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Responsável
1. Constituição. 1.1 Conceito, objeto, elementos e classificações. 1.2
Supremacia da Constituição. 1.3 Aplicabilidade das normas constitucionais.
1.4 Hermenêutica e interpretação constitucional. Métodos e conceitos
1 aplicados à interpretação. Princípios de interpretação especificamente LIVIA
constitucionais. A sociedade aberta dos intérpretes da Constituição. Criação
judicial do Direito. 1.5. Constitucionalismo e neoconstitucionalismo.
Jurisdição constitucional e consequências da interpretação.
2. Poder constituinte. 2.1 Características. 2.2 Poder constituinte originário.
2 2.3 Poder constituinte derivado. ERIC
3. Princípios fundamentais.
4. Direitos e garantias fundamentais. 4.1 Direitos e deveres individuais e
coletivos. 4.2 Habeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção
3
e habeas data. Ação Popular e Ação Civil Pública. 4.3 Direitos sociais. 4.4 VINICIUS
Nacionalidade. 4.5 Direitos políticos. 4.6 Partidos políticos. JERONIMO
5. Direito Internacional de Direitos Humanos e Direito Constitucional
brasileiro. 5.1 Mecanismos de proteção aos direitos humanos na
Constituição Federal brasileira de 1988. 5.2 Federalização de crimes graves
4 contra os Direitos Humanos. 5.3 O dever dos estados de promover o acesso CAMILA
à justiça. 5.4. Previsões legais do direito interno relativos à Defensoria SALES
Pública. 5.5 Emendas Constitucionais n.º 45/2009 e 80/2014 e Defensoria
Pública.
6. Organização do Estado. 6.1 Organização político-administrativa. 6.2
Estado federal brasileiro. 6.3 A União. 6.4 Estados federados. 6.5 VANESSA
5
Municípios. 6.6 O Distrito Federal. 6.7 Territórios 6.8 Intervenção federal. 6.9
Intervenção dos estados nos municípios.
7. Administração pública. 7.1 Disposições gerais. 7.2 Servidores públicos.
6 7.3 Militares dos estados, do Distrito Federal e dos territórios. ISABELE
12. Defesa do Estado e das instituições democráticas.
7 8. Organização dos poderes no Estado. 8.1 Mecanismos de freios e
contrapesos. 8.2 Poder Legislativo. 8.2.1 Estrutura, funcionamento e
atribuições. 8.2.2 Comissões parlamentares de inquérito. 8.2.3 Fiscalização
contábil, financeira e orçamentária. 8.2.4 Tribunal de Contas da União PEDRO
(TCU). 8.2.5 Processo legislativo. 8.2.6 Prerrogativas parlamentares. 8.3 ICARO
1
Poder Executivo. 8.3.1 Presidente da República. 8.3.1.1. Atribuições,
prerrogativas e responsabilidades. 8.3.2 Ministros de Estado. 8.3.3
Conselho da República e de Defesa Nacional.
9. Poder Judiciário: a) funções, organização, competências e
funcionamento; b) estatuto da magistratura e seus princípios informativos; c)
garantias institucionais da função judicial; d) precatórios; e) jurisdição
constitucional do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal de Justiça do MARIO
8
Estado do Maranhão; f) súmula vinculante; g) Conselho Nacional de Justiça;
h) responsabilidade do Estado por atos jurisdicionais; i) o papel do tribunal
constitucional na efetivação da Justiça; j) políticas públicas e controle
jurisdicional.
10. Funções essenciais à Justiça: a) Ministério Público: regime jurídico
constitucional; b) Defensoria Pública: enquadramento constitucional,
9 princípios, garantias institucionais e funcionais, Defensoria Pública na ANA JULIA
Constituição do Estado do Maranhão; c) Advocacia Pública: Advocacia da
União e Procuradorias; d) Advocacia.
11. Controle da constitucionalidade. 11.1 Sistemas gerais e sistema
brasileiro. 11.2 Controle incidental ou concreto. 11.3 Controle abstrato de
constitucionalidade. 11.4 Exame in abstractu da constitucionalidade de
proposições legislativas. 11.5 Ação declaratória de constitucionalidade. 11.6 ARTHUR
10
Ação direta de inconstitucionalidade. 11.7 Arguição de descumprimento de MAGNUS
preceito fundamental. 11.8 Ação direta de inconstitucionalidade por omissão.
11.9 Ação direta de inconstitucionalidade interventiva. 11.10 Controle
concreto e abstrato de constitucionalidade do direito municipal.
13. Sistema tributário nacional. 13.1 Princípios gerais. 13.2 Limitações do
poder de tributar. 13.3 Impostos da União, dos estados e dos municípios.
11
13.4 Repartição das receitas tributárias. JOÃO
14. Finanças públicas. 14.1 Normas gerais. 14.2 Orçamentos PAULO
15 Ordem econômica e financeira. 15.1 Princípios gerais da atividade
econômica.
12
16. Política urbana, agrícola e fundiária e reforma agrária. TULIO
17. Sistema Financeiro Nacional.
13 18. Ordem social. LISLY
14 19. Defesa do Meio Ambiente. 19.1 Direito ambiental constitucional. 19.2
Conceito de meio ambiente e seus aspectos. 19.3 Princípios de direito
ambiental. 19.4 Política Nacional de Meio Ambiente. FLORENÇO
2
20. Princípio do Defensor natural.
Sumário
PONTO 1..............................................................................................................5
PONTO 2............................................................................................................14
PONTO 3............................................................................................................25
PONTO 4............................................................................................................45
PONTO 5............................................................................................................66
3
PONTO 6............................................................................................................84
PONTO 7..........................................................................................................106
PONTO 8..........................................................................................................124
PONTO 9..........................................................................................................134
PONTO 10........................................................................................................154
PONTO 11........................................................................................................169
PONTO 12........................................................................................................192
PONTO 13........................................................................................................206
PONTO 14........................................................................................................210
PONTO 1
1. Constituição. 1.1 Conceito, objeto, elementos e classificações. 1.2
Supremacia da Constituição. 1.3 Aplicabilidade das normas
constitucionais. 1.4 Hermenêutica e interpretação constitucional. Métodos
e conceitos aplicados à interpretação. Princípios de interpretação
especificamente constitucionais. A sociedade aberta dos intérpretes da
Constituição. Criação judicial do Direito. 1.5. Constitucionalismo e
neoconstitucionalismo. Jurisdição constitucional e consequências da
interpretação.
1. O que é constitucionalismo?
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O constitucionalismo é uma técnica específica de limitação de poder
com fins garantísticos, cujo objetivo é coibir o exercício do poder de maneira
arbitrária, visto que tanto os governantes quanto os governados devem
submeter-se às normas constitucionais. Modernamente, entende-se que todo
Estado deve possuir uma constituição, a qual deve conter regras de limitação
do poder arbitrário e de prevalência dos direitos constitucionais.
O constitucionalismo possui origens remotas. Surgiu de maneira tímida,
ainda durante a Antiguidade, com os hebreus, os quais estabeleceram no
Estado teocrático as limitações ao poder político, o qual era fiscalizado pelos
profetas. Pode-se ainda citar como exemplo de constitucionalismo a
democracia direta grega.
A Idade Média tem como marco constitucional a Magna Carta de 1215, a
qual garantia direitos individuais.
Durante a Idade Moderna existiram várias demonstração de
constitucionalismo, destacando-se: o Petition of Rights, de 1628; o Habeas
Corpus Act, de 1679; o Bill of Rights, de 1689.
O constitucionalismo moderno, durante a Idade Contemporânea, é
marcado pela predominância de constituições escritas, possuindo como
marcos históricos a Constituição Norte Americana de 1787, a Constituição
Francesa de 1 791 e a Declaração de Direitos Humanos de 1789.
3. O que é neoconstitucionalismo?
O neoconstitucionalismo, também denominado constitucionalismo pós-
moderno ou pós - positivismo, surge no início do século XXI e traz uma nova
perspectiva em relação ao constitucionalismo, atrelando-o não mais apenas à
idéia de limitação de poder, mas objetivando, como fator primordial, a eficácia
da Constituição, em especial no que se relaciona à concretização dos direitos
fundamentais.
Está relacionado ao Estado Democrático Social de Direito, já que uma de
suas principais características é a concretização das prestações materiais
previstas constitucionalmente.
No neoconstitucionalismo, a constituição passa a ser o centro do sistema,
caracterizada como norma jurídica dotada de imperatividade e superioridade. A
constituição passa a possuir forte carga valorativa, comprometendo-se com o
5
respeito à dignidade da pessoa humana, sendo sua eficácia irradiante em
relação a todos os Poderes e aos particulares.
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9. O que é Constituição segundo a concepção Sociológica?
CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA → Ferdinand Lassale (Prússia, em 1862)
Distingue Constituição real (=efetiva) de Constituição escrita. Lassale
entende que, ao lado da Constituição escrita, existe a Constituição real
(=efetiva), que é a soma dos fatores reais de poder que regem uma
determinada nação. A outra Constituição só tem validade se corresponder à
Constituição real. Para ele, a Constituição real sempre irá prevalecer sobre a
Constituição escrita. “Se a Constituição escrita não corresponder à Constituição
real, ela não passará de uma folha de papel”. Essa concepção, hoje, é
inadmissível.
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Konrad Hesse
A teoria dos dois autores não é idêntica, só que ambas sustentam um
fundamento jurídico da Constituição.
Essa concepção foi inaugurada em 1959; na ocasião, Hesse deixou clara a
intenção de rebater a tese de Ferdinand Lassale (pela qual a Constituição real
sempre prevalece sobre a escrita). A teoria dele é uma antítese. O livro do
Konrad Hesse é o chamado “A força normativa da Constituição”. Este livro deu
origem ao princípio da força normativa, muito utilizado em decisões do STF.
Aliás, o livro foi traduzido por Gilmar Mendes.
Ex: questão da relativização da coisa julgada, porque decisões divergentes
enfraquecem a força normativa da Constituição. Ex: efeitos transcendentes dos
motivos determinantes, os motivos têm efeitos determinantes e vinculantes.
Por essa concepção, a Constituição possui uma força normativa capaz de
modificar a realidade; para isto, basta que exista “vontade de constituição” e
não apenas “vontade de poder”.
Hesse diz que o papel do direito constitucional é dizer o que deve ser, e não
o que é. Basta a vontade dos Poderes de cumprir a Constituição e não de
apenas deter o poder.
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Esse fenômeno bloqueia o sistema jurídico, contribuindo para a falta de
concretização do texto constitucional, que é utilizado de acordo com os
interesses políticos.
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Há 2 aspectos: é feita por representantes do povo (que é o titular do Poder
Constituinte) e esses representantes têm que ser eleitos para o fim específico
de elaborar a Constituição. É a chamada Assembléia Constituinte.
Alguns autores dizem que a CF/88 não pode ser democrática, porque alguns
senadores não foram eleitos especificamente para a Assembléia Constituinte
de 1988, visto que já eram senadores antes e foram incorporados à Assembléia
Constituinte. É uma posição muito minoritária.
b.2) Outorgada: imposta pelo governante.
b.3) Pactuada: fruto de um pacto entre o rei e a assembléia.
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21. Como podem ser classificadas as Constituições segundo sua
extensão?
f.1) Concisa ou sumária (= clássica = sucinta): trata de poucos assuntos;
trata apenas das questões materialmente constitucionais. As primeiras
Constituições escritas que surgiram, só tratavam dessas matérias.
f.2) Prolixa (= analítica = regulamentar): trata de assuntos outros, além de
questões materialmente constitucionais. É uma tendência moderna. É o caso
da CF/88.
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MÉTODO DA TÓPICA - Entende que a constituição é um conjunto aberto de
regras e princípios, dentre os quais o aplicador deve escolher o mais adequado
para solucionar de maneira justa o caso concreto. Parte, portanto, do problema
para a norma. Tem como consequência a degradação do caráter normativo da
norma constitucional, que passa a funcionar como mero ponto de vista do
intérprete.
MÉTODO CIENTÍFICO - ESPIRITUAL- Idealizado por Smend, entende a
Constituição como um sistema cultural e de valores de um povo, cabendo ao
intérprete aproximar-se desses valores. Como os valores estão sujeitos a
flutuações, esse método torna a interpretação elástica e flexível, submetendo a
força das decisões fundamentais às vicissitudes da realidade cambiante.
MÉTODO HERMENÊUTICO - CONCRETIZADOR - Também possui como
referência o caso concreto, mas diferentemente do método da tópica, o
primado não é do problema, mas da norma. Parte da Constituição para o
problema, vinculando o aplicador ao texto constitucional para equacionar o
problema. Possui os seguintes pressupostos interpretativos:
Subjetivos: o intérprete parte de suas pré-compreensões sobre o tema para
obter o sentido da norma;
Objetivos: O intérprete estabelece uma mediação entre o texto e a situação
em que ele se aplica;
Círculo hermenêutico: é o movimento de ir e vir do subjetivo para o objetivo,
até que o intérprete chegue a uma compreensão da norma.
As críticas a esse método advêm do fato dele partir de pré-compreensões do
intérprete, o que poderia distorcer não somente a realidade, como o próprio
sentido da norma.
MÉTODO NORMATIVO -ESTRUTURANTE - Desenvolvido por Muller,
enfatiza que a norma não se confunde com seu texto, mas tem sua estrutura
composta também pelo trecho da realidade social em que incide. Assim, o
intérprete não pode prescindir da realidade social para alcançar seu fim, que é
concretizar a norma.
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3. PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE- a uma norma constitucional deve
ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe dê. Embora aplicável a toda
norma constitucional, possui maior realce no campo das normas programáticas
e no domínio de direitos fundamentais. Assim, o reconhecimento de que as
normas programáticas podem levar à inconstitucionalidade de leis que lhe
sejam contrárias, é decorrência desse princípio.
Está contido nesse princípio o princípio da força normativa da Constituição, o
qual propõe seja dada prevalência aos pontos de vista que tornem a norma
constitucional mais eficaz sob as circunstâncias do caso concreto, conferindo
máxima efetividade às normas constitucionais.
4. PRINCÍPIO DA CORREÇÃO FUNCIONAL (JUSTEZA OU
CONFORMIDADE) - impõe que não se deturpe, por meio da interpretação de
algum preceito, o sistema de repartição de funções entre os órgãos e pessoas
designados pela Constituição. O intérprete não pode chegar a um resultado
final que subverta ou perturbe o esquema organizatório -funcional
constitucionalmente estabelecido.
5.PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA - tem apelo nos casos de
conflitos de normas constitucionais, quando seus programas normativos se
entrechocam.
PONTO 2
2. Poder constituinte. 2.1 Características. 2.2 Poder constituinte
originário. 2.3 Poder constituinte derivado.
3. Princípios fundamentais.
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O poder constituinte sempre existiu, o que nem sempre houve foi uma teoria
sobre o poder constituinte (tentativa de legitimar o exercício desse poder). Tal
teoria originou-se quando surgiram as constituições escritas, no séc. XVIII, cuja
contribuição do Abade Emmanuel Sieyès foi de fundamental importância, com
o livro “O que é o terceiro estado?” de 1788 (véspera da Revolução Francesa).
Para ele, o Poder Constituinte é incondicionado e permanente, é a própria
vontade da nação, encontrando limites apenas no direito natural. Para
Emmanuel Joseph Sieyes, que era deputado pelo terceiro estado (burguesia),
“o terceiro estado é tudo, mas não possuía voz nem vez”.
14
Para aqueles que adotam uma concepção jusnaturalista de Poder
Constituinte Originário, este poder encontra limitações materiais extrajurídicas,
relacionadas aos valores éticos e morais, aos imperativos do direito natural,
aos direitos fundamentais conquistados por uma sociedade (Princípio da
Proibição do Retrocesso ou Efeito Cliquet) e às normas de Direito
Internacional, especialmente às ligadas aos Direitos Humanos.
Autores como Canotilho e Jorge Miranda defendem que o Poder Constituinte
Originário pode ser limitado pelos princípios dos Direitos Humanos, pelos
princípios do Direito Internacional e pelos princípios internacionais de justiça,
os são supralegais e suprapositivos.
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11. O que é Poder Constituinte Difuso?
O poder constituinte difuso, também conhecido como interpretação
constitucional evolutiva ou mutação constitucional, é aquele por meio do qual
muda-se o sentido do texto constitucional sem alterar sua redação, com o
intuito de manter a Constituição atualizada.
O poder constituinte difuso pode ser caracterizado como um poder de fato e
se manifesta por meio das mutações constitucionais. Trata-se de mais um
mecanismo de modificação da Constituição. Se por um lado a mudança
implementada pelo poder constituinte derivado reformador se verifica de modo
formal, palpável, por intermédio das emendas à Constituição, a modificação
produzida pelo poder constituinte difuso se instrumentaliza de modo informal e
espontâneo, como verdadeiro poder de fato, e que decorre dos fatores sociais,
políticos e econômicos, encontrando-se em estado de latência. Trata-se de
processo informal de mudança da Constituição, alterando-se o seu sentido
interpretativo e não o seu texto, que permanece intacto e com a mesma
literalidade.
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14. O que é o Poder Constituinte Originário Material?
A doutrina ainda divide o poder constituinte originário em formal e material. O
poder constituinte originário formal é o ato de criação propriamente dito da
Constituição e que atribui a “roupagem” com status constitucional a um
“complexo normativo” (normas formalmente constitucionais). O poder
constituinte originário material é o lado substancial do poder constituinte
originário, qualificando o direito constitucional formal com o status de norma
(materialmente) constitucional. Em outras palavras, o material diz o que é
constitucional; o formal materializa e sedimenta como constituição. O material
precede o formal, estando ambos interligados.
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19. Como se deve interpretar a expressão “tendente a abolir”, prevista no
art. 60, §4º, da CF?
A expressão “tendente a abolir” deve ser interpretada no sentido de proteger
o núcleo essencial dos institutos e princípios elencados no dispositivo e não
como uma intangibilidade literal. Pode haver cláusulas pétreas ampliadas e
restringidas, contanto que não haja o esvaziamento do núcleo essencial.
Para Gilmar Mendes, a estrutura das Cláusulas Pétreas é mais
principiológica do que redacional. Assim, o que se veda na Constituição não é a
alteração de sua redação, mas a desnaturação de seu núcleo essencial, ou
seja, a supressão de tutela dos bens constitucionais que se pretende preservar.
Para J. J. Canotilho Gomes, não é possível o retrocesso de direitos sociais
adquiridos, por exemplo. Assim, é possível a sofisticação dos bens tutelados
pela Constituição em suas Cláusulas Pétreas, não a sua supressão, mormente
em obediência ao princípio da proibição do retrocesso, formulado por
Canotilho.
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Ao elaborar sua constituição, o Estado membro está limitado pelo princípio
da simetria a observar o modelo proposto pela Constituição Federal. Existem
normas que são de reprodução obrigatória nas constituições estaduais, como
os princípios sensíveis elencados no art. 34 da CF.
Caso o estado-membro desrespeite algum desses princípios o PR poderá
decretar intervenção federal através de ADI interventiva proposta pelo PGR no
STF.
19
República de 1988; apenas o constituinte pode criar exceções ou regras de
transições, caso entenda como melhor tal situação. Se tal direito adquirido não
for contrário à Constituição de 1988, ele certamente deverá ser tutelado e
produzirá seus normais efeitos.
As normas constitucionais originárias, em regra, têm retroatividade MÍNIMA
(atingem os efeitos dos fatos anteriores, verificados após sua entrada em
vigor), mas podem ter retroatividade MÁXIMA (atacar fatos consumados) ou
MÉDIA (atingir efeitos pendentes de atos anteriores), desde que assim
prevejam expressamente.
Assim sendo, o Poder Originário NÃO é limitado por direitos dito adquiridos,
e a incidência das novas disposições constitucionais é imediata, embora o
constituinte possa criar exceções ou regras de transição, se entender
conveniente.
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sendo discutida, por medida cautelar, a lei revogada restaura automaticamente
sua eficácia.
Art. 11, § 2º L. 9.868/99 A concessão da medida cautelar torna aplicável a
legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido
contrário.
1 - Federação
Vem de foedus, foederis que significa aliança, pacto, união, visto que nasce
da aliança entre os Estados. Seu cerne está na autonomia das entidades que
compõem o Estado Federal, pois somente este detém o poder soberano, que é
um poder supremo e independente. As entidades integrantes não tem
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soberania (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios). Nasceu
com a Constituição norte-americana de 1787, em razão do fracasso do modelo
de Confederação anteriormente aplicado.
CRFB: Adotou modelo tricotômico ou de segundo grau, pois incluiu os
Municípios na organização federal, ao lado da União e dos Estados.
2 - República
O Princípio Republicano define a forma de Governo, ou seja, a forma como
os governantes ascendem ao Governo e como se dá a relação entre
governantes e governados. É uma forma de governo, fundada na igualdade
formal entre as pessoas, na qual os detentores do poder político exercem-no
em caráter eletivo, de regra representativo, temporário e com responsabilidade.
Elementos:
a) É uma forma de Governo, que se contrapõe à Monarquia;
b) Fundada na igualdade formal entre as partes;
c) Em que os detentores do poder político exercem-no em caráter eletivo;
d) É Governo em regra representativo;
e) É Governo temporário;
f) É Governo exercido com responsabilidade;
4 - Soberania Popular
Art. 1º. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Representantes eleitos = Democracia representativa
Povo exerce o poder diretamente = Democracia direta
Democracia representativa + direta = Democracia semidireta
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Soberania: Estado supremo (em relação aos indivíduos e grupos que
formam a população do Estado) e independente (relativamente ao poder de
outros Estados).
Aspecto interno: É o poder mais elevado do Estado.
Aspecto externo: nas relações recíprocas entre os Estados, não há
subordinação nem dependência entre eles, mas sim igualdade.
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Prevalência dos direitos humanos: Compromisso do BR com a sua proteção
e efetividade.
Defesa da Paz
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43. É possível a instauração de IP baseado em denúncia anônima?
Segundo entendimento dos tribunais superiores, não. Antes de proceder à
abertura do IP, a autoridade policial deve diligenciar para averiguar sobre a
probabilidade das informações prestadas de forma anônima serem
verdadeiras. Apenas com mínimos elementos de materialidade delitiva é que
pode ser instaurado IP. Isso decorre do art. 5º, IV, da CRFB.
PONTO 3
4. Direitos e garantias fundamentais. 4.1 Direitos e deveres individuais e
coletivos. 4.2 Habeas corpus, mandado de segurança, mandado de
injunção e habeas data. Ação Popular e Ação Civil Pública. 4.3 Direitos
sociais. 4.4 Nacionalidade. 4.5 Direitos políticos. 4.6 Partidos políticos.
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internacional, pois se consideram inerentes à própria condição humana. Nessa
linha, os direitos são simplesmente reconhecidos pelo direito internacional,
como se existissem antes mesmo dos próprios documentos mediante os quais
são declarados. Assim, a questão dos direitos humanos é tratada de maneira
supra nacional, no âmbito do direito publico internacional, sobretudo por
organismos multilaterais como a ONU - Organização das Nações Unidas, a
OEA - Organização dos Estados Americanos e a comunidade europeia.
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EXISTÊNCIA DE UMA QUARTA DIMENSÃO DE DIREITOS
FUNDAMENTAIS.
“Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) – que
compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais - realçam o
princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos,
sociais e culturais) – que se identifica com as liberdades positivas, reais ou
concretas - acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração
que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a
todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e
constituem um momento importante no processo de desenvolvimento,
expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto
valores fundamentais e indisponíveis, nota de uma essencial inexauribilidade”
(PLENÁRIO DO STF, MS 22164/SP).
