SEU GUIA PARA APERFEIÇOAR

SEU JIU-JITSU POR TODA A VIDA

Por Bernardo Faria penta campeão mundial
 Conteúdo
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................... 3
ONDE TREINAR? COMO ESCOLHER UMA ACADEMIA? COMO IDENTIFICAR UM BOM PROFESSOR?.......... 4
INICIANTES: EM QUAIS POSIÇÕES FOCAR?..................................................................................................... 5
COMPETIÇÕES TE AJUDAM A MELHORAR...................................................................................................... 6
COMO MAXIMIZAR O SEU APRENDIZADO..................................................................................................... 7
COMO CRIAR UM PLANO DE JOGO.................................................................................................................. 9
COMO ESCOLHER COM QUEM TREINAR......................................................................................................... 9
COMO LIDAR COM A FRUSTRAÇÃO DE ACHAR
QUE NÃO ESTÁ APRENDENDO......................................................................................................................... 10
QUANTO TREINAR?........................................................................................................................................... 11
COMO EVITAR LESÕES...................................................................................................................................... 12
COMO CONSEGUIR UM PATROCÍNIO.............................................................................................................. 13
COMO SE PREPARAR FISICAMENTE FORA DOS TATAMES............................................................................. 14
NO JIU-JITSU, NÃO HÁ CERTO OU ERRADO.................................................................................................... 15
CONCLUSÃO...................................................................................................................................................... 16
CURSOS DE JIU-JITSU POR BERNARDO FARIA
ASSISTA ABAIXO OS MEUS CURSOS................................................................................................................ 16

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 INTRODUÇÃO
Meu nome é Bernardo Faria, nasci e fui criado em Juiz de Fora - MG, Brasil. Sou filho caçula e, ao lado de meus
dois irmãos, formamos uma família muito feliz, construída por meus pais. Eu tive o que muitos classificariam como
uma infância bacana: ia bem na escola, tive muitos bons amigos e praticava esportes, como futebol e outros. Mas
é claro que eu não era o tipo de atleta muito notado pelos meus amigos e treinadores. Comecei a treinar jiu-jitsu
na cidade onde nasci, quando eu tinha 14 anos. Um amigo de um dos meus irmãos me convidou para fazer um
treino e, desde então, nunca mais parei. Estou escrevendo este e-book porque eu acho que minha mensagem é
poderosa e eu me considero simplesmente uma pessoa comum. No começo, eu não me considerava excepcio-
nalmente talentoso e meus professores também não. Mesmo quando eu comecei a treinar jiu-jitsu, eu sentia que
não tinha aptidão física para aquilo - até hoje eu não sei dar uma “estrelinha”.
Uma das coisas que me fizeram me apaixonar pelo jiu-jitsu é que eu percebi que mesmo as pessoas que não têm
talento podem se destacar se tiverem garra e dedicação. É um esporte que enfatiza o domínio da técnica, o que
qualquer um pode aprender, diferentemente do futebol, em que características como velocidade e coordenação
motora são pré-requisitos. Meu objetivo é te dar uma trajetória de como você deve aprender adequadamente
o jiu-jitsu, uma orientação que irá te ajudar a alcançar todo o seu potencial e alguma esperança de que você irá
apreciar e curtir o jiu-jitsu por toda a sua vida.
Em 2015, eu comecei a compartilhar com o mundo tudo o que eu já fiz durante a minha carreira através de cursos
online DVDs e etc. Se você quiser saber mais, sobre estes cursos, clique aqui - https://bjjfanatics.com.br/search?-
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Esse sou eu, em 2002, no meu segundo ano de jiu-jitsu, na faixa amarela

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 ONDE TREINAR? COMO ESCOLHER UMA ACADEMIA? COMO
IDENTIFICAR UM BOM PROFESSOR?
Vou começar por onde treinar e como identificar um bom professor. Eu acredito que um dos pontos mais impor-
tantes da minha carreira foi quando eu escolhi onde treinar. Quando eu comecei, em 2001, um amigo de um dos
meus irmãos me convidou pra treinar na escola dele, que era considerada a melhor da cidade. Eu fiz uma aula,
mas lembre-se que eu não sabia nada de jiu-jitsu e achava que todas as academias eram iguais. Um dia, quando
estava na academia em que eu malhava, vi que lá também tinha jiu-jitsu e decidi começar lá em vez de fazer na
escola onde o amigo do meu irmão treinava. Pra minha sorte, quando fiz algumas perguntas ao treinador, ele foi
muito mal educado comigo e mal me respondeu quais eram os horários dos treinos. Eu fiquei com uma impressão
muito ruim do professor e nunca mais voltei lá. Às vezes, as decisões que você não toma são as mais importantes
da sua vida! Então, sempre siga seus instintos: TREINE ONDE SE SENTIR CONFORTÁVEL! Se não se sentir confortável
em uma academia, não treine lá!
Eu decidi dar mais uma chance e voltei à academia do meu amigo. Quando cheguei lá, conheci meu primeiro
professor, Ricardo Marques, que me graduou em todas as faixas. Quando eu vi ele pela primeira vez, ele abriu um
sorriso e disse “bem-vindo à minha academia. Quantos anos você tem?”. Eu respondi: “14” - estava com um amigo
que tinha a mesma idade. Depois eu perguntei sobre os horários e ele disse: “Hummm, pra você vai ser segunda,
quarta e sexta, das 17h às 18h”. Eu disse: “Por que pra mim? Quem faz aula também?”. E ele disse: “A aula é pra
você e pra você” (apontando para o meu amigo). Foi aí que percebi que ele não tinha aula para adolescentes e
estava começando comigo e com meu amigo. De cara eu já me senti muito bem-vindo e parecia que aquela boa
recepção nunca iria acabar.
A maneira como ele me tratou foi muito importante para mim, porque eu pude reparar que ele era um cara bas-
tante autêntico e foi muito bacana comigo e com meu amigo. Por isso eu quero enfatizar que o mais importante
ao escolher uma academia é ter a certeza de que o professor é um cara bacana, pois eu aprendi que, em qualquer
academia, é o professor que dita o ritmo: SE O PROFESSOR FOR UM CARA LEGAL, TODOS OS ALUNOS TAMBÉM
SERÃO LEGAIS. O ambiente da academia vai ser acolhedor e um ótimo lugar para aprender, provavelmente vai ser
como se fosse sua segunda casa e lá você vai amar o jiu-jitsu. A partir do momento que você tem um ambiente
acolhedor pra treinar, seu progresso se torna muito mais fácil. A gente tende a se destacar em tudo que a gente
ama fazer na vida e eu agradeço à Deus todos os dias por ter começado a fazer jiu-jitsu no lugar certo, com o
Ricardo. Se eu tivesse começado no lugar errado eu teria odiado o jiu-jitsu e não estaria onde estou hoje. O am-
biente positivo e a vibração são mais importantes do que as conquistas do professor nos tatames.

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Na cidade onde nasci, com o meu primeiro professor, Ricardo Marques, que me graduou da faixa branca à preta

INICIANTES: EM QUAIS POSIÇÕES FOCAR?

Quando comecei a treinar jiu-jitsu, eu não sabia nada sobre o esporte e nunca tinha praticado artes marciais antes,
por isso fiquei muito feliz pelo fato de meu professor ter focado nas técnicas mais básicas. O Ricardo veio de uma
linhagem da Carlson Gracie e a maioria das pessoas dessa origem tem um jogo de jiu-jitsu básico, mas muito
sólido. Eles até desenvolvem algumas técnicas modernas, mas todos eles são bem treinados nos fundamentos.
Isso é algo que foi muito importante para minha carreira e me ajudou em todos os níveis. EU ACREDITO QUE SE
VOCÊ SOUBER OS FUNDAMENTOS MUITO BEM, FICA MUITO MAIS FÁCIL APRENDER QUALQUER OUTRA
TÉCNICA MAIS AVANÇADA. O jiu-jitsu não tem limites quanto às técnicas que você pode desenvolver e criar
para o seu próprio corpo, mas primeiro você deve ter uma boa compreensão dos seus fundamentos. Essas são
às quais me refiro:

