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PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO
CONTABILIDADE E
FINANÇAS
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7.1.3 Índice de liquidez imediata............................... .....................................................41
7.1.4 Índice de liquidez geral...........................................................................................42
7.2 Índices de Endividamento..............................................................................................44
7.2.1 Endividamento total em relação ao ativo................................................................44
7.2.2 Endividamento de curto prazo em relação ao ativo total..............................................46
7.2.3 Índice de participação do capital próprio................................................................47
7.2.4 Índice D/E- Relação das dívidas com o patrimônio liquido...................................48
7.2.5 Índice de cobertura dos juros..................................................................................49
7.3 Índices de Atividade.......................................................................................................51
7.3.1 Giro do Estoque...........................................................................................................51
7.3.2 Prazo médio de renovação dos estoques (PME) ......................................................52
7.3.3 Prazo médio de recebimento (PMR) ........................................................................53
7.3.4 Prazo médio de pagamento (PMP) ...........................................................................55
7.3.5 Ciclo operacional (CO)..........................................................................................56
7.3.6 Ciclo financeiro (CF) ou de caixa ............................................................................57
7.3.7 Giro do Ativo Total ...................................................................................................59
7.4 Índices de Lucratividade ......................................... .................................................61
7.4.1 Margem Bruta ............................................... ............................................................61
7.4.2 Margem Operacional ..................................... ...........................................................62
7.4.3 Margem líquida ............................................... ..........................................................63
7.4.4 Margem Ebitda ................................................ .........................................................65
7.5 Índices de Rentabilidade ........................................... ..................................................67
7.5.1 Rentabilidade sobre o ativo total (ROA) ..................................................................67
7.5.2 Rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE) ....................................................68
7.5.3 Rentabilidade sobre o capital investido (ROIC) ......................................................70
7.6 Índices de Mercado ou Ações ........................................... ..........................................72
7.6.1 Valor patrimonial da ação (VPA) ................................. ...........................................72
7.6.2 Lucro por ação (LPA) ................................. ..............................................................74
7.6.3 Índice Preço/lucro (P/L) ................................. ..........................................................75
7.6.4 Índice de dividendos por ação (dividend yield) ................................. .........................77
7.6.5 Índice de payout................................. ........................................................................79
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10 CUSTO DE CAPITAL................................. ..................................................104
10.1 Custos do capital terceiros................................. ................................................107
10.2 Custos do capital próprio................................. ....................................................109
10.3 Modelo CAPM................................. ......................................................................110
10.4 Custo médio ponderado de capital-CMPC................................. ........................113
11 VALOR ECONÔMICO ADICIONADO................................. .....................115
11.1 Valor de mercado agregado ou market value added (MVA® ). ......................117
12 MODELO DE FLUXO DE CAIXA DESCONTADO (FCD) DA
EMPRESA................................................................................................................118
12.1 Aplicações Práticas do Método Fluxo de caixa Descontado (FCD) ..............121
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1 Programa da disciplina
1.1 Ementa
Introdução à contabilidade; A contabilidade como sistema de controle e informações;
Procedimentos contábeis básicos; Interpretação e Análise das Demonstrações Financeiras;
Fluxo de Caixa, Desempenho Operacional e Alavancagem Financeira; Gestão Baseada no
Valor; Medidas de Criação de Valor; Risco e Retorno; Decisões Financeiras de Curto e Longo
Prazo; Método Básico de Avaliação de Empresa.
1.2 Objetivos
Neste módulo serão apresentados alguns conceitos e procedimento básico contábeis, dando-
se maior ênfase nas análises das demonstrações financeiras, medidas de criação de valor e
Método básico de avaliação de empresa. É esperado que ao final deste módulo, os participantes
tenham um conhecimento suficiente para identificar as organizações como um sistema de
processos econômico-financeiros.
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1.3 Conteúdo programático
Revisão dos conceitos básicos contábeis e
Conceitos Básicos contábeis; Estruturas apresentação das estruturas do balanço
das principais demonstrações financeiras patrimonial, demonstração de resultado do
exercício, demonstração do fluxo de caixa.
1.4 Bibliografia
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Coorporativas e Valor. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2014.
DAMADARAN, Aswath, Valuation-Como Avaliar Empresas e Escolher as Melhores
Ações. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
FLEURIET, Michel. O Modelo Fleuriet. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 12° ed. São Paulo: Pearson.
2010.
MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços, 7° ed. São Paulo: Atlas. 2010
O’BYRNE, Stephen F; YOUNG, S. David. EVA e gestão baseado no valor: guia prático
para implementação. Porto Alegre: Bookman, 2003
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1.5 Currículo resumido do professor
Jerber Antonio Cavassola é mestre em Engenharia de Produção, área de concentração
Gestão de Negócio, pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Finanças
Empresariais pela Universidade Federal de Santa Catarina e graduado em Economia pela
Universidade Federal do Paraná. Atualmente atua como professor nas áreas de Economia e
Finanças nos cursos de graduação e pós-graduação. Atuou durante 15 anos como consultor
de Negócios em multinacional do segmento automobilístico, em áreas de vendas e
treinamento de negócios, visando a evolução dos lucros e crescimento dos negócios. Além
de desenvolvimento e fornecimento de técnicas e controles necessários para garantir
eficiência nas operações, como controle de custos e despesas operacionais.
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2 Introdução
O objetivo desta apostila é mostrar os principais fundamentos da contabilidade e
finanças, visando fornecer uma introdução a esse fascinante tema tão importante, tanto de
caráter pessoal quanto empresarial.
Essa apostila reúne informações sobre as mais utilizadas técnicas de análise econômico-
financeira de empresas. Seu conteúdo contempla tanto o conjunto de premissas que suportam
cada uma dessas técnicas, quanto a aplicação das mesmas sobre as informações financeiras de
uma empresa hipotética, aqui usada como exemplo.
Nos itens seguintes são apresentados os métodos de apurar o custo de capital médio
ponderado (WACC -Weighted Average Cost of Capital) de uma empresa e os modelos de
precificação, através do conceito de riqueza adicionada medida pelo método denominado
economic value added (EVA®) e pelo método fluxo de caixa descontado (FCD).
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3 Importância da Contabilidade
Por sua vez, bancos multipolos e de investimentos que aplicam dinheiro nesta empresa,
necessitam de informações sobre seu desempenho para fazer julgamentos de créditos ou
investimentos. Da mesma forma, fornecedores precisam das informações sobre as condições
financeiras que essa empresa encontra-se, pois isso evita risco de atraso de pagamento ou
inadimplência. Você como investidor está interessado em comprar ações dessa empresa, precisa
saber como anda a situação financeira dela. Portanto, a contabilidade fornece informações para
usuários internos e externos, quanto mais importante a decisão, maior a necessidade de
informação.
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É neste ambiente que as atividades de finanças (tesoureiro) e contabilidade (controller)
estão intimamente relacionadas. As demonstrações financeiras e relatórios produzidos pela
contabilidade fornecem informações importantes para tomadas de decisões. Como por
exemplo, o Demonstrativo de Resultado do Exercício, fornecem informações sobre a
lucratividade, o Balanço Patrimonial, sobre posição financeira da empresa. O Demonstrativo
do Fluxo de Caixa é um relatório que fornece uma análise detalhada da maneira como o caixa
foi gerado e indica como foi utilizado na condução de cada fase do negócio. Esse demonstrativo
fornece também uma importante ferramenta para o administrador financeiro avaliar e entender
os fatores externo e as políticas internas que influenciam no fluxo de caixa da empresa. Estudo
mais detalhado dos demonstrativos financeiros e índices financeiros, veremos na próxima
secção deste livro.
Entretanto, segundo (Gitmam,2012, p.11) “há duas diferenças básicas entre finanças e
contabilidade: ênfase nos fluxos de caixa e tomada de decisões”.
Por outro lado, o administrador financeiro enfatiza os fluxos de caixa, ou seja, a entrada
e saída de dinheiro, com isso mantém a empresa com boa liquidez. O objetivo do administrador
financeiro é manter organizadas as entradas e saídas de dinheiro para honrar suas obrigações e
adquirir ativos necessários para realizar suas metas. Desta forma, o administrador financeiro
aplica o regime de caixa, reconhecendo as receitas e despesas somente no momento de entrada
e saída de caixa, independente se a operação gerou prejuízo ou lucro.
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Um exemplo nos ajudará a compreender a importância da ênfase no fluxo de caixa dada
pelos administradores financeiros.
Visão Contábil
(Regime de Competência)
Como você pode observar na tabela 1, do ponto de vista contábil, a sua empresa é
lucrativa, gerou um lucro de R$ 100.000, pelo regime de competência, uma visão contábil.
Visão Financeira
(Regime de caixa)
( + ) Entrada de caixa R$ 0
( - ) Custos R$ 200.000
( = ) Fluxo Líquido de caixa R$ -200.000
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Agora você percebeu umas das principais diferenças entre as atividades do
administrador financeiro e da contabilidade. Neste exemplo, as informações contábeis por
competência não demonstram a real situação da empresa. Então, é importante os
administradores financeiros terem acesso às informações detalhadas de cada operação, desta
forma poderão evitar insolvências e poderão estabelecer uma análise mais acurada das
lucratividades dos negócios.
5 Demonstrações financeiras
As empresas de capital aberto, segundo Matias (2009, p. 99), “por força da lei, devem
publicar uma série de demonstrativos financeiros e relatórios financeiros ao público, de forma
sistemática, periódica e padronizada”, as demonstrações financeiras ou também chamadas de
demonstrações contábeis, são regidas pela Lei nº 6.404/76 que dispõe sobre as sociedades por
ações.
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As sociedades por ações são obrigadas a apresentar suas demonstrações financeiras
anualmente, com base nos valores correspondentes ao ano anterior, esse período é chamado de
exercício social. O Art. 175 da Lei 6.404/76 descreve que o exercício social terá duração de 1
(um) ano e a data do término será fixada no estatuto e ao final de cada exercício social, a
companhia deverá apresentar os relatórios contábeis que deverão representar a real situação do
seu patrimônio, e as alterações ocorridas no exercício. Os principais relatórios utilizados para
análises financeiras no mercado são, o balanço patrimonial (BP), a demonstração de resultados
do exercício (DRE), a demonstração fluxo de caixa (DFC), demonstração das mutações do
patrimônio líquido (DMPL), demonstração do valor adicionado (DVA) e as notas explicativas.
Desta forma, o principal documento que uma sociedade anônima divulga para seus
acionistas é o relatório anual. Nele são apresentadas, sob a forma de carta do presidente da
companhia, uma descrição dos resultados obtidos pela empresa no exercício findo e
informações que poderão afetar o futuro. Entretanto, a maioria das sociedades anônimas
divulgam seus relatórios trimestralmente. É uma maneira de manter o público externo
informado sobre os resultados da empresa.
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Quadro 1: Estrutura básica do Balanço Patrimonial
Ativo Passivo
Patrimônio Líquido
5.1.1 Ativo
O ativo representa os bens e direitos da empresa. Conforme o Art. 178 da Lei 6.404/76
as contas do ativo devem ser apresentadas em ordem decrescente de grau de liquidez. No quadro
2 apresentamos o ativo de uma companhia hipotética Cia EXEMPLAR, do ano 1 ao ano 4.
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Realizável a longo prazo 305 403 468 492
As contas do ativo circulante, para análise, podem ser classificadas em dois grupos:
Financeiro e operacional. O grupo financeiro representa dinheiro e aplicações financeiras, isto
é, tem alta liquidez. Já o ativo circulante operacional compreende as aplicações de recursos em
contas que estejam relacionadas com atividade de compra (matéria-prima), transformação
(estoques) e venda (duplicatas a receber). Fazem parte deste grupo ainda, adiantamento a
fornecedores, financiamento a clientes.
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5.1.3 Ativo Não Circulante
Esse grupo de contas também tem suas características, seus valores não mudam com
frequência, representam bens e direito, é constituído por itens que são meios para atingir seus
objetivos sociais de produção e renda. Não são destinados a venda. Por essas características, o
ativo não circulante não tem giro, pois seus valores não se alteram com frequência, como é o
caso do ativo circulante. Entretanto, as contas deste grupo serão realizáveis após o final do
exercício seguinte ao término do balanço, ou seja, superior a um ano.
O ativo não circulante tem quatro subgrupos, que estão dispostos no balanço patrimonial
por ordem de liquidez. Sendo o primeiro grupo composto pelo Realizável a longo prazo., que
são ativos com uma certa liquidez, mais de um ano de exercício. E outro grupo, também
conhecido por permanente, distribuído em Investimentos, Imobilizado e Intangível.
O intangível, é formado por contas que representam bens incorpóreos, por exemplo, as
marcas, as patentes, os direitos de cessão e exploração, franquias, tecnologia, gasto com
desenvolvimento de produtos novos e recursos naturais, como reservas florestais, jazidas
minerais.
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recursos captados para colocá-la em funcionamento”, o que significa que é a fonte que financia
o ativo da empresa.
Desta forma, representa as obrigações assumidas pela empresa para com terceiros
(passivo) e para com os sócios (patrimônio líquido). No passivo são apresentadas as origens de
todos os recursos levantados pela empresa, disposto em ordem decrescente de exigibilidade.
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Capital Social 4.789 4.789 4.789 4.789
Os principais itens relativos ao passivo são o passivo circulante, passivo não circulante
e patrimônio líquido.
As principais características deste grupo de contas são que seus valores mudam com
frequência, são valores exigíveis, vencem no curto prazo (até 1 ano a partir da data do balanço
patrimonial). Na realidade são as dívidas ou exigibilidades assumidas pela empresa que vencem
no exercício social seguintes. Alguns exemplos como: fornecedores, salários a pagar,
empréstimos bancários de curto prazo, encargos sociais (INSS e FGTS), impostos a recolher,
dividendos propostos, etc.
