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LITERÁRIO, SEM FRESCURAS!

Escritores brasileiros
na Suíça e no Brasil.

ANO 2 - EDIÇÃO NO. 3


2
VARAL DO BRASIL
Literário, sem frescuras

Genebra, primavera /verão de 2010


Ano 2—No. 3

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3
EXPEDIENTE
Revista Literária VARAL DO BRASIL

No. 3 — Genebra — CH Desde novembro do ano passado, quando


iniciamos o projeto de realizar o VARAL,
Copyright © Vários autores ficou claro que esta não seria uma revista
literária como as outras. Por que?
O Varal do Brasil é promovido,
organizado e divulgado pelo site: Porque fica difícil falar de literatura, apre-
www.coracional.com sentar novos e consagrados escritores,
sem falar de outros assuntos, sem trazer
Site do Varal: www.varadobrasil.ch
os aspectos culturais dos dois países en-
Textos: Vários Autores volvidos neste projeto.

Ilustrações: Vários Autores Literária, sem frescuras. Assim definiu-se


a revista e assim está crescendo. Neste
Revisão parcial de cada autor.
número são 40 escritores selecionados e
Revisão Geral: Varal do Brasil mais diversos artigos. Um grande passo
diante do tímido número zero de novem-
Composição e diagramação: bro.
Jacqueline Aisenman
E o caminho que estamos trilhando de for-
ma vitoriosa tem nele plantadas as flores
A distribuição ecológica, por email, é dos poetas, as sementes dos cronistas e
gratuita. contistas que aqui conosco vem fazendo a
caminhada.
Se você deseja participar do Varal do
Brasil no. 04, envie seus textos até Verso e prosa, prosa e verso, somos todos
05 de julho de 2010 para escritores. Escrevemos a vida a cada dia,
varaldobrasil@bluewin.ch cada um da sua forma. E é o que faz a ri-
queza do VARAL DO BRASIL: o encontro
A participação é gratuita. Participe! nas diferenças.

Obrigada escritores, obrigada leitores.


Com vocês e por vocês aqui estamos com
mais um número e com certeza futuramen-
Jacqueline Aisenman

te com muitos outros!

Até!

Jacqueline Aisenman

Genebra

4
 Alessa B. - Versos Perturbados

 Amarilis Pazini Aires - Amar como a primeira vez

 Angela Costa - Poema Etílico

 Ana Anaissi - As velhinhas caroneiras

 Andre Luis Aquino - Os amantes do círculo polar

 Antonio Vendramini Neto - Os sapatos do Valdemar

 Carlos Eduardo Marcos Bonfá - Silêncio

 Chajafreidafelkstein - Passarinhos

 Clarice Villac - Calendário

 Cristiane Stankovick - Rotina

 Dimmytrius - Meu Brasil Brasileiro

 Eurico de Andrade. Bembem padece de amor

 Fabrício Couto Martins - Alma escura

 Gilberto Nogueira de Oliveira - Esperança

 Gustavo H. Bella - Aceito a noite longa

 Infeto - Simples assim

 Jaci Santana - Signos

 Jacqueline Aisenman - Gosto

 Jania de Souza - Falando de Amor

 José Carlos P. Bruno - Contubérnio

 José Genário Machado - A fuga do caranguejo

 Ju Virginiana - E o amor acontece

 Lariel Frota - Rosas azuis

 Maíra Cortez Galhardo - Chão

 Marcelo de Oliveira Souza - Escrito nas estrelas

5
 Márcio José Rodrigues - Os companheiros

 Marília Kosby - A terra prometida

 Matheus Paz - Greve sustentável

 Oswaldo Begiato - Mundo da lua

 Renata Iacovino - Poesia falada

 Renata Gomes de Farias - Metrópole

 Rosane Magaly Martins - Risco Iminente

 Sonia Alcalde - As mães sem nome

 Suziley Silva- O pai das telecomunicações

 Thiago Maerki - Desafogue a si mesmo

 Valdeck Almeida de Jesus - Sou louco

 Valquíria Gesqui Malagoli - Regresso

 Varenka de Fátima - Dulce Schwabacher

 Vicência Jaguaribe - A lua sobre as árvores

 Vó Fia - Desejos

 Walnélia Corrêa Pederneiras - Paulo Freire

LEIA TAMBÉM NESTE NÙMERO:

 O Sistema educacional suíço

 Culinária suíça e brasiliera

 Festas juninas

 A língua portuguesa e o regionalismo

 Cantões suíços

 Vocabulário gaúcho e

 … mais ainda!