• Defesa pessoal em pé
• Guarda fechada
• Passagem de guarda
• 100 Quilos
• Montada

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 • Ataque pelas costas
• Se você quiser se destacar no jiu-jitsu, essas são as técnicas que você vai precisar dominar:
• Duas formas de puxar para a guarda (uma colocando um pé no quadril e outra pulando para fechar
a guarda)
• Três ou quatro raspagens da guarda fechada (as básicas: tesourinha, raspagem com a mão na faixa,
raspagem de pêndulo e raspagem armadilha)
• Uma ou duas raspagens em qualquer tipo de guarda aberta
• Uma ou duas raspagens da meia-guarda
• Três ou quatro finalizações da guarda fechada (estrangulamento da guarda fechada, armlock da
guarda fechada, kimura da guarda fechada)
• Uma maneira de fazer postura e uma maneira de abrir a guarda fechada
• Três ou quatro passagens básicas de guarda fechada (toreando, emborcando), indo para a meia guarda)
• Uma maneira de pegar as costas (cinto de segurança)
• Três ou quatro finalizações no 100 quilos (armlock, kimura e estrangulamento)
• Dois ataques com o joelho na barriga
• Três ou quatro finalizações na montada (armlock, americana e estrangulamento)
• Duas ou três maneiras de sair do 100 quilos
• Duas ou três maneiras de sair da montada
• Duas ou três maneiras de sair da pegada das costas
• Três ou quatro técnicas de defesa pessoal em pé

Se você souber fazer bem essas técnicas, você vai dar trabalho para qualquer um - mesmo para um faixa preta.
Não importa muito em quais delas você seja bom, desde que você tenha o domínio de algumas delas.

COMPETIÇÕES TE AJUDAM A MELHORAR

Ok, a partir do momento que você já tem os fundamentos consolidados, as competições te ajudam a testar o
seu conhecimento. Eu sei que competir não é para qualquer um, é algo que tem que vir de dentro, pois é algo
caro, estressante e exige um comprometimento muito maior do que simplesmente ir aos treinos. Participar de
campeonatos com certeza é uma maneira de progredir mais rápido, por que a intensidade de uma competição é
diferente de qualquer coisa que você irá enfrentar em um treino. O estresse de uma competição eleva o seu foco
a 100% e sua mente ficará completamente desgastada por pensar no que deu certo e no que deu errado. Nos
treinos, todo mundo se conhece, então talvez suas técnicas funcionem no seu oponente - ou talvez não -, mas,
pelo fato de seus oponentes nos treinos serem seus amigos, E você treinar muito com eles, é difícil saber se suas
técnicas realmente funcionam. Quando você compete, você pode ver em qual nível está, qual a eficiência das suas
técnicas contra os seus adversários e como você se defende daquilo que não está acostumado a enfrentar. Depois
de um campeonato, ganhando ou perdendo, você sempre volta pra casa com coisas pra melhorar e consertar.
A intensidade e o estresse de uma competição vão te mostrar claramente o que precisa ser melhorado. E ver o
círculo do campeão vai fazer com que você queira estar lá da próxima vez - esse forte desejo vai impulsionar o
esforço que você precisa para melhorar de forma rápida. Talvez você já tenha ouvido essa frase: “DIAMANTES
SÃO FEITOS SOB PRESSÃO”. Eu acredito que a pressão das competições é um grande fator no aprimoramento
do seu jiu-jitsu. SOBRE PRESSÃO, VOCÊ VAI DAR O MELHOR DO SEU MELHOR E VAI DESCOBRIR COISAS
QUE VOCÊ NUNCA PERCEBERIA QUE ERA CAPAZ DE FAZER OU QUE PUDESSE APRENDER COMO FAZER.

