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A Ditadura

Os autores humanistas do Renascimento definiram a ditadura como um


conceito encontrado na história de Roma. Os humanistas escreviam sobre a ditadura
como um conceito próprio da história da antiguidade, sem lhe dar significado jurídico-
estatal geral. Até o século XIX, há uma tradição que definirá a ditadura como uma
sábia invenção da República Romana, na qual o o ditador é um “magistrado romano
extraordinário” (p. 33).
O ditador tinha a função de eliminar uma situação perigosa para a república,
fosse ela uma guerra ou rebelião interna (p. 34). O ditador era nomeado por seis
meses, não estava ligado às leis e tinha “poder ilimitado sobre la vida y la muerte.” (p.
34)
Maquiavel, nos Discursos, trata da ditadura. Maquiavel considerava a ditadura
um importante instituto republicano e o ditador não se confundiria com um tirano.
A ditadura não seria vista como uma forma de dominação absoluta, mas como um
meio da república preservar a liberdade. (p. 36-37) Em Veneza, diz Maquiavel, haveria
um instituto similar. No entanto, Maquiavel observa que o ditador, apesar de deter os
poderes de deliberar e executar, não pode alterar as leis, a constituição nem os poderes
constituídos, tampouco promulgar novas leis. As autoridades regulares continuariam
a existir como uma espécie de controle, diria Maquiavel. (p. 37)
“Por ello, la ditadura es uma institución constitucional de la Repúyblica,
mientras que los decenviratos, precisamente por sus poderes legislativos ilimitados,
han puesto em peligro la Republica.” (p. 37)
Para Schmitt, o que Maquiavel esboça é uma teoria tecnicista, que busca
apontar os melhores meios que podem atingir certos fins políticos, a depender da
forma de governo. Suas considerações sobre a república pressupõem um povo
virtuoso, cuja energia política é igualitária e republicana, e que não suportaria viver
sob um governo absolutista. (p. 38-40)
“Del racionalismo de esta tecnicidad se deriva, em primer lugar, que el artista
constructor del Estado considera la muchedumbre humana que va a organizar
estatalmente como um objeto para configurar, como um material. Es própria de las
concepciones humanistas ver em el pueblo (...) algo irracional a lo que hay que
dominar y conducir por médio de la razón.” – p. 40/41
“Pero si el pueblo es lo irracional, no se puede negociar ni concluir contratos
com él, sino que hay que dominarlo por la astucia o por la fuerza.” – p. 41
“La concepción absolutamente técnica del Estado sigue siendo um valor
próprio, independiente de la conveniência, incondicionado, inacessible para el
derecho. No tiene ninguún interés por el derecho, sino solamente por la conveniência
del funcionamento estatal, es decir, por lo simple ejecutivo, que no necessita la
precedência de ninguna norma em sentido jurídico.” – p. 42/43
“El estado moderno há nacido historicamente de uma técnica política. Com
él comienza, como um reflejo teorético suyo, la teoria de la razón de Estado, es decir,
uma máxima sociológico-política que se levanta por encima de la oposición de
derecho y agravio, derivada tan solo de las necessidades de la afirmación y la
ampliación del poder político.” – p. 44
Conceitos a justificar a visão técnica de Estado: Razão de Estado, salus
publica, arcanum.

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