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Segredos da

Redação
Agradecimentos

Agradeço a Deus pela saúde, motivação e inspiração.


Ao meu pai que esteve presente nas horas difíceis e nas conquistas.
Rubens Souza

Segredos da
Redação

1ª Edição

Editora Áudio Ltda.


São Paulo - 2011
Todos os direitos relativos a esta obra estão
reservados na forma da legislação em vigor.

É proibida a reprodução parcial ou total desta obra,


sem autorização oficialmente documentada pelos autores.
Direitos reservados: Lei 9610/98

Capa / Diagramação / Revisão: Equipe Editora Áudio

Produção / Coordenação: Equipe Editora Áudio

Autor: Rubens Souza

Editora Áudio Ltda:


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São Paulo - SP - CEP:02250-050
Site: www.cursoaudio.com.br
E-mail: editoraaudio@gmail.com
1ª Edição / 2011

Sobre o autor:
Rubens Souza

Nascido em São Paulo (SP) em 1955, fez curso de pós-graduação em direito.


Suas obras são muito apreciadas pelo público estudantil, principalmente pela objetividade e
clareza textual, que facilita a percepção rápida das idéias expostas.
Dentre as várias obras publicadas destacam-se: História do Brasil Colonial e Republicano /
Língua Portuguesa – novo acordo ortográfico / Segredos da Redação.
Sumário

Introdução.................................................................................. 07
Tipos de redação / enredo........................................................ 08
Tempo, espaço e personagem.................................................. 09
Narrador..................................................................................... 10
Descrição / Dissertação............................................................. 11
Introdução da dissertação........................................................ 12
Desenvolvimento da dissertação............................................ 13
Defeitos na argumentação....................................................... 14
Conclusão................................................................................... 17
Algumas considerações para um texto dissertativo ............18
Outros cuidados na redação ....................................................19
Tema.............................................................................................20
Título ...........................................................................................21
Coerência ....................................................................................22
Coesão .........................................................................................23
Progressões discursiva / inversões sintáticas ........................24
Discurso dissertativo.................................................................25
Roteiro ........................................................................................26
Algumas observações ...............................................................29
Bibliografia................................................................................ .33
Segredos da Redação

Introdução
A aprovação e classificação em concorridos concursos e vestibulares é
motivo de satisfação e muita alegria para os candidatos. Mas para atingir
esse objetivo é preciso ter um bom desempenho em redação.

Em muitos concursos a seleção de candidatos tem sido feita levando-se


em conta a habilidade da escrita, especialmente pela dissertação, que é o
tipo de texto exigido na maioria das provas de redação.

A escolha da dissertação para avaliar candidatos é estratégica, pois é


a forma principal de comunicação escrita, exigindo reflexão e capacidade
para argumentar.

O candidato deve escrever um texto onde expõe o seu ponto de vista


sobre um tema, apresentando críticas, argumentações e propostas.

Deve ainda fazer atenção à sintaxe, ortografia, acentuação e pontuação,


dentre outros detalhes.

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Sintaxe é parte da gramática que estuda a disposição das palavras


na frase e a das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases
entre si e a construção gramatical. (este conceito é dado pelo Dicionário
Aurélio)

Alguns conselhos e cuidados para se fazer uma boa redação ajudam,


mas não são suficientes. Redigir é atividade técnica e, portanto, deve ser
adquirida e treinada.

Nossa intenção é demonstrar algumas técnicas para melhorar o


desempenho de expressão ao redigir, incentivando o hábito da leitura e
da escrita.

Tipos de redação
Redação é o trabalho que envolve o ato de escrever, redigir.
Em sentido amplo, qualquer trabalho escrito é redação.
Os textos podem ter os seguintes tipos: descrição; narração e
dissertação.

Narração: consiste no relato de um fato que ocorre em um espaço e


tempo onde são envolvidos personagens.
Os principais elementos de uma narrativa são: o enredo; o tempo; o
espaço; os personagens; o narrador.

Enredo

O enredo, que é também chamado de trama, é formado pelos fatos


que se desenrolam durante a narrativa.
Toda história apresenta introdução; desenvolvimento e desfecho.
Na introdução o autor dá a idéia principal, os personagens e o
cenário;

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No desenvolvimento o autor detalha a idéia principal. Aqui há
dois momentos distintos: a complicação, onde tem início os conflitos
entre os personagens, chegando ao clímax, ponto culminante da
trama; e o desfecho, que é a conclusão da narrativa.

O Tempo

Que pode ser:

Cronológico, também chamado de tempo exterior, é marcado


pelo relógio. É o espaço de tempo em que os acontecimentos se
desenrolam e os personagens realizam suas ações;

Psicológico ou tempo interior, não pode ser medido como o


tempo cronológico, pois se refere à vivência dos personagens, ao
seu mundo interior.
Espaço

O espaço: local onde os acontecimentos se desenrolam.

Personagens

Os personagens: são os seres envolvidos nos fatos e que formam


o enredo da história. Eles falam, pensam, agem, sentem , têm
emoções. Podem ser pessoas, animais, seres inanimados, seres
abstratos, fictícios e outros.

O personagem principal é chamado de protagonista, nele é


centralizada a narrativa. Pode haver mais de um na narração.

O personagem que se opõe ao principal é o antagonista.


Personagens secundários são os que participam dos fatos, mas
não se constituem no centro de interesse da narração.
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A fala dos personagens pode ser feita em discurso direto (o


próprio personagem fala) ou em discurso indireto (o autor conta
com suas próprias palavras o que o personagem diria.).

Há ainda o discurso indireto livre, que mescla o discurso


direto com o indireto.

Narrador

O narrador é quem relata os fatos, pode assumir duas posições:

1ª) Narrador observador:


Narrador de terceira pessoa. O foco narrativo é de terceira
pessoa. Relata os acontecimentos como observador. Como alguém
que está observando o fato e conta o que acontece ou aconteceu.
Esse observador pode ou não participar da história.
A narrativa desenvolve-se em terceira pessoa.
Exemplo: “Ele saía cedo, andava pela praia, tinha ali sua fonte
de inspiração. As idéias lhe surgiam em abundância.”.

2ª) Narrador personagem:


Narrador de primeira pessoa. Um personagem que participa
da história narra os fatos. Vê os fatos de dentro para fora e a
narrativa desenvolve-se em primeira pessoa.
Exemplo: “Deu-me uma pequena caixa de aparência curiosa, e
aconselhou-me a não abri-la antes da cerimônia”.

Os fatos narrados tanto podem ser reais como fatos fictícios,


com personagem que pode até mesmo ser real, mas sem ter
necessariamente compromisso com a realidade.

O fato pode ser totalmente inventado ou até baseado na


realidade, porém enriquecido pela imaginação de quem relata.

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Descrição

Descrever é contar como é enumerando as características que


distinguem um determinado ser dentre outros, para que o leitor
perceba as características marcantes do ser descrito.

A descrição é objetiva quando são apontadas as características


físicas exteriores de uma pessoa. Quando são destacadas suas
características psicológicas, a descrição passa a ser subjetiva.

A descrição está quase sempre ligada à narração. Mas em uma


narração o autor expressa o desenrolar de uma trama, já a descrição
não sugere a progressão de tempo, busca apenas observar detalhes
de personagens ou mesmo de ambientes. O texto descritivo é que
acaba dando mais significado e veracidade a uma história.

Veja este exemplo:


A grama estava reluzente, tal qual um manto verde fugaz de
um jardim bem cuidado, destacavam-se as marcas brancas, que
limitavam seu perímetro e demarcava o centro com um imenso
círculo.
Em cada extremidade do gramado, postados sob três paus,
estavam os apreensivos defensores, vigiados pelas atentas lentes
dos fotógrafos a espera de registrar o grande momento.
O estádio encontrava-se repleto, as bandeiras se agitavam.
Ao apito do arbitro foi dado o ponta-pé inicial.

Dissertação

É o tipo de texto que geralmente cai nos concursos e vestibulares.


Na dissertação o autor expõe seu ponto de vista a respeito de um
tema, defende a idéia utilizando seus argumentos até chegar a uma
conclusão.

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O autor da dissertação utiliza fatos, dados, opiniões


profissionais e outros argumentos para reforçar sua posição em
relação ao tema.

A dissertação pode ser:


Subjetiva: quando expõe idéia íntima, pessoal do autor, não se
preocupando em convencer o leitor, só interessa a quem escreve
a idéia não precisa de comprovação. Este tipo geralmente não é
exigido em provas.

