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CONSTITUIÇÃO DA CRIATURA HUMANA

O HOMEM

É prudente considerar que qualquer tentativa em classificar a natureza


humana resulta

apenas num resumo didático para atender as necessidades limitadas do


intelecto, impostas

pelas faculdades de examinar, analisar e comparar. O predomínio dessas


faculdades,

próprias de um mental concreto, discursivo, incentivadas no modelo


competitivo da

sociedade humana, produz um entendimento incompleto, fragmentado,


sem a abrangência

de um conjunto que poderia ser proporcionado pela percepção favorecida


por abstrações

e lampejos da intuição.

Todavia, qualquer que seja a tipologia ou a classificação dos componentes


da

natureza humana, baseada nas fontes da Sabedoria Iniciática das Idades,


servirá em muito

como ponto de partida para a compreensão dessa maravilhosa obra da


Criação.
A diversidade de nomes e fontes teóricas de classificações orientais não
conta com

equivalências tão suficientes e precisas nas fontes de estudo do Ocidente.

Conforme a teoria oriental do trikâya, a classificação baseada no


simbolismo das

tríades propõe que a criatura humana seja observada como um conjunto


constituído por

Espírito, Alma e Corpo, assim como a unidade do Universo consiste no


Princípio Divino, o

conjunto de Seres Celestes e a Humanidade. A partir dessa teoria, uma


doutrina mais oculta

refere-se a vestes (kâyas, em sânscrito) correspondentes a manifestações


da Divindade,

relacionando-as ao corpo triplo do Universo e recebendo os nomes


funcionais de

Nirmânakâya, Shambhogakâya e Dharmakâya.

Aplicando a teoria do trikâya para o estudo da criatura humana,


passaremos a
considerá-la constituída de três vestes ou veículos, em sânscrito,
denominados upâdhis.

Grosso modo, upâdhi, veste ou veículo, é o que serve para transportar


algo que é superior

na escala evolucionária, algo mais sutil ou de maior estado vibratório. De


acordo com esse

ponto, podemos dizer que o corpo físico denso, orgânico, biológico, o


menos vibrátil dos

componentes da criatura humana, é o veículo de todos os outros seis


princípios, na

classificação setenária. Sendo assim, é o corpo denominado, em sânscrito,


Sthûla -

upâdhi. O que naquela teoria denomina-se Kârana - upâdhi, o corpo


causal, constituído dos

quinto e sexto princípios, respectivamente, o Buddhi (intuição) e o Manas


- arûpa (mental

abstrato), é o veículo do sétimo princípio (átmico ou crístico). Diz-se corpo


causal por ser o veículo da causa de tudo que constitui a existência
humana: o sétimo princípio. Sendo o de maior grau vibratório esse
princípio não pode ser considerado veículo de coisa alguma, porque nada
existe acima dele, no ser humano, trata-se, pois, da Essência que é
veiculada por todos os subjacentes. É o Âtmâ Individual, o Cristo Interno, o
Ego ou Eu Superior de cada criatura humana.

No Ocidente, o conceito que mais se aproximou da teoria do trikâya veio


do filósofo grego Plutarco (45 - 120 d.C.), pelo fato dele ter considerado o
ser humano um conjunto formado por Espírito (nous), Alma (psique) e
Corpo (soma). Além disso, o filósofo relacionou a origem de cada um dos
componentes, respectivamente, com os Mundos: Divino, Celeste e
Terreno, representados simbolicamente como "Sol, Lua e Terra”.
Citando H. P. Blavatsky, Henrique José de Souza, em seu livro " Os
Mistérios do Sexo”, comenta que desde o desaparecimento daquela
Mestra os clássicos conceitos da setenária constituição do ser humano
sofreram profundas modificações tanto nas suas exposições quanto nas
suas interpretações.

Em que pese a confusão entre os conceitos sobre princípios, vestes,


veículos, corpos, em parte pela tradução imprecisa, especialmente das
palavras sânscritas, a chave analógica surge como recurso valioso em
auxílio àqueles que buscam perceber as semelhanças decorrentes da
constituição do Universo e da criatura humana, visto que esses têm por
origem o Princípio Absoluto.

Como já foi mencionado anteriormente, o ser humano é Uno-Trino; a


trindade nele é composta de Espírito, Alma e Corpo.

Nesta aula apresentaremos algumas considerações da Sabedoria Iniciática


sobre o Corpo e a Alma.

O que se concebe como Corpo humano é, do ponto de vista esotérico, não


só um conjunto organizado de matéria atômica e reações bioquímicas,
mas, também, um componente hiperfísico, etérico, que permeia aquele
como verdadeira rede de condutos, interligando pontos de concentração
e distribuição de energia vital (Prâna), sem o que estaria impossibilitada a
vida biológica em todos os detalhes da criatura. Sendo assim, de forma
didática, considera-se que o Corpo seja visto com esses dois veículos: o
físico denso ou bioquímico e o vital ou duplo-etérico. Por outro lado, o
que se considera como Alma é dito que sua constituição se resume em
dois componentes ou veículos: o emocional ou astral e o mental inferior,
concreto ou de maior foco na materialidade dos fenômenos da Natureza.
Físico, vital, emocional e mental inferior estão perfeitamente entrosados e
funcionam ao mesmo tempo. Isso equivale a dizer que Corpo e Alma
agem simultaneamente, por reflexos condicionados, afetando-se
reciprocamente, explicando os movimentos automáticos e involuntários
da natureza inferior do ser humano. Todavia, conforme os comentários do
Prof. H.J. Souza, no artigo "O Rei do Mundo” (capítulo IV), pode a criatura
humana aplicar o conhecimento metafísico das Leis do Ser e da Natureza
em direção aos movimentos automáticos, operados numa dimensão
denominada subconsciente, como parte de seu veículo emocional ou
também conhecido por "corpo astral”.

Assim é que, quando a Alma se sente fragilizada, o físico sofre as


consequências, principalmente naqueles que utilizam com maior
intensidade as faculdades do intelecto sem o correspondente repouso que
a Natureza lhes cobra por força de suas sábias leis. A medicina desse
Terceiro Milênio, quando penetrar no campo metafísico, descobrirá que
grande parte das doenças tem origem nos desajustes da Alma e que as
disfunções e muito das lesões orgânicas são apenas reflexos ou efeitos de
uma causa que está ausente no corpo físico. Se a doença se origina nos
desequilíbrios gerados pelos pensamentos e emoções desajustadas é
sensato concluir que essa é uma enfermidade que só poderá ter sua cura
por algo que transcende esse nível de desarmonia, o que é reconhecido
como sendo o poder da Vontade. A desarmonização da mente e do
emocional gera o desequilíbrio no fluxo da energia vital, desfavorecendo o
organismo humano nos seus poderes de assimilação e de excreção, por
exemplo. Em "A Ciência da Respiração”, Rama Prasad considera que o
fluxo vital transita por dutos imateriais, hiperfísicos, etéricos, portanto,
denominados nâdis (em sânscrito, tubos) condutores de diversas
diferenciações do prâna. Nos ensinamentos ayurvédicos sobre cinco
modificações da energia vital em que o tattwa vâyu está presente ("os
cinco ares, alentos, ventos ou espíritos vitais”), por exemplo, o prâna vata
governa o ritmo respiratório e da digestão, portanto, o poder da
assimilação. Por outro lado, o apâna vata regula o poder de eliminação
dos detritos, particularmente dos resíduos inservíveis do tubo digestivo.
Vale lembrar que tais saberes datam da época em que foi escrito o
Bhagavad-Gîtâ, aproximadamente há 3.000 anos antes da era cristã.
Havendo equilíbrio entre prâna e apâna, o homem goza de saúde, alegria,
dinamismo, bem-estar. A preponderância de apâna gera distúrbios
intestinais os mais diversos, com repercussões gênito-urinárias, disfunções
sexuais e outros quadros na base do abdome, sem falar dos sintomas
psicomentais associados. O excesso de prâna vata leva à superexcitação
nervosa, preocupação excessiva, insônia, distúrbios do ritmo respiratório,
dores de cabeça devido ao acúmulo de tensão.

Na China, Lao - Tsé (604 a.C.), no taoísmo, propôs a existência de dois


princípios responsáveis pela dualidade de algo que é único para explicar a
Vida. Denominou-os yin e yang, expressões da lei universal dos opostos
complementares, lei da dualidade do mundo manifestado nos termos da
palavra autorizada do médico teósofo Dr. Eduardo Alfonso, autor de
esclarecedoras obras, entre as quais: "La Religion de la Naturaleza”.

A acupuntura, fundamentada na tradição taoísta, reconhecendo essa


dualidade na criatura humana, tenta equilibrar essas forças opostas,
porém complementares, atuando nos pontos de conexão entre as
ramificações nervosas da superfície do corpo físico e a rede etérica do
veículo vital, utilizando-se originalmente de estímulos com pontas de
agulhas, pode produzir resultados surpreendentes para a saúde.

O Corpo é o veículo que proporciona à Alma transformar-se e aprimorar-


se no presente estágio da evolução humana. Respiração e alimentação são
alicerces indispensáveis para suas demais funções. Os nutrientes obtidos
da Natureza possibilitam a fixação das forças sutis, os elementos ou
tattwas constituintes do prâna que, generosamente, nos é ofertado pelo
ar atmosférico. O corpo equilibrado em suas funções é uma das grandes
conquistas da criatura humana, e particularmente para aquele que se
propõe ao caminho da iniciação. Desde a antiguidade reconhece-se essa
condição, como se lê na citação latina: "mens sana in corpore sano”
(mente sã num corpo são).

