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EXEGESE DA CHAMADA
“PARÁBOLA” DO RICO E
LÁZARO
* existe uma questão de pontuação nos vs. 22-23 que não muda em
nada o entendimento geral do texto.
* diz Jesus que deles é o reino dos céus, que a eles é anunciado
o reino, que eles são os seus discípulos, que quem der um copo de
água fria a estes não deixará de ter a sua recompensa, que o
jovem rico deveria vender suas propriedades e dar a eles o que
obtivesse com este ato;
* vê-se que a tradução mendigo, pedinte, aquele que não tem lugar
e que vive do que outros lhe dão é uma boa tradução, visto que
Jesus, ao aplicar o termo aos seus discípulos, a quem mandou sem
túnica e sem mantimentos, para receber nas casas as doações para
comer e beber, depois de ouvirem a mensagem da paz, lembra que o
seu grupo de discípulos era de “mendicantes", ou seja, pessoas
que abandonaram seus afazeres para cuidar da pregação e que, por
isso, não tendo nada, nem família nem sustento, dependiam, como
as aves do céu e os lírios do campo, do sustento que podiam
receber (Suzana, Maria, Marta e outras mulheres de piedade
significativa sustentavam Jesus e seus discípulos com seus bens);
* no caso de Lázaro ele não era mendigo por opção, mas por
imposição: foi colocado naquela situação (veja-se o comentário do
v. 20, no tópico crítica da tradução - o mais que perfeito
PASSIVO do verbo , ballo - jogar, lançar - Lázaro foi
lançado, jogado, naquela situação de mendigo, não a procurou, mas
foi-lhe imposta de fora, por terceiros);
* isso quer dizer que o rico foi imediatamente levado, após a sua
morte e sepultamento pomposo, para um lugar de dor e sofrimento
impostos, como a dizer que de nada adiantou o seu dinheiro e a
sua pompa, visto que os critérios de entrada nos dois diferentes
lugares no Hades são outros;
* este lugar, com duplo significado, era tido nesta crendice como
um local de aguardo do juízo, até que se entraria no quarto céu,
ao sul e, os outros, para o inferno geena, o Vale do Hinon de
Jerusalém. São elementos retirados da religião persa, no início
da volta do exílio, ou montadas no período intertestamentário
antes e durante o domínio de Alexandre; é no período depois de
Alexandre, com os Antíoquos e os Selêucidas, que entram os
elementos da literatura apocalíptica nesta cosmovisão ou
crendices mitológicas. Ou seja, o narrador se utiliza dessas
crendices para afirmar uma verdade escatológica, e não descrever
o céu e o inferno. Na verdade, ver-se-á, seu objetivo não é a
questão após a morte, mas durante a vida, quando decidimos como
se viverá a eternidade, no modo como vivemos o presente.
* não há como negar que neste verso termina uma narrativa e uma
temática: aplicação de uma justiça retribuitiva de inversão. Os
valores humanos são invertidos quando se abre um horizonte
transcendente: o pós-morte.
Rico: Lázaro:
recebe males recebe os bens
recebe recebe consolo
tormentos
cobra/busca encontra
no passado no presente
em vida no banquete
escatológico
* viu-se, também, que o conto tem uma duplo clímax, o que tem
feito com que alguns, por está característica própria de alguma
narrativas parabólicas, classificar o mesmo como uma parábola
(como o faz J. Jeremias);
* por isso não se pode interpretar este conto como uma parábola,
cuja finalidade seria a de subtrair o máximo da junção dos
elementos das figuras dispostas no texto, com os elementos da
vida do que fala ou daquele que interpela;
* Desde Lc. 17: 10 até 19: 27, Jesus começa a deixar a segunda
parte (ministério na Samaria) para passar à etapa derradeira. Em
Lc. 18: 25 afirma que "é mais fácil um camelo passar pelo fundo
de uma agulha (pequena porta do portão da cidade) do que um rico
entrar no Reino de Deus".
BIBLIOGRAFIA:
Obras de Referência: