Professional Documents
Culture Documents
CONSIDERAÇÕES S O B R E 271 C A S O S
OLAVO PAZZANESE *
PAULO PINTO PUPO **
1 a 8
Gibbs, D a v i s e L e n n o x classificam as anomalias gráficas
do eletrencefalograma ( E E G ) dos epilépticos levando em conta
particularmente a morfologia que apresentam. T a i s anomalias,
pelo seu caráter súbito, paroxístico e passageiro, são chamados de
disritmias. Três tipos distintos de disritmias são descritos: pe-
queno mal, grande mal e psicomotor.
A disritmia tipo pequeno mal ( P . M.) é a mais característica,
apresentando-se como uma sucessão alternada de ondas lentas e
rápidas, sobrevindas abruptamente num surto de curta duração
==19. L e n n o x , W . e B r o d y , B . — P a r a x y s m a l slow w a v e s i n t h e e l e c t r o e n c e p h a l o g r a m s
of p a t i e n t s w i t h epilepsy a n d w i t h subcortical lesions. J . N e r v . a. M e n t . D i s . , 104: 237-243
( s e t e m b r o ) 1946.
==20. H u r s h , J . — O r i g i n of t h e epike a n d w a v e p a t t e r n of petit m a l epilepsy. A n
e l e c t r o e n c e p h a l o g r a p h i c s t u d y . A r c h . N e u r o l , a. P s y c h i a t . , 53: 274-282 ( a b r i l ) 1945.
==21. E c h l i n . F . — T h e e l e c t r o e n c e p h a l o g r a p h y i n epilepsy. J . N e r v . a. M e n t . D i s . , 96:
565-569 ( n a v e m b r o ) 1942.
==22. E c h l i n , F . — T h e e l e t r o e n c e p h a l o g r a p h y i n epilepsy. A r c h . N e u r o l , a. P s y c h i a t . ,
49 : 296-299 ( f e v e r e i r o ) 1943.
==23. E c h l i n , F . —. T h e e l e c t r o e n c e p h a l o g r a m s associated w i t h epilepsy. A r c h . N e u r o l , a.
P s y c h i a t . , 52 : 270-289 ( o u t u b r o ) 1944.
==24. R o b i n s o n , L . — E p i l e p s y . C o n f i n i a N e u r o l o g i a , 7 : fase. 3 / 4 : 156-221, 1946
2 5
Frey , c o m um material incluindo 159 casos de epilepsia, 53
suspeitos de epilepsia, 122 de anormalidades não epilépticas e 101
casos de controle, chega à conclusão que disritmias, e particular-
mente disritmias por ondas e espículas, são altamente sugestivas
de epilepsia, assim como, em menor proporção, a preponderância
de ritmos lentos entre 7 e 6 c/s., enquanto que a preponderância
de ritmos mais lentos é sugestiva de lesões cerebrais com ou sem
epilepsia; o s ritmos rápidos são de pequeno valor diagnóstico e o s
distúrbios de tipo focai provam a presença de lesão cerebral e indi-
cam o fator exógeno como preponderante, quando tais pacientes
são portadores de epilepsia. A seu ver, o maior valor do exame
eletrencefalográfico em epilépticos consiste em determinar anorma-
lidades focais e, assim, indicar terapêutica em casos nos quais, com
outros exames, seria difícil tal diagnóstico.
==25. F r e y , T o r s t e n S . — E l e c t r o e n c e p h a l o g r a p h i c s t u d y of n e u r o - p s y c h i a t r i r d i s o r d e r s .
Acta P s y c h i a t . et N e u r o l . , supl. X I I I , 1946.
==26. P u t n a m , T . e M e r r i t , H . — D u l n e s s a s a n epileptic e q u i v a l e n t . A r c h . N e u r o l , a.
P s y c h i a t . . 45: 797-813 ( m a i o ) 1945.
==27. H e u y e r , G. e R e m o n d , H . A . — O b n u b i l a t i o n épileptique et e l e c t r o - e n c é p h a l o g r a p h i e .
