramaico utilizavam um único verbo para
expressar as várias formas de amar, reforçamos ainda mais a opinião da equivalência
dos verbos em questão, como é a opinião de Barret. Todavia, não é uma questão
fechada; cf R. E. BROWN, Giovanni, Assisi 1999, 1394-1395.
23
Os quatro Evangelhos quando mencionam Judas Iscariotes pela primeira vez, já
o apresentam como o traidor de Jesus. Cf Mt 10,4; Mc 3,19; Lc 6,16 e Jo 6,71.
24
Cf Cf NESTLE – ALAND , Ἰούδας, in Concordance To The Novum Testamentum
Graece, Berlin – New York 1987; C. K. BARRET, El evangelio según san Juan, Madri
2003, 465.
25
Cf J. MATEOS – J. BARRETO, O Evangelho de São João. Análise lingüística e
comentário exegético, São Paulo 1989, 561.
CAP. II: IDENTIDADE DO APÓSTOLO PEDRO NO IV EVANGELHO 35
26
No IV Evangelho, o termo judeus, muitas vezes, aparece enfatizando o atrito
existente entre eles (judeus) e Jesus (cf 5,16; 7,1; 8,48; 9,22; 10,31; 11,8; 18,20.31;
19,7.12). Contudo, não se pode afirmar que Jesus era contra os judeus, sobretudo se
tomamos a palavra Judeus de modo genérico. Mas percebe-se que o problema
existente era entre Jesus e um grupo, ou no máximo grupos de judeus; mas de nenhum
modo podemos concluir uma rejeição da parte de Jesus com relação aos judeus, até
mesmo porque os discípulos de Jesus eram judeus como Ele próprio o era, bem como a
maioria dos primeiros cristãos.
27
Nos sinóticos temos o nome Judas Iscariotes no nominativo Ἰούδας ὁ
Ἰσκαριώτης (como por exemplo, Mt 10,4; com variantes como acontece também em
Mc 14,10); e no acusativo Ἰούδαν Ἰσκαριώθ (por exemplo, Mc 13,19; Lc 6,16;
também com variantes); razão pela qual Judas é chamado o Iscariotes ou simplesmente
Iscariotes, como se fosse seu sobrenome.
28
Cf R. E. BROWN, Giovanni, Assisi 1999, 386.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 36
era galileu29. Mas existem outras interpretações, desde a que vê por detrás
do nome Iscariotes a palavra latina sicarius (assassino, bandido), àquela
que busca uma explicação no aramaico ¬e qar (mentiroso, falso)30. Seja
como for, o nome Judas Iscariotes, no caso do Evangelho de João, carrega
consigo uma carga etimológica negativa.
Depois de fazer esta breve apresentação de Judas Iscariotes, retomemos
o que para nós é o mais importante: se, por um lado, João coloca Pedro
sempre próximo ao discípulo amado (cf ponto 2), por outro, Pedro tem
atitudes que o faz próximo também de Judas; de modo que, no Evangelho
de João, Pedro está muitas vezes próximo ao ideal do discípulo de Jesus (o
discípulo amado), mas tem também uma aproximação muito estreita ao
discípulo traidor de Jesus (Judas Iscariotes); aproximação intencionada,
segundo Mateos-Barreto, onde o evangelista insinua justamente traços
comuns existentes entre Simão Pedro e Judas, através da coincidência do
nome Simão, patronímico de Judas, pois três vezes que aparece a
denominação Judas de Simão Iscariotes (6,71; 13,2.26), temos também
em proximidade Simão Pedro (6,68; 13,6.9.24.36)31. Talvez uma forma
que o autor encontrou para dizer à sua comunidade que, diante do Senhor,
mesmo Pedro, que na maioria das vezes está próximo do discípulo amado
por Jesus, é vulnerável, sujeito às quedas, à traição; Pedro assim como
Judas trai Jesus, nega-o por três vezes (18,17.25.26). Eis o “retrato” de
Pedro: Príncipe dos Apóstolos.
29
Cf R. E. BROWN, Giovanni, Assisi 1999, 386.
30
Cf M. LIMBECK, Ἰσκαριώθ, in H. BALZ – G. SCHNEIDER, ed., Dizionario
Esegetico del Nuovo Testamento, Brescia 2004.
31
Cf J. MATEOS – J. BARRETO, O Evangelho de São João. Análise lingüística e
comentário exegético, São Paulo 1989, 561.
CAP. II: IDENTIDADE DO APÓSTOLO PEDRO NO IV EVANGELHO 37
32
Cf R. PESCH, I fondamenti biblici del primato, Brescia 2002, 21-25. Não obstante
as divergências no que se refere ao primado de Pedro, a teologia desenvolvida por
autores protestantes não desconhece a liderança do Apóstolo, como salientou Pesch,
citando os biblistas JÜRGEN ROLOFF e ULRICH LUZ.
33
Quanto à incumbência recebida por Pedro e seu papel específico no apostolado
como líder é um fato que podemos constatar em vários textos bíblicos (Mt 16,17-19;
Mc 3,16; 8,29; Lc 5,10; 9,20; Jo 1,42; 6,68; 13,7; 20,3-8; 21,15-18; At 1,15; 5,12; Gl
1,18); as divergências, existentes entre cristãos de várias denominações, não dizem
respeito tanto à questão bíblica como tal, naquilo que se refere à liderança de Pedro,
mas como interpretar a primazia do Apóstolo, situação que se agrava ainda mais no
tocante aos seus sucessores; cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo
exegético sobre Pedro no quarto Evangelho, Roma 1994, 2.6.
