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Dimensionamento de estruturas de concreto armado em situação de

incêndio. Métodos tabulares apresentados em normas internacionais.

Carla Neves COSTA(1); Valdir Pignatta e SILVA(2)


(1)
Engª Civil, M.Sc., Doutoranda, Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo
email: carlac@usp.br
(2)
Professor Doutor, Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo
email: valpigss@usp.br

Av. Prof. Almeida Prado, trav. 2, n° 271, sala 123–LMC. Dept°. Eng. Estruturas e Fundações [Ed. Eng. Civil].
CEP: 05508-900, Cidade Universitária, São Paulo – S.P. Brasil. Tels.: (11) 3091-5542 / 5562.
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Resumo

A norma brasileira NBR 14432:2000 – Exigências de Resistência ao Fogo dos Elementos


Construtivos das Edificações, apresenta o tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF)
a ser assegurado pelas estruturas em situação de incêndio. O TRRF estabelecido para as
estruturas de uma edificação é definido em função do uso e das dimensões da edificação,
independente do material construtivo utilizado. A Instrução Técnica do Corpo de
Bombeiros de São Paulo, IT n° 08/01 – Segurança Estrutural nas Edificações -
Resistência ao Fogo dos Elementos de Construção, publicada em 2001, torna essas
exigências obrigatórias no Estado de São Paulo.
A norma brasileira, a NBR 5627:1980 – Exigências Particulares das Obras de Concreto
Armado e Protendido em Relação à Resistência ao Fogo foi cancelada pela ABNT, em
2001, por estar desatualizada. O Anexo B, constante na versão de 2001 do texto de
revisão da NBR 6118 fornecia as dimensões mínimas a serem consideradas em projeto,
para os elementos de concreto em função do TRRF; apresentava também os fatores de
redução das características mecânicas do concreto e do aço em função da temperatura.
Posteriormente, a versão conclusiva de 2002 do referido texto de revisão suprimiu o
referente ao assunto, convertendo-o em proposta de texto-base para uma futura norma
específica.
Neste trabalho é apresentado o panorama internacional das recomendações normativas
para o projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio. São apresentados
também, os métodos tabulares indicados por diversas normas internacionais; trata-se da
forma mais expedita de dimensionamento de estruturas de concreto em situação de
incêndio. Foi realizada uma análise comparativa entre esses métodos e as dimensões
usuais mínimas das estruturas correntes, a fim de verificar o grau de segurança contra
incêndios das estruturas brasileiras.

Palavras-chave: segurança estrutural, estruturas de concreto, dimensionamento, incêndio,


resistência ao fogo, normatização.
1 Introdução
O concreto armado é um material constituído por vários materiais (cimento Portland,
água, agregados miúdos, agregados graúdos e aço) consolidados como um único
material endurecido.
O material endurecido – concreto armado comporta-se à temperatura ambiente, como um
material homogêneo.
Em altas temperaturas, a heterogeneidade do concreto armado é realçada. Há dilatações
térmicas diferenciais dos componentes do concreto endurecido. A baixa condutividade
térmica do concreto em relação aos metais e a massividade dos elementos de concreto
contribui para a formação de elevados gradientes térmicos. Há pressões nos poros do
concreto devido à evaporação da umidade, as quais conduzem à formação de tensões
térmicas na microestrutura do concreto endurecido. Essas tensões levam à fissuração
excessiva e enfraquecimento do concreto (COSTA et al. (2002b)). Há redução progressiva
de resistência e rigidez em função da temperatura elevada, a qual deve ser considerada no
projeto de edifícios visando à segurança estrutural em situação de incêndio.
Dentre as formas de desagregação porque passa o concreto aquecido, destaca-se o
fenômeno do “spalling”, que pode assumir um caráter imprevisível, durante os primeiros
minutos de incêndio (COSTA et al. (2002a)).
Segundo o Merriam-Webster Online Dictionary, o verbo “to spall” significa “to break off
chips, scales, or slabs – EXFOLIATE”. Os lascamentos do concreto são esfoliações e
desintegrações das camadas superficiais dos elementos de concreto, quando expostos a
altas temperaturas por longos períodos ou, a gradientes térmicos elevados caracterizados
por aquecimentos muito rápidos.
Esses lascamentos têm sido largamente divulgados pela literatura técnica internacional
como “spalling”.
A inversão de gradientes na fase de resfriamento do incêndio conduz ao aumento de
fissurações progressivas, reduzindo ainda mais a resistência residual do concreto.
O aço, embora mais estável a temperaturas elevadas experimenta efeitos de fluência e de
dilatação excessiva, além da redução da resistência e do módulo de elasticidade.
A redução das propriedades mecânicas do concreto armado é considerada no
dimensionamento dos elementos estruturais. Códigos internacionais da América do Norte,
Europa e Oceania apresentam métodos simplificados de dimensionamento em função do
tempo requerido de resistência ao fogo, de acordo com o nível de risco dos edifícios.
Nos países desenvolvidos, as estruturas de concreto em situação de incêndio, são
correntemente projetadas com base no conhecido “método tabular” (BS 8110 Part 2
(1985), ACI-216R (1989), NZS 3101 (1995), AS-3600 (2001), prEN 1992-1-2 (2002)) de
dimensionamento em situação de incêndio.
O “método tabular” é o mais simples de todos os métodos de dimensionamento de
estruturas de concreto em situação de incêndio. Trata-se de simples tabelas, as quais
apresentam dimensões mínimas da área da seção transversal e do cobrimento ou da
distância “a” (distância compreendida entre o eixo da armadura principal e a face exposta
ao calor mais próxima) em função do tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF).
O tempo de resistência ao fogo é definido com base na curva-padrão ISO-834 (1975) de
incêndio.

2 Normatização brasileira
Atualmente, o CEB (1997) apud ISAIA (2002) define o conceito de durabilidade das
estruturas de concreto como “a capacidade de uma estrutura apresentar o desempenho
requerido durante o período de serviço pretendido, sob a influência dos fatores de
degradação incidentes”, ou seja, durante toda a sua vida útil, a estrutura deve apresentar
segurança tanto em situação normal, como em situação excepcional.

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Em casos de incêndio, a edificação deve: minimizar a propagação das chamas para
outras dependências da edificação ou para edificações vizinhas, assegurar a capacidade
de suporte a fim de permitir a fuga dos usuários e, quando necessárias, as ações de
combate em incêndio em segurança.
Proteger a vida e reduzir as perdas patrimoniais são obrigações legais do profissional que
projeta, constrói ou administra um empreendimento e do poder público que o controla.
Se o projeto estrutural apresentar um fator razoável de segurança, abrangendo os efeitos
da ação térmica no concreto armado, o elemento estrutural assegurará uma estabilidade
aceitável durante a vida útil da edificação.
Porém, se lascamentos e fissurações excessivos ocorrerem, a armadura de aço pode
fragilizar-se rapidamente devido à exposição ao calor e levar o elemento estrutural à ruína.
Dessa forma, os danos progressivos do concreto podem colocar em risco a ação de
salvamento e combate ao fogo na edificação.
As Figuras 2.1, 2.2 e 2.3 mostram o colapso global que alguns edifícios de concreto
sofreram nos últimos anos: um edifício de uma fábrica de roupas em Alexandria (2000),
um edifício residencial em São Petersburgo (2002) e um edifício depósito de materiais
têxteis. Podemos ainda citar os edifícios Sede I e Sede II da CESP (1987) e Ed. Cacique
(1996) no Brasil, os quais sofreram colapso parcial ou total devido ao incêndio.

