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Movimento Surrealista:

Psicanálise e Marxismo na construção da Supra-


Realidade.

Produção final da disciplina de Ênfase em História da Arte I


Bruna Perrotti, 165088.

2016
1. Resumo
Este texto visa sintetizar as leituras feitas sobre o Movimento Surrealista
buscando aprofundar um pouco sobre o tema, para tanto, inicialmente é elaborado um
panorama geral sobre o surgimento do movimento, sua auto definição e suas relações
prévias com o Dadaísmo, para em seguida abarcar suas proposições gerais e elucidar
quais foram as bases teóricas que fundamentaram as pesquisas do “Centro de Pesquisas
Surrealistas” coordenado por André Breton, relacionando-as ao proposto no Primeiro e
Segundo Manifestos Surrealistas, escritos por ele. A ênfase é em uma leitura do
surrealismo que considera sua base como um tripé: as pesquisas primeiramente teriam
brevemente abordado aspectos metafísicos, depois se aprofundado na psicanálise
freudiana e por fim teriam ainda desenvolvido aspectos políticos e sociais ligando-se ao
marxismo e ao Partido Comunista.

2. Auto definição origem do movimento e ruptura com o dadaísmo


Dentre as muitas etiquetas que pretendem denominar estilos artísticos, agrupar
obras e artistas por períodos, aproximações ou localidades, o surrealismo configura uma
daquelas que foram auto denominadas. Ou seja, não foi uma simples denominação
posterior dada por estudiosos daquele período, mas sim um movimento artístico
consciente, que desde o princípio visou se diferenciar de outras etiquetas. O termo
“surrealismo” se rastreia já em 1917 tendo sido atribuído a peça de Apolinaire Tirésias.
Algumas outras vezes neste período foi utilizado tendo cada vez menos seu conteúdo
cambiante, mas só em 1924 o conceito é definido com precisão no primeiro Manifesto
do Surrealismo de André Breton. Este afirma em seu manifesto que sua nova forma de
expressão pura é chamada de surrealismo em homenagem a concepção apollinariana,
entretanto, considera que a concepção que empregava com seus colegas já havia
superado quaisquer anteriores. Sua definição neste documento se pretende definitiva:
"SURREALISMO, s.m. Automatismo psíquico em estado puro mediante o qual
se propõe exprimir, verbalmente, por escrito, ou por qualquer outro meio, o
funcionamento do pensamento. Ditado do pensamento, suspenso qualquer controle
exercido pela razão, alheio a qualquer preocupação estética ou moral."
Tal definição é seguida por outra, dirigida a uma Enciclopédia de Filosofia:
"ENCICL. FILOS. O Surrealismo repousa sobre a crença na realidade superior
de certas formas de associação desprezadas antes dela, na onipotência do sonho, no
desempenho desinteressado do pensamento. Tende a demolir definitivamente todos os
outros mecanismos psíquicos e a se substituir a eles na resolução dos principais
problemas da vida. Deram testemunho de SURREALISMO ABSOLUTO os srs. Aragon,
Baron, Boiffard, Breton, Carrive, Delteil, Desnos, Éluard, Gerard, Limbour, Malkine,
Morise, Naville, Noll, Péret, Picon, Soupault, Vitrac."
Estas definições resumem as proposições gerais do movimento para Breton, ele
acreditava que era necessário transcender a contradição entre realidade e sonho através
da criação de uma supra-realidade, uma realidade absoluta, onde as contradições teriam
unidade. Os sonhos seriam, assim como a escrita autônoma entre outros meios, chaves
para a criação desta supra-realidade, pois permitiriam ao homem acessar seu
inconsciente - onde a lógica racionalista, a moral, as convenções não prevalecem –
portanto pode trazer grandes revelações sobre os instintos humanos, o
autoconhecimento obtido por este acesso ao inconsciente permitiria ao homem ter plena
consciência de suas capacidades e dos melhores meios de emprega-las nas resoluções da
vida concreta e nas questões existenciais.
Assim como outros artistas que aderiram ao surrealismo posteriormente, Breton
estava antes ligado ao dadaísmo, que já pregava a necessidade da crítica da arte
tradicional e consagrada por esta sempre se pautar nos mesmos padrões estéticos
impostos por uma visão de mundo baseada razão. Esta crítica e o aspecto niilista do
dadaísmo é herdado pelo surrealismo, Breton afirma no segundo manifesto: “o
surrealismo busca provocar do ponto de vista intelectual e moral, uma crise de
consciência da espécie mais geral e mais grave”. As aproximações entre o dadaísmo e
o surrealismo, entretanto, não vão muito além disso, pois apesar da grande contribuição
crítica e desconstrutiva do primeiro, este se limitava a romper com a lógica racionalista
dominante, nunca propondo uma nova lógica, enunciando novos horizontes.
Em 1920, a ruptura de Breton com Tristan Tzara, um dos iniciadores do
dadaísmo, foi anunciada na revista Litterature. Breton deixara de acreditar no
movimento a medida que este se torna repetitivo das fórmulas de sucesso “anti-arte”
sem qualquer aspecto propositivo. Diante de uma exposição do Salão Dadá na Galeria
Montagné comenta sobre a futilidade das obras e como considera que esta futilidade
está a comprometer aspectos importantes do movimento, Breton organiza então um
projeto de congresso: Congresso de Paris para a determinação das directivas e da
Defesa do Espírito Moderno, sem muito êxito, entretanto:
“Escritores e artistas tinham edificado, em e através de dadá, uma pequena
reputação. Não a queriam comprometer numa aventura que lhes parecia sem saída,
pois só sentiam desconfiança por esse ‘espírito’ em nome do qual devia reunir o
congresso. Depois do desaire, Breton e os seus amigos moderaram a sua ambição.
Mostram-se, então, mais preocupados em furar em profundidade do que em estender os
seus esforços. Renunciam a qualquer aliança. O grupo, aliás muitíssimo reduzido,
fecha-se sobre si próprio.” (CASTRE, 1963).
Os integrantes deste pequeno grupo iniciam então as pesquisas que iriam
culminar no surgimento do Centro de Pesquisas Surrealistas e que sob a coordenação
de Breton posteriormente se identificariam como um movimento consciente lançado
pelo Primeiro Manifesto, em 1924.

3. A base meta-física
Em seu esforço por transcender a lógica racionalista, as primeiras pesquisas
voltaram-se para a metafisica, apesar de rechaçarem qualquer forma propriamente
religiosa, como a ideia de um Deus, buscavam aspectos da realidade que estavam além
do sensível e visível que tornassem possível sintetizar aspectos contraditórios do
mundo: vida e morte, passado e futuro, real e imaginário; sua busca por unidade, pelo
universal, longe de tentar apenas afastar o homem de sua realidade concreta tinha como
fim ultimo permitir ao homem tomar plena consciência de suas capacidades para que
pudesse dar soluções aos seus problemas existenciais. É portanto um movimento
pendular, o homem teria que partir de sua realidade usual, adquirir novas experiências
no mundo supra-real para então retornar iluminado com novas ideias, visões e
percepções dos problemas materiais. Conforme estes propósitos ficavam mais claros nas
pesquisas de Breton e seu núcleo, a procura da supra-realidade rapidamente começa a se
direcionar à consciência e subconsciência do individuo se afastando dos aspectos
exotéricos que levaram mais a abismos filosóficos do que os aproximaram de encontrar
respostas.

4. A base psicanalítica
Rodeado pela lógica positivista muito em voga em seu contexto e que tanto
criticava, Breton afirma no primeiro manifesto que os procedimentos lógicos só podiam
se ater até onde a experiência sensível era capaz de chegar, portanto se limitavam a
problemas secundários, foi somente por acaso que a ciência começa a levar em
consideração aspectos que para ele seriam mais cruciais: com o surgimento e
reconhecimento da teoria freudiana, talvez a imaginação pudesse recobrar suas
capacidades e direitos.
Com a atenção voltada à Freud e à psicanálise, puderam melhor desenvolver
como as convenções sociais funcionavam como mecanismos repressivos desde a
infância, condicionando a percepção da realidade. Exploraram as anomalias psíquicas
que permitiam ao individuo sair de sua personalidade normal, doenças nervosas da
personalidade, dos sentidos, da memória, o sonambulismo, a loucura, as alucinações,
sempre se questionando até que ponto estas anomalias revelam percepções distintas da
realidade e se estas seriam menos ou mais validas que a normalidade. Os considerados
loucos, para Breton, são aqueles que, se não fossem por alguns atos específicos que
transgridem as convenções normais sociais, teriam sua liberdade; não deixam de ser, na
verdade, vitimas de sua própria imaginação, enquanto a imaginação da maioria das
pessoas já foi podada logo depois da infância e só responde às leis da utilidade
definhando aos poucos no encarceramento, a imaginação dos loucos de alguma forma
reagiu mal a este processo de repressão e agora os leva constantemente a inobservância
de certas regras, na medida que desafiam as normas e a moral imposta e possibilitam um
vislumbre de uma consciência menos reprimida se tornam um objeto de estudo
interessante ao surrealismo.
Para Freud a psiquê pode ser entendida primariamente através da oposição do Id
ao Ego, o primeiro seria o domínio mais profundo da subconsciência, o responsável
pelos impulsos e instintos imediatos do homem, enquanto o segundo seria a
internalização de toda a moral imposta pela sociedade através dos costumes, convenções
e relações. Estas duas partes da consciência humana estariam supostamente sempre em
conflito, se contradizendo, sendo que a função do ego seria a de controlar o Id,
impedindo que a satisfação imediata dos prazeres ponha a homem em risco, ao
pensamento surrealista estes conceitos e teorias foram de extrema relevância. No
esforço de questionar a moral libertando realmente a mente humana para suas
capacidades, compreendem que acessar ao Id, significava na verdade compreender os
impulsos humanos reprimidos pela moral, e finalmente transcender as contradições.
