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Maçonaria e Catolicismo

Escrito por Pe. Alberto Gambarini

A maçonaria tem uma origem difícil de ser comprovada. Alguns afirmam remontar ao tempo
anterior ao dilúvio de um tal Jabal, construtor contratado por Caim e Enoch. Jabal ensinou uma
arte secreta para trabalhar com lâminas de ouro. Esses conhecimentos chegaram a Abraão,
por meio de quem seriam transmitidos aos egípcios. Estes os transmitiram aos Judeus, que
alcançaram o seu apogeu na construção do templo de Salomão. Depois da destruição do
templo, o conhecimento teria passado para os cristãos. Os depositários desses segredos
seriam os "quatro santos coroados" e Santo Albano na Inglaterra, o qual com a ajuda do rei
Athelstan os teria codificado.

A maioria dos estudiosos não aceita essa primeira origem, ela é considerada um tanto
fantasiosa. Admiti-se que a origem remota da maçonaria moderna( franco-maçonaria =
pedreiros livres) desenvolveu-se a partir das organizações medievais que agrupavam
arquitetos, mestres- de- obras e pedreiros, os quais, por construírem castelos e igrejas eram
considerados espiritualmente nobres.
Tinham como meta construir a liberdade e a tolerância e o aperfeiçoamento da humanidade.
Professavam a existência de um Principio Criador, sob a denominação de Grande Arquiteto do
Universo.

A maçonaria, conforme é conhecida até os nossos dias, foi criada em 24 de junho de 1717,
como a fundação da Grande Loja da Inglaterra. Surgiu da iniciativa dos pastores protestantes
ingleses James Anderson e J. T. Desaguliers. No ano de 1723, Anderson elabora a primeira
Constituição maçônica. A partir de então a maçonaria adotou uma forma de organização
política que deveria conservar daí por diante.
Durante o século XVIII surgiram lojas na Europa e na América. Com o tempo os maçons
tornaram-se anticlericais, sendo por isso, excomungados pela Igreja Católica (1738). Após a
cisão que resultou na fundação do Grande Oriente, na França, em 1773, a maçonaria alcançou
o apogeu, tendo importante papel nos acontecimentos da Revolução Francesa.

A maçonaria tem como principio professar as mais diversas religiões. Como no Brasil a grande
maioria dos brasileiros é cristã, adota-se a Bíblia como livro da lei. Em outra nação, o livro que
ocupa o lugar de destaque no Templo poderá ser o Alcorão, o Tora, o livro de Maomé, os
Vedas etc., de acordo com a religião de seus membros.
Em 24 de abril de 1738, o papa Clemente XII escreve a encíclica IN EMINENTI, em que
condenou abertamente pela primeira vez a maçonaria. A partir dessa palavra oficial da Igreja
foi proibido aos católicos pertencer á maçonaria.

Nos séculos seguintes inúmeros papas confirmaram essa mesma posição por meio de
diferentes documentos:
· Benedicto XIV, Providas, 18 de maio de1751.
· Pio VII, Ecclesiam a Jesu Chisto, 13 de setembro de 1821.
· LeãoXII, Quo Graviora, 13 de março de 1825.
· Pio VIII, Traditi Humilitati, 24 de maio de 1829.
· Gregório XVI, Mirari Vos, encíclica, 15 de agosto de 1832.
· Pio IX, Qui Pluribus, encíclica, 9 de novembro de 1846.

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Escrito por Pe. Alberto Gambarini

· Leão XIII, Humanum Genus, encíclica, 20 de abril de 1884.


· Leão XIII, Dall Alto Dell Apostólico, Seggio, encíclica, de 15 de outubro de 1890.

A encíclica HUMANUM GENUS, escrita por Leão XIII, é um das mais fortes e extensas no que
diz respeito a indicar os erros da maçonaria e sua incompatibilidade com a doutrina cristã.O
papa ensina, nessa encíclica, que a Igreja católica e a maçonaria são como dois reinos em
guerra.
Entre os pontos principais apresentados por Leão XIII sobre os erros da maçonaria,
destacam-se:
- a finalidade da maçonaria é destruir toda ordem religiosa e política do mundo inspirada pelos
ensinamentos cristãos e substituí-las por uma nova ordem de acordo com suas idéias.
- Suas idéias procedem de um mero "naturalismo". A doutrina fundamental do naturalismo é a
crença de que a natureza e a razão humana devem guiar tudo.
- A maçonaria apresenta -se como religião natural do homem. Por isso afirma ter sua origem no
começo da história da humanidade.

- O conceito de DEUS é diferente daquele apresentado na Bíblia e na doutrina católica. Para a


maçonaria, DEUS é um conceito filosófico e natural. DEUS passa a ser a imagem do homem.
Por isso, não existe uma clara distinção entre o espírito imortal do homem e DEUS.
- A maçonaria nega a possibilidade de DEUS ter ensinado algo.
- Não aceita ser entendida pela inteligência humana.
- A maçonaria estimula o sincretismo religioso, isto é, a mistura das mais diferentes crenças.
- A maçonaria compara a Igreja católica a uma seita.

Em 1917, no antigo CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO (lei oficial da igreja), a maçonaria foi
comparada explicitamente:
CÂNON 2.335: Pessoas que entram em associações da seita maçônica, ou outra do mesmo
tipo que conspire contra a Igreja e a autoridade civil legítima, recebem excomunhão
simplesmente reservada á Sé Apostólica.
Em 17 de fevereiro de 1981, a Sagrada Congregação para a doutrina da fé divulgou uma
orientação para os católicos sobre a maçonaria, em que reafirma a posição tradicional da
Igreja.
O Código de Direito Canônico atual, publicado em 1983, não fala de modo explícito da
maçonaria, somente dá uma orientação geral contra esse tipo de associação:
CÂNON 1.374: Quem der nome a uma associação, que maquine contra a igreja, seja punido
com justa pena; quem promover ou dirigir tal associação seja punido com interdito.

Por não falar da maçonaria, alguns católicos, pensaram que esse cânon não se aplicasse a
ela. Surgiu um impasse: teria acabado a proibição para os católicos participarem das lojas
maçônicas? Para esclarecer essa dúvida, em 26 de novembro de 1983, a Sagrada
Congregação para a Doutrina da Fé publicou a Declaração sobre as Associações maçônicas,
QUAESITUM EST:

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"Foi perguntado se mudou o parecer da Igreja a respeito da maçonaria pelo fato de que no
novo Código de Direito Canônico ela não vem expressamente mencionada como no Código
anterior.
Esta Sagrada Congregação quer responder que tal circunstância é devida a um critério
redacional seguido também quanto ás outras associações igualmente não mencionadas, uma
vez que estão compreendidas em categorias mais amplas.

Permanece, portanto, imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações


maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina
da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem ás
associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da
Sagrada Comunhão. Não compete ás autoridades eclesiásticas locais pronunciarem-se sobre a
natureza das associações maçônicas com juízo que implique derrogação de quanto foi acima
estabelecido, e isto segundo a mente da Declaração desta Sagrada Congregação, de 17 de
fevereiro de 1981"( cf. AAS 73,1981,pp. 240-241).
O Sumo Pontífice João Paulo II, durante audiência concedida ao subscrito Cardeal Prefeito,
aprovou a presente declaração, decidida na reunião ordinária desta Sagrada Congregação, e
ordenou a sua publicação.

Roma, da Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 26 de novembro de 1983.


Joseph Card. Ratzinger.
PREFEITO
+ Fr. Jérôme Hamer, O.P.
SECRETÁRIO.

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