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Capítulo 1
Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
INVENTÁRIO FLORESTAL
1. Conceitos
A importância da madeira para o homem, como produto direto e de outros bens indiretos, acentua a
necessidade de procedimentos eficientes para quantificar e avaliar os povoamentos florestais.
Entre as técnicas de estimação da produção florestal, destaca-se o inventário florestal, o qual pode ser
realizado sob diferentes níveis de detalhamento e em diferentes pontos no tempo.
De acordo com Husch et al. (2003), os inventários florestais “são procedimentos para obter informações
sobre quantidades e qualidades dos recursos florestais e de muitas características das áreas sobre as
quais as árvores estão crescendo”.
Embora existam inúmeros procedimentos, um inventário florestal completo pode fornecer diversas
informações, entre elas:
a. Estimativas de área.
b. Descrição da topografia.
c. Mapeamento da propriedade.
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Informações adicionais sobre fauna, recursos hídricos, entre outras, podem ser coletadas, quando
necessárias. A ênfase sobre determinado elemento no inventário florestal será maior ou menor, em
função dos seus objetivos.
O seguinte checklist, adaptado de Husch et al. (2003), inclui todos, ou quase todos, os itens que devem
ser considerados no planejamento de um inventário florestal por amostragem. No entanto, cabe salientar
que os itens abaixo nem sempre têm a mesma importância ou são todos necessários nos inventários
florestais:
1. Objetivos do inventário
2. Informações iniciais
c. Disponibilidade de recursos.
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3. Descrição da área
a. Localização.
b. Tamanho (hectares).
a. Determinação da área coberta por floresta (por meio de imagens, fotos e medições em campo).
b. Definição da variável de interesse: peso ou volume; e unidades: m3, kg, st, ...
f. Nível de probabilidade.
h. Tempo e custo para as fases do trabalho de campo (alocação de parcelas, determinação da área,
...).
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d. Procedimentos para obtenção das informações quantitativas (DAP, altura, ...) e qualitativas.
e. Instrumentos e equipamentos.
7. Relatório final
a. Formato.
d. Número de cópias.
e. Distribuição.
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8. Manutenção
9. Tempo e custo total (mapeamento, trabalho de campo, compilação, relatório final e estocagem dos
dados).
Existem vários tipos de inventário, os quais são normalmente definidos pelo seu objetivo. Entre os mais
comuns, citam-se:
c) Inventário florestal contínuo', realizado com o objetivo de verificar as mudanças ocorridas em uma
floresta, em determinado período de tempo.
d) Inventário para planos de manejo: realizado com alto grau de detalhamento, chegando às
estimativas por classe de diâmetro, por espécie.
A literatura apresenta-se, ainda, muito diversificada quanto à classificação dos inventários. De forma
genérica, os inventários florestais também podem ser assim classificados:
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a.2) Amostragem: constituem a maioria dos inventários realizados em todo o mundo. Nesses
inventários, observa-se parte da população, obtendo estimativas dos seus parâmetros. A
amostragem permite obter estimativas precisas e exatas de diferentes parâmetros populacionais
em menor tempo e custo, caso a floresta possua extensa área.
b. 2) Inventários contínuos: este é realizado várias vezes. Nesse caso, a estrutura da amostragem
é materializada de forma mais duradoura, para poder medir novamente os mesmos elementos
(árvores) ao longo do tempo.
c. Quanto ao detalhamento
c. 1) Inventário exploratório: a coleta de dados, neste caso, é mínima, uma vez que o inventário é
realizado para avaliar a cobertura florestal (tipos) e a extensão das áreas.
c.3) Inventário detalhado: as informações são obtidas com precisão até o nível de classe
diamétrica.
4. Referência Bibliográfica
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HUSCH, B.; MILLER,C.I; KERSHAW, J. Forest mensuration. 4. ed. New Jersey: John Willey e Sons,
Inc, 2003. 443 p.
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Capítulo 2
Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
1. Preliminares
A literatura sobre inventário florestal descreve o censo ou inventário 100% como sendo apropriado para
pequenas áreas florestadas ou áreas com pequeno número de indivíduos, uma vez que a medição de
muitos indivíduos (árvores) constitui atividade com grande dispêndio de tempo e com um custo muito
elevado.
Mesmo sendo realizado em pequena floresta, o censo pode acarretar erros na coleta de dados. Isso se
deve ao fato de que, normalmente, as florestas, sejam elas plantadas ou naturais, possuem grande
número de árvores por unidade de área. Assim, embora o censo ou inventário 100% não possua erro de
amostragem, devido à medição de toda a população, podem ocorrer erros de não-amostragem, os quais
são de difícil detecção.
No entanto, houve uma mudança com relação à aplicação do censo ou inventário 100%, ou seja, de que
ele deveria ser realizado em função do tamanho da área da floresta ou da densidade do número de
árvores. A partir da publicação da Instrução Normativa n° 4, de 4 de março de 2002, pelo Ministério do
Meio Ambiente (MMA), o inventário 100% com mapeamento das árvores é uma operação obrigatória nos
planos de manejo equatorial, independentemente da área da floresta.
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A realização do censo ou inventário 100% de acordo com a Instrução Normativa n° 4, de março de 2002,
possibilita o planejamento de todas as atividade relacionadas à proteção, preservação e conservação de
árvores e de comunidades florestais, além de facilitar a fiscalização e autuação pelos órgão
responsáveis.
Os dados obtidos do inventário 100%, juntamente com o mapeamento das árvores, em coordenadas
UTM, integrados e proces-sados em um Sistema de Informações Geográficas (SIG), geram mapas com
a localização das árvores, a infra-estrutura e o acesso à área, respec-tivamente. O uso desta tecnologia
permite maior controle sobre as infor-mações, de forma a apoiar decisões de intervenções futuras na
floresta.
Freitas (2001) utilizou uma metodologia que consistiu na divisão da área destinada ao manejo florestal
em talhões, sendo estes subdivididos em setores de inventário de 40 m de largura e comprimento
variável, conforme forma do talhão.
De acordo com esse autor, antes do início da coleta dos dados, picadas são abertas na floresta
eqüidistantes 40 m uma das outras. A cada 30 metros, ao longo de cada picada, são colocados piquetes
com aproximadamente 1,20 m de altura para servir de referência às medições das coordenadas de
localização (x, y) das árvores, cujos DAPs se apresentam superiores ou iguais a um diâmetro mínimo de
inclusão (por exemplo: DAP > 20 cm).
A forma de obtenção dos dados e de caminhamento em cada setor de inventário se deu da seguinte
forma: um anotador (líder), munido de um equipamento digital de medição denominado Vertex,
caminhava na picada aberta, e três pessoas faziam a varredura dentro do setor a ser inventariado, a fim
de encontrar árvores com DAPs superiores ou iguais ao diâmetro mínimo de inclusão. A
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Como exemplos de outras metodologias para a realização do inventário 100%, têm-se as relatadas nos
parágrafos subseqüentes.
Fupef (1983) utilizou uma metodologia que consistiu no caminhamento dentro de faixas (setores) de
floresta de 50 m por 1.000 m, em um inventário de prospecção. Sete pessoas auxiliavam as tarefas de
medição do DAP, altura, identificação, planejamento e determinação da localização das árvores por meio
de varredura das faixas. O rendimento da operação ficou entre 10 e 15 hectares por dia.
Amaral et al. (1998) recomendaram que a largura das faixas (setores) no inventário de prospecção não
fosse superior a 50 m. Neste trabalho, o censo foi realizado com uma equipe de quatro pessoas: dois
ajudantes, um identificador e um anotador. Os ajudantes percorriam as bordas da faixa (setores) de
inventário, procurando árvores passíveis de serem mapeadas, enquanto o identificador e o anotador se
deslocavam pelo centro da faixa. Quando uma árvore era identificada, eles mediam a distância no
sentido do eixo central da faixa e a distância até a árvore, gerando, assim, as coordenadas (x, y) para o
mapeamento das árvores.
No sistema Ce/os de Manejo, adotado nas florestas do Suriname (BODEGON e GRAAF, 1994), as
subunidades, chamadas de setor de prospecção, apresentavam dimensões de 40 m por 250 m (1 ha).
Os membros da equipe de campo (cinco pessoas) posicionavam-se eqüidistantes 10 m uns dos outros,
e, ao sinal do líder, a equipe se locomovia no sentido do maior comprimento (250 m), fazendo uma
varredura no setor. Quando uma árvore comercial era identificada, a equipe parava, e os dados da
árvore eram informados ao líder, que também anotava a distância percorrida em um eixo x e a distância
até o ajudante (eixo y). Essa operação se repetia até que todas as árvores do setor fossem mapeadas e
medidas. Terminado um setor, a equipe de campo começava outro setor, e assim sucessivamente até a
realização do mapeamento das árvores comerciais na floresta. Uma equipe bem treinada podia realizar a
varredura em uma área entre 20 e 25 hectares em um dia.
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3. Referências Bibliográficas
AMARAL, P. et al. Florestas para sempre: um manual para a produção de madeira na Amazônia.
Belém, PA: IMAZON, 1998.137 p.
BODEGON, A.J.; GRAAF, N.R. van de. Sistema Celos de Manejo. Wageningen, Holanda: IKC
naturbeheer/LNV - Centro Nacional de Referência para a Natureza, Florestas e Paisagem, 1994. 58 p.
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Capítulo 3
Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
TEORIA DE AMOSTRAGEM
1. Conceitos básicos
De acordo com a teoria de amostragem, alguns conceitos são fundamentais para o perfeito
entendimento deste assunto, entre eles:
a) População: é um universo dentro do senso estatístico que contempla duas pressuposições básicas,
a saber (LOETSCH; HALLER, 1964):
2) Os indivíduos de uma população diferem entre si, de acordo com uma feição, atributo típico ou
característica denominada variável.
Em termos florestais, a primeira condição pode ser facilmente exemplificada ao se definir o tipo de
floresta a ser inventariada, plantada ou natural. Para a segunda condição, como a floresta é composta
por um conjunto de árvores, estas possuem características (feições), as quais serão contempladas pelo
inventário propriamente dito, por exemplo: diâmetros à altura do peito (DAP), altura, área basal, volume,
incremento, idade etc.
A população, numa consideração teórica, sobre a qual a teoria da amostragem se baseia, pode
apresentar tamanho finito ou infinito. Quando finito, o último elemento da população é conhecido.
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b) Amostra: trata-se de uma porção de dada população que é examinada, permitindo, a partir daí, que
se façam inferências sobre a população em questão (SHIVER; BORDERS, 1996).
c) Unidades de amostra: consistem nas unidades em que serão realizadas as avaliações quantitativas
e qualitativas sobre as feições de uma população. Em se tratando de inventários florestais, existem
populações que são marcadamente heterogêneas em sua composição e, por isso, o processo de
seleção das unidades de amostra se torna atividade de suma importância no processo como um todo
(LOETSCH; HALLER, 1964).
d) Quadro de amostra: é uma lista com todas as unidades de amostra que compõem a população.
e) Parâmetro ou característica de uma população: é um valor ou constante que é obtido para dada
variável de interesse, se todas as unidades de amostra de uma população forem mensuradas
(SHIVER; BORDERS, 1996). Consiste do principal objetivo de qualquer processo amostrai a
estimativa de um ou mais parâmetros de uma população. O valor estimado de um parâmetro é sempre
referido como uma estimativa, cujo valor deve ser o mais próximo do verdadeiro valor de um
parâmetro populacional (LOETSCH; HALLER, 1964; HUSCH et al„ 2003; SHIVER; BORDERS, 1996).
f) Estimadores: nada mais são do que fórmulas matemáticas usadas no intuito de condensar as
informações obtidas através da amostragem, em um único número, a estimativa.
g) Precisão: define o poder de um estimador ou, em outras palavras, o quão próximo o estimador
consegue estar do verdadeiro valor de um parâmetro de uma população. A precisão de uma
estimativa depende, dentre outros fatores, da variabilidade da população, do tamanho da amostra e do
delineamento de amostragem empregado no inventário florestal.
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i) Erro de amostragem: trata-se do erro que se incorre por se avaliar apenas parte da população.
Segundo Shiver e Borders (1996), três fatores aumentam a probabilidade de ocorrência do erro de
amostragem: o tamanho da amostra, a variabilidade das unidades de amostra dentro da população e o
método de seleção das unidades de amostra. É notório que amostras maiores, selecionadas sem
tendência, propiciam estimativas com menor porcentagem de erro. Se todas as unidades de amostra que
compõem uma população fossem amostradas (inventário 100%), o erro de amostragem seria igual a
zero.
j) Erros de não-amostragem: são aqueles que não são advindos do processo de amostragem.
Segundo Husch et al. (2003), os erros de não-amostragem podem contribuir significativamente para o
erro da estimativa de um inventário, podendo ser, inclusive, maior que o erro de amostragem.
Precauções devem ser tomadas para minimizar a ocorrência desses tipos de erros, pois, uma vez que
ocorram, são difíceis de detectar e eliminar; podem ocorrer tanto para o inventário total ou 100%
quanto para inventários por amostragem.
Os erros de não-amostragem podem ocorrer de várias maneiras, mas principalmente devido a equívocos
na alocação das unidades de amostra, nas tomadas de dados (medições de árvores) ou no registro dos
dados ou das observações, emprego de métodos falhos na compilação e erros no processamento dos
dados (cálculos, uso de estimadores tendenciosos, falhas nos softwares utilizados etc.).
Os erros de não-amostragem podem ser classificados em dois tipos gerais, dependendo da forma de
como eles surgem (excluindo os erros grosseiros ocasionais devido a descuidos ou desatenção):
Se os erros de medição ocorrerem casualmente, é esperado que a sua média se aproxime de zero. Se a
média dos erros é diferente de zero, a tendência é introduzida, causando erros sistemáticos nas
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estimativas ou “bias”.
Todos os inventários florestais estão sujeitos a erros de amostragem e de não-amostragem. Juntos, eles
perfazem o erro total da estimativa. O erro total é a diferença entre a estimativa de uma amostra e o
valor verdadeiro da população. Se não existirem erros de não-amostragem, o erro total é equivalente ao
erro de amostragem.
A variância de uma amostra, composta por n unidades de amostra, considerando uma variável aleatória
Èfc-tf
= ________
n-i
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Vy ! v i=1 ^
s. f______»
n-1
CV =± = .100
Y
2.1.1. Exemplo
Para melhor entendimento dos cálculos das medidas de dispersão: variância, desvio-padrão e
coeficiente de variação, considere o exemplo hipotético do Quadro 3.1, em que os dados representam os
volumes de cinco parcelas tomadas ao acaso em três florestas.