R . N e u r o l . , 74: 324-325 ( n o v e m b r o - d e z e m b r o ) 1942.
Acrescente-se a isso o fato de tais manifestações raramente serem pre-
senciadas pelo médico, sendo relatadas pelas pessoas da família com os
coloridos os mais diversos e, não raro, eivados de interpretações fan-
tasiosas, e então se poderá ter idéia de como podem ser deturpadas em
sua compreensão e orientadas para diagnósticos por vezes inteiramente
errôneos.
A eletrence falo grafia, evidenciando, em grande número de tais
casos, as modificações paroxísticas do ritmo e do potencial elétrico ce-
rebral, permite diagnóstico diferencial acertado. Fácil é compreender
2 8 2 9
o alcance médico, social e mesmo médico-legal (Titeca , Gibbs )
desta colaboração, seja para a indicação terapêutica adequada, seja para
a eugenia ou principalmente para a determinação da responsabilidade
civil ou criminal de tais pacientes. N o esforço de guerra americano,
3 0
a eletrencefalografia prestou relevantes contribuições: Pacella ,
3 1 3 2 3 3
Schwab , Robinson e Roseman se referem a êste método semio-
lógico como tendo resolvido o problema diagnóstico da epilepsia nas
forças armadas, proporcionando sensível economia de tempo e de gastos,
assim como maior disponibilidade de leitos em hospitais.
Ao lado dos numerosos trabalhos sobre a contribuição diagnostica
da eletrencefalografia em casos de crises convulsivas ou equivalentes,
aos quais já nos referimos, outros têm focalizado o problema das desor-
3 4
dens de conduta (Jasper, Solomon e Bradly ) . Lindsley e Knox
3 5
Cutts , com um material de 36 crianças normais, 50 "crianças-pro-
blemas" e 22 crianças constitucionalmente inferiores, puderam eviden-
ciar anomalias eletrencefalográficas constantes nos dois últimos grupos
3 6
(ondas lentas de 2,5 a 8 c / s ) . Brill e Walker , de modo mais cate-
górico ainda, não só evidenciaram anormalidades eletrencefalográficas
nesses casos de desvios da conduta de tipo epileptóide, como mostraram
sua melhoria com a terapêutica anticonvulsivante.
==37. O s t o w , M . e O s t o w , M . — B i l a t e r a l l y s y n c h r o n o u s p a r o x y s m a l slow a c t i v i t y i n t h e
e l e c t r o e n c e p h a l o g r a m s of rion epileptics. J . N e r v . a. M e n t . D i s . , 103: 346-358 ( a b r i l ) 1946.
==38. K n o t t , J . e Gottlieb, J . — E l e c t r o e n c e p h a l o g r a p h y c e v a l u a t i o n of p s y c h o p a t h i c perso-
n a l i t y : c o r r e l a t i o n w i t h age, sex, f a m i l y h i s t o r y a n d a n t e c e d e n t illness or i n j u r y . Arch.
N e u r o l , a. P s y c h i a t . , 52: 515-519 ( d e z e m b r o ) 1944.
==39. Gottlieb, J . , K n o t t , J . e A s h b y , M . C. — E l e c t r o e n c e p h a l o g r a p h y c e v a l u a t i o n of
p r i m a r y b e h a v i o r d i s o r d e r s in c h i l d r e n ; c o r r e l a t i o n w i t h age, sex, family h i s t o r y a n d antece-
d e n t illnes or i n j u r y . A r c h . N e u r o l , a. P s y c h i a t . , 53: 138-143, ( f e v e r e i r o ) 1945.
==40. S i m o n , B . , O ' L e a r y , J . e R l a n , J . — C e r e b r a l d y s r h y t h m i a a n d psychopathic perso-
n a l i t i e s ( A s t u d y of n i n e t y - s i x c o n s e c u t i v e cases i n a m i l i t a r y h o s p i t a l ) . A r c h . N e u r o l , a.