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As principais características deste grupo são que seus valores não mudam com
frequência, são dividas (valores exigíveis), vencem no longo prazo (01 ano a partir da data do
balanço patrimonial). Portanto, são as obrigações de longo prazo. Podemos citar como
exemplos, empréstimos e financiamentos bancários, debêntures, financiamento com moedas
estrangeira, empréstimos com companhia coligadas, dividas tributárias (impostos a recolher u
estão sendo questionados).
Como você observou, tanto o passivo circulante como o passivo não circulante
representam as fontes de financiamento do ativo com recursos de terceiros. A parcela do
financiamento que realizada pelo sócio deve ser registrada no patrimônio liquido, como
veremos a seguir.
É o valor residual dos ativos da empresa depois de deduzidos todos os seus passivos, ou
seja, representa a diferença entre o total do ativo e o passivo. Em outras palavras, o patrimônio
líquido são os recursos próprios da empresa pertencentes aos acionistas que financiam as
atividades da empresa. Dentro da estrutura de capital, é conhecida como o capital próprio do
negócio.
Essa relação entre os ativos menos os passivos, que resultado no patrimônio líquido,
pode ser exemplificado através da sua condição econômica. Para avaliar qual é a sua situação
patrimonial, se uma maneira simples, basta somar todos aos ativos (imóveis, valores aplicados
e em conta correte, terrenos, etc) que você possui, e diminuir de suas dívidas (dívidas de
financiamentos com bancos, parentes amigos...). O resultado será o valor de seu patrimônio
líquido.
Nas empresas, o patrimônio líquido sofreu diversas modificações nos últimos anos, e
agora é composto de capital social, reserva de capital, ajuste de avaliação patrimonial, reserva
de lucros, prejuízo acumulado, ações em tesouraria.
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Algumas alterações patrimoniais modificam o patrimônio líquido da empresa de forma
quantitativa, exercendo, portanto, um efeito aumentativo ou diminutivo. A formação desse
resultado é evidenciada na demonstração de resultados do exercício. Este relatório é uma das
mais utilizadas no desenvolvimento da análise.
Como você viu se, no balanço patrimonial, todos os recursos investidos estão
apresentados no ativo, e a origem desses recursos está no passivo, como as transações
operacionais da empresa no dia a dia são registradas e onde são registradas? A resposta está na
Demonstração de Resultado do Exercício (DRE).
Desta maneira, como o próprio nome diz, a DRE demonstra o resultado (lucro ou
prejuízo) do exercício, ou seja, se as aplicações em ativos trouxeram ou não retorno para a
empresa. Assim, enquanto o balanço patrimonial apresenta a posição financeira da empresa em
uma data específica, a DRE mede o desempenho por um período de tempo, seja um mês, um
trimestre ou um ano.
Para análise podemos dividir a DRE em duas partes. A primeira parte representa o
esforço de obtenção do produto que foi vendido, terminando no valor do lucro bruto. A segunda
parte demonstra os esforços de venda e administrativos que dão sustentabilidade à gestão da
empresa, resultado no lucro operacional. (Coutinho, Mattos, Fonseca e Braga, 2012. p. 69).
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O quadro 4 apresenta a demonstração de resultado da Cia EXEMPLAR, do ano 1 ao ano
4.
A receita bruta (venda bruta) representa o total das notas fiscais de venda ou prestação
de serviços. Porém, dentro da receita bruta há componentes que não representam receita efetiva,
como devoluções ou desconto comerciais.
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( + ) Receitas financeiras 365 30 32 16
O resultado bruto (lucro bruto) é as vendas líquidas subtraindo-se dos custos dos
produtos vendidos. Deduzindo as chamadas despesas operacionais (despesas comerciais,
administrativas e outras da operação) do lucro bruto, tem-se o lucro operacional ou resultado
operacional.
Por fim, após deduzir o imposto de renda (IR) e contribuição social sobre o lucro
(CSLL), temos o lucro líquido ou resultado líquido, que ficará à disposição dos acionistas ou
sócios, integrando o patrimônio líquido da empresa.
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5.3 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC)
Por fluxo de caixa, queremos simplesmente dizer a diferença entre a quantidade de reais
que entrou no caixa e a quantidade de reais que saiu. Por exemplo, se você é o proprietário de
uma empresa, pode estar bastante interessado em quanto caixa realmente retirou do negócio
durante um determinado período.
Assim, o processo de geração de caixa de uma empresa tem uma forte relação com a
maneira de a empresa lidar com os componentes que formam o ciclo operacional. O ciclo
operacional de uma empresa se inicia com a compra de matérias-primas, cujos recursos para o
pagamento dessas compras podem ser através de crédito (prazo de pagamento) dado à empresa
pelos fornecedores ou pagamento à vista, reduzindo as aplicações financeiras. Além das
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matérias-primas, para transformar os produtos elaborados em produtos finais, a empresa tem
gastos com mão de obra, manutenção, energia elétrica e outros custos operacionais. Em seguida
vêm as vendas dos produtos, que normalmente são realizadas a prazo. Em termos de fluxos
contábeis, há uma redução de estoques de produtos acabados, entretanto, uma elevação em
duplicata a receber até que se inicie o pagamento por parte dos clientes, quanto então os recursos
entram para a conta caixa da empresa.
Então, você pode observar, a análise da DFC da empresa permite avaliar a capacidade
da empresa gerar recursos para cobrir a necessidade de capital de giro, dos investimentos em
ativos, pagamento de dividendos, impostos, juros e amortização de dívidas de curto e longo
prazo.
O caixa das atividades operacionais são as mais importantes, relaciona o lucro líquido à
maneira como o caixa é gerado na operação de uma empresa. Mostra os recebimentos e
pagamentos efetivos feitos pela empresa em suas operações. O caixa das atividades de
investimentos, que são mais importantes do que as atividades de financiamento, porque aquilo
que uma empresa investe é mais importante que a maneira como ela financia suas compras.
Então as atividades de investimentos permite ao analista observar a direção da política da
empresa sobre as instalações e equipamentos e o seu capital de giro líquido. Finalmente, o
caixa de atividades de financiamentos focaliza a habilidade da empresa de levantar caixa no
mercado financeiro e indica a facilidade com que ela paga suas dívidas e juros.
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Existem dois métodos para elaboração da DFC: o método direto e o método indireto. O
método direto é o regime de caixa. Neste método listam-se todas as entradas e saídas físicas de
caixa das atividades operacionais. Podemos fazer uma analogia entre esse método e um talão
de cheque. O método indireto, baseado no regime de competência, começa pelo lucro líquido e
mostra a reconciliação do lucro líquido para o fluxo de caixa operacional. (Ching, Narques e
Prado, 2010, p.77). Vale lembrar que ambos os métodos dão o mesmo resultado quanto o fluxo
de caixa final.
Atividades Operacionais
Lucro Líquido 894 600 171 699
( + ) Depreciações/Amortização 452 383 401 545
( + ) Outras desp.não desembolsáveis -57 180 130 236
( + ) Variação dos Ativos -837 420 -541 271
( + ) Variação nos Passivos -1.708 -82 697 -306
Caixa Gerado das Atividades
Operacionais -1.256 1.501 859 1.446
Atividades de Investimentos
( - ) Aquisição de Imobilizado -303 -209 -557 -652
( - ) Adição ao Ativo Intangível 435 -313 -365 -490
( - ) Aquisição de negócios -5 17 -79 -74
Caixa Gerado das Atividades
de Investimentos 76 -505 -1.001 -1.217
Atividades de Financiamento
( + ) Novos Financiamentos Obtidos 2.810 1.636 3.918 3.279
( - ) Financiamentos pagos -2.946 -2.766 -3.547 -2.408
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( - ) Pagamentos de dividendos - -280 -303 -92
Caixa Gerado das Atividades
de Financiamento -136 -1.411 68 778
Aumento/Redução de caixa -1.315 -414 -74 1.007
Saldo inicial de caixa 4.345 2.772 2.321 2.528
Saldo Final de caixa 3.030 2.358 2.247 3.535
Portanto, por esse método podemos demonstrar o DFC da empresa partindo do lucro
líquido, retornando não apenas a depreciação e a amortização, mas todas as despesas e receitas
que não afetam o caixa da empresa.
A demonstração das mutações do patrimônio, agora DMPL, não é obrigatória pela Lei
das Sociedades por Ações, mas sua publicação é exigida pela Comissão de Valore Mobiliários
(CVM) para as empresas abertas.
Sua importância se torna mais acentuada em função de indicar com maior clareza a
formação e a utilização de todas as reservas, e não apenas das originadas por lucros. Isto facilita
o cálculo dos dividendos obrigatórios. Outra utilidade importante, segundo Coutinho, Mattos,
Fonseca e Braga (2010, p. 80) é para as empresas que avaliam seus investimentos em empresas
coligadas ou controladas pelo método de equivalência patrimonial, torna-se muito importante
receber dessas empresas investidas tal demonstração, para permitir um adequado tratamento
contábil das variações da equivalência patrimonial no exercício.
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Dentre as contas componentes que sofrem inúmeras transações nesta demonstração,
podemos destacar, capital social, reserva legal, reserva de reavaliação, reserva estatutária e
lucros ou prejuízos acumulados.
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5.6 NOTAS EXPLICATIVAS
As notas explicativas são uma peça importante no que diz respeito à transparência da
situação econômico-financeira de uma empresa. As notas explicativas são as informações
complementares às demonstrações financeiras, ou seja, são usadas para descrever práticas
contábeis, explicando melhor determinados lançamentos e contas. Além de esclarecer
operações específicas.
Como você viu, é de extrema importância a leitura atenta das notas explicativas antes
de efetuar qualquer análise financeira em uma empresa.
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curto e longo prazo. Os bancos, ter certeza se a empresa tem condições de pagar os empréstimos.
Os concorrentes estão interessados em descobrir os pontos fortes e francos desta empresa com
o objetivo de continuar competitivo no mercado.
E você como funcionário, quer saber se há perspectivas futuras da empresa de modo que
possa direcionar sua carreira? Portanto, depende do interesse de cada um o objetivo da análise
das demonstrações financeiras das empresas.
Essa análise permite que se avalie a evolução dos vários itens de cada demonstração
financeira em intervalos de tempo, comparando-os ao longo dos anos. As variações ocorridas
ao longo dos anos permitem ao analista avaliar as estratégias cuja empresa adotou, ou seja, as
decisões tomadas por suas diretorias no passado. Por exemplo, como foram as evoluções das
vendas e dos lucros de uma empresa nos últimos anos. Com essa técnica são facilmente
avaliados e interpretados.
A análise horizontal é feita com base em números-índices, que se considera o valor 100
na data-base para a conta em análise. Aplicando uma simples regre de três, apura-se a variação
da conta no período seguinte. Utilizaremos as mesmas demonstrações financeiras da Cia
EXEMPLAR, conforme quadro 6.
Assim, veja, por exemplo, a evolução das vendas líquida e dos lucros brutos da empresa
CIA EEXEMPLAR, do ano 1 ao ano 3. Admitindo-se que o ano 1 como data base da análise,
tem-se a seguinte evolução dos resultados:
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Quadro 6: Análise horizontal das vendas líquidas e Lucro bruto
Concluímos pela análise horizontal que as receitas operacionais líquidas sofreram uma
queda de 13,24% ( 86,76-100) e 11,35% (88,65-100) no ano 2 e ano 3, respectivamente.
Uma rápida análise baseada exclusivamente nesses valores indica que o desempenho
da empresa, no ano 2, esteve aquém do apresentado no ano 1, data base. E se você observar o
ano 3, as receitas operacionais tiveram um aumento em relação ao ano 2, entretanto, ficaram
aquém do resultado do ano 1.
Em relação ao lucro bruto ou resultado bruto, considerando o ano 1 como base, tem-se
um número-índice de 86,48 [(1.797 X100)/2.078)] no ano 2, 106,79 [(2.219 X100)/2.078)] no
ano 3. Pode-se concluir que o lucro bruto apresentou uma queda de 13,54% (86,48 – 100) do
ano 1 para o ano 2. Entretanto, ao analisar o ano 3, observa-se um aumento na lucratividade
bruta de 6,79% (106,79 -100) comprando com o ano base, ano1. No ano 3, efetivamente, o
resultado bruto não acompanhou a evolução verificada nas vendas líquidas, apesar das receitas
neste período apresentarem um queda de 11,35% (88,65-100), o resultado apresentou um
crescimento de 6,79%. Podemos concluir através desta análise que houve uma forte redução de
custos de produção no ano 3, diminuindo o impacto negativo das receitas e consequentemente
preservando lucratividade bruta.
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Vejamos agora a aplicação dos conceitos de análise horizontal sobre a DRE e o ativo
do balanço patrimonial da empresa Cia EXEMPLAR do ano 1 ao ano 2 no quadro 7 e 8.
Por exemplo, verifica-se que no ano 2 ocorreu uma queda nas vendas brutas de 13,24%
( passou de 100 para 86,76, ou seja, 86,76 – 100), provocando uma variação atípica nos níveis
de estoques da empresa, que cresceu cerca de 22% (122 -100), conforme apresentado no quadro
8.
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à conta ativo total circulante (os estoques cresceram 22%, enquanto o ativo circulante sofreu
uma queda de 17,80% (82,20 -100).
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Esse forte crescimento nos estoques ocorreu porque a empresa produziu muito acima
das vendas, o que impactou negativamente o seu fluxo de caixa operacional. Com isso a
empresa precisou resgatar aplicações financeiras, com redução de 18,05% (81,95 -100) nesta
conta.
Observa-se ainda nessa empresa, que apesar da queda das vendas lquidas em 13,24%
(86,76 -100), a empresa teve um aumento nas despesas comerciais de 9,15% (109,15 -100). Isto
mostra que a empresa, mesmo em cenário de baixa venda, buscou mercado com aumento das
despesas nas áreas comerciais.
O resultado líquido (lucro líquido) apresentou uma queda de 32,89% (67,11 – 100) .