Objetiva (é o tipo que interessa para nosso estudo)


Na dissertação objetiva o texto é escrito geralmente em terceira
pessoa, ou seja, o autor permanece indefinido para o leitor.

O autor expõe argumentos de forma impessoal e objetiva, o


que confere ao texto um caráter imparcial, pois deve convencer o
leitor de uma idéia. Isso facilita a aceitação, das idéias expostas.

Para expôr de forma clara e ordenada, a estrutura do


texto dissertativo se dispõe em três partes: a introdução; o
desenvolvimento e a conclusão.

Introdução da dissertação

A Introdução: é a apresentação clara e objetiva do tema e o


posicionamento frente a ele.
Inicia-se a redação com um parágrafo de três a quatro linhas
contendo a idéia central que será explorada pelo autor e seu
posicionamento, isto é, o ponto de vista que irá defender.

Não se deve usar exemplos nem comprovações na introdução,


isto invadiria a área do desenvolvimento, que é a fase posterior.

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Vejamos um exemplo:
Dado o tema “A exploração do trabalho”
Sendo o autor pessimista em relação ao tema, poderia assim
expôr a Introdução:

A exploração da mão de obra tem sido, ao longo do tempo, a


causa de aumento de riqueza de uma minoria, em detrimento da
qualidade de vida de uma enorme massa humana.

Outro tema: “Pena de Morte”

Caso a pena de morte seja implantada no Brasil, resolverá muitos


de seus problemas sociais.

Note que o autor se posicionou imediatamente a favor da pena


de morte.

Desenvolvimento da dissertação

É a argumentação que comprova o posicionamento assumido


na introdução, é a parte em que se desenvolve o ponto de vista do
autor, onde deve ser comprovada sua tese. Argumentar é levar o
leitor a aderir às idéias defendidas pela tese, para tanto são usados
diversos argumentos, como:
Falas de autoridades no assunto: exemplos; dados; prós e
contras; enfim é preciso que o autor esteja bem atualizado.

Apoiar uma afirmação no saber de uma autoridade no assunto é


um modo eficaz de trazer credibilidade para a tese defendida.

Os exemplos também dão muita credibilidade na argumentação.

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Em algumas ocasiões um enunciado pode ser comprovado


por meio de documentação com dados que firmem sua validade.
O uso de prós e contras consiste na exposição de argumentos
desfavoráveis e favoráveis em relação à tese defendida pelo autor.
Para um texto ser convincente, não pode omitir opiniões
opostas à sua tese. Ao contrário, deve expôr com clareza as
objeções conhecidas e refuta-las com argumentos sólidos.

É aconselhável começar com um argumento contrário,


combate-lo e em seguida colocar vários argumentos favoráveis à
idéia defendida, isto porque a maior quantidade de argumentos
favoráveis torna a tese mais convincente, e também o último
argumento é o que fica mais presente, mais fresco na memória do
leitor. Então, jamais termine com argumento desfavorável à sua
tese.

Mas a principal qualidade de um texto é a unidade, isto é,


tratar de um só objeto, uma só matéria, não ser dispersivo, com
informações que não tenham ligação com o tema, dificultando
o entendimento para o leitor. Deve-se preservar a todo custo a
unidade.
O texto deve conter variedades, porém explorando sempre
uma mesma matéria, sem fugir do tema central.

Defeitos na argumentação

Na linguagem escrita deve-se primar pela clareza na


expressão da idéia, para que o leitor possa compreender o que
se quer dizer, já que, evidentemente, ele não pode intervir para
obter esclarecimentos.
Um dos principais defeitos na argumentação é o emprego de
noções confusas.

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Existem palavras e expressões com significado muito amplo,
podendo ocasionar noções diferentes extraídas delas, ou até
contraria àquela pretendida.

É exatamente o caráter amplo e vago de definição de tais


palavras, que permite essa diversidade em seu entendimento,
podendo até mesmo servir de argumento para um ponto de vista
contrário ao do autor.

Veja o exemplo com a palavra “Liberdade”:


Em nome da liberdade os revolucionários lutam contra o
regime do governo.
Em nome da liberdade o governo luta contra os revolucionários.

Note que o mesmo conceito está sendo usado como argumento


para duas atitudes contrárias.

Palavras desse tipo aparecem com freqüência em redações,


precisam ser definidas antes de serem exploradas como
argumento para apoiar qualquer ponto de vista. Do contrário o
argumento se esvazia e perde seu poder de persuasão.