34
Todos os evangelistas deixam claro o temperamento impulsivo de Pedro; mas o
Evangelho de João revela alguns detalhes particulares de tal temperamento, como por
exemplo, na última ceia, onde Pedro não entende o significado do gesto de Jesus no
lava-pés. Mas é, sobretudo, em Jo 18,10, que temos uma idéia concreta do
temperamento impulsivo de Pedro que decepa a orelha do servo do sumo sacerdote.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 38
Embora os outros evangelistas narrem este fato é somente São João que identifica o
agressor.
35
Cf O. CULLMANN, Cullmann e altri. Il primato di Pietro, Bologna 1965, 28.
36
Cf R. SCHNACKENBURG, Il Vangelo di Giovanni. Parte terza, Brescia 1981, 57.
CAP. II: IDENTIDADE DO APÓSTOLO PEDRO NO IV EVANGELHO 39
37
Cf G. O’COLLINS – D. KENDAL, Bibbia e teologia. Dieci princìpi per l’uso
teologico della Scrittura, Cinisello Balsamo 1999, 181.
38
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 2.6.8.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 40
39
Se o ecumenismo enquanto movimento organizado é recente, a idéia da unidade
do povo de Deus podemos encontrá-la profundamente radicada na Sagrada Escritura, e
especialmente como uma preocupação constante de Jesus (Jo 10,16; 17,11.20-23). Cf
PONTIFICIA COMMISSIONE BIBLICA, L’interpretazione della Bibbia nella Chiesa, Città
del Vaticano 1993, 116-117; preocupação também da Igreja, sobretudo, devemos
destacar, no século passado, o Concílio Ecumênico Vaticano II que sem dúvidas foi
um “sopro do Espírito de Deus” que removeu uma enorme quantidade de “poeira
acumulada”, que atrapalhava justamente a percepção daquilo que é a razão de ser da
Igreja: sinal de Deus no mundo. Este continua sendo o apelo do Senhor, unidade no
seu Reino. Daí a importância da Bíblia como instrumento que nos aponta soluções se
estudada nesta perspectiva. Cf DV 22.
40
Este texto foi elencado na nota 33, onde falávamos sobre a liderança de Pedro, o
que pode parecer estranho, pois de fato, num primeiro momento, não se percebe a
ligação existente com a preeminência do Apóstolo. Esta é a proposta de reflexão do
terceiro capítulo.
CAPÍTULO III
1
O texto que normalmente é citado neste caso é o de Mt 16,18.
2
Esta já era a preocupação de Pio XII em Divino Afflante Spiritu; cf p. 14. Porém,
no caso da Bíblia, a pesquisa tem seu sentido maior, quando cumpre seu papel
fundamental que é o de nos ajudar a descobrir os sinais da presença de Deus na vida.
Cf C. MESTERS, Por trás das palavras, Petrópolis 1974, 131.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 42
3
Cf A. B. DE HOLANDA FERREIRA, Pão, in Novo Dicionário da Língua
Portuguesa, Rio de Janeiro 1975.
CAP. III: ΚΗΦΑΣ: PEDRA RARA NO AT E FUNDAMENTAL NO NOVO 43
De sorte que as cinco vezes, em que Mateus usa o vocábulo πέτρα, é para
4
Texto que normalmente figura na tradição da Igreja quando o assunto é o
ministério petrino. Cf G. O’COLLINS – D. KENDAL, Bibbia e teologia. Dieci princìpi
per l’uso teologico della Scrittura, Cinisello Balsamo 1999, 181.
5
Cf Mt 7,24.25; aqui temos πέτραν, acusativo feminino singular.
6
Cf NESTLE – ALAND , πετρα, in Concordance To The Novum Testamentum
Graece, Berlin – New York 1987.
7
Cf R. PESCH, πέτρα in H. BALZ – G. SCHNEIDER, ed., Dizionario Esegetico del
Nuovo Testamento, Brescia 2004.
8
Cf R. KRATZ, λίθος in H. BALZ – G. SCHNEIDER, ed., Dizionario Esegetico del
Nuovo Testamento, Brescia 2004. Somente para se ter uma idéia, temos: λίθος em Mt
24,2; Mc 13,2; 16,4; Lc 17,2; 21,6; λίθοις em Mc 5,5; Lc 21,15; λίθοι em Mt 4,3; Mc
13,1; Lc 19,40; λίθον em Mt 4,6; 7,9; 21,42; 21,44; 24,2; 27,60.66; 28,2; Mc 12,10;
13,2; 15,46; 16,3; Lc 4,11; 19,44 (2x); 20,17.18; 24,2; λίθου em Lc 22,41; λίθῳ em
Lc 4,3; 21,6; λίθων em Mt 3,9; Lc 3,8.
9
Cf Esta imagem da rocha como fundamento ou construção, podemos encontrá-la
no AT, como por exemplo, em Is 51,1b, onde se lê: “Olhai para a rocha (LXX:
πέτραν) da qual fostes talhados, para a cova de que fostes extraídos”. Também
Qumran condivide com Mt 16,18 esta idéia de comunidade que é edificada a partir da
rocha; cf J. GNILKA, Il Vangelo di Matteo. Parte seconda, Brescia 1991, 97-98.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 44
hebraica, quase sempre, ’eben,12. Isto porque, ƒûr (rWc) e sela‘ ([l;s,) são
palavras sinônimas cujo significado é rocha e por sua vez °eben (!b,a,),
jamais é usada com o significado de rocha13.
Além das palavras supra citadas (rWc, [l;s, e !b,a,), temos ainda no
hebraico mais duas palavras que também são utilizadas para designar
10
Cf J. JEREMIAS, λίθος, in F. MONTAGNINI – G. SCARPAT – O. SOFFRITTI, ed.,
Grande Lessico del Nuovo Testamento, Vol. VI, Brescia 1970.
11
Por exemplo, temos o vocábulo πέτρᾳ em Mt 16,18 e λίθον em Mt 21,42; os
dois vocábulos foram traduzidos como pedra, tanto na Bíblia de Jerusalém em língua
portuguesa, cf A Bíblia de Jerusalém, São Paulo 1987; como na de língua italiana, cf
La Bibbia di Gerusalemme, Bologna 2000. Devido às necessidades e as
particularidades de cada língua, é difícil dizer se neste caso a tradução foi feliz.
Contudo, a tradução de língua inglesa já faz a devida distinção entre πέτρᾳ e λίθον,
usando rock e stone respectivamente; cf The New American Bible, Washington 1987.
O mesmo vale para a língua alemã, que usa Felsen para traduzir πέτρᾳ e Stein para
λίθον; cf Die Bibel. Altes und Neues Testament. Einheitsübersetzung, Stuttgart 1980.
E assim as traduções em língua inglesa, e em língua alemã, neste caso estão mais
próximas do grego e daquilo que é a tendência veterotestamentária, onde πέτρᾳ e
λίθον, não são sinônimos.
12
O. CULLMANN, πέτρα, in F. MONTAGNINI – G. SCARPAT – O. SOFFRITTI, ed.,
Grande Lessico del Nuovo Testamento, Vol. X, Brescia 1975.
13
Cf A. S. VAN DER WOUDE, rWc, in E. JENNI – C. WESTERMANN, ed., Dizionario
Teologico dell’Antico Testamento, Vol. II, Casale Monferrato, 1982; L. A. SCHÖKEL,
[l;s,, in Dicionário Bíblico hebraico-português, São Paulo 1997.
CAP. III: ΚΗΦΑΣ: PEDRA RARA NO AT E FUNDAMENTAL NO NOVO 45
Cada palavra que utilizamos no nosso dia-a-dia tem uma história, uma
origem e uma evolução, aquilo que chamamos de etimologia. Acontece,
porém, que muitas vezes desconhecemos tal história, o que significa, em
termos práticos, o empobrecimento ou até mesmo a compreensão
equivocada de certos conceitos.
Salientamos acima o uso de algumas palavras no Antigo Testamento,
que foram traduzidas nas nossas línguas neo-latinas como pedra, mas que
na verdade expressam idéias diversas, ainda que tenham um ponto comum
que designa rocha, pedra, são realidades diversas. Vejamos mais
14
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 77.
15
Cf L. A. SCHÖKEL, @Ke, in Dicionário Bíblico hebraico-português, São Paulo
1997; Bíblia Hebraica Stuttgartensia, Stuttgart 1997.
16
Cf A. S. VAN DER WOUDE, rWc, in E. JENNI – C. WESTERMANN, ed., Dizionario
Teologico dell’Antico Testamento, Vol. II, Casale Monferrato 1982.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 46
17
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΕΦΑΣ». Estudo exegético sobre
Pedro no quarto Evangelho, Roma 1994, 77.
18
Como por exemplo, a pedra utilizada para fechar o túmulo de Jesus. Cf Mt
27,60; neste versículo temos πέτρᾳ e λίθον, sendo a primeira uma rocha escavada,
gruta; e a segunda uma pedra para fechar a gruta.
19
Cf A. S. VAN DER WOUDE, rWc, in E. JENNI – C. WESTERMANN, ed., Dizionario
Teologico dell’Antico Testamento, Vol. II, Casale Monferrato 1982.
20
Cf L. KOEHLER – W. BAUMGARTNER, vymiL'x;, in The Hebrew and Aramaic
Lexicon of the Old Testament, New York 1994.
21
Cf L. A. SCHÖKEL, [l;s,, in Dicionário Bíblico hebraico-português, São Paulo
1997.
CAP. III: ΚΗΦΑΣ: PEDRA RARA NO AT E FUNDAMENTAL NO NOVO 47
22
Cf L. A. SCHÖKEL, rWc, in Dicionário Bíblico hebraico-português, São Paulo
1997.
23
Cf Septuaginta, Stuttgart 1979. No caso de Jeremias é oportuno recordar que no
texto grego temos a palavra ἐκρύβησαν, que significa esconder. Contudo, o que
normalmente temos nas nossas traduções (por exemplo, no português, no italiano), é
“escalar as rochas” ou “salgono sulle rupi”, que de fato está de acordo com o texto
grego, ἀνέβησαν; porém, não foi levado em conta o verbo κρύπτω. Sem falar que
temos também na tradução grega a palavra σπήλαια, que significa caverna. Cf I.
PEREIRA, Σπήλαιον, in Dicionário grego-português e português-grego, Braga 1998.