Se na Alma processa-se a evolução humana, é o Espírito a Causa dessa


evolução, o seu dínamo como expressão da Vontade, como partícula da
própria Divindade no interior de cada criatura. Evoluir é transformar a
vida-energia em vida-consciência, ou seja, é transformar o dinamismo
inconsciente em atividade consciente. A Alma (psiquê) é a parte da
natureza humana que se aprimora, que evolui. É constituída, como já
mencionamos anteriormente, pelos veículos emocional (sede das
emoções, sentimentos, desejos) e mental inferior (sede dos pensamentos,
raciocínio, interpretação). Portanto, não é o Corpo que sente e pensa, mas
a Alma. A Alma é a sede de todos os impulsos, negativos ou positivos, que
obrigam o Corpo à ação.

A Mente (Manas, em sânscrito) abrange dois campos de percepção: o


concreto (objetivo), do mental inferior (Kâma-manas, em sânscrito) e o
abstrato (subjetivo), do mental superior (Manas-arûpa, dos teósofos). A
mente concreta (Kâma-manas, Manas inferior, Manas-rûpa) afeta
diretamente a Alma por ser parte dela. É o campo onde se processa o
pensamento. Do autor de "Magnetismo Pessoal”, Hector Durville,
consideremos algumas de suas informações: " Um pensamento qualquer
que nos ocorre faz vibrar a nossa matéria mental, e as suas vibrações
comunicam-se em torno de nós por ondulações análogas às dos
movimentos ondulatórios que se observam na superfície de uma água
tranquila à qual se atirou uma pedra e tudo entra na ordem ao cabo de
alguns instantes, se a impressão não foi muito forte. Mas, se o
pensamento se impõe à nossa atenção, se é intenso, se se apresenta
muitas vezes no campo da consciência, se a impressão é forte, põe em
movimento certa quantidade de força mental, que circula constantemente
em torno de nós. Esta força atrai a si a matéria astral que acaba por nos
envolver (...) uma emanação de nós mesmos (...) atraindo os pensamentos
semelhantes que pareciam adormecidos e aumentando a intensidade de
ação dos que estão ainda em atividade”.

Depreendemos que nesse mental inferior há necessidade contínua da


organização do pensamento e aprender a bem pensar para favorecer
melhor o aprimoramento da natureza humana e do meio onde ela faz
parte.
Como estamos vendo, os quatro veículos (o físico, o vital, o emocional e o
mental inferior) são dinâmicos e agem em sincronia tão perfeita que os
confundimos e atribuímos todas as nossas funções como se fossem
apenas pertencentes ao veículo físico, às suas vísceras, aos seus sistemas
orgânicos.

Assim, equivocadamente supomos que o pensamento é formado no


cérebro; quando temos uma sensação, atribuímos o fenômeno como se
exclusivo dos nervos sensitivos; quando amamos ou odiamos, achamos
que essas emoções são geradas dentro do peito, no coração.

Através dos órgãos dos nossos cinco sentidos, captamos impressões do


mundo físico que nos cerca. Essas impressões imprimem um movimento
de energia na rede vital e são transmitidas à Alma onde despertam
sensações, sentimentos, desejos, pensamentos. Esses, por sua vez,
desencadeiam uma série de mecanismos anímicos, sustentados pelas
modificações da energia vital, resultando em respostas orgânicas as mais
diversificadas na criatura humana. Este é, em princípio, o mecanismo da
ação. Como o Corpo é apenas o suporte para a exteriorização dos
pensamentos, emoções, sentimentos e desejos, sofre as consequências
dos desequilíbrios da Alma.

Para a evolução, há necessidade de ação. Com as ações, boas ou más,


vamos adquirindo experiências que se transformam em conhecimento e
dessa forma vamos formando a nossa consciência. O conhecimento nos
leva ao discernimento, o que nos permite distinguir o certo do errado.
Podemos dizer que o Corpo humano não evolui na intensidade que evolui
a Alma, mas a ela se amolda para atendê-la em suas necessidades. As
mudanças na Alma exigem processos de transformações a longo prazo,
por conter impressões ancestrais determinantes de muitos dos nossos
impulsos, fora do controle dos recursos da nossa rotina diária. Mas, para
aqueles que decidirem por essa jornada, cabe aqui o conselho do sábio
indiano Sri Aurobindo: "A primeira coisa necessária é quietude na mente”
("Em direção à nova consciência”, ed.Três).

Em resumo temos aqui as partes e algumas atividades da natureza


humana:

- Pelo veículo mental: pensamos, duvidamos, raciocinamos etc.

- Pelo veículo emocional (astral): sentimos, nos emocionamos, nos


preocupamos etc.

- Pelo veículo vital: abastecemo-nos de prâna (energia ou força vital) para


preservar a saúde física.

- Pelo veículo físico: movemo-nos, deslocamo-nos no plano da matéria


densa.

Devido à interligação e sincronização desses quatro veículos, quando


ocorre um desequilíbrio em um deles, surgem desequilíbrios nos outros
três.

A TRÍADE ESPIRITUAL

Vimos que a função do Corpo é a de suporte da evolução; na Alma é que


se processa a evolução; o Espírito é a causa, o dínamo que impulsiona a
evolução, pois expressa a Vontade. Esses três princípios agem como um
todo, porque o homem, em si, é um todo, como a Divindade Manifestada
também o é. Por Espírito, entende-se como algo diferente de Corpo e
Alma, mais complexo e hierarquicamente superior por ser constituído de
três princípios: o mental superior ou abstrato, o búdico e o átmico (do
sânscrito, âtman).

O mental superior processa os sinais do plano da abstração, do mundo


mental abstrato onde se pode perceber a manifestação das Leis Universais
e Naturais, fonte de referências, como diz Dr. Eduardo Alfonso, para "os
grandes conceitos sobre a evolução, os ciclos, a gravitação, e as ideias
básicas ou substanciais acerca dos seres” (La Religion de la Naturaleza, ed.
Kier). Quanto ao búdico (do sânscrito, buddhi), no Glossário Teosófico de
H. P. Blavatsky há informações de que se trata da faculdade discernidora
da intuição, discernimento espiritual que independe das impressões
vindas do exterior. Sri Aurobindo considera que essa faculdade
discernidora, a qual denominou supramente, tem em seu caráter
fundamental o conhecimento por identidade, o conhecedor, sendo um
com o conhecido e que, a partir da pressão das forças nascidas de um
plano supramental, correspondente no Cosmo (Mahâbuddhi, "Alma
Universal”, "Mente Universal”), agindo sobre nossa consciência mental,
atual, é que se efetuará o próximo passo evolutivo da criatura humana. Na
palavra daquele sábio indiano: "Agora a supramente deve descer de modo
a criar uma raça supramental”. ("Em direção à nova consciência”, ed. Três,
Biblioteca Planeta). Comentando as palavras de um dos Mahatmas trans-
himalaios, da Linha dos Kut-Humpas, que afirmava que "o melhor e mais
importante Professor é o Sétimo Princípio de cada homem, encontrado no
Sexto”, o Prof. H. J. Souza esclareceu que esse Sexto princípio não é outro
senão o búdico (buddhi), "estado permanente de intuição nos Seres
Superiores, momentâneo ou parcial, nos chamados gênios”; "o estado de
consciência em que se sente a Unidade com o Universo, sem indício de
sentimento de separação” e, portanto, para desenvolvermos aquele
Sétimo Princípio "temos que o fazer através do Sexto” ("O que é intuição”,
revista Dhâranâ 87/88,1936).

A esse Sétimo Princípio, denominamos também de princípio átmico ou


crístico (do grego, Christos, com o sentido de purificado, ungido,
iluminado). Com esse princípio desenvolvido, pode a criatura humana,
após conquistadas as etapas evolucionárias precedentes, ter consciência
do mundo das causas que levaram a formação do Universo, o plano
átmico universal ou o Nirvâna. Nesse estado, segundo a linguagem
esotérica do Oriente, a criatura humana ou o jîva (em sânscrito), torna-se
um nirvâni (o que alcançou o Nirvâna em vida), um Arhat, um Adepto, um
jina, um Mahâtman, um jîvanmukta que, segundo comentários dos
Aforismos de Patañjali, chegou à condição de um Ser Perfeito e, com sua
poderosa inteligência e santidade, alcançou a condição semidivina,
mantendo-se ligado ao corpo físico para ajudar o progresso da
humanidade. Em número expressivo, esses Adeptos organizados em
confrarias secretamente distribuídas em várias partes do planeta estão
sob a direção suprema do Governo Oculto do Mundo. Nesse ponto vale a
pena lembrar palavras do escritor Aníbal Vaz de Melo na sua obra "A Era
do Aquário”: "O Governo Oculto do Mundo já está preparando uma nova
Raça para habitar o Planeta.