Esteticamente nas obras, estes aspectos são evidenciados nos elementos aparentemente
sem coerência, unidos ou sobrepostos, o Id não se compromete com coerências, apenas
almeja as satisfações imediatas, acessá-lo e representa-lo, portanto, seguiria o mesmo
padrão.
As repressões e formas de controle impostas ao homem são tão eficientes que,
segundo Freud, nem em seu próprio domínio os instintos se manifestam livremente,
ocultam-se através de símbolos baseados em grandes narrativas universais ancestrais.
Estes símbolos apareceriam nos sonhos ou nas escolhas inconscientes na produção
artística, por isso o automatismo era tão defendido em oposição à imaginação que já
estaria corrompida por situar-se em um plano mais consciente, para Breton, enquanto
esta racionalizava de acordo com os padrões estéticos impostos, o automatismo aflorava
a criação da supra-realidade através da subconsciência reprimida do Id. Como afirma a
definição de surrealismo dada por Breton este consiste em qualquer forma de
automatismo que transcenda a razão, a escrita autônoma, por exemplo, apresenta-se no
fim da produção como repleta de absurdidades imediatas e estranha ao próprio autor,
entretanto, sob um exame mais aprofundado se é capaz de compreender os elementos e
fatos como não menos objetivos que os convencionais. Breton dá as instruções no
Primeiro Manifesto de como realizar uma composição surrealista escrita:
“Mande trazer com que escrever, quando já estiver colocado no lugar mais
confortável possível para concentração do seu espírito sobre si mesmo. Ponha-se no
estado mais passivo ou receptivo, dos talentos de todos os outros. Pense que a
literatura é um dos mais tristes caminhos que levam a tudo. Escreva depressa, sem
assunto preconcebido, bastante depressa para não reprimir, e para fugir à tentação de
se reler. A primeira frase vem por si, tanto é verdade que a cada segundo há uma frase
estranha ao nosso pensamento consciente pedindo para ser exteriorizada. É bastante
difícil decidir sobre a frase seguinte: ela participa, sem dúvida, a um só tempo, de
nossa atividade consciente e da outra, admitindo-se que o fato de haver escrito a
primeira supõe um mínimo de percepção. Isto não lhe importa, aliás; é aí que reside,
em maior parte, o interesse do jogo surrealista. A verdade é que a pontuação se opõe,
sem dúvida, à continuidade absoluta do vazamento que nos interessa, se bem que ela
pareça tão necessária quanto a distribuição dos nós numa corda vibrante. Continue
enquanto lhe apraz. Confie no caráter inesgotável do murmúrio. Se o silêncio ameaça
cair, por uma falta da inatenção, digamos, que o leve a cometer um pequeno erro, não
hesite em cortar uma linha muito clara. Após uma palavra cuja origem lhe pareça
suspeita, ponha uma letra qualquer, a letra “l”, por exemplo, sempre a letra “l”,
restabeleça o arbitrário, impondo esta letra como inicial à palavra que vem a seguir.”
As leituras dos elementos e símbolos revelados pelos sonhos e automatismos
eram então estudadas e praticadas pelos surrealistas que acreditavam que assim estariam
mais perto de desenvolver a personalidade humana através da tomada de consciência
dos desejos recalcados.
Ao desenrolar dos anos de pesquisa, novamente o movimento pendular se
manifesta, do entendimento que a psicanálise proporciona da criação da supra-realidade,
através do eu subconsciente, as capacidades humanas eram exploradas, mas a finalidade
era uma: o retorno a realidade buscando sua transformação, apenas com a transformação
do mundo, a existência humana poderia ser completamente modificada. E esta
percepção levou, por volta de 1924 e 1925 após o lançamento do Primeiro Manifesto, o
movimento a almejar um engajamento político, começam-se neste período então as
investigações a cerca da teoria marxista.

