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Choque Cardiogênico

Beatriz T. Regadas
Roberta Schneider
Elias Yunes

Resumo de hipotensão arterial (pressão arterial sistóli-


ca inferior a 90mmHg ou 30mmHg abaixo do
O choque cardiogênico é uma temida com- valor basal) associada a sinais de hipoperfusão
plicação cardiovascular, impingindo ao paciente tissular, tais como oligúria, alteração do nível
por ela vitimado altas morbidade e mortalidade. de consciência, cianose, extremidades frias e
Com a progressão do entendimento fisiopatoló- úmidas. A persistência do estado de choque
gico desta entidade, novas abordagens sistemati- após a correção de fatores miocárdicos e sistê-
zadas melhoraram as perspectivas de tratamento micos como hipoxemia, arritmias, hipovolemia,
e recuperação. Este capítulo tem como objetivo distúrbios do equilíbrio ácido-base e eletrolíti-
rápida revisão da síndrome clínica do choque cos corroboram para o diagnóstico de choque
cardiogênico, sua identificação e abordagem, cardiogênico.
através de revisão da literatura médica atual. Esta complexa síndrome clínica pode ter
múltiplas causas, ser de instalação aguda ou
PALAVRAS-CHAVE: Choque cardiogênico; ser a expressão final da evolução do quadro de
Insuficiência cardíaca; Balão de contrapulsação disfunção ventricular crônica.
aórtica.
Etiologia (Tab. 1)
Definição Apesar de ser encontrado em diversas
condições clínicas, como disfunção miocárdica
O choque cardiogênico caracteriza-se por
devido à sepse, takotsubo, miocardites, ruptura
uma hipoperfusão tecidual sistêmica devido à
de cordoalha e outras causas citadas abaixo, a
incapacidade do músculo cardíaco de gerar um principal etiologia do choque cardiogênico é a
débito adequado às necessidades metabólicas disfunção de ventrículo esquerdo secundária a
do organismo. infarto de parede anterior.
O diagnóstico clínico é feito na presença No estudo Shock, que estudou 1.160 pa-

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Tabela 1. Mecanismos fisiológicos envolvidos nos quadros de
choque cardiogênico

Infarto agudo do miocárdio


Perda de miocárdio do ventrículo esquerdo em nível crítico
Falência do ventrículo direito

Complicações mecânicas
1) Insuficiência mitral aguda devido à ruptura ou disfunção de
músculo papilar.
2) Ruptura do septo interventricular.
3) Ruptura da parede do ventrículo esquerdo
4) Aneurisma do ventrículo esquerdo.

Outras condições
1) Miocardiopatia em fase final.
2) Contusão do miocárdio.
3) Miocardite aguda.
4) Obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo.
5) Estenose aórtica.
6) Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva.
7) Obstrução da via de entrada do ventrículo esquerdo.
8) Estenose mitral
9) Mixoma ou trombose atrial.
10) Sequela de bypass cardiopulmonar.

