Ensaio de Tenacidade à Fratura

Curso Superior de Tecnologia em
Processos Metalúrgicos
Ensaios Mecânicos (ED/END)
Aula 10 – Ensaio de Tenacidade à Fratura
Prof. Me. Eng. Jefferson Haag

CRONOGRAMA E CONTEÚDO
Ensaios Mecânicos - 2017/1
Semana Mês Dia Conteúdo Status
1 Fevereiro 24/02/2017 Introdução aos Ensaios Mecânicos.
2 03/03/2017 Ensaio de Tração.
3 10/03/2017 Ensaio de Tração.
4 Março 17/03/2017 Ensaio de Tração. Prática: Ensaio de Tração.
5 24/03/2017 Ensaio de Compressão. Prática: Compressão.
6 31/03/2017 Ensaio de Torção.
7 07/04/2017 1ª Avaliação de Conhecimentos (P1).
8 Abril 08/04/2017 Ensaio de Flexão e Dobramento. Prática: Dobramento.
9 28/04/2017 Ensaio de Dureza.
10 05/05/2017 Ensaio de Dureza. Prática: Ensaio de Dureza - Rockwell.
11 12/05/2017 Ensaio de Impacto.
12 Maio 13/05/2017 Ensaio de Fadiga.
13 19/05/2017 Ensaio de Fadiga.
15 02/06/2017 Ensaio de Fluência.
16 09/06/2017 Ensaio de Tenacidade à Fratura.
17 10/06/2017 Ensaio de Tenacidade à Fratura. Ensaios Não Destrutivos (END).
Junho
18 16/06/2017 Ensaios Não Destrutivos (END). Prática: END - Líquidos Penetrantes.
20 30/06/2017 Recuperação das Avaliações (P1, P2 ou P3).
Julho 07/07/2017 Exame.
Ensaios Mecânicos (ED/END) – MET10

Aula 10 – Ensaio de Tenacidade à Fratura 2
Prof. Jefferson Haag – v. 2017
INTRODUÇÃO
Fratura
• Falha mecânica de estruturas/componentes e causa:
– Perigo a vidas;
– Perdas econômicas;
– Interferência na disponibilidade de produtos e serviços.
Falha do Aloha Airlines Flight 243 (1988) - Descompressão explosiva

Voo entre Hilo e Honolulu (Hawaii)
INTRODUÇÃO
Fratura
• Custo dos danos por fratura:
– U$ 119 bilhões - 1978 (USA) - 4% da produção nacional
americana
– Redução em mais de 50% do custo com o uso da tecnologia
atual da época somada aos estudos de Mecânica da Fratura.

INTRODUÇÃO
Ensaio de Tenacidade à Fratura

• Aplicar uma força crescente em um corpo de prova pré-trincado.
• Monitora-se a carga e o deslocamento (CMOD/LLD).
• Objetivo é obter dados quantitativos sobre a fratura dos materiais.

OBJETIVOS DA AULA
Na aula de hoje, iremos:

• Conhecer o ensaio de tenacidade à fratura, suas características e
como ele é executado;
• Aprender sobre a mecânica da fratura e os parâmetros de KIC e
CTOD.
• Entender como aplicar os dados de tenacidade à fratura em
projetos mecânicos.

CONCEITOS BÁSICOS
Fratura:
• Separação de corpo sólido em duas ou mais parte sob ação de
uma tensão. • Nos metais, ocorre devido ao
inicio e propagação de trinca,
podendo ser classificada em
dúctil e frágil.
Fratura da Tíbia e da Fíbula de Anderson Silva

CONCEITOS BÁSICOS
Teoria de Griffith da Fratura Frágil:

• “Uma trinca se propagará quando a diminuição da energia elástica
de deformação for pelo menos igual à energia necessária para criar
a nova superfície da trinca”
1/2
2Eγs
σf =
πa

CONCEITOS BÁSICOS
Mecânica da Fratura:
• Estuda a relação entre defeitos do tipo trinca e as propriedades
dos materiais e nas tensões aplicadas.
• Dividida em:
– Mecânica da Fratura Linear Elástica: Metais de alta resistência
– Mecânica da Fratura Elasto Plástica: Materiais dúcteis

CONCEITOS BÁSICOS
Projeto Convencional:
Projeto Baseado na Mecânica da Fratura:

CONCEITOS BÁSICOS
Mecânica da Fratura Linear Elástica:

• Modos de Carregamento:
– Modo I: Tração. É o modo principal de carregamento, pois tende a
abrir a trinca.
– Modo II: Cisalhamento. Tende a escorregar um face da trinca em
relação a outra.
– Modo III: Rasgamento.