A doutrina moderna costuma falar numa quarta dimensão de direitos
fundamentais, relacionando-a a proteção e a garantia dos direitos constituídos
nas demais gerações frente ao desenvolvimento tecnológico contemporâneo.
Para Bobbio a quarta geração tem haver os efeitos mais traumáticos da
pesquisa biológica. No Brasil, o Uadi Bullos defende que os direitos de quarta
geração estão relacionados à informática, softwares, biociência, eutanásia,
alimentos transgênicos, sucessão dos filhos gerados por inseminação artificial,
clonagens, dentre outros acontecimentos ligados a engenharia genética.
27
invocar um direito fundamental para se obter a nulidade de uma cláusula de um
contrato regido pelas normas de Direito Privado. Este conceito está
intimamente relacionado ao fenômeno da constitucionalização do direito
privado.
No que tange à eficácia irradiante, esta corresponde à ideia de que os
direitos fundamentais vinculam não somente os Poderes Legislativo e
Executivo, mas também o Poder Judiciário, que não pode se eximir de dar
concretude a um direito fundamental por falta de lei (non liquet). Referida
concepção se baseia nas seguintes premissas: dignidade da pessoa humana,
igualdade substantiva e justiça social, colocando o Poder Judiciário na posição
de garante dos direitos fundamentais.
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As normas de direitos fundamentais criam direitos subjetivos que se traduzem
em pretensões e em faculdades exigíveis em face de outrem.
Já a perspectiva objetiva transcende essa expressão subjetiva e faz com
que os direitos fundamentais sejam vistos como fontes de deveres de proteção.
Nesse sentido, o Estado deixa de ser encarado somente como o
adversário/inimigo, em relação aos titulares de direitos fundamentais para ser
visto também como garantidor desses direitos. Segundo Gilmar Mendes, esse
dever de proteção se subdivide no a) dever do proibição: consistente no dever
de proibir determinada conduta; b) dever de segurança: que impõe ao Estado o
dever de proteger o indivíduo contra ataques de terceiros mediante a adoção
de providências diversas; e c) dever de evitar riscos: que autoriza o Estado a
atuar com o objetivo de evitar riscos ao cidadão em geral, especialmente em
relação ao desenvolvimento técnico ou tecnológico;
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Complementariedade – Além de atribuir ao catálogo de direitos
fundamentais um caráter exemplificativo, a Constituição deixou em aberto à
possibilidade de complementá-lo por meio da incorporação de direitos
humanos previstos em normas de tratado internacional a teor do que dispõe os
§§ 2º e 3º do art. 5º da Constituição Federal.
Irrevogabilidade – Significa que nem mesmo pelo processo de alteração da
Constituição (emendas constitucionais) é possível revogar um direito
fundamental.
Indivisibilidade – Significa que os direitos fundamentais não podem ser
vistos de forma isolada, são interdependentes.
Aplicação Imediata – Os direitos e garantias fundamentais têm
aplicabilidade imediata por força do art. 5º, §1º da Constituição Federal. Acerca
da divergência doutrinária sobre o assunto, conferir a resposta ao item 6 do
ponto.
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Na dicção utilizada pelo constituinte, os direitos fundamentais estão
enquadrados nas seguintes classes: 1) direitos individuais; 2) direitos coletivos;
3) direitos sociais; 4) direitos da nacionalidade e 5) direitos políticos.
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de prestar e os bens e serviços necessários ao atendimento das mínimas
condições de vida condigna.
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As ações afirmativas não violam o princípio constitucional da igualdade uma
vez que, na visão de Celso Antônio Bandeira de Mello, três são as questões a
serem observadas para fins de adequação ao referido princípio, quais sejam: 1)
a primeira diz respeito aos elementos como fatores de desigualação; 2) a
segunda reporta-se à correlação lógica abstrata existente entre o fator erigido
em critério de discrimen e a disparidade estabelecida no tratamento jurídico
diversificado; 3) a terceira atina à consonância desta correlação lógica com os
interesses absorvidos no sistema constitucional e destarte juridicizados. Desta
forma, o estabelecimento de critérios diferentes para acesso de negros e
hipossuficientes às universidades, por exemplo, mais do que simples
tratamento diferenciado, corresponde a medida de compensação, buscando
concretizar, ao menos em parte, uma igualdade de oportunidades com os
demais indivíduos, que não sofreram as mesmas espécies de restrições
concernentes a uma realidade histórica de marginalização social ou de
hipossuficiência decorrente de diversos fatores.
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podem ser utilizados no processo penal. STJ. 5ª Turma. REsp 1.361.174-RS,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 3/6/2014 (Info 543).
O STF, com a composição atual, ainda não enfrentou o assunto e o tema
será julgado, sob a sistemática da repercussão geral, no RE 601.314-SP
(pendente de julgamento). Existe um precedente mais antigo em sentido
contrário (RE 389808), mas não se pode afirmar que ainda é a posição da
Corte Suprema.
Desse modo, por enquanto, prevalece o entendimento do STJ acima
exposto.
Com relação às CPI’s municipais, a doutrina majoritária entende que, a
contrário das CPI’s federais, estaduais e distritais, aquelas não tem
legitimidade para determinar a quebra de sigilo bancário independentemente
de autorização judicial.
“O habeas corpus é medida idônea para impugnar decisão judicial que
autoriza a quebra de sigilos fiscal e bancário em procedimento criminal, haja
vista a possibilidade destes resultarem em constrangimento à liberdade do
investigado (...) (AI 573.623, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 31/10/2006,
informativo 447 do STF)”.
34
A jurisprudência do STJ entende que o incidente de deslocamento de
competência terá cabimento se houverem indícios de que o Estado mostra-se
incapaz de dar continuidade às investigações satisfatoriamente, conforme IDC
2/DF.
35
arbitrary and unreasoneable action)”. No Brasil, está associado aos princípios
da proporcionalidade/razoabilidade.
36
36. SEGUNDO O ENTENDIMENTO DO STF, O PROCEDIMENTO DO
HABEAS DATA PRESSUPÕE A RECUSA DA AUTORIDADE
ADMINISTRATIVA EM FORNECER AS INFORMAÇÕES OU PROCEDER À
RETIFICAÇÃO DOS DADOS?
"À vista do disposto na Lei n. 9.507/97, que regula o direito de acesso a
informações e disciplina o rito processual do habeas data, tal ação só tem
cabimento diante da recusa ao acesso às informações e da recusa em fazer-se
a retificação ou anotação no cadastro do interessado (art. 8º, parágrafo único).
Desse modo, a Turma negou provimento ao recurso pela falta de interesse de
agir do recorrente, já que, no caso, não houve uma pretensão resistida.
Precedente citado: RHD 22-DF. RHD 24-DF. Rel. Min. Maurício Corrêa,
28/11/97" (Info 94/STF)
37
que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica básica; II - individuais homogêneos, assim
entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da
atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou
membros do impetrante.
Inobstante inexista disposição expressa a permitir a impetração de mandado
de segurança coletivo para tutela de direitos difusos, a doutrina e jurisprudência
interpretam ampliativamente o dispositivo no sentido de que poderia o
mandado de segurança coletivo ser impetrado para tutelar referidos direitos.
38
Teoria concretista geral: através de normatividade geral, o STF legisla no
caso concreto, produzindo a decisão efeitos erga omnes até que sobrevenha
norma integrativa pelo Legislativo;
39
51. QUAIS AS ESPÉCIES DE NACIONALIDADE?
A nacionalidade primária (originária) é imposta, de maneira unilateral,
independentemente da vontade do indivíduo, pelo Estado, no momento do
nascimento.
A nacionalidade secundária (derivada) é aquela que se adquire por vontade
própria, depois do nascimento, normalmente pela naturalização, que poderá
ser requerida tanto pelos estrangeiros quanto pelos apátridas, ou seja, aqueles
indivíduos que não têm pátria alguma.
40
57. PODE O BRASILEIRO CUJA NACIONALIDADE FOI PERDIDA
READQUIRI-LA? DE QUE FORMA?
Nos casos de cancelamento da naturalização, não poderá readquiri-la, a não
ser mediante ação rescisória, nunca mediante um novo processo de
naturalização, sob pena de contrariedade ao texto constitucional.
Nos casos de aquisição de outra nacionalidade o art. 36 da Lei n. 818/49
prevê a possibilidade de reaquisição por decreto presidencial, se o ex-brasileiro
estiver domiciliado no Brasil. Entendemos, contudo, que tal dispositivo só terá
validade se a reaquisição não contrariar os dispositivos constitucionais e,
ainda, se existirem elementos que atribuam nacionalidade ao interessado.
41
Brasil e o Estado requerente. Contudo, a “inexistência de tratado de
extradição não impede a formulação e o eventual atendimento do pleito
extradicional, desde que o Estado requerente prometa reciprocidade de
tratamento ao Brasil, mediante expediente (Nota Verbal) formalmente
transmitido por via diplomática” (STF, Pleno, Ext. 1.203/Hungria).
Entrega – é o ato pelo qual um Estado que se sujeita à jurisdição do
Tribunal Penal Internacional procede à entrega de alguém para ser julgado
por essa Corte. Trata-se de novo instituto criado pelo Tratado de Roma, ao
qual a República Federativa do Brasil já aderiu (ver Decreto Legislativo
112/2002 e Decreto 4.388/2002).
42
Quanto à iniciativa popular das leis municipais, o art. 29, XIII, da CF, exige a
manifestação de, pelo menos, 5% do eleitorado do Município.
No que concerne aos projetos de lei estadual iniciados por iniciativa popular,
a Constituição Federal se limita a dispor: “A lei disporá sobre a iniciativa
popular no processo legislativo estadual” (art. 27, §4º). Nesse sentido, além de
a Lei 9.709/98 (que regulamenta a iniciativa popular no âmbito do processo
legislativo federal) não ter se ocupado do tema, a melhor interpretação
conferida ao dispositivo constitucional permite concluir que a lei nele citada se
trata de lei estadual. Na praxe, comumente se percebe que o assunto é tratado
nas Constituições Estaduais. A Constituição do Estado do Maranhão, por
exemplo, prevê que a iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à
Assembleia Legislativa de Projeto de Lei subscrito por, no mínimo, 1% do
eleitorado estadual, distribuído por pelo menos 18% dos municípios, com não
menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles, e que deverá ser apreciado no
prazo máximo de 60 dias (art. 44, §1º).
Com relação aos atos normativos que podem ser objeto de iniciativa popular,
a doutrina majoritária aponta que tanto leis ordinárias como leis
complementares podem ter o processo legislativo iniciado de referida maneira.
Por outro lado, não se admite que a iniciativa popular deflagre processo
legislativo de Emenda Constitucional haja vista a restrição quanto aos
legitimados à proposição da PEC conforme art. 60, caput e incisos da CF.
43
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses
antes do pleito.”
Como se nota, apenas os chefes do poder executivo devem proceder à
renúncia.
44
A personalidade jurídica do partido político se inicia com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro (art. 45 do CC). A contrário do que se
imagina, não é a inscrição do estatuto no Tribunal Superior Eleitoral que
confere personalidade jurídica ao Partido Político (art. 17 §2º da CF).
PONTO 4
5. Direito Internacional de Direitos Humanos e Direito Constitucional
brasileiro. 5.1 Mecanismos de proteção aos direitos humanos na
Constituição Federal brasileira de 1988. 5.2 Federalização de crimes
graves contra os Direitos Humanos. 5.3 O dever dos estados de promover
o acesso à justiça. 5.4. Previsões legais do direito interno relativos à
Defensoria Pública. 5.5 Emendas Constitucionais n.º 45/2009 e 80/2014 e
Defensoria Pública.
45
Direitos humanos são direitos reconhecidos no âmbito internacional,
enquanto direitos fundamentais são direitos reconhecidos no plano interno de
um determinado Estado. Preferencialmente, positivados na CF. Para José
Afonso da Silva: direitos fundamentais são as prerrogativas e instituições que o
direito positivo concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual
de todas as pessoas, sendo fundamentais porque sem eles não há vida
humana digna.
Diz Norberto Bobbio que a afirmação dos direitos do homem deriva de uma
radical inversão de perspectiva. Os direitos fundamentais assumem posição de
definitivo realce na sociedade quando se inverte a tradicional relação entre
Estado e indivíduo e se reconhece que o indivíduo tem, primeiro, direitos, e,
depois, deveres perante o Estado e que estes servem para melhor cuidar das
necessidades dos cidadãos.
46
limitação do poder, foi um pacto entre o monarca e os barões do reino em latim,
dirigida aos homens livres do reino, únicos que dominavam a língua. Até hoje, é
um dos documentos que integra a constituição inglesa.
• Bill Of Rights (1689) – depois da revolução gloriosa, a monarquia inglesa
passou a ser um monarquia constitucional, esse foi a primeira manifestação
legislativa. • Declaração Dos Direitos Do Bom Povo Da Virgínia – foi documento
que influenciou a constituição americana (1776).
• Declaração Dos Direitos Do Homem e Do Cidadão (1789) – é o primeiro
documento que, apesar de francês, tem um plano universal, como se vê do
artigo 16: toda a sociedade onde não há garantia dos direitos e a separação de
poderes não tem constituição, trata até mesmo do conceito material de
constituição.
• Declaração Universal Dos Direitos Do Homem (1948) – da Assembléia da
ONU, trata-se de mera RECOMENDAÇÃO da ONU (natureza jurídica), não
impositiva, mas entende-se como costume básico para a garantia da dignidade
da pessoa humana. Assim, há uma corrente que diz que ela é obrigatória, com
esse fundamento. É um documento internacional.
47
- proibição de retrocesso – não se pode retroceder nos avanços históricos
conquistados. Segundo Canotilho, o núcleo essencial dos direitos sociais já
realizado e efetivado através de medidas legislativas deve considerar-se
constitucionalmente garantido, sendo inconstitucionais quaisquer medidas que,
sem a criação de outros esquemas alternativos e compensatórios, se traduzam
na prática numa “anulação”, “revogação” pura e simples.
Não tem aceitação universal na doutrina. Acentua-se que mesmo os que
acolhem a tese da proibição do retrocesso entendem que o princípio da
proporcionalidade pode inspirar uma nova regulação do direito fundamental
que não destrua totalmente, sem alternativas, o direito antes positivado.
- constitucionalização – a locução direitos fundamentais é reservada aos
direitos consagrados em diplomas normativos de cada Estado, enquanto a
expressão direitos humanos é empregada para designar pretensões de
respeito à pessoa humana, inseridas em documentos de direito internacional.
- Vinculação dos poderes públicos – o fato de os direitos fundamentais
estarem previstos na Constituição torna-os parâmetro de organização e de
limitação dos poderes constituídos.
- Vinculação do Legislativo – Não somente a atividade legiferante deve
guardar coerência com o sistema de direitos fundamentais, como a vinculação
aos direitos fundamentais pode assumir conteúdo positivo, tornando imperiosa
a edição de normas que deem regulamentação aos direitos fundamentais
dependentes de concretização normativa.
- Vinculação do Executivo – a atividade discricionária da Administração não
pode deixar de respeitar os limites que lhe acenam os direitos fundamentais.
Canotilho propõe que a Administração se recuse a cumprir lei inconstitucional
quando o direito fundamental agredido puser em risco a vida ou integridade
pessoal de alguém, resultando no cometimento de um delito.
- Vinculação do Poder Judiciário – Os Tribunais detêm a prerrogativa de
controlar os atos dos demais poderes, conferindo a tais direitos a máxima
efetividade possível. Observação: Os direitos fundamentais não são absolutos,
pois podem sofrer limitações, quando enfrentam outros valores de ordem
constitucional, inclusive outros direitos fundamentais.
48
Quais as teorias que os estruturam? De acordo com a doutrina liberal
clássica, os direitos fundamentais limitar-se-iam à regência das relações
públicas, que tinham o Estado como um dos seus polos (eficácia vertical dos
direitos fundamentais).
O indivíduo diversamente do Estado é titular de direitos fundamentais, por
isso surgiu a celeuma sobre a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. O
indivíduo não pode simplesmente substituir o Estado nas relações jurídicas,
mas por outro lado é preciso dar maior efetividade aos direitos fundamentais
até mesmo na esfera privada.
A teoria de eficácia exclusivamente vertical, quando fundamenta que não
cabe a eficácia horizontal, praticamente desapareceu, no Brasil não é aplicada.
Cabimento da eficácia horizontal:
a) Teoria Negativista - rejeita a possibilidade de aplicação dos direitos
fundamentais às relações privadas em face da concepção liberal prevalecente
neste regime jurídico.
b) Teoria da “State Action” - Para a doutrina estadunidense, o papel da
Constituição seria o de apenas oferecer direitos fundamentais de proteção aos
indivíduos contra as interferências arbitrárias do Estado, afastando a
possibilidade de eficácia horizontal dos direitos fundamentais, salvo se o
particular estiver no desempenho de uma função ou atividade estatal.
c) Teoria da Eficácia Indireta ou Mediata dos Direitos Fundamentais (Konrad
Hesse) – é uma corrente intermediária entre aqueles que NEGAM a aplicação
dos direitos fundamentais aos particulares e os permitem. Cabe ao legislador
privado a tarefa de mediar a aplicação dos direitos fundamentais sobre os
particulares, estabelecendo uma disciplina das relações privadas que se revele
compatível com os valores constitucionais. Ao Judiciário sobraria o papel de
preencher as cláusulas indeterminadas criadas pelo Legislador, bem como o de
rejeitar, por inconstitucionalidade, a aplicação das normas privadas
incompatíveis com tais direitos. Apenas em casos excepcionais de lacuna na
ordem privada, e diante da total ausência de cláusulas gerais, é que o juiz
poderia aplicar diretamente o direito fundamental.
d) Teoria da Eficácia Direta ou Imediata dos Direitos Fundamentais a
Terceiros (Alexy) – doutrina alemã minoritária. Quando os direitos não forem
suficientemente protegidos pelo legislador na esfera privada, as normas
constitucionais que os consagram produzirão efeito direto de obrigatoriedade
nas relações entre particulares, mas, ela não prega a desconsideração da
liberdade individual no tráfico jurídico-privado. É a teoria aplicada no Brasil.
A CF/88 é voltada para a promoção da igualdade substantiva (apesar de
alguns discordarem), que transmite a ideia de uma vinculação passiva
universal dos direitos fundamentais. Só existe efetivamente autonomia privada
quando o agente desfrutar de mínimas condições materiais de liberdade. Não
se pode falar em insegurança jurídica, principalmente, depois da
JURISPRUDÊNCIA DOS CONCEITOS (emprego de conceitos jurídicos
indeterminados e de cláusulas gerais, que também apresentam reduzido grau
de determinação semântica).
Muito importante é o estabelecimento de STANDARDS para a aplicação de
cada direito fundamental nas relações privadas, com a identificação dos casos
em que sua incidência deve prevalecer sobre a autonomia privada dos
particulares. Há uma vinculação dos particulares aos direitos fundamentais,
independentemente de uma desigualdade entre as partes. A questão da
49
desigualdade material torna-se relevante apenas no momento em que se tiver
de ponderar o direito em questão com a autonomia privada.
Na jurisprudência brasileira não são tão escassas as decisões judiciais
utilizando diretamente os direitos fundamentais para dirimir conflitos de caráter
privado, mas raramente são precedidos de fundamentos teóricos sobre a
aplicação da teoria. A aplicação dessa teoria é compatível com o chamado
EFEITO DE IRRADIAÇÃO (eficácia objetiva) dos direitos fundamentais.
Daniel Sarmento defende a Eficácia Imediata, mas, para evitar um
“fundamentalismo dos direitos fundamentais”, propõe a utilização da técnica da
ponderação de interesses, baseada no princípio da proporcionalidade, além de
outros parâmetros específicos de ponderação: grau de desigualdade entre as
partes (quanto maior, mais peso tem o direito fundamental), a natureza da
liberdade individual em jogo, o fomento ao pluralismo e o fortalecimento da
dignidade humana.
No Brasil, há a aplicação da Teoria da Eficácia Horizontal dos Direitos
Fundamentais. Exemplos: artigo 205, CF; artigo 3o., IV. Todos os indivíduos
são credores e devedores. O STF reconheceu a aplicação direta de direitos
fundamentais às relações privadas, mantendo ordem judicial prolatada para
determinar uma associação privada a reintegração de um associado que havia
sido excluído de seus quadros, por violação ao direito de defesa.
50
democrática: os direitos fundamentais de participação são orientados a garantir
a participação dos cidadãos na formação da vontade do País.
51
extraditado e o brasileiro naturalizado somente pode ser extraditado por crime
comum praticado antes da naturalização ou por comprovado envolvimento com
tráfico ilícito de entorpecentes ou drogas a fim.
Outra distinção entre brasileiros reside na disposição do LXXIII, que permite
o ajuizamento da Ação Popular somente por cidadão (pleno gozo de direitos
políticos) seja naturalizado ou nato. Há direitos que somente estão voltados
para as mulheres. Exemplo: direito da presa de amamentar os filhos, idade
menor para aposentadoria.
São estabelecidas também diferenças entre ricos e pobres: ASSISTÊNCIA
JURÍDICA GRATUITA AOS QUE PROVAREM INSUFICIÊNCIA DE
RECURSOS [art. 5º, LXXIV, CF] e GRATUIDADE DO REGISTRO CIVIL DE
NASCIMENTO E DA CERTIDÃO DE ÓBITO AOS RECONHECIDAMENTE
POBRES [art. 5º, LXXVI, CF].
Existem, ainda, direito fundamental destinado apenas aos estrangeiros:
determinação constitucional no sentido de vedar a concessão de extradição a
estrangeiro por crime político ou de opinião não atinge os brasileiros.
QUESTÃO ACERCA DOS ESTRANGEIROS NÃO RESIDENTES NO PAÍS: -
questionamento se o fato do dispositivo mencionar apenas os
ESTRANGEIROS RESIDENTES NO PAÍS afastaria a possibilidade dos
ESTRANGEIROS NÃO RESIDENTES NO PAÍS serem titulares dos DIREITOS
FUNDAMENTAIS.
Há divergência sobre o assunto: 1ª corrente: SOMENTE OS
ESTRANGEIROS RESIDENTES: JOSE AFONSO DA SILVA - SÓ OS
ESTRANGEIROS RESIDENTES gozam dos direitos subjetivos relativamente
aos enunciados constitucionais dos direitos e garantias fundamentais. Os
ESTRANGEIROS NÃO RESIDENTES têm proteção em outras normas
jurídicas do direito internacional e do direito infraconstitucional [caso contrário a
CF teria utilizado de palavras à toa].
2ª corrente: OS ESTRANGEIROS NÃO RESIDENTES TAMBÉM TÊM
DIREITO: em decorrência do fato da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ser
um dos FUNDAMENTOS da República, não haveria como não se reconhecer a
aplicabilidade de tais direitos também para os ESTRANGEIROS NÃO
RESIDENTES (posicionamento do STF). CLASSIFICAÇÃO FORMAL DA
CF/88
Há também outros espalhados pela CF. INDIVIDUAIS COLETIVOS SOCIAIS
NACIONALIDADE POLÍTICOS 58 Observações sobre o tema: i) a
possibilidade de ESTRANGEIROS NÃO RESIDENTES titularizarem DIREITOS
FUNDAMENTAIS já era reconhecida sob a égide das Constituições anteriores.
ii) a VEDAÇÃO À EXTRADIÇÃO DE ESTRANGEIRO por CRIME POLÍTICO ou
DE OPINIÃO [art. 5º, LII, CF] aplica-se tanto aos ESTRANGEIROS
RESIDENTES como aos NÃO RESIDENTES. iii) O STF não se permite a
extradição indireta (ainda que o estrangeiro seja passível de expulsão, o
Governo brasileiro não poderá efetivar referida medida compulsória para o
mesmo país em que houver decisão de indeferimento de pedido de extradição).
52
direitos, denominados pela doutrina de remédios constitucionais, ou garantias
constitucionais, cujo objetivo é justamente de proteger, assegurar e efetivar os
direitos fundamentais.
São eles, portanto, o habeas corpus, o habeas data, o mandado de injunção,
o mandado de segurança, a ação popular, dentre outras garantias previstas
neste artigo 5º que são utilizadas como forma de proteção aos direitos
fundamentais. Ex.: O art. 5º, inciso IV, expõe que é livre a manifestação do
pensamento, sendo vedado o anonimato; ao mesmo tempo em que assegura
um meio de defesa, garantia desse direito no inciso V, no qual dispõe que é
assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem.
Ademais, no bojo da Lei Maior, são previstos outros mecanismos que
tutelam os direitos humanos, bem como buscam assegurar que as normas
previstas na Constituição Federal, mormente os direitos fundamentais, serão
observadas pelas leis infraconstitucionais, como as ações de controle de
constitucionalidade.
53
d) INFRACONSTITUCIONAL, COM MESMO STATUS DE LEI FEDERAL.
STF sobre o status dos tratados de direitos humanos: POSICIONAMENTO
ANTIGO: status de lei ordinária - não foi adotado a posição dos doutrinadores
que reconheciam a natureza constitucional. POSICIONAMENTO ATUAL:
[Gilmar Mendes – RE 466.343] - SE APROVADOS DE ACORDO COM ART. 5º,
§ 3º da CF: EQUIVALENTES À EC. - SE NÃO FOREM APROVADOS DE
ACORDO COM O ART. 5º, § 3º da CF: STATUS SUPRA-LEGAL.
No RE 466343, o Min. Gilmar Mendes passou a defender que os tratados
internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil possuem status
normativo supralegal, o que torna inaplicável a legislação infraconstitucional
com eles conflitantes, seja ela anterior ou posterior ao ato de ratificação (idem
no HC 90172 – caso do depositário infiel)
– EFICÁCIA PARALISANTE. - TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS COM
STATUS CONSTITUCIONAL: doutrina que reconhece o status constitucional:
Antônio Augusto Cançado Trindade, Flávia Piovesan, Celso Lafer, Valério de
Oliveira Mazzuoli, André Ramos Tavares – CELSO DE MELLO (STF).
Argumentação contrária ao reconhecimento da natureza constitucional: a
interpretação literal do art. 5º, § 3º da CF ensejaria uma mudança do quórum
para alteração do texto constitucional. A manifestação da maioria simples,
quórum do decreto legislativo (instrumento utilizado para aprovação do
tratado), poderia gerar alteração do texto constitucional.
Reconhecimento de 3 situações distintas: [posição: Min. Celso de Mello;
Celso Lafer] i) tratados de DH celebrados antes da CF/88: status constitucional.
[fundamento: assim teriam sido recepcionados pelo art. 5º, § 2º, CF] ii) tratados
de DH celebrados entre 1.988 e EC 45: assumem caráter materialmente
constitucional, porque essa qualificada hierarquia jurídica lhes é transmitida por
efeito de sua inclusão no bloco de constitucionalidade. iii) tratados de DH
celebrados após EC 45: somente terão status constitucional se aprovados pelo
procedimento de EC [art. 5º, § 3º, CF].
LUIS ROBERTO BARROSO destaca 3 consequências decorrentes da
disposição do art. 5º, § 3º, CF:
a) em caso de conflito entre lei e tratado de direitos humanos, aprovado em
conformidade com o art. 5º, § 3º, da CF, prevalecerá sempre o tratado, em
razão de sua equivalência com as emendas constitucionais (e
independentemente do critério cronológico);
b) os tratados de direitos humanos incorporados de acordo com o art. 5º, §
3º, da CF podem servir de parâmetro para o controle de constitucionalidade
das leis e atos normativos, ampliando o chamado ‘bloco de
constitucionalidade’;
c) tais tratados (FORMALMENTE) não podem ser objeto de denúncia do
Presidente da República, por força do art. 60, § 4º, da CF. 61 Observação:
Constitucionalidade do Parágrafo 3º, do Artigo 5º - se for adotada a tese de que
o § 2º já reconhecia o status constitucional, a alteração presente no § 3º
dificultou o ingresso desses tratados (Piovesan). Se não se aceita a tese antiga
ele foi um avanço. Justificativa do art. 5º, § 3º da CF – a aplicação literal do art.
5º, § 2º da CF ensejaria alteração do texto da constituição por maioria simples
(maioria requerida para aprovação de decreto legislativo que recepciona
tratado na ordem jurídica interna).
Tratados de direitos humanos: Art. 5º, § 2º – doutrina minoritária sustentava
a constitucionalidade dos tratados incorporados sobre Dhs. STF sempre foi
54
bem resistente a isso, principalmente por conta da previsão do art. 102 e em
razão do quórum previsto para a aprovação dos tratados. Art. 5º, § 3º –
Doutrina internacionalista:
Tratados de DH: todos são materialmente constitucionais (art. 5º, § 2º) e há
tratados formal e materialmente constitucionais (art. 5º, § 3º). Consequência: o
tratado formalmente constitucional não poderia ser denunciado. Mais: recepção
formal – a legislação antecedente é considerada equivalente à nova espécie
normativa que rege a matéria por ela tratada. Há recepção dos tratados
materialmente constitucionais como emendas. O problema é o texto: “que
forem aprovados”.
Criou dois regimes (RE 466.343) O STF vai resgatar um voto do Sepúlveda
Pertence, de 2000 (HC 79785 – Caso Jorgina) – num obiter dictum, que trata
do assunto. Majoritário – duas categorias: TEORIA DO DUPLO ESTATUTO
DOS TRATADOS DE DHS
• Supralegal: para os que não foram aprovados pelo rito especial do art. 5º,
§ 3º, quer sejam anteriores ou posteriores à EC 45.
• Status equivalente ao de emenda constitucional: deve haver aprovação
segundo o rito do art. 5º, §3º.
55
Para garantir que a atividade do legislador ordinário não possa efetivamente
esvaziar de conteúdo os direitos fundamentais, surge a teoria segundo a qual
as próprias limitações a tal classe de direitos sofrem limitações.
É proibido proibir o exercício do direito além do necessário. Esses limites,
que decorrem da própria Constituição, referem-se tanto à necessidade de
proteção de um núcleo essencial do direito fundamental quanto à clareza,
determinação, generalidade e proporcionalidade das restrições impostas.
Protegem o núcleo essencial do direito fundamental.
São duas hipóteses: (a) proteção do núcleo essencial; (b)
proporcionalidade.
a) Proteção do núcleo essencial: Destina-se a evitar o esvaziamento do
conteúdo do direito fundamental decorrente de restrições descabidas,
desmesuradas ou desproporcionais. O STF entendeu que a exigência de
diploma de jornalista para exercer a profissão é exagerada, violando o próprio
núcleo essencial do direito (liberdade de exercício de profissão). É incabível
emenda constitucional para modificar o núcleo essencial das cláusulas pétreas.
b) Princípio da Proporcionalidade: Reconhece-se ao legislador o poder de
conformação dentro dos limites estabelecidos pela Constituição. No entanto, o
excesso de poder no âmbito da discricionariedade legislativa pode ensejar a
censura judicial. A utilização do princípio da proporcionalidade ou da proibição
do excesso envolve a apreciação da necessidade e adequação da providência
legislativa. O meio adequado se, com sua utilização, o evento pretendido pode
ser alcançado; é necessário se o legislador não dispõe de outro meio eficaz,
menos restritivo aos direitos fundamentais (inconstitucionalidade havendo
medidas menos lesivas).
Ao lado da proibição do excesso tem a Corte Constitucional alemã apontado
a lesão ao Princípio da Proibição da Proteção Insuficiente, segundo o qual o
Estado deve tomar medidas protetivas adequadas e eficazes à defesa dos
direitos fundamentais. O princípio da proporcionalidade vem sendo utilizado
pelo Supremo como instrumento para solução de colisão entre direitos
fundamentais.
56
de interferir na liberdade dos particulares. Diferença entre Direitos a prestações
negativas e direitos a prestações positivas.
Os direitos a prestações negativas significam, que o Estado não dificulta a
vida do cidadão. O direito a prestação positiva é dividida em dois, a prestação
positiva normativa e a prestação positiva fática. Na primeira o cidadão tem o
direito de que o Estado regulamente algo, e no segundo, o cidadão tem o
direito que o Estado lhe da algo.
57
diversos bens fundamentais, o que implica não apenas a vedação de
omissões, mas também a proibição de uma proteção manifestamente
insuficiente, tudo sujeito a controle por parte dos órgãos estatais, inclusive por
parte do poder judiciário.
Uma terceira função é a função organizatória e procedimental. A partir do
conteúdo das normas de direitos fundamentais é possível se extrair uma
formatação do direito organizacional e procedimental que auxilie na efetivação
da proteção aos direitos fundamentais, evitando-se os riscos de uma redução
do seu significado e conteúdo material.
De qualquer modo, as funções vinculadas à dimensão objetiva influenciam a
dimensão subjetiva, isto é, a noção de direitos fundamentais como direitos
subjetivos, contribuindo para o seu alargamento e implicando em maior ou
menor medida a possibilidade de invocar seus efeitos jurídicos perante o poder
judiciário.
58
As garantias constitucionais oriundas dos direitos de defesa que se efetivam
como direito a não eliminação de posições, situações ou condições de
vantagem jurídica tanto podem se referir ao direito subjetivo, em proteção do
direito individual, quanto do direito objetivo, em defesa do direito coletivo, bem
como à situações de direito público ou privado, erigidos à categoria de direito
constitucional. Como exemplos de garantia do direito objetivo, cite-se as
garantias de rigidez constitucional (art. 60, I, II e III, CF), separação de poderes
(art. 2º), controle concentrado de constitucionalidade e inalterabilidade da
forma federativa (art. 60, § 4º, I). Como garantia a um direito subjetivo, cite-se
as garantias institucionais de propriedade (art. 5º, XXII), de herança (art. 5º.
XXX e XXXI) e direitos autorais (art. 5º, XXVII).
59
3. A federalização de crimes graves contra os Direitos Humanos.
O incidente de deslocamento de competência, ou federalização de crimes
graves contra os direitos humanos, foi previsto no art. 109, V-A e §5º da
Constituição Federal, inserido pela EC n. 45/2004.
A dignidade da pessoa humana é fundamento da República Federativa do
Brasil, que, em suas relações internacionais, rege-se, dentre outros, pelos
princípios da prevalência dos direitos humanos, do repúdio ao terrorismo e ao
racismo e pela cooperação entre os povos para o progresso da humanidade
(art. 4º, II, VIII e IX). Tão grande a importância dos direitos humanos que os
mesmos foram erigidos a princípios sensíveis, ensejando a sua não
observação intervenção federal nos Estados.
Outrossim, nos termos do art. 21, I, da Lei Maior, é responsabilidade da
União, em nome da República Federativa do Brasil, a observância das regras e
preceitos fixados nos tratados internacionais. Assim, na hipótese de
descumprimento e afronta a direitos humanos no território brasileiro, a única e
exclusiva responsável, no plano internacional, será a União, não podendo
invocar a cláusula federativa, pois não é aceita no âmbito internacional.
Antes da reforma do judiciário, a União detinha a competência para apurar,
processar e julgar tais crimes. Assim, visando adequar o funcionamento do
Judiciário brasileiro ao sistema de proteção internacional dos direitos humanos,
a EC n. 45/2004 fez a seguinte previsão:
60
a sua necessidade e a sua imprescindibilidade, ante provas que revelem
descaso, desinteresse, ausência de vontade política, falta de condições
pessoais e/ou materiais das instituições responsáveis por investigar, processar
e punir os responsáveis pela grave violação a direito humano. Até mesmo para
não se esvaziar a competência da Justiça Estadual e inviabilizar o
funcionamento da Justiça Federal.
61
assassinado em 24.01.2009, no Município de Pitimbu/PB, depois de sofrer
diversas ameaças e vários atentados, em decorrência, ao que tudo leva a crer,
de sua persistente atuação contra grupos de extermínio que agem na divisa
dos Estados da Paraíba e Pernambuco. Nesse caso, o STJ entendeu
preenchidos os requisitos para o deslocamento, especialmente a omissão e
incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas
efetivas. Assim, determinou o deslocamento para a Justiça Federal do Estado
da Paraíba, devendo a ação ser distribuída ao Juízo Federal Criminal com
jurisdição no local do fato principal (2010).
62
Em decorrência do princípio do acesso à justiça, não mais se admite no
sistema constitucional pátrio a chamada “jurisdição condicionada” ou “instância
administrativa de curso forçado”. Portanto, para ingressar no Poder Judiciário
não é necessário o prévio esgotamento das vias administrativas. Exceção a
essa regra só é admissível se introduzida pelo poder constituinte originário,
como acontece com a Justiça Desportiva (art. 217, §§1º e 2º).
No caso da súmula vinculante e o ajuizamento de reclamação, previsto no
art. 7º, §1º, da Lei 11.417/2006, que estabelece que “contra omissão ou ato da
administração pública, o uso da reclamação só será admitido após
esgotamento das vias administrativas”. Todavia, defende-se que nesse caso
não há violação ao princípio da inafastabilidade da jurisdição, haja vista tratar
de instituição, por parte da lei, de contencioso administrativo atenuado, na
medida em que o que se veda é somente o ajuizamento da reclamação, e não
de qualquer outra medida cabível, como a ação ordinária, o mandado de
segurança, dentre outros.
Assim sendo, compete a todos os poderes, a todas as entidades federativas
promover o acesso à justiça, seja através de incentivos, ou de mecanismos
capazes de propiciar aos indivíduos e à coletividade o amplo acesso ao
judiciário para a solução dos seus conflitos.
63
Assim, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que se for
estabelecido que a defensoria pública é integrante do Poder Executivo, ou
subordinada ao Governador de Estado, ou integrante de determinada
Secretaria do governo, tudo isso afronta manifestamente a Constituição
Federal, devendo ser declarada a inconstitucionalidade da respectiva norma
(ADI 3.569. Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 02.04.2007; ADI 4.056, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, j. 07.03.2012; ADI 3.965, Rel. Min. Cármen Lúcia, j.
07.03.2012).
64
está prevista em seção própria (Seção IV – Da Defensoria Pública); Portanto,
passaram a ser quatro as funções essenciais à justiça: Ministério Público,
Advocacia Pública, Advocacia e Defensoria Pública, desvinculada totalmente
esta última da advocacia.
Em segundo lugar, foi ampliado o caput do art. 134 da Constituição Federal,
no qual agora prevê que a Defensoria Pública é instituição permanente,
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, nos termos do art.
5º, LXXIV, da CF/88, de forma integral e gratuita, como expressão e
instrumento do regime democrático, fundamentadamente em prol dos
necessitados a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a
defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e
coletivos.
Foi introduzido, ainda, o §4º, no art. 134 da CF/88, prevendo que são
princípios institucionais da Defensoria Pública, da mesma que forma que é
previsto para o Ministério Público, a unidade, a indivisibilidade e a
independência funcional, aplicando-se, também, no que couber o disposto no
art. 93 e inciso II do art. 96 da CF.
A EC n. 80/2014 também inseriu o art. 98 no ADCT, que estabeleceu que o
número de defensores públicos na unidade jurisdicional será proporcional à
efetiva demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à respectiva população.
Com isso, assegura-se a eficaz prestação do serviço de assistência, de modo
efetivo, e pela carreira da Defensoria Pública.
Para se cumprir essa previsão, foi previsto o prazo de 08 (oito) anos, a partir
do advento da emenda, quanto então a União, os Estados e o Distrito Federal
deverão contar com defensores públicos em todas as unidades jurisdicionais.
Durante esse período, ressalta-se, que a lotação dos defensores públicos
ocorrerá, prioritariamente, atendendo as regiões com maiores índices de
exclusão social e adensamento populacional.
PONTO 5
6. Organização do Estado. 6.1 Organização político-administrativa. 6.2
Estado federal brasileiro. 6.3 A União. 6.4 Estados federados. 6.5
Municípios. 6.6 O Distrito Federal. 6.7 Territórios 6.8 Intervenção federal.
6.9 Intervenção dos estados nos municípios.
65
caso, o federalismo centrípeto fortalece o ente central enquanto o centrífugo
(centralizador – caso do Brasil), os estados membros (descentralizador).
66
(competências concorrentes e comuns), tendo o objetivo de desenvolver um
federalismo de equilíbrio. Vale salientar que a competência vertical pode ser
desenvolvida de duas formas, são elas: repartição vertical cumulativa e
repartição vertical não cumulativa.
67
imperativos políticos e de eficiência. Ex. Brasil (A partir da Proclamação daa
República - com materialização do novo modelo na Constituição de 1891)
(ii) Federalismo dual ou cooperativo: Leva em conta o modo de separação
de atribuições (competências) entre os entes federativos.
(a) No federalismo dual, a separação de competências é extremamente rígida,
não se falando em cooperação entre os entes. Ex. Estados Unidos.
(b) No federalismo cooperativo, as atribuições são exercidas de modo comum
ou concorrente, estabelecendo-se uma verdadeira aproximação entre os
entes federativos. Ex. Federalismo brasileiro.
(iii) Federalismo simétrico ou assimétrico: Leva em conta diversos fatores,
tais como a cultura, desenvolvimento, língua e etc..
(a) No federalismo simétrico, verifica-se a homogeneidade de cultura e
desenvolvimento, assim como de língua. Ex. Estados Unidos.
(b) No federalismo assimétrico, por consequência, há diversidade dos pontos
elencados, como se verifica, por exemplo, nos casos dos diferentes grupos
étnicos da Suiça (cantões) ou, também, no caso do Canadá, país Bilingue e
multicultural.
Ponto interessante: No Brasil há um certo "erro de simetria'', vez que o
constituinte tratou de modo idêntico os Estados, como, por exemplo, se verifica
na representação no Congresso Nacional (cada Estado, não importa o
tamanho, elege um número fixo de três Senadores).
(iv) Federalismo de segundo grau: Leva em conta que o poder de auto-
organização dos Municípios deverá observar dois graus, quais sejam, tanto a
Constituição Federal, como a Constituição do respectivo Estado. Assim,
conclui-se que a Constituição de 1988 consagra um federalismo de segundo
grau.
68
possibilidade de delegação de questões específicas aos Estados e DF por
meio de LC) ou concorrente (limitando-se a estabelecer normas gerais).
69
Estadual no que couber - interesse local) e plano. Não é exaustivo o rol de
competencias previsto no art. 30, de forma que há previsão de competências
aos entes municipais também no art. 144, § 8º (guardas municipais) e art. 182,
§1º (plano diretor).
70
b) regional, em que há distribuição às regiões tanto de competência
administrativa quanto legislativa (ex: Itália); descentralização feita de cima para
baixo.
c) autonômico, em que há também descentralização administrativa e
legislativa (ex: Espanha), mas com alguma peculiaridade em relação ao estado
regional, pois a descentralização é feita de baixo para cima. Na Espanha, por
exemplo, as províncias podem formar regiões e elaborar seu estatuto de
autonomia no qual avocam competências presentes na Constituição
Espanhola. Tal estatuto é submetido ao parlamento espanhol e, se aprovado,
explicita uma região autonômica.
d) federal: há distribuição geográfica de poder político em função do
território, na qual um ente é dotado de soberania e outros entes de autonomia.
e) confederado: não é forma de estado propriamente dita, melhor sendo
designada como junção de estados dotados de soberania.
Não custa lembrar que é diferente das formas de governo (monarquia,
república) e sistemas de governo (presidencialismo, parlamentarismo).
71
Ao Estado, tendo em vista que quem organiza e fiscaliza o transporte local
são os Municípios e o interestadual é a União, restando, pela competência
remanescente, aos Estados-membros legislar sobre tal assunto.
72
gravosa, a título hipotético, se a competência para legislar sobre processo civil
fosse modificada para concorrente, por meio de emenda constitucional, pois
cada estado poderia ditar, por exemplo, o processo do mandado de injunção,
em virtude da ausência de norma da União, prevendo recursos diversos,
efeitos da decisão, acarretando indesejável insegurança jurídica.
39-Por que a competência privativa para licitar está no art. 22, e não no
art. 24? O que isso resulta na prática?
Tendo em vista que o constituinte optou por concatenar as regras sobre
licitações aos cuidados de um só ente federado (a União), de forma que aos
Estados restou autorizado legislar tão-somente sobre questões especificas e
mediante prévia lei complementar federal. A diferença prática para a
competência concorrente do art. 24 é a de que a União, na competência
privativa, não se limita somente a normas gerais, mas busca uniformizar o
tratamento da matéria. Caso a competência fosse concorrente, então a União
editaria normas gerais, podendo os Estados e DF suplementar.
73
Nesse caso a competência residual é da União. Assim a União poderá
instituir, por meio de lei complementar, outros impostos, desde que não-
cumulativos e não que tenham fato gerador ou base de cálculo própria dos
impostos descriminados na Constituição (art. 154, I da CF).
74
em dois turno de votação, observado o intervalo minimo de dez dias entre os
turnos.
75
de duas medidas de caráter excepcional para restauração da ordem diante de
momentos de anormalidade: o estado de defesa e o estado de sítio, nos quais
se substitui a legalidade normal por uma legalidade extraordinária, que irá
conduzir este estado de exceção.
76
estabelece que poderão ser estabelecidas restrições ao direito de reunião, ao
sigilo de correspondência e ao sigilo de comunicação telegráfica e telefônica.
Acrescente-se, ainda, a possibilidade de restrição à garantia inserida no art. 5°,
LXI, da CF/88, na medida em que a prisão poderá ser determinada pelo
executor da medida, e não pela autoridade judicial competente (art. 136, §3°,
CF/88). Não obstante, o juiz competente deverá ser comunicado de forma
imediata (deve acompanhar a referida comunicação a declaração do estado
físico e metal do detido por ocasião da autuação), podendo relaxá-la, se não for
legal, facultando-se ao preso requerer à autoridade policial a realização de
exame de corpo de delito. Quanto ao tempo de duração, a prisão não poderá
ser superior a 10 dias, salvo quando autorizada pelo Judiciário, vedando-se,
ademais, a incomunicabilidade do preso. Por fim, cabe registrar a previsão
constitucional para ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos
durante o estado de defesa, no caso de calamidade pública, respondendo a
União pelos danos e custos decorrentes.
77
perigo público, ou de outra emergência que ameace a independência ou
segurança do Estado-parte, este poderá adotar as disposições que, na medida
e pelo tempo estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as
obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições
não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Direito
Internacional e não encerrem discriminação alguma fundada em motivos de
raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social. 2. A disposição precedente
não autoriza a suspensão dos direitos determinados nos seguintes artigos: 3
(direito ao reconhecimento da personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5
(direito à integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão e da servidão), 9
(princípio da legalidade e da retroatividade), 12 (liberdade de consciência e
religião), 17 (proteção da família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança),
20 (direito à nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das garantias
indispensáveis para a proteção de tais direitos. Dessa forma, embora não
reproduzidos de forma expressa na CF/88, pode-se defender a partir destes
instrumentos internacionais a limitação na restrição de direitos também na
hipótese do inciso II do art. 137.
78
50. É correto afirmar que as imunidades parlamentares recebem o mesmo
tratamento constitucional no estado de defesa e no estado de sítio?
Não. Inexiste previsão constitucional para suspensão das imunidades
parlamentares no estado de defesa. Por outro lado, o art. 53, §8°, da CF/88
afirma que no estado de sítio as imunidades irão subsistir, mas poderão ser
suspensas nos casos de atos praticados fora do Congresso Nacional, que
sejam incompatíveis com a medida. Referida suspensão se dará pelo voto de
2/3 dos membros da respectiva casa.