É o sexto Ramo, a sexta Sub-Raça da Quinta Raça (Raiz) Ariana (...). A Raça
Vindoura se manifesta, atualmente, pelo desenvolvimento do sexto
sentido - a intuição -, em milhões de pessoas por todos os recantos da
Terra”. Entre os membros da Sociedade Brasileira de Eubiose (SBE),
estudiosos da Antropogênese, como um dos acervos da Sabedoria
Iniciática das Idades, a "nova Raça” citada por A. Vaz de Melo, em
verdade, é a sexta sub-raça ariana denominada Bimânica tendo por
tônicas o mental abstrato e particularmente o búdico ou a intuição e seus
sentidos correspondentes: clariaudiência e clarividência para a percepção
do estado radiante da matéria, nos dizeres daquele Autor. Os membros da
SBE estão cientes também do surgimento concomitante de uma sétima
sub-raça denominada Atabimânica, correspondente à tônica daquele
Sétimo Princípio, átmico ou crístico, que, ao longo desse milênio,
completará a etapa final e apoteótica da atual Quinta Raça Mãe ou Raiz, a
Ariana.
A criatura humana pouco sabe a respeito do Espírito e, embora, ela tente
entendê-lo com a mente racional, lógica, comparativa, discursiva, pouco
saberá dessa Realidade Única, que é o Divino no ser vivente, o seu
verdadeiro Ser, o que há em si que é imortal por conter a Centelha Divina
dos teósofos, o âtman do Hinduísmo, a indivisível fração do Espírito
Universal ou Paramâtman (em sânscrito). Desenvolver os veículos mentais
superiores para perceber a existência do Espírito é o processo
transcendente que poderá auxiliá-la nessa busca.

O Espírito tem três veículos de natureza divina ou cósmica, por enquanto,


princípios que estão latentes no ser humano comum. Dizemos latentes
porque ainda não estão em plena atividade, mas que constituirão um
estado permanente em todas as criaturas, sem distinção alguma, nas
gerações futuras do ciclo final da Raça Ariana.

Na filosofia Vedanta, as três faculdades do Espírito são os mesmos


atributos inseparáveis e fundamentais de Brahman, a Divindade
Manifestada. Em língua sânscrita: Ânanda, Chit e Sat são os nomes desses
atributos. Sri Aurobindo, em sua visão evolucionária, usa a expressão
saccidânanda com vários significados que caracterizam os atributos da
imutabilidade eterna (Sat), da consciência verdadeira (Chit) e da suprema
felicidade ou bem-aventurança (Ânanda). O princípio trino da existência,
consciência e felicidade, constitui-se de faculdades que a Mente humana
comum (mental concreto) não consegue conceber, por estar
rotineiramente dependente das impressões externas captadas pelos
nossos incompletos sentidos.

- Ânanda -

É um estado interior de suprema felicidade; é o que os cristãos


identificaram como estado de bem-aventurança conquistado, tal como os
budistas, pelo caminho da virtude.

Se compararmos Ânanda a um oceano, a maior e mais pura alegria que já


alcançamos na vida ainda assim seria como uma gota d'água em relação
àquele. É um estado cósmico no interior do ser, não se trata de uma
emoção por mais nobre e benfazeja que seja, mas é muito mais, é um
estado de ser. É estado de divinização da criatura humana em sua
plenitude como Unidade e como a Divindade que deu origem a tudo no
Universo, o Brahman, o Deus Manifestado, o Jeová das escrituras sagradas
dos judeus. Comentando sobre o mito grego de Eros e Psiquê, o autor de
"Ocultismo e Eubiose”, Laurentus, observa que, à luz da iniciação, essa
representação corresponde ao Espírito e Alma; essa, em busca daquele,
tendo que, para isso, percorrer um caminho lento e doloroso qual a de
outro personagem mitológico denominado Édipo. O encontro de Psiquê
com Eros, "seu divino esposo”, ou da Alma com o Espírito, transcende as
interpretações equivocadas da mente inferior, pois não se trata aqui de
um amor carnal, mas de um divino amor, amor espiritual no mais sagrado
interior da criatura humana, porque Eros (Cupido, no latim) alegoriza a
faceta mais universal do Espírito, o Augoeides dos gnósticos, o Princípio
Crístico, Átmico ou o Sétimo Princípio dos teósofos. Para os antigos
gregos, séculos antes da era cristã, a imagem de eudaimonia referia-se à
aspiração máxima da alma, ou seja, alcançar o estado da suprema
felicidade pelo caminho da virtude, caminho que possibilita encontrar a
Divindade em seu interior.

- Chit -
É a onisciência como estado verdadeiro e total da consciência. Quando
Chit se estabelece, a criatura humana, desperta, sintonizada com seu Deus
interno, atinge o reservatório onde existe todo o conhecimento cósmico.
Os sábios iniciados, verdadeiros Mestres, usaram, em todas as épocas, nos
seus ensinamentos, a linguagem simbólica, com suas analogias e alegorias,
sem sentido lógico para a mente comum do ser humano, pois o que eles
alcançaram, pelas faculdades do Espírito, não tem como ser transmitido
em linguagem usual e racional, para a qual esse conhecimento parece um
absurdo.

A linguagem de Chit manifesta-se nos profundos estados da quietude


mental, o que pode ocorrer no evoluir das práticas seguras do processo
iniciático ou mesmo após esgotar os recursos da mente concreta em
busca de soluções para problemas de grande complexidade ou
transcendência.

- Sat -

É onipotência, é todo poder cósmico. Imaginemos a força inesgotável


emanada da Unidade de onde tudo surgiu, para termos uma ideia
grosseira de Sat. São todos os poderes cósmicos, os que garantem a
gravitação, os que mantêm os corpos celestes em equilíbrio, os que
mantêm a vida em todas as suas formas de evolução etc.

Existem várias maneiras de conceituar a Divindade Manifestada, o Deus


Único de todas as religiões, assim como pode ser apresentado por
qualquer de uma de suas três facetas, como bem sintetizou o Prof. H. J.
Souza, em um dos seus pensamentos na seleta do "Pequeno Oráculo”:
"Deus é a energia cósmica, universal, que habita dentro de você e de tudo
o que existe nos universos infinitos, dando-lhes vida e força (...)”.

O tríplice aspecto divino encontra-se em toda criatura e, por isso, a


criação permanece existente. Só por isso continuamos, nós e o nosso
mundo, como todos os seres. Ele está desperto em ordem hierárquica e
crescente desde o reino mineral até o reino hominal, onde caracteriza a
individualidade na criatura humana e sustenta a singularidade da alma.
Pela lei da analogia, a correspondência ternária da constituição da
Divindade e da constituição do ser humano se reproduz em suas várias
partes a começar pelo trinômio Corpo, Alma, Espírito, esse, em verdade, é
uma tríade divina, a Tríade Superior assim compreendida:

Ânanda é o princípio da Onipresença

Chit é o princípio da Onisciência

Sat é o princípio da Onipotência.

Sendo assim, o homem como um microcosmo, similar em escala menor do


macrocosmo, expressão da unidade-trindade divina, tem, em si, as
possibilidades universais causadoras de todos os dramas da criação.

Produto e semente da Divindade, para poder realizar a finalidade para a


qual foi projetado no Infinito, o Espírito deve tomar uma individualidade
mantendo-se a integridade. Para sua realização, aguarda a evolução da
Alma. O Espírito é o impulsionador da Alma, por meio da "voz da
consciência”, o mental intuído, tal como insinuado na inspirada obra de H.
P. Blavatsky, "A Voz do Silêncio”.

Todo ser humano tem dentro de si essa voz que lhe distingue o certo e do
errado, conforme a capacidade de sua compreensão, tentando superar os
impulsos negativos e estimular os positivos, construtivos, harmônicos.

No entanto, a maioria dos seres humanos não entende seus sinais


internos, os que procedem do fundo de suas Almas, de seus corações
imateriais, e crê "serem tolices” esses sobreavisos, porque o que lhe
convém, no momento, é apenas usufruir do prazer ilusório da existência, a
todo custo, o que, por vezes, transgredindo Leis Universais e Naturais,
suas tristes consequências terão ajustes sob o rigor da Lei do Karma, Lei
de Causa e Efeito. A maioria da humanidade prefere obedecer ao exame
do intelecto baseado nas aparências da vida, seguindo a lógica do
imediatismo, ao invés de aguçar sua percepção baseada nos sinais de sua
voz interior, respaldada por uma faculdade muito mais veloz que se
manifesta em meio à quietude da sua mente, búdica, intuitiva, de
linguagem própria como impulso bem determinado que aponta como um
farol a direção mais segura, como eco que vem do íntimo, e
compreensível segundo o grau de verdade alcançado por cada um.

Por esse motivo, é sensato dizer que a criatura humana não precisa
confessar seus erros a outros, esperando que deles proceda um
julgamento confiável e seguro, mas tão somente deve expô-los a si
mesmo. Se for capaz de discernir a "voz do Deus interior”, sem confundi-Ia
com impulsos egoístas, falsas orientações, preconceitos ou superstições,
não pode desejar melhor Conselheiro. Todo julgamento é baseado num
estado de consciência e, dessa forma, ninguém está em condições de
julgar ninguém.

Alguém que se apoia no julgamento de outro está fadado a distanciar-se


de suas bases interiores e corre o risco de ser levado por falsos caminhos,
dentre eles, o da felicidade ou, melhor dizendo, o da pseudo-felicidade. É
possível que, no início de uma caminhada, um apoio vindo em forma de
sugestões ou esclarecimentos será necessário se procedente de uma fonte
segura, cujos resultados práticos revelam sabedoria. Assim procedem os
centros iniciáticos em auxílio aos seus discípulos, oferecendo seus
ensinamentos para a libertação integral deles, ao invés de atrelá-los em
dogmas, superstições, ameaças que os enfraqueçam internamente até
sujeitarem-se a uma servidão fanática e medíocre.
Os conhecimentos que são ministrados na Série Peregrino têm a intenção
de direcionar os primeiros passos do árduo processo de realização da
criatura humana, mas é indispensável pôr em prática esses saberes
legados por outros, em estágios mais adiantados que o nosso, como, por
exemplo, os ensinamentos que fundamentaram a mentalização do globo
azul, o exercício respiratório e a ioga dos cinco elementos (os cinco
tattwas ou forças sutis da Natureza).