Figura 2.1: Desabamento de um edifício residencial de Figura 2.2: Colapso estrutural de um


múltiplos andares de concreto armado, em São Petersburgo, edifício em concreto que servia como
no dia 3 de junho de 2002, durante o incêndio (BBC News fábrica de roupas em Alexandria (Egito)
(2002), O Estado de São Paulo (2002) apud COSTA (2002)). (BBC News (2000) apud COSTA (2002)).

Figura 2.3: Ruínas do depósito das lojas Zêlo S/A, por ocasião do incêndio (COSTA (2002)).

A NBR 14432 (2000) – “Exigências de Resistência ao Fogo de Elementos Construtivos


das Edificações” indica os tempos requeridos de resistência ao fogo (TRRF’s) que devem
ser respeitados pelas edificações brasileiras, independentemente do material estrutural
utilizado. O TRRF é obtido do modelo do “incêndio-padrão”.
A IT 08 (2001) – “Segurança Estrutural nas Edificações – Resistência ao Fogo dos
Elementos de Construção” do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, com

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pequenas alterações, incorpora a NBR 14432 (2000) tornando-a obrigatória em São Paulo.
No Brasil já houve uma norma exclusiva para estruturas de concreto em situação de
incêndio – a NBR 5627 (1980) – cancelada em 2001 e substituída pelo Anexo B do texto
de revisão da NBR 6118, versão de 2001. Posteriormente, esse anexo foi suprimido na
versão final de 2002 do referido texto de revisão.
A NBR 5627 (1980) – “Exigências particulares das obras de concreto armado e
protendido em relação à resistência ao fogo” apresentava um método tabular para
dimensionamento das estruturas de concreto. Atualmente não há qualquer norma
brasileira que permita o meio técnico respeitar a legislação vigente (NBR 14432 (2000),
IT-08 (2001) em São Paulo) no Brasil.
Na ausência de normatização brasileira para o dimensionamento de estruturas de concreto
em situação de incêndio, o projetista de estruturas precisará recorrer a normas estrangeiras
para elaborar um projeto estrutural em consonância com a legislação em vigor.

3 Tempo de Resistência Requerido ao Fogo


3.1 Temperatura do compartimento em chamas
As principais ações que causam esforços nas estruturas à temperatura ambiente são: a
ação da gravidade e a ação eólica (ventos). Em situação de incêndio, o projeto deve
considerar também a ação térmica.
A ação térmica é designada pela ação dos fluxos de calor por radiação e convecção nos
elementos estruturais. A elevação da temperatura nos elementos da estrutura é
conduzida pela ação térmica.
Durante o incêndio, o fluxo de calor por radiação é gerado pela diferença de temperatura
entre as chamas e a superfície dos elementos estruturais e de compartimentação. O fluxo
de calor por convecção é gerado pela diferença de densidade entre os gases do ambiente
em chamas: os gases quentes são menos densos e tendem a ocupar a atmosfera
superior, enquanto os gases frios, de densidade maior, tendem a se movimentar para a
atmosfera inferior do ambiente.
Para facilitar a determinação da ação térmica nas estruturas foram formulados modelos
matemáticos de incêndio, os quais descrevem a variação da temperatura do
compartimento em função do tempo do sinistro.
Na análise estrutural, o incêndio é caracterizado pela relação entre a temperatura dos
gases quentes e o tempo, representada por meio de “curvas temperatura-tempo” ou,
simplesmente, “curvas de incêndio”. A partir dessas curvas é possível calcular a máxima
temperatura atingida pelas peças estruturais e a sua correspondente capacidade resistente.
Num incêndio real, a curva representativa da variação de temperatura é caracterizada por
três estágios delimitados por dois pontos (Figura 3.1): “flashover” e temperatura máxima.
Essas regiões denominam-se:
 Ignição: região que representa o início da inflamação e a temperatura cresce
gradualmente; esse estágio é também conhecido como “pré-flashover” e termina no
instante conhecido por “flashover” (instante de inflamação generalizada).
 Fase de aquecimento: região caracterizada por uma mudança repentina de
crescimento de temperatura; todo o material combustível no compartimento entra em
combustão e a temperatura dos gases quentes cresce rapidamente até atingir o pico
da curva – a temperatura máxima dos gases do ambiente.
 Fase de resfriamento: ramo descendente que representa a redução de temperatura
dos gases no ambiente.
A curva temperatura-tempo de um incêndio real não é determinada facilmente, pois
diversos fatores determinam a variabilidade de um incêndio em relação a outro: carga de
incêndio, grau de ventilação, característica dos materiais da compartimentação e
dimensões do compartimento.

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temperatura θ
curva-padrão
temperatura máxima incêndio
do incêndio real ISO-834

fase de fase de
aquecimento resfriamento

ignição
tempo tempo
inflamação
generalizada
(“flashover”)

Figura 3.1: Curva temperatura-tempo de um incêndio Figura 3.2: Modelo do incêndio natural.
real (SILVA (2001)).

Por questões de simplicidade, a curva real é normalmente substituída por curvas


padronizadas para ensaios. A curva padronizada mais difundida internacionalmente por
meio de normas e procedimentos de ensaios é a ISO-834 (1975).
A curva ISO-834 (1975) é conhecida como “curva-padrão” e independe das
características do ambiente e da carga de incêndio. As recomendações da NBR 5628
(2001) são baseadas nessa mesma curva.
Na América do Norte, a curva-padrão é representada pela tabela da ASTM E-119. Na
realidade, a curva da ASTM E-119 é a “ancestral” de todas as curvas-padrão de materiais
celulósicos, difundidas nos códigos normativos de diversos países.
A tabela da ASTM E119 tem sido adotada desde 1918, inspirada nas propostas do
Underwriters Laboratory de Chicago em 1916, para ensaio de pilares (LIE (1972) apud
SILVA (1997)). Os valores dessa tabela têm por base as temperaturas máximas de
incêndios reais, tomando por referência o ponto de fusão de materiais já conhecido
naquela época (GOSSELIN (1987) apud COSTA (2002)).
No modelo do incêndio-padrão (curva ISO-834) admite-se que a elevação da temperatura
do incêndio é logarítmica, em função do tempo (expressão [3.1]); portanto, não há o ramo
descendente que representa a fase de resfriamento do incêndio (Figura 3.2).
θ g − θ g0 = 345 ⋅ log ( 8 ⋅ t + 1) [3.1]
onde: θg = temperatura dos gases quentes (atmosfera) do compartimento em chamas
[°C];
θg0 = temperatura da atmosfera do compartimento no instante t = 0 [°C];
t = tempo [min].