CONCEITOS BÁSICOS

• Fator Intensidade de Tensões (K):
– Análise de Tensões
Trinca
∞ m Zona dominada
k
σij = fij θ + Am r 2 gij m θ pela singularidade
r
m=0
KI I KI
lim σij I = fij θ σxx = σyy =
r→0 2πr 2πr
CONCEITOS BÁSICOS

• Fator Intensidade de Tensões (K):
Unidades:
K I, II, III = Yσ πa • MPa. m
• N/mm3/2
Outra forma de apresentar o K:
P a
KI = f
B W W
Tenacidade à fratura: KIC

CONCEITOS BÁSICOS

• Estado de Deformação Plana
Espessura Mínima para
Deformação Plana:
2
KIC
B ≥ 2,5
σe

CONCEITOS BÁSICOS
Mecânica da Fratura Elasto Plástica:

• Para materiais estruturais de baixa e média resistência, os
conceitos da MFLE não são válidos.
• Wells (1961) fez diversas observações sobre a fratura de
materiais dúcteis:
– As faces da trinca se separam antes da fratura;
– Deformação plástica “cega” a trinca originalmente aguda;
– Quanto maior o cegamento maior a tenacidade.
• Conclusão:
– Abertura da ponta da trinca (CTOD) é um parâmetro de fratura.

CONCEITOS BÁSICOS

• Crack-Tip-Opening Displacement (CTOD)
Primeiras formas de medição de CTOD:

Definições de CTOD :
• Impreciso para alcançar a ponta Ponta da trinca original Intercepto de 90º

da trinca com o apalpador

CONCEITOS BÁSICOS

• Crack-Tip-Opening Displacement (CTOD) δ = δel + δp
CTOD elástico: CTOD plástico:
Modelo da Rotação Plástica

Semelhança de triângulos:
KI 2 δp V
δel = =
mσYS E′ r(W − a) r W − a + a
m=1,0 (tensão plana) r(W − a)V
m=2,0 (deformação plana) δp =
r W−a +a
CARACTERÍSTICAS DO ENSAIO
Principais Ensaios de Tenacidade à Fratura:

• Mecânica da fratura linear elástica:
– KIC – Norma ASTM E399
• Mecânica da fratura elasto plástica:
– CTOD – Norma BS 7448-1 / ISO 12135
– Integral J – Norma ASTM 1820

Etapas do Ensaio
1. Usinagem do corpo de prova
Seguir geometria e orientação apropriada
2. Pré-trincamento
K máximo permitido e localização importante
3. Ensaio em si
Curva carga vs. deslocamento obtendo aumento da extensão da
trinca
4. Análise e validação do ensaio
Formulas apropriadas para J e CTOD
Análise do CP após ensaio para validação e construção da curva

Configurações de Corpos de Prova

• W = Largura;
• B = Espessura;
• S = Distância entre os apoios;
• ao = Tamanho da trinca inicial.

Pré-Trincamento por Fadiga:

• Métodos de Abertura de Trinca:
– Blocos de carregamento de fadiga
– Por software Carga máxima na pré-trinca:
SE(B)
B(w − a0 )²
Ff = 0,8 × × Rp0,2
S
C(T)
0,6B(w − a0 )²
Ff = × Rp0,2
(2W + a0 )
• Necessárias trincas suficientemente agudas para fins práticos.

• Tamanho mínimo de trinca: 1,3mm ou 2,5%W.