O repertório desse tipo de palavra é extenso: justiça, ordem,


idealismo, massificação, democracia e muitas outras.

Outro defeito comum em redações é o uso de generalizações,


como no exemplo:
Os homens são todos iguais, só pensam em poder e riqueza.

Não generalize, utilize argumentos concretos, seja específico.


Generalizações demonstram falta de conhecimento.
Os termos científicos devem ser empregados com significado
preciso.

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Segredos da
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Muitas vezes são usados de forma equivocada, atribuindo


significação errôneo, desfigurando ou descaracterizando o
enunciado. É também defeito freqüentemente encontrado nas
redações.

Como exemplos, as palavras e expressões do tipo:


Classe social, esquema, burguesia, cultura de massa, idealismo,
socialismo, e outras.

É comum, por exemplo, se usar erroneamente a palavra


comunismo para referir-se ao conceito de autoritarismo, ou
mesmo socialismo.

Comunismo é o sistema econômico e social baseado na


propriedade coletiva, desenvolvido teoricamente por Karl Marx
(v. marxismo), e proposto pelos partidos comunistas como etapa
posterior ao socialismo.

Socialismo é doutrina que prega a primazia dos interesses da


sociedade sobre os dos indivíduos.

Autoritarismo é o regime político que postula o princípio da


autoridade, aplicada com freqüência em detrimento da liberdade
individual; despotismo, ditatorialismo.

São palavras que expressam conceitos diferentes, portanto


não podem ser usadas umas pelas outras.

Cuidado para não usar exemplos equivocados:


Deve-se ter cuidado especial com a apresentação de exemplos
nas redações.
Exemplos são de grande utilidade, pois fortalecem a
argumentação e vão servir de base para a conclusão.

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Mas os dados apresentados devem ser verdadeiros, devem
corresponder com a realidade, e principalmente, que as conclusões
deles extraídas estejam necessariamente contidas nos dados
apresentados.

Veja esse Exemplo:

No Brasil o desemprego é decrescente. Como exemplo temos a


cidade de São Paulo onde o índice de desemprego é inferior a 5%
de sua população.

Trata-se de um exemplo exageradamente equivocado.


São dados simplesmente falsos, não correspondem com a
realidade. O desemprego no Brasil vem crescendo, e em São Paulo
o índice de desemprego é muito alto. Boa parte de sua população
está desempregada ou trabalhando na informalidade.

Conclusão

A conclusão é um retorno ao tema, em que se dá um fecho coerente


com o desenvolvimento e com os argumentos apresentados.

É aconselhável reescrever o parágrafo da introdução com outras


palavras, confirmando a tese defendida, agora com mais ênfase, pois
a idéia já foi fundamentada durante o a fase do desenvolvimento.

A boa conclusão se apresenta clara, objetiva, em um parágrafo


com três ou quatro linhas, não deve trazer novidades nem
repetir argumentos, para não ser confundida com a parte do
desenvolvimento.
Não é necessário avisar que está concluindo, é de má técnica,
pois todo examinador reconhece o parágrafo conclusivo.

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Vamos utilizar o exemplo dado na introdução com o tema a


“exploração do trabalho” e concluir a dissertação reescrevendo a
introdução com outras palavras.

A exploração da mão de obra tem sido, ao longo do tempo, o


principal motivo do detrimento da qualidade de vida de muita
gente. Mas nos últimos anos as leis específicas de proteção ao
trabalhador vêm amenizando esta situação.

A conclusão inequívoca é um retorno à introdução.

Algumas considerações para um texto dissertativo

Planejamento do texto.
É preciso definir uma idéia central, o objetivo é estabelecer
uma linha de argumentação e uma conclusão.

Seja simples: não use palavras cujo sentido ou grafia não tenha
certeza. Procure um sinônimo.
Em geral são dados os limites de espaço, mínimo de 30 e
máximo de 60 linhas para redigir sobre um tema. Convém se
manter na média, escrevendo por volta de 45 linhas.

Utilize caneta com tinta preta, letra legível e escreva somente


dentro das linhas.

É obrigatório o uso de duas margens, esquerda e direita, não


se deve ultrapassá-las.

Os parágrafos têm a distância mínima de dois dedos da


margem esquerda, procure mantê-los alinhados, e para iniciar, a
primeira letra deve ser maiúscula, é oficial na língua portuguesa.

