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A EDUCAÇÃO DO SÉCULO XXI: O PAPEL DO

PROFESSOR FRENTE ÀS NOVAS TECNOLOGIAS

Dorval Roncaglio1
Mara Flatau de Oliveira2

Resumo

Este artigo visa realizar uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório que estimule a
compreensão do leitor quanto ao papel do professor do século XXI, frente às novas
tecnologias que estão mudando os rumos das instituições educacionais e também da educação
de um modo geral. Buscaremos neste trabalho apresentar os impactos e os desafios que as
tecnologias digitais estão proporcionando na área educacional e, principalmente, qual o papel
do professor diante dessas novas tecnologias que estão adentrando nas ―salas de aula do novo
milênio‖.

Palavras-chave: Novas Tecnologias. Tecnologias Digitais. Educação.

EDUCATION OF THE 21ST CENTURY: THE


TEACHER'S ROLE TOWARDS NEW TECHNOLOGIE

Abstract

This article aims to carry out an exploratory bibliographical research that stimulates the
reader's understanding of the role of the teacher of the 21st century, in face of new
technologies that are changing the direction of educational institutions and of education in
general. We will try to present the impacts and challenges that digital technologies are
providing in the educational area, and especially the role of the teacher in face of these new
technologies that are entering the "classrooms of the new millennium".

Keywords: New technologies. Digital Technologies. Education.

1
Pós-Graduando em Administração Escolar, Supervisão e Orientação. Centro Universitário Leonardo Da Vinci-
Uniasselvi. E-mail: zinho87@gmail.com
2
Graduada em Pedagogia. Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC. E-mail: maraflatau@gmail.com
2

1 INTRODUÇÃO

Chegamos ao novo milênio, século XXI, o que denominamos de a ―Era digital‖,


período em que a tecnologia da informação avançou de tal forma que se torna cada vez mais
complexo acompanhar suas inovações. Hoje estamos vivendo num mundo onde há a
necessidade de se estar conectado e interagindo quase a todo instante, inclusive dentro das
salas de aula.

De acordo com Juliana Fontoura (2018) a incorporação das novas tecnologias no


ensino tornou-se um dos principais debates da educação na atualidade. Robótica, jogos
eletrônicos, inteligência artificial e realidade aumentada são apenas algumas das novidades
que têm movimentado o mercado educacional e sido inseridas nas escolas, especialmente na
rede privada. Segundo Fontoura (2018), na realidade da sala de aula, porém, ainda há muita
discussão sobre como integrar as novidades ao dia a dia escolar. Por mais que a desconfiança
docente com relação ao uso das novas tecnologias venha diminuindo, ainda há muitos
desafios para incorporar essas ferramentas de forma efetiva, contribuindo para a
aprendizagem dos alunos.

―Hoje a humanidade dispõe das melhores ferramentas de todos os tempos – graças à


tecnologia, mídia digital, e mídia social – para agir de modo inteligente. Mas essas
ferramentas não nos tornarão mais inteligentes por elas mesmas. Na verdade, de
muitas formas, elas podem nos tornar estúpidos. ‖ (GEE, 2013 apud SILVA,
2014)

Quando James Paul Gee afirma que as ferramentas tecnologias não nos tornarão mais
inteligentes por elas mesmas, entendo que ele está coberto de razão, pois ainda sim
precisaríamos de um intermediário entre a tecnologia e o aluno que possa filtrar essas
informações para um melhor aprendizado.

Com o surgimento das mais diversas tecnologias e seu uso com tamanha intensidade
pelas pessoas nos dias atuais, um grande desafio se forma para as instituições educacionais,
gestores e principalmente para os educadores que estão na linha de frente e tem um papel
importantíssimo frente a esse tema.

Faz-se necessário lembrar que atualmente não cabe mais aquele tipo de aula rígida e
engessada, centralizada somente na figura de apenas uma pessoa, ou seja, o professor. Na
―Era Digital‖ é fundamental conciliar, combinar, unir e até harmonizar a educação e as
tecnologias digitais. Com o acesso muito mais facilitado a ―web‖ e redes de computadores, o
docente deve ser alguém não apenas que detenha os conhecimentos e os repasse aos discentes,
mas que os ensine a pensar, criar e inovar.