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 Campeão mundial na categoria absoluto – 2006

COMO MAXIMIZAR O SEU APRENDIZADO

Algo que me ajudou muito na minha carreira foi a maneira como eu maximizo o meu aprendizado. Em algum
ponto da minha carreira, quando eu ainda era faixa amarela (2002), eu rapidamente percebi que eu não tinha
nenhum talento especial para o jiu-jitsu. Eu sempre me comparava com todo mundo e percebi que eu não era
naturalmente flexível, não era monstruosamente forte e eu tive dificuldade em aprender a rolar. Então eu percebi
que eu tinha que aprender o jiu-jitsu da maneira mais eficiente possível, para compensar as características físicas
que eu não tinha e, dessa maneira, conseguir ganhar de caras mais talentosos. Eu comecei a pensar em quantas
técnicas existem no jiu-jitsu. Mais de 1.000? Mais de 10.000? Se incluirmos pequenos detalhes e variações, eu acre-
dito que haja milhares, centenas de milhares ou até mesmo milhões de técnicas. Então, quando eu tinha mais ou
menos 15 anos, eu comecei a perceber que seria muito difícil ser bom em todas essas técnicas. Alguns pareciam
ter facilidade pra aprender: mesmo fossem passadas 10 técnicas em um único dia, eles aprendiam rápido e nunca
mais se esqueciam (pensando bem, hoje percebo que não era bem assim). Definitivamente eu não era um desses
caras, eu era aquele que aprendia 3 técnicas e se eu não gostasse muito delas no dia seguinte eu já não lembrava
de nada. Então EU PASSEI A FOCAR TODO O MEU JOGO EM APENAS ALGUMAS TÉCNICAS. Quanto mais eu
aprimorava essas técnicas, mais elas começavam a funcionar em caras que eram mais talentosos do que eu, mas
que não eram tão focados. No livro “Fora de Série”, Malcolm Gladwell fala sobre a necessidade de se passar 10.000
horas praticando uma técnica para dominá-la. Esse foi o meu raciocínio - mesmo ainda não tendo lido o livro.

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 Agora, existe um erro muito comum no que se refere ao aprimoramento de uma posição: o segredo não é ir para a
academia e repetir uma certa passagem ou raspagem da mesma maneira 10.000 vezes. Depois de fazer a posição
algumas vezes, digamos 10 ou 20 vezes, os retornos são decrescentes e depois de um tempo você passa a não
fazê-la bem, simplesmente por estar repetindo a mesma coisa toda hora. O SEGREDO É aprender COMO CHEGAR
NA SUA TÉCNICA FAVORITA A PARTIR DE QUALQUER POSIÇÃO. A partir do momento que você fica muito
bom em uma técnica, seja na meia-guarda ou na passagem amassando, por exemplo, e você consegue chegar
lá a partir de muitos lugares, você irá começar a ganhar muito! Digamos que você esteja debaixo no 100 quilos
e você insistentemente trabalha uma maneira de chegar no seu jogo de meia-guarda. Agora seu adversário tem
que se preocupar. Quando você está no meio de um rola, o que importa é quem é melhor em um determinado
ponto e se você consegue manter a luta onde você é forte, voltando sempre a esse ponto, então você vai ganhar
frequentemente. É aí que o jiu-jitsu começa a ficar divertido e a dar certo.
Eu gosto de imaginar certas posições e passar todo o meu tempo nelas, para virar um especialista.
Por isso eu desenvolvi um jogo relativamente estreito: passagem amassando/emborcando, quando estou por
cima, e meia-guarda (Guarda-Z e Meia-guarda profunda), quando estou por baixo. Coincidência ou não, se você
prestar atenção nos melhores lutadores de jiu-jitsu do mundo, vai perceber que a maioria deles é especialista em
um tipo de jogo. As técnicas do Marcelo Garcia saem 80% da guarda borboleta; Ricardo De La Riva usa o jogo que,
inclusive, leva o seu nome; Roger Gracie baseou seu jogo em técnicas básicas que qualquer faixa branca aprende
na primeira semana de treino. É raro achar alguém como Marcus Almeida “Buchecha”, que pode ser considerado
um fenômeno em muitos os estilos: ele domina uma enorme variedade de técnicas.
Sempre lembre-se que, para você se destacar, precisa primeiro dominar os fundamentos, pois você só consegue
desenvolver técnicas avançadas, estratégias e planos de jogos se possuir uma compreensão sólida do básico.