Essa piora foi influenciada pela redução das receitas financeiras em 91,78%. Isso mostra que a
empresa tem certa dependência dos resultados financeiros para melhorar seu resultado final.
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A análise vertical também pode ser feita com relação a cada conta com o total de seu
grupo. Por exemplo, podemos ter interesse em saber a representatividade (peso em %) do
estoque em relação ao ativo circulante. Ou, podemos visualizar qual a participação dos
empréstimos de curto prazo em relação ao passivo circulante.
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Para a análise vertical da DRE, observamos uma redução na margem bruta (lucro
bruto/receita líquida) da empresa, de 19,22% para 19,17%, ou seja, houve um pequeno aumento
nos custos de produção. Entretanto, se você observar a margem operacional (lucro operacional/
vendas líquidas) passou de 6,77% no ano 1 para 7,31% no ano 2. Esse crescimento na margem
operacional foi reflexo de uma redução nas despesas comerciais (despesas comerciais/vendas
liquidas) de 8,98% no ano 1 para 8,17% no ano 2.
Apesar dos esforços operacionais da Cia Exemplar, a margem de lucro líquido (lucro
líquido/vendas líquidas) apresentou uma redução de 8,27% no ano 1 para 6,40% no ano 2. Esse
baixo desempenho teve impacto devido a dedução das receitas financeiras (receita
financeira/vendas líquidas) que passaram de 3,38% no ano 1 para 0,33% no ano 2.
Demonstrando que a empresa tem uma forte dependência dos resultados não operacionais para
compor o resultado final (lucro líquido).
Portanto, além das análises vertical e horizontal que possibilitam comprar as evoluções
e as representatividades dos grupos e subgrupos das demonstrações financeiras, os executivos
financeiros precisam saber se suas empresas possuem ou não suficiente liquidez, isto é, seus
ativos disponíveis são suficientes para pagar as dívidas pontualmente. Outras preocupações
dos dirigentes são com as tendências e os graus de eficiência e lucratividade de suas empresas.
Então, através da análise dos índices, agora discutiremos a forma de mensurar a liquidez, o grau
de endividamento e a lucratividade de uma empresa. Essa análise serve como base para o
planejamento financeiro e fornece um instrumento para monitorar o desempenho.
35
analista e investidores a determinar se a empresa está sujeita ao risco de insolvência e se está
indo bem em relação ao seu setor de atividade ou aos seus concorrentes.
Para realizar uma análise segura e confiável das demonstrações financeiras através dos
índices, recomenda-se, primeiramente não analisar o índice de maneira isolada, procurando
sempre associá-lo com outros indicadores. Considerar dados de mais um ano para que o índice
possa mostrar sua evolução, e finalmente, comparar os indicadores da empresa com o das
empresas do setor, ou concorrentes.
Outro detalhe importante, um dos grandes problemas no uso dos índices consiste no fato
que pessoas distintas e publicações não os calculam da mesma forma, isso leva uma grande
confusão. Se algum dia estiver utilizando índices como ferramentas de análise, procure saber
como cada um deles foi calculado, e se estiver comparando seus números com outras fontes,
certifique-se como esses outros números foram calculados.
De maneira geral, quanto maior forem os índices de liquidez, melhor será a situação
financeira da empresa. A liquidez decorre da capacidade da empresa ser lucrativa, da
36
administração de seu ciclo financeiro e das suas decisões estratégicas de investimento e
financiamento.
Uma restrição que se atribui a esses indicadores “é a posição de liquidez estática que
revelam, isto é, não refletem a magnitude e a época em que ocorrerão as diversas entradas e
saídas circulantes”. (Assaf, 2003, p.106). Portanto, é preciso tomar cuidado com o possível
descasamento dos vencimentos do contas a receber, do lado do ativo circulante, com os
vencimentos do contas a pagar, do lado do passivo circulante, uma que os índices de liquidez
em si não evidencia a sincronização entre recebimentos e pagamentos.
Indica quanto a empresa poderá dispor em recursos de curto prazo (disponível, clientes,
estoques, etc.) para honrar suas dívidas a curto prazo (fornecedores, empréstimos e
financiamentos a curto prazo, contas a pagar, etc.), conforme tabela 4. Se a liquidez corrente
for superior a 1, tal fato indica a existência de um capital circulante líquido superior positivo;
se igual a 1, pressupõe sua inexistência, e, finalmente, se inferior a 1, a existência de um capital
de giro líquido negativo (ASSAF NETO, 2007).
Ativo circulante
Passivo circularmente
37
índice de 1,5 vezes pode ser aceitável para empresa de concessões de serviços públicos, devido
as suas entradas de caixa altamente previsível.
Outro detalhe, o índice de liquidez não revela a qualidade do ativo circulante. Por
exemplo, o que você acharia de uma empresa com um estoque “invendável”? Pois produziu
acima do que consegue vender, ou com muitas contas a receber “incobráveis” ? Pois vendeu
muito para empresas que estão em dificuldade.
A rotação do ativo, gerado por meio dos prazos de recebimentos que permite à empresa
pagar as suas dívidas nos prazos previsto. Por exemplo, quando uma empresa compra a prazo,
ela sabe com antecedência as condições de crédito e das datas de vencimento das dívidas. A
dúvida existe em prever as entradas de caixa, ou seja, os recebimentos. Desta forma, quanto
maior o prazo de estocagem e de recebimento de vendas, maior deverá ser o seu capital
circulante líquido, ou seja, sua liquidez corrente. Entretanto, quando maior o prazo médio de
pagamento, menor poderá ser o índice de liquidez corrente.
Tomemos como exemplo a empresa Cia Exemplar, nos anos 1 e 2, conforme quadro 9
Ano 1 Ano 2
Apesar da forte queda nos ativos e passivos, a empresa conseguiu manter a liquidez
corrente crescente, ou seja, aumento de 2,06 para 2,09 vezes. Podemos dizer que para o ano 1
a empresa com R$ 10.100 milhões de ativos correntes e R$ 4.893 milhões de passivos correntes
tem um índice de liquidez corrente de 2,06 vezes. Significa que cada um real de contas a pagar
a empresa tem dois reais e seis centavos de contas a receber, mostrando uma boa liquidez.
38
O índice de liquidez corrente nem sempre mede a verdadeira liquidez uma empresa.
Você deve achar mais interessante uma empresa com grandes reservas de caixa e aplicações
financeira de alta liquidez, à outra empresa que possua grandes estoques e tenha contas a
receber com prazo muito variáveis? Um índice mais refinado pode ajudar você a tratar esse
problema da composição do ativo.
A liquidez seca indica o quanto uma empresa poderá dispor de recursos circulantes, sem
vender seus estoques, para liquidar suas obrigações de curto prazo. Segundo Assaf Neto (2007,
p.119) “sabe-se que os estoques, apesar de serem classificados como itens circulantes (curto
prazo), não apresentam normalmente liquidez compatível com o grupo patrimonial em que
estão incluídos”, isso porque, muitas vezes, a venda dos estoques é mais demorado do que os
demais elementos que compõe o ativo circulante, conforme tabela 5.
Desta forma a liquidez seca avalia o quanto existe de ativos circulante (sem considerar
os estoques) para cada R$ 1 de passivo circulante num determinado momento. Assim, este
índice evidencia a situação financeira da empresa a partir da premissa de que os estoques não
se realizam, simplesmente se renovam, e por isso devem ser desconsiderados do ativo
circulante.
É importante destacar que existem outros ativos circulante, além dos estoques, que tem
característica de baixa liquidez, como adiantamento a fornecedor, impostos a recuperar. Desta
39
forma, deve-se tomar cuidado ao analisar isoladamente este índice. Pois, da mesma forma do
índice de liquidez corrente, ele não leva em consideração o casamento entre os prazos dos ativos
e passivos.
Tomemos como exemplo a empresa Cia EXEMPLAR, nos anos 1 e 2, conforme quadro
10.
Ano 1 Ano 2
O índice de liquidez seca aumentou para 1,17, aumento maior que o índice de liquidez
corrente, consequência de uma queda os estoques. Esse resultado indica que a empresa pode,
facilmente, atender suas obrigações de curto prazo, porque não teria problema de geração de
caixa com as demais contas circulantes do ativo.
Outro refinamento que você pode fazer para análise somente os ativos circulantes
líquidos, é através do índice de liquidez imediata.
40
maior for o valor do índice, maiores são os recursos disponíveis mantidos pela empresa (ASSAF
NETO, 2007 p.120).
Esse indicador examina a liquidez da empresa com o máximo rigor, pois mostra se a
empresa tem caixa de liquidez imediata para quitar qualquer compromisso de curto prazo
(passivo circulante), conforme tabela 5. Entende-se como disponibilidades, caixa, bancos,
aplicações financeiras e equivalente de caixa.
Disponibilidades
Passivo circularmente
Geralmente, “recomenda-se que esse índice seja o menor possível, sempre a fim de
evitar o risco de não contar com fundos nas datas de vencimento das dívidas” (Ching, Marques
e Prado, 2010, p. 111). Uma redução neste índice revela uma gestão de caixa mais eficiente e
rígida, é preciso ter cautela na análise deste indicador. Por outro lado, a combinação de redução
deste índice com aumento nos atrasos de pagamentos aos fornecedores podem apresentar
dificuldades de liquidez da empresa.
É importante destacar também outro detalhe desta condição de “menor melhor” desse
índice de liquidez imediata. Como ele indica a posição de caixa da empresa em relação aos
passivos circulantes. Então, se você imaginar uma empresa com um índice de liquidez imediato
relativamente alto, acima de 1. Você pode interpretar que esta empresa tem condições de
liquidar todas as dividas de curto prazo somente com o caixa. Entretanto em finanças temos que
considerar o custo de oportunidade da empresa, ou seja, temos que considerar qual a
rentabilidade cuja empresa tem em suas operações. Talvez os ganhos das aplicações deste caixa
no mercado financeira sejam menores que a rentabilidade de suas operações. Neste caso, a
empresa não está criando valor.
Tomemos como exemplo a empresa Cia EXEMPLAR, nos anos 1 e 2, conforme quadro
11.
41
Quadro 11: Evolução do índice de Liquidez imediata da Cia EXEMPLAR
(R$)
Ano 1 Ano 2
O índice de liquidez imediata apresentou no período analisado uma redução para 0,89,
ou seja, para cada R$ 1 de exigibilidade a curto prazo (dívidas de curto prazo) no final do ano
2, existia R$ 0,89 em caixa ou aplicação financeiras disponíveis de imediato para honrar as
obrigações.
Este índice retrata as condições financeiras da empresa a longo prazo, pois reúne todos
os valores como o ativo circulante e realizável a longo prazo em relação ao total de
responsabilidades, ou seja, passivo circulante e exigível a longo prazo (passivo não circulante),
conforme observamos na tabela 6.
Da mesma forma, é importante examinar esse índice em conjunto com outros índices de
liquidez, pois como engloba os prazos de liquidação do passivo e de recebimento do ativo, que
podem ser os mais diferentes possíveis, principalmente, se considerarmos que temos ativos e
passivos de longo prazo. Por exemplo, se a empresa contrair um empréstimo de longo prazo,
você poderá constatar uma melhora significativa do índice de liquidez corrente, favorecida pela
42
entrada do empréstimo em caixa, ao passo que o valor da dívida não será registrado no passivo
circulante, e sim no passivo não circulante, isto é, no longo prazo, que refletirá somente no
índice de liquidez geral. Por isso a importância de analisar os indicadores de uma maneira
integrada.
Tomemos como exemplo a empresa Cia EXEMPLAR, nos anos 1 e 2, conforme quadro
12.
Ano 1 Ano 2
O índice de liquidez geral apresentou um aumento de 0,97 no ano 1, para 0,99 no final
do ano 2, ou seja, para cada real de exigibilidade a curto e a longo prazo ao final do ano 1,
existia R$ 0,97 de recursos a curto e longo prazo para cobrir obrigações e dividas. Já no ano 2,
houve uma pequena melhora na liquidez, passando para R$ 0,99. Desta forma no período
analisado, as somas de todos os ativos não são suficientes para fazer frente a todas as dívidas.
43
totais fornecidas pelos credores da empresa. Quanto maior for este índice, maior será o
montante de dinheiro de terceiros que está sendo empregado para gerar lucros.
Estes indicadores são utilizados, basicamente, para aferir a composição (estrutura) das
fontes passivas de recursos de uma empresa. Ilustram, com isso, a forma pela qual os
recursos de terceiros são usados pela empresa e sua participação relativa em relação
ao capital próprio. Fornecem, ainda, elementos para avaliar o grau de
comprometimento financeiro de uma empresa perante seus credores (principalmente
instituições financeiras) e sua capacidade de cumprir os compromissos financeiros
assumidos a longo prazo (ASSAF NETO, 2007, p.122 e 123).
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Quanto maior for esse índice, mais endividada estará a empresa e maior será o risco dela
não pagar os compromissos. No entanto, não devemos tirar conclusões observando apenas para
esse indicador, pois ele simplesmente compara as dívidas com o ativo total, isto é, a empresa
não liquidará seus ativos para pagar suas dívidas, ao menos que a empresa estivesse fechando
suas portas, literalmente.
Entretanto, é importante você considerar alguns pontos sobre esse indicador, tais como:
qual é a participação da dívida com bancos no passivo circulante? Qual o cronograma de
amortização da dívida e qual a capacidade de geração de caixa operacional da empresa, há
compatibilidade? E, quais as taxas de juros reais para os financiamentos de longo prazo?
Na realidade, a área financeira deve estar atenta a forma pela qual os ativos da empresa
são financiados. Em geral, o ativo circulante deve ser financiado por endividamento de curto
prazo, basicamente por fornecedores e bancos. Já os ativos em ativos permanentes (máquinas,
tecnologia, terrenos, prédios, etc) devem ser financiados por empréstimos de longo prazo, pois
essas dívidas serão pagas por meio da capacidade que a empresa tem de gerar caixa,
principalmente operacional.