Aprender a guardar ou acumular informações pode ser muito


interessante, do ponto de vista da erudição, mas pouco resultado se
obtém para aquele que está decidido a transformar-se, a melhorar-se,
sem perder de vista a felicidade para si e para todos que com ele convive.
Para isso, todo seu esforço de readaptação ao meio cósmico, seja no
micro ou macrocosmo, portanto, eubiótico, será uma decorrência da
prática de seus saberes, atendendo o rigor das Leis que regem o Universo
e a Natureza, incluindo a sua natureza humana.

Com a evolução, o que germina no ser humano é a sua consciência


espiritual, que vai desabrochando à medida que se desliga
progressivamente das amarras limitantes da matéria física, da vida
cotidiana, das vicissitudes do mundo e do mundo ilusório liberta-o
finalmente da roda de Samsâra, que, em língua sânscrita, tem o sentido de
rotação, entendido no Hinduísmo como ciclo ou roda de nascimentos e
mortes, o ciclo das reencarnações do ser humano no curso evolucionário.
Ensina-se que, para essa libertação definitiva, o primeiro passo é nos
conhecermos e descobrirmos a preponderância de nossas tendências
positivas e negativas, para estimularmos umas e superarmos outras, em
linguagem iniciática, as skandhas (ou skhandas) e as nidânas (em
sânscrito).

Skhandas são tendências positivas; são os impulsos que atendem à voz da


consciência, para governar sentimentos e pensamentos, para modificar
costumes obsoletos, para ir de encontro a algo sempre mais elevado que
dignifique e enobreça a vida humana, para estabelecer o que é belo, bom
e o que faz o bem, servindo à humanidade reconhecendo nela o próprio
reflexo da Divindade.

As nidhânas contrapõem-se àquelas e, na linguagem oculta do Oriente,


são consideradas "as doze causas do sofrimento”, dentre as quais
incluem-se os chamados "pecados capitais”, adotados nos ensinamentos
cristãos. Estão impressas na natureza humana como tendências
ancestrais, defeitos que se consolidaram pela repetição de erros ou "más
ações” no ciclo das várias existências. No entanto, pode a criatura superá-
las, como já propunha a maior autoridade conhecida do Râja-Yoga,
Patañjali (700 a. C.), em "oito passos” disciplinares para o
aperfeiçoamento do corpo e dos aspectos moral, mental e espiritual.

A repetição dos atos negativos gera hábitos e vícios que consolidam as


nidhânas, as quais se transmitem à próxima existência por intermédio dos
chamados átomos permanentes. A voz interior que, nos alerta e orienta,
quando não atendida porque optamos por nos deixar ser arrebatados pela
força de alguma nidhânas, nada mais pode-se fazer a não ser tolerar o
sofrimento, como fator de ajuste da Lei de causa e efeito ou lei do Karma.

Entre as nidânas estão os sete pecados capitais: o orgulho, a inveja, a ira, a


cobiça, a gula, a luxúria e a preguiça. Esse, por exemplo, está dentro de
um grupo de nidâna denominada, em língua sânscrita, indra-nigraha-
karma por ser expressa como preguiça, indolência, inércia passiva etc.

Podemos dizer que as nidânas são aleijões da alma, defeitos ancestrais,


falhas nas primeiras etapas da formação da natureza humana, todavia não
são irreparáveis como certos defeitos físicos. É possível superá-las com a
vontade e exercícios. Com algum esforço podemos libertar-nos dos seus
comandos, e isso não só adiantará a nossa evolução como nos aproximará
do estado da verdadeira felicidade na medida em que nos interessamos e
auxiliamos a humanidade no seu progresso material e espiritual.
Skhandas são as virtudes; nidânas são os "pecados”, os defeitos, as
mazelas que, uma vez dominantes, conduzem a criatura à degradação e
ao prejuízo evolucional. Contudo, é direito da criatura rejeitar o comando
de qualquer mazela e, desse modo, progressivamente afirmando sua
determinação em melhorar, melhora também o meio onde vive, o que faz
lembrar uma citação do Prof. H. J. Souza: "O discípulo evolui por seus
próprios méritos e, a si mesmo transformando, transforma o mundo”.
(Pequeno Oráculo), 2ª ed.).

A Lei Cármica, que nos parece ser fria, em verdade, ocorre em auxílio à
evolução pelo ajustamento do ser por estar desequilibrado pelo
predomínio das nidânas em relação às skhandas. Quando se diz que o
discípulo evolui, é porque começou a se controlar e usar de seu direito em
recusar ser dirigido pelo comando poderoso das nidânas, todavia, para
isso conta com forças especiais, mais refinadas, ou superiores, que,
atendendo sua retidão de pensamento, sua boa intenção, sua nobre
aspiração, o auxiliarão nos momentos críticos. Tais forças constituem uma
realidade disponível na natureza humana, sem a qual o predomínio do
polo negativo, representado pelas nidânas, interromperia o curso
evolucionário do ser. Aquelas supremas forças expressam-se nos
chamados "Oito Poderes do Yogî”, despertos pela disciplina exigida no
caminho do Râja Yoga, conhecido iniciaticamente como o dos "oito passos
do Yoga de Patañjali”. A título de ilustração, dentre os citados "Oito
Poderes”, está, por exemplo, o prâpti (em sânscrito): poder de transladar-
se de um lugar para outro, instantaneamente, por força da Vontade;
poder, também, de transferir a consciência para qualquer ponto do corpo
ou do Universo.

O deslocamento instantâneo de um lugar para outro pode ser


grosseiramente entendido, em sua expressão incipiente, num tópico sobre
"exteriorização da sensibilidade e da motricidade” onde o desdobramento
é comentado por Hector Durville, como fenômeno possível quando a
consciência, agindo no sono, foi previamente e intensamente sensibilizada
por um pensamento que tinha um alvo a alcançar, por exemplo, um ente
querido ou alguém que necessitasse de seu auxílio. Observa aquele Autor
que, apesar de se poder deslocar até à pessoa almejada, em "corpo astral”
(veículo emocional), "a maioria de nós não conserva nenhuma lembrança
dessa operação, que só é consciente para aqueles cuja evolução chegou a
certo grau” ("Télépathie.Télépsychie”, Hector Durville,2ª ed., 1919).

AS FUNÇÕES DA ALMA

Dos ensinamentos do sistema filosófico Yoga, um dos quatro estados da


Alma humana denomina-se jâgrat (em sânscrito), o que para nós é a
condição de vigília. É o estado em que estamos acordados e temos a
consciência desperta para perceber o que há no exterior. Dessa forma,
num simples vislumbre do olhar, vemos e captamos muito das impressões
que estão ao nosso redor. Além desse estado, citam-se mais outros três:
svapna (o estado de sono); suchupti (o sono profundo sem sonhos); o
turîya, uma espécie de arrebatamento da Alma aos planos mais sutis do
Universo, mantendo-se vinculada ao Corpo vivo, permitindo atingir o
estado de elevada consciência espiritual, descrito por H.P.B em "A Voz do
Silêncio”.

A criatura humana comum ou que tem a consciência mais atrelada ao


veículo emocional do que ao veículo mental não conhece o estado pleno
de jâgrat, pois, embora acordado, está no plano físico frequentemente em
uma espécie de sonolência. A sua consciência - que nessa condição
podemos classificar de consciência física - está, na sua maior parte,
subconsciente, imersa e condicionada à força dos hábitos, movida pelos
desejos, sempre repetindo os mesmos movimentos não inteligentes,
resistindo às mudanças em direção às fontes mais luminosas da razão.
Exemplo disso é o fato de que, quando estamos trabalhando ou
estudando, em vez de nossa atenção ficar presa ao trabalho ou ao estudo,
ela desloca-se para longe, levada por algum desejo ou por alguma
preocupação. Sri Aurobindo considera que, sendo o objetivo atual o da
realização supramental (búdica, bimânica, dizemos nós), há uma urgente
necessidade em preparar a consciência física de vez que os estímulos da
exterioridade são predominantemente superiores aos da espiritualidade,
mantendo-a atrelada aos movimentos do mundo exterior, como se para
ela fosse a única realidade. Para aquele sábio indiano é para dentro dessa
consciência material que se deve trazer primeiro as vibrações da Tríade
Espiritual ("Em direção à Nova Consciência”). Contudo, há que se lembrar
dos sábios ensinamentos iniciáticos que estabeleceram passos seguros
para que a natureza humana receba as vibrações da consciência superior
de modo a não desajustá-la mais ainda, condutas já referidas nas
disciplinas preconizadas no Râja Yoga ou nos "oito passos de Patañjali”, o
que, em resumo, dizem do preparo do corpo físico, intoxicando-o o
mínimo possível, vitalizando-o com os exercícios prânicos ou respiratórios,
aprendendo a recursar os comandos das mazelas, habituando-se a
meditar sobre temas transcendentes, aprendendo aprofundar-se na
quietude da mente, interessando-se pelo progresso e pela felicidade da
humanidade etc.

No estado de jâgrat, a criatura humana, pelas janelas dos cinco sentidos


(jñânaindriyas, em sânscrito), toma contato com o mundo físico,
percebendo-o limitado a três dimensões.