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Evite rasuras e borrões. Caso erre uma palavra, apenas passe
um traço para anular.
Distinguir bem as maiúsculas das minúsculas.
Procure justificar o texto e separar as sílabas corretamente.

Facilite a leitura do examinador, os parágrafos longos


dificultam a compreensão, quanto maior o parágrafo, mais
dificuldades o leitor terá para compreender o que se quer
transmitir, não economize nos parágrafos.

O texto não deve trazer assinatura, para que não possibilite a


identificação do autor.

Outros cuidados nas redações

Não use palavras desnecessárias, não seja redundante.

Não radicalize. Evite tomar partido. É aconselhável


desenvolver um texto equilibrado.

Não use abreviações.


Siglas, somente as que forem de conhecimento comum.

Não se deve usar linguagem figurada; metáforas; conotações,


elas causam idéias dúbias.

Não use expressões vulgares: por ser um trabalho técnico,


não há espaço para vulgaridades.

Gíria: a gíria não é um flagelo da linguagem, ao contrário,


existe uma infinidade de gírias que usamos freqüentemente
na linguagem falada. Por exemplo: dica, bacana, cara e muitas
outras.

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Segredos da
Redação

O mal da gíria reside no uso freqüente, contínuo, passando


a ser uma forma de comunicação, provocando desprezo pelo
vocabulário oficial. Mas se usada nos momentos certos, constitui
elemento de expressão da linguagem.

Mesmo assim, ela só é admitida na linguagem falada. A língua


escrita só a tolera em certos casos, como na reprodução de uma
fala, por exemplo, com a visível intenção de documentar o fato,

Elimine a cacafonia (som desagradável, resultante da união


das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de outra).

Elimine o eco, que é a repetição de palavras terminadas pelo


mesmo som.
Como: a canção causou emoção na população.

Evite também frases feitas e chavões, elas empobrecem o texto.

Tema

Os temas geralmente são atuais, polêmicos, presentes na


mídia.

É preciso estar bem atualizado para argumentar com


consistência.

Tema não é o mesmo que assunto. O tema é de amplitude


maior, é geral, é mais abrangente.
Dentro de um tema pode haver vários assuntos.

Exemplos:
Dentro do tema “Futebol brasileiro” podemos ter os seguintes
assuntos:

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Violência no futebol; corrupção; qualidade técnica dos
jogadores; planejamento do calendário esportivo; torcidas
organizadas; remuneração dos jogadores e outros.

O tema é sempre abstrato, podendo se chegar a ele a partir de


uma figura em concreto.
Apresentado um objeto, por exemplo, “uma caneta” pode-se
extrair daí vários temas, como: educação, conhecimento, e outros.
Muitas vezes o tema da redação está ligado à prova de
português.

Título

Em muitos concursos não se exige título para a redação.


Observe as instruções do concurso, não sendo exigido, convém
não se arriscar, pois, pode o autor equivocar-se e dar um título
não apropriado, ou seja, que não tenha total correspondência com
o tema.
Se exigido, o título deve funcionar como chamariz, um
elemento para atrair o interesse pela leitura do texto.

O título não se confunde com o tema.


O tema é a idéia abordada. E é em relação a ele que o autor
define seu posicionamento. O tema aparece logo na introdução,
ou seja, no primeiro parágrafo.

Já o título é uma referência ao tema, ele representa a síntese


do trabalho intelectual e deve ser extraído, principalmente, do
parágrafo da conclusão, que é o último parágrafo da dissertação.
O título deve ser bem sugestivo, criativo e coerente. De
preferência curto não mais que cinco palavras, geralmente não
são usados verbos, porém, havendo verbo na formação do título,
não se pode esquecer de colocar o ponto final.

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Segredos da
Redação

Pense no título após ter encerrado o rascunho, para que o texto


não fique preso a ele.
Depois de concluído o trabalho fica mais fácil para dar um
título.

Coerência

Coerência é a unidade do texto, o acerto das partes em relação


ao todo textual, formando um conjunto harmônico, em que
todas as partes se encaixam e se completam, sem que haja nada
destoante ou qualquer contradição.