Diante dessa situação podemos fazer alguns questionamentos que são bem pertinentes,
dada à importância do tema. Os professores nos dias atuais estão se preparando para esses
novos desafios tecnológicos que estarão cada vez mais presentes nas salas de aula? Será
possível usar nas salas de aula as mesmas tecnologias que os próprios alunos usam
frequentemente durante suas horas de lazer? Os professores serão capazes de aliar a
tecnologia existente atualmente no processo de ensino-aprendizagem dos discentes? Essas
serão questões cada vez mais debatidas nos congressos de educação, palestras e cursos da área
esse trabalho visa compreender qual o papel de professor na ―Era Digital‖.
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2 O PROFESSOR DO SÉCULO XXI

Certamente você, caro leitor, já deve ter ouvido falar: ―Os alunos são digitais e os
professores são analógicos‖. Bem, os alunos são digitais, pois nasceram numa época de
grande avanço tecnológico global e naturalmente que o uso da tecnologia se tornou frequente
mesmo antes de conseguir dar os primeiros passos. Já grande parte dos professores, que
convivem com os alunos ditos digitais, provavelmente tinham como tecnologia uma televisão
sem cores ou o rádio a pilha. Também você já deve ter ouvido, ou até mesmo dito a frase em
algum momento da sua vida: ―Escolas do século XIX, professores do século XX e alunos do
século XXI‖. Nunca frases como estas mencionadas anteriormente fizeram tanto sentido para
a educação.

A escola e o professor são bases do desenvolvimento social, intelectual e cultural no


início da nossa formação. Sabemos, porém, que esses três elementos estão sujeitos a
mudanças com o decorrer do tempo. Não se pode ensinar com as mesmas metodologias de
dez anos atrás. Estamos mudando constantemente e o professor deve aprimorar seu
conhecimento, abrangendo as teorias, as tecnologias, e outros fatores que movem a educação.
(ABELLÓN, [2015?])

Realmente, o que mais vemos acontecendo hoje nas salas de aula são professores
usando metodologias ultrapassadas para lecionar e isso já não contribui mais para o processo
de ensino-aprendizagem dos discentes do século XXI. Lembrando que isso não é uma crítica
ao educador, apenas a constatação de fatos, que acontecem pelos mais diversos motivos na
qual abordarei mais adiante neste artigo.

Num quadro de intenso processo de globalização como o que se vive neste início de
século, em que as forças de mudança influenciam significativas reconceitualizações a vários
níveis, educar é cada vez mais uma tarefa exigente e de enorme responsabilidade que requer
equilíbrio e coerência entre orientação formativa, procedimentos pedagógicos adotados e
expectativas dos implicados no processo. Levar esta tarefa a bom porto exige, da parte do
professor, reunir um conjunto de saberes e competências que lhe permitam a construção de
um ensino de qualidade, entendido este, como um ensino capaz de atender às exigências da
contemporaneidade, marcada pela multiculturalidade, complexidade, constante avanço
científico e processos de permanente mudança. O século XXI evidencia por isso, a
importância, cada vez maior, da formação pessoal e profissional dos professores, para que
estes possam pela sua competência e fatores pessoais, associados a níveis de rendimento e
desempenho elevados, contribuir para uma educação que leve o aluno a pensar, a refletir, a
formar conceitos, ao discernimento e a terem capacidade para aplicar o que foi elaborado para
alterar a sua própria realidade, visando a inserção e o crescimento, isto é, indivíduos capazes
de no futuro ajudarem a conduzir com sucesso os destinos do país. (CUNHA, 2009)

O novo professor tem de ser capaz de desenvolver habilidades para entender os


parâmetros culturais vigentes e ter como prática a criação de sujeitos que sejam autores do seu
mundo e da história. Não pode por isso ter um conhecimento exclusivamente académico,
racional, teórico, construído através da experiência e sim um saber que o capacite para
gerenciar a informação disponível e saber adequá-la ao contexto e à situação formativa que se
situa sem perder de vista os objetivos traçados. Desta forma, torna-se possível a experiência
comunicativa, porque professor e alunos se envolvem numa tarefa comum e porque gostam
dela, partilham o prazer ligado a esse desempenho e sentem-se unidos numa cumplicidade
saudável. (CUNHA, 2009)
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O professor emérito da UFSM, especialista em ensino e inovação tecnológica e autor


do livro ―Educando para a Inovação‖ Ronaldo Mota, se posiciona de forma mais firme em sua
opinião. Segundo ele o atual sistema educacional é obsoleto e que o novo modelo só se
erguerá se docentes e instituições ouvirem as lições de um ator: o aluno. (MOTA, 2014 apud
BIBIANO, 2014)