Ano 1 Ano 2
45
7.2.2 Endividamento de curto prazo em relação ao ativo total
Passivo circulante
Ativo Total
Em uma situação que você esteja como gerente financeiro de certa empresa cujo esse
índice seja alto, entre as suas funções, provavelmente você terá como principal objetivo
melhorar o perfil das dívidas da empresa. Isto é, realizando a troca de empréstimos de curto
prazo por financiamentos de longo prazo. Propiciando à empresa tempo maior para gerar caixa
a fim de quitar suas dívidas.
46
Quadro 14: Evolução do índice de endividamento de curto prazo da Cia
EXEMPLAR (R$)
Ano 1 Ano 2
Patrimônio Líquido
Ativo Total
47
Quadro 15: Evolução do índice de participação de capital próprio Cia
EXEMPLAR (R$)
Ano 1 Ano 2
Você pode observar que as operações desta empresa são financiadas em 32,47% e
37,31% nos anos 1 e 2, respectivamente, com capital próprio. Desta forma, parte significativa
das operações no período analisados são financiados com recursos de terceiros.
Em geral, uma indústria requer maior quantidade de recursos próprios para financiar
suas imobilizações em instalações industriais, enquanto uma empresa comercial tende a operar
com menor proporção de capital próprio.
Do inglês, debt/equity, este índice nos diz quantos reais de fontes externas a
empresa captou para cada real de fontes próprias. Conforme se observa na tabela 10, este índice
envolve a relação entre capital de terceiros e capital próprio.
Dívida Financeira
Patrimonio Líquido
Como exemplo usemos a Cia Exemplar, nos anos 1 e 2, conforme o quadro 16.
48
Quadro 16: Evolução do índice D/E da Cia EXEMPLAR (R$)
Ano 1 Ano 2
Este índice evidencia a capacidade da empresa de gerar caixa operacional para arcar
com as despesas de juros, ou seja , mostra o número de vezes que o lucro operacional (lucro
das atividades) cobre a despesas financeira da empresa. Vejamos a fórmula do índice de
cobertura de juros na tabela 11, conforme abaixo.
Lucro Operacional
Despesas financeiras
Este índice quanto maior o seu valor, maior a capacidade da empresa de cumprir suas
obrigações de pagamento de juros.
49
Alguns bancos utilizam este indicador para formarem o custo do capital de terceiros
(empréstimos) para as empresas. É para cobrir o risco de inadimplência que os bancos
acrescentam o chamado spread de inadimplência à taxa de empréstimos. Assim, quando maior
for à percepção de risco de inadimplência, maiores será o spread de inadimplência e o custo de
capital de terceiros. Assim, para uma empresa com índice de cobertura de juros baixo, maior
será o custo do dinheiro para empréstimos.
Como exemplo temos a Cia Exemplar, nos anos 1 e 2, conforme quadro 17.
Ano 1 Ano 2
50
7.3 Índices de Atividade
Os indicadores de atividade determinam a rapidez com que uma empresa pode gerar
caixa de houver necessidade. Obviamente, quanto mais rápido a empresa converter os estoques
e contas a receber em caixa melhor.
O giro do estoque mede a liquidez do estoque de uma empresa, ou seja, indica quantas
vezes que o estoque girou em relação às vendas. É calculado conforme formula na tabela12.
Tomamos como exemplo a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 18.
51
Quadro 18: Evolução do Giro do estoque da Cia EXEMPLAR (R$)
Ano 1 Ano 2
Como você pode observar o giro do estoque da Cia Exemplar é bastante baixa, é
característica de empresas industriais, cujos produtos demandam tempo para o
desenvolvimento, como a indústria de aviação. Seguramente, se analisarmos o giro de estoque
de um supermercado, teríamos uma grande diferença, provavelmente teríamos um giro acima
de 20 vezes. Desta forma, o giro do estoque só tem significado se comparado com empresas do
mesmo setor.
Você pode estar concluindo no momento que, quanto maior o giro dos estoques, mais
eficientemente a empresa vai gerenciar os estoques. Seu raciocínio está correto. Pois quanto
maior for o estoque mais valores financeiros são direcionados para manter este volume. Então,
empresas com maior giro dos estoques, menor será o período em que as matérias-primas e os
produtos permanecerão estocados e, consequentemente menores serão os investimentos em
estoques, melhorando a liquidez seca da empresa. Obviamente, esse índice não se aplicada a
empresas que não possuem estoques, como as prestadoras de serviços.
O giro do estoque pode ser facialmente convertido na idade média dos estoques, ou seja,
prazo médio de renovação dos estoques, conforme observada na formula na tabela13.
365
Giro dos estoques
52
O resultado desta fórmula mostrará o número de dias que decorrem em média, entre a
compra da matéria-prima, sua transformação em produto e a sua venda ao mercado, isso quando
se trata de uma indústria. Já empresas do varejo (comércio), o índice mostra o tempo médio
entre a compra da mercadoria e sua venda.
Tomamos como exemplo a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 19.
Ano 1 Ano 2
Analisando os resultados, você pode observar que não houve alteração significativa
entre os períodos analisados da Cia Exemplar, passando de 178 dias para 176 dias. Você pode
concluir que o giro dos estoques desta empresa era de aproximadamente 2,07 vezes, em fins do
ano 2, e o prazo médio de renovação de seus estoques, de 176 dias. Isto é, os estoques da Cia
Exemplar se renovam 2, 07 vezes por ano, e consequentemente são necessários 176 dias para
que sejam produzidos, estocados e vendidos os produtos. Em outras palavras, você pode
considerar o prazo médio de estoque como sendo a idade média deste estoque.
Esse indicador mostra o número de dias que a empresa leva, em média, para receber o
valor de suas vendas. Analisando esse indicador, pode-se avaliar as políticas de crédito e
cobrança de uma empresa. Pode-se ser obtido, conforme tabela 14, dividindo-se o saldo de
contas a receber de cliente pelo valor diário de vendas. Entendem-se como valor diário de
vendas as vendas anuais da empresa, dividida por 365 dias.
53
Tabela 14: Fórmula do Prazo médio de recebimento (PMR)
Como observação, esta fórmula admite, para simplificar, que todas as vendas da
empresa sejam feitas a prazo. Se não for este o caso da empresa, deve-se substituir por vendas
anuais a prazo. Lembrando que é importante que a empresa, sempre que possível, reveja sua
politica de crédito, pois parcelas menores de vendas a prazo, aceleram a entrada de dinheiro no
seu caixa, mantendo recursos disponíveis para aplicar na produção e investimentos.
Tomamos como exemplo a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 20.
Ano 1 Ano 2
Em média, portanto, a Cia Exemplar leva 22 dias em fins do ano 1 e 20 dias em fins do
ano 2, para receber uma conta que lhe é devido. Analisando, você pode observar que houve
uma melhora de 2 dias de antecipação dos recebíveis. E que este empresa tem uma política de
crédito bem distinta, ou seja, a empresa não oferece prazo superior a 30 dias em suas vendas, e
que provavelmente está empresa atua em segmento com baixa competição.
54
O prazo médio de pagamento indica quanto tempo a empresa leva, me média, para pagar
seus fornecedores. Na realidade mostra o tempo de financiamento do capital de giro pelos
fornecedores. É calculado, conforme tabela 15. Este indicador demonstra o poder de negociação
da empresa em relação aos fornecedores. Esta negociação envolve tradicionalmente prazo e
descontos, entretanto, é importante a qualidade dos produtos fornecidos bem como o prazo de
entrega cumprido.
Fornecedor
Compras anuais
365
Como no índice anterior, é importante fazer uma ressalva, a dificuldade para este cálculo
é identificar as compras anuais, uma vez que este valor não consta nas demonstrações
financeiras publicadas. Algumas empresas estimam as compras como uma porcentagem do
custo das mercadorias vendidas. Outra forma é calcular através da fórmula conforme tabela 16.
Tomamos como exemplo a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 21.
55
Quadro 21: Evolução do prazo médio de pagamento (PMP) da Cia
EXEMPLAR (R$)
Ano 1 Ano 2
Como você pode observar, o prazo médio de pagamento de suas compras da Cia
Exemplar aumentou para 65 dias em fins do ano 2. Mesmo assim, comparando com o prazo de
recebimento, visto anteriormente, a empresa apresenta uma folga relativamente boa em relação
aos recebimentos e pagamentos.
Lembrando que o índice de prazo médio de pagamento (PMP) é o inverso ao PMR, pois
quando mais a empresa puder ganhar tempo dos fornecedores para quitar suas comprar, melhor,
sendo assim menor a pressão de caixa.
56
Tabela 17: Fórmula do ciclo operacional (CO)
Como você pode observar, cada uma das fases operacionais retratadas na fórmula acima,
apresenta uma duração. A matéria-prima, por exemplo, impacta na operação o prazo de
estoque, a fabricação, o tempo para transformar essa matéria-prima em produtos acabados, os
produtos acabados, o prazo necessário para a venda e o recebimento, o prazo de cobrança das
vendas a prazo.
Tomamos como exemplo a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 22.
Ano 1 Ano 2
Analisando a Cia Exemplar, houve uma redução no ciclo operacional, ou seja, a empresa
está levando 196 dias em média, desde a compra da matéria-prima até o momento do
recebimento do valor da venda.
É importante destacar que quanto mais longo se apresenta esse ciclo, maior será a
necessidade de recursos para financiar essas fases de transformar a matéria-prima em produtos
acabados e finalmente receber. Em outras palavras, recursos para financiar o giro da empresa.
Obviamente você pode questionar, será que todas as empresas apresentam ciclos
operacionais semelhantes? Na verdade, o ciclo operacional varia em função do setor de
atividade e das características de atuação da empresa. Algumas empresas de setores como
construção civil, algumas atividades do agronegócio, alguns setores indústrias apresentam ciclo
operacional mais longo, exigindo um volume maior de recursos (financiamentos) de capital de
57
giro. Por outro lado, algumas empresas apresentam ciclos operacionais relativamente baixos,
se repetindo várias vezes no ano, resultado um maior giro dos ativos operacionais.
Como você pode observar, o ciclo financeiro de uma empresa pode ser calculado
encontrando o número de dias que vai do pagamento da matéria-prima ao recebimento das
vendas a prazo. Em outras palavras, representa o intervalo de tempo que a empresa irá necessitar
efetivamente de financiamento para suas atividade, ou seja, necessidade de capital de giro.
Tomamos como exemplo a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 23.
Ano 1 Ano 2
58
Observando os resultados da Cia Exemplar, pode-se constatar que houve uma pequena
redução, passado de 139 dias para 131 dias, no ano 2. Esse resultado mostra o tempo que a
empresa irá necessitar de recursos para financiar suas atividades.
O índice giro do ativo total mede a eficiência com que a empresa utiliza seus ativos, seja
de curto prazo ou de longo prazo, para gerar vendas. O giro do ativo total é calculado pela
fórmula apresenta na tabela 19, conforme abaixo.
Vendas Líquidas
Ativo total
Tomamos como exemplo a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 24.
59
Quadro 24: Giro do ativo total da Cia EXEMPLAR (vezes)
Ano 1 Ano 2
Este índice pode ser interpretado também, como sendo o investimento em reais em
ativos necessários para gerar R$ 1 de vendas. Considerando o ano 1, o giro do ativo é 0,68;
Portanto, se invertemos esse número, obteremos a necessidade de investimento para gerar R$ 1
em vendas, que é R$ 1,47 (1/0,68). Isso significa que a Cia Exemplar utiliza R$ 1,47 de ativos
para gerar R$ 1 de vendas.
Portanto, quanto mais alto o giro do ativo total de uma empresa, maior a eficiência na
utilização de seus ativos, indicando eficiente financeira nas suas operações.
60
são avaliar os custos operacionais, como mão de obra, matéria-prima e custos administrativos
que estão vinculados com os investimentos nos ativos.
Os índices de lucratividade são parte importante destas métricas, pois mostram o lucro
gerado pela empresa em relação aos recursos obtidos pelas vendas em um determinado período.
Os índices de lucratividade relacionam os diversos níveis de lucro da empresa em relação a
suas vendas. O ponto de partida para avaliação da lucratividade das empresas é extraído da
análise vertical da demonstração de resultado do exercício, através dos indicadores de margem
bruta, margem operacional, margem líquida e Ebitda.
A margem bruta representa cada real de venda que restou após a empresa ter deduzido
os custos de vendas (CMV). Em outras palavras, mostra o grau de eficiência da administração
de uma empresa para usar matéria-primas e mão de obra e outros custos indiretos no processo
de produção. A margem de lucro bruto é calculada conforme fórmula apresentada na tabela 20,
conforme a seguir.
Lucro bruto
Vendas líquidas
Como a margem bruta mede a porcentagem de cada real de vendas que permanece após
a empresa deduzir os custos das mercadorias vendidas. Quanto maior a margem de lucro bruto,
melhor, isto é, menor serão os custos de mercadoria vendidas.
Podemos tomar como exemplo a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 25.
Ano 1 Ano 2
61
Vendas Líquidas 10.812 9.380
Analisando você pode observar que apesar da queda nas receitas (vendas) não houve
alteração significativas nas margens brutas observadas. Isto demonstra uma boa gestão nos
custos de produção da empresa. Os percentuais indicam que para cada real vendido, deduzindo
os custos dos produtos vendidos, sobram R$ 0,19 por reais vendidos.
Então, para aumentar a margem bruta, você pode elevar preço (se o mercado permitir),
utilizar a capacidade máxima de produção com o objetivo de diluir custos fixos e
consequentemente reduzir o custo unitário de produção, reduzir os custos de produção (matéria-
prima, mão de obra e custos indiretos de fabricação).
Entretanto, estes fatores podem agir de maneira negativa, ou seja, pode haver uma queda
da margem bruta, por uma redução de preço, redução do volume de produção e elação nos
custos de produção.