5. A base marxista
Os surrealistas rechaçavam a noção de que as grandes teorias deveriam ficar
restritas a um pequeno grupo de intelectuais eruditos, queriam disseminar a todos, todas
as conclusões que obtivessem, o povo deveria fazer parte do movimento, desprezavam o
isolamento como fonte de elaboração, Breton defendia que a poesia deveria ser feita por
todos, todos os jogos surrealistas iam neste caminho: fazer com que a arte seja uma
produção coletiva. Convergiam neste aspecto às teorias de Marx e Engels, esta
dimensão democratização para as massas combinada com a vontade de transformar o
mundo foi o que levou vários artistas a aderirem ao marxismo e a se filiarem ao Partido
Comunista, André Breton aderiu ao partido em 1927, mas esta aproximação não durou
muito.
Quando questionado sobre as dificuldades no período de 1925 a 1929 de levar a
cabo tanto as atividades interiores (surrealistas) quanto as exteriores (políticas) ao
mesmo tempo, Breton afirma que o engajamento político do movimento não prejudicou
em nada suas produções, pelo contrário, havia sido o período mais frutífero para muitos
integrantes. De fato, muitas das principais obras surrealistas datam deste período,
entretanto a partir de 1929 o movimento enfrenta uma crise provocada por desacordos
sobre a intenção da adesão ao marxismo, ocorre uma grande separação em que muitos
integrantes são ou expulsos por Breton ou dissidem por conta própria, partindo a um
ataque sistemático a Breton e ao movimento, que seriam intolerantes e ditatoriais. Em
1930 a aproximação atinge seu auge, uma nova revista é lançada Le Surrealisme au
Service de la Révolution que substitui a revista La Révolution Surrealiste denotando a
militância do movimento, também o Segundo Manifesto do Surrealismo é escrito,
revelando o caráter social e marxista que o movimento geral apontava, entretanto logo
em 1931, para Breton, o burocratismo do Partido e a excessiva tentativa de interferência
no movimento atingem um nível insuportável. Ele relata a gota d’agua:
[...]“tinham lhes apresentado para a assinatura uma declaração que implicava
o abandono, para não dizer apostasia, de quase todas as posições que havíamos
defendido até então. Dessolidarização do Segundo Manifesto ‘na medida’ – cito
textualmente – ‘em que ele contraria o materialismo dialético’, denuncia do freudismo
como ‘ideologia idealista’, do trotsquismo como ‘ideologia social-democráta e
contrarrevolucionária’. Por fim deviam comprometer a sua atividade literária ‘à
disciplina e ao controlo do partido comunista’”. (BRETON, apud in DEPUIS, 1979)
A ruptura de Breton com o partido inicia uma serie de denuncias por parte dos
surrealistas ao Partido Comunista que nas mãos de Stalin se tornava cada vez mais
totalitário não permitindo nenhuma espécie de heterodoxia, na visão de Breton o partido
traia os ideais revolucionários de Marx e Engels inclusive nesta intolerância já que
Engels defendia que um bom partido deveria conseguir sustentar opiniões divergentes.
Apesar da desilusão de Breton com o Partido, a teoria marxista continua a ser
aprofundada e explorada pelo movimento, o aspecto político, o desejo de transformação
da realidade não muda com o afastamento, uma vez aberta essa via o movimento
continuaria a explorá-la, o que o leva a adquirir cada vez mais um aspecto positivista,
paradoxalmente, já que esta era a lógica que Breton criticava desde o surgimento do
movimento, a psicanalise já havia permitido centrar as pesquisas surrealistas no campo
científico, o marxismo dá mais um passo nessa direção e permite a Breton encontrar no
materialismo histórico dialético novos argumentos em sua busca por unir as
contradições, desta vez afirmando que as antinomias são destinadas hipocritamente a
impedir a agitação e ação do homem.
“Se, no Primeiro Manifesto, Breton invoca a Psicanálise para buscar a
liberação total do homem através de experiências como o sono induzido, o relato de
sonhos, a escritura automática, no momento em que escreve o Segundo Manifesto , ele
recorre ao materialismo dialético a fim de fazer a Revolução.”(FILHO, Eclair, 2010).
A ortodoxia, claro, passava longe do fundador do surrealismo, mesclando os
ideais marxistas com seus próprios ele colocava a libertação do espírito humano e da
existência subjetiva como finalidades da revolução social. A extinção da propriedade
privada seria um pré-requisito para que o homem abandonasse o egoísmo e pudesse
conviver realmente em comunidade e neste processo o amor seria peça chave, já que
teria a capacidade de atuar definitivamente na dissolução das antinomias.
6. Referências Bibliográficas

BRETON, André. Manifesto do surrealismo, 1924.

BRETON, André. Segundo manifiesto del surrealismo, 1930.

CASTRE, Victor. Le Drame Du Surréalisme. Paris: Edition du Temps, 1963.

COSTA, Anderson. Surrealismo e Marxismo: a necessidade contra o desejo de


ortodoxia. Revista Tabuleiro de Letras, nº 6, 2013.

DUPUIS, Jules-François. Histoire Désinvolte du Surréalisme. Lisboa: Editores


Refratários 1979.

FILHO, Eclair A. A. A Revolução Surrealista antes e sempre (apesar dos cadáveres).


Dois Pontos Internet, 2010.

FREUD, S. S. O Mal Estar na Civilização. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1996.

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