Todas as impressões assim captadas por intermédio do veículo vital, o


duplo-etérico, e pela a ação dos tattwas, forças sutis que sustentam os
sentidos e a percepção sensorial, atingem a Alma e, dessa forma, ela entra
em contato com o mundo físico. Como consequência desse contato, a
Alma reage da seguinte forma:

- Se for algo que agrada, reage pelo prazer: "eu quero... eu gosto...”

- Se for algo que desagrada, reage com repulsa: "eu não quero... eu não
gosto...”.

Nesse movimento primário de atração e de repulsão, o veículo emocional


como parte da Alma adquire experiência e, aos poucos, convoca a mente
inferior para o exercício de suas funções, dentre elas a de examinar.
Da experiência obtida surge o conhecimento. Portanto, conhecendo
aquilo com o qual tomamos contato, expandimos a consciência. Em
princípio, pode-se dizer que a consciência é imortal. Suas bases no nosso
interior nos dão sobreavisos, considerando seu acervo adquirido nas
várias existências do ser humano, é algo que se amplia e nos guia
primariamente por impulsos. Se, ao invés de limitar nosso contato
precipitado pelo hábito de examinar, dermos chance à capacidade em
perceber pelo "coração”, ou o que está no íntimo ou no âmago da nossa
Alma, poderemos contar com um lampejo de intuição, do búdico, após o
que, aí sim, aproveitaremos a faculdade do mental concreto para a
observação, a análise e conclusão sobre o objeto do conhecimento.

A mente inferior ou concreta sob forte pressão da materialidade, dos


estímulos da exterioridade, pode querer subordinar a consciência, o que
contraria a lei universal da hierarquia, resultando, portanto, o desconforto
interno ou desarmonia, porém, quando é essa, a consciência, que dá os
primeiros sinais e é atendida, recupera-se o equilíbrio e a harmonia como
condição ideal na criatura humana.

Didaticamente, diz-se que a consciência na condição de vigília ou desperta


no plano físico, quando estamos acordados, pode ser chamada de
consciência física. Considerando a consciência em ação no campo dos
sonhos, no estado onírico, quando dormimos, trata-se da consciência
psíquica. E, finalmente, além desses estados onde ela desperta nos
diferentes períodos do dia, pode também despertar em planos mais sutis,
arquetipais, nascedouros de causas que deram origem ao Universo, nesse
caso, trata-se da consciência espiritual ou superior.

Ainda, como humanidade em geral, vivemos mais intensamente na


consciência física, mais sensibilizados pelos estímulos exteriores do que
pelos estímulos superiores ou sutis da Alma, reflexos das emanações do
Espírito.
Pode-se dizer que, pela lei da analogia, a consciência humana corresponde
no microcosmo o que no macrocosmo é a Consciência Universal. E, pela
mesma lei, pode-se admitir que haja também um subconsciente ou uma
subconsciência cósmica, muito bem observado por Sri Aurobindo em seus
comentários sobre a consciência física.

Um aspecto importante expresso na expressão "estado de consciência” é


que ela é utilizada para caracterizar o que a Antropogênese denomina
raça, tema, aliás, muito bem resumido pelo Prof. H. J. Souza em sua obra
"Os Mistérios do Sexo”. Desse modo, não é a cor da pele, nem o biotipo
nem o temperamento que definem uma raça e suas sub-raças, mas, antes
disso, é o estado de consciência como potencial humano desenvolvido em
determinado período evolucional do gênero humano, expresso no grau de
refinamento dos sentidos, dos saberes e dos costumes. À luz da Eubiose,
reconhece-se que a Quinta Raça-Mãe completará seu ciclo de existência
com o surgimento de duas futuras sub-raças, a sexta e a sétima, também
denominadas bimânica e atabimânica, respectivamente, com estado de
consciência de seus componentes com muito maior grau de complexidade
e universalidade do que é o dos dias atuais.

A Alma tem por destaque as faculdades do mental concreto e as do corpo


emocional. No atual estágio da evolução humana, ela adquire
conhecimento à custa dessas faculdades, de modo ainda desgastante, e
concorre para a expansão gradativa da consciência. Todavia, sabem os
Grandes Mestres - como foram Krishna, o Budha, o Cristo, Maomé,
Pitágoras, Lao-Tsé e tantos outros Grandes Iluminados - que a Alma
humana pode ter um auxílio especial para seu aprendizado quando a
Verdade lhe é apresentada pelo método da insinuação, ao invés da
imposição de ensinamentos. Por outro lado, se a Alma aprender a se
concentrar e a meditar, terá o máximo de aproveitamento sobre o
ensinamento insinuado. Enquanto a concentração caracteriza-se pela
fixação da atenção ao objeto de conhecimento, seja ele concreto ou
abstrato, a meditação se caracteriza pela fluidez da corrente de
pensamentos em torno do citado objeto. Grosso modo, meditar é como o
desenrolar de um filme na tela, sem, no entanto, sair do tema. O poder da
concentração auxilia o da meditação, e vice-versa. No livro "Magnetismo
Pessoal”, do autor Hector Durville, pode-se ler: "A concentração é a arte
de isolar-se das impressões do mundo exterior para forçar a atenção a
vencer a indiferença e a dominar, ao mesmo tempo, as forças físicas e
psíquicas(...) é levar ao seu centro as forças dispersas, reunir toda nossa
energia, fazer apelo a toda inteligência e vontade para vencer mais
seguramente os obstáculos que poderiam impedir-nos de chegar ao fim
almejado. É dar-se de corpo e alma ao que se faz, para fazê-lo melhor e
mais rapidamente”.

Denomina-se Dhâranâ o sexto anga (em sânscrito: parte) ou sexto grau,


etapa ou passo do Râja Yoga divulgado por Patañjali com o fim de
disciplina máxima do aspecto mental por meio da concentração. Há que se
lembrar que o Prof. Henrique José de Souza, fundou no Brasil, em 1924,
um núcleo de Fraternidade ao qual deu o nome de "Dhâranâ - Sociedade
Mental - Espiritualista”, por determinação de uma das Confrarias Brancas
do Oriente, conforme ele mesmo noticiou em sua "Mensagem de Dhâranâ
ao Povo Brasileiro”. Essa passagem do acervo de saberes do Oriente para
o Ocidente por intermédio daquelas Confrarias e organizações ocultas do
Himalaia, constituídas por Adeptos, Nirvânis, Mahâtmâs, Jîvanmuktas, e
tantos outros Seres sob a direção direta do Governo Oculto do Mundo,
gerou impactos surpreendentes nos vários Ramos do Conhecimento
Humano, dentre eles o das artes, muito bem representado pelo pintor
russo Nicholas Roerich, indicado ao prêmio Nobel por duas vezes, autor do
livro "No Coração da Ásia” e de maravilhosos e reveladores quadros como
o "Burning of Darkness”, "Messenger of Shambhala”, "Treasure of the
Mountain” e outras tantas famosas pinturas.

Em artigo enviado pelo Prof. Francisco Valdomiro Lorenz à recém-fundada


Sociedade - Mental-Espiritualista - da qual se tornou sócio honorário
juntamente com H. Durville, A. Besant, Jean Bourgeat e outros luminares
do círculo espiritualista - comentava-se que essa Instituição adotara por
nome, "Dhâranâ”, palavra que em sânscrito procede da raiz "dar”, com o
significado de segurar ou manter, raiz que também dá origem à palavra
Dharma (o dever, a virtude). Sobre o uso da palavra Dhâranâ, naquele
centro ou colégio iniciático, explicava tratar-se de um estado complexo do
poder da mente e da Vontade: "intensa e perfeita concentração em algum
objeto interno, com abstração completa de todo o exterior”. (rev. Dhâranâ
nº 0, set/1925).

Além de adotar métodos característicos de um centro iniciático, como o


da insinuação, da concentração e da meditação em torno de temas de
abordagem transcendente, o Prof. H.J. Souza, fundador da Sociedade
Dhâranâ, juntamente com seus associados soergueram a Sociedade
Teosófica Brasileira(STB) com os mesmos propósitos tentados por
H.P.Blavatsky na América do Norte, contudo, atualizados e acrescidos de
compromissos preparativos para o surgimento das sexta e sétima sub-
raças da Raça Ariana, tendo o Brasil como sede de há muito anunciado em
ocultas tradições do Himalaia. Em seu livro "O Verdadeiro Caminho da
Iniciação”, capítulo I, o Prof.H.Souza ofereceu inúmeros saberes para a
real transformação no processo iniciático, abrangendo recursos para a
readaptação com a Natureza, incluindo o sono; a alimentação segundo o
temperamento e o equilíbrio dos humores; a posição da cama alinhada às
linhas magnéticas da Terra; a defesa astral do ambiente do lar onde inclui-
se a aplicação da Ciência dos Tattwas por meio das cores magnéticas(as
mesmas da ioga dos cinco elementos) e tantos outros ensinamentos de
imenso valor prático. Posteriormente, seus seguidores atualizariam a STB
passando a denominá-la Sociedade Brasileira de Eubiose, adaptada às
exigências da Era de Aquarius, para o início desse terceiro milênio,
mantendo seus propósitos anteriores bem como o lema expresso no seu
brasão - a citação latina do "Spes messis in semine” (a esperança da
colheita está na semente) - que, por si só, fala da sementeira da nova
civilização, nascedouro das sexta e sétima sub-raças da Quinta Raça-Mãe.
Dentre as Chaves do Saber, para apresentação do Conhecimento, estão
aquelas que fazem uso da simbologia, uma vez que seus recursos têm a
dupla vantagem de servir objetos de concentração e meditação e de
proteger as pérolas da Sabedoria Divina diante das interpretações
equivocadas e maliciosas da mente inferior.

