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DE PERNAMBUCO
RESUMO
Este trabalho discute a inclusão Escolar na Educação de Surdos nas escolas do Estado de
Pernambuco, para a construção da cidadania do surdo dentro da sociedade, investigando,
assim, os planos e objetivos de ensino das escolas para formação do sujeito surdo e quais
os meios utilizados para incluí-los na sociedade como um cidadão crítico sabendo seus
direitos e deveres. O objetivo desse artigo não é acusar nenhuma escola, mas fazer com
que se repense a forma como os surdos estão sendo incluídos, se a presença do intérprete
em sala tem sido considerada bastante ou, ainda, se tem levado em conta os outros
procedimentos necessários para atender a todas as necessidades e expectativas do sujeito
surdo. Para tanto, fez-se uma reflexão sobre como as escolas estão tratando a educação
de surdos a partir de dados empíricos baseados em entrevista realizada com estudante
surdo. Portanto, os resultados conclusivos enfatizam a perspectiva dos surdos e a
necessidade de proporcionar sua integração à sociedade, respeitando as limitações e
diversidades existentes.
INTRODUÇÃO
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cidadania, o desenvolvimento de suas potencialidades e sua efetiva realização como
indivíduo.
O presente estudo, embasado teórica e empiricamente, mostra a relação entre
educação de surdos e as causas desse insucesso. Esta constatação é confirmada pela
comunidade surda, que justifica a luta pela viabilização da abordagem educacional como
o ensino da língua de sinais, dando condições para efetivação da Inclusão e Integração
como um paradigma da educação especial.
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isso prejudicou muito o aprendizado dos surdos, atrasando seu desenvolvimento pessoal
e social.
Portanto devemos resgatar essa cultura que há muito tempo ficou esquecida, então
cabe as escolas hoje dar continuidade a esse ensino, não podemos deixar essa cultura se
acabar, não devemos oprimir o surdo a fazer parte do mundo dos ouvintes, e sim valorizar
sua língua e sua cultura. Porque só o surdo é obrigado a entender nossa cultura, nós
estamos nos esforçando em aprender a língua e a cultura deles.
EDUCAÇÃO DE SURDOS
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INCLUSÃO ESCOLAR
A escola que se espera, para o século XXI, tem compromisso não apenas com a
produção e a difusão do saber culturalmente construído mais também com a formação do
cidadão crítico, participativo e criativo para fazer face ás demandas cada vez mais
complexas da sociedade moderna.
De acordo com a Declaração de Salamanca (1994), a nova política nacional de
educação Especial, numa perspectiva inclusiva (que contempla aportes da convenção de
Guatemala ), prevê que a educação Especial deverá atender alunos com deficiências,
transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades, ampliando o foco do
atendimento para o AEE ( atendimento educacional especializado) Neste conceito, terão
que se incluir não só a clientela acima mencionada, como também as crianças de áreas ou
grupos desfavoráveis ou marginalizados.
Essa adaptação resguarda o caráter de flexibilidade e dinamicidade que a escola
deve ter, ou seja, a convergência com as com as condições do aluno e a correspondência
com as finalidades da educação na dialética do ensino-aprendizagem.
Sabendo-se que a integração do surdo no sistema regular de ensino deve ser um
processo individual, é necessário estabelecer para cada caso, o momento oportuno para
que o educador comece sempre a frequentar a classe comum.
Dorziat (2004) considera a inclusão social de pessoas surdas, objetiva, ainda, sua
participação social efetiva que depende de uma organização das escolas considerando três
critérios: a interação por meio da língua de sinais, a valorização de conteúdos escolares e
a relação conteúdo-cultura surda.
Segundo Aranha (2004, p.26):
Afirma Aranha (2004) que um ensino significativo é aquele que garante o acesso
ao conjunto sistematizado de conhecimentos como recursos a serem mobilizados. Numa
escola inclusiva, o aluno é sujeito de direito e foco central de toda ação educacional;
garantir a sua caminhada no processo de aprendizagem e de construção das competências
necessárias para o exercício pleno da cidadania é, por outro lado, o objetivo primeiro de
toda ação educacional: “Escola inclusiva é aquela que conhece cada aluno, respeita suas
potencialidades e necessidades, e a elas responde com qualidade pedagógica”
(ARANHA, 2004, p.26).
Porém, apesar das leis de inclusão, os alunos surdos têm acesso a matrícula na
escola, mas não têm todos os direitos garantidos nas leis de inclusão. Muitas escolas não
estão preparadas para receber alunos surdos e os professores não sabem libras nas salas
de aula, não favorecendo o aprendizado destes educandos.
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CONHECENDO OS SURDOS
Apresentaremos a seguir a opinião de surdo que teve a experiência anterior de ser ouvinte:
João Manoel, 40 anos, aposentado, faz supletivo ensino médio. O início da nossa conversa
assim se deu:
Wilma: você nasceu surdo ou perdeu a audição?