De modo que, embora tendo a palavra rocha (e não pedra), o que já é interessante, as
línguas modernas como o italiano e o português, não conseguiram expressar tudo
aquilo que temos no texto hebraico (texto seguido pelas traduções mencionadas) ou no
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 48
latim”27. Este som pode ser assim representado: Kef, Kep, Keb, Kev -
Guef, Guep, Gueb, Guev – Hef, Hep, Heb, Hev. O sentido básico destes
sons pode ser assim traduzido ou representado: cercar, guardar, proteger,
defender, evolver. Exatamente as características que encontramos numa
gruta28.
Tanto na língua hebraica como na língua aramaica, podemos constatar
um grande número de palavras derivadas deste som acima citado: Kaf
(palma da mão, cavidade da mão, espaço côncavo, vaso levantado em
forma de curva, planta ou sola do pé, turíbulo, cova); Kafar (abrigo,
cobertura, teto, esconderijo, cobrir, encobrir, perdoar); Kefor (vaso, copo,
cântaro); Kofer (piche, resina, betume); Kaporet (cobertura da Arca da
Aliança); Kafas (reunir, juntar, concentrar); Kafash (cobrir); Kipah (folha
de palmeira); Gaf (asa, penas de ave); Gafaf (encobrir, ser curvo,
encurvar-se); Guf (cercar, ser cavado, fundo); Hafa (ocultar, cobrir, velar);
Hafaf (proteger, defender, velar, cobrir); Hafar (escavar, furar, abrir um
poço); Hefer (poço, cova, cavidade, fossa, buraco); Hob (útero, seio,
entranhas maternas, ninho, proteção, fecundar, chocar, guardar um
tesouro, esconder); Hufah (abrigo, refúgio, proteção)29.
Pode parecer estranho, mas todas estas palavras têm um ponto em
comum: a idéia de invólucro, de proteção, de defesa, de encobrir; mesmo
que num primeiro momento elas não aparentem uma ligação, quando
27
R. C. DE SOUZA, Palavra parábola. Uma aventura no mundo da linguagem,
Aparecida 1990, 239.
28
Ibidem.
29
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 75; R. C. DE SOUZA, Palavra parábola. Uma
aventura no mundo da linguagem, São Paulo 1990, 239.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 50
30
Cf L. A. SCHÖKEL, @K;, in Dicionário Bíblico hebraico-português, São Paulo
1997.
31
Cf L. KOEHLER – W. BAUMGARTNER, hP'Ki, in The Hebrew and Aramaic Lexicon
of the Old Testament, New York 1995.
32
Cf F. ZORELL, rp,K{, in Lexicon Hebraicum et Aramaicum Veteris Testamenti,
Roma 1954.
33
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 75-76; prática de fato bastante antiga, pois na
narrativa do dilúvio, uma das orientações que Noé recebe de Deus é de calafetar a arca
com betume, por dentro e por fora. Cf Gn 6,14.
34
Cf R. C. DE SOUZA, Palavra parábola. Uma aventura no mundo da linguagem,
Aparecida 1990, 240; Sl 65,4; 78,38; 79,9; Jr 18,23; Dt 21,8; Ez 16,63. Estas citações
foram feitas a partir da Bíblia Hebraica Stuttgartensia, Stuttgart 1997. Ver também: A
Bíblia de Jerusalém, São Paulo 1987, 1016, nota o.
CAP. III: ΚΗΦΑΣ: PEDRA RARA NO AT E FUNDAMENTAL NO NOVO 51
35
Existe uma série de palavras em línguas diversas, que testemunham a etimologia
de Kefas. Temos por exemplo, em egípcio: Kep (palma da mão); Keb (ventre, útero);
Kabt (seio, mama); Geb (urna, vaso); em assírio-babilônico: Kab (mão que segura,
garras da águia); Gab, Qub, hub (variantes de Kab); em árabe: Kaf (gancho que
prende, montanha sagrada); em sírio: Kpá (cobrir); em grego: Skáfe (berço); Skáfos
(navio); Skáptos (mina subterrânea); em latim: Capax (capaz, isto é, que agarra, que
pega, que tem capacidade para segurar, para prender com a inteligência); Habêre (ter,
isto é, segurar com as mãos, prender); em português: cavo, cavidade, caverna, cofre,
cabana, etc.. Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre
Pedro no quarto Evangelho, Roma 1994, 74-75.
36
Cf L. A. SCHÖKEL, et al., La Bibbia nel suo contesto, Brescia 1994, 355.
37
Ibidem, 325.
38
Sobre o vocábulo palavra, Antenor Nascentes diz: “Comparação, alegoria sob a
qual se oculta uma verdade importante”. Cf A. NASCENTES, Palavra, in Dicionário
Etimológico da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, 1932. Com outras palavras o
Aurélio também afirma: “significa fonema ou grupo de fonemas com uma
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 52
absorver seu veneno” (6,4); “Pois sabei que foi Deus quem me transtornou,
envolvendo-me em suas redes” (19,6).
42
Cf Jó 1,1-5.
43
Cf Jó 2,7.
44
“Chagas malignas”. A terrível doença de Jó é descrita com a mesma palavra
(!yxiv.) que encontramos aplicada à sexta praga do Egito (Ex 9,9) e que temos também
em Lv 13,18-20.23 nas orientações sobre o que fazer em caso de lepra. Cf A Bíblia de
Jerusalém, São Paulo 1987, 883, nota o.