cientes com choque cardiogênico, 74,5% tinham causado por perda de grande massa muscular.
predominantemente falência do ventrículo O substrato patológico mais comum para o
esquerdo; 4,6% ruptura do septo intraventri- choque cardiogênico é a extensa área de necrose
cular; 8,32% insuficiência mitral aguda; 3,4%, miocárdica, acometendo pelo menos 40% do
insuficiência ventricular direita isolada; 1,7% ventrículo esquerdo.
tamponamento cardíaco ou ruptura cardía- Quando a função miocárdica está depri-
ca; 8% tinham choque de outras causas. Este mida, vários mecanismos compensatórios são
mesmo trabalho revela que 75% dos pacientes ativados, incluindo ativação do sistema sim-
desenvolveram choque nas 24 horas iniciais à pático, com aumento da resposta cronotrópica
apresentação do quadro de base. e inotrópica e aumento da retenção de sódio e
Os pacientes mais susceptíveis de apresentar água, com consequente elevação da pré-carga.
esta grave síndrome são os portadores de dia- Assim, o consumo miocárdico de oxigênio
betes mellitus, idosos e que têm IAM anterior. fica mais elevado.
A persistência da situação de baixo débito
Fisiopatologia (Fig. 1) tecidual acentua a hipoxemia, com acúmulo de
A disfunção cardíaca em pacientes com metabólitos, acidose e dano endotelial e celular.
O IAM extenso gera liberação de citocinas
choque cardiogênico geralmente é deflagrada
inflamatórias, que causam aumento da produção
por isquemia miocárdica, com oclusão de uma
de óxido nítrico e peroxinitrito, que possuem
artéria coronária e perda de massa muscular efeitos tóxicos como depressão da contratilidade
miocárdica. A hipotensão resultante da perda ventricular, inflamação sistêmica e redução da
de massa muscular pode provocar hipoperfusão responsividade às catecolaminas.
de áreas miocárdicas ainda viáveis, contribuindo A ativação do complemento é também um
assim para a piora da função ventricular. importante mediador do processo inflamatório
Dos pacientes que desenvolvem choque estando associada a infartos extensos, lesões
cardiogênico na fase aguda do IAM, 10-30% de reperfusão miocárdica e à evolução clínica
o fazem nas primeiras 24 horas, sendo este desfavorável.

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Figura 1: Cascata fisiopatológica do choque cardiogênico.

Diagnóstico e Diagnóstico A monitorização invasiva com o cateter de


Diferencial Swan-Ganz permite um diagnóstico diferencial
com outras situações de baixo débito e também
Sudorese fria, confusão mental, oligúria, uma avaliação precisa das medidas terapêuticas
taquicardia e taquisfigmia filiforme e hipotensão que devem ser adotadas.
arterial são consideradas sinais de baixo débito As avaliações clínica e hemodinâmica dos
cardíaco e vão sugerir o diagnóstico de choque pacientes com IAM vão diferenciar os pacien-
cardiogênico. tes de acordo com a classificação proposta por
Killip-Kimball e Forrester com implicações
Os achados laboratoriais mais sugestivos de
terapêuticas e prognósticas (Tab. II).
choque são acidose metabólica, hiperlactatemia
O cateter de Swan-Ganz apresenta, de ma-
e hipoxemia. Outros achados comuns são leu- neira contínua, a pressão de artéria pulmonar,
cocitose ou leucopenia, discrasia sanguínea, au- do átrio direito e de oclusão de artéria pulmonar,
mento de escórias nitrogenadas e transaminases. assim como o débito cardíaco. Permite também
O eletrocardiograma ajuda no diagnóstico o cálculo de parâmetros hemodinâmicos como
de IAM, assim como na identificação de ar- resistência vascular sistêmica e pulmonar, faci-
ritmias. O ecocardiograma deve ser realizado litando assim um manejo clínico dinâmico das
para identificar lesões estruturais cardíacas e a doses de inotrópicos, titulação de volemia; uso
presença de disfunção segmentar, assim como de pressão positiva e abordagem terapêutica de
uma maneira geral.
quantificar o déficit contrátil global do ventrí-
Os critérios hemodinâmicos para o diag-
culo esquerdo. A radiografia de tórax deve ser
nóstico de choque cardiogênico são pressão
feita para identificar a presença de lesões de capilar pulmonar acima de 18mmHg; índice
parênquima pulmonar, assim como patologias cardíaco inferior a 1,8; índice de resistência
de aorta e para identificar a presença de con- vascular sistêmica acima de 2000 e diferença
gestão pulmonar. arteriovenosa de oxigênio acima de 5,5 (Tab. III).

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Tabela II - Subgrupos clínicos e hemodinâmicos no infarto agudo
do miocárdio.