Análise dos Dados:

• Curva Carga-Deslocamento – Tipos Característicos

Medição da Trinca de Fadiga

• Amostra é fraturada após o teste.
i=8
1 a1 +a9
a0 = + ai
8 2
i=2

Critérios de Validação
• ao/W entre 0,45 e 0,70;
• Variação de 0,1ao entre pontos;
• Tamanho mínimo 1,3mm ou 2,5%W;
• Ângulo máximo trinca de 10°.
Trinca válida Trinca inválida

PROPRIEDADES MECÂNICAS
KIC:
Cálculo de KQ: Definição de FQ /PQ:
S FQ a0
SE(B): KQ = W (BB W)0,5
g1
W
N
FQ a0
C(T): KQ = g2
(BBN W)0,5 W
Qualificação de KQ como KIC:

2
KQ
a0 , B, (w−a0 ) ≥ 2,5
Rp0,2
Pmax
≤ 1,1
PQ
KQ = KIC

CTOD:
Cálculo de o: Definição de Vp:
2
F a0 1−ν² 0,46 W−a0 Vp
δ0 = ×g2 +
(BBNW)0,5 W 2Rp0,2E 0,54a0+0,7W+z
2
S F a 1−ν² 0,4 W−a0 Vp
δ0 = ×g1 0 +
W (BBNW)0,5 W 2Rp0,2E 0,6a0+0,4W+z
Qualificação de o como valor de

tenacidade à fratura:
δo =δc(B) Fc , Vc
δo =δu(B) Fuc , Vuc
δo =δuc(B) Fu , Vu
δo =δm(B) Fm , Vm

Ensaio Aplicado a Juntas Soldadas:

• CTOD possui grande aplicabilidade em soldas.
Zona Termicamente Zona
Afetada Fundida
a) Material de Origem
Orientação do Corpo de Prova
NP/XY
Metal Base Zona Termicamente Afetada Zona Fundida
b) Metal de Solda

Ensaio Aplicado a Juntas Soldadas:

• Etapas adicionais:
– Posicionamento do entalhe;
– Métodos de obtenção de frente plana de trinca;
– Metalografia pós-ensaio

PROJETO BASEADO NA MEC. DA FRATURA
• Critério de falha pela tenacidade à fratura em deformação plana
diz a fratura ocorrerá quando o K exceder o KIC do material.
• Falha, se K ≥ KIC
• É feita a análise de três variáveis:
– Tenacidade à Fratura (KIC);
– Tensão Aplicada (σ);
– Tamanho do defeito (a).
Assumindo-se que Y tenha
sido determinado.
KIC = Yσ πa

• Dependendo da aplicação, amarra-se uma ou outra variável.
– Seleção de materiais → KIC.
– Inspeção (Resolução) → Tamanho de trinca admissível.
• Caso duas variáveis estejam definidas, a terceira estará fixa.
• Pode-se calcular:
– Tensão crítica para fratura:
KIC
σc =
Y πa
– Tamanho de trinca crítico:

2
1 KIC Ensaios não-destrutivos
ac =
π σY
Exercício 1 – Seleção de Materiais:

• Você deve determinar o material a ser utilizado em um projeto.
O critério a ser utilizado é o de maior carregamento permitido. O
componente apresenta as dimensões abaixo. Para o projeto
devemos considerar: a) tensão máxima permitida de metade da
tensão de escoamento; b) suportar trinca lateral com 10mm.
• Para geometria desejada - KIC = 1,1σ πa
Os materiais disponíveis são:

Material e (MPa) KIC (MPa m-1/2)
A 350 90
B 500 70
C 750 52
D 1000 37

Exercício 2 – Método de Inspeção :

• Você deve especificar o método de END a ser utilizado para
avaliar o surgimento de trincas por fadiga em uma união
utilizada na fixação de um gancho de um guindaste. Você tem
disponível as técnicas de ensaio apresentadas abaixo
(juntamente com sua resolução). O custo de inspeção aumenta
com a diminuição do defeito detectado. Portando, você deve
escolher a técnica que cumpre o requisito ao menor custo.
• A união é fabricada em aço com as seguintes propriedades:
σe = 1000 MPa e KIC = 48,4 MPa

Exercício 2 – Método de Inspeção :

• A união foi projetada para operar a uma tensão máx. igual a
metade da tensão de escoamento. Determine via MFLE qual a
técnica de END a ser utilizada.
Técnica Resolução, mm
K IC  1,21 c Visual 6,35
Magnaflux 3,05
Raio-X 2,03
Ultrasom 0,76

REVISÃO DA AULA
• Na aula de hoje, nós vimos:

– Como é realizado o ensaio de tenacidade à fratura, suas
características e aplicações;
– A mecânica da fratura linear-elástica e elasto-plástica;
– Os parâmetros de fratura: KIC e CTOD.
– A utilização dos dados de KIC em projetos e seleção de
materiais.

PRÓXIMA AULA
• Estudaremos os Ensaios Não-Destrutivos (END)!


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