Lucro operacional
Vendas líquidas
62
Cabe observar que as despesas financeiras (juros) não são deduzidas deste índice. Desta
forma, a margem operacional é resultado da eficiência dos ativos, exclusivamente
determinado pelas decisões de investimentos.
Tomamos como exemplo a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 26.
Ano 1 Ano 2
A margem operacional teve um aumento no segundo ano devido à redução das despesas
operacionais. Obviamente, é preferível uma margem operacional elevada.
Lucro liquida
Vendas líquidas
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Observe que a margem de lucro líquida mostra o resultado da empresa em relação às
vendas líquidas.
Podemos tomar como exemplo a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 27.
Ano 1 Ano 2
A margem líquida da Cia Exemplar reduziu do primeiro ano para o segundo ano, mesmo
apresentando um aumento da margem operacional no segundo ano. Neste exemplo, demonstra
a importância de analisar e compreender todos os índices de lucratividade. No caso específico,
a queda da margem líquida no segundo ano foi consequência da redução das receitas financeiras
(juros) neste ano. Isto é, a redução da margem líquida não é consequência operacional.
Você observando os percentuais de margem líquida, pode deduzir que a empresa gerou
um pouco mais de 8 e 6 centavos de lucro para cada real de venda nos períodos analisados.
Entretanto, o que representa uma boa margem de lucro líquido? Obviamente, quanto
mais elevada a margem de lucro líquido de uma empresa melhor. Mas a margem líquida varia
de modo considerável de um setor para outro. Geralmente indústrias que necessitam investir
frequentemente em pesquisa e desenvolvimento de produtos tendem a ter margem líquida baixa,
pois os gastos com investimentos são elevados. No entanto, empresas cujos produtos não
exigem investimentos frequentes, as margens são maiores.
64
Dentre as siglas financeiras, o Ebitda provavelmente é mais popular das siglas utilizadas
nos meios coorporativos. Ebitda significa earnings before interest, taxes, depreciation and
amortization. Em português, significa Lajida, isto é, lucro antes de juros, imposto de renda,
depreciação e amortização.
A BRF fechou o 2T14 com lucro operacional de R$ 691,7 milhões, alta de 37,6% em relação ao
2T13. Ao atingir R$ 1,0 bilhão, o EBITDA do 2T14 cresceu 25,1% perante o trimestre análogo
do ano passado e resultou em margem de 13,0%. Ainda na comparação entre os dois períodos, o
lucro líquido foi de R$ 267,1 milhões, 28,1% maior.
Mesmo com volume total de vendas 9,8% inferior, a comparação com o 1S13 registra números
positivos, com crescimento de 10,1% no lucro bruto (R$ 3,9 bilhões); 21,3% no resultado
operacional (R$ 1,3 bilhão); 16,1% no EBITDA (R$ 1,9 bilhão); e 2,7% no lucro líquido (582,5
milhões).
65
( = ) Lucro operacional
( + ) Despesas operacioanis não-caixa(depreciação, amortização ou exaustão)
( = ) Ebitda
Agora voltamos a Margem Ebitda, que representa a percentagem de cada real de venda
que restou após a empresa ter deduzido os custos e despesas operacionais desembolsáveis, ou
não caixa. A margem Ebitda é calculada da seguinte fórmula, conforme tabela 24.
Ebitda
Vendas líquidas
Como exemplo, temos a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 28.
Ano 1 Ano 2
66
constatará um mesmo aumento. Isto demonstra que operacionalmente a empresa se saiu melhor
no segundo ano.
Obviamente, elevadas margens Ebitda, podem significar controle efetivo dos custos e
despesas operacionais ou que as vendas cresceram mais rapidamente que os custos e despesas
operacionais. Cabe aos executivos traçar as causas das altas ou baixas margens Ebitda, de forma
a determinar se a empresa está operando de modo eficiente ou não, ou se seu preços têm
aumentado mais rapidamente ou lentamente que os custos e despesas operacionais.
Nesta secção veremos alguns dos principais indicadores de rentabilidade, tais como:
Retorno sobre o ativo total (do inglês returno on assets-ROA), Retorno sobre o patrimônio
líquido (returno on equity-ROE) e Retorno sobre o capital investido ( return on invested capital-
ROIC).
Lucro líquido
Ativo total
67
Fazendo a leitura da fórmula, observamos que esse índice têm por objetivo medir a
percentagem do lucro líquido gerado em relação ao investimento total em ativos.
Tomemos a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, como exemplo, conforme quadro 29.
Ano 1 Ano 2
O ROA da Cia Exemplar de uma queda considerável no segundo ano, passando de 5,6%
para 4,2%, consequência da redução do lucro líquido, cujo lucro líquido foi impactado pela
quede da receita financeira. Esses valores indicam que a empresa ganhou 5,6 e 4,2 centavos por
reais de investimento nos ativos, respectivamente nos período analisados.
O retorno sobre o patrimônio líquido mede a taxa de retornos dos acionistas, ou seja, a
rentabilidade sobre o capital próprio. No mercado de capitais, tanto os acionistas quanto
analista, se interessam muito por esse indicador. Em geral, quando maior o retorno, mais
atraente é a ação. A seguir na tabela 26, apresentamos a formula do retorno sobre o patrimônio
líquido.
Lucro líquido
Patrimônio Líquido
68
Pode-se fazer outra leitura do retorno sobre o patrimônio líquido como medida de
desempenho econômico da empresa sobe o ponto de vista dos seus acionistas. Indicando quanto
os acionistas ganhariam para cada real investido no negócio.
Como exemplo, tomemos a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 30.
Ano 1 Ano 2
69
índice de alavancagem financeira, menor a proporção de capital próprio e, consequentemente,
maior a proporção de capital de terceiros na estrutura de capital da empresa.
Desta forma, podemos decompor a rentabilidade sobre o capital próprio (ROE) através
da formula Du Pont. O retorno sobre o patrimônio líquido é calculado com base no lucro.
Entretanto, o ROE depende também, não apenas dos lucros gerados pelas atividades, mas
também do mix de financiamento utilizados pela empresa.
Lucro operacional
(Ativos – Fornecedores – Caixa)
70
A Cia Exemplar, nos anos 1 e 2, pode nos servir de exemplo, conforme apresentado no
quadro 31.
Ano 1 Ano 2
Como a empresa teve uma melhor eficiência operacional no segundo ano, houve um
aumento da rentabilidade do capital investido no negócio neste ano, demonstrando a melhor
utilização do dinheiro nas atividades operacionais. Constatamos então, quem em fins do
segundo ano, o ROIC da Cia Exemplar era de 7,5%, ou seja, para cada R$ 1 investido no
negocio, a empresa obteve de retorno R$ 0,75.
Esses indicadores são pertinentes somente em empresas de capital aberto, ou seja, uma
sociedade anônima de capital aberto cujas ações são negociadas nas bolsas de valores. Essas
empresas preocupam-se com as reações dos investidores às suas ações. Por isso a importância
de comparar certos índices de mercado para descobrir o valor atribuído às ações. Sabendo do
valor da ação, permite as empresas determinar o seu custo de emissão. Os principais índices de
mercado que veremos a seguir são: Valor Patrimonial da ação (VPA), Lucro por ação (LPA),
Índice preço lucro (P/L), Índice de dividendo por ação (dividend yield) e Índice de payout.
71
7.6.1 Valor patrimonial da ação (VPA)
Este indicador retrata o valor contábil (book value) da ação de uma empresa. Este
fornece uma avalição de como os investidores encaram o desempenho da empresa, relacionado
o valor das ações da empresa ao seu valor patrimonial. O cálculo do valor patrimonial da ação
é mostrado através da fórmula a seguir, conforme tabela 28.
Patrimônio líquido
Número de ações da empresa
Entretanto, para melhor compressão da utilização deste índice seria comparar com o
valor da ação cotada em bolsa (valor de mercado). Para isso, criou-se um índice complementar
para fazer essa relação, conforme tabela 29.
A Cia Exemplar, nos anos 1 e 2, pode nos servir de exemplo, conforme apresentado no
quadro 32.
Ano 1 Ano 2
72
Primeiramente, vamos interpretar o índice do preço da ação em relação ao valor
patrimonial da ação. No ano1, o índice P/VP de 1,45 significa que os investidores estão pagando
atualmente R$ 1,45 para cada R$ 1 de valor patrimonial da ação. Para o ano 2, o índice P/VP
de 1,73 significa que os investidores estão pagando atualmente R$ 1,73 para cada R$ 1 de valor
patrimonial da ação.
As ações das empresas das quais se espera bom desempenho, crescimento do lucro,
aumento de sua participação no mercado ou o lançamento de produtos bem-sucedidos,
costumam ser negociadas a índices P/V mais altos do que ações em perspectivas menos
atraentes. Em termos simples, as empresa que esperam obter rentabilidades elevadas, em
relação a seus níveis de risco, são cotadas a índices preço/valor patrimonial (P/PV) mais altos.
Agora você pode fazer a leitura dos índices do P/VP da Cia Exemplar, qual seria sua
leitura? Provavelmente você identificaria um aumento das expectativas dos investidores em
relação aos negócios da Cia Exemplar. Uma vez que houve um crescimento deste índice,
passado de 1,45 para 1,73 entre os períodos analisados. Mostrando que os investidores estão
dispostos a pagar mais por unidade de reais do valor patrimonial.
Na prática, o índice, também conhecido como múltiplo P/VP é muito utilizado para
analisar ações do setor bancário, cujos ativos são mais líquidos, com isso, o valor contábil tende
a ser mais próximo do valor de mercado. Também em época de crise, pois a irracionalidade dos
investidores é tão exagerada que algumas ações são negociadas abaixo de seu valor patrimonial.
73
O lucro por ação representa o lucro gerado para cada ação da empresa em um
determinado período. Esse índice é de interesse dos acionistas, potenciais investidores e para a
administração, pois serve de medida entre empresas de diferentes tamanhos e ramos de
atividades. O lucro por ação é calculado conforme fórmula 30 apresentada a seguir.
Lucro líquido
Número de ações
Como exemplo, tomemos a Cia Exemplar nos anos 1 e 2, conforme quadro 33.
Ano 1 Ano 2
Como podemos observar, o LPA da Cia Exemplar reduziu de 1,21 para 0,81 no período
analisado. Resultado influenciado principalmente pela redução do lucro líquido neste período.
O LPA, segundo Assaf Neto e Lima (2011, p. 145), “expressa somente um potencial de
recebimento dos lucros e não a sua realização”. O indicador não revela o valor que cada ação
receberá efetivamente em dividendos, o índice representa somente o lucro projetado para cada
ação, mas sua distribuição depende da política de dividendos adotada por cada empresa.
74
7.6.3 Índice Preço/lucro (P/L)
O índice (ou múltiplo) mede quanto os investidores estão dispostos a pagar por real de
lucro líquido. Também o índice Preço/Lucro pode ser um indicativo do tempo de retorno de um
investimento, ou seja, tempo necessário para recuperar um investimento feito na compra de
ações de uma empresa.
O P/L é a medida de avaliação de ação mais usada no mercado, pois indica o grau de
confiança que os investidores têm em relação ao desempenho futuro esperado da empresa.
Quanto maior o índice P/L, maior a confiança. O índice preço/lucro é calculado da seguinte
maneira, conforme tabela 30.
Outra leitura deste índice é considerar o resultado em grandeza, ou seja, quantas vezes
preço do ação está maior ou menor do que o lucro por ação. Por exemplo, um P/L de 10,
significa que a ação está 10 vezes maior que o lucro por ação. Quanto maior indica para o
investidor a existência da expectativa de crescimento dos lucros futuros da empresa. E quando
observamos P/L baixo é porque a expectativa futura de lucros é fraca.
A Cia Exemplar, nos anos 1 e 2, pode nos servir de exemplo, conforme apresentado no
quadro 34.
Ano 1 Ano 2
75
Primeiramente, vamos fazer as interpretações do índice P/L nos períodos analisados. No
ano 1, os investidores pagaram R$ 7,86 para cada R$ 1 de lucro, no segundo ano os investidores
pagaram o dobro, R$ 14,57 para cada real de lucro. Indicando uma forte expectativa em relação
ao futuro esperado da empresa. Outra forma de analisar é na expectativa de tempo de retorno
dos investimentos feito na compra das ações. No primeiro ano, os investimentos feitos, levaram
7,8 anos para recuperar, já o segundo ano, levaram 14,5 anos.
Você poderia questionar, mas se a empresa apresentar lucros menores o P/L não ficaria
maior? É claro que se a empresa possui lucro muito pequeno, ou inexistente, seu P/L tende a
ser muito elevado. Portanto, é necessário tomar cuidado ao interpretar esse múltiplo.
Uma prática comum entre os analistas de ações para avaliar o custo de oportunidade (é
melhor aplicar na ação ou em renda fixa) de uma ação é utilizar o múltiplo P/L como “retorno
com dividendos”. Simplificando, o múltiplo P/L representa o número de anos necessários para
o investidor ter o retorno do seu investimento por intermédio apenas dos dividendos. Para isso,
são necessárias que todo o lucro seja distribuído como dividendos e, que os lucros futuros sejam
iguais. Desta forma, o inverso do P/L (1/P/L) pode ser considerado como o “retorno com
dividendos”. Vejamos a empresa do nosso exemplo, no primeiro ano de analise o P/L é 7,86 o
inverso do P/L é 12,72% , significa que investidor, para comprar esta ação, exige 12,72% de
rentabilidade. No segundo ano da análise, o P/L é 14,57, o inverso é 6,89%, ou seja, melhoram
as expectativas de lucros futuros da empresa, com isso houve um aumento do P/L. Assim, com
expectativa boa em relação à empresa, os investidores podem aceitar um retorno menor,
depende do custo de oportunidade.
O dividend yield mostra o percentual do preço da ação pago sob a forma de dividendo.