A curva-padrão ISO-834 (1975) é usada para ensaios e em projetos de construção civil,


visando compartimentos cuja carga de incêndio é constituída exclusivamente de celulósicos.
Quaisquer conclusões com base nessa curva devem ser analisadas com cuidado, pois o
incêndio-padrão não corresponde ao comportamento real do incêndio.
Há curvas de incêndio, chamadas de “curvas naturais”, parametrizadas pela quantidade
de material combustível (carga de incêndio), pelo grau de ventilação e pelas
características térmicas e físicas dos materiais da compartimentação (Figura 3.3). Essas
curvas são modelos simplificados do incêndio real.
Para projeto (“fire design”), no entanto, não basta determinar essa curva com base num
cenário de incêndio preestabelecido. Devem ser avaliados o grau de confiabilidade do
cenário escolhido e o risco de que ele possa não ocorrer durante a vida útil da edificação
e as suas conseqüências. Na prática, costuma-se utilizar o conceito de “valor de cálculo
da carga de incêndio”. O valor da carga de incêndio que caracteriza o ambiente é
multiplicado por coeficientes de ponderação determinados em função do risco de incêndio
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e das conseqüências do colapso da edificação (altura, área e uso da edificação) e da
presença de medidas de proteção ativa (SILVA (2001), IT 08 (2001)).
Para materiais altamente inflamáveis (gasolina, querosene, diesel, outros), a curva “H” –
“hydrocarbon curve” (equação [3.2], Figura 3.4) é a mais utilizada em ensaios
laboratoriais, sendo a mais citada pela literatura técnica internacional.
Ao contrário da curva-padrão, a curva “H” foi projetada com base em experiências e
resultados de ensaios de vários incêndios de hidrocarbonetos. Duas características
importantes diferenciam o incêndio de materiais hidrocarbonetos, do incêndio de materiais
celulósicos: a taxa do aquecimento e o fluxo de calor liberado durante a combustão
(MILKE et al. (2002) apud COSTA (2002)).
θ g = 1080 ⋅ (1 − 0,33 ⋅ e −0,17⋅t − 0,68 ⋅ e−2,50⋅t ) + 20 [3.2]
onde: θg = temperatura dos gases quentes (atmosfera) do compartimento em chamas
[°C];
t = tempo [min].

1200

1000
temperatura θ (°C)

800

600

400
ISO 834 (1975)
200
"H" - curva de incêndio para
hidrocarbonetos (prENV 1991-1-2 (2001))
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240

tempo (min)

Figura 3.3: Curvas naturais paramétricas (prEN Figura 3.4: Curva-padrão ISO 834 (1975) para
1991-1-2 Draft (2002)). Os valores de “ν” materiais celulósicos e curva “H” (prEN 1991-1-2
correspondem ao grau de ventilação. Draft (2002)) para materiais hidrocarbonetos.

Outras curvas-padrão para materiais inflamáveis (ASTM E1529 (1993), RWS, RABT)
foram modeladas em função da severidade do incêndio e têm sido internacionalmente
recomendadas para situações especiais (COSTA (2002)).

3.2 Temperatura do elemento estrutural


A ação térmica no concreto armado é traduzida pela redução das propriedades mecânicas.
Na análise estrutural, a diminuição da resistência e do módulo de Young dos materiais,
em função da temperatura é obtida por meio de fatores de redução, os quais
correlacionam o decréscimo dessas propriedades mecânicas a cada nível térmico.
Por isso é fundamental conhecer a temperatura do elemento estrutural a fim de estimar os
valores das propriedades materiais para essa temperatura.

3.2.1 Elementos esbeltos


A partir da curva temperatura-tempo dos gases quentes é possível determinar a
temperatura no elemento estrutural, por meio de expressões da transferência de calor.
Tais expressões são fornecidas pela NBR 14323 (1999) e são válidas para elementos
estruturais metálicos com distribuição uniforme de temperatura.
Admitir a distribuição uniforme de temperatura em elementos isolados de estruturas
metálicas é uma prática que apresenta boa coerência com a realidade. Os elementos de

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aço são extremamente esbeltos e se aquecem rapidamente, fazendo com que a
temperatura nas peças de pequena espessura se uniformize.
Adotar a mesma simplificação para elementos de aço em contato com concreto ou
alvenaria é dimensionar a favor da segurança e, de regra, é utilizada na falta de análise
térmica mais precisa.
A máxima temperatura na peça (Figura 3.5) pode ser encontrada com a utilização de curvas
naturais. O emprego de modelos de incêndio mais realistas permite determinar a “temperatura
máxima“ do elemento estrutural; o dimensionamento desse elemento para a sua temperatura
máxima assegura uma resistência ao fogo adequada, durante a vida útil da estrutura.

Incêndio-padrão
o o
Temperatura ( C ) Temperatura ( C )
Incêndio natural

Temperatura no
elemento estrutural
Temperatura no
elemento estrutural

Tempo Tempo (min)


Figura 3.5: Temperatura no elemento estrutural Figura 3.6: Temperatura no elemento estrutural
(incêndio natural). (incêndio-padrão).

A temperatura que causa o colapso de um elemento estrutural em situação de incêndio é


denominada temperatura crítica, isto é, temperatura máxima da estrutura, a partir da qual
sua ruína é iminente.
Para garantir a segurança estrutural em situação de incêndio, deve-se evitar que a
temperatura de colapso seja atingida.
A temperatura crítica depende do tipo de material e do sistema estrutural, isto é,
carregamento aplicado, vinculações, geometria, etc. (FAKURY et al. (2000)).
Na prática emprega-se a curva-padrão para facilitar os cálculos, embora haja uma
dificuldade operacional: a curva temperatura-tempo do elemento estrutural não apresenta
a temperatura máxima (Figura 3.6). Tal inconsistência pode ser solucionada de forma
fictícia, ao arbitrar-se um “tempo” em que ocorre a temperatura máxima. Esse “tempo” é
conhecido por “tempo requerido de resistência ao fogo” (TRRF) dos elementos e é
encontrado em normas ou códigos.
A NBR 14432 (2000) define o TRRF como sendo “o tempo mínimo de resistência ao fogo
de um elemento construtivo quando sujeito ao incêndio-padrão”. Trata-se de um valor que
é função do risco de incêndio e de suas conseqüências.
Por simplicidade, o TRRF é avaliado subjetivamente e definido pelo consenso da
sociedade. Não se trata, portanto, de tempo de desocupação, tempo de duração do
incêndio ou tempo-resposta do Corpo de Bombeiros ou brigada de incêndio.
Os valores dos TRRF também não devem ser confundidos com valores definidos pelo
poder público, tais como: horário a partir do qual deve haver silêncio em lugares públicos,
velocidade máxima em vias públicas, etc.
O TRRF é um tempo que pode ser calculado segundo as Teorias das Estruturas e da
Transferência de Calor ou encontrado experimentalmente. Tendo em vista, entretanto, a
dificuldade desse cálculo, esse “tempo” é fixado na base do consenso.
No caso das estruturas calculadas à temperatura ambiente, os coeficientes de
ponderação definidos em normas de engenharia (ABNT/NBR aqui no Brasil) retratam a
probabilidade de colapso aceitável de uma edificação bem dimensionada, durante sua
vida útil, à temperatura ambiente.
Para as estruturas calculadas em situação de incêndio, os valores dos TRRF encerram a

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probabilidade de colapso aceitável de uma edificação bem dimensionada, para a situação
de incêndio, durante sua vida útil.