Subgrupo Características Mortalidade


Killip Clínicas hospitalar

I Sem sinais de congestão. < 6%


II B3, estertores basais. < 17%
III Edema agudo de pulmão. 38%
IV Choque cardiogênico 81%

Subgrupo Características Mortalidade


Forrester Hemodinâmicas hospitalar

I PCP < 18, IC > 2,2 3%


II PCP < 18, IC > 2,2 9%
III PCP < 18, IC > 2,2 23%
IV PCP < 18, IC > 2,2 51%

PCP - pressão capilar pulmonar, IC - índice cardíaco.

Tabela III - Perfil hemodinâmico em diferentes situações clínicas.


 

Disfunção do VD diastólica final do VD. Essa sequência de eventos


leva a um desvio do septo interventricular em
Corresponde a aproximadamente 5% dos
direção ao VE e eleva a pressão intrapericár-
casos de choque cardiogênico complicando
dica. O resultado é o prejuízo do enchimento
IAM. Pode decorrer de comprometimento da
dos dois ventrículos. A pré-carga do VE fica
contratilidade, sobrecarga de volume ou de
pressão do VD. Em geral, nos casos de des- comprometida devido à depressão da contrati-
compensação aguda, uma combinação destes lidade do VD, que, agravada pela discinesia do
mecanismos está presente. O VD tende a se septo interventricular, acaba comprometendo
adaptar melhor à sobrecarga de volume devido o débito cardíaco. O evento final dessa cascata
a sua complacência, mas não tem a mesma ca- é a hipotensão sistêmica e ,consequentemente,
pacidade e força contrátil do VE para suportar redução da pressão de perfusão coronariana,
pressões elevadas devido a sua parede mais fina. gerando um ciclo vicioso.
No infarto de VD, a contratilidade deprimida
leva à dilatação da cavidade, prejuízo do rela-
Tratamento (Fig. 2)
xamento e consequente aumento da pressão A abordagem terapêutica do choque

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cardiogênico visa manter um débito cardíaco 1. Medidas gerais
mínimo que garanta as necessidades básicas A oferta de um aporte maior de oxigênio
do organismo e o acesso precoce à terapia de por máscara com 2-4L/min deve ser instituída
reperfusão para minimizar o dano miocárdico. enquanto se procede à avaliação inicial do pa-
Está sumarizada na Fig. 3. ciente e do resultado da gasometria arterial. A

Figura 2: Funcionamento do balão de contrapulsação intra-aórtico

Figura 3: Abordagem do choque cardiogênico


BIA: balão intra-aórtico; SCA c/ SST: síndrome coronariana aguda com supra de ST; ICP: inter-
venção coronariana percutânea; RVM: revascularização miocárdia; ARI: artéria responsável pelo
infarto.

