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FUNÇÃO E DESFUNÇÃO

PROCESSOS NUTRICIONAIS

Professor: Rodolfo Giliberti Higgins


E-mail: rodolfoghnut@yahoo.com.br
Referências bibliográficas: Shils. Tratado de nutrição
moderna na saúde e na doença Ed. Manole, 9ºed., vol. I e II,
2002
Chemin & Mura. Tratado de alimentação, nutrição e
dietoterapia São Paulo: Roca, 2007
Reis, N. T. Nutrição Clínica – Sistema Digestório, Rio de
Janeiro . Rubio. 2002
PIROSE
• Sensação de dor em queimação na região retro esternal,
podendo resultar de qualquer estímulo irritativo localizado
no terço inferior da esôfago.
➢TRATAMENTO:
• Dieta com fracionamento aumentado e volume diminuído,
evitando alimentos que diminuam a pressão do esfincter
esofagiano inferior (PEEI) e com outras características
ajustadas às necessidades do paciente (ANP), evitando a
obesidade.
• Elevação da cabeceira da cama;
• Posição ereta após as refeições;
• Evitar roupas apertadas;
• Antiácidos se houver necessidades.
NÁUSEAS E VÔMITOS

• Podem ocorrer isoladamente ou combinados. Parecem ser


mediados pelas mesmas vias neurais, podendo ser
considerados em conjunto.
Como causa temos: Irritação, inflamação ou distúrbio
mecânico em qualquer nível do TGI, impulsos irritativos
oriundos de qualquer víscera doente, irritação dos canais
semicirculares, ação tóxica de drogas, de origem central etc.
Podem apresentar várias complicações como aspiração
pulmonar do vômito (pneumonia por aspiração), ruptura da
mucosa esofagogástrica (síndrome de Mallory-Weiss).
A náusea prolongada é sinal de grave doença
gastrointestinal.
NÁUSEAS E VÔMITOS

➢TRATAMENTO:
• Correção da causa;
• Medicamentos utilizados com cautela;
• Drogas sedativas – espasmolíticas, em caso de necessidade;
• Psicoterapia para evitar os estímulos psíquicos
desagradáveis;
• Nutrição – temporariamente zero por via oral, hidratação e
nutrição a 5 – 10% por via endovenosa em solução salina; via
oral (início) pequenas quantidades de alimentos secos (“no
enjôo matinal”, ingerir os alimentos antes de levantar),
posteriormente, dieta com fracionamento aumentado e
volume diminuído e [ ] com alimentos simples e saborosos.
Os líquidos quentes e frios são tolerados precocemente.
Considerar sempre as preferências alimentares do paciente.
FLATULÊNCIA
• Apresenta como causas o ar deglutido com os alimentos, os
gases derivados dos alimentos, os gases de deficiência de
dissacaridase e os gases da ação das bactérias.
➢TRATAMENTO:
• Eliminação das causas específicas,
• Correção da aerofagia;
• Correção dos efeitos físicos;
• Higiene e hábitos alimentares adequados;
• Restrição de alguns alimentos ricos em enxofre, de difícil
digestibilidade, flatulentos e fermentáveis;
• Tratamento medicamentoso (DIMETICONA);
• Chá de erva-doce ou funcho.
XEROSTOMIA

• É a diminuição ou ausência de secreção salivar. As glândulas


salivares produzem de 1 a 1,5 l de secreção salivar/dia
(lubrificante, facilitadora da mastigação e da deglutição,
função enzimática), e o controle da secreção salivar ocorre por
estímulos do simpático (secreção espessa e escassa) e do
parassimpático (secreção aquosa). As serosas (parótida e
papilas valadas) fornecem secreção aquosa, as sublinguais e
palatinas posteriores, secreção viscosa e as mistas (glândulas
submaxilares), grande quantidade de saliva com secreção
aquosa e viscosa.
As causas da xerostomia podem ser resumidas em distúrbios
emocionais, ativação do sistema adrenérgico (pânico),
desidratação, diabetes mellitus desconpensado, doenças
inflamatórias (virais e bacterianas).
XEROSTOMIA

➢TRATAMENTO:
• Medicamento: PILOCARPINA;
• Dieta: Hiper-hídrica (líquidos ácidos e cítricos), alimentos
condimentados, com muito aroma, estimulantes do apetite e o
restante das características ajustada às necessidades do paciente
(ANP)
HALITOSE

➢Pode ser provocada por:


• Período de repouso ou inatividade bucal, associada a respiração
bucal, provocando diminuição do fluxo salivar, proliferação
bacteriana imensa e descamação epitelial, gerando halitose matinal;
• Higiene bucal inadequada;
• Longos períodos de jejum,
• Diminuição da glicemia, gerando halitose fétida;
• Tensão emocional ou alteração psicossomática pode levar a queixa
subjetiva de mau hálito;
HALITOSE

• Retenção de resíduos alimentares, bactérias e células mortas


no dorso da língua (parte posterior – papilas), com higiene
adequada, tabagismo intenso e excesso de consumo de café
produz a saburra lingual, que provoca halitose intensa;
• Ingestão de alimentos rico em enxofre, álcool, leite e iogurte
(o odor dos produtos voláteis do metabolismo dos lipídeos e
da fermentação sobre a língua é exalado pelos pulmões
depois da digestão e absorção, gerando halitose;

➢TRATAMENTO:
• Tratar o fator causal;
HALITOSE

Cont....
• Higiene adequada e rigorosa da cavidade oral, orientada
profissionalmente;
• Redução dos intervalos entre as refeições;
• Escovar os dentes e a língua ou, pelo menos, enxaguar a
boca com água ao ingerir as refeições, leite, iogurte, bebida
alcoólica, alimentos ricos em enxofre e glicídios;
• Bochecho com produtos para mascarar o hálito, a solução de
bicarbonato de sódio e água oxigenada a 10 Vol. impede as
reações de odor desagradável, mas ambas alteram a
palatabilidade se usadas por longos períodos;
HALITOSE

Cont...
• As pastilhas mascaradoras de hálito se usadas por longos
períodos poderão acarretar manchas nos dentes e alteração
na flora. As pastilhas com açúcar são cariogênicas;
• Balas, drops e chicletes são cariogênicos, porém podem ser
usados os diets ou adoçados com xilitol. O ato de mastigar
aumenta a produção salivar e diminui o odor. Os produtos
aromatizados ingeridos são eliminados com o ar pelos
pulmões;
• O produto a base de flúor, só devem ser usados com
indicação do odontólogo;
HALITOSE

Cont...
• Os produtos como antiinflamatórios e/ou antibióticos devem ser
usados com muito controle, pois alteram a flora bucal, podem
provocar resistência e têm grande nº de colateralidade e interações
com os nutrientes, promovendo alterações no estado nutricional;
DISPEPSIA OU INDIGESTÃO GÁSTRICA

➢CLASSIFICAÇÃO:
• Dispepsia pós-prandial precoce;
• Dispepsia pós-prandial tradia.

➢CAUSAS:
• Deglutição do ar junto com o alimento, ingestão de líquidos
carbonatados ou de bicarbonato de sódio, ingestão rápida
de alimentos, excesso de alimentação, mastigação
insuficiente ou inadequada, tensão dos transtornos
emocionais etc... Os pacientes apresentam sensações de
plenitude gástrica, náuseas e vômitos, regurgitações ácidas,
pirose e dores na parte superior do epigástrio.
DISPEPSIA OU INDIGESTÃO GÁSTRICA

➢TRATAMENTO MEDICAMENTOSO:
• Antiespasmódico, regulador fisiológico da motricidade
digestiva, antiácidos e antiflatulentos.
➢CONDUTA DIETOTERÁPICA:
• A conduta dietoterápica visa a recuperação do estado
nutricional e minimização e cura do sintoma, (ANP),
evitando frituras, alimentos fermentáveis, flatulentos, ricos
em enxofre e de difícil digestibilidade (DD), sucos
industrializados, refrigerantes e bebidas alcoólicas. A dieta
deve ser ainda as ações e aos efeitos dos medicamentos em
uso.
GASTRITE

• Inflamação e lesão tecidual resultante da erosão da camada


da mucosa e exposição das células subjacentes às secreções
gástricas e as bactérias (H. pilory);
• Sintomas: náuseas, vômitos, mal estar, anorexia, hemorragia
e epigastralgia.
➢Tipos de gastrite:
• Gastrite atrófica – atrofia e perda das células parietais do
estômago, sendo caracterizada pela perda da secreção de
HCl (acloridria) e do fator intrínseco – má absorção de B12 e
Fe.
GASTRITE

• Aguda (simples ou exógena, corrosiva e tóxica)


Ex: Ingestão de álcool, drogas, infecções, ingestão de
substâncias corrosivas, uso de drogas contendo salicilatos,
barbitúricos, etc...
➢TRATAMENTO:
• Dieta zero por via oral, até desaparecerem os sinais agudos
de dor, náuseas e vômitos. Se for corrosiva dieta via oral zero
e depois da fase aguda dieta semelhante a da úlcera;
• Crônica (superficial, atrófica e hipertrófica) – inflamação
difusa ou parcial, sobretudo no antro gástrico;
GASTRITE

Cont...
• Especial ou pós gastrectomia – redução da capacidade
gástrica gerando saciedade precoce, perda ponderal e
desnutrição.
➢TRATAMENTO:
• Reduzir o volume da ingestão por vez e suplementar via
parenteral ( se houver necessidade), K+ em solução
fisiológica, vit. A 30.000 UL, B1 3 mg, B2 5 mg, C 200 mg
etc... Anemia perniciosa ( suplementação de B12 (100 mcg) e
Fe 20 mg.
GASTRITE
GASTRITE – OBJETIVOS DA DIETA

• Recuperar o estado nutricional do paciente;


• Favorecer o trabalho gástrico, reduzindo a secreção gástrica,
evitando progresso das lesões e a hemorragia;
• Promover o esvaziamento adequado do estômago para
permitir que o revestimento mucoso se regenere;
• Evitar ou minimizar os efeitos colaterais e as interações com
os nutrientes provocados pelos fármacos em uso;
• Proporcionar hidratação adequada ao paciente;
• Promover a educação nutricional do paciente.
ESPECIFICAÇÕES GASTRITE AGUDA GASTRITE CRÔNICA
VET ANP ANP
SACARÍDIOS NORMO A hipo NORMO S/ DISSACARÍDEOS

PROTÍDIOS NORMO A HIPER (ATÉ 1,2g) NORMO A HIPER (ATÉ 1,4g)

LIPÍDIOS NORMO A hipo NORMO S/ SATURADOS

MINERAIS E VITAMINAS ANP ANP

PURINAS SEM CALDOS SEM CALDOS


CONSISTÊNCIA LIQ./PASTOSA PASTOSA/BRANDA
LÍQUIDOS ANP ANP
FRACIONAMENTO ALTO NORMAL
VOLUME BAIXO NORMAL
TEMPERATURA NORMAL/CORPORAL NORMAL/CORPORAL
FIBRA (celulose) ANP ANP
ALIMENTOS RICOS ENXOFRE ISENTA ISENTA
ALIMENTOS (DD) ISENTA ISENTA
ALIMENTOS FLATULENTOS ISENTA ISENTA
OUTROS ELEMENTOS ANP ANP
ÚLCERA PÉPTICA

• Lesão corroída seja na mucosa gástrica ou duodenal, quando


são rompidos os fatores que mantém normalmente a
integridade da mucosa, permitindo a erosão proteolítica e
ácida do tecido mucoso. Tipicamente demonstram sinais de
inflamação crônica e processos de cicatrização ao redor da
lesão.
ÚLCERA PÉPTICA

• Possui 3 etapas:
• I – fase aguda: 5 a 8 dias
• II – fase de recuperação: 10 a 15 dias
• III – fase pós ulcerosa: Alta com recomendações e orientações
➢ OBJETIVOS DA DIETA:
• Normalizar o estado nutricional do paciente, minimizar os
sintomas na fase aguda, basear a dieta no repouso fisiológico do
estômago e da manutenção de um ótimo estado de nutrição,
evitar a distensão abdominal, evitar ou diminuir os efeitos
colaterais dos fármacos em uso e as intenções negativas com os
nutrientes e corrigir as deficiências de hábitos alimentares por
meio da educação nutricional.
ÚLCERA PÉPTICA – CARACTERÍSTICAS DA DIETA

• VET – ANP;
• Protídio – Normo a Hiper até 1,2g/kg (fase aguda) e até
1,5g/kg (fase de recuperação);
• Sacarídios – ANP para evitar a fermentação;
• Lipídios – Sem saturados para evitar a dislipidemia;
• Minerais e vitaminas – ANP e ao uso de fármacos;
• Caldo [ ] em purinas – isento;
• Fibras – modificadas por cocção e subdivisão para facilitar a
digestão;
ÚLCERA PÉPTICA – CARACTERÍSTICAS DA DIETA

• Líquidos – normo a hiper;


• Temperatura – normal (temperatura alta leva a congestão da
mucosa gástrica e aumento do ácido gástrico;
• Fracionamento – Aumentado (fase aguda) e normal
(recuperação);
• Volume – diminuído ( fase aguda) e normal (recuperação);
• Consistência – líquida completa e pastosa (fase aguda) e
branda a normal (recuperação);
• Outros – isentos os alimentos ricos em enxofre, DD,
flatulentos, fermentáveis, infusos [ ], carminativos, bebidas
alcoólicas, refrigerantes, cigarro, etc...

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