79
pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da
administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da
receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
serviços públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29,
de 2000).
Nas hipóteses dos incisos I, II, III e V, a intervenção se dará de forma
espontânea, agindo o Presidente da República de ofício. Nas demais
hipóteses, a intervenção será provocada, cumprindo diferenciá-las, contudo.
Quando o objetivo for garantir o livre exercício dos Poderes Executivo e
Legislativo na unidade da federação (art. 34, IV, c/c art. 36, I, primeira parte), a
intervenção será provocada por solicitação daquele Poder coacto ou impedido.
Caso a coação esteja sendo exercida contra o Poder Judiciário daquela
unidade federativa, a intervenção será provocada por requisição do STF (art.
34, IV, c/c art. 36, segunda parte), sendo certo que no caso do art. 34, VI,
quando a intervenção se se der por desobediência de ordem ou decisão
judicial, a decretação também necessitará de requisição do STF, STJ ou TSE
(art. 36, II).
Por outro lado, em se tratando de ofensa aos princípios constitucionais
sensíveis apontados nas alíneas do inciso VII, a intervenção terá como
condição para sua decretação o provimento pelo STF de representação do
PGR, através do manejo de ADI interventiva, sendo então provocada,
dependendo do provimento de representação, consignando-se que a aludida
representação será também necessária nos casos em que houver recusa à
execução de lei federal (ação de executoriedade de lei federal).
80
sendo aqui realizado pela Assembleia Legislativa, conforme previsto no art. 36,
§2, da CF/88. Não obstante, o §3° do art. 36, excepciona a necessidade de
controle no âmbito estadual nos casos em que o Tribunal de Justiça der
provimento a representação para assegurar a observância de princípios
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de
ordem ou de decisão judicial. Consigne-se, igualmente, que caso a suspensão
da execução do ato impugnado não for bastante para restabelecer a
normalidade, será decretada a intervenção no município, submetendo o
respectivo decreto à apreciação da Assembleia Legislativa.
Por fim, cabe aduzir que, especificamente no caso do Estado do Rio Grande
do Sul, os princípios cuja inobservância poderá ensejar a intervenção
encontram-se elencados no art. 15, IV, da Constituição Estadual, e são: a)
forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da
pessoa humana; e c) probidade administrativa.
56.O distrito federal pode levar a efeito a intervenção em seu âmbito? Não
há intervenção do DF no próprio DF?
Não. Ensina a doutrina que a intervenção é medida dotada de
excepcionalidade, provisoriedade e proporcionalidade, visto que causa
desequilíbrio no pacto federativo. Por tais motivos, as hipóteses de cabimento
previstas na CF são taxativas. Segundo a CF, a União intervirá nos Estados,
no Distrito Federal e nos Municípios (localizados em seus Territórios); e os
Estados intervirão em seus Municípios, nas hipóteses expressamente
elencadas (arts. 34 e 35, CF). Portanto, não há qualquer disposição na
constituição prevendo a intervenção do DF no DF, o que inviabiliza qualquer
interpretação pela possibilidade, em apreço à taxatividade. Por outro lado, o
instituto da intervenção pressupõe a atuação de um ente político de maior
abrangência sobre outro, e não em seu próprio âmbito. De outra parte, vale
lembrar que há expressa disposição constitucional vedando a divisão do DF em
Municípios (art. 32, caput, CF), não havendo qualquer possibilidade material de
intervenção por parte do ente distrital.
81
do STF, nos casos de coação exercida contra o Poder Judiciário (CF, art. 36, I,
2.ª parte); (b) requisição do STF, do STJ ou do TSE, no caso de desobediência
a ordem ou decisão judiciária (CF, art. 36, II); (c) requisição do STF quando o
tribunal der provimento a representação do Procurador-Geral da República, nos
casos de violação dos princípios constitucionais sensíveis ou de recusa à
execução de lei federal (CF, art. 36, III). Nessas hipóteses, a decretação da
intervenção é considerada um ato vinculado. O não atendimento da requisição
pelo Presidente da República poderá ser caracterizado como crime de
responsabilidade.
82
No mesmo sentido: IF 4.979 -AgR, Rel. Min. Presidente Ellen Gracie,
julgamento em 6-3-2008, Plenário, DJE de 25-4-2008.)
Precatórios judiciais. Não configuração de atuação dolosa e deliberada do
Estado de São Paulo com finalidade de não pagamento. Estado sujeito a
quadro de múltiplas obrigações de idêntica hierarquia. Necessidade de garantir
eficácia a outras normas constitucionais, como, por exemplo, a continuidade de
prestação de serviços públicos. A intervenção, como medida extrema, deve
atender à máxima da proporcionalidade. Adoção da chamada relação de
precedência condicionada entre princípios constitucionais concorrentes.” (IF
298, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 3-2-2003, Plenário, DJ
de 27-2-2004.) No mesmo sentido: IF 5.101, IF 5.105, IF 5.106, IF 5.114, rel.
min. Cezar Peluso, julgamento em 28-3-2012, Plenário, DJE de 6-9-2012.
"Representação do procurador-geral da República. Distrito Federal.
Alegação da existência de largo esquema de corrupção. Envolvimento do ex-
governador, deputados distritais e suplentes. Comprometimento das funções
governamentais no âmbito dos Poderes Executivo e Legislativo. Fatos graves
objeto de inquérito em curso no STJ. Ofensa aos princípios inscritos no art. 34,
VII, a, da CF. (...). Enquanto medida extrema e excepcional, tendente a repor
estado de coisas desestruturado por atos atentatórios à ordem definida por
princípios constitucionais de extrema relevância, não se decreta intervenção
federal quando tal ordem já tenha sido restabelecida por providências eficazes
das autoridades competentes." (IF 5.179, Rel. Min. Presidente Cezar Peluso,
julgamento em 30-6-2010, Plenário, DJE de 8-10-2010.)
83
Não tiver sido aplicado o mínimo exigido de receita municipal na
manutenção e desenvolvimento de ensino e serviço de saúde pública.
Tribunal de Justiça dar provimento a representação para observar os
princípios incluídos na Constituição Estadual ou para prover a execução de Lei,
de ordem ou decisão judicial. (Controle da Assembleia será dispensado nesta
hipótese)
* Súmula 637 do STF: Não cabe Recurso Extraordinário contra Acórdão do
Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção federal em Municípios.
PONTO 6
7. Administração pública. 7.1 Disposições gerais. 7.2 Servidores públicos.
7.3 Militares dos estados, do Distrito Federal e dos territórios.
12. Defesa do Estado e das instituições democráticas.
3- CONCEITUE ÓRGÃO:
Órgão são unidades despersonalizadas dotadas de um feixe de atribuições e
que são ocupadas por um agente público, tendo como função satisfazer o
interesse da coletividade.
“Compartimento na estrutura estatal a que são cometidas funções
determinadas, sendo integrado por agentes que, quando as executam,
manifestam a própria vontade do Estado”. (CARVALHO FILHO)
84
O STF, contudo, tem reconhecido que alguns órgãos possuem
personalidade judiciária, seria caso dos órgãos independentes que poderiam
impetrar mandado de segurança para preservar as suas prerrogativas
constitucionais.
A exceção se justifica no fato de que se o órgão não tiver competência para
preservar suas prerrogativas e se as ameaças às suas prerrogativas forem
oriundas de um ato do Chefe do Poder Executivo, a previsão constitucional a
respeito das competências do órgão impendente ficariam sem efeito.
Exemplo: Tribunais de Contas buscando a defesa de suas prerrogativas e
Tribunais de Justiça questionando atos do CNJ.
06 – DESCREVA DESCONCENTRAÇÃO:
Desconcentração é a diluição de atribuições no âmbito de uma mesma
pessoa jurídica e que resulta na criação de órgãos. Implica, portanto, na
criação de diversas unidades de competência ligadas entre si por vínculos de
hierarquia. Pode se dar em função da matéria, critério territorial ou hierarquia.
85
Seus servidores são públicos, logo há exigência de concurso público; não
pode haver acumulação (exceto em casos de professor + professor; professor
+ técnicos ou profissionais na área de saúde); seus salários se submetem ao
teto constitucional; adquirem estabilidade.
Possuem privilégios processuais e tributários inerentes à Administração
Direta (prazo em dobro para se defender; remessa ou reexame necessário;
imunidade tributária específica referente aos bens necessários ao desempenho
das atividades administrativas).
Seus débitos judiciais submetem-se ao sistema do precatório ou de
requisições de pequeno valor.
86
OAB, além de servir como órgão corporativo, também tutela os interesses da
sociedade.
Assim, conforme se manifestou o STF no julgamento da ADI 3026, a OAB
não integra a administração indireta federal e, portanto, não precisa licitar, não
precisa realizar concurso público, nem mesmo se submete ao controle do TCU.
“A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é
um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das
personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. A OAB não está
incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como
“autarquias especiais” para pretender-se afirmar equivocada independência
das hoje chamadas “agências”. Por não consubstanciar uma entidade da
Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da Administração,
nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-vinculação é formal
e materialmente necessária. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos
advogados, que exercem função constitucionalmente privilegiada, na medida
em que são indispensáveis à administração da Justiça [art. 133, CF]. É
entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção de
advogados. Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer
órgão público.”
87
Exige-se, apenas, previsão genérica na lei instituidora da empresa pública e
que estas sejam condizentes com o objeto social da empresa.
88
Há uma controvérsia doutrinária sobre a possibilidades destas entidades
sofrerem falência, em decorrência da Lei nº 11.101/2005, em seu art. 2º, I,
vedar expressamente que as empresas públicas e as sociedades de economia
mista se submetam ao regime falimentar.
De acordo com parcela da doutrina, a citada vedação se fundamenta no fato
de que, se o executivo resolve criar uma empresa pública ou uma sociedade de
economia mista, com base numa avaliação política alicerçada em imperativo de
ordem nacional ou relevante interesse público, não seria razoável que um
credor privado pudesse fazer cessar as suas atividades, se sobrepondo ao
interesse da coletividade na manutenção daquelas entidades.
Contudo, o entendimento que predomina, defendido, inclusivo, por Celso
Antonio e Carvalho Filho, é o que quando a entidade de direito privado da
administração indireta explorar uma atividade econômica em regime de
concorrência, ela não poderá ter um regime que seja muito diferente daquele
dispensado aos particulares, logo, se submetem ao regime de falência.
89
5. A intromissão do Poder Legislativo no processo de provimento das
diretorias das empresas estatais colide com o princípio da harmonia e
interdependência entre os poderes. A escolha dos dirigentes dessas empresas
é matéria inserida no âmbito do regime estrutural de cada uma delas.
6. Pedido julgado parcialmente procedente para dar interpretação conforme
à Constituição à alínea d do inciso XXIII do artigo 62 da Constituição do Estado
de Minas Gerais, para restringir sua aplicação às autarquias e fundações
públicas, dela excluídas as empresas estatais, todas elas.”
90
Para uma segunda corrente, as fundações públicas seriam pessoas de
direito privado por expressa previsão legal. Além disso, apontam que tanto o
art. 5º, IV, quanto o art. 37, XIX, da CF, preveem que as fundações públicas são
criadas de uma maneira muito semelhante ao processo de criação de pessoas
privadas. Por fim, apontam, também, que, quando o Código Civil arrolou as
pessoas de direito público, deixou de mencionar as fundações.
Para a terceira corrente, adotada pelo STF, existem dois tipos de fundações,
as públicas e as privadas (o que será determinado pelo exame do regime
jurídico estabelecido na lei que a criou, se há atribuição de titularidade de poder
público, a fundação será necessariamente pública).
No RE nº 101.126, o STF chegou a decidir que “nem toda fundação
instituída pelo Poder Público é fundação de direito privado. – Às fundações,
instituídas pelo poder público, que assumem a gestão de serviço estatal e se
submetem a regime administrativo previsto, nos estados-membros, por leis
estaduais são fundações de direito público, e, portanto, pessoas jurídicas de
direito público – Tais fundações são espécie do gênero autarquia, aplicando-se
a elas a vedação a que alude o parágrafo. 2. Do art. 99 da Constituição
Federal”.
De acordo com a terceira corrente, portanto, existem as Autarquias
Fundacionais: de regime público, as quais se assemelham às autarquias,
distinguindo-se destas tão somente em relação ao substrato básico sobre que
se assentam, são criadas por lei, podendo, inclusive, exercer poder de polícia;
e as Fundações Governamentais: sua criação é autorizada por lei, possuem
regime jurídico híbrido – regime privado derrogado por algumas normas de
direito público –, assemelham-se ao regime das empresas públicas, e por isso
os seus bens serão penhoráveis, seu vínculo com os seus empregadores será
o da CLT e poderão ser processadas perante o Juízo comum.
23 – O QUE É 3º SETOR?
É um setor integrado por particulares que desempenham atividades de
colaboração com a administração pública, desempenhando atividades próprias
da administração, sem almejar qualquer finalidade lucrativa. São exemplos
mais marcantes desses, os serviços sociais autônomos, as organizaçãos
sociais e as organizações da sociedade civil de interesse público.
91
24 – O QUE SÃO SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS?
Também chamadas de pessoas de cooperação ou colaboração
governamental, são pessoas jurídicas administradas por particulares e criadas
com autorização legislativa, mas que, apesar de desempenharem funções que
poderiam ser, em tese, também desempenhadas pela própria Administração
Pública, não integram a administração indireta.
(Observar que há decisão antiga do STF afirmando que os serviços sociais
autônomos seriam entidades da administração indireta – ADI 1864-2004 –
porém tal entendimento encontra-se superado).
Assim, por não integrarem a administração indireta, não precisam remunerar
seus empregados com observância do teto de remuneração, nem precisam
observar a Lei 8.666/93, segundo entendimento referendado pelo TCU.
Conflitos envolvendo os serviços sociais autônomos serão sempre decididos
pela Justiça Estadual, ainda que recebam tributos federais (SUM 516 – STF).
92
pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e saúde.
93
O grau de autonomia de cada autarquia criada no Brasil não pode ser
extraído de lições doutrinárias ou dispositivos constitucionais, mas das
respectivas leis de criação.
31– QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE SEUS DIRIGENTES?
Possuem mandato fixo, e se somente perderão o mandato em caso de
renúncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de processo
administrativo disciplinar.
O ex-dirigente fica impedido para o exercício de atividades ou de prestar
qualquer serviço no setor regulado pela respectiva agência, por um PERÍODO
DE QUATRO MESES, contados da exoneração ou do término do seu mandato.
94
1. O QUE SIGNIFICA A EXPRESSÃO AGENTE PÚBLICO? DIFERENCIE
SERVIDOR PÚBLICO E EMPREGADO PÚBLICO. O QUE SIGNIFICA A
EXPRESSÃO FUNCIONÁRIO PÚBLICO?
A expressão agente público tem significado amplo, englobando toda pessoa
física que exerça, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função pública. Abrange as funções
políticas ou meramente administrativa.
O agente público é a pessoa natural mediante a qual o Estado se faz
presente. O agente manifesta a vontade que é imputada ao Estado.
Servidor público, em sentido estrito, é o termo utilizado para identificar
aqueles agentes que mantêm situação funcional com o Estado em regime
estatutário (legal). São titulares de cargos públicos, efetivos ou em comissão,
sempre sujeitos a regime de direito público.
Empregado público são os agentes públicos que, sob regime contratual
trabalhista (celestista), mantêm vínculo funcional permanente com a
administração pública. São os ocupantes de empregos públicos, sujeitos,
predominantemente, a regime jurídico de direito privado.
A expressão funcionário público não foi utilizada no texto constitucional
tendo sido suprimida. Contudo, permanece o uso da expressão no Código
Penal. Assim, para fins penais, a expressão funcionário público é ampla,
correspondendo à expressão agente público.
95
Enquadram-se nesta categoria os concessionários e permissionários públicos,
os leiloeiros, os tradutores públicos, entre outros.
Agentes credenciados são aqueles que recebem a incumbência da
administração para representá-la em determinado ao ou praticar certa atividade
específica, mediante representação do Poder Público credenciante.
Quanto ao enquadramento do Defensor Público como agente público existe
divergência doutrinária acerca do assunto. Na opinião de Carvalho Filho, o que
caracterizaria o agente político não seria o simples fato de haver previsão
constitucional, “mas sim, o de exercerem efetivamente (e não eventualmente)
função política, de governo e administração, de comando e, sobretudo, de
fixação das estratégias de ação”, razão pela qual considera que os membros
do Ministério Público e dos Tribunais de Contas não se enquadrariam nessa
categoria. Considera que os agentes políticos possuem uma função transitória
e política, ao passo que os demais possuam relação de caráter profissional, de
permanência nos cargos, com ingresso na carreira mediante concurso público,
ao invés de processo eletivo.
Não obstante o abalizado entendimento, segundo Sérgio Luiz Junkes, “o
traço distintivo dos agentes políticos reside no fato de: (a) exercerem
atribuições constitucionais, com (b) plena liberdade funcional e de acordo
com prerrogativas e responsabilidades próprias”. O que caracteriza o
Defensor Público como agente político são suas garantias, prerrogativas e
competências. Estas o colocam em situação da mais complexa autonomia e
independência funcional, que, exercida dentro dos parâmetros da legalidade,
torna0se oponível a todos os que pretendessem realizar qualquer tipo de
ingerência externa em sua atuação, inclusive relativamente aos demais
agentes políticos. Tudo isso, aliado à vocação para transformação social –
inerente à sua atuação – leva à conclusão de que pode realmente ser
considerado um agente político.
Logo, apesar de o Defensor Público Geral estar no ápice da pirâmide e a ele
estarem todos os membros da DP subordinados hierarquicamente, esta
subordinação é apenas sob o ponto de vista administrativo.
Desse modo, tendo em vista o princípio da independência funcional, os
defensores públicos são agente políticos do Estado. De igual modo, consoante
o preceito da unidade e da indivisibilidade, a Defensoria Pública corresponde a
um todo orgânico, não estando sujeita a rupturas ou fracionamentos, de forma
que aos defensores públicos permite-se, no exercício do mister de patrocinar a
assistência jurídica gratuita aos necessitados, substituir-se uns aos outros,
independentemente de qualquer autorização do defensor público geral, haja
vista que atuam sempre sob a ótica dos mesmos fundamentos e finalidades.
Portanto, assim como os membros da Magistratura e Ministério Público, os
defensores públicos também são agentes políticos do Estado.
Assim, temos que são a natureza e a extensão de sua competência e
finalidade que, juntamente com as garantias e prerrogativas estabelecidas
constitucionalmente, tornam o Defensor Público um agente político de
transformação social (Paulo Galliez), capaz de interferir na realidade social por
meio de seu ativismo jurídico, estando, portanto, em situação de simetria em
relação aos demais órgãos do Sistema de Justiça Brasileiro, integrantes do
Poder Judiciário e do Ministério Público.
96
Conforme o art. 37, II, da Constituição, a partir da Emenda Constitucional
19/1998, é possível que os estrangeiros ocupem cargos, empregos e funções
públicas na administração, na forma da lei. Contudo, alguns cargos são
privativos de brasileiros natos, não podendo ser ocupados por estrangeiros ou
brasileiros naturalizados. São eles o de Presidente e Vice-presidente da
República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado
Federal, Ministro do Supremo Tribunal Federal, carreira diplomática, oficial das
forças armadas e Ministro de Estado da Defesa.
97
A redação originária da CF/88 já previa a existência de um teto
remuneratório, mas o dispositivo constitucional não era autoaplicável. Assim,
na prática, o teto só foi implementado com a EC n.° 41/2003. O teto
remuneratório foi evoluindo da seguinte forma:
· Redação original da CF/88: previa, no inciso XI do art. 37, que cada ente
da Federação deveria editar sua própria lei fixando o teto remuneratório dos
servidores públicos. Na prática, o teto não era exigido porque segundo a
jurisprudência o inciso XI não era autoaplicável já que dependia de lei para
produzir todos seus efeitos.
· EC 19/98: alterou esse inciso estabelecendo que o teto remuneratório seria
um só para todos os servidores públicos do país, sendo este limite o subsídio
mensal dos Ministros do STF. Na prática, o teto continuava não sendo exigido
porque ainda não havia lei.
· EC 41/2003: alterou novamente o inciso XI trazendo duas novidades
importantes: 1) passou a admitir que os Estados e Municípios instituíssem
subtetos estaduais e municipais; 2) previu que, mesmo sem lei
regulamentando, o teto remuneratório deveria ser imediatamente aplicado
utilizando-se como limite o valor da remuneração recebida, na época, pelo
Ministro do STF (art. 8º da EC 41/2003).
· EC 47/2005: acrescentou o § 11 ao art. 37 estabelecendo que estão fora do
limite do teto as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
O art. 9º da EC n.° 41/2003 determinou que qualquer remuneração ou
proventos que estivessem sendo recebidos acima do teto deveriam ser
imediatamente reduzidos ao limite fixado, não podendo a pessoa invocar direito
adquirido.
Entretanto, houve controvérsia se tal disposição violaria o Princípio da
Irredutibilidade do vencimento ou mesmo o direito adquirido.
O STF decidiu, em sede de repercussão geral, que o teto estabelecido pela
EC 41/2003 é de eficácia imediata e todas as verbas de natureza
remuneratória recebidas pelos servidores públicos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios devem se submeter a ele, ainda que
adquiridas de acordo com regime legal anterior.
Segundo o STF, a garantia da irredutibilidade de remuneração/proventos não
impede a aplicação imediata do teto de retribuição. Isso porque o próprio texto
constitucional, ao tratar sobre o princípio da irredutibilidade, ressalva
expressamente o inciso XI do art. 37, deixando claro que é possível a redução
da remuneração/proventos para aplicação do teto de retribuição. Nesse
sentido, confira o art. 37, XV, art. 95, III e art. 128, § 5º, I, “c”.
O art. 5º, XXXVI (“a lei não prejudicará o direito adquirido”) também não
pode ser invocado para excepcionar a imposição do teto de retribuição.
Segundo o STF, a cláusula da irredutibilidade somente pode ser invocada se
a remuneração que estava sendo recebida pelo servidor estava em
conformidade com a CF/88. Desse modo, os vencimentos acima do teto
constitucional, ainda que com o beneplácito de disciplinas normativas
anteriores, não estão amparados pela regra da irredutibilidade.
O pagamento de remunerações superiores aos tetos de retribuição, além de
se contrapor aos princípios da moralidade, da transparência e da austeridade
na administração dos gastos com custeio, representa gravíssima quebra da
coerência hierárquica essencial à organização do serviço público.
98
8. O DIREITO DO SERVIDOR PÚBLICO DE RECEBER VALOR NUNCA
INFERIOR AO SALÁRIO MÍNIMO ABARCA O VENCIMENTO BÁSICO OU A
REMUNERAÇÃO?
O direito ao salário-mínimo, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, para o fim de obediência ao postulado constitucional que assegura
aos servidores públicos pelo menos a percepção de um salário mínimo, há de
ser considerada a remuneração do servidor, e não o seu vencimento básico.
Por outras palavras, não é necessário que o vencimento básico corresponda ao
salário mínimo; basta que a remuneração do servidor (vencimento básico +
vantagens pecuniárias permanentes) alcance o valor do salário mínimo.
Esta orientação está hoje sedimentada na Súmula Vinculante 16: Os artigos
7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-se ao total da
remuneração percebida pelo servidor público.
99
Desta forma, foi gerada a seguinte dúvida: o estágio probatório continua
sendo de 24 meses? Estabilidade e estágio probatório são institutos
dependentes, interligados?
Se os institutos forem independentes, eles podem ter prazos diferentes. A
estabilidade é de 03 anos, mas o estágio probatório continua sendo de 24
meses. O art. 20 da Lei 8112/90 foi recepcionado pela EC 19/98. Esta é a
posição do Congresso Nacional.