Campeão mundial peso e absoluto – 2015

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 COMO CRIAR UM PLANO DE JOGO
Agora que você sabe aplicar os fundamentos muito bem e escolheu algumas posições para se especializar, é hora
de criar um plano de jogo, tanto para treino quanto para competições. Essa é uma parte fundamental do proces-
so, porque talvez você seja especialista em guarda fechada, mas nas competições ou durante os treinos nunca
consegue puxar para a fechada. Isso vai ser uma complicação. Então o seu plano de jogo deveria ser baseado em
como chegar nas suas posições antes que o seu oponente chegue nas dele e como trazer o seu oponente para
as suas posições assim que você começar o rola ou a competição! Perceba: SE VOCÊ CONSEGUIR TRAZER O
SEU OPONENTE PARA SEU JOGO, SUA CHANCE DE VENCER É MUITO MAIOR, pois ele vai ser forçado a jogar
contra técnicas que você passou horas aprimorando, ao passo que talvez ele tenha dedicado pouco tempo a
esses pontos. Dessa forma, a chance de você pontuar ou finalizar, partindo do seu ponto, é muito maior do que a
chance de o adversário pontuar ou te finalizar. Outra coisa importante a ser considerada é a conexão entre uma
técnica e outra. Por exemplo, talvez você seja bom na guarda borboleta e na passagem toreando, mas não seja
bom em passar a meia-guarda. Então, se toda vez que você raspar, acabar caindo na meia-guarda, suas posições
não vão estar bem conectadas, porque você estará fazendo uma raspagem (seu ponto forte) mas caindo na
meia-guarda (seu ponto fraco). A ideia é criar uma maneira para que, quando você raspe, você caia justamente na
sua passagem favorita, de forma que mantenha seu oponente sempre jogando contra suas melhores posições.
Assim que aplico uma das minhas raspagens, eu tento ir direto para a passagem dupla, mantendo meu adversário
sempre um passo atrás de mim. ENTÃO O SEGREDO PARA UM PLANO DE JOGO É: TRAGA SEU OPONENTE O
QUANTO ANTES PARA SUAS MELHORES TÉCNICAS E CONECTE-AS.

COMO ESCOLHER COM QUEM TREINAR

Agora vamos falar um pouco mais sobre treinos e como usá-los para alcançar suas metas. Esse tópico vai abordar
dois diferentes ângulos, dependendo do seu objetivo. Há pessoas que treinam jiu-jitsu para serem as melhores
do mundo, mas há também quem pratique apenas como um hobby.
Primeiramente vou focar somente naqueles que praticam o jiu-jitsu como um hobby. Para esses praticantes, eu
daria ênfase apenas em manter o jiu-jitsu como uma diversão. Eu não me forçaria a treinar apenas com caras
duros, me concentraria mais em malhar, aprender sobre o jiu-jitsu e curtir o máximo que puder do esporte.
Mas se seu objetivo é se tornar um campeão mundial, eu repito o que falei primeiro: aprenda bem os fundamentos,
tente competir para que você aprenda mais rápido, tente se especializar em certas técnicas e crie um bom plano
de jogo. O jiu-jistu é um esporte comercial, ainda não é profissional, por isso, na maioria das academias, as aulas
são dadas de maneira que todos - profissionais ou não - possam treinar ao mesmo tempo. Então, como atleta,
você deve tentar controlar o que você puder, ou seja, você pode controlar com quais caras você vai treinar. Você
vai precisar rolar duro na hora dos pegas! Eu diria: FOQUE EM TREINAR APENAS COM CARAS QUE IRÃO TE
DAR TRABALHO. Eu posso dizer que, do meu primeiro ano de jiu-jitsu, em 2001, até 2013 ou 2014, não me lembro
de ter feito um pega com um cara menos graduado ou mais leve porque estava cansado ou queria descansar.
Eu sempre pegava os mais duros e mais pesados. Mais uma vez, eu destaco que DIAMANTES SÃO FEITOS SOB
PRESSÃO e, se você não treinar até você se sentir exausto, até você atingir o seu limite, será impossível que você
atinja o seu potencial total. Escolher com quem você vai treinar é essencial. Muitas vezes eu vejo pessoas dizendo
que querem ser campeões mundiais, que treinam três ou quatro vezes por dia, que comem como campeões,
que isso e aquilo, e quando eu vejo eles rolando, eles só escolhem caras que eles sabem que eles podem ganhar.
Quando treinam com alguém muito duro, depois pegam alguém fácil para descansar. Se você faz isso, você está
desperdiçando seu tempo, você não será um campeão mundial. Jiu-jitsu é uma luta constante contra o seu ego,
que pode ser o seu maior inimigo. O seu ego te dirá que você tem que descansar toda hora, não competir, não
pegar aquele cara duro no treino, mas você não deve escolher a estrada mais fácil, pois você deve se acostumar
a “perder” na academia para que você possa ganhar nas grandes competições.