3.2.2 Elementos robustos


Ao contrário dos elementos metálicos, as peças de concreto geralmente não são esbeltas.
Além disso, a condutividade térmica do concreto é bem menor do que a do aço. Portanto,
considerar distribuição uniforme de temperatura nos elementos de concreto é
exageradamente favorável à segurança.
O artifício descrito no item 3.2.1 é prontamente entendido para o caso de elementos
esbeltos, para os quais admite-se a distribuição uniforme de temperatura.
Por outro lado, o meio técnico habituou-se a usar o modelo do incêndio-padrão e a medir
a “resistência ao fogo” em unidade de um “tempo” (TRRF); essa prática foi mantida para
estruturas de concreto, ou seja, os elementos estruturais devem respeitar um TRRF
padronizado. O TRRF é padronizado em função do risco de incêndio e de suas
conseqüências em 30, 60, 90 e 120 minutos.
O “método tabular” de dimensionamento apresentado em diversos códigos internacionais
(BS 8110 Part 2 (1985), ACI-216R (1989), NZS 3101 (1995), AS-3600 (2001), prEN 1992-1-2
(2002)) foi elaborado com base no conceito do tempo requerido de resistência ao fogo.
As tabelas do “método tabular” têm por base o princípio do qual a temperatura em um
ponto da seção transversal do concreto é menor tanto quanto mais afastado ele estiver da
superfície exposta ao fogo. Dessa forma, quanto maior for a seção transversal, tanto maior
será o núcleo frio e, quanto mais afastada da superfície aquecida estiver a armadura, tanto
menor será sua temperatura.

4 Método tabular de dimensionamento das estruturas de concreto em


situação de incêndio
O método tabular de dimensionamento é o método mais simples a ser utilizado para as
estruturas de concreto atenderem aos requisitos da verificação em situação de incêndio
segundo a NBR 14432 (2000) – “Exigências de resistência ao fogo de elementos
construtivos das edificações”.
O conjunto de tabelas que associam o TRRF e o tipo de elemento estrutural às
dimensões mínimas a serem adotadas no projeto permite aplicação imediata do método
na concepção estrutural da edificação. Na literatura consultada, não foi encontrada a
origem exata dessas tabelas.
A norma americana ACI 216R–89 apresenta o método tabular completo para o
dimensionamento dos elementos. Para os pilares, uma tabela simples contendo resultado
de alguns ensaios é apresentada; para as lajes é indicado outro método simplificado de
aplicação imediata: determinar as características geométricas adequadas em função do
TRRF, por meio de diagramas; vigas as vigas, os diagramas fornecidos servem para
auxiliar outro método de dimensionamento, conhecido como método simplificado de
verificação da capacidade resistente do elemento.
As normas oceânicas AS-3600 (2001) e NZS 3101 Part 1 (1985) também apresentam
diagramas para dimensionamento de vigas e pilares.
Ambas as normas brasileira NBR 5627 (1980) e espanhola Instrucción EH-80 (1980) apud
CÁNOVAS (1988) foram canceladas. A norma espanhola foi substituída por normatização
posterior à década de 80. A apresentação de algumas normas antigas oferece o panorama
da evolução das recomendações normativas em relação àquelas mais recentes,
particularmente o Eurocode 2 (prEN 1992-1-2 (2002)) e a norma australiana AS-3600
(2001), para o estudo comparativo deste trabalho.
Os valores preconizados pela normatização brasileira, para projeto em situação normal
são apresentados com a finalidade de compara-los àqueles recomendados principais
normais internacionais de projeto em situação de incêndio.
V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto 7
4.1 Lajes
Na Tabela [4.1] estão excluídas as lajes lisas e cogumelo. São apresentados os valores mínimos para projeto à temperatura ambiente
preconizados pela normatização brasileira, a fim de ser avaliado o grau de segurança contra o incêndio-padrão das lajes nacionais sem
qualquer medida de proteção ao fogo.
Projeto a temperatura ambiente Projeto em situação de incêndio

Anexo “B” do

Instrucción EH-
80 (1980) apud
normas
NZS 3101
prEN 1992-1-2 CEB–Bulletin BS 8110-2 AS-3600

CÁNOVAS
NBR 5627 (1980) Projeto NBR
Projeto NBR 6118:2002 Part 1

(1988)
(2002) N° 208 (1991) (1985) (2001) cancelada 6118 (2001)
(1985)
cancelado

Espessura mínima cobrimentos mínimos cmín cmín cmín


“a” (mm) “a” (mm) cmín (mm) “a” (mm)
hlaje (mm) cmín (mm) (mm) (mm) (mm)
armada em armada em armada em

Tipo (finalidade) da Classes de agressividade


laje ambiental 2 direções

hlaje

hlaje

hlaje

hlaje

hlaje

hlaje

hlaje
TRRF

cmín
hlaje
y x

y x

y x
   

y x

y x
y x

y x

y x

y x
30 60 10* 10* 10* 60 10 10 10 75 15 15 60 15 10 50 10 10 100 10 — — — — — 60 10 10 10
60 80 20 15* 15* 80 25 10 25 95 20 20 80 20 15 75 10 10 100 20 80 25 10 25 80 10 15 20
50 70 100 120 150 20 25 35 45
90 100 30 10* 20 100 35 15 35 110 25 20 100 25 15 95 20 15 125 30 120 45 20 I.E. 45 100 15 20 30
120 120 40 20 25 120 45 20 45 125 35 25 120 30 15 110 30 15 125 40 150 60 30 30 120 20 25 40
* Normalmente o cobrimento adotado para situação ambiente é suficiente.
Legenda:  cobertura não em balanço
 piso ou cobertura em balanço
 suportam veículos com peso até 30 kN
 suportam veículos com peso acima de 30 kN
 lajes protendidas
I. E. = interpolação linear
Nota: Nem todas as normas apresentam o cobrimento mínimo explicitamente. Ele pode ser estimado em função da distância “a”, pela expressão cmín ≅ a –10 mm

Tabela 4.1: Dimensões mínimas de lajes maciças de concreto de densidade normal (agregados graníticos) recomendadas por algumas normas internacionais, em função do TRRF.

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Para o dimensionamento de lajes, o ACI 216R-89 (1989) fornece diagramas,
independente das condições de vínculo.
Nesses gráficos, a resistência das lajes é correlacionada à espessura mínima necessária
da peça, em função do tempo requerido de resistência ao fogo. É assumida a temperatura
máxima de 139 °C na superfície externa oposta à ação direta do calor. Essa medida
assegura a função de compartimentação da laje em incêndio, impedindo que o sinistro se
propague para outros compartimentos da edificação. A Figura 4.1 fornece as espessuras
mínimas das lajes e a Tabela 4.2 apresenta os resultados obtidos dessa figura.

Projeto para situação de incêndio.


TRRF (minutos) hlaje (mm)
30 60
60 85
90 105
120 125
Tabela 4.2: Espessura mínima de lajes de
concreto usual (agregados silicosos) para
projeto estrutural em situação de incêndio,
segundo o ACI 216R-89 (1989).

Figura 4.2: Dimensões de largura “b”,


cobrimento das armaduras “c” e distância “a”
entre o centro geométrico da armadura
Figura 4.1: Espessuras mínimas de lajes e paredes em principal e a face exposta ao fogo. Essas
função do TRRF e das características da mistura do dimensões são referências dos métodos
concreto (ACI 216R-89 (1989)). tabulares.

vigas isostáticas vigas contínuas pilares

Figura 4.3: Dimensões de largura “bmin” e o cobrimento das armaduras “cmín” distância “a” entre o centro geométrico da
armadura principal e a face exposta ao fogo (AS 3600 (2001)). Essas dimensões são referências dos métodos tabulares.

V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto 9


4.2 Vigas
Nas Tabelas 4.3 e 4.4 são apresentadas as dimensões mínimas propostas pela normatização brasileira para projeto à temperatura
ambiente e, pela normatização internacional para projeto em situação de incêndio de vigas isostáticas e hiperestáticas.