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manutenção de um pH e da oxigenação arterial 2. Agentes Inotrópicos e
em níveis próximos do normal também ajudam Vasopressores:
a reduzir a isquemia miocárdica. A ventilação Estas drogas desempenham um papel im-
não invasiva (CPAP – BIPAP) deve ser con- portante na tentativa de melhorar, num primeiro
siderada; mas, diante do quadro de choque, a momento, a contratilidade cardíaca e a perfusão
hipotensão passa a ser um fator limitante à sua coronariana. Devem ser usadas nas menores
utilização. Em geral, optamos pela intubação doses possíveis. O uso de doses elevadas está
orotraqueal e instituição de ventilação mecânica associado a um pior prognóstico.
invasiva precoce para dar sequência à conduta O agente inotrópico de escolha é a dobuta-
terapêutica garantindo já uma melhora do mina, com seu efeito inotrópico e cronotrópico
trabalho respiratório, um menor consumo de positivos. Infelizmente esse aumento da contra-
oxigênio e, consequentemente, uma melhor tilidade miocárdica e melhora hemodinâmica
oxigenação sistêmica. se dá às custas de uma maior demanda de O2 e
A analgesia é também uma medida inicial consumo de ATP pelo músculo cardíaco. Doses
importante para reduzir o consumo miocár- de até 15 mcg/kg/min têm menos efeitos deleté-
dico de O2 e reduzir o nível de catecolaminas rios, enquanto doses acima de 30 mcg/kg/min
séricas. A primeira opção é a morfina por via aumentam muito o consumo de O2 pelo mio-
intravenosa. cárdio e favorecem o surgimento de arritmias. A
A ressuscitação volêmica agressiva nos dobutamina pode também reduzir a resistência
casos de comprometimento do VD pode ser vascular periférica levando à hipotensão. Assim,
uma estratégia equivocada e deve ser instituída se faz necessário o uso de um agente vasopressor.
apenas se não existirem sinais claros de sobre- A noreprinefrina é a droga vasopressora
carga de volume. A reposição volêmica em pe- de primeira linha por sua maior potência alfa-
quenas cotas com monitorização de parâmetros -adrenérgica, sendo assim mais bem indicada
hemodinâmicos parece ser uma conduta mais nos casos de hipotensão severa. Tem também
adequada. potencial arritmogênico e o uso de doses entre
A sedação se faz necessária e pode ser feita 0,2 e 1,5 mcg/kg/min levam à vasoconstricção
com benzodiazepínicos por via intravenosa em periférica e aumento da resistência arterial
dripping. sistêmica.
Terapia antitrombótica com AAS e a hepari- Outra opção é o uso de dopamina, podendo
nização (pela instabilidade clínica e hemodinâ- sua dose ser titulada para proporcionar maior
mica damos preferência à heparina não fracio- efeito beta-adrenérgico ( doses entre 3 e 10 mcg/
nada) são recomendadas, como de costume, nos kg/min) ou alfa (dose > 10 mcg/kg/min). Doses
abaixo de 3 mcg/kg/min promovem vasodilata-
casos de síndrome coronariana aguda. Apesar
ção renal e pouco inotropismo.
da indicação de dupla antiagregação plaquetária
Os inibidores da fosfodiesterase não mos-
utilizando também o Clopidogrel, nos casos de
traram melhor efeito que as drogas já descritas,
choque cardiogênico acabamos por retardar o
nem grande benefício com uso prolongado. Sua
uso desta droga até que a coronariografia de
associação pode ser considerada em casos de
emergência seja realizada; já que, dependendo
falência terapêutica.
das lesões coronarianas encontradas, pode se
seguir a indicação de revascularização miocár- 3. Outras Drogas
dica cirúrgica de emergência. Diuréticos estão indicados nos casos de fa-
O uso de inotrópicos negativos e vasodila- lência ventricular esquerda mas devem ser usa-
tadores deve ser evitado e o controle glicêmico dos em dose baixa já que a depleção do volume
rigoroso instituído. plasmático pode agravar o choque. Seu uso deve
Quadros de hipovolemia, acidose me- ser guiado pela monitorização hemodinâmica.
tabólica e arritmias podem colaborar para β-bloqueadores e bloqueadores dos canais
manutenção do quadro de choque e devem ser de Ca são contraindicados, mesmo nos estados
rapidamente corrigidos. de pré-choque, já que seu efeito inotrópico