P s y c h i a t . , 50: 677-685 ( d e z e m b r o ) 1946.
==41. D a v i s , H . e W a l l a c e , W . — F a c t o r s a f f e c t i n g c h a n g e s p r o d u c e d in electroencepha-
l o g r a m by s t a n d a r d i z d h y p e r v e n t i l a t i o n . A r c h . N e u r o l , a. P s y c h i a t . , 47: 606-635 ( a b r i l ) 1942.
==42. B r i l l , N . e S e i d m a n n , H . — E l e c t r o e n c e p h a l o g r a p h y c c h a n g e s d u r i n g h y p e r v e n t i l a -
t i o n in epileptic a n d nonepileptic d i s o r d e r s . A n n . I n t . M e d . , 16: 451-561 ( m a r ç o ) 1942. in
==43. B r i l l , N . e S e i d m a n n , H . — T h e e l e c t r o e n c e p h a l o g r a m of n o r m a l c h i l d r e n . Effect
Y e a r - B o o k N e u r o l . , P s y c h i a t . a. E n d o c r i n o l , pg. 79, 1942, Chicago.
of h y p e r v e n t i l a t i o n . A m . J . P s y c h i a t . , 98: 250-256, 1 9 4 1 .
==44. R o b i n s o n . L . — E l e c t r o e n c e p h a l o g r a p h i c s t u d y d u r i n g epilepsy s e i z u r e s r e l a t e d to
h y p e r v e n t i l a t i o n . D i s . N e r v . S y s t . , 5: 87-90 ( m a r ç o ) 1944.
==45. H e p p e n s t a l , M . — T h e r e l a t i o n b e t w e e n t h e effects of t h e blood s u g a r levels a n d
h y p e r v e n t i l a t i o n o n t h e e l e c t r o e n c e p h a l o g r a m . J . N e u r o l . , N e u r o s u r g . a. P s y c h i a t . ( L o n d r e s ) .
7: 113-188, 1944.
==46. B l i e r , J . S. e R e d l i c h , F . C. — E l e c t r o e n c e p h a l o g r a m in t h e p i t r e s s i n h y d r a t i o n t e s t
for epilepsy. A r c h . N e u r o l , a. P s y c h i a t . , 57: 211-219 ( f e v e r e i r o ) 1947.
diagnóstico da epilepsia, com o exame eletrencef alográf ico: com um
material de 12 casos de epilépticos comprovados, 10 suspeitos e 10 pes-
soas normais, obtiveram E E G com distúrbios sensíveis em 3 e distúrbios
menores em 6 ; só em 3 pacientes do primeiro grupo o E E G resultou
normal, enquanto que, nos demais grupos, o E E G se conservou normal
em todos os casos. A conclusões semelhantes chegou Wikler, com o
mesmo método, em indivíduos tidos como normais, caracterizando os
que apresentavam distúrbios eletrencefalográficos após a hidratação
como portadores de disposição favorável à epilepsia.
==71. D a v i s , H . e D a v i s , P . — A c t i o n p o t e n t i a l s of t h e b r a i n in n o r m a l p e r s o n s and i n
n o r m a l s t a t e s of c e r e b r a l a c t i v i t y . A r c h . N e u r o l , a. P s y c h i a t . , 36: 214-1224 ( d e z e m b r o ) 1936.
==72. L ö w e n b a c h , H . — B u l l . J o h n s H o p k i n s H o s p . , 65: 125, 1929. I n R o b i n s o n 24.
==73. R o b i n s o n , L . — C e r e b r a l d y s r h y t h m i a in r e l a t i v e of epileptic p e r s o n s . A r c h . N e u r o l ,
a. P s y c h i a t . , 44: 1109-1111 ( n o v e m b r o ) 1940.
==74. S t r a u s s , H . , R a h m , W . E . e B a r r e r a , S. — P r o c . E x p e r . Biol. a. M e d . , 4 2 : 2 0 7 ,
1939.