Prevalece na doutrina que os institutos (estabilidade e estágio probatório)
são dependentes. E por esta razão, eles precisam ter o mesmo prazo. O prazo
para aquisição da estabilidade é de 3 anos. Logo, o prazo do estágio probatório
deve ser também de 3 anos.
Assim, o art. 20 da Lei 8112 não foi recepcionado pela EC 19/98, porque
materialmente incompatível.
Esta é a jurisprudência do STF, do STJ e a orientação do CNJ. A AGU tem
parecer vinculante para o Poder Executivo federal no sentido de que o prazo de
estágio probatório deve ser de 03 anos.
100
públicos que ingressaram no serviço público antes da EC 19/98. Ressalte-se
que os empregados de PJ de Direito Privado nunca tiveram e hoje ainda não
têm estabilidade.
101
respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da
contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas,
respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos
depósitos do FGTS.
O STF, em recente julgamento no RE 705140, entendeu que o art. 19-A da
Lei nº 8.036/90 não afronta a CF/88. Isso porque mesmo sendo declarada a
nulidade da contratação, nos termos do § 2º do art. 37 da CF/88, é certo que
este fato jurídico existiu e produziu efeitos residuais.
O STF tem levado em consideração a necessidade de se garantir a fatos
nulos, mas existentes juridicamente, os seus efeitos.
Não é possível aplicar, neste caso, a teoria civilista das nulidades, de modo
a retroagir todos os efeitos desconstitutivos dessa relação.
Se houver irregularidade na contratação de servidor sem concurso público, o
responsável, comprovado dolo ou culpa, deve responder regressivamente, nos
termos do art. 37 da CF/88, de forma que não haja prejuízo para os cofres
públicos.
ATENÇÃO: Segundo o STJ, não é devido o depósito do FGTS na conta
vinculada do trabalhador cujo contrato de trabalho temporário efetuado com a
Administração Pública sob o regime de "contratação excepcional" tenha sido
declarado nulo em razão da falta de realização de concurso público (1ª Turma.
AgRg nos EDcl no AREsp 45.467-MG, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado
em 5/3/2013).
102
1. OS MEMBROS DAS POLÍCIAS MILITARES E CORPO DE BOMBEIROS
MILITARES SÃO DE QUAIS ENTES?
São militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (art. 42, CF).
103
O CN realiza verdadeiro controle político da medida. Cabe ao órgão
legislativo decidir, por maioria absoluta, acerca da decretação do estado de
defesa ou sua prorrogação. Ademais, uma comissão composta de 5 membros
da mesa do CN acompanhará e fiscalizará as medidas adotadas. Finalmente,
cessado o estado de defesa, o Presidente da República remeterá mensagem
ao CN, especificando e justificando as providências adotadas, que serão
apreciadas pelo dito órgão legislativo.
104
justificando as providências adotadas, além da relação nominal dos atingidos, o
que será apreciado pelo CN.
PONTO 7
8. Organização dos poderes no Estado. 8.1 Mecanismos de freios e
contrapesos. 8.2 Poder Legislativo. 8.2.1 Estrutura, funcionamento e
atribuições. 8.2.2 Comissões parlamentares de inquérito. 8.2.3
Fiscalização contábil, financeira e orçamentária. 8.2.4 Tribunal de Contas
da União (TCU). 8.2.5 Processo legislativo. 8.2.6 Prerrogativas
parlamentares. 8.3 Poder Executivo. 8.3.1 Presidente da República. 8.3.1.1
Atribuições, prerrogativas e responsabilidades. 8.3.2 Ministros de Estado.
8.3.3 Conselho da República e de Defesa Nacional.
105
2. [TJPE 2014 - José Levi]. Imunidade material de deputado é absoluta?
NÃO. O STF entende que a imunidade parlamentar material (art. 53 da
CF/88) só é absoluta quando as afirmações de um parlamentar sobre qualquer
assunto ocorrem dentro do Congresso Nacional. No entendimento da Ministra
Rosa Weber, fora do parlamento é necessário que as afirmações tenham
relação direta com o exercício do mandato.
Recapitulando:
Ofensas feitas DENTRO do Parlamento: a imunidade é absoluta. O
parlamentar é imune mesmo que a manifestação não tenha relação direta com
o exercício de seu mandato.
Ofensas feitas FORA do Parlamento: a imunidade é relativa. Para que o
parlamentar seja imune é necessário que a manifestação feita tenha relação
com o exercício do seu mandato.
Existem outros precedentes nesse sentido:
“A palavra 'inviolabilidade' significa intocabilidade, intangibilidade do
parlamentar quanto ao cometimento de crime ou contravenção. Tal
inviolabilidade é de natureza material e decorre da função parlamentar, porque
em jogo a representatividade do povo. (...)
Assim, é de se distinguir as situações em que as supostas ofensas são
proferidas dentro e fora do Parlamento. Somente nessas últimas ofensas
irrogadas fora do Parlamento é de se perquirir da chamada 'conexão com o
exercício do mandato ou com a condição parlamentar' (Inq 390 e 1.710). Para
os pronunciamentos feitos no interior das Casas Legislativas não cabe indagar
sobre o conteúdo das ofensas ou a conexão com o mandato, dado que
acobertadas com o manto da inviolabilidade. Em tal seara, caberá à própria
Casa a que pertencer o parlamentar coibir eventuais excessos no desempenho
dessa prerrogativa. No caso, o discurso se deu no plenário da Assembleia
106
Legislativa, estando, portanto, abarcado pela inviolabilidade. Por outro lado, as
entrevistas concedidas à imprensa pelo acusado restringiram-se a resumir e
comentar a citada manifestação da tribuna, consistindo, por isso, em mera
extensão da imunidade material.” (STF. Plenário. Inq 1.958, Rel. p/ o ac. Min.
Ayres Britto, julgado em 29/10/2003).
107
como formal.
108
Registre-se, por fim, que a sessão conjunta não se confunde com a
sessão unicameral, pois, nesta última, canto a vocação quanto a apuração dos
votos ocorrem em conjunto, como se estivéssemos perante a uma Casa
Legislativa única. Vale lembrar que a sessão unicameral foi utilizada no ano de
1993, quando da realização da revisão constitucional, nos termos do are. 3° do
ADCT.
109
8. [O que é iniciativa vinculada no âmbito do processo legislativo?]
Absolutamente excepcional e dependente de previsão constitucional
expressa, envolve as situações nas quais o legitimado é obrigado a dar início
ao processo legislativo, na forma e nos prazos estabelecidos pela Constituição.
Exemplo: são vinculadas as iniciativas para apresentação dos projetos das leis
orçamentárias (Lei do Plano Plurianual - PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias -
LDO, Lei do Orçamento Anual - LOA), que devem ser apresentados ao
Legislativo, privativamente pelo chefe do Executivo, nos prazos estabelecidos
pela Constituição.
110
genérica do Tribunal de Contas posta no art. 71 c/c art. 75. Vejamos parte do
julgado do STF:
"Municípios e Tribunais de Contas. A Constituição da República impede que
os Municípios criem os seus próprios Tribunais, Conselhos ou órgãos de contas
municipais (CF, art. 31, § 4º), mas permite que os Estados-membros, mediante
autônoma deliberação, instituam órgão estadual denominado Conselho ou
Tribunal de Contas dos Municípios (RTJ 135/457, Rel. Min. Octavio Gallotti –
ADI 445/DF, Rel. Min. Néri da Silveira), incumbido de auxiliar as Câmaras
Municipais no exercício de seu poder de controle externo (CF, art. 31, § 1º).
Esses Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios – embora qualificados
como órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º) – atuam, onde tenham sido
instituídos, como órgãos auxiliares e de cooperação técnica das Câmaras de
Vereadores. A prestação de contas desses Tribunais de Contas dos Municípios,
que são órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º), há de se fazer, por isso mesmo,
perante o Tribunal de Contas do próprio Estado, e não perante a Assembleia
Legislativa do Estado-membro. Prevalência, na espécie, da competência
genérica do Tribunal de Contas do Estado (CF, art. 71, II, c/c o art. 75).” (ADI
687, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 2-2-1995, Plenário, DJ de 10-2-
2006.)
Obra Consultada: Manual de Direito Constitucional (2015) – Nathália
Masson
Complemento ao material TJ/PE 2015
111
Constituições Estaduais, em sua maioria, a explicitar em seus textos, a favor do
chefe do Executivo, exatamente as mesmas três imunidades formais previstas
para o Presidente da República. A justificativa foi o princípio da simetria.
O desacerto das previsões estaduais está na circunstância de as imunidades
relativas à prisão e à cláusula de irresponsabilidade penal relativa terem sido
concedidas ao Presidente da República na qualidade de chefe de Estado, o
que as torna inaplicáveis às demais esferas da federação. Nesse contexto, as
imunidades presidenciais supramencionadas não são partilhadas com os
Governadores, de forma que os dispositivos das Constituições Estaduais que
as trouxerem são considerados inconstitucionais.
Este é, precisamente, o entendimento do STF (Conforme decidiu o STF na
ADI 978-PB, Rei. p/ o acórdão Mln. Celso de Mello).
Por outro lado, quanto à imunidade relativa à necessária e prévia
autorização do Poder Legislativo para averiguação da conveniência do
processamento do chefe do Executivo, entende o STF que foi outorgada ao
Presidente enquanto chefe de Governo, o que a torna aplicável nas esferas
estadual e distrital. Desta forma, e desde que referida imunidade esteja prevista
no documento constitucional respectivo, Governadores somente serão
processados se antes for dada a aquiescência da Casa Legislativa.
Já os Prefeitos Municipais não podem fruir de nenhuma das imunidades
supramencionadas.
112
ser adotado. (Caros colegas, o texto seguinte foi retirado do Dizer o
Direito. Pela qualidade da redação, sugiro leitura integral)
Previsão do procedimento
O procedimento de impeachment do Presidente da República é previsto em
alguns artigos da CF/88 e também na Lei nº 1.079/50.
113
Qualquer cidadão no pleno gozo de seus direitos políticos. Veja o que diz a
Lei nº 1.079/50:
Art. 14. É permitido a qualquer cidadão denunciar o Presidente da República
(...) por crime de responsabilidade, perante a Câmara dos Deputados.
114
Assim, seu papel no recebimento dessa denúncia não é meramente
burocrático, havendo um juízo decisório. Nesse sentido, confira precedente do
STF:
(...) a competência do Presidente da Câmara dos Deputados e da Mesa do
Senado Federal para recebimento, ou não, de denúncia no processo de
impeachment não se restringe a uma admissão meramente burocrática,
cabendo-lhes, inclusive, a faculdade de rejeitá-la, de plano, acaso entendam
ser patentemente inepta ou despida de justa causa. (...)
STF. Plenário. MS 30672 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
15/09/2011.
115
Depois de apresentada a defesa, a comissão tem um prazo de 5 sessões
para apresentar o parecer.
O Plenário da Câmara irá, então, votar se deverá ser aberto ou não o
processo de impeachment.
Escolha da comissão
No dia 08/12/2015, os Deputados Federais, por meio de eleição, escolheram
os Deputados que iriam compor a comissão especial para analisar o pedido de
impeachment.
Aqui houve duas grandes polêmicas:
1ª) Em uma reunião com os líderes dos partidos políticos, ficou acertado que
cada líder iria designar os representantes da agremiação para compor a
comissão. Assim, haveria uma única "chapa". Ocorre que depois que essa
"chapa" foi formada, a oposição entendeu que ela só estava contemplando
Deputados ligados ao governo e, por isso, lançou uma "chapa" avulsa, com
outros nomes. Houve grande tumulto quanto a isso, mas, ao final, a votação foi
mantida e a chamada "chapa" avulsa sagrou-se vencedora.
2ª) A votação para a escolha dos representantes da comissão foi com voto
secreto, com base no Regimento Interno da Câmara. A CF/88 não trata sobre
essa votação, de modo que não diz expressamente se ela deve ser secreta ou
aberta. Os Deputados governistas defenderam a tese de que, como a
Constituição não afirma que essa votação é secreta, ela deverá ser aberta,
considerando que esta é a regra geral. Os Deputados da oposição, por sua
vez, afirmaram que, diante do silêncio da Constituição, vale o que diz o
Regimento Interno da Casa.
ADPF 378
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) ingressou, no STF, com Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) pedindo o reconhecimento
da ilegitimidade constitucional de dispositivos e interpretações da Lei nº
1.079/50.
Foram formulados, dentre outros, os seguintes pedidos principais:
1) Defesa prévia da Presidente da República
O partido alegou que, mesmo sem previsão na Lei nº 1.079/50, antes do
Presidente da Câmara ter recebido a denúncia, ele deveria ter concedido a
oportunidade de a Presidente da República apresentar uma defesa prévia.
Para o partido, é necessário que a Lei nº 1.079/50 seja reinterpretada de
acordo com a CF/88.
2) Anulação da escolha da comissão especial ocorrida no dia 08/12/2015
O partido pediu a anulação da eleição da comissão especial em virtude de
ter sido realizada mediante voto secreto e pelo fato de ter sido apresentada
chapa avulsa, contrariando aquilo que havia sido deliberado pelos líderes
partidários.
3) Ilegitimidade dos dispositivos dos Regimentos Internos da Câmara e do
Senado que tratam sobre o impeachment
A Lei nº 1.079/50 prevê, em seu art. 38, que, em caso de lacuna da Lei,
deverão ser aplicadas ao processo de impeachment as regras presentes nos
Regimentos Internos da Câmara dos Deputados e do Senado federal.
O partido alegou que esse art. 38 não foi recepcionado pela CF/88,
considerando que ela exige, no art. 85, parágrafo único, que as normas de
116
processo e julgamento dos crimes de responsabilidade sejam previstas em lei
(não valendo, portanto, Regimento Interno).
117
possível propor uma única ação direta, no caso, a ADPF, cumulando pedidos
para: a) não recepção de norma anterior à Constituição (Lei nº 1.079/50); b)
declaração da inconstitucionalidade de normas posteriores (regimentos
internos); c) superação da omissão parcial inconstitucional.
Não seria razoável exigir que fossem propostas três ações diferentes para
atingir os três objetivos acima, sendo que todos eles estão interligados e
devem ser apreciados e decididos conjuntamente.
Neste caso, diante da proibição de ADI contra normas anteriores à CF/88, a
ADPF é a ação que melhor engloba essas três pretensões.
118
Depois de ter sido formada a comissão pela indicação dos líderes, esta
chapa única poderá ser submetida à votação do Plenário da Casa para
aprovação. Esta votação do Plenário, contudo, deverá se dar por voto aberto.
Segundo decidiu o STF, no processo de impeachment, as votações devem
ser abertas, de modo a permitir maior transparência, accountability e
legitimação. No silêncio da Constituição, da Lei 1.079/50 e do Regimento
Interno sobre a forma de votação, deve-se adotar a votação aberta. O sigilo do
escrutínio é incompatível com a natureza e a gravidade do processo por crime
de responsabilidade. Em processo de tamanha magnitude, que pode levar o
Presidente a ser afastado e perder o mandato, é preciso garantir o maior grau
de transparência e publicidade possível.
Resumindo, com a decisão do STF, a Câmara terá de constituir uma nova
comissão, que será escolhida pelo voto aberto dos Deputados, havendo, no
entanto, uma chapa única com nomes indicados pelos líderes partidários. A
votação será apenas se a chapa única é aprovada ou não.
119
No regime atual, a Câmara não funciona como um “tribunal de pronúncia”,
mas apenas implementa ou não uma condição de procedibilidade para que a
acusação prossiga no Senado.
A atuação da Câmara dos Deputados deve ser entendida como parte de um
momento pré-processual, isto é, anterior à instauração do processo pelo
Senado. Nas palavras do Min. Roberto Barroso: "a Câmara apenas autoriza a
instauração do processo: não o instaura por si própria, muito menos determina
que o Senado o faça".
Os arts. 23, §§ 1º e 5º; 80 e 81, da Lei nº 1.079/50 não foram recepcionados
por serem incompatíveis com os arts. 51, I; 52, I; e 86, § 1º, II, da CF/1988.
Votaram neste sentido: Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz
Fux, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de Mello.
Assim, apresentada denúncia contra o Presidente da República por crime de
responsabilidade, compete à Câmara dos Deputados decidir se autoriza ou não
a instauração de processo:
Resumindo:
O que diz a CF/88 O que diz o STF
Art. 51. Compete privativamente à Essa autorização não deve ser
Câmara dos Deputados: entendida como recebimento da
I - autorizar, por dois terços de seus denúncia, em sentido técnico.
membros, a instauração de processo Caberia à Câmara apenas verificar se
120
contra o Presidente (...) há condição de procedibilidade, ou
seja, se a acusação deve ser
admitida. Essa decisão da Câmara
não vincula o Senado.
Quem decide se instaura ou não o
processo é o Senado.
Art. 52. Compete privativamente ao Quando a CF/88 fala em “processar” o
Senado Federal: Presidente, isso significa que cabe ao
I - processar e julgar o Presidente e o Senado decidir se deve ou não
Vice-Presidente da República nos processar (se deve ou não instaurar o
crimes de responsabilidade (...) processo).
O recebimento da denúncia no
processo de impeachment ocorre
apenas após a decisão do Plenário do
Senado.
A decisão da Câmara não obriga o
Senado a instaurar o processo.
121
a) que tiver parentesco consanguíneo ou afim, com o acusado, em linha reta;
em linha colateral, os irmãos cunhados, enquanto durar o cunhado, e os primos
coirmãos;
b) que, como testemunha do processo tiver deposto de ciência própria.
STF. Plenário. ADPF 378/DF, Redator para acórdão Min. Roberto Barroso,
julgado em 16 e 17/12/2015.
122
SENADO FEDERAL
• Chegando o processo no Senado, deverá ser instaurada uma comissão
especial de Senadores para analisar o pedido de impeachment e preparar um
parecer (arts. 44 a 46 da Lei nº 1.079/50, aplicados por analogia).
• Esse parecer será votado pelo Plenário do Senado, que irá decidir se deve
receber ou não a denúncia que foi autorizada pela Câmara.
• Assim, o Senado, independentemente da decisão da Câmara, não é obrigado
a instaurar o processo de impeachment, ou seja, pode rejeitar a denúncia.
• Se rejeitar a denúncia, haverá o arquivamento do processo.
• Se receber, iniciará a fase de processamento, com a produção de provas e,
ao final, o Senado votará pela absolvição ou condenação do Presidente.
• A decisão do Senado que decide se instaura ou não o processo se dá pelo
voto da maioria simples, presente a maioria absoluta de seus membros. Aplica-
se aqui, por analogia, o art. 47 da Lei nº 1.079/50. Assim, devem estar
presentes no mínimo 42 Senadores no dia da sessão (maioria absoluta de 81)
e, destes, bastaria o voto de 22 Senadores.
• Se o Senado aceitar a denúncia, inicia-se a instrução probatória e o
Presidente da República deverá ser afastado do cargo temporariamente (art.
86, § 1º, II, da CF/88). Se, após 180 dias do afastamento do Presidente, o
julgamento ainda não tiver sido concluído, cessará o seu afastamento e ele
reassumirá, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
• A defesa tem direito de se manifestar após a acusação: no curso do
procedimento de impeachment, o Presidente terá a prerrogativa de se
manifestar, de um modo geral, após a acusação.
• O interrogatório deve ser o ato final da instrução probatória: o interrogatório
do Presidente, instrumento de autodefesa que materializa as garantias do
contraditório e da ampla defesa, deve ser o último ato de instrução do processo
de impeachment.
• Ao final do processo, os Senadores deverão votar se o Presidente deve ser
condenado ou absolvido. Para que seja condenado, é necessário o voto de 2/3
dos Senadores.
• Se for condenada, a Presidente receberá duas sanções: a) perda do cargo; b)
inabilitação para o exercício de funções públicas por 8 anos. Além disso,
poderá ser eventualmente denunciado criminalmente pelo Ministério Público.
• Caso seja condenado, quem assume é o Vice-Presidente, que irá completar o
mandato (não é necessária a convocação de novas eleições).
PONTO 8
9. Poder Judiciário: a) funções, organização, competências e
funcionamento; b) estatuto da magistratura e seus princípios
informativos; c) garantias institucionais da função judicial; d) precatórios;
e) jurisdição constitucional do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal de
Justiça do Estado do Maranhão; f) súmula vinculante; g) Conselho
Nacional de Justiça; h) responsabilidade do Estado por atos
jurisdicionais; i) o papel do tribunal constitucional na efetivação da
Justiça; j) políticas públicas e controle jurisdicional.
123
O Judiciário aplica a lei ao caso concreto, substitui a vontade das partes e
resolve o conflito com a força definitiva. Além disso, o Judiciário garante a força
normativa da CF; concretiza direitos fundamentais; faz mediação nos conflitos
entre os demais poderes; e ainda é responsável pela chamada legislação
judicial, que se dá através de súmula vinculante; sentenças aditivas; mandado
de injunção.
124
mandado de segurança, mandado de injunção, habeas data e habeas corpus.
Assim, as demais ações contra CNJ e CNMP seriam submetidas às regras
processuais comuns (Informativo 755 do STF).
Além disso, já se decidiu que o STF não tem competência para processar e
julgar ações decorrentes de decisões negativas do CNMP e do CNJ. Isso
porque como o conteúdo da decisão do CNJ/CNMP foi “negativo”, ele não
decidiu nada. Se não decidiu nada, não praticou nenhum ato. Se não praticou
nenhum ato, não existe ato do CNJ/CNMP a ser atacado no STF (Informativo
784 do STF).
125
preenche o requisito, pois se trata de matéria infraconstitucional. Neste caso, o
silêncio dos ministros presume a concordância com o relator pela rejeição do
recurso.
126
É cabível o ajuizamento de reclamação contra decisão que teria afrontado
entendimento firmado pela Corte em sede de recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida?
NÃO, segundo o STF não admite o ajuizamento de reclamação em tal caso,
porquanto a via estreita da reclamação presta-se à garantia da efetividade de
Súmula Vinculante ou de decisão proferida na lide individual de que se
trata. Cabe aos juízes e desembargadores respeitar a autoridade da decisão
tomada em sede de repercussão geral, na medida em que, no exercício de sua
função, deveriam observar o entendimento do STF.
Nas palavras da corte: não se mostra cabível o manejo de reclamação nos
casos em que o precedente paradigma, cuja autoridade se reputa violado,
tenha sido proferido em sede de recurso extraordinário, e isso ainda que
sob o regime da repercussão geral (...). Da mesma forma, sequer é cabível
a utilização de reclamação contra o descumprimento de súmula editada
sem efeito vinculante (...), o que apenas reforça a ideia, indispensável para a
subsistência do sistema recursal, de que a reclamação não pode ser admitida
como sucedâneo de recurso de índole ordinária ou extraordinária.
127
Os Municípios também têm tal legitimação ativa, porém como legitimados
incidentais. Isso porque, os Municípios só poderão propor a edição, a revisão
ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante incidentalmente ao
curso de processo em que sejam parte, o que, contudo, não autoriza a
suspensão dos referidos processos.
128
federal, ou negar-lhes vigência; Julgar válido ATO de governo local contestado
em face de lei federal; ou der a lei federal interpretação divergente da que lhe
haja atribuído outro tribunal.
129
Pela regra da inamovibilidade (art. 95, II), garante-se ao juiz a
impossibilidade de REMOÇÃO, sem seu consentimento, de um local para
outro, de uma comarca para outra, ou mesmo sede, cargo, tribunal, câmara,
grau de jurisdição.