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negativo pode precipitar o início do quadro de ença vascular periférica severa e lesão cerebral
choque. irreversível. A presença de arritmias também
Os digitálicos também não têm espaço por prejudica a eficácia do dispositivo por dificultar
aumentar o consumo miocárdico de O2. o sincronismo.
Em nosso meio, muitos centros não dis-
4. Suporte Mecânico
põem deste dispositivo, e, mesmo naqueles
A assistência circulatória mecânica é que contam com a possibilidade do seu uso, o
realizada com a utilização do balão de contra- BIA é subutilizado. A assistência mecânica não
pulsação intra-aórtico (BIA). O cateter balão é deve ser retardada pelo tratamento clínico, e a
posicionado na aorta descendente exatamente demora na sua indicação contribui para a alta
abaixo da emergência da artéria subclávia es- mortalidade no choque cardiogênico. O dispo-
querda. O BIA deve ser sincronizado com o ECG sitivo deve ser instalado o mais rápido possível
e, assim, o dispositivo é insuflado na diástole e uma boa resposta hemodinâmica pressupõe
melhorando a perfusão coronariana e periférica. um melhor prognóstico.
A sua desinsuflação na sístole melhora a perfor-
mance do VE pela redução da pós-carga, o que 5. Terapia de Reperfusão
reduz o consumo miocárdico de O2 e aumenta O benefício da revascularização precoce nos
o débito cardíaco. casos de choque cardiogênico já foi demonstra-
Na Fig. 2, observamos esquematicamente do por vários estudos, sendo o SHOCK Trial o
o funcionamento do balão de contrapulsação mais importante deles. Esse estudo randomiza-
intra-aórtico: na diástole ventricular, observa-se do mostrou uma redução de mortalidade abso-
o BIA completamente inflado. As setas ilustram luta de 13% em 1 ano nos pacientes submetidos
a impulsão do sangue em direção retrógrada. à intervenção precoce, seja ela percutânea ou
Aumenta a perfusão coronariana e dos troncos cirúrgica, mostrando ser esta a estratégia capaz
cerebrais (carótidas e vertebrais). A função cere- de alterar a história natural do choque cardiogê-
bral, habitualmente deteriorada nos estados de nico. O benefício da revascularização precoce é
choque, também melhora substancialmente. As semelhante nos casos de choque por disfunção
setas menores ilustram a propulsão do sangue de VE ou VD segundo o SHOCK Registry.
para a aorta descendente distal que também A reperfusão química passa a ser uma opção
propicia algum aumento no fluxo de perfusão quando não se tem disponível a possibilidade
das artérias renais e contribui para acentuar a de reperfusão mecânica ou quando existem
diurese. O principal efeito, contudo, consiste no contraindicações à angioplastia e cirurgia. Os
aumento da perfusão das artérias coronárias. Há resultados da trombólise não são bons devido
ainda um estímulo à acentuação de circulação à falta de perfusão coronariana adequada, mas
colateral na rede coronariana. vale lembrar que a hipotensão não é contrain-
Na sístole ventricular, observa-se o balão dicação à trombólise. Já foi comprovado que
completamente colapsado. A deflação do balão a chance de sucesso dessa estratégia aumenta
reduz a pressão diastólica e a pressão diastólica muito quando associada ao uso do BIA.
final da aorta, que representam a redução da O transporte para um centro com possibi-
pós-carga. Este efeito contribui para reduzir o lidade de reperfusão mecânica deve ser sempre
consumo de oxigênio do miocárdio. considerado. Nos casos em que esse transporte
As indicações do uso de BIA são choque levará mais do que 60-90 min ou quando o ΔT
cardiogênico ou graus mais severos de insufi- do IAM é menor que 3h, a trombólise deve ser
ciência ventricular esquerda, angina instável realizada antes do transporte. Mesmo que a
ou dificuldade de interromper a circulação mortalidade aumente com o tempo, existe bene-
extracorpórea em cirurgias cardíacas. Seu uso fício demonstrado na instituição de reperfusão
deve ser considerado para pacientes com po- mecânica mesmo após 48h do IAM ou 18h da
tencial de recuperação do ventrículo esquerdo instalação do choque.
(Recomendação IC). Suas contraindicações No SHOCK Trial, não foram encontradas
são insuficiência aórtica, dissecção aórtica, do- diferenças entre os grupos submetidos à es-