Trata-se de uma medida de rentabilidade para o investidor em relação ao investimento na
compra da ação. O índice de dividendo é calculado da seguinte maneira, conforme tabela 31.
76
Tabela 31: Fórmula índice de dividendo por ações (dividend yield)
Com esse índice também podemos ter uma medida de tempo de retorno, payback, dos
investimentos, isto é, o tempo que o investidor levará para recuperar os investimentos feitos na
compra das ações.
A Cia Exemplar, nos anos 1 e 2, pode nos servir de exemplo, conforme apresentado no
quadro 35.
Ano 1 Ano 2
Lembrando que os dividendos dos acionistas são pagos do lucro líquido. O “ganho” dos
acionistas no investimento em um ação, é composto pelos ganhos dos dividendos (parte do
lucro distribuídos) e dos ganhos de capital das ações (aumento de valores das ações).
Lembrando que o ganho de capital é realizado somente na venda das ações.
77
Os retornos sobre os dividendos podem variar de setor para setor, mas geralmente
empresas se setores de serviços públicos (setor elétrico, telefone, transportes) e as empresas de
crescimento constantes (setor de bebidas, cigarros) e altamente estáveis tendem a pagar maiores
retornos através dos dividendos. Entretanto, setores cíclicos (automobilístico) e companhia de
crescimento rápido (varejo) ou pequenas empresas têm ações com baixo dividendos.
Logicamente as empresas procuram manter uma política estável de dividendos.
O índice de payout mostra a proporção do lucro líquido que é distribuído aos acionistas.
Este indicador revela a política de distribuição de dividendo da empresa, obviamente, quanto
maior esse índice, maior o payout da empresa e mais satisfeitos os acionistas serão. O índice
payout é calculado da seguinte maneira, conforme tabela 32.
Dividendos
Lucro Líquido
A Cia Exemplar, nos anos 1 e 2, pode nos servir de exemplo, conforme apresentado no
quadro 36.
78
Quadro 36: Evolução do índice de payout da Cia EXEMPLAR (%)
Ano 1 Ano 2
8. ALAVANCAGEM OPERACIONAL E
FINANCEIRA.
Alavancagem significa a capacidade de uma empresa em utilizar ativos ou recursos a
um custo fixo (operacional e financeiro) de forma a maximizar o retorno para seus proprietários.
O volume de alavancagem na estrutura de capital da empresa pode afetar o valor desta empresa
e conduzir ao alto risco. Portanto, alavancagem crescente significa um maior retorno esperado,
entretanto maior risco.
79
Figura 3: Tipos de alavancagens: Operacional, financeira e total
( = ) Receitas de vendas
( - ) CMV
Total
( - ) Juros
( = ) Lucro Liquido
80
8.1 ANÁLISE DO PONTO DE EQUILÍBRIO
Com essa análise você terá respostas, por exemplo, em questões relacionados ao volume
de produção mínima necessária para cobrir todos os custos operacionais. Isto é, qual o volume
de vendas necessário para pagar todos os custos operacionais. Neste ponto de equilíbrio, os
lucros antes dos juros e impostos são nulos, ou zero.
81
Quadro 37: Alavancagem operacional
( = ) Receitas de vendas (p x q)
Agora reescreveremos os cálculos algébricos como fórmula do lucro antes dos juros e
do imposto de renda (lucro operacional), obtendo assim, equação: Lajir= (p xq) – cf – (cv x q).
Simplificando a equação podemos calcular o lucro operacional como: Lajir= q x ( p –cv) – cf.
82
Aplicando a equação temos, q= 2.500/(10-5)=2.500/5= 500 unidades, isto é, com a
venda de 500 unidades, Lajir da empresa seria igual a zero, ou seja, seu ponto de equilíbrio.
Qualquer venda abaixo de 500 unidades, teremos um Lajir negativo (prejuízo), para vendas
superiores a 500 unidades, você terá Lajir positivo (lucro).
Outra questão que você pode levantar; Qual seria o lucro que terei por unidade depois
do ponto de equilíbrio, ou seja, após produzir e vender uma unidade acima das 500 unidades
(501)?
Analisando somente os custos variáveis, que mudam somente com as vendas, isto é,
dependem do volume de vendas e não do tempo, concluimos que o custo variável será o meu
único custo unitário após o ponto de equilíbrio. Desta forma, considerando um custo variável
unitário de R$ 5 e um preço de vendas de R$ 10, portanto, você terá uma margem de
contribuição de R$ 5 (10-5). Assim cada unidade adicional que você produzir e vender a partir
do ponto de equilíbrio operacional (500), o lucro unitário será sua margem de contribuição
unitária de R$ 5. Uma vez que os custos fixos operacionais já foram pagos com o volume de
venda de 500.
83
Figura 4: Análise gráfica do ponto de equilíbrio operacional
Fonte: //wps.prenhall.com/br_gitman_principios_12/140/36047/9228254.cw/index.html
84
8.3 ALAVANCAGEM OPERACIONAL
A alavancagem operacional é o uso potencial dos custos operacionais fixos para ampliar
as variações das vendas sobre o lucro da empresa antes dos juros e imposto de renda. Isto é,
alavancagem operacional é resultado da existência de custos operacionais fixos na estrutura de
resultado da empresa, proporcionando um custo fixo unitário menor a cada aumento de venda.
Cenário 2 Cenário 1
-50% + 50%
85
Como você pode observar, a alavancagem operacional funciona nas duas direções.
Quando a empresa tem custos operacionais fixos, a alavancagem operacional está presente.
Desta forma, um aumento nas vendas resulta em um aumento mais que proporcional no lucro
operacional. Entretanto, uma queda nas vendas resultada em uma queda mais que proporcional
no lucro operacional.
∆% Vendas
86
Como o resultado é superior a 1, existe alavancagem operacional. Para um dado nível
de venda de referência, quanto maior o resultado desta equação, maior o grau de alavancagem
operacional.
Diante disso, as empresas que apresentam maior potencial para alavancar o lucro
operacional quando as vendas crescem são aquelas que tem uma politica mais agressiva de
investimento, ou seja, aquelas que têm uma participação maior dos custos operacionais fixos
em relação ao custos operacionais total. No entanto, quanto maior é o grau de alavancagem
operacional, maior é o ponto de equilíbrio e mais alto é o risco, pois, se houver queda das
vendas, eles sofrerão uma queda maior no seu resultado operacional.
Como você percebeu as variações dos custos operacionais fixos afetam de modo
significativo a alavancagem operacional. Em alguns caos as empresa podem criar algumas
estratégias para alterar esse mix entre custos operacionais fixos e variáveis. Embora, algum tipo
de processo de produção e pela tecnologia adotada pelas empresas não permitem muito
alteração neste mix. Empresas industriais consumam ter elevado nível de custos fixos e,
consequentemente, uma alta alavancagem operacional.
Suponha que a sua empresa, FastCartuchos, substitua parte de seus custos operacionais
variáveis por custos operacionais fixos. Talvez eliminando as comissões de vendas e
aumentando os salários dos vendedores. Com essa mudança os custos variáveis unitários
passaram de $ 5 para $4,5, consequentemente, os custos operacionais fixos aumentaram de
$ 2.500 para $ 3.000. Conforme apresentado no quadro 39.
87
Quadro 39: Alavancagem operacional e aumento dos custos fixos
Cenário 2 Cenário 1
-50% + 50%
-110% +110%
Numa situação hipotética no qual uma empresa trabalhasse apenas com custos
operacionais variáveis, seu grau de alavancagem operacional seria igual 1, isto é, o lucro
operacional teria a variação no mesmo percentual das vendas. Por exemplo, se as vendas
crescessem 20%, o lucro operacional cresceria 20%; se as vendas recuarem 20% o lucro
operacional cairia 20%.
88
A alavancagem financeira resulta da presença de encargos financeiros fixos (juros da
dívida) na estrutura de demonstração de resultado da empresa. Pode ser definida como a
capacidade da empresa usar custos financeiros fixos para ampliar os efeitos da variação no
lucro operacional (Lajir) sobre o lucro líquido da empresa. Os juros devem ser pagos, qualquer
que seja o montante do lucro operacional disponível para pagá-los. Voltamos ao nosso exemplo
da empresa, FastCartuchos, para ilustrar como funciona a alavancagem financeira.
Cenário 2 Cenário 1
-40% + 40%
-100% +100%
Baseado nos cenários pode-se verificar que no cenário 1, um aumento de 40% no lucro
operacional (Lajir) passando de $10.000 para $14.000, resulta em um aumento de 100% no
lucro liquido, passando de $ 2.784 para 5.568. Para o cenário 2, uma redução de 40% no lucro
operacional, passando de $10.000 para $ 6.000, resulta em uma redução de 100% no lucro
liquido, passando de $ 2.784 para $ 0.
89
Desta forma podemos verificar o efeito da alavancagem financeira, pois um aumento no
lucro operacional (Lakir) da empresa resulta em aumento mais do que proporcional no seu lucro
líquido. Por outro lado, uma redução no lucro operacional resulta em uma redução mais que
proporcional no lucro líquido.
∆% Lucro líquido
No quadro 40 podemos verificar o grau de alavancagem financeira de 2,5 (100/ 40= 2,5)
para a empresa FastCartuchos. Lembrando que existirá alavancagem financeira sempre que o
GAF for superior a 1. Neste caso, o grau de alavancagem financeira é 2,5, significa que o lucro
líquido aumentou 2,5 veze mais que o aumento do lucro operacional. O mesmo ocorre quando
o lucro operacional reduziu de $10.000 para $6.000. Para cada ponto percentual de variação no
lucro operacional, tem-se uma variação de 2,5 vezes mais no lucro líquido.
90
8.5 ALAVANCAGEM TOTAL OU COMBINADO
∆% Lucro Líquido
∆% Vendas
91
Utilizando os exemplos anteriores, quadro 39 e 40, você pode verificar que a empresa
FastCartuchos trabalha com grau de alavancagem total igual 2 (100/50), como o resultado é
maior que 1, existe alavancagem total.
9. CAPITAL DE GIRO
92
Na administração do capital de giro, o administrador financeiro deve conhecer a
interdependência dos componentes do capital de giro, isto é, tratar os ativos e passivos corrente
como decisões independentes. Por exemplo, você como administrador financeiro depara-se
com uma empresa com forte perde de liquidez pela maior participação dos estoques (aumento
de estoque) no ativo circulante. Uma alternativa que você encontraria seria compensar esse
aumento de estoque por um volume maior de caixa. Outro exemplo, seria a presença de passivos
de prazos mais curtos, neste caso, exigiria ativos correntes mais líquidos. Portanto, cabe à
empresa formalizar estratégias operacionais para atuar em diferentes condições de mercado,
selecionando os passivos mais adequados e avaliando seus investimentos correntes. Em uma
estratégia para aumentar as vendas, por exemplo, você poderia incentivar as vendas a prazos,
entretanto para esta estratégia você precisará de maior volume de investimento em circulante,
e assim por diante.
93
Quadro 41: Balanço Patrimonial e capital de giro
Disponibilidade Fornecedores
Intangível
Portanto, a administração do capital de giro diz respeito à administração das contas dos
elementos de giro, ou seja, do ativos e passivos circulante e as inter-relações existentes entre
eles. Então, começaremos abordando o capital de giro líquido para tratar da relação básica entre
ativo circulante e passivo circulante.
O capital de giro líquido ou capital circulante líquido é definido pela diferença entre o
ativo circulante e o passivo circulante de uma empresa. O valor pelo qual o ativo circulante
94
supera o passivo circulante de uma empresa pode ser positivo ou negativo. Quanto o ativo
circulante supera o passivo circulante, a empresa tem capital de giro líquido positivo. Quanto o
passivo circulante supera o ativo circulante, tem-se o capital de giro líquido negativo.
Algebricamente, podemos apresentar a formula do capital de giro liquido através da tabela 36
e 37. Nesta relação entre o ativo circulante e passivo circulante os itens do passivo (saídas) são
de previsões fáceis, ou seja, quando a empresa assume obrigações ela sabe exatamente as
respectivas datas de vencimento. Entretanto, no ativo circulante (entradas) não são previsíveis,
ou seja, a empresa depende de vendas para converter os estoques em recebíveis e depois em
caixa, fornecendo assim os recursos para o pagamento dos passivos circulantes. Então, você
pode imaginar que quando mais previsível as entradas de caixa, menor a necessidade de capital
de giro líquido.
A outra forma de calcular o capital de giro líquido é através dos ativos e passivos de
longo prazo, conforme apresentado na tabela 36.
Ou
Obviamente você já percebeu que pelas incertezas das entradas de caixa as empresas
tendem a manter um ativo circulante mais que suficiente para cobrir as saídas associadas ao
passivo circulante. Desta forma, as empresas criam uma espécie de margem de segurança para
manter a liquidez nas suas operações e consequentemente diminuem os riscos de insolvência.
95
empresa obteve capital de giro líquido negativo. Todos os anos a empresa manteve uma
excedente de capital de giro, em média, um excedente de 49% em relação ao ativo circulante.
Portanto, uma empresa com capital de giro negativo, ou seja, com passivo circulante
maior que ativo circulante, monstra que os recursos de longo prazo da empresa não são
suficientes para cobrir suas aplicações de longo prazo, devendo utilizar os recursos do passivo
circulante para cobrir essa deficiência de capital no longo prazo.
Outra análise que podemos fazer em relação ao capital de giro líquido é a relação de
risco e rentabilidade. Lembrando que rentabilidade é a relação ente receita e custos decorrentes
do uso dos ativos da empresa, tanto circulante quanto fixos, em atividade produtivas. Assim
quando uma empresa tem um excedente de capital de giro, ou seja, capital de giro positivo (por
exemplo, Cia EXEMPLAR), esta empresa apresenta um risco de insolvência baixo. Assim
quanto mais ativo de alta liquidez (caixa, contas a receber) a empresa possui, menor o risco.
Entretanto, a empresa pode apresentar uma baixa rentabilidade em relação aos seus
ativos (ROA-Retorno sobre o ativo e ROE-Retorno sobre o patrimônio líquido). Por quê?
Porque o ativo circulante é menos lucrativo do que o imobilizado. O ativo imobilizado é mais
lucrativo por que agrega mais valor ao produto, isto é, sem ele a empresa não poderia gerar o
produto.
96
A rentabilidade da empresa também pode aumentar quando a empresa usar mais
financiamento com passivo circulante e menos financiamento de longo prazo. O passivo
circulante é mais barato, principalmente os passivos não onerosos, aquele que a empresa não
paga juros, por exemplo, os fornecedores. Entretanto, excesso de passivo circulante aumenta o
risco de insolvência, pois diminui o capital de giro líquido. Outra medida de liquidez envolve
somente os recursos próprios da empresa, ou seja, o capital de giro próprio.
O capital de giro próprio é apurado pela diferença entre o patrimônio líquido e o ativo
permanente mais o realizável longo prazo (ativo não circulante), conforme apresentado na
tabela 38.
Esta medida revela basicamente os recursos próprios da empresa que estão financiando
suas atividades corrente (ativo circulante). Outra maneira mais simples de calcular o capital de
giro próprio, inclusive adotado pelo mercado, é pela diferença do patrimônio líquido e o ativo
permanente. O capital de giro próprio mostra o volume de capital próprio da empresa que está
financiando o ativo circulante. “Segundo médias geralmente divulgadas pelos analistas de
mercado, o valor mínimo ideal dessa medida é zero, ou deve atingir, pelo menos, 5% das
receitas auferidas pela empresa”. (Assaf Neto, 2003, p.454).
Analisando o balanço por grupos patrimonial do ano 1 da Cia EXEMPLAR, você poderá
observar que o capital de giro próprio é de -$665 (patrimônio líquido=$ 5.178 - ativo
permanente e realizável a longo prazo =$5.843), significa que a empresa não tem capital próprio
financiando os ativos circulantes, na realidade há uma “sobra” de capital de terceiros nesta
estrutura.
97
Quadro 43: Balanço grupos patrimonial da Cia EXEMPLAR, ano1 (R$)
Ativo Passivo
$10.100 $4.883
$305 $5.874
$5.538 $5.178
Essa medida de liquidez é mais utilizada nas instituições financeiras e nas empresas
públicas prestadoras de serviços. “Admitem na apuração, implicitamente, somente ocorrendo
capital de giro próprio positivo quando os recursos dos proprietários excedem ao montante do
investimento permanente”. (Assaf Neto e Silva, 2002, p.18). Desta forma, o capital de giro
próprio assume a identificação de origem dos recursos que sustem o capital circulante.
98
Naturalmente você percebeu que o equilíbrio financeiro não acontece em função de a
empresa possuir um capital de giro líquido positivo. É necessário que se identifiquem nos ativos
circulantes as contas de longo prazo (permanentes) e as variáveis (sazonais).
Assim, umas das estratégias para manter o equilíbrio financeiro da empresa, é financiar
suas necessidades sazonais dos ativos corrente (ativo circulante ou operacional) com dívidas de
curto prazo (passivo circulante), deixando os recursos de longo prazo para financiar suas
necessidades permanentes.
Outra estratégia seria financiar o capital de giro, tanto sazonal quanto permanente com
dividas de longo prazo. Esta estratégia é também conhecida como estratégia conservadora, uma
vez que a empresa utiliza fundos de longo prazo para financiar a operação, mesmo sazonais.
Lembrando que os fundos de curto prazo costumam ser mais baratos do que os de longo prazo.
Entretanto, os de longo prazo permitem que a empresa fixa os custos dos fundos por um tempo,
evitando as oscilações de curto prazo. Outro ponto positivo desta estratégia seria a
disponibilidade dos recursos de longo prazo no momento em que a empresa necessita, enquanto
o de curto prazo a empresa é exposta ao risco de não conseguir a totalidade em momentos de
sazonalidades.
É importante lembrar que os valores necessários de capital de giro têm forte relação com
o ciclo operacional bem como com o ciclo financeiro ou de caixa da empresa (vistos no capitulo
2 deste livro). Desta forma, a necessidade de investimento em capital de giro, reflete o volume
de recursos necessário para cobrir o ciclo operacional da empresa, determinada em função de
suas politicas de compras, vendas e estocagem.
99
A necessidade de capital de giro corresponde à necessidade líquida de investimento
permanente de fundos para garantir o giro normal das operações de uma empresa.
Historicamente, essa necessidade de capital pode ser mensurada pela diferença entre os saldos
de seus ativos e passivos circulantes de origem estritamente operacionais ou cíclicos, também
conhecidos como ativos correntes não monetários e passivos correntes não dívida, conforme
observado na tabela 39.
Você pode observar no quadro 44 o significado do resultado das variações entre ativos
operacionais e passivos operacionais.
100
Outra questão importante são os fatores determinantes do volume da necessidade de
capital de giro de uma empresa; é a venda da empresa e o tamanha de seu ciclo financeiro, ou
seja, a necessidade de capital de giro é função das receitas brutas de venda e do tamanho do
ciclo financeiro ou caixa. Assim, a venda da empresa fica subordinada ao impacto da situação
conjuntural do mercado cuja empresa atua. Por outro lado, o tamanho do ciclo financeiro fica
definido pelas politicas financeiras de curto prazo, como políticas de compra, de vendas e de
estoques.
Tomemos como exemplo a empresa Cia Exemplar, nos anos 1 a 4, conforme quadro 45.
Podemos observar a evolução da necessidade de capital de giro neste período. Lembrando que
para o calculo do ciclo financeiro foi utilizado o seguinte recurso de calculo: CF=(NCG/RBV)
x N, onde RBV, representa as receitas brutas de vendas, e N, representa o numero de dias da
analise, no nosso exemplo 360 dias.
101
- Contas a pagar 188 140 489 566
No segundo ano a empresa combinou uma queda de 13% em sua receita de venda,
entretanto, com uma expressiva redução do ciclo financeiro de 46%. Essa combinação de
fatores resultou em uma redução significativa na necessidade de financiamento de capital de
giro de 52%.
No quarto ano a empresa combinou uma expansão de 23% nas vendas com uma
expressiva redução do ciclo financeiro em 24%. Essa combinação de fatores resultado em
redução de 5% em seu esforço de financiamento para atender as necessidades de capital de giro.
Você deve ter percebido que um dos fatores que mais impactado causa na necessidade
de capital de giro é o ciclo financeiro ou caixa. Algumas empresas estabelecem uma meta para
o ciclo de caixa e tentam manter-se próximo da meta, assim reduzem a necessidade de capital
de giro para a operação. Entretanto, o que impacto o clico de caixa? Se relembrarmos o conceito
e componentes do ciclo operacional de uma empresa. O conceito seria o prazo decorrido do
início do processo de produção até a entrada de caixa resultante da venda do produto. Já os
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componentes: prazo médio dos estoques, prazo médio de pagamento e prazo médio de
recebimento, principalmente. Portanto, quaisquer alterações de prazo alterarão os recursos
comprometidos com a operação. Então, para reduzir o ciclo de caixa, por exemplo, basta reduzir
o prazo médio de recebimento, aumentar o giro dos estoques, assim, reduziria a linha de tempo
do ciclo de caixa e consequentemente os recursos investidos nas necessidades de capital de giro.
O custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa deve obter nos projetos em que
investe, para manter seu valor de mercado e atrair novos investimentos (investidores no caso
de empresa de capital aberto em bolsas).
É neste ambiente que o principal objetivo de uma empresa deve ser maximizar o retorno
do capital empregado pelos acionistas, aumentando a sua riqueza. Entretanto, esses recursos
próprios são limitados para que administradores financeiros encontrem opções de investimento
com retorno que atendam as expectativas dos acionistas. Neste sentido, a empresa também pode
utilizar capital de terceiros, isto é, empréstimos em instituições financeiras. Essa alternativa
pode trazer bons resultados para as empresas em função do multiplicador de alavancagem
financeira que potencializa a rentabilidade para o acionista.
103
(empréstimos) a um custo de 20% ao ano (alternativa B). Consideramos ainda que ambos os
projetos geram o mesmo lucro antes do imposto de renda (LAJIR).
Alternativa A Alternativa B
Capital Próprio $200.000 $100.000
Capital de terceiros $0 $100.000
Estrutura de capital $200.000 $200.000
Lajir $60.000 $60.000
- Juros
$0 $20.000
= Lair $60.000 $40.000
- IR (30%) $18.000 $12.000
=Lucro líquido $42.000 $28.000
% Retorno capital Próprio 21% 28%
104
Desta forma, os administradores financeiros devem tentar encontrar uma estrutura de
capital da empresa ou de projetos em estudo que possibilite oferecer aos proprietários ou
acionistas o retorno exigido por eles e, aos mesmo tempo, maximize a riqueza da empresa.
Normalmente, a estrutura de capital de uma empresa é formada de capital de terceiros e capital
próprio. O custo de capital de terceiros é basicamente as taxas de juros praticadas pelo mercado
financeiro, enquanto que o custo do capital próprio é definido pelas expectativas de retorno dos
acionistas e os riscos envolvidos no negócio. Assim o custo total de capital de uma empresa é
média ponderada de capital das diferentes fontes de capital (capital próprio e capital de
terceiros) cuja empresa utiliza.
O custo do capital de terceiros é estimado através das taxas de juros praticadas pelo
mercado financeiro. Essa taxa oscilará mediante as condições macroeconômicas,
principalmente pela politica monetário do governo. Entretanto, o custo final para as empresas
é baseado no risco que os credores das empresas enfrentam de não receber as quantias a que
têm direito, juros e principal. E para cobrir o risco de inadimplência que os credores
acrescentam o spread de inadimplência à taxa livre de rico (no Brasil, pode-se considerar a
SELIC como livre de risco) do mercado, ao emprestar dinheiro para as empresas. Desta forma,
quando maior for a percepção de risco de inadimplência, maiores serão os spread de
inadimplência e o custo do capital de terceiros.
Para estimar esse spread de inadimplência, alguns autores recomendam utilizar o rating
(ou classificação de risco de crédito) dos títulos de dívida da empresa, caso exista. Segundo
Damandaran (2012, p.43) “se não houver rantings publicados dos títulos de dívida da empresa,
dispõe-se da alternativa de estimar um rating sintético para a empresa, com base no índice de
lucro operacional antes das despesas financeiras sobre as despesas financeira”. Portanto, pode-
se estimar o custo do spread de inadimplência pelo índice de cobertura de juros, visto no
capitulo 2 deste livro. Evidentemente, índices de cobertura de juros mais altos corresponderão
a ranting mais baixo, ou seja, custo financeiro menor.
105
Outro componente importante na formação do custo do capital de terceiro é a alíquota
de imposto de renda cuja empresa paga. Os juros da dividas podem ser deduzidos do lucro (vejo
o exemplo no quadro 45) tributável, e assim, influenciar o calculo do imposto de renda. Isso
resulta num custo para a dívida menor que a taxa de juros contrata pela empresa. Assim,
podemos calcular o custo do capital de terceiros através da formula apresentado na tabela 40.
Kd= id x (1-IR)
Como exemplo, consideramos uma empresa cuja alíquota de imposto de renda é 35%,
obteve um financiamento a um custo de 15% ao ano, então o custo após o imposto de renda
será 14% ao ano [ (0,20% x (1-0,30)].
Tabela 41: Fórmula de estimar o custo do capital de terceiros para empresa que
apresentam rating
Considerando uma empresa com alíquota de imposto de renda (IR) de 40%, a taxa livre
de risco desta economia é 12% ao ano, o spread de inadimplência baseado no rating da empresa
é 2,40%, estimamos em 8,81%ao ano [(0,12+0,024)*(1-0,40)] o custo do capital de terceiros,
depois do imposto de renda. O próximo passo para estimar o custo de capital da empresa será
estimar o custo do capital próprio.
106
10.2 Custos do capital próprio
107
10.3 Modelo CAPM
Como exemplo, você pode considerar os riscos a que você está exposto quando adquiri
uma ação (investimento) de um empreendimento como a empresa Natura SA. Alguns riscos
deste investimento são especifico da empresa. Talvez o próximo lançamento de um perfume ou
cesta de produtos de beleza não tenha tanta aceitação por parte dos consumidores, assim a
empresa perderá competitividade e consequentemente receita. No entanto, outros riscos afetam
não só a Natura mas também seus concorrentes no negócio: novo legislação para fabricação de
produtos de beleza. As empresas terão que fabricar produtos sem qualquer reagem químico.
Isso pode alterar a rentabilidade da Natura. Além disso, há outros riscos macroeconômicos que
afetam a maioria ou todas as empresas no mercado, com maior ou menor intensidade. Por
exemplo, aumento de taxa de juros, aumento da taxa de desemprego e recessão econômica,
podem afetar a rentabilidade de todas as empresas. Como você percebeu, a realidade pode se
revelar melhor ou pior do que poderíamos esperar em cada uma dessas dimensões do risco.
Assim, quem concentrou todo seu investimento na Natura está exposto a todas essas incertezas.
Por outro lado, se você tivesse investido em ações da Natura como parte de um portfólio de
muitas ações, você estaria sujeito a menos riscos em função da diversificação, ou seja, as
mudanças que afetam uma ou algumas empresas não impactarão em outras, com isso você
estaria assumindo um risco médio menor.
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companhia abertas, ou empresas que promovem emissões públicas de títulos e valores
mobiliários, negociados em bolsas de valores.
Então você pode perceber que na preposição de Markowitz, o único risco relevante é o
risco de mercado, ou risco não diversificável. Então como medir a exposição de uma empresa
ao risco de mercado? Para responder essa questão, abordaremos a ferramenta mais utilizada, o
modelo de precificação de ativos financeiros Capital Asset Pricing Model-CAPM.
Desenvolvido no começo da década de 1960, por Willian Sharpe e John Lintner. O modelo
assume que os investidores não estão sujeitos a custos de transação e que compartilham as
mesmas informações. Assim, uma vez que a diversificação não envolve custos e que a não
diversificação não gera ganhos, a melhor hipótese é manter um portfólio extremamente
diversificado composto de todos os ativos financeiros disponíveis, chamado portfólio de
mercado. Então, nestas condições, o risco de qualquer ativo é o risco incremental decorrente de
sua inclusão nesta carteira de mercado, indicado pelo beta.
Podemos definir o coeficiente beta como uma medida de risco relativo que gira em torno
de um. Assim, ações com beta maiores de um estão mais expostas ao risco de mercado. Ao
passo que, ações com beta menores que um, estão menos exposto ao risco de mercado.
Outro conceito estatístico que teremos que entender é a correlação. Quando se observam
duas séries de dados, útil saber se e como os movimentos de uma variável afeta a outra.
Considere, por exemplo, duas variáveis, uma ação de uma empresa (ativo) e um índice de
mercado (aqui o Ibovespa). A medida mais simples desse movimento é a correlação. Se a ação
aumenta, quando o índice de mercado aumenta, as variáveis se movimento juntas e apresentam
correlação positiva. Se a ação diminui, quando o índice de mercado aumenta, elas têm
correlação negativa. Uma correlação própria de zero indica que a ação e o índice de mercado
não têm relação entre si. Portanto, o coeficiente beta mede a sensibilidade de um ativo em
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relção ao momento de mercado. Desta forma, a tendência de uma ação a mover-se junto com o
mercado é refletida em seu beta, que é a medida da volatilidade da ação em relação ao mercado
como um todo.
Agora podemos apresentar a equação do coeficiente beta através da tabela 42. Onde
(𝝈𝒔) é o desvio-padrão da ação, (𝜎𝑚) é o desvio-padrão do mercado, e (𝑹𝐬𝐦 ) é o
coeficiente de correlação entre o momento da ação e do mercado.
(𝝈𝒔)
Beta=[ ] 𝑿(𝑹𝐬𝐦 )
(𝝈𝒎)
Como exemplo, iremos calcular o coeficiente beta da ação das Natura SA em relação às
variações do mercado (Índice Ibovespa). No período de amostra dos últimos cinco anos, o
desvio-padrão das ações (𝝈𝒔) da Natura foi de 1,88, e o desvio-padrão do índice Ibovespa
(mercado) (𝜎𝑚) foi 2,04. Considerando o coeficiente de correlação entra as variações da ação
e do mercado (𝑹𝐬𝐦 ) de 0,51, temos um coeficiente beta (ß) de 0,47 [(1,88/2,04) x (0,51)].
Como o coeficiente beta ficou abaixo de um (0,47), a ação da Natura SA está menos
exposta ao risco de mercado, tem-se um ativo caracteristicamente defensivo, ou seja, com risco
sistêmico (risco de mercado) menor que o risco de mercado. Assim com esse beta (0,47), uma
valorização de 10% na carteira de mercado, determina uma expectativa de rentabilidade de
4,7% na ação da Natura.
Por outro lado, o CAPM pode servir para determinar a taxa de retorno exigida das
decisões do investimento (Ks), ou seja, para definir a taxa mínima de atratividade do capital
próprio (TMA), a qual tem por base a remuneração de um ativo livre de risco (R f) mais um
premio pelo risco identificado na decisão em avalição e calculado como diferença entre o
110
retorno esperado pela carteira de mercado (Rm) e a taxa livre de risco, conforme apresentado
na tabela 43.
Ks = Rf + ß x (Rm – Rf )
Assim utilizando a ação exemplo (Natura AS) tínhamos um coeficiente beta (ß) de 0,47.
Considerando que a taxa livre de risco de(Rf) 12%, e a expectativa dos investidores é de que a
carteira de mercado(Rm) atinja 18,5%, então temos a taxa mínima exigida pelo investidor desta
ação, ou o custo do capital próprio das empresa. Substituindo a fórmula do CAPM temos um
custo de capital próprio (Ks) de 15,06% [(0,12 + (0,47 x (0,185 – 0,12) x 100))]. Então o retorno
esperado dessa ação dever ser, no mínimo, igual a 15,06% ao ano, que representa o custo de
capital próprio da empresa ou seja, o custo de capital para emissão de ações.
Para Damodaran (2012,p.21) “É indiscutível que todos esses modelos são falhos, seja
por partirem de premissas irrealista, seja por não ser possível estimar com exatidão seus
parâmetros”. Entretanto, pode-se não aceitar os modelos existentes, mas é preciso definir uma
maneira de medir e incorporar o risco nas decisões sobre investimentos.
O custo médio ponderado de capital, também conhecido pela sigla inglês, WACC
(Weighted Average Cost of Capital), reflete o custo futuro médio esperado dos financiamentos
(terceiros e próprios) no longo prazo. O CMPC é obtido por meio da ponderação do custo de
tipo específico de capital por sua participação na estrutura de capital da empresa.
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O cálculo do CPMC é simples, basta multiplicar o custo específico de cada modalidade
de financiamento por sua participação na estrutura de capital da empresa e somar os valores
ponderados. Podemos apresentar a equação para o WACC, conforme tabela 44. Onde (W i )
participação do capital de terceiros na estrutura de capital, (Kd) representa o custo do capital
de terceiros, (W p) participação do custo de capital próprio, (Ks) representa o custo do capital
próprio
As ponderações podem ser calculadas com base no valor contábil através das
informações do balanço patrimonial, ou no valor de mercado através dos preços corrente das
ações e títulos. É importante lembrar que o risco para o acionista aumenta quando a e presa está
muito alavancada (dívidas).
O custo médio ponderado de capital (CMPC) pode ser considerado a taxa de retorno
exigida para um projeto que possua capitais próprios e de terceiros e sua estrutura de
investimentos. Assim podemos utilizar o CMPC como taxa de desconto (TMA) para avaliar
projetos através do valore presente liquido (VPL), como referencia para a taxa interna de
retorno (TIR), e para avaliar o risco do projeto através do payback descontado.
Evidentemente, o custo médio ponderado de capital (CMPC) tem forte relação, além
dos custos das fontes, mas também com o tipo de estrutura de capital da empresa, ou seja, a
composição de capitais próprios e de terceiros.
112
11 VALOR ECONÔMICO ADICIONADO
O EVA®,( Economic Value Added) é o valor eu a empresa agrega à riqueza dos
acionistas e está baseado na premissa de que para criar valor para os seus acionistas, as empresas
devem gerar retornos sobre o capital investido que excedam o custo de capital. O EVA® foi
desenvolvido pela empresa de consultoria Stern Stewart & Company de Nova York. Juntamente
com o EVA®, a empresa criou também o Market value added (MVA®) ou valor de mercado
adicionado, sendo os dois métodos marcas registras da consultoria americana. Embora, alguns
autores utilizam com outros nomes para o mesmo conceito.
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O capital investido é a soma de todos os financiamentos da empresa, apartados dos
passivos não onerosos de curto prazo, como contas a pagar, fornecedores e provisões para
salários e obrigações fiscais. Ou seja, o capital investido é igual a soma do patrimônio líquido
e dos empréstimos e financiamentos de curto e longo prazo.
Para ilustrar, calcularemos o EVA® a partir de um exemplo. Admita que uma empresa
tenha um total de investimento (empréstimos de curto e longo prazo + Patrimônio Líquido) de
R$ 20 milhões, sendo 45 % financiados por bancos que compram uma taxa liquida de juros de
12% ao ano. O capital próprio (Patrimônio Liquido) tem uma expectativa de retorno de 18%
ao ano. A empresa apurou no exercício em consideração um resultado operacional líquido de
impostos de R$ 3,5 milhões.
114
Como o resultado operacional líquido apurado (R$ 3,5 milhões) pela empresa no
período foi superior ao mínimo exigido por credores e acionistas (R$ 3,06 milhões), a diferença
encontrada de R$ 440.000 é reconhecida por valor econômico adicionado (EVA®), indicando
que a empresa foi capaz de oferecer um excelente retorno para seus acionistas.
A própria consultoria americana Stern & Stewar registrou outra marca denominada
MVA® , ou valor de mercado agregado, que seria o valor atual dos EVAs® projetados trazidos a
valor presente pelo custo médio ponderado de capital (WACC) da empresa. O MVA® positivo
indica que a empresa agrega valor a longo prazo para seus acionistas. Reflete ainda, quanto à
empresa vale adicionalmente ao que se gastaria para repor todos os seus ativos a preços de
mercado, ou seja, é uma avaliação do futuro calculada com base nas expectativas de mercado
com relação ao potencial demonstrado pelo empreendimento em ciar valor. Assim o MVA®
pode ser apurado pela diferença entre o valor total de mercado da empresa e o montante de
capital investido pelos acionistas e credores, isto é, o investimento total.
Assim uma metodologia gerencial de avaliação do MVA® pode se efetuada por meio do
valor presente do EVA®, conforme proposto pela consultoria americana Stewart, conforme
apresentado na tabela 46.
115
MVA® = EVA®/WACC
Desta forma utilizando o exemplo anterior, o MVA® é obtido pela divisão do EVA® em relação
ao custo médio ponderado de capital (WACC) da empresa: R$ 440.000/15,30%= R$ 2.875.817,
revelando quando a empresa vale mais que o total do capital investido. Logo, o valor de
mercado da empresa é constituído de:
Esse resultado reflete as estratégias financeiras que cuja empresa utilizou em sua gestão.
Se a empresa for ainda mais eficiente na gestão de seus ativos e reduzir, por exemplo, o volume
de estoques e amorosidade apresentada na cobrança de suas vendas a prazo, sem afetar o volume
das atividades, ela será capaz de agregar valor aso acionistas sem que seja expresso
necessariamente em maiores lucros.
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𝐹𝐶𝑂1 𝐹𝐶𝑂1 𝐹𝐶𝑂2 𝐹𝐶𝑂3 𝐹𝐶𝑂n
𝑽𝒂𝒍𝒐𝒓 = + + + + …… +
(1+𝑖) ( 1 + 𝑖 )1 ( 1 + 𝑖 )2 ( 1 + 𝑖 )3 ( 1 + 𝑖 )𝑛
Onde o valor equivale ao valor econômico presente do investimento; FCO: fluxo de caixa
operacional; i: taxa de desconto, que representa o custo médio ponderado de capital (WACC).
O fluxo de caixa livre da empresa, ou caixa operacional disponível (free operating cash
flow) utilizado na determinação do valor da empresa é calculado conforme apresentado no
quadro 46.
Uma questão importante relativa à avaliação de uma empresa é que a vida de uma
empresa tem duração indefinida. Neste caso, podemos tratar o problema separando o valor da
empresa em dois períodos, isto é, durante e após o período explicito de projeção dos fluxos de
caixa livres. Assim, teremos:
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O valor depois do período explícito de projeção chama-se valor da perpetuidade ou
valor terminal e pode ser calculado da seguinte maneira:
Considerando, no entanto que os fluxo de caixa cresçam todo ano a uma taxa g
constante, a formula do valor presente de um fluxo perpétuo apresenta-se da forma seguinte:
Esta expressão é conhecida como modelo de Gordon, permite apurar o valor presente
de um fluxo perpétuo que apresenta um crescimento constante g. Por exemplo, admita um
fluxo de caixa de R$ 100 por ano perpetuamente. Não se prevendo nenhuma alteração nesse
resultado anual de caixa, o valor presente do fluxo para uma taxa de desconto (WACC) de 20%
ao ano será:
118
da empresa, do posicionamento de mercado desta empresa, bem como da taxa de crescimento
deste mercado e outros fatores que afetariam suas vendas.
119
Quadro 48 Demonstração do fluxo de caixa e valor da empresa
O fluxo de caixa da empresa é igual aos resultados operacionais da empresa depois dos
impostos, mais custos que não envolvem caixa (depreciação), menos investimentos em capital
de giro operacional e imobilizados. O valor da empresa é igual ao somatório dos valores das
projeções dos fluxos de caixa livre, descontados a seus valores presente através da expressão
genérica do calculo apresentada anteriormente. Somente a este o valor da perpetuidade ou valor
terminal a valor presente. Assim temos o valor da empresa precificado em R$ 23.376 milhões.
Desta forma, o fluxo de caixa operacional da empresa disponível, conforme calculado, é
totalmente adequado aos objetivos de avaliação, por refletir os resultados das operações
pertencentes aos proprietários de capitais, credores e acionistas.
Caso a empresa tenha ações negociadas em bolsas, podemos através do método do fluxo
de caixa descontado encontrar o “preço justo” desta ação. Entretanto, para efetuarmos esse
calculo será necessário considerar o valor presente do capital de terceiro da empresa, ou seja,
os valores de empréstimos cuja empresa possua. Em nosso exemplo consideremos o valor de
empréstimos (dívida) de R$ 800 milhões. Ainda, consideremos que essa empresa tenha 1.530
milhões de ações em circulação, cotadas em bolsa em R$ 12 por ações. Conforme demonstradas
no quadro a seguir, temos que o valor das ações é igual a diferença entre o valor da empresa e
os valor das dívidas, isto é R$ 22.576 milhões.
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Quadro 49 Demonstração do fluxo de caixa do capital próprio
Para calcular o preço unitário de cada ação, ou seja, o “preço justo”, é necessário
somente dividir o valor das ações pela quantidade de ações que a empresa possua em
circulações em bolsa de valores. Neste exemplo encontramos o “preço justo” é de R$ 14,76
por ações. Considerando que a cotação atual das ações desta empresa está em R$ 12, ou seja,
está abaixo do “preço justo”. Assim temos uma oportunidade de investimento, pois no longo
prazo os investidores irão perceber que esta empresa tem um valor intrínseco em suas
operações, com isso o preço da ação tende a valorizar.
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