Em entrevista para revista ―VEJA‖, de autoria de Bianca Bibiano (2014), Mota, ao ser
questionado sobre que tipo de transformação ele vê para as escolas, responde: ―O modelo de
escola que conhecemos hoje será completamente extinto. O papel do professor, também. Ele
poderá até receber outra denominação, como ―designer educacional‖, um profissional
dedicado à organização de conteúdo. Mas ele não poderá fazer essa tarefa sozinho: o processo
de ensino e aprendizado será cada vez mais coletivo. O designer educacional de física que se
propuser a colocar o conteúdo de aula em uma plataforma on-line contará com ajuda de gente
que saiba usar a plataforma, alguém que entenda de design, usabilidade e ferramentas no
ambiente virtual. Não será uma pessoa só, vai ser um time. No começo do processo de
mudança, provavelmente ainda contaremos com um professor clássico, que domina o
conteúdo de uma disciplina. Mas ao lado dele, veremos um menino de 14 anos, responsável
por fazer a interface gráfica da plataforma. É um fenômeno que já está acontecendo: as
grandes funcionalidades dos portais educacionais são desenvolvidas hoje por jovens que
dominam os sistemas digitais graças à afinidade que possuem com o universo dos games. Se
resolver ficar sozinho, o professor perderá essa corrida. ‖

Em relação a esse cenário de transformação comentado no parágrafo anterior, Mota


também enxerga que o ensino será bem diferente dos dias atuais, mas complementa dizendo
que não é o fim da escola.

―Grande parte dos jovens já aprende parte do conteúdo escolar em canais que não
dependem da escola. Os alunos já podem estudar em casa e até obter diploma pela
internet. Mas muitos professores ainda não perceberam esse movimento: serão
engolidos pela tecnologia e perderão a atenção dos estudantes. Não é o fim da
escola, mas uma chance que se apresenta para aqueles alunos que não aguentam
permanecer em sala de aula e que procuram mecanismos alternativos para adquirir o
próprio conhecimento. Há muitos adolescentes criativos, que serão profissionais
muito competentes e que simplesmente vivem em conflito com a escola. É um
processo que vai acontecer cada vez mais. Até pouco tempo, existia um conflito do
professor, que era alguém não digital, com o aluno, um nativo digital. Já estamos na
fase seguinte, do não diálogo. As crianças já chegaram a uma etapa em que abstraem
o conflito e simplesmente aprendem por conta própria, independente da escola. Seria
um erro concluir que a escola não é mais importante. Ela é, mas desde que
reconheça a existência do novo processo e que saiba se inserir nessa realidade. Se a
escola entender isso como um confronto, vai perder. ‖ (MOTA, 2014 apud
BIBIANO, 2014)

Assim, somos capazes dizer que o ―professor do século XXI‖ tem e terá um papel
muito mais de mediador no processo de ensino-aprendizado e não mais o detentor único do
conhecimento. Com a infinidade de informações que a tecnologia proporcionará aos
educandos, caberá ao docente transformar toda essa informação em conhecimento para formar
cidadãos críticos e formadores de opinião.
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2.1 OS DESAFIOS NA INTRODUÇÃO DA TECNOLOGIA NAS SALAS DE AULA

No artigo: ―Educador: é Preciso Ter Medo da Tecnologia? ‖, de Abellón [2015?], ele


mesmo afirma que já falou inúmeras vezes sobre como as ferramentas tecnológicas podem
facilitar o trabalho dentro e fora das escolas. Entretanto, segundo Abellón, isso não quer dizer
que essa facilidade seja vista por todos com bons olhos, pois, há alguns profissionais da área
de educação, principalmente os educadores, ainda não cedem as novas tecnologias como
instrumento transformador na sua prática pedagógica.