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tratégia de revascularização por angioplastia intra-aortic balloon pump counterpulsation for
ou cirurgia no que diz respeito à sobrevida e treatment of cardiogenic shock: a meta-analysis
of controlled trials. European Heart Journal
qualidade de vida, mas, no grupo da revascula- 2009; 2102–08.
rização cirúrgica, houve uma maior prevalência
2. Timothy J, Ellender MD, Skinner CJ. The use of
de pacientes com lesão de tronco da coronária
vasopressors and inotropes in the emergency
esquerda, lesões triarteriais e de diabéticos. medical treatment of shock. Emerg Med Clin
Ainda não foi comprovada a vantagem de uma N Am. 2008; 20: 759–86.
possível abordagem percutânea multiarterial, 3. Jeger RV, Harkness SM, et al. Emergency
e a abordagem de artérias não relacionadas ao revascularization in patients with cardiogenic
infarto eleva a chance de complicações, mas shock on admission: a report from the SHOCK
trial and registry. European Heart Journal 2006;
pode ser considerada quando existe contraindi-
27: 664–70.
cação à cirurgia ou quando não há melhora do
quadro de choque após angioplastia primária da 4. Gogo PB Jr. The evaluation and management
of cardiogenic shock. Crit Pathways in Cardiol.
artéria relacionada ao infarto, e os outros vasos 2006; 5: 1–6.
apresentam lesões graves e que comprometem
5. White HD, Assmann SF, Sanborn TA. Coronaries
grande extensão do miocárdio. Também os
for cardiogenic shock (SHOCK) trial shock:
pacientes com complicações mecânicas pós- Results from the should we emergently
-IAM (rotura do SIV, disfunção valvar mitral revascularize Occluded Bypass Grafting After
isquêmica e rotura da parede livre do VE) devem Acute Myocardial Infarction Complicated by
Cardiogenic Comparison of Percutaneous
ser encaminhados à revascularização cirúrgica. Coronary Intervention and Coronary Artery.
Após o exposto acima, devemos considerar Circulation 2005;112: 1992-2001.
que a estratégia de reperfusão mecânica deve ser
6. Hochman JS, Sleeper LA, Webb JG. Early
individualizada para cada paciente levando-se revascularization and long-term survival
em consideração a anatomia coronariana, a ex- in cardiogenic shock complicating acute
tensão do dano miocárdico, o quadro clínico do myocardial infarction. JAMA 2006; 295: 2511-15.
paciente e suas comorbidades. Se por um lado, 7. Topalian S, Ginsberg F. Cardiogenic shock. Crit
a estratégia cirúrgica garante uma revasculari- Care Med. 2008; 36[Suppl.]:S66–S74.
zação mais completa e é mais bem indicada a 8. Buerke M, Prondzinsky R, Lemm H. The
pacientes mais complexos, a angioplastia pro- prospective, randomised IABP SHOCK
porciona uma abordagem mais precoce e ágil. Trial: hemodynamic effects of intraaortic
balloon counterpulsation in patients with
6. Dispositivos de Assistência Ventri- acute myocardial infarction complicated by
cardiogenic shock. Circulation. 2007;116:434.
cular Esquerda:
9. Braunwald E, Libby P, Bonow RO, et al.
São dispositivos de assistência circulatória Braunwald’s heart disease: a textbook of
mecânica que têm por objetivo substituir a cardiovascular medicine. 8th ed. 2008:1207.
função do VE reduzindo assim isquemia, hipo-
10. Hochman JS, Buller CE, Sleeper LA, et
tensão e disfunção ventricular até que haja recu- al. Cardiogenic shock complicating acute
peração do miocárdio atordoado ou hibernado. myocardial infarction: etiologies, management
Também servem como ponte para o transplante and outcome: a report from SHOCK trial
registry. J Am Coll Cardiol. 2000; 36:1063.
cardíaco em casos de choque refratário. Estudos
recentes comparando o uso destes dispositivos 11. Knobel M, Sousa JMA. Condutas em terapia
ao BIA como primeira escolha no suporte me- intensiva cardiológica. 2008:73.
cânico em pacientes com choque cardiogênico 12. Esporcatte R, Rangel F, Rocha R. Cardiologia
mostraram que, apesar de garantirem um su- intensiva: bases práticas. 2004.
porte hemodinâmico superior, não levaram à 13. Werf FV, Bax J, Betriu A, et al. Management
redução da mortalidade a curto prazo. of acute myocardial infarction in patients
presenting with persistent ST-segment
elevation. Eur Heart J. 2008; 29: 2909.
Referências
14. Hollemberg SM, Kavinsky C, Pernillo P.
1. Cheng JM, Den Uil CA, Hoeks SE, et al. Cardiogenic shock In Ann Intern Med. 1999;
Percutaneous left ventricular assist devices vs. 131: 47-59.