Projeto a temperatura ambiente Projeto em situação de incêndio

BS 8110-2
Normas
NBR 5627 Anexo “B” do Projeto NBR 6118

(1985)

NZS 3101 Part 1


AS-3600 (2001)
Projeto NBR 6118:2002 prEN 1992-1-2 (2002) CEB–Bulletin N° 208 (1991) (1980) (2001)
cancelada cancelado

(1985)
cobrimentos mínimos possíveis combinações entre bmín e
cmín (mm) possíveis combinações entre bmín e possíveis combinações entre bmín “cmín”
Largura classes de agressividade “a” e “a”
mínima ambiental
das
vigas

bmín

bmín
cmín

cmín
TRRF

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín
cmín

cmín

cmín

cmín
(mm)
bmín

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín

cmín
a

a
30 80 25 120 20 160 15* 200 15* 80 25 120 15 160 10 200 10 80 20 80 20 — — 80 25 120 15 140 10 190 10
120
60 120 40 160 35 200 30 300 25 120 40 160 35 200 30 300 25 120 30 120 30 120 40 120 40 140 35 190 30 300 25
25 30 40 50
90 150 55 200 45 300 40 400 35 150 55 200 45 250 40 400 35 150 40 150 45 200 65 140 55 190 45 250 40 400 35
100† 120 200 65 240 60 300 55 500 50 200 65 240 55 300 50 500 45 200 50 200 55 240 80 190 65 240 55 300 50 500 45
* Normalmente o cobrimento adotado para situação ambiente é suficiente.

Para casos excepcionais (vide item 13.2.2 do Projeto NBR 6118:2002).
Legenda: bmín = largura mínima da viga;
cmín = cobrimento mínimo das armaduras principais da viga;
a = distância entre o centro geométrico das armaduras principais e a face mais próxima do elemento de concreto, exposta ao fogo.
Nota: Nem todas as normas apresentam o cobrimento mínimo explicitamente. O cobrimento pode ser estimado em função da distância “a”, por meio da expressão cmín ≅ a – 10 mm

Tabela 4.3: Dimensões mínimas de vigas bi-apoiadas de concreto de densidade normal (agregados graníticos) recomendadas por algumas normas internacionais,
em função do TRRF.

V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto 10


Projeto a temperatura ambiente Projeto em situação de incêndio

Normas
BS NBR 5627 Anexo “B” do Projeto

NZS 3101 Part 1


AS-3600 (2001)
Projeto NBR 6118:2002 prEN 1992-1-2 (2002) CEB–Bulletin N° 208 (1991) 8110-2 (1980) NBR 6118 (2001)
(1985) cancelada cancelado

(1985)
cobrimentos mínimos possíveis combinações
cmín (mm) possíveis combinações entre possíveis combinações entre entre bmín e “cmín”
Largura classes de agressividade bmín e “a” bmín e “a”
mínima ambiental
das
vigas

bmín

bmín
cmín

cmín
TRRF
bmín

bmín

bmín

bmín
cmín

cmín

cmín
(mm)

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín
cmín

cmín
a

a
30 80 15* 160 12* — — — — 80 12 — — 200 12 80 20 75 20 80 20 — — 80 12 140 12 190 12
120
60 120 25 200 12* — — — — 120 25 200 12 300 12 80 20 120 20 120 20 80 25 120 25 190 12 300 12
25 30 40 50
90 150 35 250 25 400 25 450 25 150 35 250 25 400 25 120 35 150 25 150 25 115 40 140 35 250 25 400 25
100† 120 220 45 300 35 450 35 500 30 200 45 300 35 500 35 150 50 200 35 200 35 240 80 220 45 300 35 500 35
Legenda: bmín = largura mínima da viga;
cmín = cobrimento mínimo das armaduras principais da viga;
a = distância entre o centro geométrico das armaduras principais e a face mais próxima do elemento de concreto, exposta ao fogo.
Nota: Nem todas as normas apresentam o cobrimento mínimo explicitamente. O cobrimento pode ser estimado em função da distância “a”, por meio da expressão cmín ≅ a – 10 mm
Tabela 4.4: Dimensões mínimas de vigas contínuas de concreto de densidade normal (agregados graníticos) recomendadas por algumas normas internacionais,
em função do TRRF.

Dimensionamento em situação de incêndio Para TRRF ≥ 90 minutos, a área de aço em cada apoio
Instrucción EH-80 (1980) apud CÁNOVAS (1988) intermediário deve ser igual ou superior à 0,3.ℓefetivo, onde
TRRF
possíveis combinações entre “bmín” e “cmín” ℓefetivo é o comprimento efetivo da viga, compreendido
bmín cmín bmín cmín bmín cmín bmín cmín entre os eixos dos apoios. O Eurocode 2 (prEN 192-1-2
(minutos)
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (2002)) fornece informações detalhadas para o
30 80 20 120 10 160 10 200 10 cálculo dessa área de aço requerida.
60 120 35 160 30 200 25 300 20
90 150 50 200 40 280 35 400 30 1 Diagrama de momentos na iminência do incêndio (t = 0);
120 200 60 240 50 300 45 500 40 2 Cobertura do diagrama de força de tração solicitante pelo
resistente para momentos positivos;
Tabela 4.5 Dimensões mínimas as vigas de concreto de densidade 3 Diagrama de momentos em situação de incêndio;
normal (agregados graníticos), segundo a Instrucción española EH-80 4 Cobertura do diagrama de força de tração solicitante pelo
(1980) apud CÁNOVAS (1988). As dimensões são aplicáveis às vigas resistente para momentos negativos.
independente das condições de vínculo (bi-apoiadas ou contínuas).
Figura 4.4: Ancoragem da armadura a ser verificada em situação de incêndio. Proposta do
Eurocode 2 (prEN 192-1-2 (2002)).

V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto 11


4.3 Pilares
As Tabelas 4.5, 4.6, 4.7, 4.8, 4.9 e 4.10 apresentam os valores mínimos da seção dos pilares em função do TRRF, visando a segurança
contra incêndio.
A Tabela 4.8 apresenta algumas tabelas fornecidas pelo Eurocode 2 (prEN 1992-1-2 (2002)) para o dimensionamento de pilares. No
método tabular do Eurocode 2 (prEN 1992-1-2 (2002)), além da quantidade de faces expostas ao calor, são considerados o índice de
esbeltez (λ), a taxa mecânica de armadura (ω) e a excentricidade do carregamento (“e”). Diversas combinações entre bmín e a distância
“a” são apresentadas em função do TRRF, para vários valores de λ, ω e “e”. São inúmeras as combinações entre tais características.