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 Os três instrutores de Bernardo: Ricardo Marques, Fábio Gurgel e Marcelo Garcia.

COMO LIDAR COM A FRUSTRAÇÃO DE ACHAR

QUE NÃO ESTÁ APRENDENDO
Isso já aconteceu comigo centenas de vezes. Você está treinando muito, mas suas técnicas não funcionam e parece
que você não consegue aprender nada mais que seja eficiente. Durante esses momentos difíceis, pode parecer
que você parou de progredir e que você virou um faixa branca de novo. Todo mundo na academia está passando
o carro em você e sua técnica não funciona mais. O jiu-jitsu é engraçado, na maioria das vezes que eu me sinto
assim, compito muito bem e, às vezes, quando me sinto bem eu compito mal. Minha teoria: você treina na sua
academia todos os dias, então é normal que durante um período suas posições favoritas parem de funcionar. Todo
mundo vai sacar o que você faz bem e aprender a se defender, mas a resistência vai te ensinar a adaptar a sua
técnica quando ela não estiver funcionando e vai te tornar muito melhor. Seus parceiros de treino vão se adaptar

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a você e isso vai forçar você a evoluir: esse é o processo de aprendizagem. É por isso que nunca devemos desistir.
Na maioria das vezes em que estamos lutando, podemos estar perto de uma grande descoberta e precisamos nos
lembrar: “NÃO IMPORTA O QUANTO A TEMPESTADE DURE, O SOL SEMPRE BRILHA ATRÁS DAS NUVENS”.

Uma das fotos favoritas de Bernardo

QUANTO TREINAR?
Quando competia, o que mais me perguntavam era “quanto você treina?” e “quanto você acha que eu deveria
treinar?”. Mais uma vez, isso vai depender do seu objetivo.
Se seu objetivo for TREINAR APENAS COMO UM HOBBY, EU SUGIRO DE DUAS A CINCO VEZES POR
SEMANA. Definitivamente não menos que duas, por que se você não treinar pelo menos duas ve-
zes vai ficar muito difícil para manter o seu corpo pronto e sua mente fresca para absorver as técnicas
que você aprendeu.
SE O SEU OBJETIVO É SER CAMPEÃO MUNDIAL NA CATEGORIA MASTER, POR EXEMPLO, EU SUGIRO QUE
TREINE DE QUATRO A OITO VEZES POR SEMANA. QUATRO VEZES PODE SER SUFICIENTE, SE VOCÊ TREINAR
CONSTANTEMENTE.
SE SEU OBJETIVO É SER CAMPEÃO MUNDIAL NA CATEGORIA ADULTO, EU SUGIRO QUE TREINE DE 10 A 15

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 VEZES POR SEMANA. Você pode misturar com o jiu-jitsu, condicionamento físico, wrestling, judô, tudo conta
como treino. Mas é muito importante que você sinta como seu corpo está reagindo e que lembre-se que é mais
importante focar na qualidade do treino. É aquilo que discutimos no tópico “como escolher com quem treinar”
e que discutiremos em “como malhar fora dos tatames”. Quando eu morava na minha cidade natal e peguei a
faixa preta, eu treinava cerca de 10 vezes por semana, pois ainda estava ocupado fazendo faculdade. Depois que
peguei minha faixa preta e me mudei para São Paulo pra treinar com o Fábio Gurgel, comecei a treinar 13 vezes
por semana, incluindo condicionamento físico e judô uma vez por semana.
Quando comecei a ficar mais velho, eu reduzi meus treinos pra cerca de 9 vezes por semana, e como usei tanto do
meu corpo por tanto tempo muitas lesões começaram a aparecer. Então comecei a balancear como eu treinava,
para ter a certeza de poder treinar 12 meses por ano. Então eu treinava muito pesado durante a temporada de
competições (Janeiro-Junho), cerca de 10 vezes por semana. Depois dessa temporada de competições, eu trei-
nava apenas uma vez por dia pra manter minha saúde. Essa temporada sem competições, mais leve, me ajudava
a me recuperar das lesões e a me preparar para uma nova temporada. É importante deixar claro que eu comecei
a pegar mais leve nas temporadas fora de competições somente depois de sete anos competindo na categoria
faixa preta adulto. Bom enfatizar também que, a partir do momento que você se torna um faixa preta, a primeira
coisa que você precisa fazer é buscar reconhecimento, então é importante nesta fase competir praticamente
tudo. Então a maioria dos novos faixas preta não podem se dar a esse luxo de passar seis meses treinando leve.

Bernardo com seus pais e seus dois irmãos, quando concluiu o curso de Administração de Empresas

COMO EVITAR LESÕES

Lesões são um grande obstáculo que temos que tomar cuidado nessa jornada no jiu-jitsu. Comparado a outras
lutas agarradas como wrestling e judô, o jiu-jitsu é um esporte bem seguro, mas as lesões ainda são um importante
fator a ser considerado. Quanto mais treinamos, maiores são as chances de lesão. A maioria das pessoas treina de
duas a três vezes por semana quando começam a praticar, mas, a partir do momento em que passam a ficar mais
viciadas nos treinos, começam a treinar todos os dias e às vezes até mais de uma vez por dia. As lesões passam,
então, a ser tornar cada vez mais prováveis, porque nós começamos a exigir muito do nosso corpo e, mais cedo
ou mais tarde, elas aparecem. Se você estiver na casa dos 30 ou 40, as chances de se lesionar se tornam ainda
maiores, pois seu corpo passa a não se recuperar tão bem.

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A seguir estão minhas dicas para evitar lesões:
• Foque nos aquecimentos: tenha certeza de que esteja bem aquecido antes de partir para os rolas.
A maioria das lesões aparece nos primeiros rolas, pois o corpo está frio e despreparado para a inten-
sidade exigida.
• Se puder, tente malhar fora dos tatames para garantir que todo o seu corpo esteja forte o suficiente
e pronto pra treinar pesado. Trabalhar os seus músculos pode te ajudar a lidar melhor com a rotina
do jiu-jitsu.
• Se, por qualquer motivo, você tiver parado com o jiu-jitsu durante algum tempo, não volte a treinar
muito pesado logo na primeira semana. Seu corpo esquece como é treinar pesado, então pegue leve
para, aos poucos, preparar seu corpo para os treinos novamente.
• Tente lidar com as lesões leves: não pare de treinar. Quando treinamos regularmente, sempre teremos
pequenas lesões e nós temos que aprender a lidar com elas. Se você parar de treinar toda vez que tiver
uma dorzinha, basicamente você nunca vai treinar. Então, trate de ser duro! O amor pelo esporte vai
fazer com que você supere isso.

Depois da minha cirurgia do menisco

COMO CONSEGUIR UM PATROCÍNIO

Esse é um tópico difícil e é somente para aqueles que querem praticar o jiu-jitsu como meio de vida ou como
profissionais. A verdade é que patrocinadores de jiu-jitsu, em geral, não apoiam os atletas como profissionais. O
jiu-jitsu ainda é um esporte muito pequeno e as empresas ainda enxergam o mercado como relativamente bai-
xo se comparado a outros esportes. Se você é um faixa preta, compete na categoria adulto e ganha, você pode
conseguir alguns patrocínios para ajudar em alguns custos, mas não o bastante para viver disso. Infelizmente o
jiu-jitsu ainda está nesse nível. Se você é um faixa azul, roxa ou marrom, tentando fazer sua carreira, eu sugeriria
focar em conseguir “ajuda” ou “patrocínio” de pessoas que veem o quanto você se esforça, o quanto você se dedica
ao esporte e o quanto você ama o que faz. Há alguns empresários que vão querer te patrocinar - na verdade, eles
vão querer AJUDAR você -, mas pedirão que você represente os negócios deles usando “patches” nos quimonos e