45
Cf L. A. SCHÖKEL – J. L. SICRE DÍAZ, Job. Comentario teológico y literario,
Madrid 2002, 518.
46
Ibidem, 526.
47
Bíblia Hebraica Stuttgartensia, Stuttgart 1997.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 54
48
A Bíblia de Jerusalém, São Paulo 1987.
49
Cf L. A. SCHÖKEL – J. L. SICRE DÍAZ, Job. Comentario teológico y literario,
Madrid 2002, 518.
50
Cf F. ZORELL, yrEÞxo, in Lexicon Hebraicum et Aramaicum Veteris Testamenti,
Roma 1954.
51
Ibidem, rp"[å '.
52
Cf 1Sm 14,11; Na 2,13.
CAP. III: ΚΗΦΑΣ: PEDRA RARA NO AT E FUNDAMENTAL NO NOVO 55
detalhe a mais, pois trata-se de covas mas não como as primeiras, cavadas
na terra, mas nas rochas, portanto trata-se de grutas53.
Vejamos ainda, no texto massoreta, o passo de Jr 4,29:
~ybiê['B, WaB'… ry[iêh'-lK' ‘tx;r:’Bo tv,q,ª hmeråwo > vr"øP' lAQ’mi
54
vyai( !hEßB' bveîAy-!yaew> hb'êWz[] ry[iäh'-lK' Wl+[' ~ypiÞKeb;W
Este versículo foi assim traduzido em português pela Bíblia de
Jerusalém: “Ao grito do cavaleiro e do arqueiro, toda a cidade fugiu:
entraram no matagal, escalaram as rochas; toda cidade foi abandonada e
mais ninguém habita nela”55.
O quarto capítulo de Jeremias é uma minuciosa descrição do avanço de
um povo inimigo que vem do Norte ameaçando Jerusalém56 que, embora
advertida pelo profeta, não se converteu a Ihwh, procurando viver no
direito e na justiça; daí o terrível anúncio de um inimigo que arrasaria Judá
e Jerusalém em ruínas, provocando a fuga de todos os seus habitantes que
se refugiariam na selva e nas rochas. Iremos analisar apenas a parte final
deste versículo, o lugar para onde iriam as pessoas, segundo o profeta,
fugindo dos invasores. Estes lugares de refúgio são descritos como «~ypiÞKeb;W
~ybiê['B,». “A raiz b[ indica algo relacionado com volume, densidade,
espessura, e pode significar tanto «massa de nuvem», como bosque,
53
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ. Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 80.
54
Biblia Hebraica Stuttgartensia, Stuttgart 1997.
55
A Bíblia de Jerusalém, São Paulo 1987.
56
Cf A. WEISER, Geremia, Brescia 1987, 125-126.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 56
57
J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro no
quarto Evangelho, Roma 1994, 81-82.
58
Cf W. L. HOLLADAY, Jeremiah 1, Philadelphia 1986, 169.
59
O sentido original do verbo hl'[', de fato, é de subir, ascender, escalar, montar,
erguer-se, dirigir-se, apresentar-se, incorporar-se, etc.; logo não se limita apenas a
escalar uma rocha. Cf L. A. SCHÖKEL, hl'[', in Dicionário Bíblico hebraico-português,
São Paulo 1997.
60
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 82.
CAP. III: ΚΗΦΑΣ: PEDRA RARA NO AT E FUNDAMENTAL NO NOVO 57
2.2 Na Septuaginta
61
Septuaginta, Stuttgart 1979.
62
Cf I. PEREIRA, τρώγλη, in Dicionário grego-português e português-grego,
Braga 1998.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 58
63
Cf O. CULLMANN, πέτρα, in F. MONTAGNINI – G. SCARPAT – O. SOFFRITTI, ed.,
Grande Lessico del Nuovo Testamento, Vol. X, Brescia 1975.
64
Septuaginta, Stuttgart 1979.
65
Seguindo o texto massorético temos: “toda a cidade”. Cf A Bíblia de Jerusalém,
São Paulo 1987, 1483, nota q.
66
Como já fizemos alusão na nota 23, as traduções das Bíblias de Jerusalém, tanto
da língua portuguesa como da língua italiana seguiram, o Texto Massoreta. Cf A Bíblia
de Jerusalém, São Paulo 1987, 13; La Bibbia di Gerusalemme, Bologna 2000, 14.
Razão pela qual, apresentam em suas traduções um texto mais breve do que o que
temos na versão dos LXX. Contudo, a observação que fizemos na nota citada
permanece, uma vez que, mesmo seguindo o Texto Massorético e sendo fiéis quanto à
tradução em si, não levaram em consideração o trabalho realizado pelos tradutores da
CAP. III: ΚΗΦΑΣ: PEDRA RARA NO AT E FUNDAMENTAL NO NOVO 59
indicação nos apresenta uma situação mais complexa, já que diz «ἐπὶ τὰς
acima, aqui é muito claro que, mais do que escalar as rochas, o objetivo
principal era esconder-se nelas.
Obtivemos também informações preciosas no campo da literatura
semítica, com relação ao nosso termo, a partir das descobertas de Qumran,
uma vez que se trata de textos oriundos da região da Palestina dos tempos
que precederam Jesus ou que foram contemporâneos a Ele69. Temos por
exemplo atestações no Targum de Jó (duas), e no livro aramaico de
Henoque (três)70. Estas cinco atestações, cada uma mencionando uma
situação diversa, usam o termo kefas como penhasco e refúgio. Abrigo da
cabra montês e da águia no Targum de Jó; proteção contra o sol que
abrasa e alto penhasco por onde subiu o cordeiro, no livro aramaico de
Henoque71. De maneira que estes textos confirmam a etimologia da “nossa
pedra”, como sendo de fato uma pedra particular.