A Revista Educação, em artigo assinado por Juliana Fontoura (2018), buscou


apresentar alguns obstáculos que impedem o avanço tecnológico em relação ao seu uso na
formação discente. Dentre os obstáculos apresentados na matéria podemos citar a falta de
formação do educador/professor, o medo do novo e principalmente falta de infraestrutura
necessária para que ocorra a introdução da tecnologia na metodologia de ensino.

―As novas tecnologias ajudam no aprendizado a partir do momento em que o


professor se apropria desse conhecimento‖. (...) ―Mas vejo que a formação ainda é
carente. Há um desejo do professor de aprender, mas ele não sabe para onde ou
como ir‖. (TRUJILLO, 2018 apud FONTOURA, 2018)

Como podemos perceber na fala de Trujillo (2018), o professor precisa apreender-se


desse conhecimento tecnológico para poder aplica-lo em sala de aula, mas o próprio não teve
a formação necessária para tal ou até mesmo a formação que teve não foi suficiente para
seguir em frente. Nesse caso em relação à tecnologia, o professor acaba, na maioria das vezes,
por saber menos que os próprios alunos que já nasceram ―digitais‖ e dessa forma
inviabilizando por parte do professor a introdução das novas tecnologias na educação.

Conforme os números apresentados por Fontoura (2018), a formação é mesmo um dos


grandes desafios no que diz respeito ao uso da tecnologia. Segundo a mesma, de acordo com a
pesquisa TIC Educação 2016, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da
Sociedade da Informação (Cetic.br), 54% dos professores não cursaram na graduação
disciplina específica sobre como usar computador e internet em atividades com os alunos.
Além disso, 70% não realizaram formação continuada sobre o tema no ano anterior ao
levantamento. Ainda, segundo a pesquisa, dos que realizaram a formação continuada, 20%
afirmaram que a capacitação ―contribuiu muito‖ para a atualização na área.

Fontoura (2018) diz que nesse cenário a busca por novas formas de explorar os
recursos tecnológicos depende da iniciativa do próprio professor. Trujillo (2018) apud
Fontoura (2018), afirma que a própria instituição educacional pode ajudar a reverter o quadro
apoiando o docente. ―É necessário que a equipe pedagógica tenha um especialista em
tecnologia educacional. Esse é um novo profissional de extrema importância‖, afirma.

Outro obstáculo que impede o avanço tecnológico e citado anteriormente é o ―medo do


novo‖. Muitos professores não se sentem confortáveis diante dos avanços tecnológicos.
Percebam o que diz Abellón [2015?]:

―Essa rejeição acontece, muitas vezes, por causa da falta de conhecimento dos
próprios educadores, sobre como utilizar as tecnologias para adquirir praticidade no
processo de ensino e aprendizagem. E agora, entramos no conflito de muitos
professores: o medo do novo. Medo de ser substituído pelas novas tecnologias e pela
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facilidade de acesso à informação causada por ela. Há 20 anos, as escolas e


professores eram extremamente teóricos e o ensino era mecanicista. A função desse
educador do passado como passador somente de conteúdo realmente já não tem mais
espaço no atual contexto. Aquele professor cuja metodologia de hoje ainda é a
mesma de antigamente, pode ser facilmente substituído pelos computadores, com
grande vantagem para o aluno e a sociedade‖.

Talvez a palavra certa para a ocasião não seja o ―medo‖, mas sim a ―insegurança‖ que
essas novas tecnologias trazem para o ambiente escolar, gestores e professores.

Uma pesquisa inédita realizada com a iniciativa do movimento ―Todos Pela educação‖
além de vários outros parceiros e contou com a participação 4 mil professores da rede pública,
mostra os desafios que educadores enfrentam em relação ao uso de tecnologia digital em sala
de aula. Segundo o próprio site desse movimento, o resultado do estudo ―O que pensam os
professores brasileiros sobre a tecnologia digital em sala de aula‖ foram coletados através de
entrevistas por telefone e plataforma online e foram ponderados de acordo com a distribuição
de docentes segundo dados do Censo de Educação Básica 2015 do INEP. Esse estudo foi
realizado pelo Instituto de Pesquisas DataFolha e pela consultoria Din4mo.