Projeto em situação de incêndio


Projeto a temperatura ambiente
normas CEB–Bulletin N° 208 (1991)§ BS 8110-2 (1985)

NZS 3101
AS-3600
Projeto NBR 6118:2002

(2001)

(1985)
Part 1
cobrimentos mínimos cmín todas as faces expostas

expostas
pilar

todas as
exposta

exposta

exposta
50% da
1 face

seção

1 face
faces
(mm)
possíveis combinações entre “bmín”, “a” e Fd
classes de agressividade
fck = 20 (MPa) fck = 45 (MPa)
ambiental
bmín

TRRF

bmín

bmín
cmín

cmín
bmín

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín

bmín
cmín

cmín

cmín
Fd

Fd

Fd

Fd
a

a
3,0 200 820 370 1300
30 150 25 200 25 150 25 200 25 100 10 150 20 125 20 100 20 150 10 150 10
6,0 100 360 140 500
3,0 440 730 830 1500
60 200 35 240 30 200 35 240 30 120 25 200 25 160 25 120 25 200 20 200 20
‡ 6,0 200 360 260 510
190 25 30 40 50
3,0 530 1000 1000 1800
90 240 50 300 35 240 50 300 35 140 35 250 30 200 25 140 25 240 35 250 35
6,0 330 640 470 1300
3,0 810 1500 1500 3000
120 300 50 350 35 300 50 350 35 160 40 300 35 240 25 160 25 300 45 300 45
6,0 480 1000 1000 2100

Em casos especiais permite-se 120 mm ≤ b < 190 mm (vide item 13.2.3 do Projeto NBR 6118:2002).
§
Aço: fyk = 500 MPa → As = 1,5%Ac
fyk = 400 MPa → As = 2,0%Ac
Legenda: bmín = largura mínima da viga;
cmín = cobrimento mínimo das armaduras principais da viga;
a = distância entre o centro geométrico das armaduras principais e a face mais próxima do elemento de concreto, exposta ao fogo.
Nota: Nem todas as normas apresentam o cobrimento mínimo explicitamente. O cobrimento pode ser estimado em função da distância “a”, por meio da expressão cmín ≅ a – 10 mm
Tabela 4.6 Dimensões mínimas recomendadas pela normatização brasileira e pelos principais códigos internacionais (“fire design”), para pilares de concreto de
densidade normal (agregados graníticos) em função do TRRF.

V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto 12


Projeto a temperatura ambiente Projeto em situação de incêndio
Anexo “B” do Projeto NBR 6118 (2001)
Projeto NBR 6118:2002 normas Instrucción NBR 5627 (1980) cancelada
cancelado
EH-80 (1980)
seção quadrada inteiramente possíveis combinações entre bmín e “a”
cobrimentos mínimos cmín (mm) apud
comprimida mais de 1 face exposta 1 face exposta
CÁNOVAS
classes de agressividade (1988) mais de 1 1 face
ηfi = 0,2 ηfi = 0,5 ηfi = 0,7 ηfi = 0,7
ambiental face exposta exposta

cmín
bmín

IV

TRRF
I II III bmín cmín (mm) bmín cmín bmín cmín bmín cmín bmín cmín
muito bmín (mm) bmín (mm)
fraca moderada forte (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
forte

30 150 10 — — — 150 10 150 10 150 10 100 10


‡ 60 200 20 200 120 25 150 10 170 10 190 10 120 10
190 25 30 40 50
90 240 30 300 160 45 170 10 210 10 240 35 140 10
120 300 35 360 200 60 190 40 250 40 280 40 160 45

Em casos especiais permite-se 120 mm ≤ b < 190 mm (vide item 13.2.3 do Projeto NBR 6118:2002).
Legenda: Fd ,fi Fd = valor de cálculo da ação em situação normal;
ηfi = , onde:
Fd Fd,fi = valor de cálculo da ação em situação de incêndio.

Tabela 4.7: Dimensões mínimas recomendadas pela normatização brasileira e pela Instrucción española, para pilares de concreto de densidade normal
(agregados graníticos) em função do TRRF.

Duração do
Corpo-de –prova Tipo de Carregamento Modo de
ensaio
n° agregado (kN) ruptura
(hr : min)
1 silicoso 0 4:00 nenhum
2 silicoso 1300 2:50 compressão
3 silicoso 800 3:38 compressão
4 silicoso 710 3:40 compressão
‡‡
5 silicoso 0 5:00 nenhum
††
6 silicoso 170 3:00 flambagem
‡‡
7 silicoso 1070 3:28 compressão Notas: seção transversal de 406 mm x 406 mm
††
8 silicoso 1800 2:26 compressão seção transversal de 203 mm x 203 mm
9 silicoso 1300 3:07 compressão
10 calcáreo 800 8:30 compressão Tabela 4.8: Desempenho de pilares ensaiados, de dimensões 305 mm x 305 mm. Para
11 calcáreo 1070 6:06 compressão seções transversais menores, as respectivas dimensões estão indicadas nas notas supra (ACI
12 calcáreo 1800 3:36 compressão 216R (1989)).

V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto 13


Projeto a temperatura ambiente Projeto em situação de incêndio
Projeto NBR 6118:2002 prEN 1992-1-2 (2002)
 0, fi ≤ 3 m e M d ,fi e
Limites de 1,5 ≤ máx ≤ 2 e= ≤ 100mm ≤ 0,025
cobrimentos mínimos cmín (mm)
aplicação sA < 0,04 ⋅ A c
bpilar Nd ,fi b
desprezar efeitos de 2ª ordem considerar efeitos de 2ª ordem.
classes de agressividade ambiental possíveis combinações entre ”bmín” e “a”
possíveis combinações entre ”bmín” e “a”
bmín

mais de 1 face exposta 1 face exposta


TRRF
(minutos) µfi = 0,2 µfi = 0,5 µfi = 0,7 µfi = 0,7 ω η = 0,15 η = 0,3 η = 0,5 η = 0,7
I II III IV bmín “a” bmín “a” bmín “a” bmín “a” bmín “a” bmín “a” bmín “a” bmín “a”
fraca moderada forte muito forte (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
200 30 300 30
0,1 150 25* 150 25*
200 32 250 25* 350 25*
200 30
30 200 25 200 25 155 25 0,5 150 25* 150 25* 150 25*
250 25*
300 27 200 30
1,0 150 25* 150 25* 150 25
300 25*
150 30 200 40 300 40
0,1 500 25*
200 36 250 46 200 25* 300 25* 500 25*
150 35 250 35 350 40
60 200 25 155 25 0,5 150 25*
200 25* 350 25* 550 25*
300 31 350 40 150 30 250 40 300 50
1,0 150 25*
‡ 200 25* 400 25 600 30
190 25 30 40 50
200 40 300 40 500 50 550 40
0,1
200 31 300 45 350 53 250 25* 400 25* 550 25* 600 25*
150 35 200 45 300 45 550 50
90 155 25 0,5
200 25* 300 25* 550 25* 600 40
300 25 400 38 450 40** 200 40 250 40 500 50
1,0 200 25*
300 25* 550 25* 600 45
250 50 400 50 550 60
0,1 550 25*
250 40 350 45** 350 57** 350 25* 550 25* 600 45
200 45 300 45 450 50 500 60
120 175 35 0,5
300 25* 550 25* 600 25 600 50
350 35 450 40* 450 51** 200 40 250 50 450 45
1,0 600 60
250 25* 400 25* 600 30
** Armadura principal com no mínimo 8 barras.
* Normalmente o cobrimento recomendado em situação normal é suficiente.
Legenda: Nd ,fi As ⋅ fyd Nd ,fi
µ fi = ω= η= , Nd,fi é o carregamento (combinação excepcional de ações) de 1ª ordem aplicado ao pilar.
NRd ( 20°C ) Ac ⋅ fcd 0,7 ⋅ (Ac ⋅ fcd ) + As ⋅ fyd

Tabela 4.9: Dimensões mínimas de pilares de seção circular ou retangular (desprezando-se a esbeltez) em função do TRRF, propostas pelo Eurocode 2 (prEN
1991-1-2 (2002)) e pelo Projeto NBR 6118 (2002).