35 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ


Abstract
Cariogenic shock is a terrible cardiovascular
disorder due to high rates of mortality and mor-
bidity. New approaches improved perspectives
of treatment. The present chapter has, as goal,
a quick review on clinical syndrome of cardio-
genic shock, its identification, and approach
through review on current medical literature.
KEY WORDS: Cardiogenic shock; Heart
failure; Intra-aortic balloon pump.

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TITULAÇÃO DOS AUTORES

Editorial Henrique José Portela Júnior

Médico Residente de Ecocardiografia


Denilson Campos de Albuquerque Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ
Chefe da Cardiologia do Hospital Universitário Roberto Esporcatte
Pedro Ernesto/UERJ
Preceptor da Residência Médica em Cardiologia do
(Vide Editorial)
Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ
Endereço para correspondência:
Roberto Esporcatte Hospital Universitário Pedro Ernesto
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
Prof. Adjunto de Cardiologia –FCM/UERJ Cardiologia
Presidente da Sociedade de Cardiologia do Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030
Rio de Janeiro Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829
Coordenador da Unidade Cardiointensiva do
E-mail: marcel.bastos@bol.com.br
HUPE/UERJ
Coordenador da Unidade Coronária do Hospital
Pró-Cardíaco Artigo 2: Síndrome Corona-
William de Oliveira de Souza riana Aguda Sem Elevação

Médico Residente de Cardiologia – R2


do Segmento ST – Angina
Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ Instável e Infarto Agudo sem
Artigo 1: Síndrome Supradesnível de ST
Coronariana Aguda Com Ana Catarina de M. Periotto

Supradesnivelamento Do Médica Residente de Ecocardiografia – R3

Segmento ST Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.

Marcel Bastos Daniela M. de Salles


Médico Residente de Cardiologia – R1 Médica Residente de Cardiologia – R1
Hosptal Universitário Pedro Ernesto/UERJ Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.

9 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ


Denilson Campos de Albuquerque Paulo R. Benchimol-Barbosa

(Vide Editorial) Médico do Setor de Arritmias do HUPE/UERJ.

Endereço para correspondência: Endereço para correspondência:


Hospital Universitário Pedro Ernesto Hospital Universitário Pedro Ernesto
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
Cardiologia
Cardiologia Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030
Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030 Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829
Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829 E-mail: fernandaklein2004@yahoo.com.br
E-mail: dani_salles@hotmail.com
Artigo 5: Avaliação de
Artigo 3: Choque Cardiogênico Pacientes com Síncope
Beatriz Timbó Neves Regadas Marcelo P. Amorim
Médica Residente de Cardiologia – R1 Médico Residente de Cardiologia – R2
Hosp. Universitário Pedro Ernesto / UERJ Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.