69
Cf A. P. DELL’ACQUA, Pietro e la roccia, in RivBiblIt 41 (1993) 189-199; J. T.
DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro no quarto
Evangelho, Roma 1994, 84.
70
João Tavares de Lima faz na sua tese doutoral uma exposição destas atestações
do Targum de Jó e do livro aramaico de Henoque. O termo apk se encontra, por
exemplo, em 11QtgJó 32,1, que embora subsista só parcialmente, reforça a concepção
de kefas como refúgio, pois o termo aparece como habitat da camurça, um tipo de
cabra selvagem que habita as montanhas rochosas; cf F. ZORELL, l[ey', in Lexicon
Hebraicum et Aramaicum Veteris Testamenti, Roma 1954; J. T. DE LIMA, «Tu serás
chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro no quarto Evangelho, Roma 1994,
85-86.
71
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 85-88.
CAP. III: ΚΗΦΑΣ: PEDRA RARA NO AT E FUNDAMENTAL NO NOVO 61
72
Cf PONTIFICIA COMMISSIONE BIBLICA, L’interpretazione della Bibbia nella
Chiesa, Città del Vaticano 1993, 82-83.
73
Ibidem, 80.
74
Cf 1Cor 1,12; 3,22; 9,5; 15,5; Gl 1,18; 2,9.11.14.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 62
75
Cf P. ROSSANO, Paulo, in P. ROSSANO – G. RAVASI – A. GIRLANDA, ed., Nuovo
Dizionario di Teologia Biblica, Cinisello Balsamo 1988.
76
Paulo soube fazer como nenhum outro a adaptação de um “cristianismo” de
origem e mentalidade judaica à mentalidade helenista, possibilitando assim que o
mandamento do Senhor de levar a Boa Nova a todos os povos se tornasse de fato uma
realidade. Cf J. COMBLIN, Paulo Apóstolo de Jesus Cristo, Petrópolis 1993, 7.
77
Cf P. ROSSANO, Paulo, in P. ROSSANO – G. RAVASI – A. GIRLANDA, ed., Nuovo
Dizionario di Teologia Biblica, Cinisello Balsamo 1988.
78
Cf At 21,39.
79
Cf At 22,27.
80
Cf J. D. G. DUNN, La teologia dell’apostolo Paolo, Brescia 1999, 30-31.
81
Ibidem, 30.
CAP. III: ΚΗΦΑΣ: PEDRA RARA NO AT E FUNDAMENTAL NO NOVO 63
82
Fl 3,5.
83
Gl 1,14.
84
At 22,3.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 64
que ele seria chamado rocha. Mas Paulo nas oito vezes que usa kefas, é
referência direta a Simão Pedro85, que aliás, Paulo quase não chama de
Pedro, mas Kefas86. E assim, estatisticamente falando, Kefas tem um
significado especial para Paulo.
4.2 Em Jo 1,42
85
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 95.
86
É muito interessante observar que Paulo jamais usa o nome Simão para se referir
a Pedro. E usa somente duas vezes o nome Pedro (Gl 2,7.8). Vem imediatamente a
pergunta: por que Paulo usa preferentemente o nome Kefas? Não poderia a cultura
rabínica do Apóstolo ser a resposta a esta questão? Uma vez que sendo judeu culto
conhecia a literatura semita mais do que os outros escritores neo-testamentários e
consequentemente, sabia das implicações da palavra? São questões no mínimo
intrigantes.
87
Como ressaltamos acima, as tensões e divergências na pesquisa bíblica se
transformam em dinâmica, diria necessária para o enriquecimento da própria pesquisa.
Cf PONTIFICIA COMMISSIONE BIBLICA, L’interpretazione della Bibbia nella Chiesa,
Città del Vaticano 1993, 83.
CAP. III: ΚΗΦΑΣ: PEDRA RARA NO AT E FUNDAMENTAL NO NOVO 65
88
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 88.
89
Segundo a concepção dos antigos, o nome de um ser não só o designa, mas
determina a sua natureza. De sorte que mudar o nome de uma pessoa implicava mudar
seu destino. Cf A Bíblia de Jerusalém, São Paulo 1987, 52, nota p. Ver também, R. E.
BROWN, Giovanni, Assisi 1999, 105.
90
O parecer de Mateos-Barreto é que o sobrenome Kefas alude à obstinação do
discípulo. Mas ressalta, contudo, que estas carcterísticas de Pedro não se aplicam à sua
personalidade em geral, mas à sua concepção messiânica. Cf J. MATEOS – J. BARRETO,
Pedro, in Vocabulario Teológico del Evangelio de Juan, Madrid 1980.
91
Dentre os que vêm o nome Kefas como um apelido que alude à personalidade de
Pedro, estão O. Karrer, J. Mateos-J. Barreto, R. Pesch, C. Coulot, e B. Lindars. Dentre
os que abordam o fato considerando o termo Kefas como indicação da missão que
Pedro deveria assumir, temos: J. Betz, M. É. Boismard, S. Cipriani e M. P. Da Sortino.