==75. L e n n o x , W . , Gibbs, F . — I n h e r i t a n c e of c e r e b r a l d y s r h y t h m i a a n d epilepsy. Arch.
N e u r o l , a. P s y c h i a t . , 4 4 : " 1 5 5 - 1 1 8 3 ( d e z e m b - o ) 1940.
==76. L e n n o x , Gibbs, E . , Gibbs, F . — T h e b r a i n - w a v e p a t t e r n , a n h e r i d i t a r v evidence from
==74 " n o r m a l " p a i r s of t w i n s . J . H e r e d i t y , 36: 225-243 ( a g ô s t o ) 1945. I n D i g e s t N e u r o l , a.
P s y c h i a t . , H a r t f o r d , T h e I n s t , of L i v i n g , 1946.
aspectos eletrencefalográficos implicam, por si sós, em prognósticos
mais reservados. Também a verificação de disritmias fugazes, só evi-
denciáveis após intensa hiperpnéia, indicam fator epileptógeno de menor
intensidade, implicando em prognóstico mais favorável. A presença de
disritmias paroxísticas bilaterais difusas, indicando fator endógeno pre-
dominante, é de prognóstico menos favorável que a presença de
disritmias focais, que assinalam a epilepsia secundária. Por outro lado,
o estudo eletrencefalográfico repetido é de grande valor no estabele-
cimento do prognóstico nas encefalites agudas e particularmente na
epilepsia pós-encefalítica, como demonstraram os Gibbs, em recente
1 7
trabalho .
O segundo item, isto é, o papel da eletrencefalografia na avaliação
do efeito terapêutico da medicação instituída, é notório se se puder
submeter o paciente a exames sucessivos. Lembre-se que o registro
gráfico da atividade elétrica cerebral do epiléptico assinala muito maior
número de disritmias (crises subclínicas) do que as crises clínicas que
apresenta; dêste modo, o EEG pode mostrar, muito mais precocemente
e com objetividade, o efeito terapêutico de determinada droga. êste
controle eletrencefalográfico na avaliação dos efeitos de medicamentos
3
anticonvulsivantes já foi aventado por Lennox, Gibbs e Gibbs , Longan
7 8 7 9
e Baldes e Lennox . A descoberta recente da ação específica da
tridione sobre o pequeno mal epiléptico abriu novo campo à eletrencefa-
lografia, já que o diagnóstico desta forma de epilepsia, pela verificação
disritmia por "ondas e espículas" que lhe é peculiar, traz consigo a
formal indicação desta terapêutica, cujo efeito benéfico pode ser per-
80 8 1 e 8 2 8 3
feitamente acompanhado (Lennox > , Perlstein e Andelman ) .
Por outro lado, o exame eletrencefalográfico, permitindo o diagnóstico
de epilepsia focal, ipso fato indica e orienta uma terapêutica cirúrgica
1 4
radical; os resultados de Jasper e Penfield são disso têstemunho
eloqüente.
COMENTÁRIOS
cias entre 4 e 7 c/s, o que lhes confere alto valor diagnóstico, não só
quanto à epilepsia em si como quanto à forma clínica.
N o grupo de pacientes portadores de "ausências", no qual, como já
dissemos, reunimos todos os pacientes portadores de perturbações subi-
tas e transitórias da consciência, cujos dados anamnésticos foram
insuficientes para os classificar em um dos tipos definíveis de epilepsia,
encontramos 33,35% de disritmias, 18,8% de E E G com distúrbios
frustos e permanentes, e 45,45% de E E G normais. O gráfico 7 espe-
cifica a distribuição em 22 pacientes desse grupo: 10 com E E G normal
( 4 5 , 4 5 % ) , 5 com disritmia por ondas 3 c/s (22,72%), 2 com disritmia
por ondas 6 c/s ( 9 , 0 9 % ) , 2 com E E G anormalmente lento ( 9 , 0 9 % ) ,
2 com E E G anormalmente rápido (9,09%) e 1 com disritmia V. P. M.
(4,54%).
CONCLUSIONS