Vejamos este exemplo:

Foi uma prova extremamente difícil. A aprovação foi um


premio aos alunos bem preparados.
Todos foram aprovados, mesmo aqueles que não tiveram
tempo para estudar.
É fácil perceber a incoerência neste texto.
Se a prova foi difícil, constitui, portanto, uma incoerência dizer
que foram aprovados até mesmo os alunos que não estudaram.

A coerência pode ser figurativa.


As várias figuras do texto devem articular-se de maneira
harmônica, coerente com base no significado que mantêm entre
si.
Vamos supor uma situação que se deseje demonstrar “o luto”,
em que haja morte de um ente querido na familiar.
Pode-se usar figuras como: pessoas tristes, desoladas,
inconformadas. Não caberia aqui uma figura de pessoa, alegre,
saltitante, feliz. Estaria totalmente em desacordo com o tema
“luto.” Seria incoerente.

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Coerência argumentativa

Não se pode afirmar que todos são iguais perante Deus e em


seguida defender a superioridade racial dos arianos, (europeus de
raça supostamente pura, sem ascendência judaica.).
São argumentos que se contradizem, não haveria coerência na
argumentação.

Coesão

Coesão significa ligação. É a propriedade que os elementos do


texto têm de estar interligados.

Um texto bem construído dá a noção de conjunto formado pelos


enunciados que o constitui. Pode-se perceber a ligação existente
entre eles.
A coesão de um texto, isto é, a ligação entre seus enunciados, é
fruto das relações de sentido que existem entre eles. Estas relações
se manifestam, sobretudo por uma categoria de palavras chamadas
de conectivos.

Várias palavras assumem, dentro de um texto, a função de


conectivos.
Por exemplo:
As preposições: a, de, para, com, por e outras.
As conjunções: que, para que, quando , embora, mas, e, ou e
outras.
Os pronomes: ela, ele, seu, sua, este, esse, aquele, que, o qual e
outros.
Os advérbios: aqui, ai, lá, assim e outros.
O uso correto dos conectivos dá ao texto unidade e contribui
para a expressão clara das idéias. O uso inadequado, ao contrário,
torna o texto incompreensível.

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Segredos da
Redação

Progressão discursiva

Em um texto os segmentos se sucedem numa progressão


constante, cada segmento acrescenta novas informações aos
enunciados anteriores.

Não é permitido repetir as idéias, a redundância viciosa, aquela


que não traz nada de novo, é contrária à progressão discursiva.

Muitas vezes as pessoas, num ato mecânico, vão “esticando”


a conversa ou a escrita e não se apercebem que as idéias estão
se repetindo. Isto prejudica o texto e revela a falta de reflexão e
domínio sobre o assunto.

Inversões sintáticas
É ótima para o poema e péssima para o discurso dissertativo. É
preciso evitá-las.

A forma na ordem direta é: Sujeito, verbo e complementos.


Assim o texto fica mais compreensível.

Vamos utilizar um trecho do hino nacional para este exemplo:


“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, de um povo
heróico o brado retumbante.”

Note que a inversão sintática dificulta a compreensão do texto.


Vamos passar para ordem direta, ou seja: sujeito, verbo e
complementos.

“As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante


de um povo heróico”.

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Discurso dissertativo

Na produção de um enunciado, pode-se enfatizar as informações


a serem transmitidas, dando um efeito de objetividade ao texto, ou
ao contrário, pode-se criar um efeito de subjetividade, mostrando
que a informação veiculada é o ponto de vista de um indivíduo.

Vejamos um exemplo de cada caso:


O desemprego está eliminando a chamada classe média. (texto
na forma objetiva)
Eu digo que o desemprego está eliminando a chamada classe
média. (texto na forma subjetiva)
No primeiro caso destaque-se a informação, o enunciador está
ausente.
No segundo caso o enunciador inseriu-se no enunciado,
mostrando quem produziu o texto.

No discurso dissertativo, para que o texto se torne mais


convincente, o destaque deve ser dado ao conteúdo das informações,
criando um efeito no sentido objetivo, neutralizando a presença do
enunciador.

Alguns procedimentos lingüísticos podem ser usados para se


produzir um discurso dissertativo de forma objetiva.

Primeiro: Não usar verbos na primeira pessoa do singular,


eliminando assim, a idéia de que o conteúdo do texto é mera opinião
de quem o escreveu, passando então a sugerir que o fato se impõe
por si mesmo.