De acordo com Fontoura (2018), e conforme o estudo citado anteriormente, no caso da


rede pública há um problema ainda anterior à apropriação das novas tecnologias: a falta de
infraestrutura. Conforme a mesma, esse estudo do ano de 2017 do movimento ―Todos pela
Educação‖, diz que 66% dos professores da rede apontam o número insuficiente de
equipamentos como limitador no uso dos recursos tecnológicos no ensino. Além disso, 64%
indicam a velocidade insuficiente da internet como restrição.

―Quando a escola dispõe do equipamento, podem surgir novos empecilhos — como


a falta de manutenção. A gente não consegue terminar o trabalho com o aluno
porque o computador está com problema, a lousa digital tem algum defeito, a
internet não funciona legal. Muitos professores optam por não utilizar [os recursos
tecnológicos] para não perder tempo da aula. Às vezes, ao invés de otimizar o
aprendizado, otimizar o tempo, acaba prejudicando. ‖ (GUIMARÃES, 2018
apud FONTOURA, 2018)

Em relação à infraestrutura necessária para o uso de recursos tecnológicos nas escolas


seria mais um desafio de ordem material e de falta de investimento por parte dos órgãos
governamentais, principalmente nas escolas da rede pública. A falta de infraestrutura — e aí
já estamos nos referindo aos equipamentos tecnológicos ou a qualidade deles— é um fator
complicador para a introdução da tecnologia no processo de ensino-aprendizagem.

De um modo geral podemos concordar com o pensamento de Abellón, [2015?] de que


é preciso aceitar as mudanças e fazer da tecnologia uma aliada. O papel do professor continua
sendo importante para filtrar a grande quantidade de informação e transmitir o conhecimento
de maneira adequada para os alunos e principalmente ser o mentor do aluno mostrando as
diversas formas de como aprender, diz ele. Mas também é importante dar o apoio através de
cursos de capacitação/formação regular aos educadores e estar atento à infraestrutura
necessária para o desempenho da qual função exige.
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2.2 O AVANÇO TECNOLÓGICO E O POTENCIAL PEDAGÓGICO

Com professores competentes e nas condições apropriadas, o uso da tecnologia na


educação permite criar espaços de ensino e aprendizagem que facilitem o desenvolvimento
das competências que a sociedade e a economia esperam dos estudantes hoje. A formação de
competências, incluídas as digitais, é cada vez mais importante no âmbito educativo como
uma necessidade para a inclusão na sociedade do conhecimento: a tecnologia não é tão
somente um potente recurso para o aprendizado, mas também uma ferramenta cada vez mais
relevante para a vida. Portanto, o potencial da tecnologia não se refere somente à
alfabetização digital, já que também poderá ser utilizada para promover competências
modernas e melhorar o desempenho educativo dos alunos em todos os domínios. (PEDRÓ,
2016)

As pesquisas comprovaram que os alunos aprendem melhor quando participam


ativamente ―na construção de‖ seu conhecimento, por meio de uma combinação de
experiência direta, interpretação pessoal e interações estruturadas com seus colegas e com o
professor. Quando se posicionam no papel relativamente passivo de, simplesmente, receber a
informação que chega até eles por meio de lições e da leitura dos livros didáticos (o modelo
de ―transmissão‖), frequentemente não conseguem desenvolver compreensão suficiente para
aplicar o que aprenderam em situações fora dos textos e das aulas, o que o Programa PISA da
OCDE evidenciou reiteradamente. Além disso, os alunos têm diferentes estilos de
aprendizagem. O uso de métodos de ensino e aprendizagem que forem além das lições e dos
livros didáticos poderá ajudar os estudantes a aprender melhor a partir de uma combinação de
recursos adequadamente orquestrados pelo professor. (PEDRÓ, 2016)

Um dos pontos de relevância do estudo realizado pelo movimento ―Todos pela


Educação‖ está no discernimento dos professores sobre o impacto do uso tecnológico para o
aluno, que pode ser um fator determinante de decisão sobre o seu uso. Segundo esse estudo,
34% dos docentes acreditam que o principal impacto positivo é a motivação dos alunos e 11%
veem a melhora no desempenho escolar como dimensão mais relevante.

Fazendo uma conexão com os impactos para a própria formação docente, 96% dos
entrevistados acreditam que, com o uso da tecnologia, suas habilidades como docente se
ampliam.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Iniciamos um novo século, o século da intitulada ―Geração 2.000‖ ou ―Geração Y‖.