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 falando a respeito da empresa nas redes sociais. Talvez um restaurante te dê refeições grátis, um pequeno salário
ou qualquer outro tipo de ajuda financeira. Lembre-se que o jiu-jitsu ainda não é um esporte em que se paga
muito e se você for um faixa azul, roxa ou marrom, você ainda não está na principal categoria do esporte. No meu
caso, quando eu morava na minha cidade natal, uma loja de suplementos costumava pagar minhas viagens e
inscrições para campeonatos. Havia também um empresário que me ajudava em todas as minhas viagens inter-
nacionais. Foi assim que eu consegui competir muito quando eu era mais novo. Lembre-se de uma coisa: quando
você se tornar grande, NUNCA SE ESQUEÇA DAQUELES QUE TE AJUDARAM A TE TORNAR O QUE VOCÊ É.

COMO SE PREPARAR FISICAMENTE FORA DOS TATAMES

As pessoas sempre me perguntavam: “Bernardo, você faz preparação física? Como? Com qual frequência? Quais
tipos de exercícios você faz?”.
A resposta pode variar. Marcelinho Garcia, por exemplo, não faz nenhum tipo de condicionamento físico fora dos
tatames e é muito bem sucedido, talvez seja o melhor da história. Eu também conheço muitas pessoas que têm
programações fora dos tatames e funcionam muito bem para eles. No meu caso, gostava de fazer preparação física
duas vezes por semana. Tive muita sorte de ter o Kevin Paretti ao meu lado, um terapeuta e preparador físico, que
consegue fazer as duas coisas comigo na mesma sessão: curar minhas lesões e trabalhar meu condicionamento.
Há muitos tipos de condicionamento físico: musculação, treinamento funcional, crossfit, corrida e outros. O que
eu acredito que funciona melhor para o jiu-jitsu é uma preparação planejada, por isso é importante ter um pro-
fissional como o meu treinador Kevin pra te ajudar. Você não precisa de um personal trainer todos os dias ao seu
lado, mas pelo menos alguém que faça um plano e te diga o que fazer, para que você possa fazer sozinho. Como
disse, há muitos tipos de condicionamentos, mas o importante é que você tenha alguém para te ajudar a FAZER
SEUS PLANOS DE ACORDO COM SEUS OBJETIVOS.

Bernardo fazendo preparação física no studio de seu preparado Kevin Paretti

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 NO JIU-JITSU, NÃO HÁ CERTO OU ERRADO
Uma coisa que não me canso de dizer é que no jiu-jitsu não há certo ou errado. A FORMA CORRETA É AQUELA
QUE FUNCIONA PRA VOCÊ E A FORMA ERRADA É AQUELA QUE NÃO FUNCIONA PRA VOCÊ. Por isso, você
deve testar tudo que aprende na vida, fazer seu próprio laboratório e ver o que funciona melhor e o que não
funciona. Lembre-se que você irá aprender muitas técnicas, milhares de detalhes e muitos treinadores vão te
dizer coisas diferentes. Você vai encontrar pessoas e professores com estilos completamente diferentes, algumas
coisas irão funcionar pra você e outras não. Você deve saber filtrar o que for bom e o que for ruim. Sempre tenha
em mente que a parte mais importante dessa jornada é se divertir e curtir o processo.

Bernardo finalizando Leandro Lo

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 CONCLUSÃO
Eu gostaria de agradecer por dedicar seu tempo com a leitura do meu primeiro e-book. Eu espero que tenha
gostado e que tenha te ajudado a curtir ainda mais essa incrível jornada que é o jiu-jitsu.

Bernardo em uma de suas duras sessões de treino

CURSOS DE JIU-JITSU POR BERNARDO FARIA

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Por Bernardo Faria penta campeão mundial