Os últimos contudo não entram na questão sobre o tipo de missão que Pedro iria
assumir, mas se limitam em constatar a ligação entre Kefas e a missão daí decorrente.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 66
94
Cf R. E. BROWN, Giovanni, Assisi 1999, 105.
95
É oportuno recordar que o termo πέτρα, com exceção de 1Cor 10,4; Rm 9,33;
1Pd 2,8 e Mt 16,18, é usado no Novo Testamento em sentido próprio. Mc 15,46 e Mt
27,60 falam do sepulcro escavado na πέτρα. No livro do Apocalipse (6,15), quando o
sexto selo foi aberto, os homens se esconderam nas cavernas e nas rochas πέτρας. Cf
O. CULLMANN, πέτρα, in F. MONTAGNINI – G. SCARPAT – O. SOFFRITTI, ed., Grande
Lessico del Nuovo Testamento, Vol. X, Brescia 1975.
96
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 93.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 68
97
Especialmente depois da guerra do ano 70 d.C., os cristãos não tinham mais a
possibilidade de conviver no meio judaico e não eram mais aceitos em suas sinagogas,
pois estes eram vistos pelos judeus como uma seita herética do judaísmo. De modo que
a chamada comunidade dos judeus-cristãos, se tornava cada vez mais isolada
geográfica e politicamente falando; inclusive amaldiçoada nas orações das “dezoito
súplicas” que os judeus criaram no final do I século, como reação aos “renegados” que
não aceitavam submeter o Evangelho à Lei. Cf K. S. FRANK, Manuale di storia della
Chiesa antica, Città del Vaticano 2000, 80-81.
98
Cf R. C. DE SOUZA, Palavra, parábola. Uma aventura no mundo da linguagem,
Aparecida 1990, 240.
CAPÍTULO IV
1
Cf nota 94 p. 48.
2
O cristianismo tem na sua origem as virtudes do acolhimento, da hospitalidade, da
fraternidade enfim, características todas elas, que estão em sintonia com a palavra
kefas enquanto lugar de refúgio, de proteção; basta recordar o mandamento novo:
“Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei,
amai-vos também uns aos outros. Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos,
se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13, 34-35). Ideal narrado com palavras diversas, e
já como testemunho em At 2,42.
3
Cf G. LEBRETON – G. ZEILLER, Storia della Chiesa. La Chiesa primitiva, Vol. I,
Cinisello Balsamo 1995, 161.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 70
4
Definitivamente não era mais possível uma relação entre judeus e cristãos,
sobretudo devido à interpretação da Lei sob ótica diversa. Em Jo 12,42; 16,1-4,
podemos constatar a questão da expulsão das sinagogas sofrida pelos cristãos. Cf K. S.
FRANK, Manuale di storia della Chiesa antica, Città del Vaticano 2000, 80; J.
KONINGS, A Bíblia nas suas origens e Hoje, Petrópolis 2002, 150.
5
Cf J. KONINGS, A Bíblia nas suas origens e Hoje, Petrópolis 2002, 164.
6
Cf R. FABRIS, et al., Introduzione generale alla Bibbia, Leumann 1999, 141.
7
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 346.
CAP. IV: IGREJA DE PEDRA: IGREJA QUE ACOLHE 71
8
“André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de
João e seguiram Jesus”. O outro discípulo não é nomeado. Contudo, o que salientamos
neste episódio é que eles (André e o outro) seguem Jesus, isto é, tomam iniciativa e
chamam Jesus de “Rabi”; logo em seguida André diz a Pedro: “Encontramos o
Messias”. Assim, temos a iniciativa de André e do outro discípulo de um lado e a
passividade de Pedro de outro. Diferente dos sinóticos onde cabe a Pedro a honra de
ser o primeiro a seguir Jesus.
9
Cf R. SCHNACKENBURG, Il Vangelo di Giovanni. Parte prima, Brescia 1973, 422-
433.
10
Cf C. K. BARRET, El evangelio según san Juan, Madrid 2003, 274; R.
SCHNACKENBURG, Il Vangelo di Giovanni. Parte prima, Brescia 1973, 433.
11
Quando Pedro é conduzido até Jesus, a primeira reação de Jesus é fixá-lo com o
olhar; e em seguida o chama de Kefas. Da parte de Pedro não temos nenhuma reação.
Jesus também não acrescenta nenhuma palavra ao nome Kefas; nenhum comentário
sobre a mudança do nome, como, por exemplo, temos em Mt 16,18, onde Jesus diz
qual seria a missão ou a razão do novo nome: “e sobre esta pedra edificarei minha
Igreja”. Porém, como vimos no capítulo III, Kefas não é simplesmente pedra como
temos nas nossas traduções; ou mesmo que tomemos o texto grego, onde a explicação
de Kefas no final do versículo diz: ὃ ἑρμηνεύεται Πέτρος, na verdade o sentido da
palavra Kefas não é expresso na sua inteireza. De modo que, considerando agora o
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 72
17
Cf R. E. BROWN, Giovanni, Assisi 1999, 385.
18
“O que faço, não compreendes agora, mas o compreenderás mais tarde” (Jo
13,7).
19
Cf R. E. BROWN, Giovanni, Assisi 1999, 673.
20
Cf Jo 1,37-42. No encontro de Jesus com André e o outro discípulo, temos um
diálogo que acontece e se desenvolve naquele exato momento: τί ζητεῖτε; À pergunta
de Jesus, temos uma resposta que diz respeito àquele momento preciso: οἱ δὲ εἶπαν
αὐτῷ· ῥαββί‚ ὃ λέγεται μεθερμηνευόμενον διδάσκαλε͵ ποῦ μένεις; São
perguntas objetivas e diretas feitas para o momento presente, acompanhadas também
de respostas para aquela situação; os discípulos estão decididos: “e permaneceram com
ele aquele dia”. No encontro com Pedro, temos uma outra situação; não temos diálogo,
não temos decisão da parte de Pedro; e não temos nenhuma afirmação para aquele
CAP. IV: IGREJA DE PEDRA: IGREJA QUE ACOLHE 75
momento. Isto podemos perceber, sobretudo, no verbo utilizado por Jesus, que é uma
referência ao futuro: σὺ κληθήσῃ (cf nota 13). O interessante contudo é que esta não é
a única vez que Jesus se dirige a Pedro referindo-se ao futuro. Em Jo 13,7, por
exemplo, Pedro não compreendendo a ação de Jesus, tem a seguinte resposta: γνώσῃ
δὲ μετὰ ταῦτα, ou seja, um conhecimento que Pedro terá no futuro. Também com
relação à negação de Pedro, Jesus faz duas revelações que sucederão no futuro; a
primeira é que Pedro o seguirá mais tarde, ἀκολουθήσεις δὲ ὕστερον 13,36. A
segunda, também um fato que sucederá no futuro, é a negação de Pedro, que embora
no momento insista que dará a vida por Jesus, na verdade não está pronto para tal
testemunho, negará Jesus (13,36-38). Podemos citar ainda como o exemplo desta
trajetória programada de Pedro, o capítulo 21. Neste capítulo, dentre tantos fatos, no
vesículo 18, Jesus conclui o programa ou a missão que Pedro ainda terá por cumprir;
são fatos que sucederão, portanto no futuro: ᾄλλος σε ζώσει καὶ οἴσει ὅπου οὐ
θέλει. Contudo, aqui temos uma diferença, pois em seguida Jesus vai dizer a Pedro o
que não tinha falado em todo o Evangelho: ἀκολούθει μοι (segue-me). “Jesus retoma
a palavra dirigida a Pedro, após o lava-pés (13,36)”; cf A Bíblia de Jerusalém, São
Paulo 1987, 2040, nota i. João Tavares fala deste conteúdo programático da trajetória
de Pedro, que seguindo programaticamente a messianidade de Jesus que é proclamada
no Evangelho de João de modo progressivo a partir da perícope 1,35-51, culmina em
21,15s. Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre
Pedro no quarto Evangelho, Roma 1994, 346-352.
21
Cf R. SCHNACKENBURG, Il Vangelo di Giovanni. Parte prima, Brescia 1973,
433.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 76
22
Cf J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 65-66. Segundo Barret, este verbo revela que Jesus
já conhece de imediato a personalidade e o destino de Pedro. Cf nota 14. É muito
sugestiva a imagem deste encontro entre Jesus e Pedro. Temos o olhar fixo de Jesus, e
rompendo o silêncio após o olhar, a frase no futuro que, no estilo literário
programático joanino, encontrará seu nexo no capítulo final.
23
J. T. DE LIMA, «Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro no
quarto Evangelho, Roma 1994, 346.
24
Cf R. E. BROWN, Giovanni, Assisi 1999, 1361.
25
Cf C. K. BARRET, El evangelio según san Juan, Madrid 2003, 879; R.
SCHNACKENBURG, Il Vangelo di Giovanni. Parte terza, Brescia 1981, 565; R. E.
BROWN, Giovanni, Assisi 1999, 1361.
CAP. IV: IGREJA DE PEDRA: IGREJA QUE ACOLHE 77
26
Não se pode negar, contudo, a presença de tradições diversas no que se refere ao
material de Jo 21,1-23. Todavia, como estas tradições diversas foram redigidas, de
modo que se chegasse ao texto que ora possuímos, não encontra ainda uma solução
satisfatória, especialmente no que se refere aos vv. 2-13. O estilo joanino está presente
sem dúvidas nos vv.15-23; mas isto não é suficiente para afirmar a autoria do texto. De
modo que temos muitas interrogações com soluções provisórias. Cf R.
SCHNACKENBURG, Il Vangelo di Giovanni. Parte terza, Brescia 1981, 570-571.
27
Cf R. E. BROWN, Giovanni, Assisi 1999, 1362.
28
Cf J. T. DE LIMA, « Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 250.
29
Cf R. E. BROWN, Giovanni, Assisi 1999, 1362-63.
30
Cf J. T. DE LIMA, « Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 351.
: UM ABRIGO NECESSÁRIO 78
31
Cf NESTLE – ALAND , ναϑαναηλ, in Concordance To The Novum Testamentum
Graece, Berlin – New York 1987.
32
Cf J. T. DE LIMA, « Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 351-352.
CAP. IV: IGREJA DE PEDRA: IGREJA QUE ACOLHE 79
33
Cf J. T. DE LIMA, « Tu serás chamado ΚΗΦΑΣ». Estudo exegético sobre Pedro
no quarto Evangelho, Roma 1994, 353.
CONCLUSÃO
1
Cf Jo 2,25; 6,6.64; 11,42; 13,11.
CONCLUSÃO 81
2
Cf Jo 14,18.
3
Cf Rm 8,15.
SIGLAS E ABREVIATURAS