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Número da Floresta
Parcela i ii III
i 20 25 50
2 20 15 2
3 20 20 10
4 20 28 8
5 20 12 30
Total 100 100 100
Média 20 20 20
Embora as três florestas tenham uma mesma produção volumétrica média, podendo indicar uma
igualdade entre elas, é evidente que essas florestas são totalmente diferentes entre si. As diferenças
entre os volumes individuais observados evidenciam maior ou menor variação entre eles, conforme as
estimativas das medidas de dispersão dos volumes em relação às médias apresentadas no Quadro 3.2.
Na floresta I, os valores das medidas de variação são zero, pois os volumes são iguais em todas as
parcelas medidas.
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X 5'-
2 \ i=l {loof
zx n 2178-
" 44,50 (m5)2
n-1
7 -? \ i=1 [100 f
3.56S ■
J— = 392,0 (msp
n-1 4
8 19 80
CV = ± -4 100 = ± . 100 = ±99,0%
Y 20
A variância, como medida de variabilidade entre as unidades de amostra, está relacionada muitas vezes
ao tamanho da média dessas unidades. Assim, valores observados superiores tendem a dar maiores
variâncias. Por exemplo, a variância das alturas das árvores seria maior que a das alturas de uma
população de estudantes. O coeficiente de variação, por sua vez, deixa a expressão de variabilidade em
uma base relativa. Assim, a população das alturas das árvores pode ter um desvio-padrão de 1,45 m,
enquanto o desvio-padrão da população de estudantes pode ser de 0,18 m. Em unidades absolutas, as
alturas das árvores variam mais que as dos estudantes. Porém, se a média das alturas das árvores for
13,2 m e a das alturas dos estudantes 1,65 m, as duas populações terão variabilidade relativamente
semelhante, com um coeficiente de variação de 11%.
A variância também depende da unidade de medida empregada. Se as alturas dos estudantes tivessem
sido medidas em centímetros, o desvio-padrão seria 100 vezes maior, isto é, 0,18 x 100 = 18 cm.
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Igualmente às unidades de amostra individuais numa população, as estimativas da amostra são sujeitas
à variação. É óbvio que o volume médio estimado de uma amostra de 15 unidades não será o mesmo
obtido de outra de igual tamanho. As estimativas médias diferem entre si porque são observadas em
amostras diferentes, embora de mesmo tamanho. As estimativas médias, portanto, dispersam em torno
de uma média geral.
Uma estimativa média quase não possui valor se não houver indicação de sua confiabilidade. Em termos
gerais, o erro-padrão é a medida que expressa o grau de confiabilidade de uma estimativa média.
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estarão a um erro-padrão do valor estimado, a menos que tenha ocorrido uma chance em três na
amostragem (33,33%). Para um valor médio do diâmetro igual a 26,5 cm, com um erro-padrão de
2,5 cm, pode-se dizer que a média verdadeira da população se encontra dentro dos limites de 24,0 a
29,0 cm. Assim, esses valores são chamados de limites de confiança, em uma probabilidade de 67%.
Ampliando os limites para outros níveis de probabilidade, pode-se ter mais confiabilidade na inclusão do
parâmetro da população. Na estimativa da média de mais ou menos dois erros-padrão, têm-se os limites
de confiança para o parâmetro, a menos que uma chance em 20 ocorra (5%), ou seja, definem-se os
limites de confiança para uma probabilidade de 95%. Semelhantemente, os limites de confiança para a
probabilidade de 99% são definidos considerando-se mais ou menos 2,6 erros-padrão. Esse intervalo de
confiança conterá o verdadeiro valor do parâmetro da população, a menos que uma chance em 100
ocorra.
Deve-se enfatizar que esse método de computar os limites de confiança fornecerá válidas aproximações
somente em grandes amostras; em geral, uma amostra grande é composta de pelo menos 30
observações. Entretanto, os limites de confiança podem se tornar mais amplos em dado nível de
probabilidade, multiplicando-se o erro-padrão pelo valor de “t”, encontrado na tabela de distribuição
de Student.
O erro-padrão da média, ou simplesmente erro-padrão, para uma população infinita é calculado pela
seguinte expressão:
*
Floresta II
*
Floresta III
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S y = ± J — = ±8,85 m3
Os erros-padrão expressos em porcentagem das respectivas médias, nas duas florestas são:
* Floresta II
±2,9S
.100= ±14,90%
20
* Floresta III
Sr + 8*85
Sr(%) = JL .100 = ^^.100= ±44,20%
1 Y 20
Tais erros-padrão, portanto, multiplicados pelos valores de “t”, em determinado nível de probabilidade,
expressam o erro de amostragem, tanto em unidades absolutas (s^ t) ou em porcentagem da média
estimada, dado por:
E%=±?L±L,ioo
Y
Assim, nas florestas II e III, os erros de amostragem, considerando um nível de probabilidade de 95% e
valor de t = 2,776, para quatro graus de liberdade, são, respectivamente:
* Floresta II
2,98.2,776
E% = ± .100= ±41,36%
20
* Floresta III
8,85.2,776
E% = ± -- ------- ------ . 100 = ± 122,84%
20
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Seja N o número total de unidades de amostra que compõem uma população e que uma amostra de
tamanho ntenha sido selecionada nessa população. Então, a fração de amostragem, ou intensidade de
amostragem, é n/N. Assim, o erro de amostragem se deve à parte não incluída no inventário, ou seja, à
fração 1-n/N (VAN LAAR; AKÇA, 2007). No caso de um inventário 100%, essa fração será zero,
pois n = N.
O valor, ou fração 1-n/N, é denominado “fator de correção para populações finitas”. Esse valor é incluído
na expressão do erro-padrão da média (Snr) para se obter uma estimativa apropriada do erro-padrão.
O erro-padrão da média para uma população finita é, portanto, calculado pela seguinte expressão:
As estimativas dos inventários florestais podem ser expressas num intervalo, com uma probabilidade
associada, denominado Intervalo de Confiança (IC). Como se sabe, o intervalo de confiança, que é
delimitado pelos limites de confiança, descreve os limites dentro dos quais se espera encontrar o
verdadeiro valor do parâmetro da população, a um dado nível de probabilidade. Os limites superior e
inferior do intervalo de confiança para a média (¥) são expressos pelo correspondente erro de
amostragem. Assim, o intervalo de confiança para determinada estimativa média é dado por: zí-i'r
O valor de “t”, para um nível de probabilidade selecionado, é obtido da tabela de distribuição de Student,
usando-se n-1 graus de liberdade, em que n é o tamanho da amostra.
No exemplo anterior, os intervalos de confiança da média estimada nas florestas II e III seriam,
respectivamente:
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* Floresta II
* Floresta III
Como não existe volume negativo (20 - 24,568 m3), o limite inferior do intervalo de confiança na floresta
III é igual a zero.
A estimativa da quantidade de madeira obtida em um inventário, em vez de ser expressa pela média e
seu intervalo de confiança, pode o ser também pela Estimativa Mínima Confiável (EMC), que expressa a
quantidade mínima de madeira que se esperava encontrar, associada a um nível de probabilidade.
No cálculo da EMC, é necessário conhecer a média e o seu erro-padrão, sendo a expressão da EMC
dada por:
EMC = Y - r . S f
Observe que essa expressão se parece com aquela que expressa o limite inferior do intervalo de
confiança (IC). Porém, o valor de “t”, para um nível de probabilidade definido, é obtido somente pelo lado
negativo da distribuição simétrica dos valores (teste unilateral). Usando uma tabela de “t”, o valor
apropriado seria obtido na coluna correspondente a duas vezes o nível de probabilidade requerido.
Assim, o valor de “t”, considerando um nível de probabilidade de 95% (a = 5%), será lido sobre a coluna
de indicação de 0,10 (10%), reconhecendo-se os graus de liberdade apropriados.
No exemplo anterior, as estimativas mínimas confiáveis, da média estimada nas florestas II e III,
considerando-se t = 2,132, para a = 10% e quatro graus de liberdade, seriam, respectivamente:
* Floresta II
EMC = 20 - 6353 nÊ
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* Floresta III
EMC = 20 -18,868
3. Delineamento de amostragem
De acordo com Husch et al. (2003), um delineamento de amostragem, para atingir os objetivos de
qualquer inventário florestal, é determinado:
2) Pelo tamanho, forma e alocação da unidade de amostra escolhida (quando o inventário utiliza
unidades de amostra de área fixa).
5) Pelos procedimentos adotados de medição das árvores nas unidades selecionadas e análise
dos dados resultantes.
Diante disso, o profissional envolvido em um inventário florestal dispõe de ampla gama de possibilidades
para conduzir essa atividade, pela variedade de especificações em cada um dos elementos
mencionados anteriormente, para se conseguir o grau de precisão desejado, a um custo especificado.
É importante ter a consciência de que não existe um único delineamento de amostragem de aplicação
universal. Um delineamento de amostragem é o produto final de uma série de considerações.
a) Os objetivos do inventário.
b) Os recursos disponíveis.
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Um dos objetivos centrais da mensuração florestal, segundo Prodan et al. (1997), é a obtenção do valor
total de algum atributo relacionado às árvores que compõem a floresta (área basal, volume etc.). Como,
as vezes, é impossível realizar o censo ou inventário 100%, os inventários florestais são feitos por
amostragem, sendo as árvores selecionadas individualmente ou em grupos, denominados “unidades de
amostra,” para a obtenção de estimativas dos atributos da floresta.
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As parcelas de área fixa podem se assemelhar a diferentes figuras geométricas, entre elas:
Fonte: Loetsch e Haller (1964), Loestch et al. (1973), Prodan (1968), Shiver e Borders (1996) e Malleux
(1982).
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A respeito da forma dessas unidades de amostra, a literatura descreve aspectos que devem ser
observados.
b) Os limites de uma unidade de amostra circular não são facilmente determinados, ao contrário das
unidades quadradas ou retangulares.
d) As parcelas retangulares têm grande porcentagem de bordadura, efeito esse que é mínimo em
parcela circular. Isso aumenta a possibilidade de se incorrer em erros de não amostragem, pela
inclusão ou omissão incorreta de indivíduos na borda de parcelas quadradas ou retangulares.
Quanto ao tamanho da unidade de amostra, não há informações acerca de qual seria o melhor tamanho.
De acordo com Schreuder et al. (1993), a unidade de amostra deve ter um tamanho tal que seja
suficiente para incluir um número representativo de árvores, porém pequeno o suficiente para que a
relação entre o tempo de estabelecimento versus tempo de trabalho na coleta de dados dessa unidade
não seja alta em demasia, o que oneraria os custos desse inventário.
Ainda de acordo com Schreuder et al. (1993), quando são utilizadas parcelas muito grandes no
inventário florestal, um pequeno número de unidades de amostra é utilizado para obtenção das
estimativas. Isso pode acarretar problema de ordem estatística, pois reduz consideravelmente os graus
de liberdade para cálculo das estatísticas como variância, desvio-padrão, erro-padrão, entre outras.
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Assim, não há um tamanho ótimo de unidade de amostra, haja vista, que este depende do grau de
agrupamento das árvores (densidade), do custo do processo de amostragem e da precisão das
estimativas. Na verdade, existe um intervalo limitado de tamanhos, no qual a eficiência da amostragem é
máxima, tanto em termos de precisão quanto de custo.
Para ilustrar essa observação, na literatura os tamanhos das unidades de amostra mais utilizados em
alguns países são: 100 a 500 m2, Alemanha; 800 a 1.000 m2, Canadá; 800 m2, Estados Unidos;
1.000 m2, Finlândia; 400 m2, Inglaterra; e 500 a 2.000 m2, Japão. No Brasil, inúmeros inventários
utilizam parcelas circulares ou retangulares entre 300 e 600 m2, em florestas plantadas; e parcelas
Cabe destacar que em povoamentos que são desbastados, ou seja, que sofreram retiradas de madeira
ao longo da sua rotação, as parcelas devem possuir um tamanho que, ao final da rotação, garanta um
número razoável de árvores para obtenção de estimativas precisas do estoque de madeira Campos e
Leite (2009). Em alguns trabalhos envolvendo desbaste em plantações de eucalipto no Brasil, as
Quanto à alocação das unidades de amostra, alguns cuidados devem ser tomados:
1) Em plantios, por exemplo, a alocação das unidades de amostra de área fixa deve obedecer às
linhas de plantio, para que as unidades representem a área útil de cada planta. O seguinte exemplo
ilustra essa situação.
Considerando um espaçamento de 3 x 3 m entre plantas, a área útil de cada planta será de 9 m2. Se
forem utilizadas árvores como limites da unidade de amostra, conforme a figura a seguir, ter-se-iam nove
árvores em uma parcela de 36 m2 de área, representando uma área útil por planta de 4 m2. Para
representar a área útil de 9 m2, a unidade de amostra deveria ter sido locada entre as linhas de plantio.
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O O O O O
Alocação
correta
0
2. Em terrenos com declividade maior do que 10°, a área da unidade de amostra deve ser corrigida,
de forma que fique no mesmo plano de referência (horizontal) dos mapas utilizados para a definição
do desenho da amostragem. A correção da área da unidade de amostra é feita pela seguinte
expressão:
A? = ax bcosf6)
em que: Ar= área reduzida ou área projetada no plano horizontal, em m1 2; a= menor lado da parcela, em
Segundo Campos e Leite (2009), há dois critérios para se definir o tamanho de uma amostra em um
inventário florestal, sendo eles:
1) Em função de determinada porcentagem da área da população a ser amostrada. Nesse caso, não
há como estabelecer a precisão da amostragem com antecipação, e o erro do inventário só será
conhecido após a sua conclusão. Por exemplo, algumas empresas do setor florestal definem uma
intensidade de 1:5 para um inventário pré-corte. Isso quer dizer que, a cada 5 ha, uma unidade de
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amostra de tamanho conhecido será lançada e medida no campo. Considerando que uma floresta
tenha 100 ha e a unidade de amostra possua 1.000 m2, serão lançadas 20 parcelas, correspondendo
a uma área total de amostragem igual a 2,0 ha, ou 2,0% da área da floresta. A experiência adquirida
pelo profissional e o conhecimento prévio dessa área são fundamentais para decidir quanto à
utilização de um percentual de amostragem da população.