V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto 14


Dimensões mínimas (mm) da largura do pilar “bmin” e da distância “a” entre o
Índice de esbeltez eixo da armadura e a face exposta
TRRF (minutos)
λ η = 0,15 η = 0,3 η = 0,5 η = 0,7
bmin “a” bmin “a” bmin “a” bmin “a”
200 30
30 150 25* 150 25* 150 25*
300 25
250 30
40 150 25* 150 25* 150 25*
450 25*
300 35
30 50 150 25* 150 25* 200 25*
500 25*
200 30 400 40
60 150 25* 150 25*
250 25* 550 25*
250 35 500 35
70 150 25* 150 25*
300 25* 600 30
150 30 300 35 500 60
80 150 25*
250 25 500 25* 600 35
150 30 200 40 300 50
30 150 25*
200 25* 400 25* 600 30
150 40 250 40 400 50
40 150 25*
250 25* 400 25* 600 35
200 35 300 40 500 45
60 50 150 25*
400 25* 600 25* 600 40
150 30 200 40 400 40 550 40
60
200 25* 450 25* 600 30 600 40
150 35 240 40 450 45
70 600 60
200 25* 550 25* 500 35
200 30 300 40 500 50
80 600 80
250 25 550 25 600 40
200 40 250 40 500 50
30 200 25*
300 25* 550 25* 600 45
200 30 200 50 300 50 500 60
40
250 25* 400 25* 600 35 600 50
200 35 250 50 400 50
90 50 600 55
300 25* 550 25* 600 40
200 40 300 45 500 50
60 600 70
400 25 600 25* 600 45
200 45 300 50 550 55
70 (1)
450 25* 600 35 600 50
200 50 400 50
80 600 55 (1)
500 25* 600 35
200 40 250 50 450 45
30 600 60
250 25 400 25* 600 30
200 45 300 40 500 50
40 (1)
300 25* 500 25* 600 35
250 40 400 40 550 50
120 50 (1)
400 25* 550 25* 600 45
250 50 400 50
60 600 55 (1)
450 25* 500 35
300 40 500 45 (1)
70 (1) (1)
500 25* 600 35
300 50 500 60
80 (1) (1)
550 25* 600 40
* Normalmente o cobrimento recomendado em situação normal é suficiente.
(1) É necessária largura maior que 600 mm. Uma avaliação particular da flambagem é requerida.
N d ,fi
η= , onde Nd,fi é o carregamento de 1ª ordem aplicado ao pilar.
0,7 ⋅ (Ac ⋅ f cd ) + As ⋅ f yd
 0,fi As ⋅ f yd
λfi = ;ω=
i Ac ⋅ f cd

Tabela 4.10: Dimensões mínimas da largura e da distância entre o eixo da armadura e a face exposta ao
fogo para pilares de seções retangular e circular. Taxa mecânica de armadura ω = 0,1. Valores moderados
para momentos de 1ª ordem: e = 0,05.b ≤ 100 mm (prEN 1991-1-2 (2002)).

Quando as características do pilar não se enquadram na Tabela 4.8, o Eurocode 2 (prEN 1991-1-2
(2002)) fornece várias tabelas similares à Tabela 4.10, para diversos valores da taxa mecânica (ω).

V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto 15


5 Discussão e comentários
Algumas normas não apresentam métodos tabulares, mas oferecem diagramas para o
mesmo fim: obter as dimensões mínimas da seção dos elementos e do cobrimento das
armaduras, em função do tempo requerido de resistência ao fogo.
As normas australiana AS-3600 (2001) e neozelandesa NZS 3101 Part 1 (1985)
apresentam diagramas para vigas e pilares (Figura 4.3), cujos resultados são muito
semelhantes àqueles encontrados nas tabelas para lajes e vigas do Eurocode 2 (prEN
1992-1-2 (2002)).
O ACI 216R (1989) apresenta apenas uma tabela contendo resultado de alguns ensaios
de pilares de seção quadrada para três seções diferentes, como um indicativo da
capacidade resistente do pilar (Tabela 4.8).
Nota-se que a taxa e a excentricidade do carregamento, a taxa mecânica de armadura e a
esbeltez não eram considerados nos métodos tabulares de pilares apresentados em
normas mais antigas.
As dimensões mínimas da seção e do cobrimento eram função tão somente da
quantidade de faces expostas ao calor. Isso está explícito na tabela da norma espanhola
Instrucción EH-80 (1980) apud CÁNOVAS (1988) e na NBR 5627 (1980) para o
dimensionamento de pilares. Por outro lado, os valores propostos nessas normas eram
bem superiores àqueles de normas da década de 90. O CEB–FIP Model Code 90 (Bulletin
N° 208 (1991)) considera a intensidade do carregamento axial, o comprimento do pilar e a
resistência do concreto nas dimensões da seção.
À medida que as pesquisas na área de Segurança Contra Incêndio evoluíram, pôde-se
comprovar cientificamente a eficiência da resposta estrutural das edificações em situação
de incêndio; as dimensões mínimas estabelecidas anteriormente para lajes e vigas
puderam então, ser reduzidas, sem ônus à segurança estrutural. Houve um refinamento
no projeto de pilares, levando-se em conta os efeitos de instabilidade, do carregamento
aplicado e da taxa de armadura, no desempenho do elemento em situação de incêndio. É
no dimensionamento de pilares que os métodos tabulares apresentam as maiores
divergências entre as normas internacionais.
A evolução tecnológica dos materiais do concreto armado, na década de 90, permitiu a
obtenção de concretos de resistência maior e de porosidade mais baixa. Em
conseqüência, nas estruturas modernas de concreto, os pilares são mais esbeltos e as
seções transversais, mais delgadas, se comparados àqueles projetados anos atrás.
Entretanto, as novas características da mistura do concreto e as composições químicas
dos cimentos Portland atuais levaram à redução do bom desempenho em incêndio dos
elementos de concreto, devido à menor massa que as peças estruturais possuem e à
maior fragilidade do material em virtude das características das misturas. Essa é a razão
dos códigos mais recentes apresentarem métodos tabulares mais rigorosos: as
dimensões mínimas aumentaram em relação às propostas dos anos 90. Observa-se uma
tendência dos métodos tabulares se aproximarem daqueles apresentados nas normas
dos anos 80, consideradas antieconômicas.
As emendas e ancoragem das armaduras devem ser dimensionadas para garantir a
segurança estrutural durante o incêndio. O Eurocode 2 (Figura 4.4) e o CEB-FIP Model
Code 90 apresentam os comprimentos de ancoragem adequados a assegurar a
integridade estrutural durante o incêndio.

5.1 Comparação entre as recomendações da NBR 6118 (2002) e das


normas internacionais para a situação de incêndio
Não foi objeto deste trabalho avaliar a segurança das lajes lisas, cogumelo, nervuradas,
treliçadas e pré-moldadas, correntemente utilizadas no Brasil.