130
interferir no curso da apuração ou comprometer a legitimidade de sua atuação
e a higidez dos atos judiciais. (Informativo 767 do STF)
Como é escolhido o juiz de paz? Quem pode ser juiz de paz? Ele goza das
garantias da magistratura? Cite alguma atribuição do juiz de paz, além da
possibilidade de celebração de casamento. A lei estadual pode instituir
algumas competências funcionais para o juiz de paz?
Trata-se de órgão que não compõe o Poder Judiciário. A escolha do juiz de
pez se dá pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos.
Qualquer cidadão poderá ser juiz de paz, por não ser um magistrado, não goza
de suas garantias. A CF/88 estabelece que os juízes de paz poderão exercer
atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional. E por último, a CF/88 faz
uma ressalva da possibilidade de exercerem outras atribuições previstas na
legislação estadual.
131
Aurélio) ou como “o Bombril do sistema constitucional” (Min. Luiz Fux), o que
não pode ser tolerado.
132
A noção de “mínimo existencial”, que resulta, por implicitude, de
determinados preceitos constitucionais, compreende um complexo de
prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir condições
adequadas de existência digna, em ordem a assegurar, à pessoa, acesso
efetivo ao direito geral de liberdade e, também, a prestações positivas
originárias do Estado, viabilizadoras da plena fruição de direitos sociais
básicos, tais como o direito à educação, o direito à proteção integral da criança
e do adolescente, o direito à saúde, o direito à assistência social, o direito à
moradia, o direito à alimentação e o direito à segurança.
PONTO 9
10. Funções essenciais à Justiça: a) Ministério Público: regime jurídico
constitucional; b) Defensoria Pública: enquadramento constitucional,
princípios, garantias institucionais e funcionais, Defensoria Pública na
Constituição do Estado do Maranhão; c) Advocacia Pública: Advocacia da
União e Procuradorias; d) Advocacia.
133
Ao lado dos elementares Poderes Estatais, e dentro do mesmo Título IV, foi
pela Carta Magna instituído um quarto complexo orgânico, intitulado “Funções
Essenciais à Justiça” (Capítulo IV), compreendendo o Ministério Público, a
Advocacia Pública, a Advocacia Privada e a Defensoria Pública
É que os demais atores do sistema de justiça arrolados na Constituição,
mais que a nobre tarefa de provocar decisões do Poder Judiciário, têm
autônoma responsabilidade na prevalência dos valores constitucionais nos
conflitos explícitos ou latentes nas relações sociais, para que sejam
respeitados os fundamentos e buscados os objetivos impostos pela
Constituição, especialmente em seus artigos 1º e 3º.
Assim, o Ministério Público e a Advocacia privada ou pública provocam o
Poder Judiciário não como um fim em si, mas como meio para que sejam
respeitados os ditames constitucionais. Não são funções essenciais ao Poder
Judiciário, mas à Justiça. Da mesma forma deve ser compreendido o papel da
Defensoria Pública
134
liberdade para o exercício de suas funções, impedindo uma subordinação que
não seja à Constituição, às leis ou à sua própria consciência.
135
a) Vitaliciedade: O membro do MP se trona vitalício após 02 anos de
exercício, não podendo mais perder o cargo, senão por sentença judicial
transitada em julgado.
b) Inamovibilidade: O membro do MP não pode ser removido, nem mesmo
na hipótese de promoção, contra sua própria vontade, salvo por interesse
público, mediante decisão, por maioria absoluta de votos, do órgão colegiado
competente (que é o Conselho Nacional do Ministério Público), assegurada
ampla defesa.
c) Irredutibilidade de subsídio: A irredutibilidade do subsídio dos membros do
MP, além de ser uma modalidade qualificada de direito adquirido, justifica-se
como forma de evitar intimidações advindas da possibilidade de perdas
financeiras.
As vedações são as seguintes: Receber honorários, percentagens ou custas
processuais; exercer a advocacia; participar de sociedade comercial; exercer
ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de
magistério.
136
não conta com estrutura própria, sendo composto de membros do Ministério
Público Federal (MPF) e do Ministério Público Estadual (MPE)
137
suas prerrogativas institucionais e no âmbito de processos cuja natureza
justifique a sua formal participação (quer como órgão agente, quer como órgão
interveniente), dispõe, ele próprio, de legitimidade para ajuizar reclamação, em
sede originária, perante o STF. Não tem sentido, por implicar ofensa manifesta
à autonomia institucional do Ministério Público dos Estados-membros, exigir-se
que a sua atuação processual se faça por intermédio do Senhor Procurador-
Geral da República, que não dispõe de poder de ingerência na esfera orgânica
do Parquet estadual, pois lhe incumbe, unicamente, por expressa definição
constitucional (CF, art. 128, § !.º), a chefia do MPU
138
integrantes são detentores de um mandato de dois anos, admitida uma
recondução, sendo que os membros do Conselho oriundos do Ministério
Público serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei
(are. 130-A, §1°, CF/88). O Procurador-Geral da República é o Presidente do
Conselho e seu membro nato.
139
25. Quem desempenha as atividades de assessoramento jurídico no
âmbito do Poder Executivo Federal?
A atual Constituição inovou significativamente ao instituir a Advocacia-Geral
da União, atribuindo-lhe a representação da União, judicial e
extrajudicialmente, e, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua
organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
jurídico do Poder Executivo
140
30. Qual é o posicionamento do STF com relação à multa do art. 14,
parágrafo único do CPC e os advogados públicos?
O STF deu interpretação conforme a Constituição, sem redução de texto, e
fixou que a ressalva do art. 14, par. único do CPC alcança todos os advogados,
com esse título atuando em juízo, independentemente de estarem, sujeitos
também a outros regimes jurídicos.
141
(v) no mesmo sentido opera-se a não obrigatoriedade do advogado nas
causas processadas perante juizados especiais (ares. 9°, Lei nº 9.099/1995 e
10, Lei nº 10.259/2001);
(vi) tampouco exige-se a presença do advogado na J use iça de Paz;
(vii) por fim, o advogado também é dispensável no pedido de revisão
criminal apresentado pelo próprio condenado (recepção do are. 623 do CPP,
segundo o STF).
142
bono e judicare) justamente unidade de atuação e comando central
hierarquizado para planejar e coordenar o trabalho.
143
A EC 69/2012 retirou a competência da União para legislar e manter a
Defensoria Pública do Distrito Federal. A partir dessa emenda a União tem
competência para legislar e manter apenas a Defensoria Pública da União e
dos Territórios. Já o Distrito Federal tem legislativa e material para organizar a
sua própria Defensoria Pública. Inclusive, o art. 2º da Emenda prevê a
aplicação à Defensoria Pública do Distrito Federal as mesmas regras aplicáveis
às Defensorias Públicas estaduais.
144
b) Instituição democrática e de promoção dos direitos humanos: Demonstra
duas vertentes bem delineadas. A primeira vertente, de caráter interna corporis
nos reforça a necessidade de fortalecimento de mecanismos democráticos no
seio da Defensoria Pública, em especial no tocante da figura da Ouvidoria-
Geral, representando o caminho conferido à sociedade civil para se aproximar
da Defensoria Pública tendo maior participação na sua estrutura e contribuindo
para materialização do regime democrático. Em uma segunda vertente, o
reflexo do regime democrático nos obriga a reconhecer que a Defensoria
Pública deve potencializar a sua atuação de modo a fortalecer a democracia e
a própria cidadania. Por fim, a CF passa a tratar de funções de natureza típica
e atípica em seu texto, deixando expresso que a Defensoria Pública é uma
instituição com uma nova estrutura atuando na promoção de direitos humanos
e na tutela em caráter individual e coletivo do direito dos necessitados. Em sua
atuação atípica a proteção dos direitos humanos independe da condição
econômica ou social de seus titulares, em razão do caráter universal que estes
exprimem.
c) Função institucional de atuação na tutela coletiva: O fato de o constituinte
expressar no texto constitucional a legitimação coletiva da Defensoria Pública
tem grande relevância para o destino da instituição nessa seara funcional. OBS
(Franklyn Roger): No entanto, apesar da modificação do parâmetro
constitucional, não nos parece que a ADI ajuizada pela CONAMP sofra de
prejudicialidade tendente a sua extinção, pois como pedido subsidiário pede a
aplicação de interpretação conforme ao art. 5º da LACP, de modo a limitar a
atuação da instituição à tutela de interesses individuais homogêneos, onde se
torna possível a verificação dos beneficiários da decisão e sua condição de
necessitado. Sendo assim, o grande desafio da Defensoria consiste em
estabelecer a extensão do conceito de necessitado.
145
Primeiramente, vale ressaltar que a premissa “no que couber” não acarreta a
imediata reprodução de todas as normas à estrutura da Defensoria Pública.
a) A iniciativa legislativa concedida a Defensoria Pública: A EC 80/2014 não
é capaz de alterar a realidade até então consubstanciada que confere ao
Presidente da República a iniciativa de normas para a organização da
Defensoria Pública da União e normas gerais para organização das
Defensorias Públicas dos Estados. No plano da Defensoria apesar de se tratar
de uma instituição una, a realidade é que não há um órgão de hierarquia
superior na estrutura da instituição. Sendo assim, com relação às normas de
organização a competência permanecerá com o Chefe do Poder Executivo, os
Defensores Públicos Gerais terão legitimidade concorrente com aqueles, para
a propositura de normas específicas, observando-se a exigência de norma
complementar as matérias constantes no art. 93 da CF. No entanto lei que
vincule normas gerais permanece de competência do Presidente da República.
Com relação ao art. 96 II, os Defensores Públicos Gerais poderão realizar por
meio de lei a alteração do número de membros da carreira, e o número de
cargos na estrutura da instituição, como reflexo da autonomia administrativa.
Assim como, poderão propor diretamente ao Poder Legislativo a criação e
extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares, alteração do
subsídio dos seus membros e alteração das atribuições previstas em lei.
b) Novo requisito para o cargo de Defensor Público- a exigência de três anos
de atividade jurídica: O ingresso na carreira da Defensoria Pública pressupõe a
realização de concurso público de provas e títulos, com a participação da OAB,
a demonstração da atividade jurídica pelo prazo de 03 anos e o respeito a
ordem de classificação nas nomeações. Tem-se uma ampliação do tempo de
atividade jurídica, o que leva a indagação da forma de comprovação deste
período. No caso da Defensoria Pública a exigência da atividade jurídica é
satisfeita por meio da norma constante na LC 80/94 e pelas legislações
estaduais. Na eventual omissão, o Conselho Superior tem liberdade para
estabelecer os meios de comprovação. Essa norma é de aplicabilidade
imediata.
c) Promoção por antiguidade e merecimento na Defensoria Pública: O texto
constitucional se apresenta como uma norma reforço, de modo a ratificar a
legislação infraconstitucional. As disposições referentes a obrigação de
promoção dos membros que figurem por três vezes consecutivas ou cinco
alternadas na lista; pressuposto de 02 anos de exercício na classe para efeitos
de promoção, são as mesmos constantes na LC 80/94. Agora os critérios,
constitucionais, de merecimento conforme o desempenho e pelos critérios
objetivos de produtividade e presteza, são agregados aos requisitos que já
constam na LC 80/94, assim como nas normas estaduais. Outra novidade
consiste na possibilidade do Conselho Superior recusar promoção por
antiguidade, mediante voto fundamentado de 2/3 de seus membros em
procedimento próprio, assegurado ampla defesa e contraditório. Em relação
aos obstáculos à promoção, nas hipóteses em que o Defensor Público no
desempenho de suas funções retiver expedientes em seu poder além do prazo
legal, não poderá o mesmo declinar destes sem a devida manifestação. A
adaptação dessa norma constitucional pressupõe a implementação de um
sistema próprio de distribuição e controle de atendimento e processos com
vista aberta aos membros da Defensoria Pública. Por fim, deve-se observar
146
antiguidade e merecimento para promoção entre as classes da carreira da
Defensoria Pública.
d) Previsão de cursos oficiais e a criação de uma Escola Nacional para
formação e aperfeiçoamento de Defensores Públicos: A Defensoria Pública,
encarada em seu caráter uno, deverá se organizar de modo a instituir uma
Escola Nacional para aperfeiçoamento de Defensores Públicos, seja com o
propósito de ministrar os cursos oficiais que servirão de base para os critérios
de promoção, seja como fase de adaptação dos recém-ingressos na carreira.
e) A remuneração dos membros da Defensoria Pública- implementação dos
subsídio: A remuneração por meio de subsídio em parcela única, vedado o
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
representação ou outra espécie remuneratória, se aplica à Defensoria Pública.
Não se trata de uma norma constitucional de eficácia plena. Isso porque, uma
das grandes características da remuneração por meio de subsídio é a
impossibilidade de incorporação de outras verbas remuneratórias, em razão de
seu caráter exclusivo. Por tal razão, faz-se necessária a edição de norma
adaptativa de modo a readequar a remuneração dos membros da Defensoria
Pública à luz da nova espécie remuneratória, respeitando a garantia de
irredutibilidade de vencimentos, ainda que haja a modificação de regime
jurídico, de acordo com o entendimento do STF.
f) O dever de residir na comarca: Os Defensores que obtenham titularidade
de órgãos de atuação mediante lotação deverão estabelecer residência na
comarca. Mediante deliberação do Conselho Superior será possível fixação de
residência, em comarca distinta.
g) Remoção dos membros da Defensoria Pública: Ficará a cargo do
Conselho Superior deliberação acerca da remoção de membros. Após a EC
80/2014 a inamovibilidade passa a sofrer limitações no plano constitucional,
tornando-se possível além da remoção compulsória prevista na LC 80/94, a
remoção por interesse público, constante no texto constitucional.
h) Deliberações do Conselho Superior: A grande novidade diz respeito às
decisões em matéria disciplinar, tendo em vista que o dispositivo constitucional
determina que as decisões administrativas em matéria disciplinar sejam
tomadas pela maioria absoluta de seus membros. No plano da Defensoria
Pública a aplicação de sanção disciplinar é ato privativo do Defensor Público
Geral, cabendo recurso ao Conselho Superior contra esta decisão. Se houver
possibilidade de uma decisão desfavorável ao membro da Defensoria Pública,
mediante ato do Conselho Superior, esta é que deverá ser tomada pela maioria
absoluta dos seus membros. Caso contrário, quando se tratar de decisão
favorável ao membro da Defensoria Pública esta deverá ser tomada por
maioria simples, visto que o objetivo da norma constitucional é conferir uma
garantia ao membro da carreira.
i) Da proporcionalidade do número de Defensores Públicos: O intento
originário da PEC era o de ampliar a estrutura de pessoal da Defensoria
Pública, uma vez que vários estudos apontaram a carência do mandamento
constitucional de que o Estado deve prestar assistência jurídica aos que
comprovarem insuficiência de recurso. O primeiro passo desse caminho é a
aplicação do art. 93 XIII que norteia a administração superior da Defensoria
Pública quando do desempenho de sua autonomia administrativa. A Defensoria
Pública se organizará de modo que nas localidades onde haja maior
demandada institucional, haja uma maior distribuição de órgãos de atuação.
147
Este, também, é o raciocínio do art. 98 do ADCT que assegura a obrigação de
o número de Defensores Públicos na unidade jurisdicional ser proporciona à
efetiva demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à respectiva população.
Hoje em razão da existência do prazo de 08 anos para a lotação de membros
das Defensorias Públicas em todas as comarcas, podemos reconhecer que a
materialização da assistência jurídica gratuita prestada pelo Estado finalmente
dispara no plano do acesso à justiça brasileira.
j) Das normas que não guardam simetria com a estrutura da Defensoria
Pública: Os incisos IX, X, XI, XII, XIV e XV do art. 93 da CF, não se aplicam ao
regime jurídico da Defensoria Pública.
49. Quais desafios serão trilhados pela Defensoria Pública nos próximos
anos, em razão das alterações da EC 80/2014?
O primeiro será relativo ao obstáculo que será posto quando do
desempenho da atividade legislativa, uma vez que o Poder Executivo é
extremamente reticente em matéria de avanços institucionais da Defensoria
Pública, e por dispor do poder de veto, poderá criar obstáculos aos projetos de
lei vinculados pela instituição. O segundo desafio será o de conferir ampla
efetividade ao art. 98 §2º do ADCT e finalmente assegurar a população
brasileira a plenitude do direito à assistência jurídica integral e gratuita,
mediante a presença de um Defensor Público em cada comarca deste
gigantesco país.
148
mesmo modo como não há previsão de um Poder Judiciário Municipal ou de
um MP municipal, igualmente também não seria admissível uma Defensoria
Pública municipal.
Em nenhum momento a Constituição proíbe expressamente a criação dos
mencionados órgãos em âmbito municipal, mas nem por isso é possível
construir a intelecção de que os Municípios estão autorizados a estabelecer
estas instituições na órbita local. Portanto, seja pelo fato de os Municípios não
deterem competência legislativa para tratar de assistência jurídica e Defensoria
Pública, seja pelo respeito que deve haver com o modelo desempenhado pela
Constituição, inadmite-se em nosso sistema jurídico a criação de Defensorias
Públicas municipais.
149
necessitado por ter insuficiência de recursos, poderá requerer o patrocínio da
Defensoria Pública, mas a regra não pode ser generalizada para todo servidor
público do Estado.
150
A inclusão da Defensoria no rol de legitimados para ajuizar ACP foi
determinada pela Lei nº 11.448/2007. Todavia, considerando que o art. 5º, da
LACP e o art. 82, II, do CDC já previam que a ACP poderia ser proposta pela
União e pelos Estados. Logo, como a DPU é um órgão da União e a DPE é um
órgão do Estado, a jurisprudência majoritária entendia que as Defensorias já
possuíam legitimidade para a ACP mesmo antes da Lei n.° 11.448/2007.
Nem todos, no entanto, ficaram satisfeitos com a importante novidade
legislativa.
A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP)
ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade contestando a constitucionalidade
de tal Lei, já que ela possibilidade da Defensoria Pública propor, sem restrição,
ACP “afeta diretamente” as atribuições do Ministério Público.
Para a entidade, a inclusão da Defensoria Pública afrontaria também os arts.
5º, LXXIV e 134, caput, da CF/88, considerando que a função constitucional da
instituição seria a de prestar assistência jurídica integral e gratuita apenas aos
hipossuficientes e, no bojo de uma ACP, não teria como ter certeza se a ação
estaria beneficiando apenas pessoas carentes ou também indivíduos
economicamente ricos.
O STF não concordou com os argumentos da ADI proposta ão há qualquer
inconstitucionalidade na previsão da Lei nº 11.448/2007. Ao contrário, essa lei
já era compatível com o texto originário da CF/88 e isso ficou ainda mais claro
quando o Congresso Nacional aprovou a EC 80/2014, que alterou a redação do
art. 134 da CF/88 prevendo expressamente que a Defensoria Pública tem
legitimidade para a defesa de direitos individuais e coletivos.
A interpretação sugerida pela CONAMP restringe, sem fundamento jurídico,
a possibilidade de utilização da ação civil pública, que é instrumento capaz de
garantir a efetividade de direitos fundamentais de pobres e ricos a partir de
iniciativa processual da Defensoria Pública.
151
62. O Defensor Público tem a garantia da vitaliciedade ou a da
estabilidade?
A Constituição do Estado do Rio de Janeiro estabeleceu que o Defensor
Público, após dois anos de exercício na função, não perderia o cargo senão por
sentença judicial transitada em julgado.
Essa questão foi levada ao STF, que julgou ser inconstitucional a referida
previsão (cf. ADI 230/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, l.º.02.2010).
Isso porque, nos termos do art. 41, são estáveis após 3 anos de efetivo
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude
de concurso público, podendo perder o cargo: em virtude de sentença judicial
transitada em julgado; mediante processo administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa; mediante procedimento de avaliação periódica de
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
152
Assim, está autorizada, sem obrigatoriedade, necessidade ou exclusividade,
a celebração, pela Defensoria Pública, a seu critério e em virtude de sua
autonomia administrativa e funcional, de convênio com a OAB. Em caso
concreto, no Estado de SC, a assistência era prestada pelo intitulado serviço
de “defensoria pública dativa”, não se utilizando da parceria de forma
suplementar ou para suprir eventuais carências, já que a carreira não estava
instituída.
Diante dessa situação extrema o STF, no julgamento das ADIs 3892 e 4270,
nulificou as leis estaduais que davam amparo a essa sistemática, admitindo a
continuidade dos serviços que estavam sendo prestados pelo prazo máximo de
01 ano da data do julgamento da ação (modulação dos efeitos da decisão)
sendo que, ao final, deveria estar em funcionamento órgão estadual de
Defensoria Pública, estruturado de acordo com a Constituição e em estrita
observância à LC 80/94.
153
Defensoria na integra, e a partir daí, pleitear de maneira democrática e plural,
junto ao Poder Legislativo que promovesse as reduções orçamentárias na
proposição da instituição.
PONTO 10
11. Controle da constitucionalidade. 11.1 Sistemas gerais e sistema
brasileiro. 11.2 Controle incidental ou concreto. 11.3 Controle abstrato de
constitucionalidade. 11.4 Exame in abstractu da constitucionalidade de
proposições legislativas. 11.5 Ação declaratória de constitucionalidade.
11.6 Ação direta de inconstitucionalidade. 11.7 Arguição de
descumprimento de preceito fundamental. 11.8 Ação direta de
inconstitucionalidade por omissão. 11.9 Ação direta de
inconstitucionalidade interventiva. 11.10 Controle concreto e abstrato de
constitucionalidade do direito municipal
154
O Legislativo, assim, poderá, inclusive, legislar em sentido diverso da
decisão dada pelo STF, ou mesmo contrário a ela, sob pena, em sendo vedada
essa atividade, de significar inegável petrificação da evolução social.
Isso porque o valor segurança jurídica, materializado com a ampliação dos
efeitos erga omnes e vinculante, sacrificaria o valor justiça da decisão, já que
impediria a constante atualização das Constituições e dos textos normativos
por obra do Poder Legislativo.
155
rejeitada, o tratado vai ter força de norma supralegal, não tendo a mesma força
de emenda constitucional.
156
Com a edição da Emenda Constitucional nº 45, incluindo o §3º no art. 5º da
Constituição Federal, o bloco de constitucionalidade brasileiro se amplia,
surgindo a possibilidade de tratados internacionais sobre direitos humanos,
aprovados com o mesmo quorum necessário para a aprovação de emendas
constitucionais serem equivalentes às emendas constitucionais, servindo como
paradigma para eventual controle de constitucionalidade.
O sistema constitucional brasileiro constrói o seu bloco de
constitucionalidade por meio da reunião da Constituição de 1988, dos direitos
fundamentais sediados nos tratados internacionais, bem como dos direitos
fundamentais implícitos que são extraídos dos próprios direitos fundamentais e
dos direitos decorrentes do regime e dos princípios adotados pela Constituição.
Sim, é perfeitamente compatível com a Constituição codificada, sendo que o
sistema constitucional brasileiro, apesar de ter constituição codificada, também
tem um bloco de constitucionalidade, conforme remansosa jurisprudência do
Supremo.
157
Não implica o cancelamento da sumula vinculante. Para o cancelamento, o
STF poderá de oficio ou por provocação, proceder ao cancelamento, conforme
o caso (art. 5o, da Lei n.11.417/2006).
Art. 5º – Revogada ou modificada a lei em que se fundou a edição de
enunciado de súmula vinculante, o Supremo Tribunal Federal, de ofício ou por
provocação, procederá à sua revisão ou cancelamento, conforme o caso.
14. Cabe recurso contra ação direta julgada pelo Tribunal de Justiça?
De modo geral, da decisão do TJ local em controle abstrato (ADI) de lei
estadual ou municipal diante da CE não cabe recurso para o STF, já que o
STF e o interprete máximo de lei (federal, estadual ou distrital de natureza
estadual) perante a CF, e não perante a CE.
Contudo, excepcionalmente, pode surgir situação em que o parâmetro da
CE nada mais seja que uma norma de observância obrigatória ou
compulsória pelos Estados-membros (norma de reprodução obrigatória).
Nesse caso, se a lei estadual, ou mesmo a municipal, viola a CE, no fundo,
pode ser que ela esteja, também, violando a CF. Como o TJ não tem essa
atribuição de analise, buscando evitar a situação de o TJ usurpar competência
do STF (o interprete máximo da Constituição), abre-se a possibilidade de se
interpor recurso extraordinário contra o acórdão do TJ em controle abstrato
estadual para que o STF diga, então, qual a interpretação da lei estadual ou
municipal perante a CF.
Trata-se, assim, de utilização de recurso típico do controle difuso (pela via
incidental) no controle concentrado e em abstrato estadual.
158
18. O efeito desse REX em sede de ADIN estadual é nacional ou estadual?
O efeito é nacional, por violar norma de reprodução obrigatória da CF.
Portanto, caberá Recurso Extraordinário “[...] se a interpretação da norma
constitucional estadual, que reproduz a norma constitucional federal de
observância obrigatória pelos Estados, contrariar o sentido e o alcance da
Constituição da RFB”. Ou seja, se a norma e de reprodução obrigatória para os
Estados eles devem respeita-la, aplicando-a de forma devida, não cabendo aos
Poderes Público, incluindo ai o Poder Judiciário Estadual, se imiscuir de tal
mister. Qualquer interpretação inadequada de uma norma de reprodução
obrigatória se traduz em descumprimento da Constituição Federal (por
essência), por isso mesmo justifica-se o posicionamento do STF em entender
cabível recurso extraordinário sobre a controvérsia de cunho constitucional
instaurada no nível estadual em torno dessas normas (que, no fundo, são
normas da Constituição da RFB).
159
Poder competente sobre sua omissão. O efeito, de acordo com essa corrente,
e o mesmo que o da ADO. Esse posicionamento deixou de ser adotado nos
últimos anos.
2ª Corrente concretista: a decisão supre a omissão e concretiza o dispositivo
constitucional. Essa criação pode se dar de três formas diferentes:
A) Concretista geral: a decisão supre a omissão e tem efeito erga omnes. O
STF já adotou essa corrente no MI nº 708 que discutia o direito de greve dos
servidores públicos.
B) Concretista individual: supre a omissão, mas tem efeitos inter partes (MI no
758).
C) Concretista intermediaria (MI no 795 QO): Primeiro e dada ciência ao Poder
Competente para que em determinado prazo seja suprida a omissão; Contudo,
já ha ressalva da concretização do direito no caso de não ser sanada a
omissão no prazo estipulado. (MI no 232).
160
26 – É constitucional lei estadual que vede a comercialização no Estado-
membro de produtos que contenham agrotóxicos?
Não, pois somente a União pode legislar sobre o assunto. (info 774)
161
36 – A decisão do STF que declara a constitucionalidade ou a
inconstitucionalidade de preceito normativo produz a automática reforma
ou rescisão de decisões proferidas em processos anteriores, as quais
tenham entendido de forma contrária ao Supremo?
Não. Há necessidade de interpor recurso ou ajuizar ação rescisória para
tanto. (info 787)
162
O STF adota, quanto ao tema, a teoria da nulidade, a qual entende que a lei
inconstitucional é um ato nulo, já nascendo morta, pois tem um vício originário
insanável. A decisão, nesse caso, é declaratória.
163
47 – O controle difuso pode ter como parâmetro norma revogada?
Sim, desde que vigente ao tempo da ocorrência do fato.
164
Consiste no nexo entre a norma questionada e os objetivos institucionais
específicos do órgão ou entidade.
165
Com fundamento no RI do STF, esse Tribunal tem admitido, de forma
excepcional que, fora do período de recesso, o relator possa, por decisão
monocrática, conceder a liminar em caso de urgência.
166
É a existência de um número razoável de pronunciamentos contraditórios de
órgãos jurisdicionais.
75 – Exemplifique
Direitos e garantias individuais, cláusulas pétreas, princípios constitucionais
sensíveis, direito ao meio ambiente etc.
167
81 – CE pode prever cidadão como legitimado à representação de
inconstitucionalidade?
Não, seja porque o dispositivo constitucional se refere a órgãos, seja pelo
risco à efetividade do controle concentrado causada pela possibilidade de uma
inflação de processos.
PONTO 11
13. Sistema tributário nacional. 13.1 Princípios gerais. 13.2 Limitações do
poder de tributar. 13.3 Impostos da União, dos estados e dos municípios.
13.4 Repartição das receitas tributárias.
14. Finanças públicas. 14.1 Normas gerais. 14.2 Orçamentos
168
O STF atualmente, interpretando a CF/88, adota a Teoria pentapartida, pela
qual temos cinco espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições de
melhorias, empréstimos compulsórios e as contribuições.
4. [TJCE 2015 - José Levi]. Seria possível uma emenda excluir o IPI, IPVA,
ISS e criar um imposto único (superimposto)?
“A questão no Brasil, é sempre suscitada quando se discute eventual
reforma do Sistema Tributário Nacional. O economista Marcos Cintra, vice-
presidente da Fundação Getulio Vargas, defende a possibilidade de um
Imposto Único, que substituiria todos os tributos por apenas um, no valor
de 2,8% sobre cada transação nas contas bancárias. Assim, não mais se
pagaria IR, IPI, IOF, Cofins, ICMS, IPVA, ISS, IPTU e tantos outros. Segundo
Cintra, haveria diversas vantagens, tais como redução de fraudes, redução dos
custos administrativos e burocráticos das empresas, aumento dos
investimentos desses recursos na criação de novos empregos, aumento do
consumo de bens e serviços, etc.”
(http://www.cartacapital.com.br/economia/imposto-unico-menor-e-mais-justo,
em 10.11.2015)
A CRFB, no entanto, pretendeu reforçar o federalismo brasileiro com a
descentralização política e financeira, centrada em princípios inerentes ao
Estado Democrático de Direito. Com o fortalecimento dos Estados e Municípios
e o incremento de suas atribuições, a União teve redução de parcela
ponderável de seus recursos, mediante a elevação dos percentuais repassados
pela União aos Estados e Municípios através dos fundos, definidos
constitucionalmente.
169
Diante desse panorama, é questionável a constitucionalidade de criação de
um único imposto, retirando dos Estados e dos Municípios a competência para
instituir IPVA e ISS, respectivamente. Isto porque acarretaria uma redução da
autonomia política, financeira e administrativa dos referidos entes,
vulnerando, assim, o equilíbrio do pacto federativo instituído pelo constituinte
originário como cláusula pétrea (art. 60, § 4º, CF). Em que pese a Constituição
prever a possibilidade de ser emendada, entende-se que eventual alteração
nesse sentido não poderia ser levada a efeito por esbarrar no referido óbice.
Portanto, reduzir a competência tributária dos Estados e Municípios, significa
reduzir suas autonomias políticas. Ao que tudo indica, a repartição de receitas
e encargos implicaria uma revisão na estrutura do atual federalismo brasileiro,
resultante da vontade política da sociedade brasileira, exprimida pelo poder
constituinte originário.
E mais, reduzir a competência tributária dos Estados-Membros e dos
Municípios, significa reduzir a capacidade legislativa. Mudanças nas
proporções previstas alterariam o pacto federativo, vislumbrando-se uma “nova
federação”. Assim, Proposta de Reforma Tributária que retire dos Estados a
competência para legislar sobre o IPVA ou os Municípios sobre o ISS, significa
a redução da autonomia legislativa e, por conseguinte, contrária ao princípio
federativo (BOFF, Salete Oro. Federalismo e Reforma Tributária: possibilidades
no Estado Democrático Brasileiro. In: Âmbito Jurídico, IX, n. 34, nov 2006.
Disponível em: <http://goo.gl/FcTQ5H>).
Sob o prisma do princípio da capacidade contributiva, tem-se que um
imposto único também o viola. O princípio da capacidade contributiva está
expresso no art. 145, § 1º, da Constituição, onde se prevê que, “sempre que
possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária,
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar,
respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte”.
Na formulação jurídica do princípio, não se quer apenas preservar a eficácia
da lei de incidência (no sentido de que esta não caia no vazio, por falta de
riqueza que suporte o imposto); além disso, intenta-se preservar o contribuinte,
buscando evitar que uma tributação excessiva (inadequada à sua capacidade
contributiva) comprometa os seus meios de subsistência, ou o livre exercício de
sua profissão, ou a livre exploração de sua empresa, ou o exercício de outros
direitos fundamentais, já que tudo isso relativiza sua capacidade econômica.
Como não é possível ao legislador identificar a capacidade contributiva de
cada contribuinte, ele visualiza situações que a revelam: são os fatos
geradores dos impostos. Não que os demais tributos também não se
subordinem à referida norma, mas nos impostos, como tributo que não se
vincula a uma atuação estatal, não há considerações baseadas no princípio do
custo-benefício. É por esse motivo que a existência de um sistema tributário
melhor atende ao princípio da capacidade contributiva, do que a ideia de
imposto único, desde que, como é óbvio presumir, tal sistema seja concebido
à luz de fatos geradores que se revelem em signos de presuntivos de riqueza e
que sejam harmônicos entre si, e não por simplesmente se moldarem a uma
arrecadação menos complexa (RIBEIRO, Ricardo Lodi. "O princípio da
capacidade contributiva nos impostos, nas taxas e nas contribuições
170
parafiscais." RFD-Revista da Faculdade de Direito da UERJ 18 – 2011.
Disponível em: <http://goo.gl/hWV13p>).
Desse modo, conclui-se que “A medida da capacidade contributiva se
apresenta sob diferentes aspectos, de acordo com o tipo de imposto; ora se
afere a capacidade contributiva por meio da renda, ora do patrimônio, ora do
consumo de bens ou serviços”. É com base nessas considerações, portanto,
que o prof. Hugo de Brito Machado refuta a ideia de imposto único, que se
revelaria inadequado à implementação do princípio da capacidade contributiva
(AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. Cap. IV, Item 7, p. 150 e nota de
rodapé 71).
Obs.: Ao contrário do que afirmam os mais apressados, o Simples
Nacional não é um sistema de imposto único nem uma etapa de migração
para tal sistema. Trata-se, de um regime de tratamento diferenciado e
favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte
no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
No que concerne aos aspectos tributários da sistemática, a diferenciação de
tratamento decorre fundamentalmente da apuração e recolhimento da maioria
dos impostos e contribuições da União, do ICMS estadual e distrital e do ISS
municipal e distrital, mediante regime único de arrecadação e de obrigações
acessórias.
171
As Propostas de Reforma Tributária levam em conta a estrutura federativa
brasileira, preconizam a simplificação da tributação do consumo, a
desoneração da produção mediante a eliminação da incidência de tributos em
cascata, o fim da guerra fiscal entre os estados e a desburocratização ação do
cumprimento da obrigação tributária.
Reduzir a competência tributária dos Estados-Membros, significa reduzir a
capacidade legislativa. Mudanças podem alterar o pacto federativo. Para os
Estados, qualquer proposta que retire de sua competência a atribuição de
legislar sobre o ICMS, significa a redução da autonomia legislativa e, por
conseguinte, contraria o princípio federativo.
A Federação subsiste se os Estados possuírem autonomia, correspondendo
ao poder de auto-organização, de autogoverno e de autoadministração. A
Federação é um pacto permanente e decorre da Constituição.
Se por um lado, alterar o sistema tributário nacional mediante EC pode
resultar em violação ao pacto federativo, por outro, a Constituição não pode
engessar as mudanças, resultado do anseio do povo.
A minirreforma tributária resultou na Emenda Constitucional n.º 42, aprovada
em 19.12.2003. Basicamente a Emenda Constitucional acrescentou o artigo
146-A que atribui è Lei Complementar estabelecer critérios especiais de
tributação, com objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência entre os
entes federados. Reforçou as limitações ao poder de tributar através da
inclusão da alínea “c”, ao inciso III, do artigo 150 da CF, estabelecendo que é
necessário decorrer noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que
instituiu ou aumentou o tributo. Nesse caso, o prazo de noventa dias soma-se
ao princípio da anterioridade já previsto na Constituição (alínea “b”, inciso III,
artigo 150, da CF). Quanto ao ICMS, a Emenda alterou a redação do da alínea
“a”, do inciso X, do artigo 155, indicando a não incidência sobre as operações
que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a
destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do
montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores. Ocorreu
a consagração constitucional da desoneração tributária das exportações para
mercadorias e serviços. Ainda em relação ao ICMS, acrescentou-se a não
incidência sobre as prestações de serviço de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita.
Outrossim, a supracitada Emenda manteve a Desvinculação da Receita da
União - DRU, até 2007. (já prorrogada).
No que consiste a DRU? Basicamente, vinte por cento da arrecadação da
União de impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio
econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados no referido período, seus
adicionais e respectivos acréscimos legais (artigo 76, ADCT)., são
desvinculado de órgão, fundo ou despesa. A União pode gastar livremente os
vinte por cento.
Outra matéria objeto da Reforma Tributária foi a prorrogação da Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira - CPMF até 31.12.2007, mantendo
o caráter de ‘provisória” e a mesma alíquota de trinta e oito centésimos por
cento.
O que se conclui é a existência de obstáculos a conjugar os interesses dos
entes federativos, uma vez que as alterações pretendidas devem adequar ao
sistema tributário e a sua administração às necessidades da sociedade, sem
lesar o pacto federativo, garantindo as competências de cada ente.
172
A emenda constitucional tem o condão de criar competência impositiva?
Sim, desde que não ofenda o pacto federativo, desde que não ofenda cláusula
pétrea, e que a emenda a constituição pode criar princípio tributário novo
(princípio da anterioridade nonagesimal), certo ou errado? Sim, desde que não
viole cláusula pétrea, desde que estenda garantia a tutela do contribuinte -
discorrer sobre a EC n. 42.
7. [TJPE 2014 - José Levi]. EC pode revogar tributo estadual? Por quê?
Um, não pode, violação ao pacto federativo, cláusula pétrea.
Dois, a constituição não cria tributo, enumera as espécies e outorga
competência, a lei complementar em regra geral não cria tributo,
excepcionalmente sim, e a lei ordinária é a lei que por excelência servirá para
instituir o tributo, é a lei de tributação por excelência, é a fonte formal primária.
173
(art. 150, V); g) o princípio da inafastabilidade do
E) princípio da isonomia tributária controle jurisdicional da lei e do ato
(art. 5°, I e 150, II); administrativo de caráter fiscal;
F) princípios da capacidade h) o princípio do sigilo fiscal,
econômica e da pessoalidade dos bancário e profissional.
impostos (art. 145, § 1°);
G) princípio do não-confisco
(negativa de tributo com efeito
confiscatório) a teor dos artigos 5°
e 150, IV;
H) princípios da generalidade,
universalidade e progressividade
do Imposto de Renda (art. 153, §
2°);
I) princípio da progressividade dos
impostos sobre a propriedade
urbana e rural (arts. 153, § 4° e
156, § 1°);
J) princípio da não-cumulatividade
do ICMS e do IPI (arts. 153, § 3°, II,
e 155, II).
9. [TJCE 2015 - José Levi]. Poderia ser conferida aplicação mais rígida ao
princípio da anterioridade?
O princípio da anterioridade é cláusula pétrea e portanto não pode ser
suprimido ou abolido. Mas conferir aplicação mais rígida não necessariamente
significa abolir, portanto, se não houver abolição deste princípio poderá sim
haver aplicação mais rígida. Exemplo disso foi à aplicação da anterioridade
nonagesimal que foi instituído pela EC 42.
10. [TJCE 2015 - José Levi]. Uma medida provisória previu um tributo que
se tornou exigível. Meses depois a fazenda pode instituir e cobrar o
tributo, mesmo tendo o senado extinguido? A fazenda pública pode
cobrar nos meses em que esteve a MP valendo?
A utilização de medida provisória em matéria tributária já foi objeto de
intermináveis controvérsias em sede doutrinária. Com o advento da Emenda
Constitucional 32/2001, a Constituição Federal passou a prever que,
ressalvados o II, o IE, o IPI e o IOF e os impostos extraordinários de guerra , a
medida provisória que implique majoração de impostos só produzirá efeitos no
exercício financeiro seguinte se for convertida em lei até o último dia daquele
em que foi editada (art. 60, §2º, da CRFB).
Ressalte-se que a restrição relativa à necessidade da conversão em lei no
exercício da edição da medida provisória aplica-se exclusivamente aos
impostos, de forma que, no tocante às demais espécies tributárias, a regra da
anterioridade deve ser observada, tomando como referência a data da
publicação da MP e não de sua conversão em lei.
Dessa forma, no caso de um tributo instituído por MP e que produza efeitos
imediatamente, pois o tributo não esta incluído naqueles em que é necessária a
conversão em lei no exercício anterior, é possível que haja a ocorrência de
fatos geradores do tributo, mas a MP seja, posteriormente, rejeitada de forma
174
expressa ou tacitamente pelo Congresso Nacional (por decurso de prazo – o
prazo foi ampliado para 60 dias, prorrogável uma vez pelo mesmo período pela
EC 32/01).
No caso de rejeição, o §3º do art. 62 da CRFB prevê que a MP perderá sua
eficácia desde a edição (efeitos ex tunc). Neste caso, o Congresso Nacional
deverá expedir decreto legislativo regulando as relações jurídicas decorrentes
do tempo em que a MP esteve vigente.
Caso não seja editado o referido decreto legislativo no prazo de 60 dias após
a rejeição ou perda de eficácia da MP, as relações jurídicas constituídas e
decorrentes de atos praticados durante sua vigência serão por ela regidos (art.
62, §11º, da CRFB). Portanto, não sendo editado o decreto legislativo pelo
Congresso Nacional, valerão as regras da MP para regulamentar as relações
jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante o período em
que a MP produzia efeitos.
Logo, é possível a instituição e cobrança do tributo tendo em vista a
ocorrência de fato gerador durante o período em que a MP produziu efeitos,
isto é, entre a data da sua publicação até a data de sua rejeição, caso não haja
regulamentação das relações jurídicas surgidas por parte do Congresso
Nacional, por meio de decreto legislativo.
É importante registrar que isso se dá nos casos de tributo que não está
sujeito ao princípio da anterioridade do exercício financeiro e ao da
anterioridade nonagesimal (noventena), porquanto a exigibilidade do tributo é
imediata.
11. [TJCE 2015 - José Levi]. Um tributo federal que viesse a prever fato de
competência dos estados seria inconstitucional?
Não necessariamente. O quesito indaga sobre a necessária
inconstitucionalidade da bitributação. Convém, inicialmente, distingui-la do “bis
in idem”.
É correto definir competência tributária como o poder constitucionalmente
atribuído de editar leis que instituam tributos. Vale lembrar que a competência
tributária é indelegável (art. 7º do CTN). A CF não cria tributos, apenas outorga
competência para que os entes políticos o façam por meio de leis próprias.
“Bis in idem” – ocorre quando o mesmo ente político tributa duas vezes o
mesmo sujeito passivo pelo mesmo fato gerador. O “bis in idem”, como regra
geral, será inconstitucional, ressalvados os casos permitidos em norma
constitucional expressa. Ex: IR e CSLL.
Bitributação – ocorre quando dois entes tributantes cobram dois tributos do
mesmo sujeito passivo sobre o mesmo fato gerador. Como regra geral, será
inconstitucional, ressalvados os casos autorizados na CF.
O STF possui entendimento no sentido de que as contribuições não estão
sujeitas às limitações previstas no arts. 145, § 2º, CF. Também não se aplicam
a elas as limitações a que estão sujeitos os impostos, em decorrência da
competência privativa dos entes políticos para instituí-los (CF, arts. 153, 155 e
156), a impedir a bitributação (RE 228321, Relator(a): Min. CARLOS
VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 01/10/1998, DJ 30-05-2003).
Com efeito, seria possível a criação de uma contribuição especial (federal),
que incida sobre o mesmo fato gerador de imposto estadual.
Ademais, importante salientar que a União possui competência
extraordinária para criar, na iminência ou no caso de guerra externa, impostos
175
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária (art 154,
II, CF). Trata-se de mais um possibilidade de um tributo federal incidir sobre
fato de competência dos Estados. Ex: IExt e ICMS.
12. [TJCE 2015 - José Levi]. A contribuição que coincida com imposto
poderia incidir no mesmo fato? Por exemplo CPMF e IOF incidem no
mesmo objeto?
Não há vedação constitucional a incidência de contribuição sobre a mesma
base de cálculo de imposto, existindo vedação constitucional somente com
relação às taxas.
13. [TJPE 2014 - José Levi]. CTN, se não existisse, os estados poderiam
exercer competência tributária plena?
A competência para legislar sobre o direito tributário, financeiro e sobre
orçamento é concorrente da União, Estados e Distrito Federal (art. 24, I e II, da
CF).
CTN, art. 24 – Compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico;
II - orçamento;
(…) § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais
não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercerão a competência legislativa plena, para atender a
suas peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário
Cabe à União legislar sobre normas gerais, mas o Estado mantém
competência suplementar.
Se não houver lei federal, o Estado fica com a competência legislativa plena.
Mas, sobrevindo a lei federal, somente serão válidas as disposições estaduais
que não contrariem as federais recém editadas.
A norma geral é o CTN. Contudo, a competência tributária de cada ente
político é estabelecida taxativamente pela Constituição da República em seus
arts. 145 a 149-A, sendo, pois, numerus clausus as possibilidades de
tributação.
Assim é que só poderão ser instituídos tributos que possam ser
reconduzidos a uma das normas concessivas de competência tributária, sob
pena de inconstitucionalidade.
O exercício, por um ente político, de competência concedida
constitucionalmente a outro implica invasão de competência.
O artigo 145 cuida da competência da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios para a instituição de impostos, taxas e contribuições
de melhoria.
Entende-se como competência privativa aquela atribuída a um ente político
em particular, como a relativa a impostos sobre a renda, sobre produtos
industrializados (da União), sobre circulação de mercadorias (do Estado), sobre
176
a prestação de serviços (do Município), ou mesmo a relativa a contribuições
sociais gerais, de intervenção no domínio econômico ou do interesse de
categorias profissionais (da União) e a contribuições de iluminação pública (do
Município).
A competência comum é aquela atribuída aos entes políticos em geral
(União, Estados e Municípios), como a de instituir taxas pela prestação de
serviços específicos e divisíveis ou pelo exercício do poder de polícia, ou
mesmo de instituir contribuições de melhoria pelas obras que realizarem.
A competência residual é aquela atribuída à União para a instituição de
tributos sobre bases econômicas distintas daquelas já estabelecidas no Texto
Constitucional. É o que ocorre com os impostos, quando o art. 154, I, da
Constituição permite à União a instituição de outros impostos além daqueles
que discrimina em seus arts. 153, 155 e 156, e o que ocorre com as
contribuições de seguridade social, constando, do art. 195, § 4º, da
Constituição, a competência da União para a instituição de outras contribuições
de seguridade social além das expressamente previstas nos incisos I a IV do
mesmo artigo 195.
Também coube à União a competência constitucional para instituir impostos
extraordinários, compreendidos ou não no campo que lhe fora outorgado,
consoante previsão do art. 154, II, da CF/88; tais impostos serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação. Em outras palavras, como
já observado neste livro, autorizada a União a legislar concorrentemente sobre
competências de outros entes políticos.
O art. 153 estabelece os impostos da União, enquanto sua competência
residual para instituir novos impostos diversos dos previstos na Constituição
consta no art. 154, I, e sua competência para instituir imposto extraordinário de
guerra é concedida pelo art. 154, II.