Roberta Schneider Alfredo S. Bomfim

Médica da Unidade Cardiointensiva do Hospital Médico da Seção de Eletrocardiologia e Arritmias


Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Serviço de Cardiologia Hospital Universitário
Pedro Ernesto/UERJ
Doutor em Ciências, UERJ.
Elias Yunes

Médico da Unidade Cardiointensiva do Hospital Ricardo L. Ribeiro


Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Médico da Seção de Eletrocardiologia e Arritmias
Endereço para correspondência: Serviço de Cardiologia Hospital Universitário
Hospital Universitário Pedro Ernesto Pedro Ernesto/UERJ
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar – Endereço para correspondência:
Cardiologia Hospital Universitário Pedro Ernesto
Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030 Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829 Cardiologia
E-mail: beatrizregadas@yahoo.com.br Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030
Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829
Artigo 4: Fibrilação Atrial E-mail: amorimfmp@yahoo.com.br

na Unidade Cardiointensiva: Artigo 6: Emergências


Como Eu Trato Hipertensivas
Fernanda Klein Ricardo Frederico Ferreira

Médica Residente de Cardiologia – R2 Médico Residente de Cardiologia – R2


Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.

Carlos E. Jazbik
Débora Macuco
Médico Residente de Cardiologia – R1
Médica Residente de Cardiologia – R1 Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.
Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.
Andréa A. Brandão
Eduardo C. Barbosa
Doutora em Cardiologia pela UERJ
Prof. Adjunto da Disciplina de Cardiologia Professora Adjunta da Disciplina de Cardiologia
FCM/UERJ FCM/UERJ.

Ano 7, Julho / Dezembro de 2008 10


Endereço para correspondência: Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
Hospital Universitário Pedro Ernesto Cardiologia
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar – Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030
Cardiologia Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829
Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030 E-mail: raquelmmendonca@hotmail.com
Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829
E-mail: ricardofrederico@yahoo.com.br
Artigo 9: Arritmias
Artigo 7: Insuficiência Ventriculares e Bloqueios
Cardíaca Aguda Cardíacos na Unidade
Camila dos S. Moreira de Souza
Cardiointensiva: Como Eu
Trato
Médica Residente de Cardiologia – R2
Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ. William de Oliveira de Souza

Carlos N. Pires (Vide Editorial)

Médico Residente de Cardiologia – R1 Alexandre G. M. Dias


Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.
Médico Residente de Cardiologia – R1
Ricardo M. Rocha Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.

Doutor em Ciências Médicas pela UERJ e Mestre Silvia H. C. Borghossian


em Medicina pela UERJ
Médico do Serviço de Cardiologia do Hospital Especialista em Eletrofisiologia Clinica Invasiva
Universitário Pedro Ernesto/UERJ. pela SOBRAC
Mestre em Cardiologia, UERJ
Endereço para correspondência:
Responsável pela Eletrofisiologia do Serviço de
Hospital Universitário Pedro Ernesto
Cardiologia HUPE-UERJ e Rede ESHO.
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
Cardiologia Endereço para correspondência:
Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030 Hospital Universitário Pedro Ernesto
Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829 Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
E-mail: moreiracs@bol.com.br Cardiologia
Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030
Artigo 8: Tromboembolismo Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829
E-mail: williamos@ig.com.br
Pulmonar: Como Eu Trato
Raquel M. Mendonça
Artigo 8: Dissecção Aórtica
Aguda
Médica Residente de Cardiologia – R2
Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Luiz Cláudio Figueira do Amaral

Thais C. B. Jorge Médico Residente de Cardiologia – R2


Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.
Médica Residente de Cardiologia – R1
Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Gustavo Duque Salgado

Felipe N. Albuquerque Médico Cardiologista – Clínica de ICC


Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.
Médico da Clínica de Insuficiência Cardíaca do
Endereço para correspondência:
HUPE
Hospital Universitário Pedro Ernesto
Professor Substituto da Disciplina de Cardiologia
Boulevard 28 de Setembro, 77 – 2° andar –
da UERJ.
Cardiologia
Endereço para correspondência: Vila Isabel – Rio de Janeiro – CEP: 20551-030
Hospital Universitário Pedro Ernesto Telefones: (21) 2587-6539 / 2587-6829

11 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ

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