De acordo com esse critério, a expressão que determina o número de unidades de amostras necessário
para atingir determinado nível de precisão, a dado nível de probabilidade, é dada por:
Populações finitas:
T.S-
FJ =
t\s-
E- +
N
termos absolutos; S2 = variância da característica analisada nas unidades de amostra; t = valor tabelado
da estatística “t” de Student, a dado nível de significância (a) e n-1 graus de liberdade; e N = número
total de unidades de amostra na população.
No caso de a precisão requerida ser estabelecida em termos porcentuais (E%), as expressões anteriores
ficam assim redefinidas:
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r. fcvy
n = —----- f-
(E%r
f.(CV)-
n=■
r.fCV r
(E%)- +
N
Uma vez definidos o tipo de unidade da amostra e o tamanho da unidade a ser empregada na
amostragem (no caso de unidades de área fixa); conhecida a área da população e definida a precisão
requerida, em valores absolutos ou em porcentagem, torna-se necessária a obtenção de uma estimativa
da variabilidade da característica de interesse na população (S ou CV) para determinar o tamanho da
amostra. Às vezes, tal estimativa pode ser obtida de levantamentos passados. Porém, quase sempre é
obtida em uma amostragem preliminar, através de um inventário-piloto.
foram utilizadas 10 parcelas de 800 m2 cada, distribuídas casualmente numa população de eucalipto de
250 ha e cujos volumes das parcelas estão apresentados a seguir. Suponha, também, que a precisão
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Parcela Volume
(Volum&p
N° (m‘)
I 37,76 1.425,8176
2 20.90 436.8100
3 20.31 412.4961
4 23.01 529.4601
5 14.43 208.2249
6 30.30 918.0900
7 19.95 398.0025
8 13.43 180.3649
9 20.22 408.8484
10 22.15 490.6625
Y V = 222,46 Mv2 = $408,7370
a) Média estimada
= 22,246 ms
n 10
b) Variância da amostra
[222,46 Y
5.408,7370
10
= 51j099í(tn)2
n—1 10-1
c) Desvio-padrão
d) Coeficiente de variação
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S 7 1484
CV = ± = 1 0 0 = ±----------- ■100 = 32,13%
V 22,246
e) Tamanho da amostra
Uma vez que a área de cada unidade de amostra é de 0,08 ha, na população cabem 3.125 unidades de
amostra (N). Sendo o valor tabelado de t em um nível de probabilidade igual a 95% e 9 graus de
liberdade, igual a 2,262, a primeira aproximação do tamanho da amostra será:
tJ.sJ , [51,0991
= 2§S
E2 , r . s r , (226# .(SÍ099j
NJ 3.125
n = 29 parcelas
Recalculando para t(5%; 28 gl) igual a 2,048, tem-se que o tamanho da amostra será:
(2,04S)- .(51,0991)
ií =----- 1 — 7 — : ---------— T = 23,6
(2,04Sy . {51,0991)
3.125
n = 24 parcelas
Conclusão: Para garantir a precisão requerida de ± 3 m3 são necessárias 24 parcelas. Posto que 10
parcelas já foram medidas no inventário-piloto, basta sortear e medir mais 14 parcelas para completar a
amostra.
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E % = 4.100
Y
E % = L . 1 0 G = —-—.100 = 13,486%
V 22,246
n = 29 parcelas
Recalculando para t(5%, 28 gl) = 2,048, tem-se que o tamanho da amostra será:
(2,04S\: . [32,13}:
fl = = 23,6
(2,04S} :. (32,i3}r
[13,4Só):' +
3.125
n = 24 parcelas
Verifica-se com esse resultado que, independentemente da expressão do erro (absoluto ou relativo), 24
unidades de amostra seriam necessárias para satisfazer a precisão requerida, no nível de 95% de
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probabilidade.
Alterando a precisão requerida de ± 13,486% para ± 20%, ou seja, diminuindo a precisão do inventário e
mantendo o nível de probabilidade de 95%, a primeira aproximação para o tamanho da amostra será:
„ &(cr)* =
, (2262? .{32J3Y
N^ 3.125
n = 14 parcelas
Recalculando para t(5%, 13 gl) = 2,160, tem-se que o tamanho da amostra será:
(J f.
2 60 M
” =------------ —----- rr---------- -=U,9
O
n = 12 parcelas
Nesse caso, diminuindo-se a precisão do inventário através do aumento do erro admissível (E%), em vez
de 24 parcelas seriam necessárias apenas 12, ou seja, seria preciso lançar e medir apenas mais duas
parcelas no campo.
Alterando o nível de probabilidade de 95% para 90%, ou seja, diminuindo a precisão do inventário e
mantendo a precisão requerida em ±20%, a primeira aproximação para o tamanho da amostra será:
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r.(CF) 2
— = S,6
(raf/’-W (2oY + (±wY.(32,13)
N 3.125
n - 9 parcelas
Recalculando para t(10%; 8 gl) = 1,860, tem-se que o tamanho da amostra será:
[1,860 f .{32J3f
=9
(-,cy! | BS
3.125
n = 9 parcelas
Na estimativa do tamanho da amostra (n), deve-se conhecer o efeito da escala de conversão dos valores
unitários, na estimativa da variância de população (S2). O mau uso da conversão dos volumes por
unidade de área e o desconhecimento da variabilidade dos volumes entre as parcelas de diferentes
áreas podem produzir estimativas tendenciosas dos parâmetros da população.
Para ilustrar o emprego das escalas de conversão, seja um inventário utilizando parcelas de 1.000 m2 de
área (1/10 do hectare), cuja variância (S2) entre os volumes das parcelas foi igual a 45,33(rm3)2. Se a
precisão requerida fosse expressa em m3 por hectare, seria necessário converter a especificação da
precisão, colocando-a na mesma unidade do desvio-padrão (S), ou converter a variância (S2) de forma
que ambas, a variância e a precisão requerida, fiquem na mesma escala de valores ou numa mesma
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base comparativa. Para converter a precisão requerida, nesse exemplo basta dividi-la por 10 e manter a
variância inalterada. O mesmo resultado pode ser obtido deixando a precisão especificada sem alteração
e colocando a variância na base comparativa de 1 ha. Lembre-se de que, se Y é uma variável com
rS" <7 _ r-ç o 2 _ jp-2 ç l
desvio-padrão, ', o desvio-padrão da variável Z = KY será 1 ; logo, a variância 2~ 1
Nesse exemplo, se os volumes por parcela são 10 vezes menores que as estimativas por hectare, eles
devem ser multiplicados por 10, para serem convertidos em hectare. Ou, para se colocar a variância
estimada na base de 1 ha, basta multiplicá-la por 100. A constante de conversão K é dada pela razão
entre a área de 1 ha e a área da unidade de amostra, considerando-se o exemplo anterior
S i = 10:. = 4.533 (m:):.
O tamanho da unidade de amostra tem efeito adicional na variabilidade da população. É esperado que a
variabilidade entre os volumes medidos em parcelas de menores tamanhos seja maior do que a obtida
com o emprego de maiores parcelas, numa mesma escala de medição. A relação entre o tamanho da
parcela e a variância da população muda de uma população para outra. Em populações muito
homogêneas e uniformes quanto à distribuição da variável de interesse, alterações nas áreas das
parcelas têm pouco efeito sobre a variância. Em populações cujas distribuições de freqüência e de
ocorrência são heterogêneas ou desuniformes, a relação entre o tamanho da parcela e a variância
dependerá da capacidade de representação do tamanho da parcela, principalmente quanto às
alterações naturais de aglomeração de árvores e de espécies e quanto à existência de clareiras, mais
comuns em populações de baixa densidade. As maiores parcelas tendem a representar uma variância
menor. A utilização de grandes parcelas, comparativamente às parcelas de menores áreas, é feita para
que nelas sejam captadas todas as alterações naturais da população, de forma que a variabilidade entre
as parcelas seja menor.
Essa mudança da variância em relação ao tamanho da parcela pode ser aproximada, considerando-se a
7”
seguinte relação: se parcelas de tamanho 1, apresentam variância então nas parcelas de tamanho
mantendo a mesma escala de medição, a variância '^3, será mais ou menos igual a: ^ =
Por exemplo, se a variância entre os volumes por unidade de amostra de 800 m2 fosse si a
variância entre os volumes por unidade de amostra de 2.000 m2 seria, aproximadamente, igual a:
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Na amostragem não-probabilística, as unidades que constituem a amostra não são selecionadas pelas
leis da chance, mas pelo julgamento pessoal ou sistematicamente.
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1. Amostragem seletiva
2. Amostragem sistemática
4. Referências Bibliográficas
CAMPOS, J.C.C.; LEITE, H.G. Mensuração florestal: perguntas e respostas. 3- ed. Viçosa, MG:
Editora UFV, 2009. 548 p.
HUSCH, B.; MILLER,C.I; KERSHAW, J. Forest mensuration. 4. ed. New Jersey: John Willey e Sons,
Inc, 2003. 443 p.
LOETSCH, F.; HALLER, K.E. Forestinventory. BLV-Munchen: Basel, Wien. 1964. v. 1,436 p.
LOETSCH, F.; HALLER, K.E.; ZOHRER, F. Forest inventory. 2. ed. Munich: BLV Verlagsgesellschaft,
1973. v. 2, 469 p.
MALLEUX, J. Inventários forestales en bosques tropicales. Peru: Univesidad Nacional Agrária, 1982.
PRODAN, M. Mensura forestal. [s.l.]: MCA BMZ/GTZ. 1997. v. 1, 560 p. (Serie Investigacion y educacion
en desarrollo sostenible).
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22/12/2018 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
SCHREUDER, H.T.; GREGOIRE, T.G.; WOOD. G.B. Sampling methods for multire-source forest
inventory. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1993. 446 p.
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Capítulo 4
Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
1. Conceitos básicos
A amostragem casual simples é o método básico de seleção probabilística em que, na seleção de uma
amostra composta de n unidades de amostra, todas as possíveis combinações das n unidades teriam as
mesmas chances de ser selecionadas. Os outros procedimentos de seleção são modificações deste,
elaborados com a finalidade de se conseguir maior economia e, ou, precisão. O fato de se dar a todas as
possíveis combinações de n unidades uma igual chance de pertencer a uma amostra de tamanho n, embora
seja difícil de se visualizar, é fácil de ser conseguido. Para isso, é apenas necessária a certeza de que, em
qualquer estágio da amostragem, a seleção de determinada unidade não seja influenciada pelas outras que já
tenham sido selecionadas, ou seja, de que as unidades de amostra sejam selecionadas independentemente
uma das outras e livres de escolhas deliberadas.
Um inventário florestal por amostragem normalmente requer o uso de um mapa da população para que se
possa elaborar uma estrutura de parcelas para seleção casual, da qual se retirará a amostra.
Uma das maneiras de se fazer a seleção de uma amostra sem influências estranhas ou restrição na
casualização, após serem atribuídos números a todas as n possíveis unidades que compõem a população, é
utilizar a tabela de números casuais, constante em livros de estatística. Outra maneira, muito comum, é ter os
números correspondentes às unidades de amostras escritos em pequenos discos de papelão ou em pedaços
de papel, os quais, depois de colocados num saco e bem misturados, são retirados ou sorteados, um número
de cada vez, independentemente, e sem imposição de nenhuma condição no processo casual de seleção. Tal
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procedimento pode ser utilizado desde que o número total de unidades de amostra não seja um valor muito
grande.
As unidades de amostra podem ser selecionadas com ou sem reposição. Numa seleção com reposição, cada
unidade aparece na amostra várias vezes, tantas quantas ela for selecionada, e a população, nesse caso,
pode ser considerada infinita. Na amostragem sem reposição, uma unidade aparecerá na amostra somente
uma única vez. A maioria dos inventários florestais é feita sem reposição das unidades. Em caso de grandes
populações finitas, os cálculos das médias e os erros-padrão podem ser feitos à semelhança dos realizados
de uma população infinita, desde que o fator de correção, 1 - n/N, se aproxime de 1. Quando são utilizados
pontos de amostragem, a população é considerada infinita, e a seleção das unidades de amostra pode ser
conduzida com reposição.
Considere uma floresta com 46,8 ha de área que, para efeito didático, foi inventariada 100% e dividida em 156
parcelas (13 colunas x 12 fileiras) de 0,3 ha cada, conforme Figura 4.1. A população de volumes, em m3 por
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parcela, é representada pelos números constantes nas unidades de amostra nessa figura. Os resultados
deste inventário 100% são:
Coiunai
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
I 34 28 27 59 72 25 52 18 35 23 21 22 14
F 2 39 41 0 32 22 37 44 20 32 32 35 20 22
i 3 27 63 46 40 33 56 43 24 47 6 31 25 45
1 4 48 29 25 59 42 91 40 45 31 17 12 14 14
€ 5 30 60 26 60 65 19 31 21 38 23 44 13 3
i 6 20 83 147 50 44 10 57 32 38 29 15 41 32
r 7 71 27 52 79 36 22 86 49 92 37 35 51 17
a S 32 26 62 31 22 73 18 29 14 20 4L 9 26
s
9 35 88 49 35 70 16 41 19 28 15 29 43 10
10 54 63 45 23 36 50 14 19 26 66 11 14 30
11 7 15 25 47 47 75 60 38 30 35 18 27 27
12 5 6 57 52 59 24 20 13 28 18 T
J.' 38 40
Figura 4.1 - Volume, em m3 por unidade de amostra de 0,3 ha, obtido pelo inventário 100% de uma floresta
dividida em 156 unidades de amostra.
2.1. Inventário-piloto
Com o objetivo de estimar o volume total da população e admitindo-se uma precisão requerida de = 20% e
um nível de probabilidade de 95%, realizou-se uma amostragem-piloto de tamanho n = 10, cujas unidades
foram selecionadas aleatoriamente na população da Figura 4.1, cujos resultados se encontram no Quadro
4.1.
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Sorteados
Unidades Coluna Fileira Volumes (m3) -Y Y1
1 2 2 41 1.681
2 5 3 33 1.089
3 8 3 24 576
4 ri 3 31 961
5 6 ó 10 100
6 8 ó 32 1.024
7 3 S 62 3.844
8 6 9 16 256
9 10 10 66 4.356
10 3 11 25 625
Totais => 340 14.512
Média => 34,0
Como a precisão requerida foi estabelecida em porcentagem e a população é finita, o tamanho da amostra é
calculado pela seguinte fórmula:
r .{cvy
Fí = ■
r . {cvf
[E°óf +
N
Assim, considerando os dados do Quadro 4.1, podem-se, então, obter as seguintes estatísticas:
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tir-M
Yj = 340 m3
Y = 34,0 m3
Yj2=14.512(m3)2
(.340?
14.512--
10 _ 2-952.
SJ =---------- 328,00 (m3)2
10-1 9
S = ±4328100 = ±18,1 m3
CV = ± — -100 = 53,2%
34,0
N = —— r=156 parcelas
0,3
De posse do coeficiente de variação calculado, do valor de t = 2,262, para nove graus de liberdade, no nível
de 95% de probabilidade, uma primeira aproximação do tamanho da amostra a ser utilizado no inventário
florestal definitivo será:
(2J62f. {53,2 f
, (2J62)2.(53lY ‘'
■■'m
n = 30 parcelas.
Como esse valor de n foi obtido com base em um número de graus de liberdade normalmente pequeno, deve-
se recalcular o valor de n, tomando como base o valor tabelado de t = 2,045, a 29 graus de liberdade (n-1) e
95% de probabilidade. Assim,
n = 25 parcelas
Logo, são necessárias 25 parcelas de 0,3 ha para garantir a precisão de = 20%, no nível de 95% de
probabilidade. Como foram lançadas inicialmente 10 parcelas, serão necessárias mais 15 para completar a
amostra.
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Devido ao fato de o valor da variância estimada da população indicar alta variabilidade dos dados em torno da
média, a intensidade de amostragem foi alta nesse caso (0,1602 ou 16%).
Uma vez determinado o tamanho da amostra no inventário-piloto, foram lançadas mais 15 parcelas e medidos
os respectivos volumes por unidade de amostra, obtendo-se os dados apresentados no Quadro 4.2.
Sorteados Volumes
Unidades Coluna Fileira Y Y-
1 2 2 41 1.681
■1
Z 5 3 33 1.089
3 & 3 24 576
4 11 3 31 961
5 6 6 10 100
6 S 6 32 1.024
7 3 S 62 3.844
8 6 9 16 256
9 10 10 66 4.356
10 3 11 25 625
11 5 6 44 1.936
12 1 11 7 49
13 3 12 57 3.249
14 5 S 22 484
15 4 S 31 961
16 7 4 40 1.600
17 7 3 43 1.849
IS 12 11 27 729
19 10 1 17 289
20 4 6 50 2.500
21 9 5 3S 1.444
22 T/ 12 20 400
23 10 11 35 1.225
24 9 4 31 961
25 13 S 26 676
Totais => S2S 32.864
Média => 33,12
a) Média estimada
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f= S2S
33,12 w3
25
b) Variância da amostra
32.864-&1
S2 =---------------- = 226,69 (m3)2
25-1
c) Desvio-padrão
S = ±4226,69 = ±15,06 m3
d) Coeficiente de variação
15,05
CV = ±—------- 100 = ±45,47%
33,12
e) Erro-padrão da média
226,69 f 25'
ST = ±
25 \ 156 j
S?=±2,76 ni3
Y = N - Y = ( 1 5 6 ) ■ (33,12)- 5.166,72 in
g) Erro de amostragem
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h) Intervalo de confiança
O intervalo de confiança (IC) para a média verdadeira da população (tL), a 95% de probabilidade, é:
I C = Y ± S f - t = 33,12± 5,697m3
IC = N.~Y ± N. Sj. t •
IC = 5.166,72 ± SS8,73m3
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Pelos resultados do inventário, no qual se empregou uma amostra inteiramente casual composta de 25
parcelas de 0,3 ha cada, para garantir uma precisão requerida de =20 % nível de probabilidade de 95%, as
seguintes estatísticas foram obtidas:
Considerando os intervalos de confiança obtidos no inventário por amostragem, verifica-se que os parâmetros
populacionais do inventário 100% encontram-se, respectivamente, entre os limites superior e inferior desses
intervalos.
O nível de probabilidade de 95% indica que é esperado que 5% do número total de amostras possíveis de
serem selecionadas nessa mesma floresta terão tanto o erro de estimação (exatidão) quanto a média da
população fora dos respectivos limites de confiança.
Para exemplificar esta probabilidade de ocorrência, foram feitos 20 inventários independentes, com 25
unidades de amostra cada, inteiramente casuais, considerando-se um nível de 95% de probabilidade. Por se
tratar de probabilidade, é possível que, em nenhuma das 20 estimativas, ou mesmo em mais de uma,
aconteça de se observarem o erro de estimação ou exatidão e a média da população fora dos limites dos
intervalos de confiança estabelecidos. Os resultados das 20 amostragens são apresentados no Quadro 4.3, e
os respectivos erros-padrão das médias (=r), erros de amostragens ( 3 r ' r ) e erros de estimação ($ ~ u ) são
representados graficamente na Figura 4.2.
Pela observação dos resultados do Quadro 4.3 e do comportamento dos elementos da Figura 4.2, verifica-se
que somente a amostra número 9 apresentou erro de estimação e média verdadeira da população fora dos
respectivos limites de confiança. Verifica-se, também, que os erros de amostragem absolutos dos 20
inventários variaram de ±4,59 m3 a ±9,59 m3 e em porcentuais (E%) de ± 14,0 a ±22,6%, não correspondendo
necessariamente às mesmas amostras. Observa-se que o inventário mais exato foi o de número 4 e o menos
exato, o de número 9. Pode-se notar, pela análise das colunas da exatidão e da precisão (Quadro 4.3), que os
inventários mais precisos não são, necessariamente, os mais exatos e que, de maneira geral, os mais exatos,
na maior parte das vezes, são os de melhores precisões.
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Quadro 4.3 - Resultados de 20 inventários independentes, com n=25 unidades de amostra cada, tomadas ao
acaso
Nüdo Volume médio por Erro de estimação Erro-padrão da Eito de Erro de Limites de: confiança
inventário parcela (exatidão) média amostragem amostragem % F + Sri Y-Sr.t
Y y-m E =±Sf í ±E% Ls Li
1 33.12 2,70 2,86 5,90 17.8 39,02 27J2
2 41.66 —5,84 5,56 7,26 17,4 48.92 34,40
3 30,66 -5,16 2,76 5,63 1 S,4 36,29 25,03
4 35,61 -0,31 5,17 6,47 18,2 41,98 29,04
5 41.27 -5.45 3,00 6,12 14,8 47,39 35,15
6 35.33 -0,49 3,48 7,10 20,1 42,43 28,23
42.06 -6,24 3,46 7,06 16,8 49,12 35,00
8 32.90 -2,92 2.64 5,39 16,4 38,29 27,51
28.42 -7,40 2,34 4,77 16,8 33,19 23,65
10 37,18 -1,36 4,08 8,32 22,4 45,50 28,86
11 30:30 -5,52 3.22 6,57 21,7 36,87 23,73
12 35.30 -0,52 2,93 5,98 16,9 41,28 29,32
13 37,45 -1,63 3,86 7,S7 21,0 45,32 29,58
14 37,00 -1,18 3,48 7,10 19,2 44,10 29,90
15 33,21 -2,61 2.82 5,75 17,3 38,96 27,46
16 32,75 -3,07 2,25 4,59 14,0 37,34 28,16
17 42,60 -6,78 4,70 9,59 22,5 52,19 33,01
18 41,21 -5,39 3,02 6,16 14,9 47,37 35,05
19 36,39 -0,57 2,96 6,04 16,6 42,43 30,35
20 40,54 44J2 4,50 9,18 22,6 49,72 31,36
Totais 72486 132,85 347,8
Médias 36,24 ±6,64 ±17,4
* Erro de estimação fora dos limites de confiança.
Figura 4.2 - Representação gráfica dos erros-padrão das médias e erros de amostragem e de estimação, com
20 amostras de 25 unidades cada.
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Capítulo 5
Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
1. Conceitos básicos
A distribuição e alocação de unidades de amostra de forma casual sobre uma área que será inventariada
somente será eficiente se a área for homogênea quanto à distribuição da variável de interesse.
Se a área não for homogênea, haja vista a presença de povoamentos com diferentes idades, espécies,
dentro de cada estrato for menor que aquela considerando a população toda.
Para melhor compreender o princípio de estratificação de uma população, considere o seguinte exemplo,
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2 o
A média da população (m) é igual a 22 m e a variância populacional é = 19,0 (m) .
Se dada amostra com três árvores fosse selecionada casualmente da população citada acima, o erro-
= ±2,llm
Se a população fosse dividida em três estratos homogêneos - um estrato consistindo das duas primeiras
árvores, o segundo consistindo das três árvores seguintes e o último estrato composto das cinco últimas
árvores a estimativa da média da população, selecionando-se apenas uma unidade casual em cada
estrato, seria uma média ponderada, tendo como peso ou fator de ponderamento o número total de
unidades em cada estrato (2, 3 e 5, respectivamente), representando o tamanho de cada estrato. Assim,
pode-se verificar, facilmente, que a média estimada, nesse caso, será idêntica à da população (m),
S- f
porém o erro-padrão da média estimada ( ) será zero, porque as unidades dentro dos estratos
Embora o exemplo apresentado seja um caso extremo, ele serve para fortalecer o que foi relatado antes
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Como vantagens da amostragem estratificada, em relação à amostragem casual simples, pode-se citar:
c) Para uma mesma precisão requerida, tem-se um menor tamanho da amostra, na amostragem
estrato é bem definido, em plantios, por exemplo, isso é fácil de ser verificado, porém no caso de
área total da floresta, ainda mais a área do estrato. O desenvolvimento de tecnologias de obtenção de
dados especiais tem facilitado a obtenção de áreas florestadas com certa precisão.
2. Critérios de estratificação
A estratificação é determinada pela subdivisão da floresta em estratos com base em alguns critérios,
como: características topográficas, tipos florestais, espécies ou clones, espaçamento, volume, altura,
idade, classe de sítio etc. Se possível, a estratificação deve ser baseada na mesma característica que
será estimada pelo procedimento de amostragem. Assim, se o volume por unidade de área é o
parâmetro a ser estimado, é desejável estratificar a floresta com base nas classes de volume. No
entanto, conveniências administrativas também devem servir de base para efeito da estratificação.
Muitas vezes, dependendo do objetivo do inventário, regiões geográficas compactas são preferidas para
constituir o estrato.
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Uma forma arbitrária de estratificação, freqüentemente usada em grandes áreas florestais onde existe
pouca base para algum tipo de subdivisão natural e, às vezes, empregada em inventários de florestas
nativas, principalmente onde não existem mapas ou fotografias aéreas disponíveis ou quando a
fotointerpretação revela pouca base para uma estratificação, é a divisão da floresta em blocos quadrados
ou retangulares de tamanhos conhecidos e uniformes. Esses blocos resultantes podem não ser
homogêneos, porém é evidente que existirá maior homogeneidade dentro dos menores blocos do que
No caso específico de florestas naturais tropicais, nas quais a população é composta por diferentes
espécies, árvores com diferentes idades, distribuídas sobre as mais diversas condições de locais (solo,
topografia, exposição ao sol etc.), a estratificação torna-se mais complexa, tendo em vista que, além
dessas características, outras, a exemplo da área basal, volume e número de árvores por hectare,
devem ser consideradas em conjunto. Nesses casos, há a necessidade de utilizar técnicas de análise
definidos:
em que: M = número total de estratos; e A/y = número total de unidades de amostra em cada j-ésimo
estrato, j = 1,2.........M.
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\£
"=Z"j
j=i
tr.
Y = j=i ou
N >' t p / j
j=i
tal que:
em que: Pj = proporção do número de unidades de amostra em cada estrato em relação ao número total
de unidades de amostra ou proporção da área total de cada estrato em relação à área total.
Y = N.Y
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Y = N- 7 -
/ FJ,
(população finita)
(população infinita)
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Para estimar o número de unidades de amostra a serem empregadas em um inventário florestal, cuja
população foi estratificada, é necessário ter informações preliminares sobre a variabilidade dos estratos,
seja por meio de um inventário-piloto, seja por outras formas de avaliações. É necessário, também,
simples.
O número total de unidades de amostra obtido em toda a população estratificada será, então, distribuído
nos diferentes estratos, de forma casual, pela fixação proporcional ou pela fixação ótima (método de
Neyman). Na fixação proporcional, a distribuição do número total de unidade de amostra nos diferentes
estratos é função da proporção das áreas dos estratos em relação à área total da população. Na fixação
p. = ^-
inclusive, a proporcionalidade de áreas, N , de cada j-ésimo estrato em relação à população.
Uma vez definida a área de uma unidade de amostra ou o fator de área basal, quando se tratar de uma
M
O TE-1 'í
J=l
n=
Yp-S-
(*f +■
N
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M
r.^PjS-
J=1
n =
(E)-
Se se pretende utilizar o método da fixação ótima, a estimação do tamanho da amostra, para dada
precisão, considerando-se uma população finita, é obtida pela aplicação da seguinte expressão:
r. E%sj
"> J=J
2
A 7
W
M
?!
(CV) para a população estratificada, que, nesse caso, é dado pela expressão:
.v/
EpJsJ
CV = ^-=--------- .100
Y
De posse do coeficiente de variação, o tamanho da amostra, para uma população finita, é dado por:
r.(CF)-
(E%r+líMl
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r ,(cf}:
" = —---------
[E%y
Se não quiser calcular o coeficiente de variação, basta transformar a precisão requerida porcentual para
I: iw
Essa estimativa de E será empregada nas fórmulas apropriadas para o cálculo de n nas fixações
Como discutido anteriormente, depois de se calcular o tamanho da amostra a ser empregado num
inventário florestal de uma população que foi estratificada, a alocação ou fixação das parcelas por
estrato pode ser feita de duas formas: pela fixação proporcional ou pela fixação ótima.
Por esse procedimento, o número de unidades de amostra a ser casualmente lançado em cada j-ésimo
estrato é proporcional ao tamanho do estrato. Assim, o tamanho da amostra, n , é multiplicado pela razão
entre a área do j-ésimo estrato e a área total da população, dada por Pj = N/N, para se obter a
jfc
f) — —- f) - P.n
J N J
Nesse método, não se consideram o custo da amostragem e as estimativas de variância. Dessa forma,
ele possui uma restrição própria: os grandes estratos sempre irão receber um número maior de parcelas
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desvios-padrão ou coeficientes de variação entre os volumes por unidade de amostra. No entanto, esse
método pode ser utilizado em uma amostragem inicial (inventário-piloto), uma vez que a variabilidade
Neste método, o número de amostra por estrato (nj) é função do desvio-padrão de cada j-ésimo estrato
ponderado pela proporcionalidade entre as áreas do estrato e da população. A fixação ótima pode ser
feita independentemente da igualdade, ou não, dos custos das unidades de amostras nos diferentes
estratos.
A fixação do número de unidades de amostra, considerando-se custos iguais, em cada j-ésimo estrato é
Pode-se verificar nestas fórmulas que, comparativamente à fixação proporcional, a distribuição pelo
método de Neyman leva em consideração a variabilidade dada pelos volumes por unidade de amostra
em cada estrato. Assim, esse método pode ser utilizado após o lançamento das unidades de amostra no
Para efeito da análise da amostragem estratificada, considere o seguinte exemplo. Assim, seja uma
população florestal com 45,0 ha, dividida em três áreas (subáreas), na qual se realizou um inventário-
piloto, distribuindo-se sete unidades de amostra de 0,1 ha de área na subárea 1; oito unidades na
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Volume (m3) - Y
Parcela
Subárea 1 Subárea 2 Subárea 3
i 7,90 10,20 10,65
2 3,80 15,25 12,15
3 4,40 13,40 14,60
4 6,25 13,60 10,90
5 5,55 14,20 16,55
6 8,10 9,85 17,90
7 6,10 10,20 13,35 Total
8 - 11,55 - Geral
42,10 98,25 96,10 236,45
E#-
Além dos dados apresentados no Quadro 5.1, considere ainda que as subáreas possuem 14,4 ha, 16,4
ha e 14,2 ha, respectivamente. O nível de probabilidade será igual a 95% e a precisão requerida, igual a
± 5%.
Com os dados desse exemplo, serão considerados três casos para exemplificar a eficiência da
3) Será considerada a amostragem casual estratificada, pela combinação das estimativas e das áreas
das subáreas, com a locação das unidades de amostra pelo método de fixação ótima.
1o Caso
a) Média estimada
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- _ 236,45
= J 0,743
22~
b) Variância da amostra
(23<5.45f
2.871,$725
22 15,7320(m5)2
c) Desvio-padrão
S = ±^15,7320 =±3,996
d) Coeficiente de variação
3 QQ6
CV - ± "' 100 = ± 36,89%
10,748
: ■ (cvf 2.082(35.8^
= 154.5 % 155parcelas
( E % f +IMI hf
N 450
Conclusão: Para garantir um erro de ± 5%, a 95% de probabilidade, seriam necessárias 143 parcelas.
Nesse caso, seria preciso lançar e medir mais 121 parcelas para a análise do inventário definitivo.
2o Caso
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* Subárea 1
b) Variância da amostra
268,8950
S~ = 2,616 (ms)2
6
c) Desvio-padrão
S = ±42816 =±1,617 m
d) Coeficiente de variação
7 7
CV = ± -—- -100 = ±26.89%
6,014
78.6 * 19parcelas
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1,994-^26,89)"
= 63.94 =4; 64parcelas
1.9942 .(26.89 f
(5f -+
144
Conclusão: Para garantir um erro de ± 5%, a 95% de probabilidade, seriam necessárias 64 parcelas.
Nesse caso, seria preciso lançar e medir mais 57 parcelas na subárea 1 para a análise do inventário
definitivo.
* Subárea 2
f=^ll = j2r2S125w3
S
b) Variância da amostra
(9S.25)* 2
1 237,2275-
S" 4,37
c) Desvio-padrão
d) Coeficiente de variação
2 091
cv ------ 100= ±17,02%
12,28125
2M52.(umy
n■ 45,45 a Al parcelas
\cvf 2J 65" .(17.02)2
(£%f+- (5f
N 154
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2.01477(17,02)2
3 6.55 sj 37 parcelas
(-5y . Z01477(17.02 )2
164
Conclusão: Para garantir um erro de ± 5%, a 95% de probabilidade, seriam necessárias 37 parcelas.
Nesse caso, seria preciso lançar e medir mais 29 parcelas na subárea 2 para a análise do inventário
definitivo.
* Subárea 3
Y = ^AR = lSí72S5ms
b) Variância da amostra
[96,10f
1365,55
7
= 7706 ( nr r
6
c) Desvio-padrão
S =±77,706= ±2,776 m3
d) Coeficiente de variação
■t. y ~7 /C
CV =± — -100 = ±20.22%
137285
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l(crf 2.447^.(2022)"
= 51 $6 * 58parcelas
'(cvf {5 j . 2A41 2 Í2022f
N 142
2,003". (2022)"
44,88 » 45pàrcêhis
2
5 f _ 2,003l(2022)
142
Conclusão: Para garantir um erro de ± 5%, a 95% de probabilidade, seriam necessárias 45 parcelas.
Nesse caso, seria preciso lançar e medir mais 38 parcelas na subárea 3 para a análise do inventário
definitivo.
Percebe-se que o inventário independente de cada subárea, através da amostragem casual simples, não
resultou em diminuição do tamanho da amostra, em comparação com o Caso 1. Isto poderia ter ocorrido
Caso 2 verifica-se que estes últimos são menores, indicando que a utilização da amostragem
estratificada pode ser mais eficiente, reduzindo o tamanho da amostra, para uma mesma precisão
3o Caso
Considerando agora cada subárea como um estrato, têm-se as seguintes estatísticas da amostragem
casual estratificada:
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Inventário-piloto
— 42J 0 j
= —=— = 6,014 m
YE = ^^- = 12,28125ms
„ 96,10 i
Y,„
■ m=---------- = 13,7285rjj
{423 O)2
26S,S950--
---- 7------= 2,616(ms f SI=±l,617ms
T
{98,25)7
1.237f2275-
s
--------8----- = 4,371(m3 f S, = ± 2,091 m
7
(96,ioy
1.365,55 - -
----- 7 - ---- = 7706(m 3 f S s =±2776m s
J
Para facilitar o cálculo do tamanho da amostra será necessário transformar a precisão requerida
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(£f +
N
n■ CLp±)
■1^;
(Ef-i N
2.08l(2J558):
n = (50,07 ^ 6Ipatvelas
(0,53663f+2-08'4-86j2
450
2.002.(2.1558)3
= 5613 a 51 parcelas
23D0 .4,8632
(0,53çm? +
450
Nesse caso, para garantir um erro de ± 5%, a 95% de probabilidade, seriam necessárias 57 parcelas,
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pjsj
J=!
0.7611
57 = 2012 jÈtus 20parcelas
21558
0*8772 7
fi rrr =----------• 57 = 2519 nm ~ 23 parcelas
21558
De acordo com o método de fixação ótima, será necessário lançar e medir mais 7 parcelas no estrato 1,
12 parcelas no estrato 2 e 16 parcelas no estrato 3. Assim sendo, considere os dados a seguir (Quadro
* Inventário definitivo
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Volume (m3) - Y
Parcela
Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3
1 7,90 10,20 10,65
2 3,80 15,25 12,15
3 4.40 13,40 14,60
4 6,25 13,60 10,90
5 5,55 14,20 16,55
6 8,10 9,85 17,90
7 6,10 10,20 13,35
3 6,60 11,55 14,90
9 7,40 9,25 9,70
10 5,35 11,30 15,20
11 5,90 13,95 13,45
12 4,65 12,70 12,40
13 4,25 10,15 14,45
14 S,25 14,90 13,55
15 10,80 12,30
16 11,55 15,65
17 13,90 14,20
18 9,20 17,80
19 12,45 14,80
20 11,90 9,35
21 12,60
22 13,80
23 15,85
84,5 240,3 316,1
K--J
M
Z = (5.03(5 m5
Yu =12.015 nP
Ym=UJ43^
7 = 10.6470 ííí 3
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Para facilitar o cálculo da variância da média estratificada foi elaborado o seguinte quadro auxiliar:
Estralo ü 4 Pj % PjSj m
Sj
i 14 144 0,320 2,1829 1,4775 0,6985 0,4728
n 20 164 0,364 3,6161 1,9016 1,3163 0,6922
ui 23 142 0,316 5,3192 2,3063 1,6809 0,7288
Totais 57 450 1,000 3,6957 1,8938
M \-
.lí
zm zpA (1.8938)2 3.6957 ,,,
Í=1 J 3*1 ----------= 0,0047 i (m3)2
S, N 57 450
S- = =^j0.05471 = ±0.2339 m3
g) Erro de amostragem
O erro de amostragem absoluto, a 95% de probabilidade, considerando o valor de t(5%, 56 gl) = 2,0,
será:
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S- t
■100 = = 0 ' i 6 / S ■100 = ±4.39%
7 10.(5470
Posto que a precisão requerida é de ± 5%, o número de unidades de amostra no inventário definitivo foi
suficiente para atender a essa precisão, haja vista que o erro de amostragem foi de 4,39%.
h) Intervalo de confiança
IC = [y±Sv r)
t, areada parcela ;
= 4.791.157210.51 w3
6. Referências Bibliográficas
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SHIVER, B.D.; BORDERS, B.E. Sampling techniques for forest resource inventory. 1. ed. New York.
SOUZA, A.L. Análise multivariada para manejo de florestas naturais: alternativas de produção
sustentada de madeiras para serraria. Curitiba: UFPr, 1989. 255 f. Tese (Doutorado em Ciência Florestal)
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Capítulo 6
Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
AMOSTRAGEM SISTEMÁTICA
1. Conceitos básicos
Segundo Loetsch et al. (1973) a amostragem sistemática consiste em selecionar unidades de amostra a
Todos os métodos de seleção sistemática das unidades de amostra não se baseiam na teoria de
1. Escolhe-se somente uma unidade de amostra ao acaso. As demais não são independentes
amostra e a da média não podem ser calculadas através dos estimadores usuais, como os da
2. Escolhida a amostra sistematicamente, todas as outras unidades de amostra que não a integram
têm probabilidade igual a zero de serem eleitas, enquanto as que integram-na possuem probabilidade
1 de seleção, ou seja, muitas unidades de amostra são, nesse caso, rejeitadas. Isso se contrapõe ao
A amostragem sistemática tem a vantagem de economizar tempo na obtenção dos dados de campo,
pois, com ela, tem-se menor tempo de caminhamento entre as unidades de amostra, pela uniformidade
de sua distribuição. Além disso, segundo Husch et al. (2003), outras razões justificam o uso da
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amostragem sistemática, entre elas: a redução de custos ocasionados pelo caminhamento entre as
unidades de amostra, a facilidade de seleção das unidades de amostra e a maior facilidade na alocação
das parcelas no campo, por estarem as unidades de amostra distribuídas uniformemente. Outra
vantagem, talvez a maior delas, é que, com o emprego do método, é possível mapear a população.
Utilizando-se faixas como unidades de amostra, a distribuição sistemática é acompanhada primeiro pela
divisão da área em N faixas. As unidades são, então, selecionadas em intervalos de Kfaixas, de forma a
comporem uma amostra de n faixas. O intervalo entre as faixas é dado pela seguinte expressão:
í?
em que: N = número total de faixas; e n = números de faixas para satisfazer determinada precisão
requerida.
A seleção das n faixas, em um esquema de amostragem sistemática, pode ser conduzida de duas
maneiras:
1. Selecionar aleatoriamente um número entre 1 e N para definir a primeira faixa a ser selecionada.
lado esquerdo da faixa inicialmente selecionada para compor uma amostra de n unidades.
2. Selecionar aleatoriamente um número entre 1 e K como sendo o número da faixa inicial. Todas as
faixas subseqüentes serão selecionadas, considerando-se um intervalo de K faixas para compor uma
amostra de n unidades.
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poderá fornecer um resultado levemente tendencioso se o valor de N não for múltiplo exato
Quando são utilizadas unidades de amostra, como parcelas de área fixa, em um esquema de
amostragem sistemática, a amostra deve ser tomada em duas dimensões, isto é, as unidades de
amostra têm de ser escolhidas em intervalo de K unidades em duas direções normais (90°),
considerando linhas e colunas. Para isso, deve-se dividir a população de acordo com o tamanho das
A seleção das unidades de amostra em um intervalo de K unidades pode ser conduzida de maneira
análoga à descrita para as faixas, considerando-se, contudo, duas dimensões em vez de uma. A seguir
são descritas duas maneiras de distribuir as unidades de amostra sistematicamente em uma floresta:
seguida, de forma semelhante, selecionar, aleatoriamente, uma das linhas. Os dois números indicam
seleção das unidades é feita considerando um quadrado de K por K unidades, de forma que a
primeira unidade de amostra seja selecionada entre 1 e K linhas e 1 e K colunas. Todas as unidades
4. O problema estatístico
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se deduzir um estimador para a variância da média, por meio de uma única amostra, haja vista que a
Para contornar esse problema, pode-se casualizar a primeira unidade de amostra e a partir dela,
seguindo um esquema rígido, selecionaras demais unidades, constituindo, dessa maneira, uma amostra
composta de n unidades. Esta amostra, por sua vez, pode ser considerada uma das possíveis
combinações de n unidades de amostra, em uma amostragem casual simples. Segundo Campos e Leite
(2009), as expressões dessa amostragem resultam em estimativas livres de tendência, à medida que
indivíduos.
Havendo heterogeneidade entre as áreas do povoamento florestal, deve-se proceder, quando possível, à
estratificação com posterior sistematização das unidades de amostra dentro de cada estrato, sendo a
primeira unidade de amostra selecionada ao acaso dentro do estrato. Dessa forma, utilizam-se as
Alternativamente à estratificação, pode se utilizar o método das diferenças sucessivas para o cálculo da
variância da média, em situações em que se verifica uma tendência linear (gradiente de variação) entre
elementos na população, deve-se utilizar esse método para o cálculo da variância da média, em vez do
estimador da variância da média na amostragem casual simples, uma vez que esse método considera
5. Exemplo
Para exemplificar o uso dos estimadores da amostragem casual simples e do estimador da variância da
média pelo método das diferenças sucessivas, considere os dados de um inventário realizado em uma
floresta de eucalipto de 10 ha, em que foram lançadas 18 parcelas de 0,02 ha de área cada, distribuídas
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1 2 3 4 5 6 Total
i 6 8 9 10 13 12 58
2 23 24 20 20 19 18 124
3 26 30 31 31 33 32 183
365
Para o exemplo em questão, foi considerado o seguinte sentido de caminhamento, indicado pelas setas:
6 -» 3 -f 9 10 -» 13 12
4
23 <- 24 <-20 <-20 <-19 <- 18
i
26 -» 30 ->■ 31 31 33 -» 32
1o) Caso
a) Média estimada
- 365 ,
Y =------- = 20,2S m3
IS
b) Variância da amostra
{365'f
8.795
IS
s- S1,9S( m3 )2
17
c) Desvio-padrão
S = ±^81,98 = ^9,054 m3
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d) Coeficiente de variação
9,054
CV = ± ■ J00 = ±44,64° o
20,28
e) Erro-padrão da média
\S1,98 f ] _
\í 18 500)
Sf =±2,095 m3
g) Erro de amostragem
ST-t 2,095.2,110
~Em —— ± ——— '100 — ± ■100 = ±21.80%
Y 20,28
h) Intervalo de confiança
IC = N/Y ± N. S- • t
IC = 10.140 ± 2.210,225 ms
Analisando a Figura 6.1, observa-se que os volumes das parcelas tendem a aumentar do início do
caminhamento para o final, indicando um gradiente de variação. Caso não seja possível identificar áreas
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homogêneas quanto à variável de interesse no campo para estratificar a floresta, o erro-padrão da média
' N-TI )
t
{*)
2o) Caso
Assim,
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j 102 f 500-1S\
Sy = ±0,4008 m3
2.18(17)' { 500 )
6. Referências Bibliográficas
CAMPOS, J.C.C.; LEITE, H.G. Mensuração florestal: perguntas e respostas. 3- ed. Viçosa, MG:
Editora UFV, 2009. 548 p.
HUSCH, B.; MILLER,C.I; KERSHAW, J. Forest mensuration. 4. ed. New Jersey: John Willey e Sons,
Inc, 2003. 443 p.
LOETSCH, F.; HALLER, K.E.; ZOHRER, F. Forest inventory. 2. ed. Munich: BLV Verlagsgesellschaft,
1973. v. 2, 469 p.
PELLICO NETO, S.; BRENA, D.A. Inventário florestal. Curitiba: [s.l.]: 1997. 316 p.
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Capítulo 7
Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
AMOSTRAGEM EM MULTIESTÁGIOS
1. Conceitos básicos
1. Para atendimento da restrição de tempo, poder-se-iam contratar mais pessoas para realizar o
inventário. Esta alternativa pode encarecer muito o inventário, principalmente devido à
disponibilização de mais equipamentos e aos custos referentes aos encargos sociais, além de
mobilizar uma estrutura logística maior.
2. A floresta poderia ser inventariada com uma baixa intensidade amostrai. Nesse caso, poder-se-ia
se ter uma baixa precisão em relação às estimativas do estoque volumétrico, não atendendo aos
objetivos do inventário.
3. Estimativas do volume de madeira de florestas vendidas anteriormente poderiam servir como base
para o cálculo do estoque de madeira da floresta em questão.
Essas alternativas, obviamente, não são as ideais, ou seja, o inventário deveria ser realizado com uma
intensidade amostrai tal que: garantisse a precisão das estimativas, fosse viável economicamente e
pudesse ser realizado dentro do prazo de tempo estabelecido.
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22/12/2018 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
Uma estratégia de amostragem muito empregada para contornar a situação apresentada anteriormente
é a utilização da amostragem em multiestágios, que é um método de seleção probabilístico com restrição
das unidades de amostra, haja vista que o segundo estágio ficará restrito dentro do primeiro. Essa
estratégia consiste, portanto, na divisão da população em unidades denominadas primárias, as quais são
subdivididas em unidades menores denominadas secundárias, que também podem ser subdivididas,
formando estágios sucessivos.
Deve-se ressaltar que a amostragem em multiestágios é uma alternativa que deve ser seguida para
fornecer boas estimativas no inventário de áreas extensas ou de difícil acesso quando não é possível
realizar um inventário florestal com uma intensidade amostrai adequada para atender a uma precisão
requerida, ou seja, ela deve ser preferencialmente utilizada em substituição à amostragem com baixa
intensidade amostrai.
No caso da amostragem em dois estágios, que é o esquema mais utilizado em inventários florestais,
algumas unidades primárias são selecionadas aleatória ou sistematicamente do conjunto das N unidades
primárias, e, dentro de cada unidade de amostra primária selecionada, unidades secundárias são
selecionadas e medidas, conforme exemplificado na Figura 7.1.
http://www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-7-amostragem-em-multiestagios 2/10
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Figura 7.1 - Exemplo de amostragem em dois estágios com 12 unidades primárias divididas em 16
secundárias cada, sendo selecionadas, aleatoriamente, quatro unidades primárias e quatro secundárias
dentro das unidades primárias escolhidas.
z**
----
m
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(mV
5X
S- = tL
m -1
A estimativa média por unidade secundária na população é obtida através da seguinte expressão:
nm
zí*.
y _ r=i j=l
nm
lam-u
^.(X-rr
__________ _ s J
------------
n — il -------
*; =
m
O número de unidades primárias para atender a uma precisão requerida (E), em certo nível de
probabilidade, será obtido pelas seguintes expressões:
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n }) m
Y = N.M.Y
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E% = —jLlf. _ ] oo
Y
IC = X.M.Y±N.M.tS7
Embora os estimadores da amostragem em dois estágios possam parecer complexos e “grandes”, eles
podem ser facilmente conhecidos se forem organizados e calculados passo a passo, conforme
demonstrado nos tópicos subseqüentes.
2.1. Exemplo
Seja uma floresta de 10.000 ha, dividida em unidades primárias de 100 ha cada (N = 100), sendo essas
unidades primárias divididas em unidades secundárias de 1,0 ha (M = 100). Assim, realizou-se um
inventário por amostragem em dois estágios, sendo sorteadas inicialmente 10 unidades primárias (n =
10) e, dentro de cada unidade primária, quatro unidades secundárias (m = 4), para estimar o volume total
da floresta. Para isso, considerou-se um nível de probabilidade de 95% e uma precisão requerida de ±
10%.
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Inventário-piloto
190,2 - 227,S 3
t, = = 47,35 nr T6 =----------- = 56,95 m
- 227,2 M 3 - 298,3
X, =------------= 36,50 m' 7S =---------- = 74,575 m-
v _ 240,2 - 236,5 3
= 60.05 nr 70 =----------- = 59,20 m '
— 2Pò,S í
7, = —- = 61,925 ms Yj0 = —— = 74,20 nr
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- 2 4414 *
7 =——- = 61,0350 m-
40
^Sr.lw-l)
3.0S7,6S5
O-___r=i
= 102,9228 (m3)2
n.(m-l) 10.(3)
-Yr
1=1 M 2 400,25-1022228
sJ =______t^zL = 40,9428 (m3)2
m
f) Tamanho da amostra
* N = 100;
* a = 5%;
* M = 100; e
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*
t(5%; 9gl) = 2,262.
n- = 5.66 9 unidadesprimárias
1 í
= 8,98^ 9 unidadesprimàrias
Para garantir uma precisão requerida de ± 10% em torno da média, a 95% de probabilidade, são
necessárias nove unidades primárias com quatro unidades secundárias cada. Como o inventário-piloto
foi realizado com 10 unidades primárias, não será preciso lançar e medir mais nenhuma unidade no
campo. Nesse caso, deve-se proceder aos cálculos das estatísticas do inventário definitivo.
* Inventário definitivo
a) Variância da média
ÍN-n\ S] (M-m\
--------- . — + ----------------
^N ) n lM ) run
6,1550 (ims)3
b) Erro-padrão da média
5r = ±^6,1550 = 2,4809m3
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24809.2,02
E% = .100 = 8,21%
61,0350
IC = 100.100.61,0350 = 610.350,00
IC = 100.100.61,0350±100.100.2,02.2,4S09
IC = 610350,00 ±50.114,13 m 3
3. Referências Bibliográficas
HUSCH, B.; MILLER,C.I; KERSHAW, J. Forest mensuration. 4. ed. New Jersey: John Willey e Sons,
Inc, 2003. 443 p.
SHIVER, B.D.; BORDERS, B.E. Sampling techniques for forest resource inventory. 1. ed. New York.
John Wiley & Sons, Inc., 1996. 356 p.
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Capítulo 8
Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
ESTIMADOR DE RAZÃO
1. Conceitos básicos
Nos procedimentos de amostragem descritos e exemplificados até agora, a variável de interesse era
medida em todas as unidades de amostra. No entanto, em algumas situações a variável de interesse no
inventário pode ser de difícil estimação ou ser extremamente cara a sua obtenção. Nessas situações,
torna-se necessário o uso de uma variável auxiliar, de fácil obtenção e cujo valor total na população seja
conhecido, para estimar a variável de interesse. Esse é o fundamento teórico do estimador de razão.
O estimador de razão, contudo, pode ser perfeitamente aplicado no caso de se utilizarem parcelas com
áreas diferentes no inventário florestal, seja porque foram lançadas no campo com áreas diferentes
(Figura 8.1), seja porque tiveram suas áreas corrigidas em função da declividade do terreno.
http://www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-8-estimador-de-razao 1/4
22/12/2018 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
Ao serem utilizadas unidades de amostra com áreas diferentes para a estimação do volume de madeira
ou de outras variáveis na floresta, pode-se destacar que a variabilidade entre as unidades de amostra se
deve à variação natural da floresta (intrínseca) e ao tamanho da unidade de amostra. Para que essa
variabilidade seja uma expressão somente da variabilidade natural da floresta, alguns procedimentos
podem ser realizados para contornar esse problema:
1) Extrapolar as estimativas das menores unidades de amostra para a área referente à maior unidade.
Esta é uma alternativa viável somente se as áreas das unidades de amostra não diferirem muito entre
si, a exemplo de quando as áreas das unidades são corrigidas em função da declividade do terreno.
2) Extrapolar as estimativas das unidades de amostra com áreas diferentes para uma unidade de área
comum, como o hectare. Esta alternativa implica assumir que, ao extrapolar as estimativas das
unidades de amostra para hectare, o coeficiente de variação entre as unidades será aproximadamente
o mesmo obtido com unidades menores. No entanto, espera-se que unidades de amostra maiores
tenham coeficientes de variação menores.
3) Aceitar a diferença de área entre as unidades de amostra e utilizar o estimador de razão. Para
ilustrar tal procedimento, bem como descrever os seus estimadores, tem-se o exemplo a seguir.
2. Exemplo
Da amostra aleatória de 10 faixas (n = 10) tomada em uma floresta composta por 30 faixas (N = 30), em
um estudo de regeneração natural foram obtidas as seguintes estimativas:
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*Dados
* Estatísticas
y Vi 7i
R = ^2- = ------ ------------- = 0,05201 mW
X*. 1365
n \ Vj 71 ,
Y = 4êt±-X=------------------------- .4185 = 217,68 nr
Ex* 1363
http://www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-8-estimador-de-razao 3/4
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V( Y > = 50:. í i0~10 1. —í—. ( S67+ 0,05201 205425- 2.0,0521. 10.660i = 56,1305 (ms):
l 50 ; 10.(9)
IC = Y ± t . ^ j V ( Y )
IC = 217,6S±16,94Sms
100 = 7,79o o
217,6S
http://www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-8-estimador-de-razao 4/4
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Capítulo 9
Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
1. Conceitos básicos
O inventário florestal em ocasiões sucessivas, também denominado Inventário Florestal Contínuo (IFC),
é realizado com o objetivo de analisar as mudanças ocorridas na floresta durante certo período de
tempo. Com isso, pode-se realizar o monitoramento de planos de manejo em florestas naturais,
determinar a idade de colheita técnica e econômica em florestas plantadas e gerar dados para a
modelagem de crescimento e da produção florestal.
O período de tempo entre medições sucessivas depende da taxa de crescimento da floresta e do custo
para a realização do inventário. No Brasil, os inventários contínuos (IFCs) são realizados anualmente em
plantações e a cada dois ou três anos no caso de florestas naturais, de preferência nas estações mais
secas do ano.
2. Procedimentos de amostragem
Entre os procedimentos de amostragem que podem ser utilizados nos inventários florestais em
sucessivas ocasiões, destacam os apresentados nos tópicos subseqüentes.
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Também denominado Inventário Florestal Contínuo (IFC) propriamente dito, neste procedimento se
utilizam unidades de amostra permanentes, as quais são medidas em todas as ocasiões. Embora seja o
procedimento ideal para avaliar o crescimento, deve-se ressaltar que as árvores dentro das unidades de
amostra devem ser mapeadas e, ou, identificadas através de plaquetas metálicas, para que a análise do
crescimento seja completa. Apenas marcar o limite da unidade de amostra não é o bastante nesse caso.
A utilização de parcelas permanentes, com controle de árvore a árvore, permite avaliar alterações na
estrutura interna da floresta, através da análise dos seguintes componentes:
Ingresso (I): diz respeito às árvores que atingiram um tamanho mínimo mensurável, preestabelecido em
função do uso da madeira.
Mortalidade (M): diz respeito às árvores que morreram durante um período de tempo.
Corte ou desbaste (C): trata-se de árvores que foram removidas da floresta para um uso qualquer ou por
questão fitossanitária.
Crescimento propriamente dito (AY): refere-se à mudança nas dimensões das árvores durante o período
de crescimento.
Esses componentes podem ser expressos em termos do número de árvores, volume, área basal, entre
outros.
Em florestas naturais tropicais, nas quais a dinâmica de crescimento é complexa em função da sua
composição florística e do estágio de sucessão e, ou, degradação, a análise desses componentes serve
de balizamento para as tomadas de decisão e para as atividades a serem implementadas nos planos de
manejo florestal.
A título de exemplo, se em duas ocasiões sucessivas parcelas permanentes forem medidas e o volume
permanecer praticamente constante, isso não quer dizer que as árvores da floresta não cresceram. Pode
ter havido remoção de algumas delas, porém as árvores remanescentes cresceram, de tal forma que os
volumes nas duas ocasiões podem ter sido os mesmos. Percebe-se que essa análise do crescimento só
poderá ser realizada se as árvores estiverem identificadas em cada ocasião do inventário.
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No caso de florestas plantadas, o ingresso (I), por exemplo, tem peso relativamente pequeno na análise
do crescimento. Estudos, no Brasil, têm apontado que, após 24 ou 30 meses, o número de árvores que
ingressam nas medições (normalmente árvores com DAP> 5,0 cm) é muito pequeno. A mortalidade, por
sua vez, tem peso maior, por ser um indicativo do grau de competição dentro da floresta, da capacidade
produtiva do local e de condições fitossanitárias, indicando ou não a necessidade de intervenções na
floresta.
Figura 9.1 - Curva de crescimento acumulado ou produção e curvas de incremento corrente (IC) e
incremento médio (IM).
Em que:
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* Incremento Corrente (IC)\ é a diferença entre as dimensões de uma árvore ou uma floresta tomadas no
fim (Y2) e início (Y-i) do período de crescimento. O Incremento Corrente Anual (ICA) é calculado pela
seguinte expressão:
ICA = Y 2 - Y l
* Incremento Médio (IM): é quanto a floresta cresceu em média até uma idade (I) qualquer. O Incremento
Médio Anual (IMA) é calculado por:
Y
IMA = -
1
* Idade Técnica de Colheita (ITC): idade na qual se deve realizar a colheita da madeira, do ponto de vista
técnico. Ela ocorre no ponto máximo da curva do IMA.
Além das expressões do ICA e do IMA, pode-se calcular o Incremento Periódico Anual (IPA). Essa
expressão de crescimento normalmente é calculada para florestas naturais, em que o inventário é
realizado em períodos de tempo (t) superiores a um ano. O IPA é dado pela seguinte expressão:
jf
2.1.1. Exemplo 1
m3/ha, aos 36, 48, 60, 72 e 84 meses de idade. Com as expressões definidas anteriormente, foram
calculados os Incrementos Correntes Anuais e os Incrementos Médios Anuais e definida a respectiva
Idade Técnica de Colheita:
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2.1.2. Exemplo 2
Para ilustrar o uso de parcelas permanentes na avaliação do crescimento de uma floresta de eucalipto
em um inventário contínuo, sejam as seguintes estimativas de volume por hectare de 10 unidades de
amostra, selecionadas aleatoriamente e medidas em 1996 e remedidas em 1997:
* Dados
a) Média estimada
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— 70 J 4 S
r, = - = 191,45 msfha
10
b) Variância da amostra
(i 914,5 f
369.756,3
10 = 358,3639 (msfha)2
9
c) Desvio-padrão
d) Erro-padrão
Í35S,3639
íi iíJ ) ■±^,9664 (10/ha)
r, j 10 ^ 1.500)
5,9664.2,262
EBo = .100 = ±7,05%
191,45
O erro de amostragem calculado foi menor do que a precisão requerida. Nesse caso, não será
necessário lançar mais nenhuma unidade no campo. Contudo, cabe ressaltar que, uma vez que o
inventário será realizado em mais de uma ocasião, deve-se ter em mente que a intensidade amostrai na
primeira ocasião deverá atender à precisão requerida em outras ocasiões. Para isso, devem-se lançar
mais parcelas do que o indicado na primeira ocasião, dando margem a um possível aumento do erro de
amostragem calculado.
a) Média estimada
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2.451
Y --------= 245,1 m-fhain
10
b) Variância da amostra
{2451)2
604.201p
10 = 3S4,60 (m3/ha):
9
c) Desvio-padrão
d) Erro-padrão
l3S4,60 ( ] 0 )
} ±6,1 S09 (m5fha)
1 ™ C 1500}
±sjm2je2
245,1
b) Erro-padrão
2Sv i-,
V. • S : n
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sendo:
Vrr
10 544piS9 W/ha)2
■V r- n—1
Assim,
2x344,0389
h. = (5,9664)* + (6J S09}~ = ±2,2347 m-Zha
' 1Ú
±2,2347.2,101
E% . 100 = ± S,75%
53,65
IC = 53,65 ± 2J01.2,2347
Neste procedimento de amostragem são utilizadas parcelas temporárias, as quais são medidas uma
única vez, sendo abandonada toda a estrutura de amostragem para a medição no período seguinte. Este
não é o melhor procedimento para analisar as mudanças na floresta, uma vez que os indivíduos
amostragem casual simples em cada ocasião, caso as unidades de amostra tenham sido selecionadas
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+
sí #1
permanentes. No entanto, como as unidades não são as mesmas nas duas ocasiões, a co-variância
2.2.1. Exemplo
b) Erro-padrão
Uma vez que a co-variância entre as medidas das duas ocasiões é igual a zero, o erro-padrão da média
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:S,590S. 2,101
E% = ■ .100 = ±33,64%
53,65
Neste procedimento de amostragem sucessiva, apenas parte das unidades de amostra medidas em uma
primeira ocasião é remedida em uma segunda oportunidade. Assim, a estimativa da média da população
Esse procedimento pode ser utilizado no caso de restrições orçamentárias em que não é possível
remedir todas as unidades de amostra em uma segunda ocasião ou no caso de áreas de difícil acesso
em que, por qualquer impedimento, podem ser medidas somente algumas unidades de amostra.
2.3.1. Exemplo
Para ilustrar a utilização deste procedimento em inventários sucessivos, têm-se os dados de 20 unidades
de amostra de 0,5 ha cada, selecionadas aleatoriamente e medidas em uma primeira ocasião, em uma
floresta de 100 ha, das quais apenas 12 foram remedidas em uma segunda ocasião.
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Volume (m3)
Primeira ocasião - x Segunda ocasião - y
66,0 -
61,0 -
54,0 -
78,0 -
50,0 -
77,0 -
60,0 -
29,0 -
93,0 119.0
82,0 113,0
45,0 77.0
81,0 103,0
27,0 42.0
47,0 67,0
54,0 S2.0
39,0 57,0
95,0 116.0
38,0 61,0
70,0 86,0
92,0 109,0
* Dados
* Notações
u = número de unidades de amostra medidas na 1a ocasião e que não foram medidas na 2a => 8;
Pu = proporção de unidades de amostra medidas na 1a ocasião e que não foram medidas na 2a => 8/20
= 0,4; e
* Primeira ocasião
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a) Médias estimadas
a.1) das unidades de amostra medidas na 1a ocasião e que não foram medidas na 2a (u = 8)
- 475
Y=---------= 59375 m- 3
8
- 763 *
Ym = ------------------ = 63383 m~
12
- 1.238
7;=----------= ól,P00n3
20
<763r
55.167-
12 604,81l[m3): :■ S* =±^604,811 = ±24,59ms
11
(1,238)2
S5.114-
Sj = 20 446,411 [w1 I' Sj =±<J446,411 = ±21,13 m
19
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c) Variância da média
446,411
fi 20 1 = 20,09 (m3)2
i -vj 20 t 200)
d) Erro-padrão
:Sr t ±4,482.2,093
E% = .100 = .100 = 15,15%
61,900
* Segunda ocasião
Com os dados das unidades de amostra medidas na segunda ocasião, obtiveram-se as seguintes
estatísticas:
a) Média estimada
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1.032 ^,ÁÁA j
7- --------= Só ,000 m'
12
b) Variância da amostra
[1032):
96.14S
12 = 672,364 (m\)2
11
c) Desvio-padrão
n2
A =--------------
X*2 Hj
respectivamente.
Assim,
[763).[1.032)
72.461
Í2 6.843
1,028571
(763Y_ 6.652,92
55.167-
12
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Consequentemente,
Esta é uma estimativa da média se todas as 20 unidades de amostra tivessem sido medidas na segunda
ocasião.
sendo:
/ \
[ó.S43):
35,7493 m)2
6.652,92
Desta maneira,
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S? ■ t + T ço 2201
E%=±^á^.l00 = ———-------------------------------------------------------------- .100 = 15,41%
Y2t S4,270
* Análise do crescimento
b) Variância
l + r.[r-2'j
(si-sYl
sendo:
J32 ■ Sm 1,028571.24,59
r= = 0,9754
S- 25,93
Assim,
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l + 0,9754.{0P754-2)
(i672,364 - 35,7486).
0P7542
sd
20
c) Erro-padrão
f| = ±4^00 = ±1,732 ms
7 = d . N = 22,37.200 = 4.474,0 m3
IC = d ±t.Sj =22,37±3,537t}r*
Neste procedimento de amostragem sucessiva, parte das unidades de amostra medidas na primeira
ocasião é remedida em uma segunda e a outra parte se refere a unidades de amostra novas. Ware e
Cunia (1962), citados por Pellico Netto e Brena (1997), apresentaram, de forma detalhada, a teoria
2.4.1. Exemplo
http://www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-9-amostragem-em-ocasioes-sucessivas 17/25
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sucessivos, têm-se os dados de unidades de amostra de 0,5 ha, selecionadas aleatoriamente e medidas
Volume (m3)
Primeira ocasião - x Segunda ocasião - y
66,0 -
6Í,0 -
540 -
78,0 -
50,0 -
93,0 119=0
82,0 113=0
440 77,0
81,0 103,0
27,0 42,0
47,0 67,0
540 82,0
39,0 57,0
95,0 116,0
38,0 61,0
- 86,0
- 109,0
- 70,0
- 92,0
58,0
* Dados
* Notações
http://www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-9-amostragem-em-ocasioes-sucessivas 18/25
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n = número de unidades de amostra medidas na 2a ocasião e que não foram medidas na 1a => 5;
* Primeira ocasião
a) Médias estimadas
- 309
Y.. = —— = õl,S00 rir
Ym = — = 60,100ms
10
- 910 i
Y r =------------------= 90.097 m
15
( 309r
19.577-
5 120,200 [nr í
4
S„ = ±^120,200 = ±10,99 ws
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(601)2
41, S03-
K =■ — = 631,433 [m:')' :. Sm = ±V631,433 = ±25,13 nr
(.610)2
61.380-3--------
SJ =----------- ^ 15— = 440,952{m3f :. Sj = ±V440,952 = ±21,00m3
c) Variância da média
440.952
fi-”') í i l5) = 27,19 (m3)2
*f?=T ~ 15 '{ 200)
1
d) Erro-padrão
Sf = ±^27,19 =±5J14
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* Segunda ocasião
Com os dados das unidades de amostra medidas na segunda ocasião, obtiveram-se as seguintes
estatísticas:
a) Médias estimadas
Ym = — = S3,700m3
10
a.2) das unidades de amostra medidas na 2a ocasião e que não foram medidas na 1a (n = 5)
Y„ = —=S3,QQQm3
(337 r
76.S71-
S~ - — = 757,122 (m3 f
= ±4757122 = ±27,52m 3
b.2) das unidades de amostra medidas na 2a ocasião e que não foram medidas na 1a (n = 5)
(415 f
36.005
s- = 2— = 390,0 { m 3 f : . S „ = ±4390,0 = ±19,75 m3
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(1252)
112.876-
Si = ■ -----------= 5981267 f
f S, = =7598,267 = -24,46 mi
14
K=<r +c.r„,+(i-c).r„
sendo:
_ y*yt
y AT - — ^
__________ m
m-1
“----------------------- T ■} —— 1 c =-------------------- - '
- Px,.n.r~ Sx n2 -Pk.n.r ■ Jr
respectivamente;
Sr = .
Assim,
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503.037
56.413-
10
= 0,9815
25,13.27,52
10.0,33 27 p 2
a ■■ 0,9815. = 0,2645
15-0,33. 5.0,9815- 25,13
10
0,7457
15-0,33.5.0,9815-
Logo,
d) Variância da média ( )
(1 í\ 2 S{- , * Sj _
sr: = ° ■
-+—\+c.— — -2.a .c.r .——-
t u m j m f) ni
~jc~j j^ 7)7 / ??
S5. = 02645'.631,433.
jMÍ^f1-\ - - — \ - 074577^ + (l - 07457'f. -—— -
15 10,! 10
25,13.27,52
... 2. 0,2645.0,7457.0,9515. &$Í0õ99{m3'f
10
e) Erro-padrão
Sr = ±-J38,3699 = =6,194 nr
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* Análise do crescimento
a) Crescimento ( )
ã = A . r m i + í i - A ) . r „ + B . ¥ n - ( i + B).ru
em que:
m n ■ P. Si
A=
n-, -P.fi.r" tu-P r í .ti.r 2 S Y
— m.P Sj fl2 - K,
B=
P„ .n.r ■ P„. n . r
Assim,
10 5.0,67 2513
A =----------------------------n -i- — . 0,9S13—— = 0.96958
15-0,33.5.0,9S152 15- 0,33 5 „ 0,9815* 27,52
Logo,
b) Variância da média
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Assim,
c) Erro-padrão
Sd = ±^2,7947 = ±1,6717 m3
Y = d ,N = 23,602.200 = 4.720,40tn3
3. Referência Bibliográfica
PELLICO NETO, S.; BRENA, D.A. Inventário florestal. Curitiba: [s.l.]: 1997. 316 p.
http://www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-9-amostragem-em-ocasioes-sucessivas 25/25
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Capítulo 10
Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
1. Preliminares
Os inventários florestais são realizados, em sua maioria, utilizando-se parcelas de área fixa. No entanto, no
princípio idealizado pelo engenheiro florestal austríaco Walter Bitterlich, em 1948, as unidades de amostra
possuem área variável e a seleção dos indivíduos é efetuada com probabilidade proporcional à área basal
Devido à simplicidade do procedimento para obtenção dos dados, a aplicação desse princípio pode ser de
extrema utilidade, principalmente nas situações em que se necessita de diagnóstico rápido e preciso do
estoque de madeira, entre outras características das florestas, a um menor custo. Porém, deve-se ressaltar
que, para fins de planos de manejo, nos quais há a necessidade da caracterização da composição de
espécies da floresta, este procedimento deve ser realizado com cautela. Se a floresta possuir diversidade
grande de espécies, estas podem não ser caracterizadas, uma vez que um número menor de árvores é
amostrado em cada ponto, necessitando-se, portanto, de maior intensidade amostrai (FARIAS, 2001).
http://www.mensuracaoflorestal.com.br/capitulo-10-inventario-por-bitterlich 1/8
22/12/2018 Livro Dendrometria e Inventário Florestal | Mensuração Florestal
Kirby (1965), trabalhando em povoamentos de Spruce aspen de várias idades, comparou a amostragem
por ponto horizontal com aquela por parcelas de área fixa, em igual número de pontos de amostragem,
estabelecidos no centro de cada parcela. Segundo esse autor, os pontos foram estabelecidos em tempo de
três a quatro vezes menor que as parcelas. Além disso, os dois tipos de amostragem forneceram
processos de amostragem para povoamentos de Eucalyptus alba Rewien, Silva (1997) concluiu que
unidades de amostras retangulares foram as mais eficientes. Outras formas de parcelas e a amostragem
utilizando o princípio de Bitterlich, com os fatores de área basal 1, 2, 3 e 4, não atenderam à precisão
requerida definida previamente (10%). Todavia, segundo esse autor, diante do reduzido número de
indivíduos observados por ponto, o método torna o trabalho de operações de coleta de dados mais
econômico, sendo viável a ampliação da intensidade amostrai, diminuindo, assim, o erro de amostragem.
povoamento Eucalyptusgrandis de origem híbrida, concluindo que a amostragem por ponto horizontal
(princípio de Bitterlich) foi mais eficiente que a por parcela de área fixa, considerando-se os tempos totais
de medição e de alocação das parcelas, bem como os tempos de qualificação e medição das árvores
Couto et al. (1990) compararam a amostragem utilizando o princípio de Bitterlich (fatores iguais a 2, 3 e 4)
com o método de parcela de área fixa, na estimação do número de árvores por hectare em uma área plana
e em outra acidentada, em plantios de Eucalyptus saligna. Concluíram que o método de Bitterlich estimou
com precisão o valor médio do número de árvores por hectare nas diferentes áreas, nos três fatores de
área basal estudados. Contudo, verificaram maior variância entre as estimativas obtidas pelos pontos em
relação à variância entre parcelas de área fixa, o que indica a necessidade do aumento do número de
Moscovich et al. (1999), ao compararem a amostragem utilizando parcelas de área fixa e variável, em
floresta de Araucaria angustifólia, verificaram que o método de Bitterlich foi o que mais se aproximou do
valor real do volume por hectare. No entanto, ele superestimou o número de árvores por hectare e
subestimou a estimativa de área basal também por hectare, em relação à estimativa obtida pelas parcelas
de área fixa.