Para poder divulgar o Conhecimento Divino, a Sabedoria ou Ciência das


Idades, uma vez que essa verdadeira e profunda Sabedoria não é possível
ser bem explicada por meio da linguagem comum, a Eubiose lança mão de
símbolos, como por exemplo, o que segue:

O símbolo apresentado é para expressar o ser humano nos seus


primórdios, ainda em sua formação como o da Terceira Raça-Mãe
(Lemuriana), constituído dos princípios divinos (tríade superior) ligados
diretamente aos terrenos ou veículos da natureza inferior (tríade inferior).
Esse era o conjunto de sustentação do estado de
consciência dos nossos ancestrais, muito mais espirituais do que
humanos, todavia sem autonomia por estarem sujeitos aos comandos dos
Pitris como seus Tutores, hierarquicamente superiores.

Depois dessa fase Lemuriana, o símbolo toma outro aspecto, dado que
parte do
mental foi concedido à criatura, ou melhor, introduzido entre o Divino e o
Terreno. Vemos
esse simbolismo na Bíblia, onde para Adão e Eva, representando a
humanidade já dividida
em sexo masculino e feminino, aparece a Serpente (que, no Oriente, tem
o sentido de
Sabedoria) e apresentando-lhes a maçã, em verdade, apresentava-lhes o
fruto da Árvore
do Conhecimento a ser conquistado pelo mental.

Quanto à expulsão deles do Paraíso, pode-se dizer que resultou do


desajuste do mental humano, ainda imaturo para a posse do Saber, e
associado ao veículo astral ou emocional, sustentados por um Corpo
muito mais impressionado pelos estímulos exteriores do que os interiores,
acabou por afastar a criatura de seus princípios divinos, de seu Espírito.
Autonomia e responsabilidade pelos seus
próprios atos marcaram o início da humanidade propriamente dita, final
da Terceira Raça-
Mãe e começo da Quarta (Atlante), com a divisão biológica do sexo e do
surgimento da
mente inferior, o mental concreto, discursivo e comparativo.
As criaturas agora pensantes, no uso do livre arbítrio, distantes de sua
natureza
superior, perderam a identidade com os seres divinos que os dirigiam até
àquela fase.
Entretanto, em virtude da "falta de prática do uso do mental”, surgiu o
erro; e, com o erro,
o Karma como mecanismo natural do ajuste necessário à harmonia do
TODO. O mental
interrompeu o estado paradisíaco e lançou a criatura na busca do seu
caminho pelos seus
próprios esforços.
Todavia, à criatura humana preservaram-se os princípios divinos
componentes internos da sua Tríade Espiritual, comumente denominada
Espírito, já que a Alma poderia agora contar com as faculdades que a
possibilitariam adquirir informações por conta própria, advindo de seus
empíricos esforços os vários Ramos do Conhecimento Humano, todos em
busca da Verdade, mais particularmente representados nas ciências, artes,
filosofias e religiões, embora que inspiradas de longe por Aqueles que
nunca abandonaram a humanidade em sua trajetória evolucionária. Pôde,
assim, a criatura humana ganhar sua representação na linguagem dos
símbolos, como o que segue, ou seja, dois triângulos entrelaçados tendo
ao centro o "dínamo gerador de suas dores e alegrias: a mente”. (do
Pequeno Oráculo”, seleta de pensamentos de H.J. Souza).
O caminho, que poderíamos dizer seguro, seria o da divinização do mental
e do emocional. Porém, o
maior obstáculo para a divinização do mental, ou seja, para se ligar
novamente à Tríade Espiritual é a
resistência do próprio mental inferior, prisioneiro dos limites da natureza
humana. Isto é o ponto crucial, sendo ingredientes dessa resistência os
dogmas, as
superstições, os temores infundados, os preconceitos, tanto religiosos
quanto científicos, gerados pelo próprio mental inferior dos líderes, ídolos,
autoridades e governantes por serem constituídos de uma natureza em
que a faculdade de pensar condiciona-se, ainda, à enorme força dos
desejos, sentimentos e impressões sensoriais, forte enlace entre o mental
concreto e o veículo emocional, o kâma-manas e o kâma-rûpa, palavras
sânscritas na linguagem esotérica do Oriente.

Esse caminho cheio de entraves e armadilhas ainda é aquele que a Alma


busca o Espírito, como na citação de Laurentus ("Ocultismo e Eubiose”): "
... a Psiquê mortal das lendas buscando às cegas um Eros, um esposo
divino...”.

Mas, após incessantes esforços, quando na criatura surgem as primeiras


luzes do supramental, os primeiros lampejos do búdico ou da intuição,
pode ela começar a perceber o equilíbrio entre "o bem e o mal”, entre o
certo e o errado, e começa assim o discernimento.

Grosso modo, no curso natural da existência, a dor força o ser humano a


raciocinar e, onde termina o raciocínio pode auxiliá-lo os recursos da
concentração e da meditação, sendo que a consciência se manifesta por
meio dos lampejos da intuição. O mental quando bem usado, aliado à boa
intenção, é o instrumento de que dispõe a criatura no atual estágio de
evolução humana. "Nossa mente é como aparelho de rádio, que transmite
nossos pensamentos e recebe os de outrem. Depende de nós fixarmos
nossa mente numa elevada faixa de vibrações de bondade e de amor,
para que só sejamos atingidos por pensamentos idênticos”. Nesses termos
do Prof. H.J. Souza, reconhecemos que suas palavras insinuam outra
característica, ou seja, é que nós evoluímos em conjunto, coletivamente,
apesar de preservadas as individualidades, nos influenciamos
mutuamente, favorável ou desfavoravelmente, como se viu, por meio do
poder do pensamento.

o–O–o

A CONSTITUIÇÃO EMOCIONAL-MENTAL DO SER HUMANO

O veículo emocional da criatura humana é constituído de matéria astral


também conhecida por kamásica, derivada da palavra sânscrita kâma, com
o sentido de apego à existência, afã ou desejo.

O veículo emocional é a sede das paixões, sentimentos e aspirações da


criatura humana.

No chamado ser humano pouco evoluído - e aqui não o confunda com o


de menor progresso material - é do emocional que parte o impulso
habitual para a ação, e não do mental já em nível razoável do
discernimento. Observando as reações da natureza humana é difícil saber
quando ela está agindo mais emocionalmente ou mais racionalmente. No
entanto, o domínio esse saber pode auxiliar o interessado no equilíbrio de
seus veículos e consequente harmonização do chamado quaternário
inferior, a natureza humana propriamente dita, constituída de seus quatro
veículos (mental concreto ou inferior;
emocional ou astral; vital ou duplo-etérico; físico denso ou bioquímico)
sem o que nossos esforços serão em vão para alcançarmos os limites do
território do mental superior ou abstrato ( manas superior) e da intuição
(buddhi), pontes para o Âtman. Com o termo astral, os Alquimistas da
Idade Média designaram a matéria imediatamente menos densa do que a
do Corpo (físico e vital), sendo conhecida dos clarividentes pela
manifestação luminosa de seus componentes vibratórios, tal qual
acontece nos movimentos siderais ou dos astros, associações
naturalmente relacionadas
até mesmo na terminologia (astral, astro, astrologia, astronomia etc.).

Os sentimentos humanos plasmam-se na matéria astral e, aparentemente,


aos olhos dos clarividentes apresentam-se como um campo vibratório
colorido ao redor do Corpo.

Forma-se um aura com cores cambiantes, variando em tons e nuances de


acordo com o sentimento de baixas ou sublimes vibrações, conforme a
predominância no momento. No aura da criatura, refletem-se as
condições de suas naturezas humana e divina. O aura astral corresponde
cerca de 1% do veículo astral, cuja maior parte está imerso nos veículos
inferiores da criatura humana. Na percepção de um clarividente, o aura
astral de um adulto pouco evoluído margeia o corpo físico até uns 25
centímetros de distância, sendo mais largo num adulto de inteligência
mediana, chegando a uns 45 centímetros.

Em alguém evoluído que já alcançou respeitável grau de espiritualidade, o


corpo astral expande-se por uma margem maior além das citadas, além de
luzir cores de matéria astral mais sutil correspondente a seus subplanos
superiores. Assim sendo, pode a criatura influenciar o meio onde vive
pelas frequências vibratórias dos vários momentos de seu corpo astral ou
emocional. Seus principais agentes (sensações, sentimentos, emoções,
desejos, aspirações) são representados em formas e cores no aura astral,
bem descritas em " A Natureza Secreta do Homem”, resenha de
ensinamentos do Prof. H. J. Souza, organizada por membros da Sociedade
Brasileira de Eubiose. A título de ilustração, nessa obra informa-se que o
fenômeno descrito num instante de surpresa, se ela for de efeito
agradável, o aura astral se tinge de cor azul-violeta, porém, ao contrário,
se for
desagradável, a coloração é em pardo escuro, e, nesse caso, observa-se a
contração brusca do veículo mental inferior com repercussões nos demais
componentes da natureza inferior da criatura expressas por palpitação
cardíaca e outros sintomas desconfortáveis.
Além das cores, há o fato da intensidade e da duração do fenômeno
quando, por exemplo, uma emoção de qualidades superiores, que tem a
intenção de reunir ou com características do polo espiritual do amor, que
por algum motivo se apresenta, por ter vibrações de maior frequência,
mais penetrantes e mais persistentes, acaba por predominar em forma e
cor no "corpo astral” por mais tempo do que o das emoções de menor
qualidade, mesmo após cessada a causa que a fez manifestar-se. Quanto
ao formato geral do aura astral, há informações de que se aparenta ao de
um ovo que contém internamente em seu eixo longitudinal todo o corpo
humano, sendo que a porção apical ou superior é mais estreita que a base
ou porção inferior. Porém, no ser humano mais evoluído, aquela ponta
superior pode ser vista de modo mais largo do que se descreve no comum
da humanidade.