Competência residual para taxas e contribuições de melhorias – Estados.
177
âmbito não federal, e proibição das isenções heterônomas). Consoante
jurisprudência formada pelo STF, essas limitações são tratadas como
cláusulas pétreas.
178
Relativo): leva em conta as particularidades de cada sujeito passivo. É a
capacidade contributiva em concreto.
179
“O dinheiro não tem cheiro”. Assim, todos aqueles que realizam a situação
geradora da Obrigação Tributária devem pagar o tributo, independentemente
da legalidade do ato que gera a obrigação. Por ex, é possível a cobrança de IR
para os traficantes e bicheiros. O “non olet” decorre da isonomia, na medida em
que considera objetivamente a manifestação de riqueza para fins de incidência
tributária.
180
Obs.: O ICMS nas exportações de bens e serviços também era considerado
uma exceção à vedação às isenções heterônomas. No entanto, com a EC
42/03, essa situação passou a constituir uma imunidade, e não mais uma
isenção.
181
33. O que a doutrina convencionou chamar de anterioridade genérica ou
anual?
É a proibição de o fisco cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em
que tenha sido publicada a lei que tenha instituído ou majorado o tributo, ou
seja, a lei criadora do tributo só vai incidir sobre os fatos jurídicos ocorridos no
exercício financeiro seguinte. Assim, segundo a doutrina, a lei vai entrar em
vigor no dia de sua publicação, mas só terá eficácia no exercício financeiro
seguinte.
182
A CF não define o que seja confisco. Coube, portanto, ao Judiciário
estabelecer os contornos deste conceito jurídico indeterminado, à luz dos
critérios da proporcionalidade e da razoabilidade.
42. Como é realizada essa análise da proporcionalidade e da
razoabilidade?
Segundo a doutrina, o princípio da vedação do tributo com efeito de confisco
pode alcançar qualquer espécie tributária e deve ser interpretado de forma
sistemática com outros princípios constitucionais, ou seja, o caráter
confiscatório ou não do tributo deve ser analisado em conjunto, por ex, com o
princípio do direito à propriedade, a dignidade humana, a liberdade de trabalho,
a capacidade contributiva, a progressividade. A identificação do efeito
confiscatório deve ser feita em função da TOTALIDADE DA CARGA
TRIBUTÁIA (e não do tributo isoladamente considerado), mediante verificação
da capacidade do contribuinte para suportar e sofrer a incidência de todos os
tributos que ele deverá pagar, dentro de determinado período, ao mesmo ente
federado que os houver instituído.
183
indistintamente. Estão previstas no art. 150, VI, CF. E só abrangem os
impostos, na alcançando as taxas, contribuições de melhoria, EC e
contribuições especiais. Como exemplos: “imunidade recíproca”; “imunidade de
templos”; “imunidade de partidos políticos, entidades sindicais, instituições de
assistência social e de educação”; “imunidade de livros”. As imunidades
específicas, por sua vez, são as imunidades previstas no texto da CF apenas
para determinado tributo, de maneira pontual e específica. Exemplos:
“imunidade de contribuições especiais”; “imunidade de IPI”; “imunidade de ITR”;
“imunidade de ICMS”; “imunidade de ITBI”; “imunidade de contribuições
especiais para a seguridade social”.
184
enquadram as imunidades recíprocas. Por ex, um veículo do município não
paga IPVA; um prédio do estado não paga IPTU; etc.
185
A jurisprudência do STF entende cabível, em sede de controle normativo
abstrato, a possibilidade de a Corte examinar se determinado tributo ofende ou
não o princípio constitucional da não confiscatoriedade, consagrado no artigo
150, IV, da CRFB. Precedente: ADI 2.010-MC/DF, Relator Min. Celso de Mello.
186
econômica, tendo por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, funda-se em dois grandes pilares: valorização do
trabalho humano e livre iniciativa.
58. [DPE/PB 2015 - Roger Leal]. LRF. Quais os limites para gasto de
pessoal? Decisão judicial tem de respeitar esse limite?
De acordo com o Art. 19 da LRF a despesa total com pessoal, em cada
período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os
percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados: I - União: 50%
(cinquenta por cento); II - Estados: 60% (sessenta por cento); III - Municípios:
60% (sessenta por cento). Consoante o § 1º, IV, do art.19 da LRF, na
verificação do atendimento dos limites não serão computadas as despesas
decorrentes de decisão judicial.
187
59. [DPE/PB 2015 - Roger Leal]. O que são transferências voluntárias? Leu
um artigo da LRF e pediu para relacionar com as transferências
voluntárias.
Transferências voluntárias são os recursos financeiros repassados pela
União aos Estados, Distrito Federal e Municípios em decorrência da celebração
de convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos similares cuja finalidade
é a realização de obras e/ou serviços de interesse comum e coincidente às três
esferas do Governo. Conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal, entende-se
por transferência voluntária "a entrega de recursos correntes ou de capital a
outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência
financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os
destinados ao Sistema Único de Saúde." (art. 25, LRF)
O inciso X do art. 167 estabelece uma vedação de transferência voluntária
cuja finalidade é limitar a facilitação do aumento e superação de limites em
relação às despesas com pessoal. Nos termos do dispositivo, fica vedada a
transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos pelos
Governos Federal e Estaduais e pelas respectivas instituições financeiras, cujo
objetivo seja o pagamento de despesas com pessoal ativo ou inativo e com
pensionistas dos Estados, Distrito Federal e Municípios.
61. [DPE/PB 2015 - Roger Leal]. Existe algum limite para que estados e
municípios gastem com pessoal?
Sim. O limite de gastos com pessoal é de 50% no caso dos Estados e de
60% no caso dos municípios.
62. [DPE/PB 2015 - Roger Leal]. Onde a União guarda suas reservas? E os
Estados, Municípios e o DF? Se uma lei cria cargos ou aumenta
remuneração de servidores, sem previsão na LOA, o que acontece? Essa
lei é válida? Posso restringir a eficácia da lei para o ano seguinte?
CF/88. Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites
estabelecidos em lei complementar.
188
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a
criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de
carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer
título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas:
(Renumerado do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
I - Se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às
projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias,
ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
189
urgência da despesa, via medida provisória, afastando-se da regra geral
relativa à necessidade de aprovação por meio de lei ordinária.
Assim, são abertos por medida provisória e submetidos imediatamente ao
Poder Legislativo (art. 167, § 3o, c/c art. 62 da CF). Esse procedimento é
inverso aos realizados para a abertura dos créditos suplementares e especiais.
Isto é, no caso de despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de
guerra, comoção interna ou calamidade pública, o Presidente da República
realiza a abertura de créditos extraordinários por meio de Medida Provisória e a
encaminha ao Legislativo. Enquanto ainda não apreciada pelo CN, o governo
pode realizar os gastos necessários.
Se a Medida Provisória for rejeitada pelo Congresso Nacional? Nessa
situação o Congresso Nacional deve regulamentar, mediante Resolução, as
situações geradas, ou seja, as situações quanto aos gastos realizados.
Exemplo: O Congresso nacional pode estabelecer que a despesa realizada
deva ser coberta com a anulação ou o remanejamento de despesas fixadas
para o pagamento da dívida externa.
Em princípio, os créditos extraordinários terão vigência dentro do exercício
financeiro em que foram abertos, salvo se o ato de autorização for promulgado
nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos
limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício
financeiro subsequente (art. 167, § 2o, da CF).
190
efeitos concretos. Faltariam as leis classificadas como “meramente formais”
atributos de generalidade e abstração.
A revisão da orientação jurisprudência vem apenas em 2008 (com o
julgamento da Medida liminar na ADI 4.048 – DF, julgada em 17/4/2008). A
ação fora proposta contra a Medida Provisória 405/2007, posteriormente
convertida na Lei nº 11.658/2008, que abriu crédito extraordinário em favor da
Justiça Eleitoral e diversos órgãos do Poder Executivo, fora das hipóteses do
art. 167, §3º, da CF.
A decisão supera os antigos fundamentos antes aplicados para se negar o
controle abstrato de constitucionalidade das leis orçamentárias. No julgamento
ficou assentado que o “STF deve exercer função precípua de fiscalização da
constitucionalidade das leis e dos atos normativos quando houver um tema ou
controvérsia constitucional suscitada em abstrato, independente do caráter
geral ou específico, concreto ou abstrato de seu objeto”.
É esse o atual estágio da jurisprudência do STF, que alterou seu
posicionamento, passando a aceitar o controle de constitucionalidade abstrato
em relação a normas orçamentárias.
Destaque-se que em relação aos CREDITOS EXTRAORDINÁRIOS, o
STF vem admitindo o controle dos requisitos de imprevisibilidade e
urgência para a edição da medida provisória que abre o crédito. Muito
embora a CF estabeleça um rol exemplificativo do que venha a ser "despesas
imprevisíveis e urgentes", há uma indiscutível densificação normativa dos
referidos requisitos, podendo, então, o STF realizar o controle jurisdicional.
* Resposta extraído do livro de Gilmar Mendes e Pedro Lenza.
66. [TJCE 2015 - José Levi]. Qual a diferença dos créditos suplementares,
especiais e extraordinários?
Créditos adicionais são divididos em: suplementares, especiais e
extraordinários.
Créditos Especiais: Ocorrem quando há um erro de planejamento, quando
quem elabora a LOA se esquece de incluir determinada despesa. Serve para
despesa que não havia sido prevista e, portanto, deve passar pelo crivo do
Poder Legislativo e ser incluída na LOA como crédito especial.
Créditos Suplementares: Ocorrem quando a estimativa inicial do gasto não
corresponde à real necessidade de recursos. A despesa está fixada na LOA,
mas o crédito orçamentário não é suficiente para concluir o objeto. Ele pode ser
autorizado em uma nova lei, que precisa ser aprovada pelo Legislativo, ou já vir
aprovado na própria LOA. Este último caso, como já vimos, é uma das duas
exceções ao princípio da exclusividade, pois uma autorização para aumentar
gastos não é nem previsão de receita e nem fixação de despesa, é apenas
uma autorização (a outra exceção ao princípio da exclusividade é a autorização
para tomar dinheiro emprestado).
Créditos extraordinários: Destinam-se a atender somente despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou
calamidade pública (art. 167, § 3º da CF e c/c art. 41, inciso III, da Lei nº
4.320/64). Os créditos extraordinários são abertos por medida provisória e
submetidos imediatamente ao Poder Legislativo (art. 167, § 3º, c/c art. 62 da
CF).
191
A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada,
as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as
despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos
programas de duração continuada. A lei de diretrizes orçamentárias
compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal,
incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente,
orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações
na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento. A lei orçamentária anual compreenderá: I - o
orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e
entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas
em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social
com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as
entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem
como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
PONTO 12
15 Ordem econômica e financeira. 15.1 Princípios gerais da atividade
econômica.
16. Política urbana, agrícola e fundiária e reforma agrária.
17. Sistema Financeiro Nacional.
192
ausência da atuação estatal, acabará por produzir violação à igualdade
material, levando à crises cíclicas.
193
utilizar a expressão constituição econômica, a significar o conjunto de primados
constitucionais acerca da disciplina jurídica da economia.
194
definidos em lei”. Ou seja, o Estado pode criar entidades paraestatais
incumbidas de explorar atividades econômicas típicas, em regime de
competição com a iniciativa privada. Daí se falar em intervenção direta do
Estado na ordem econômica, mas sempre com o cuidado de não confundir
“serviços públicos” com atividades econômicas desempenhadas
empresarialmente pelo Estado, pois seus regimes são inteiramente diversos
(CELSO ANTÔNIO).
195
princípio da anualidade para a exigência de tributos, o que significaria a
necessidade de a exigência tributária estar contemplada no orçamento para
que pudesse ser cobrada no exercício seguinte. O princípio da anualidade da
lei tributária esteve presente no ordenamento brasileiro, até que a Constituição
de 1967, quando foi suprimido, desta mesma Carta pela Emenda
Constitucional 1, de 1969, e substituindo pelo princípio da anterioridade.
196
de estimar as receitas e as despesas. Nesse princípio busca-se a igualdade
numérica entre as entradas e saídas da administração, afastando-se a
presença de déficit ou superávit. Tal princípio não está contemplado no Texto
Constitucional, todavia, a LRF demonstra que, apesar de não se tratar de uma
diretriz constitucional, a busca pelo equilíbrio está presente em suas
disposições.
197
As emendas ao projeto da LOA ou aos projetos que o modifiquem, apesar de
possíveis, não são indiscriminadas, devendo observar ao disposto no §3º do
art. 166 da CR.
198
35. QUAL A NATUREZA DO ORÇAMENTO, IMPOSITIVA OU FACULTATIVA?
Via de regra, no Brasil, o orçamento é autorizativo e não impositivo de modo
que se trata de mera previsão de gastos, que serão realizados de acordo com
a disponibilidade das receitas arrecadadas no exercício. Todavia, grande parte
das receitas do Estado tem destinação específica própria e, assim, está
vinculada a finalidades específicas, o que, nesse aspecto, torna o orçamento
impositivo. Logo, do ponto de vista das receitas das contribuições, o orçamento
é impositivo, já que se verifica vinculação obrigatória das entrada; não há
grande margem para a discricionariedade do Poder Público nesse aspecto.
199
Tribunal de Contas e da Defensoria Pública, compatibilizadas em regime de
colaboração.
200
5. QUAIS SÃO AS PENALIDADES PREVISTAS NO TEXTO
CONSTITUCIONAL AO PROPRIETÁRIO DE IMÓVEL QUE NÃO CUMPRE
SUA FUNÇÃO SOCIAL?
O Poder Público municipal, mediante, lei municipal específica para área
incluída no Plano Diretor, pode exigir, nos termos da lei federal (Estatuto da
Cidade), do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de: 1. Parcelamento e edificação compulsórios; 2. IPTU
progressivo no tempo; 3. Desapropriação com pagamento mediante títulos da
dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com
prazo de resgate de 10 anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
201
Conjunto de notas e planejamentos estatais com a finalidade de promover a
repartição da propriedade e renda fundiária. Esse procedimento expropriatório
para fins de reforma agrária deverá respeitar o devido processo legal, havendo
necessidade de vistoria e prévia notificação ao proprietário.
202
entre a área explorada e a área aproveitável. Assim, quanto mais for a área
aproveitável (área com condições de ser trabalhada), maior terá que ser a área
efetivamente utilizada pelo proprietário. A Lei n. 8.629/93 traz essas regras.
Veja o que diz o § 1o do art. 6°:
Art. 6o Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada
econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da
terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal
competente.
§ 1o O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá
ser igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação
percentual entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do
imóvel.
O INCRA fez a vistoria na propriedade de João e constatou que, pelo
tamanho da área aproveitável existente na Fazenda, o espaço por ele utilizado
de forma produtiva estava abaixo do que determina a Lei.
Ação proposta por João
O proprietário não concordou e ajuizou ação ordinária com o objetivo de
comprovar que sua fazenda era produtiva. Seu objetivo era o de evitar a
desapropriação. Isso porque a CF/88 não permite que a propriedade produtiva
seja desapropriada por interesse social para fins de reforma agrária (art. 185,
II).
Para provar que a sua fazenda era produtiva, João alegou que ele mantinha
uma área nativa intocada de 1.000ha, caracterizando a reserva florestal exigida
por lei. João alegou que como esses 1.000ha são área de reserva legal (onde
ele não pode cultivar), não poderiam ter sido incluídos pelo INCRA no total de
área aproveitável da Fazenda. Em outras palavras, ele disse que a Fazenda
não estava subaproveitada porque uma grande área (1.000ha) era de reserva
legal. O autor fundamentou seu pedido no art. 10, IV, da Lei n. 8.629/93:
Art. 10. Para efeito do que dispõe esta lei, consideram-se não aproveitáveis:
IV - as áreas de efetiva preservação permanente e demais áreas protegidas
por legislação relativa à conservação dos recursos naturais e à preservação do
meio ambiente.
Desse modo, João pediu que fossem refeitos os cálculos de produtividade
de sua fazenda, excluindo os1.000ha que ele mantinha como reserva legal.
O grande problema de João era o seguinte: os 1.000ha que ele
supostamente mantinha como área de reserva legal não eram averbados no
registro de imóveis da Fazenda, ou seja, não estavam formalmente instituídos
como reserva florestal.
A tese de João poderá ser acolhida pela jurisprudência?
NÃO. O STJ e o STF entendem que, se a reserva florestal NÃO estiver
averbada no registro imobiliário antes da vistoria, não poderá ser excluída da
área total do imóvel desapropriando para efeito de cálculo da produtividade do
imóvel rural.
Para a jurisprudência, a reserva legal precisa estar devidamente identificada
e averbada na matrícula do imóvel a fim de que seja possível saber se o
proprietário vem cumprindo ou não as obrigações positivas e negativas que a
legislação ambiental lhe impõe.
(...) 4. Para a exclusão das áreas de preservação permanente ou de reserva
legal, estas devem estar devidamente averbadas no respectivo registro do
imóvel. Não se encontrando individualizada na averbação, a reserva florestal
203
não poderá ser excluída da área total do imóvel desapropriando para efeito de
cálculo da produtividade. (...) (STF. Plenário. MS 24.924/DF, Rel. p/ Acórdão
Min. Joaquim Barbosa, julgado em 24/2/2011)
O novo Código Florestal (Lei n. 12.651/2012) modificou o tratamento legal e
passou a dizer que as reservas florestais devem ser registradas no órgão
ambiental. Veja:
Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental
competente por meio de inscrição no CAR de que trata o art. 29, sendo vedada
a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou
de desmembramento, com as exceções previstas nesta Lei.
(...)
§ 4o O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no
Cartório de Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a data da
publicação desta Lei e o registro no CAR, o proprietário ou possuidor rural que
desejar fazer a averbação terá direito à gratuidade deste ato.
Apesar disso, o STJ decidiu recentemente que o Novo Código Florestal
manteve inalterada a intenção do legislador de exigir a perfeita identificação da
área de reserva legal, modificando apenas o órgão responsável pelo registro e
manutenção desses dados, não se justificando a alteração do entendimento
jurisprudencial a respeito da matéria (STJ. 2a Turma. REsp 1297128/BA, Rel.
Min. Eliana Calmon, julgado em 06/06/2013).
204
18. QUAL É O REQUISITO ESSENCIAL PARA A ALIENAÇÃO OU
CONCESSÃO DE TERRAS PÚBLICAS SUPERIORES A 2.500 HECTARES?
Nos termos do §1º do art. 188, “a alienação ou a concessão, a qualquer
título, de terras públicas com área superior a 2500 hectares a pessoa física ou
jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do
CONGRESSO NACIONAL, COM EXCEÇÃO DAS ALIENAÇÕES E
CONCESSÕES DE TERRAS PÚBLICAS PARA FINS DE REFORMA
AGRÁRIA.
PONTO 13
18. Ordem social.
205
advindas de acontecimentos que coloquem as pessoas em tal estado. Por
tal motivo, o legislador deve elencar quais as contingências sociais que mais
assolam a sociedade, para que sejam abarcadas. Dentro desse grupo
escolhido, o legislador deve buscar meios de abranger o maior número de
pessoas possíveis.
- Seletividade – limitador da universalidade de cobertura
- Distributividade - limitador da universalidade de atendimento
d) Irredutibilidade do valor dos benefícios: exige-se uma atuação negativa
do Estado, no sentido de não diminuir o valor nominal dos benefícios.
e) Equidade na forma de participação no custeio: Impõe que o custeio da
seguridade social seja feito de forma proporcional à capacidade
contributiva de todos os que estão obrigados a custeá-lo.
f) Diversidade da base de financiamento: visa garantir maior estabilidade
da seguridade social.
g) Caráter democrático e descentralizado da administração
206
previdência social, regime de previdência privada, regimes próprios de
previdência; (iii) técnica: tutela do trabalhador e seus dependentes;
ASSISTÊNCIA: (i) risco: desamparo social; (ii) estrutura: descentralização
político-administrativa – CF, art. 204, I; (iii) técnica: a quem dela necessitar.
207
09. Como se dá a divisão dos sistemas de ensino entre união, estados e
municípios?
A constituição determina que os três entes devem atuar em regime de
colaboração. A união será responsável por financiar o as instituições de ensino
público federais e exercer assistência técnica e financeira aos estados, ao DF e
aos municípios. Exerce a função de garantir a equalização da oportunidade de
ensino e os padrões mínimos de qualidade do ensino.
Os Estados e o DF atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.
Os municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e educação
infantil.
208
14. Quais os instrumentos utilizados pelo poder público para proteger o
patrimônio cultural brasileiro?
Inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação são alguns
exemplos.
209
21. É possível a remoção de grupos indígenas de suas terras? Quais
formalidades devem ser observadas para que isso ocorra?
Em regra, é vedada a remoção de grupos indígenas de suas terras. Tal
remoção será possível, no entanto, em caso de catástrofe ou epidemia que
ponha em risco sua população, com posterior referendo do congresso nacional;
ou no interesse da soberania do país, após deliberação no congresso;
garantindo, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
PONTO 14
19. Defesa do Meio Ambiente. 19.1 Direito ambiental constitucional. 19.2
Conceito de meio ambiente e seus aspectos. 19.3 Princípios de direito
ambiental. 19.4 Política Nacional de Meio Ambiente.
20. Princípio do Defensor natural.
210
3. O que significa o princípio da equidade intergeracional (solidariedade
intergeracional)? Em que consiste a justiça distributiva entre as gerações
(ou redistribuição entre as gerações)?
Consiste em dever imposto pela Constituição ao Poder Público e à
coletividade no sentido de preservar os recursos naturais em benefício não
apenas das gerações presentes, mas, inclusive, das gerações futuras.
Segundo Cristiane Derani, o texto da Constituição da República de 1988
estabelece uma justiça distributiva entre as gerações, no sentido de que as
gerações do presente não poderão utilizar o meio ambiente sem pensar no
futuro das gerações posteriores, bem como na sua sadia qualidade de vida,
intimamente ligada à preservação ambiental.
211
perigosas e/ou poluentes (o STJ admite a inversão do ônus da prova nesses
casos, a partir da interpretação do art. 6º, VIII, do CDC c/c art. 21 da Lei
7.347/85, conjugado ao princípio ambiental da precaução – interdisciplinaridade
entre as normas de proteção ao consumidor e as referentes à defesa dos
direito coletivos). Por essa razão, a aplicação do princípio deve se limitar a
casos de riscos graves e irreversíveis.
212
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental; e) controlar a produção, a comercialização e o emprego de
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade
de vida e o meio ambiente; f) promover a educação ambiental em todos os
níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente; g) proteger a fauna e a flora.
Mas a atuação do Estado na preservação ambiental também pode se pela
intervenção indireta na economia, como agente normativo e regulador,
exercendo funções de fiscalização, incentivo e planejamento. Nesse sentido,
pode o Poder Público fiscalizar as atividades econômicas potencialmente
degradantes, aplicando, conforme o caso, multas ou utilizando prêmios.
213
Trata-se de política instituída pela lei 6.938/81 (legislação esta recepcionada
pela Constituição da República de 1988), que estabelece norma geral sobre
proteção ambiental, fixando princípios, objetivos e instrumentos para a
implementação da preservação dos recursos naturais.
Decorre da competência material comum dos entes federados (art. 23, VI e
VII, CRFB/88) quanto à proteção do meio ambiente, combate à poluição e
preservação das florestas, fauna e flora. Para realizar essa incumbência, a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem observar os
princípios, objetivos e instrumentos previstos na lei 6.938/81.
Assim dispõe o art. 2º da referida lei: “A Política Nacional do Meio Ambiente
tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana”.
214
215