Nesta nova era nos deparamos com o crescimento exponencial do uso da rede de internet
diariamente, como as redes sociais, e-mails, aplicativos de mensagem instantânea, Internet
Banking, dentre tantos outros serviços que ela nos disponibiliza. Cresce também a oferta de
cursos online, a procura por cursos a distância e os ambientes virtuais de aprendizagem. Hoje
estamos experimentando um tempo onde prevalece uma economia globalizada, onde a
educação não se submete mais a fronteiras e nem nacionalidades, onde o desenvolvimento
tecnológico nos permite estar conectado ao mundo rapidamente e instantaneamente através
dos avanços da comunicação e da informática.
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Diante desta transformação global é necessário que as instituições educacionais


acompanhem essas transformações e busquem modelos modernos de gestão que privilegiem
um ensino de qualidade para a denominada ―Geração Y‖.

É notório que a concepção de ensino como simples difusão de conteúdos vai perder
espaço para as novidades metodológicas digitais que ajudam no desenvolvimento das
competências dos estudantes, e torná-los cidadãos mais críticos e independentes. No entanto
não podemos esquecer que ainda sim a base primordial, essencial e imprescindível da
qualidade no processo educativo é atribuição exclusiva do educador, que será o responsável
direto por aliar à tecnologia digital a educação dos estudantes.

Segundo Pedró (2016), se os estudantes não encontram em sala de aula docentes


capazes de gerar mais oportunidades de aprendizado, não haverá melhora genuína da
qualidade educativa. Infelizmente, há muitos indícios que sugerem que a situação
predominante da docência na América Latina não é a desejável e, consequentemente, o
desafio do desenvolvimento docente é monumental: configurar uma carreira profissional
capaz de atrair os jovens com talento para a docência, formar adequadamente os candidatos,
reter os professores competentes nas salas de aula (especialmente nos setores menos
favorecidos) e fazer do desenvolvimento profissional uma necessidade e uma exigência com
incentivos. Dado o caráter sistêmico de todos esses processos, é difícil um deles avançar sem
os outros. O desenvolvimento docente é, assim, o requerimento básico para conseguir uma
verdadeira transformação da escola.

REFERÊNCIAS

DA SILVA, Rodrigues Abrantes. O Impacto da Tecnologia na Educação. Revista


Direcional Escolas (online). São Paulo - SP, 2014. Disponível em: <
https://direcionalescolas.com.br/o-impacto-da-tecnologia-na-educacao/> Acesso em:
15/09/2018.

FONTOURA, Juliana. Quais os Desafios dos Professores para Incorporar as Novas


Tecnologias no Ensino. Revista Educação. Edição n°249. Editora Sacramento. São Paulo -
SP, 2014. Disponível em: http://www.revistaeducacao.com.br/quais-os-desafios-dos-
professores-para-incorporar-as-novas-tecnologias-no-ensino/> Acesso em: 15/09/2018.

CUNHA, Maria José dos Santos. Formação de Professores: Um Desafio para o Século
XXI. Actas do X Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia. Braga,
Portugal. Universidade do Minho, 2009. Disponível em:<
http://www.educacion.udc.es/grupos/gipdae/documentos/congreso/xcongreso/pdfs/t3/t3c73.pd
f> Acesso em: 17/09/2018.

ABELLÓN, Marcos. Educador: É Preciso Ter Medo da Tecnologia? CBP Educacional.


Conecte Comunicação. Tatuí, SP. [2015?] Disponível em:<
https://educacional.cpb.com.br/conteudos/universo-educacao/educador-e-preciso-ter-medo-
da-tecnologia/ > Acesso em: 12/09/2018.

BIBIANO, Bianca. Para Professores e Escolas, é Mudar ou Morrer. Revista Veja. Editora
Abril. São Paulo, SP. 2014. Disponível em:< https://veja.abril.com.br/educacao/para-
professores-e-escolas-e-mudar-ou-morrer-diz-estudioso/> Acesso em: 22/09/2018.
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PEDRÓ, Francesc. A Tecnologia e as Transformações da Educação. Fundação Santillana.


Editora Moderna. 2016. São Paulo, SP. Disponível em:
<https://fundacaosantillana.org.br/pdfs/santillana_LAC150216_Portugues.pdf Acesso em:
14/10/2018.

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