João: eu não nasci surdo, perdi a audição aos 21 anos devido à meningite.
Wilma: Qual as mudanças que ocorreram na sua vida depois da perda de audição?
João: Bem conviver com outro mundo não é fácil, tive que me adaptar a cultura surda e
aprender libras, mas já me acostumei e falo libras fluentemente.
Wilma: E com relação à escola, o que você achou mais difícil depois da perda da audição.
João: Achei difícil porque fui barrado por várias escolas, não queriam me aceitar, me
mandaram para uma escola de surdos, eu não me adaptei, e parei de estudar, acho que não
se deve impor ao surdo onde ele deve estudar, isso é uma decisão própria de cada um, os
surdos são cidadãos e têm os mesmos direitos que os ouvintes.
Percebemos como a exclusão foi analisada criticamente por João, uma vez sendo
ouvinte e tendo experiência anterior com a escola, João soube reconhecer o seu direito e
a importância dele no exercício pleno da cidadania, o que reflete na sua opinião sobre a
inclusão e a escola bilíngue:
Wilma: Você acha que a sociedade trata o surdo como um cidadão?
João: Bem a lei de inclusão já mudou muita coisa, mas ainda assim o surdo não é tratado
como um cidadão, pois em muitos estados, os médicos ainda pensam que surdos são
doidos, e também hoje é difícil você ver em um órgão público pessoas qualificadas para
falar com os surdos, e nos trabalhos você só vê surdos em fábricas, não em faculdades,
são poucos os qualificados, eu vejo outros deficientes serem advogados, e com outros
cargos, mais o surdo nada, só professor quando consegue e olhe lá.
Wilma: Qual sua opinião sobre a escola bilíngue?
João: Acho importante se ter uma escola onde a libras seja ensinada em primeiro lugar e
o português em segundo, mas acho que ainda falta muita coisa para se ter uma escola
bilíngue de qualidade, o que eu vejo é uma ensinando a libras e outra ensinando o
português, ainda não vi uma escola usando os dois métodos de ensino para surdos.
Assim João faz uma análise igualmente crítica da realidade brasileira atual. Além
da consciência crítica, ele se sente comprometido com a sociedade e realiza um trabalho
voluntário, o que denota sua profunda consciência cidadã.
Wilma: Você faz trabalho voluntario com surdos?
João: sim como sou aposentado ocupo o meu tempo em ajudar famílias que não sabem
lidar com os filhos surdos.
Wilma: Como se sente quando ajuda outros surdos?
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João: Fico feliz de ver um trabalho que faço com esforço dar resultados, já ajudei muitos
surdos e hoje eles estão bem, com suas vidas em ordem.
É importante observar que a visão crítica de João o ajudou a superar suas
dificuldades iniciais e conseguir progressos em sua vida afetiva, conforme descrevemos
a seguir:
Wilma: Como é sua relação com sua família?
João: Minha família não sabe libras mas leio os lábios e consigo entender, também minha
esposa sabe libras, ela é professora de surdo, me ajuda muito, é bom, tenho uma interprete
de graça, (risos).
Wilma: Como você se sente hoje por não escutar?
João: No passado ficava deprimido, pois como era jovem ficava pensando que nunca ia
me casar, qual a mulher que queria casar comigo sem eu escutar, mais depois que aprendi
libras percebi que tudo era diferente, então conheci minha esposa e já estamos juntos vai
fazer sete anos, hoje não tenho porque está deprimido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto que comporte todas as questões ligadas a surdez, teria que ser um
trabalho exaustivo. Entretanto, o objetivo limitou-se a algumas reflexões acerca da
inclusão e comunicação de pessoas surdas.
Sabe-se que, na história da surdez, a comunicação oral prevaleceu. Tal abordagem
se baseava na utilização da comunicação dos ouvintes, tanto por parte dos educadores
como dos educandos, mantendo-se na história durante um século. Mas afinal o que mudou
com relação a educação de surdos? Ainda hoje, no século XXI, o trabalho com surdos
deixa a desejar, existem duas grandes correntes, a oralista, que utiliza o método oral e a
língua de sinais.
Como vimos, parece que a grande preocupação sempre foi fazer o surdo falar, e
não como o ouvinte se comunica com as pessoas surdas. Se não bastasse a educação
sempre os tratarem como coitadinhos.
Entende-se educação como um processo histórico-cultural-social-linguístico, que
deve proporcionar a integração de todos á sociedade, respeitando as limitações e as
diversidades existentes. Os direitos e deveres são para todos, como são para todos os
direitos e deveres sem distinção.
Partindo desse princípio, fica a contribuição em forma de reflexão, sobre o papel
do professor para com as pessoas surdas. E a contribuição dos recursos audiovisuais para
o ensino dessas pessoas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS