Professional Documents
Culture Documents
Exame Unificado
das Pós-graduações em Fı́sica
Para o segundo semestre de 2016
Respostas esperadas
Parte 1
• Estas são sugestões de possı́veis respostas.
Outras possibilidades também podem ser consideradas corretas, desde que equivalentes às res-
postas sugeridas abaixo.
Q1. (a) Sim, pois a única força capaz de gerar o torque para que a esfera role sem deslizar é o
atrito.
(b) Sim, pois o atrito é estático e não realiza trabalho, uma vez que a velocidade do ponto de
contato entre a esfera e o plano inclinado é nula (rolamento sem deslizamento).
(c) Tomando a base do plano como o zero de energia potencial gravitacional, a energia mecânica
inicial é apenas potencial gravitacional, dada por Ei = mgh. Na base do plano inclinado, a
energia mecânica é puramente cinética, dada pela energia cinética de translação do centro de
massa (CM) mais a energia de rotação em torno do CM, ou seja, Ef = mv 2 /2 + Iω 2 /2, onde v
e ω são, respectivamente, as velocidades de translação do CM e angular na base do plano. Por
conservação de energia mecânica,
1 1
mgh = mv 2 + Iω 2 . (1)
2 2
Como há rolamento sem deslizamento, a velocidade de translação do CM e a velocidade de
rotação satisfazem v = ωr. Substituindo na Eq. (1) e usando a expressão para o momento de
inércia dada no enunciado obtemos r
10
v= gh.
7
(d) Definimos um sistema de coordenadas com um eixo x paralelo ao plano inclinado e apon-
tando para a base do plano e um eixo y perpendicular ao plano e apontando para cima do
plano. A força resultante no eixo y é nula. No eixo x, usando a segunda lei de Newton,
onde τ é o torque em relação a um eixo que passa pelo CM da esfera e α é sua aceleração
angular. Derivando em relação ao tempo a expressão do item anterior, v = ωr, obtemos
a = αr. Levando esta última relação e a Eq. (2) na Eq. (3) obtemos
2 a
(mg sin θ − ma)r = mr2 ,
5 r
donde
5
a = g sin θ. (4)
7
Dado que a é constante, podemos usar a seguinte relação, válida para um movimento unifor-
memente acelerado,
v 2 = v02 + 2a∆x
= 2ah/ sin θ, (5)
1
Q2. (a) Utilizaremos como coordenada generalizada o ângulo θ que a haste faz com a vertical. O
módulo da velocidade da partı́cula é dado por v = lθ̇, de modo que sua energia cinética é
m(lθ̇)2
T = .
2
A altura na vertical, em relação à posição em que θ = 0, é dada por h = l − l cos θ. Segue que
a energia potencial gravitacional é
V = mgl(1 − cos θ).
Finalmente, a Lagrangiana do sistema é
ml2 θ̇2
L=T −V = − mgl(1 − cos θ). (6)
2
(c) Nos pontos de equilı́brio, dV /dθ = 0, o que nos dá sin θ = 0, ou seja, os pontos procurados
são
θ = 0 e θ = π.
Para avaliar a estabilidade dos pontos de equilı́brio, analisamos o sinal de
d2 V
= mgl cos θ.
dθ2
Para θ = 0, a expressão acima tem valor positivo (mı́nimo de V ), caracterizando um equilı́brio
estável, enquanto que para θ = π, o sinal é negativo (máximo de V ), correspondendo a um
ponto de equilı́brio instável.
(d) Para pequenas oscilações em torno de θ = 0, podemos aproximar sin θ ≈ θ. A equação de
movimento fica
g
θ̈ = − θ,
l
cuja solução geral é, por inspeção,
θ(t) = A sin(ωt + δ),
onde A e δ são constantes arbitrárias determinadas pelas condições iniciais e
p
ω = g/l,
que é a frequência (angular) procurada. Alternativamente, pode-se comparar a Eq. (2) com
a equação de movimento de um oscilador harmônico simples uni-dimensional de frequência
(angular) ω,
ẍ + ω 2 x = 0,
p
e inferir que no caso em questão teremos ω = g/l.
2
Q3. a) A conservação de energia nos dá
p
E0 + mc2 = p2e c2 + m2 c4 + E, (7)
enquanto a conservação de momento linear é
p~0 + ~0 = p~ + p~e .
3
Q4. (a) Queremos calcular hn0 | x̂ |ni e hn0 | p̂ |ni. Utilizando que
r
† mω i
â = x̂ − √ p̂,
2~ 2mω~
obtemos
r
~
â + ↠,
x̂ =
r2mω
~mω †
p̂ = i â − â .
2
Os elementos de matriz pedidos são
r
~
hn0 | x̂ |ni = hn0 | â + ↠|ni ,
r2mω
~mω 0 †
hn0 | p̂ |ni = i
hn | â − â |ni .
2
Como
√ √
hn0 | â |ni = hn0 | n |n − 1i = nδn0 ,n−1 ,
√ √
hn0 | ↠|ni = hn0 | n + 1 |n + 1i = n + 1δn0 ,n+1 ,
segue que
q √ √
hn0 | x̂ |ni = ~
2mω
nδn0 ,n−1 + n + 1δn0 ,n+1 ,
q √ √
hn0 | p̂ |ni = i ~mω
2
n + 1δn0 ,n+1 − nδn0 ,n−1 .
4
(c) A energia total média em um auto estado do Hamiltoniano é
† 1 1
hn| Ĥ |ni = ~ω hn| â â + |ni = ~ω n + ,
2 2
onde usamos o valor esperado do operador número calculado no item anterior. A energia
potencial média em um auto estado do Hamiltoniano é
1
hn| V̂ |ni = mω 2 hn| x̂2 |ni .
2
Do item anterior
1 ~ 1 ~ω 1
hn| V̂ |ni = mω 2 n+ = n+ .
2 mω 2 2 2
Finalmente
hn| Ĥ |ni
= 2.
hn| V̂ |ni
dâH (t) h i h i
i~ = âH (t),Ĥ = eiĤt/~
â,Ĥ e−iĤt/~ ,
dt
já que o Hamiltoniano comuta com as exponenciais. O comutador procurado é
h i
† 1
= ~ω â,↠â ,
â,Ĥ = ~ω â, â â +
2
dâH (t)
i~ = ~ω eiĤt/~ âe−iĤt/~ = ~ωâH (t).
dt
Resolvendo essa equação diferencial
5
Q5. a) O gráfico pedido é mostrado na Fig. 5:
p
C
V0 rV0 V
b) (i) De maneira geral, o trabalho realizado pelo gás num processo reversı́vel quando o volume
varia de V1 até V2 é dado por Z V2
W = pdV
V1
Portanto, o trabalho realizado no trecho CA é nulo, pois não há variação de volume. O trecho
AB é adiabático, portanto não há troca de calor QAB entre o gás e a vizinhança. Da primeira
lei da termodinâmica ∆U = Q − W (U é a energia interna),
onde usamos a expressão para a energia interna de um gás ideal. Finalmente, na isoterma BC,
usando a equação de estado do gás ideal,
Z V0
WBC = pdV = −nRTB ln r.
rV0
nR
Wtotal = (Tmax − Tmin ) − nRTmin ln r.
γ−1
(ii) Só há troca de calor entre o gás e a vizinhança nos trechos BC e CA, pois o processo AB é
adiabático. Como BC é uma isoterma, a energia interna do gás se mantém constante e, usando
a primeira lei,
QBC = WBC = −nRTB ln r < 0,
o que corresponde a uma liberação de calor do gás para sua vizinhança. Na isocórica CA, o
trabalho é nulo e, usando novamente a primeira lei,
6
Portanto, o calor injetado no gás é
nR
Qinjetado = (Tmax − Tmin ).
γ−1
Wtotal (γ − 1)Tmin
η= =1− ln r.
Qinjetado (Tmax − Tmin )
pB rV0 = pC V0 ⇒ pC = rpB ,
donde
pC pC γ pA
r= = r ⇒ rγ−1 = .
pB pA pC
Da equação de estado dos gases ideais para a isovolumétrica CA
pA TA Tmax
= = .
pC TC Tmin
Assim,
1/(γ−1)
Tmax
r= .
Tmin
Levando na expressão para o rendimento,
Tmin Tmax
η =1− ln .
(Tmax − Tmin ) Tmin