Segundo: Usam-se verbos na primeira pessoa do plural, de


forma ampla e impessoal, indicando que a informação transmitida
é produto de saber coletivo.

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Segredos da
Redação

Terceiro: Não se deve utilizar palavras com valor denotativo,


figurado. Uma mesma palavra com vários significados torna seu
uso impróprio para este tipo de discurso.

Quarto: Usar a modalidade culta e formal da língua. Evite


gírias.

Roteiro

Para chegar a um destino, as pessoas geralmente procuram


saber qual será o melhor caminho, usam o guia, pedem informações
ou mesmo quando já sabem o caminho, traçam mentalmente um
itinerário, um roteiro, antes de se locomoverem.
Assim não se perde tempo pegando caminhos que não levam
ao destino desejado.

Para fazer uma redação é necessário também traçar um


caminho a ser seguido, um roteiro.
O primeiro passo é ler o tema e refletir sobre ele, isto é,
raciocinar, meditar, cogitar, supor, lembrar de tudo que tenha
ligação com o tema.

O celebro vai buscando informações em seus arquivos,


aparecem inúmeras idéias ligadas ao tema, são palavras,
pequenas frases, símbolos, tudo deve ser anotadas em uma
folha, não se preocupe com a ordem, neste momento o celebro
está pesquisando e lhe trazendo informações que tenham relação
com o tema, coloque tudo no papel, mesmo que não venha a ser
utilizado.

Em seguida, convém fazer uma divisão em três partes,


correspondentes a estrutura de uma redação dissertativa, ou seja,
introdução, desenvolvimento e conclusão.
2 6 - w w w. c u r s o a u d i o . c o m.br
Comece a selecionar e ordenar as idéias.
A parte da introdução recebe os assuntos que vão tratar da tese
que será defendida.
O desenvolvimento deve conter toda palavra relacionada aos
argumentos que serão utilizados para sustentar a tese. Certamente
será a maior das três partes.
Na última parte, a conclusão, as informações que vão ajudar a
concluir o assunto.

Pode-se analisar individualmente cada uma das partes,


fazendo um juízo crítico, colocando as informações em ordem de
importância e eliminando os itens que não serão aproveitados.

Este material, composto por pequenos tópicos, vai facilitar a


montagem das frases que vão formar a redação.

Após montar as frases, procure liga-las de maneira lógica em


cada uma das partes, utilizando os conectivos.
Percebe-se, então, que o rascunho da redação está praticamente
pronto.

Passe o rascunho em revisão, observando se não ficou de fora


algum tópico. Verifique se a exposição foi organizada de um
modo lógico e seqüencial, com coerência e coesão.

Passe a limpo com letra legível, português correto, dando


atenção especial para as concordâncias verbal e nominal,
mantenha a prova limpa. Se necessário crie um título.

Treinamento:
Dois hábitos são fundamentais para melhorar a capacidade de
redigir:

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Segredos da
Redação

Primeiro, a Leitura.

Adquira o hábito de ler, dando preferência, aos temas que


tenham possibilidades de cair nos exames, ou seja, temas sociais,
atuais, polêmicos, eles podem ser encontrados em revistas e
jornais.
Também são boas fontes de informações reportagens, cinemas,
teatros.
Os editoriais dos jornais são ótimos exemplos de como se deve
fazer uma redação.

Uma boa leitura exige um grau de concentração elevado.


Para se manter concentrado na leitura é necessário estar
interessado em compreender o texto, interagir com o autor,
questionar seus argumentos, ter espírito critico, pensar em
possibilidades diferentes daquelas apresentadas.
É preciso manter a mente ocupada, trabalhando no texto que
está sendo lido. Não se pode permitir que outros pensamentos
venham interferir e prejudicar a concentração.

A leitura também enriquece seu vocabulário.

Segundo habito: Escrever.

Redigir é atividade técnica, deve ser treinada, nada substitui


sua prática.
Procure escrever sobre os temas lidos, fazendo no mínimo
duas redações por semana.
Sempre observe as instruções aqui apresentadas.

Mãos à obra.

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Algumas observações

Mesmo sabendo toda a matéria, muitos candidatos não atingem


bons resultados, devido a ansiedade, tensão e outros fatores que
possam interferir no processo de raciocínio.

Em época de exame, além de estudar a matéria exigida, o


candidato deve tomar alguns cuidados que venham a propiciar
condições para fazer a prova com tranqüilidade, sem tensão e
estresse.