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3. O princípio de Bitterlich
O princípio a que Bitterlich denominou prova de numeração angular baseia-se no seguinte postulado: “o
número de árvores (n) em um povoamento, cujo DAP em um ponto fixo aparece superior a determinado
valor constante (a), é proporcional à sua área basal por hectare (B)”. Assim, a área basal por hectare em
um ponto de amostragem pode ser obtida multiplicando o número de árvores com DAP superior ou igual à
Além da área basal por hectare, o procedimento de amostragem utilizando o princípio de Bitterlich pode
fornecer outras estimativas populacionais em um ponto de amostragem, por exemplo o número de árvores
e o volume por hectare e a altura e o diâmetro médios. Os estimadores desses parâmetros são dados por:
Parâmetro Estimador
Afea basal por hectare B = n x K
Altura média JN
H»,
H=
n
Em que: As/ = área seccional da i-ésima árvore qualificada no ponto de amostragem, em m2; n = número
de árvores qualificadas no ponto de amostragem; V, = volume da i-ésima árvore qualificada, em m3; DAP =
diâmetro da i-ésima árvore qualificada, em cm; K = fator de área basal, em m2/ha; A/,- /ha = número de
árvores por hectare que a i-ésima árvore qualificada representa; e = altura da i-ésima árvore qualificada.
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a) Densidade populacional: em florestas com muitos indivíduos por hectare, a utilização de fatores menores
acarretará grande número de árvores qualificadas. Além disso, há a possibilidade de haver dificuldade de
visualização das árvores mais distantes do observador, devido à sobreposição de árvores na linha de
visada. No entanto, se as árvores estiverem muito distantes umas das outras, fatores maiores podem
b) Declividade do terreno: no local com declividade acentuada, o operador terá dificuldade de se posicionar
corretamente para a qualificação das árvores, bem como para realizar as medições das árvores
qualificadas. Nesses casos, ele pode optar por um fator que agilize a coleta de dados, porém isso pode
espécies. Florestas com uma única espécie e tamanhos (diâmetros) bem uniformes podem ser amostradas
com fatores maiores. Florestas naturais compostas por várias espécies e com uma amplitude grande de
Outro aspecto importante da amostragem por pontos é a possibilidade de se qualificar uma árvore mais de
uma vez, tendo em vista que não são delimitadas as unidades de amostra no campo. Para que isso não
aconteça, os pontos de amostragem devem estar no mínimo a uma distância equivalente a duas vezes a
distância crítica (R) da árvore de maior diâmetro possível na floresta mais um A (distância) qualquer.
4. Exemplo
Seja uma floresta de 11,0 ha, na qual se realizou um inventário-piloto, através da amostragem por ponto
horizontal (Bitterlich), sendo lançados cinco pontos de amostragem e utilizando um fator de área basal (K)
igual a 1. Assim, têm-se os seguintes dados brutos e processados por ponto de amostragem:
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O volume de cada árvore individual foi obtido pela equação fornecida pelo CETEC (1995):
As estimativas dos parâmetros populacionais, por ponto de amostragem, são mostradas a seguir:
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a) Média estimada
Y = 21 6 = 43,17 m5íha
b) Variância da amostra
iMssmJãÊÊÊL
S2 =-----------------------^------ = 41,1430 (m3Zha)2
c) Desvio-padrão
d) Coeficiente de variação
6 4142
CV 4£±—------ --100=±14,S6%
43,17
e) Tamanho da amostra
Para atender a uma precisão requerida (E) de ± 20%, em um nível de probabilidade igual a 95% a amostra
_ r . ( C V f . _2776=.<14^ = 4i25x5pomos
ff = n=
(E%f (20)'J
Recalculando o tamanho da amostra para t(5%; 4 gl) novamente, tem-se que os cinco pontos de
amostragem foram suficientes para garantir uma precisão requerida de ± 20%, a 95% de probabilidade.
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Cabe ressaltar que, se fossem necessários mais pontos de amostragem para garantir a precisão requerida,
dever-se-ia completar a amostra para depois efetuar os cálculos das estatísticas do inventário definitivo.
* Inventário definitivo
a) Média estimada
- 215,86
Y =------ -— = 43J / m-/ha
b) Variância da amostra
(215,S6):
9.4S3,6S-
SJ = 41,1430 (m3Zha)2
c) Erro-padrão da média
\41,1430
= ±2,S6S5 ms/ha
Y =43,17.11 = 474,87
f) Intervalo de confiança
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IC = 43 J 7. 11± 2,8685.2776.11
5. Referências Bibliográficas
COUTO, H.T.Z.; BASTOS, N.L.M.; LACERDA, J.S. A amostragem por pontos na estimativa da altura de
árvores dominantes e número de árvores por hectare em povoamentos de Eucalyptus saligna. IPEF, n.
florestas inequiâneas. Viçosa, MG: UFV, 2001. 49 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) -
KIRBY, C.L. Accuracy of point sampling in white spruce - aspen stands of Saskatchewan. Journal of
MOSCOVICH, F.A.; BRENA, D.A.; LONGFII, S.J. Comparação de diferentes métodos de amostragem, de
área fixa e variável, em uma floresta de Araucaria angustifolia. Ciência Florestal, v. 9, n. 1, p. 173-191,
1999.
SILVA, L.B.X. Tamanhos e formas de unidades de amostra aleatória e sistemática para florestas plantadas
SOUZA, A.L. Comparação de tipos de amostragem, com parcelas da área fixa e variável, em
Minas Gerais. Viçosa, MG: UFV, 1981. 79 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) - Universidade
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Capítulo 11
Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
1. Preliminares
Existem Portarias e Instruções Normativas, no Brasil, que orientam a elaboração dos planos de manejo em
diferentes biomas, descrevendo as atividades que devem ser contempladas para esse fim. Dentro desse
contexto, o inventário florestal é um dos itens obrigatórios de qualquer plano de manejo, pois a partir das suas
estimativas podem-se estabelecer o nível de intervenção na floresta e as medidas para a manutenção da sua
produção (produção sustentável).
Como exemplo, tem-se a Portaria 191, do Instituto Estadual de Florestas (IEF), de 16.09.2005, que dispõe
sobre as normas de controle da intervenção em vegetação nativa e plantada no Estado de Minas Gerais. Essa
portaria estabelece, em seu Anexo II, a partir do subitem 4.2, os seguintes pontos que o inventário florestal
obrigatoriamente deverá conter:
“4.2 - Inventário Florestal: devem ser mensurados os indivíduos com DAP (diâmetro à altura do peito)
maior ou igual a 5,0 cm.
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4.2.3.3 - Variância.
4.2.3.4 - Desvio-padrão.
4.2.4 - Relatório final contendo as tabelas de saída para atender aos objetivos do desmatamento.
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4.2.4.2 - Número de árvores: por espécie, por classe de diâmetro e por hectare.
4.2.4.3 - Área basal, volume e freqüência: por espécie, por classe diamétrica, por unidade
amostrai e por hectare a ser explorado e remanescente.
4.2.4.4 - Relatório final contendo tabela de DAP médio, área basal, altura média, número de
árvores por hectare e volume em m3 e em st por parcela, por hectare e volume total em m3 e em st.”
Independentemente da legislação que dispõe sobre as normas para a elaboração dos planos de manejo, o
inventário florestal para essa finalidade deverá conter, no mínimo, os seguintes itens no relatório final:
2. Procedimentos de amostragem.
6. Número de árvores, volume e área basal: por espécie, classe de diâmetro e hectare.
2. Exemplo
Embora não seja recomendável este tamanho de unidade de amostra em inventários de florestas naturais,
considere, para efeito didático, os dados de seis parcelas de 100 m2 de área cada (Quadro 11.1), lançadas
aleatoriamente em uma floresta de 9,0 ha (N=900), na qual se mediram o DAPe as alturas totais das árvores
com diâmetro acima de 3,0 cm:
Quadro 11.1 - Espécie, diâmetro à altura do peito {DAP) e altura total (Ht) das árvores nas seis parcelas
amostradas
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De posse da identificação das espécies florestais dentro das parcelas, elaborou-se a listagem de espécies
(Quadro 11.2).
Com os dados de DAP e alturas totais das árvores individuais e do emprego da seguinte equação de volume:
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Considerando o volume total de madeira com casca, a variável de interesse do inventário e um nível de
probabilidade igual a 95%, têm-se as seguintes estatísticas:
a) Média estimada
- _ S,1S40S7
1,364015m3
6
b) Variância da amostra
16 292426
S2 =------------------------------ £---------= 1,025842(m3 f
5
c) Desvio-padrão
S = ±V1,025842 = ±1,012839 nr
d) Coeficiente de variação
1012S39
CV =± 100 = ±74,25%
1,364015
e) Erro-padrão da média
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\l ,025842 f; i 1
1 900)
sf = ±0,4121 m3
g) Erro de amostragem
O erro de amostragem a 95% de probabilidade, considerando-se o valor tabelado de t = 2,571 para cinco
graus de liberdade, é:
Tendo em vista 0 tamanho reduzido das unidades de amostra e a baixa intensidade amostrai, esperava-se que
o erro de amostragem calculado fosse grande. Considerando-se uma precisão requerida de ± 20% em torno
da média, o número de unidades da amostra para atender a essa precisão seria de:
i-.[çvf 2,571-.(74,25r
n- n=- = S2,73 *S3 parcelas
r .{cvy 2,571' .(74,25Y
{,e%:f + (.20f +
W. 9Õ9
1,992.(74,25)2 _T ^ e_
n — ---------------- — -------- - = 51,46 * 52parcelas
{20f + l99 -.V 4,25 y
v1 900
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Para garantir um erro de ± 20%, a 95% de probabilidade, seriam necessárias 52 parcelas, ou seja, deveriam
ser lançadas mais 46 parcelas, haja vista que seis já haviam sido lançadas e medidas.
i) Intervalo de confiança
Considerando-se as estatísticas das seis parcelas apresentadas anteriormente, o intervalo de confiança (IC)
da média verdadeira da população é:
IC=N/Y±N. S - - t
IC = 1.227,6135 ± 953,5590 m3
2.3.1. Perfil
Através da análise do perfil da floresta, pode-se verificar como a vegetação está distribuída nos diferentes
estratos da floresta: a altura da vegetação, a qualidade dos fustes das árvores, a presença de cipós e o grau
de adensamento do sub-bosque, entre outras informações (Figura 11.1).
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As estimativas dos parâmetros da estrutura horizontal são obtidas através das seguintes expressões
(MUELLER-DOMBOIS; ELLENBERG, 1974; MARTINS, 1993):
DA
DA.. DRt = ———*100
A
±DA
em que: DA/ = densidade absoluta da i-ésima espécie, em número de indivíduos por hectare; n; = número de
indivíduos da i-ésima espécie na amostragem; A = área total amostrada, em ha; DR, = densidade relativa da i-
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AB
DoA{ = 43,. DoRi = ———*100
A
±AB,
em que: DoA,■ = dominância absoluta da i-ésima espécie, em m2/ha; ABj = área basal (somatório das áreas
seccionais) da i-ésima espécie, em m2, na área amostrada; A = área amostrada, em ha; e DoR; = dominância
em que: FA, = freqüência absoluta da i-ésima espécie; u, = número de unidades de amostra em que se
encontrou a i-ésima espécie; ut = número total de unidades de amostra medidas; e FRi = freqüência relativa da
Para 0 exemplo em questão, as estimativas dos parâmetros da estrutura horizontal são apresentadas no
Quadro 11.3.
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Uma vez que o Quadro 11.3 é ordenado pelo índice de Valor de Importância (IVI), algumas considerações
podem ser feitas, analisando-se esse índice:
1. Espécies com baixo IVI possivelmente são espécies com poucos indivíduos, com diâmetros pequenos, e
não ocorrem distribuídos na floresta toda. Caso existam muitas espécies nessa situação, a exploração florestal
deve ter o menor impacto possível, pois essas espécies podem desaparecer da floresta. Além disso,
tratamentos silviculturais deverão ser aplicados para promover o crescimento e o desenvolvimento dessas
árvores.
2. Espécies com IVI alto devem ser observadas com cuidado, uma vez que esse índice é composto por três
parâmetros. Uma espécie que apresente um indivíduo amostrado e com diâmetro extremamente grande pode
possuir IVI alto. No entanto, essa espécie possivelmente não poderá ser explorada, posto que deverá ser
deixada na floresta como matriz.
Os quadros auxiliares são de extrema importância, pois podem complementar a análise da estrutura horizontal.
Através da distribuição de parâmetros como número de árvores, área basal e volume por hectare, por espécie
e por classe de diâmetro, é possível identificar, na floresta, as espécies que serão passíveis de exploração,
bem como definir quanto será colhido e o que ficará na área após a exploração (remanescente).
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Em se tratando de uma floresta natural, a expectativa era de que a distribuição do número de árvores por
classe de diâmetro apresentasse a distribuição clássica de J-invertido. Nesse exemplo, como o diâmetro de
inclusão foi de 3,0 cm (bem pequeno) e somente se amostrou um indivíduo de Anadenanthera macrocarpa na
primeira classe de diâmetro, houve pequena distorção na distribuição diamétrica.
3. Referências Bibliográficas
MARTINS, F.R. Estrutura uma floresta mesófila. Campinas, SP: Unicamp, 1993.
MUELLER DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Ains and methods of vegetation ecology. New York: John Wiley
& Sons, 1974. 547 p.
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