V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto 16


5.1.1 Normas oceânicas (AS-3600 (2001) e NZS 3101 Part 1 (1985))
Para TRRF = 30 ou 60 minutos, as lajes com hlaje ≥ 80 mm, vigas e pilares atendem aos
mínimos requeridos pelas normas oceânicas.
Para o TRRF = 90 minutos, as lajes não atendem aos mínimos requeridos pelas normas
oceânicas quando apresentarem espessura hlaje < 100 mm.
Para o TRRF = 120 minutos, as lajes não atendem aos mínimos requeridos pelas normas
oceânicas quando apresentarem espessura hlaje < 120 mm. Para espessuras superiores a
120 mm depende do cobrimento adotado.
As vigas e pilares não apresentam dimensões suficientes para resistirem ao TRRF ≥ 90
minutos.
As dimensões mínimas propostas pelas normas australiana AS-3600 (2001) e
neozelandesa NZS 3101 Part 1 (1985) devem ser avaliadas com cuidado, ao comparar
esses valores às dimensões de projeto estrutural para situação normal, pois supõe-se que
na Oceania, a segurança das estruturas em situação de incêndio é avaliada,
considerando a redundância dos meios de proteção da edificação, exigidos pela
legislação local, tais como: alarmes, detectores de fumaça, “sprinklers” automáticos,
extintores e hidrantes, brigada contra incêndio, compartimentação, etc.

5.1.2 Norma norte-americana ACI 216R (1989)


As lajes com dimensões usuais atendem aos mínimos requeridos pelas normas norte-
americanas para TRRF ≤ 90 minutos. Para TRRF = 120 minutos a laje deve ter hlaje ≥ 125
mm.
Não há método tabular ou diagramas para verificação de vigas e pilares de maneira
expedita. Entretanto, são fornecidos resultados de ensaios de pilares para algumas
seções transversais, para dar uma ordem de grandeza das dimensões do pilar no seu
desempenho, ao projetista.

5.1.3 Normas européias (prEN 1992-1-2 (2002), CEB–Bulletin N° 208 (1991) e BS 8110-2
(1985))
Para TRRF = 30 ou 60 minutos, as lajes de espessura hlaje ≥ 80 mm atendem aos
mínimos requeridos pelas normas européias.
Para o TRRF = 90 minutos, as lajes armadas em uma direção não atendem aos mínimos
requeridos pelo Eurocode 2 (prEN 1992-1-2 (2002)), para hlaje < 100 mm ou classes de
agressividade ambiental I e II. As lajes armadas em duas direções atendem aos mínimos
requeridos pelo Eurocode 2 para hlaje > 100 mm.
A comparação com a BS 8110-2 e o CEB-FIP Model Code 90 (Bulletin N° 208 (1991))
depende da combinação entre espessura e cobrimento adotados.
Para TRRF = 30 ou 60 minutos, as vigas atendem aos mínimos requeridos pelas normas
européias, exceto as vigas isostáticas de classe de agressividade ambiental I. Para TRRF
= 90 minutos, as vigas isostáticas com dimensões usuais não atendem aos mínimos
requeridos pelas normas européias. Para as vigas contínuas a comparação com as
normas européias depende da combinação entre espessura e cobrimento adotados.
As lajes e vigas não apresentam dimensões suficientes para resistirem ao TRRF = 120
minutos.
No caso dos pilares, a comparação com o CEB–FIP Model Code 90 depende do número
de faces expostas, das dimensões da seção transversal, da resistência do concreto, da
taxa de armadura e do carregamento aplicado.
Para TRRF = 30 ou 60 minutos, os pilares atendem aos mínimos requeridos pela BS
8110-2. Para TRRF ≥ 90 minutos, a comparação com a norma britânica depende do
número de faces expostas e das dimensões da seção transversal.
Segundo o Eurocode 2, os pilares atendem aos mínimos requeridos para TRRF = 30
minutos, desde que apresentem comprimento 0,fi ≤ 3 m, área de aço As < 0,04.Ac,

V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto 17


excentricidade 0,15.hpilar (ou bpilar) ≤ emáx ≤ 0,4.hpilar (ou bpilar) e nível de carregamento.
Para TRRF = 60 minutos, os pilares não atendem aos mínimos requeridos pelo Eurocode
2, ou para bpilar < 250 mm ou para classes de agressividade ambiental I e II, dentro dos
limites acima citados. Fora desses limites, o Eurocode 2 fornece tabelas, as quais
correlacionam as dimensões mínimas com a taxa mecânica de armadura, o nível de
carregamento e a excentricidade do carregamento.
Para TRRF ≥ 90 minutos, os pilares com dimensões usuais não atendem aos mínimos
requeridos pelo Eurocode 2 (prEN 1992-1-2 (2002)).

6 Conclusões
O concreto armado, como qualquer outro material, sofre os efeitos da ação térmica,
podendo comprometer a sua capacidade mecânica e de compartimentação. Os esforços
solicitantes colaboram na redução progressiva da resistência do concreto aquecido. Tais
fatores devem ser avaliados no projeto (“fire design”) da estrutura para assegurar sua
estabilidade.
A nova norma de dimensionamento de estruturas de concreto NBR 6118 (2002)
recomenda aumentar cobrimentos e dimensões mínimas das peças de concreto, visando
aumentar a durabilidade das estruturas. Dessa forma, indiretamente, induzirá à
concepção de elementos de concreto com resistência ao fogo, ligeiramente superiores
àquelas projetadas segundo as normas antigas.
Neste trabalho as recomendações de segurança contra incêndio apresentadas por
normas internacionais foram comparadas às recomendações do Projeto NBR 6118 (2002)
para dimensionamento à temperatura ambiente. Em uma análise expedita, considerando-
se apenas as características geométricas dos elementos estruturais concluiu-se que para
TRRF igual a 30 e 60 minutos os elementos estruturais com dimensões usuais atendem
as prescrições internacionais, com algumas exceções.
No caso de edificações de maior risco. cujo TRRF ≥ 90 minutos, as dimensões usuais
ainda estão aquém das exigências internacionais.
Lajes pré-moldadas tipicamente utilizadas no Brasil ainda estão sem solução, pela falta de
laboratórios de ensaio de resistência ao fogo no país, a fim de avaliar o comportamento
ao fogo desses elementos.
O meio técnico brasileiro precisa se conscientizar da importância de seguir-se padrões
internacionais para o dimensionamento das estruturas de concreto em situação de
incêndio, visando à qualidade do desempenho das construções.

7 Agradecimentos
A CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pelo apoio
dado a esta pesquisa.

8 Referências
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (ACI). Guide for determining the fire endurance
of concrete elements. ACI 216R–89. New York, 1989.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Componentes construtivos
estruturais - Determinação da resistência ao fogo. NBR 5628. Rio de Janeiro, 2001.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Dimensionamento de
estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio – Procedimento. NBR
14323. Rio de Janeiro, 1999.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Exigências de resistência
ao fogo de elementos construtivos das edificações. NBR 14432. Rio de Janeiro, 2000.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Exigências particulares

V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto 18


das obras de concreto armado e protendido em relação à resistência ao fogo.
NBR 5627. Rio de Janeiro, 1980. [cancelada em 2001]
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Projeto de estruturas de
concreto. Texto conclusivo do projeto de revisão da NBR 6118. São Paulo: ABNT/CB-
02/CE-02:124.15, 2001.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Projeto NBR 6118 –
Projeto de estruturas de concreto. Procedimento. Projeto NBR 6118:2002. São
Paulo: ABNT/CB-02/CE-02:124.15, 2002.
AUSTRALIAN STANDARD. Concrete structures. AS-3600. Sydney: Standards Australia
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BRITISH STANDARDS INSTITUTION. Structural use of concrete. Code of practice for
special circumstances. BS 8110 Part 2. London: BSI, 1985.
CÁNOVAS, Manuel Fernández. Patologia e terapia do concreto armado. São Paulo: PINI, 1988.
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