Vamos mencionar algumas dicas de grande utilidade nessa


época e que vão contribuir para que você possa alcançar seu
objetivo.

Organize-se no dia anterior:

Observe hora e local da prova;


Separe os documentos necessários;
Oriente-se sobre como chegar ao local da prova;
Separe material necessário: lápis, apontador, lapiseira,
borracha, caneta, régua.

Procure ter uma boa noite de sono;


Marcar o horário de acordar em dois despertadores;
Não ingerir bebidas alcoólicas;
Não tentar estudar o que você nunca aprendeu;
Evitar discussões de qualquer natureza.

Ao sair para a prova:

Levar comprovante de inscrição e carteira de identidade;


Alimentar-se adequadamente;

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Segredos da
Redação

Usar roupas cômodas;


Não levar livros ou apostilas;

Fazendo a prova:

Ao se deparar com uma questão que não saiba qual alternativa


é a certa, e simplesmente marcar qualquer uma das cinco opções,
ou seja, de A a E, a probabilidade de acerto é de apenas 20 por
cento.
Porem, é possível aumentar a probabilidade de acerto,
eliminando uma ou mais das alternativas que certamente sejam
incorretas.
Mas com um pouco de perspicácia, dá para chutar com mais
chances de acerto.

Veja como melhorar sua pontaria no “chute”

Elimine as alternativas que não abram espaço para exceções,


como as que contenham as palavras: NUNCA, JAMAIS,
SOMENTE, SEMPRE, SEM EXCEÇÃO, outras do gênero. A
probabilidade de acerto será maior.
É como diz o ditado “Para toda regra existe exceção”.

Em geral a resposta mais longa tende a ser a correta, isto porque


é comum o examinador elaborar a questão com sua alternativa
correta, para depois encontrar mais quatro respostas erradas,
estas tendem a ser mais curtas.

Cuidado com resposta muito obvia, que geralmente aparece


nas primeiras alternativas, letras A ou B. Pode ser pegadinha.

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A alternativa A não é a posição de preferência para o
examinador colocar a resposta certa, portanto, na falta de outro
critério, entre as alternativas A e C, por exemplo, melhor acreditar
que o examinador não queira colocar a alternativa certa logo de
saída.

Procure observar qual item mais aparece nas alternativas.


Na tentativa de confundir, o examinador faz com que o item
certo apareça mais vezes entre as alternativas.
Por exemplo: se a palavra gato aparece em três alternativas e
a palavra rato em duas, a tendência é que a alternativa certa seja
uma das três que contenha a palavra gato.

Criando tempo para estudar.

De um modo geral as pessoas têm pouco tempo para se


dedicar ao estudo.
Mas se você realmente quer alcançar seu objetivo, deve
produzir o tempo que for necessário para estudar a matéria
exigida.

Boa parte de seu tempo pode ser mais bem aproveitado


utilizando gravação de aulas.
Você pode estar em contato com a matéria, ouvindo e
aprendendo, no trajeto para o serviço; no metro; nas caminhadas;
nas viagens; e muitas outras ocasiões.

fim

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Segredos da
Redação

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Bibliografia / Consultas

CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção - a


escritura do texto. Moderna. São Paulo. 1993.

FOLHA DE S. PAULO. Manual geral da redação. 2. ed. São


Paulo, 1987.

GRANATIC, Branca. Redação: humor e criatividade. Scipione.


São Paulo. 1997.

J. L. FIORIN e F. S. PLATÃO. Para entender o texto — leitura e


redação. Ática. São Paulo. 1990.

MAGALHÃES, Diógenes. Redação com base na lingüística [e


não na gramática]. Edições Coisa Nossa. Rio de Janeiro. 1999.

O ESTADO DE S. PAULO. Manual de redação e estilo.


Organizado e editado por Eduardo Martins. São Paulo, 1990.

SOARES, Magda Becker e Edson Nascimento CAMPOS.


Técnica de redação: as articulações lingüísticas como técnica de
pensamento. Ao Livro Técnico. Rio de Janeiro. 1978.

SOLOMON, D. V. Como fazer uma monografia. 9ª ed. rev. São


Paulo: Martins Fontes, 1999.

TURABIAN, K. L. Manual para redação: monografias, teses e


dissertações. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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