Coube aos pesquisadores Darget e Baraduc, citados por H.Durville em


"Télépathie.Télépsychie”, a glória em demonstrar cientificamente no
Ocidente as provas fotográficas das vibrações das emoções, bem como
também dos pensamentos. Enquanto isso, no início do século XX,
Bhágavan Dás publicava em seu livro "La Ciencia de las Emociones”, um
tratado abordando desde o conceito até o nascedouro e destino das
emoções. Para esse autor, etimologicamente a palavra emoção, de origem
latina, é uma modalidade de moção ("impressão moral no espírito”), é o
que nos move para nos aproximarmos de um objeto (concreto ou
subjetivo) ou nos afastarmos dele. A palavra bháva, em sânscrito, tem o
sentido que, no Ocidente, se dá à palavra emoção. Quando o sentido é de
nos aproximarmos e nos unirmos ao objeto de identificação, esclarece o
autor que se trata de uma característica de emoções derivadas do polo do
amor, no seu sentido mais transcendente; enquanto que as emoções, que
representam a nossa repulsa àquilo que nos desagrada, originam-se do
polo do ódio. A partir dessa polarização, o autor conceitua e distribui as
emoções em relação ao grau de complexidade e de hierarquia entre as
partes relacionadas.

Vale a pena lembrar que o duplo-etérico, veículo vital, na sua pequena


margem em torno da superfície corporal, dá ao clarividente a
oportunidade de visualizar o que ficou conhecido, em linguagem
esotérica, como "aura da saúde”, por revelar pela sua coloração e
emanação um maior ou menor grau de saturação do prâna ou energia
vital disponível no Corpo. Outra observação importante no veículo vital é a
da existência de uma tela etérica como barreira intransponível para barrar
as modalidades de energia que não devem impressionar as matérias do
veículo astral nem do corpo físico, bioquímico. No entanto, corre perigo
de rompê-la a criatura que sofre um acidente violento ou que faz uso
abusivo do álcool e do tabaco, sem falar no uso de drogas ilícitas ou
narcóticos.

Pelo que se vê, na natureza humana, os veículos inferiores funcionam


sincronizadamente e um pequeno distúrbio em algum deles afetará os
demais, como é o caso do vital e sua tela etérica, o qual pode ser
beneficiado com hábitos sadios e pela prática sistemática da respiração
simples em quatro tempos e a ioga dos cinco elementos (ou dos cinco
tattwas), condutas úteis e coadjuvantes no manejo de algum incômodo ou
de uma enfermidade. Sabe-se que, dos fatores que caracterizam o poder
de uma ioga, estão o estado de quietude mental, da qualidade
superior dos pensamentos e das emoções, e, nessas condições, aumenta-
se no Corpo o poder de assimilar o prâna ou energia vital.

O veículo astral não é exclusividade do ser humano. Ele existe também


nos demais reinos da Natureza e em toda a criação. Assim, no reino
mineral, a afinidade química, é uma expressão kamásica, ainda que pouco
desenvolvida, do astral ou emocional.

No vegetal, o astral revela-se como uma certa sensibilidade; e, no animal,


como os instintos. Nas criaturas humanas menos evoluídas, embora
portadoras de um mental que as caracteriza distintas do animal, ainda
assim predomina o astral, sediando desejos, prazeres, apegos e impulsos
que determinam suas ações. Suas vidas são regidas pelas impressões da
materialidade advindas do plano físico, limitando suas consciências na
parte inferior do veículo astral. Agindo por força do desejo, está a criatura
agindo por influência externa de algum estímulo que lhe ofereça prazer, o
que difere do poder da Vontade, por ser essa um elemento que
independe de estímulos exteriores. A Vontade tem em si lampejos do
búdico ou da intuição, e ainda que incipiente na humanidade em geral, a
muitos
tem auxiliado quando manifestado como verdadeira Fé, gerando uma
certeza que procede do âmago da Alma, pouco compreensível para o
intelecto, mas que dá um rumo, um início de um caminho mais seguro.

Por força da Lei de Evolução, as criaturas humanas mais desenvolvidas vão


substituindo os desejos cegos, superando o círculo vicioso do prazer e dor,
pelos princípios de uma Ética ou disciplina moral mais elevada capaz de
deslocar gradativamente suas consciências para o veículo mental que,
pela organização infinitamente menos rígida do que a dos outros veículos
inferiores, busca aos poucos a participação do raciocínio para a decisão
dos atos. Como esperado, mudanças ocorrerão no aura astral, as cores
dos subplanos superiores do veículo emocional ganham mais destaque do
que as dos inferiores e, assim, as tonalidades do azul, do rosa, do amarelo
vão reduzindo a intensidade das correlacionadas às emoções da
competitividade, do egoísmo, do medo, da malícia e outras
correlacionadas às modalidades escuras do pardo, do cinza, do carmesim
sombrio etc.

Na constituição kama-manásica ou emocional-mental (inferior, concreto),


reside a personalidade humana que uma vez burilada, divinizada pelos
seus próprios esforços em atender aos princípios da Tríade Superior, passa
a cumprir sua finalidade suprema ou de ser veículo para as manifestações
do Espírito, do Ser Supremo e Imortal, da Divindade que habita no interior
de toda criatura. Enquanto a personalidade não atingir o refinamento
necessário para corresponder as funções do Espírito, continuará a criatura
seu curso de reencarnações, como aquele que os orientais alegorizam na
roda de Sansâra (ou Samsâra, em sânscrito) como ciclo de nascimentos e
mortes.

Quando em linguagem iniciática usa-se a palavra aura, tem-se o cuidado


de tratá-la no gênero masculino por ser assim a sua origem na língua
sânscrita. Desse modo, escrevese: o aura.

Todos os veículos do ser humano refletem-se em seus respectivos auras, e


não será diferente para o veículo mental inferior ou do mental concreto
atrelado ao veículo emocional ou astral. Sendo assim, pode-se dizer que
esse veículo da inteligência também denominado, em língua sânscrita,
manas-rûpa, imerso nos veículos mais densos da criatura, ultrapassa os
limites do corpo físico constituindo o que se pode chamar de aura mental,
distribuído longitudinalmente no formato ovoide. Os movimentos
incessantes de seus componentes são de maior velocidade do que os do
veículo astral. Circulam nele o que chamamos de pensamentos, que, como
as emoções no veículo astral, se apresentam com formas, luminosidade e
cores, distribuídos em sub-planos inferiores ou superiores conforme suas
qualidades. No livro "Os Mistérios do Sexo”, há registros que nos levam a
concluir sobre a forte relação existente entre as reações do veículo mental
e a diversidade dos sons. O Autor, do citado livro, em outra obra,
considera que "Ouvir uma sinfonia é proporcionar imensa energia mental
ao humano cérebro”. (Pequeno Oráculo). No supracitado livro, o Prof. H.J.
Souza descreve sobre os principais agentes do veículo mental concreto: os
pensamentos. Comenta sobre a natureza, a vitalidade e a matéria que os
produziu, as leis que, no plano mental, regem seus efeitos, inclusive a
formação dos egrégoras, do transporte de mensagens e outras
modalidades vibratórias. Chama atenção sobre as cores e formas
características resultantes da execução musical de grandes
clássicos eruditos como, por exemplo, uma "ouverture” de Wagner, capaz
de fazer um clarividente constatar no plano mental uma imagem
semelhante a "um grupo de majestosos edifícios de paredes e telhados
resplandecentes”, assim como a audição de uma "fuga” de Bach produz
um quadro com uma " infinidade de riachos paralelos e multicoloridos”.

Em seu artigo "O que é Intuição”, o Autor citando Beethoven, escreve: "A
Música é uma revelação muito mais sublime do que toda Sabedoria ou
Filosofia”, e, em outro trecho: "A Música teve sempre domínio sobre as
almas. Porém, Beethoven e Wagner chegaram a ser os maiores magos no
manejo desse Poder Colossal, que extasia as almas e as conduz pelas
regiões sublimes do Espaço, em busca de sua Origem!”.

Apesar da incessante e rápida movimentação da matéria mental, ela


apresenta-se organizadamente distribuída de forma segmentar, o que
está sendo correspondido na evolução e desenvolvimento do cérebro
humano. Na humanidade em geral, pela razão de seu estágio evolucional,
nem todos esses segmentos ainda tem seus correspondentes cerebrais
desenvolvidos na mesma intensidade e, portanto, certas impressões,
ideias, pensamentos não terão o mesmo grau de clareza para todos.
Quanto à organização do mental inferior, considerando os registros da
obra "A Natureza Secreta do Homem”, podese concluir que esse veículo é
dotado de um elemento representativo, uma partícula da mesma matéria
mental a que se chamou de "átomo permanente mental”, portadora das
experiências que a consciência pode ter adquirido utilizando veículo
semelhante em existências anteriores.

Não sendo as criaturas humanas iguais em número e experiências de vidas


passadas, são também diferentes seus "átomos permanentes”,
condicionantes das tônicas, disposições, tendências, temperamentos, e
outros traços que definem a singularidade da Alma.

Tem o veículo mental concreto (ou mental inferior) como funções


principais as que permitem a consciência expandir-se utilizando os
pensamentos, mesmo que ainda processados pelos limitados recursos do
intelecto, além disso, conseguir assimilar e armazenar os resultados das
experiências adquiridas em cada existência na vida terrestre transmitindo-
as em síntese ao plano búdico, em algo organizado de natureza divina,
indestrutível, imortal denominado corpo causal da criatura humana.

Com um veículo mental um pouco mais refinado, pode a criatura


beneficiar-se das emanações inspiradoras e pacificadoras de corpos
mentais de Seres em estágios evolucionários mais avançados,
como o fato de alguém mais adiantado, um verdadeiro mestre, por
exemplo, poder ajudar seus discípulos "pensando constantemente neles”,
auxiliando-os assim muito mais do que lhes dirigindo a palavra ("A
Natureza Secreta do Homem”). É sabido que um dos fatos mais
extraordinários do mental humano é o de poder transmitir e captar
pensamentos, mas nesse fenômeno também transportam-se vibrações de
sentimentos e energia vital, o que não se limita apenas em conceituá-lo
como telepatia, mas algo que transcende, como se estuda na ciência do
magnetismo humano, capaz de até mesmo curar um enfermo à distância,
por ter aí um agente de especial valor: a Vontade do emissor, capaz de
direcionar esse fluxo magnético que, na sabedoria oculta do Oriente, foi
conhecida por "Kundalini Shakti” ("Os Mistérios do Sexo”). Alguns autores
europeus ousaram desbravar esse terreno, resultando em verdadeiros
tratados para pesquisas de ciências futuras. Dentre suas obras, citemos:
de Alphonse Bué, "Magnetismo Curador”; de Hector Durville,
"Magnetismo Pessoal” e
"Télépathie.Télépsychie” (ainda não traduzida em português); de Henri
Durville, "A Ciência
Secreta, vol III”.

Por quietude mental, preliminar de procedimentos complexos do mental


concreto, entende-se como sendo um certo controle no fluxo de
pensamentos que incessantemente entram e saem desse veículo da
natureza humana. Sri Aurobindo descreve-os como "viajantes que
aparecem e passam, vindo de algum lugar” e que a mente inferior apenas
os observa, mas complementa o Autor que se pode ir além dessa
passividade, banindo do cenário aqueles que forem intrusos, indesejáveis,
como num vaso em que, após esvaziado de conteúdos inúteis, se toma o
cuidado de preenchê-lo "com coisas novas, verdadeiras, certas e puras”.
("Em direção a nova Consciência”). Dentre os procedimentos complexos
que a quietude favorece a mente inferior(mental concreto) está o da
concentração, lembrando-se das palavras de Annie Besant, citadas por
Hector Durville na obra "Télépathie.Télépsychie”: "Quando um homem
concentra seu espírito, seu corpo se coloca num estado de tensão, mas o
sujeito não percebe; é involuntário de sua parte(...) Este resultado de
certo estado de espírito pode ser observado em muitos casos
insignificantes: um esforço de memória faz franzir a testa, os olhos
tornam-se fixos, as sobrancelhas abaixam-se (...) Durante séculos, o
esforço da mente foi seguido por um esforço do corpo (...) Quando a
concentração começa, o corpo, segundo esse hábito, segue o espírito e os
músculos tornam-se rígidos ao mesmo tempo que os nervos se
tensionam; daí uma grande fadiga física, o esgotamento muscular e
nervoso, as dores agudas de cabeça que têm fortes chances de produzir-
se durante a concentração; na sequência, muitas pessoas são tentadas a
renunciar, pensando que esses efeitos nefastos são inevitáveis”.
Conhecem os estudiosos da Eubiose que umas das recomendações do
Prof. H.J. Souza é que, sendo a concentração um processo que ocorre no
mental concreto é importante não se manter numa atenção contínua mais
de cinco ou dez minutos. Um esforço maior fatigaria o cérebro e traria
uma sensação de obscuridade e estonteamento, sinais que o avisam do
perigo que se corre ao fazer na matéria dos diversos veículos mudanças
muito rápidas.

Complementando essas considerações há o fato de que ao se fazer


qualquer exercício de concentração, estando o corpo físico tenso, pode
haver impedimento no fluxo das forças espirituais, além de fatigar mais
ainda o corpo. Portanto, é racional que se recomende ao interessado em
práticas que convocam esse esforço mental ter como hábito cotidiano o
de relaxar também o corpo físico em algum momento do dia, assim como
adotar outros cuidados correlatos sugeridos na resenha de "A Natureza
Secreta do Homem”.

Considerando que os fundamentos da Sabedoria Milenar transcendem os


limites impostos pela mente inferior (mental concreto) condicionada aos
seus cinco incompletos sentidos, é de se compreender que a Verdade
apresentada à Alma exige outros alicerces do Saber. No entanto, existe
uma íntima correlação daquela Sabedoria com os saberes humanos,
podendo considerá-la uma Sabedoria Troncal de onde derivaram os vários
Ramos do Conhecimento Humano, aqui, resumidos nas palavras de H.J.
Souza: "Ciência, Religião, Arte e Filosofia são apenas quatro caminhos para
o homem chegar à compreensão do Todo, da Unidade de que faz parte”.
Do mesmo Autor, segue que "O cientista que raciocina segundo o plano da
percepção dos sentidos é o que se acha mais afastado do reconhecimento
da verdade, porque toma todas as ilusões produzidas pelos sentidos como
realidades e repele as revelações de sua própria intuição. O filósofo,
incapaz de perceber a verdade, procura adquiri-la por meio da
inteligência, podendo dela aproximarse até certo ponto. Só aquele que
adquiriu a condição consciente da verdade, reconhecendo-a por
percepção direta, a ela se acha intimamente unido e não pode
absolutamente enganar-se”. (“Pequeno Oráculo”, seleta de pensamentos
de H.J. Souza).

Nem tudo se resolve com o concurso do mental inferior, mesmo dotado


de um intelecto bastante treinado, porém ainda condicionado aos
sentidos focados na exterioridade e atrelado às sensações, aos desejos,
aos impulsos do veículo emocional. Com esses dois veículos, o mental
inferior e o emocional ou astral, tem-se uma noção do que podemos
denominar Alma na constituição da criatura humana. Contudo, percebe-se
que um terceiro elemento é decisivo para a direção de certas funções da
Alma, trata-se do que denominamos Vontade, da qual um pálido reflexo
no veículo emocional constitui o que chamamos de desejo, com a
diferença de que esse, ao contrário daquela, surge
condicionado aos estímulos exteriores, ou seja, do Corpo e do meio onde
se vive. Portanto, diz-se que são exteriores porque não procedem do
interior da Alma, nem tampouco do Espírito. Todavia, para orientar rumos
seguros da Alma, está presente nela a Vontade, trazendo, em si, traços da
Tríade Espiritual da natureza divina da criatura humana.

Desse modo, quando impera mais a Vontade do que o desejo, é sensato


dizer que há mais chance para a expansão da consciência, há mais chance
para transcender os limites do eu-pessoal, sustentado pelo fundamento
ilusório da auto-identidade, o princípio de Ahankâra (em sânscrito). O
desenvolvimento do poder da Vontade se faz na ação, nos procedimentos
que exigem disciplina incondicional ou dispensando recompensas
prazerosas como são as procuradas pelos desejos. Dentre esses
procedimentos incluem-se as iogas ou práticas seguras respaldadas pela
Sabedoria Iniciática das Idades.

Tendo agora um detalhamento maior do que denominamos Alma,


didaticamente vamos explorar uma proposta divulgada na conclusão do
artigo "O que é Eubiose”, de Lorenzo Paolo Domiciani (rev. Dhâranâ
nov/fev,1955). Considerando os três fundamentais poderes da Alma, o
Autor sugere subdividi-los hierarquicamente em três níveis, resultando daí
nove atributos para os quais a Eubiose especializa-se em atender as
necessidades evolucionárias de cada um deles. E tudo isso, nas palavras
do autor, "para que a alma humana receba todo o desenvolvimento de
que é capaz, e, desse modo, possa descobrir, outros tantos caminhos para
a felicidade, pois, é este, enfim, o término de todos os esforços, para não
dizer, desde logo, a Meta final das coisas...”. Em resumo, são esses os
atributos: pré-vontade, auto-vontade, supra-vontade; pré-inteligência,
auto-inteligência, suprainteligência;
pré-emoção, auto-emoção, supra-emoção. Há que se dizer que os
atributos classificados num "pré” nível indicam as extensões da Alma na
natureza do Corpo (vital e físico) respondendo pelos instintos,
automatizações, condicionamentos, participando das funções principais
do metabolismo, estruturação, mobilidade etc. Num polo oposto, conta a
Alma com atributos de um nível "supra”, que, mesmo ainda incipientes,
facilitam-na tangenciar a natureza divina expressa na criatura como
princípios da mente abstrata, da intuição e do âtman ou crístico. Resta
dizer dos atributos intermediários, mais característicos do atual estágio da
evolução humana, isto é, a auto-vontade, a autointeligência, a auto-
emoção, apesar de suas limitações, no entanto, mesmo que
empiricamente, têm proporcionado o progresso das ciências, das artes e
das filosofias.
o–O–o

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