6
PARTICIPAÇÃO NO VARAL
NO. 4

Envie seus textos para o e-mail


varaldobrasil@bluewin.ch em formato
Word (não serão aceitos textos colados
aos emails) .
NOSSOS CONVIDADOS
Envie uma biografia breve acompanhada ESPECIAIS:
de uma ou duas fotos e dados para conta-
to (email, blog, site, etc.). Se usar pseudô-
nimo e não desejar que seu nome verda-
Cora Coralina
deiro seja colocado no Varal ou no site,
envie uma biografia do seu pseudônimo. Francisca Júlia
Não serão aceitas biografias e fotos Incor-
poradas aos emails, apenas em anexo. Manuel Bandeira
Será escolhido apenas um texto de cada Nélida Piñon
autor sendo:
Oswald de Andrade
- poemas de no máximo duas páginas
contendo 20 linhas; Vinícius de Moraes
- contos e crônicas com um máximo de
três páginas de 25 linhas;

- os envios deverão ser feitos até o dia 05


de JULHO (todo texto que chegar após
esta data será observado automaticamen-
te para o Varal no. 5).

- será dada a prioridade aos que envia-


rem com maior antecedência.

"O que importa na vida não


“Como poucos, eu conheci
é o ponto de partida, mas a
as lutas e as tempestades.
caminhada.
Como poucos, eu amei a
Caminhando e semeando,
palavra liberdade e por ela
no fim terás o que colher!"
briguei.”
Cora Coralina
Oswald de Andrade

7
POEMINHA AMOROSO
Cora Coralina

Este é um poema de amor


HOSPITAL DE LAGUNA tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
Faça do Hospital de Laguna a sua causa, de luta e de brisa e de céu...
colabore! www.hospitallaguna.com
E eu,
PROJETO LUZ quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
Ilumine esta idéia! Como você deseja que
ou numa cesta de flores do campo.
o Hospital de Laguna seja? Bom? Muito
Talvez tu possas entender o meu a-
bom? Ótimo? Qual o seu desejo? Com
quanto você pode contribuir, na sua conta mor.
de luz, para o Hospital ser assim, do jeito Mas se isso não acontecer,
que você quer? Você pode! não importa.
Já está declarado e estampado
O prêmio maior é a vida. Com certeza o
nas linhas e entrelinhas
seu maior desejo!
deste pequeno poema,
CARTÃO DE BENEFÍCIOS o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
O Cartão de Benefícios proporciona a usu-
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
ários e dependentes descontos nos servi-
ços de internação e de urgência/
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
emergência oferecidos pelo Hospital de
Laguna e pela rede de estabelecimentos e
profissionais credenciados (visite no site o
link do Cartão de Benefícios). Os descon-
tos variam de 10 a 50%, podendo chegar a
90% nas farmácias. procure o representan-
te do hospital no horário comercial.

TORNE-SE UM ASSOCIADO

Para tornar-se um associado do hospital,


basta preencher o formulário que se en-
contra no site e encaminhá-lo à direção do
hospital. O valor da mensalidade e de ape-
nas R$ 10,00.

Todo associado poderá usufruir das vanta-


gens do cartão de benefícios sem paga-
mento adicional.

8
PAULO FREIRE

Por Walnélia Corrêa Pederneiras

Lá fora,algumas lindas pessoas


plantam árvores em terrenos
até então, sujos e abandonados...
Nas Escolas resgatam mensagens
transmitidas por sábios educadores
Nas livraria, jornais,revistas e TV
alerta e orientação,louvor à Educação

Toda palavra conscientizada


Paz profunda elaborada
tem eco,tem sonoridade.

Paulo Freire agora,


abecedário em rosário...

W alnélia Corrêa Pederneiras – catarinense, reside em Florianópolis/SC.


Formada em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pro-
fessora de Yoga e Meditação. Escreve desde menina.
Participou das Antologias: "Poesia do Brasil" Bento Gonçalves RS (volumes
4,6,7,8,9,10), "Poeta mostra a tua cara" (volume 5), Poetas do Café (volume 3), Poe-
mas à Flor da Pele (volumes 1 e 2), Poetas del Mundo em Poesia (volume 1), Anto-
logia Escritores Brasileiros...e autores em Língua Portuguesa -Vitória da Conquista-
Bahia (volumes 6 e 7), Poetas En/Cena -Belô Poético (volumes 1, 2 e 3). É Cônsul
de "Poetas del Mundo" em Florianópolis-SC.
Membro da Academia Poçoense de Letras,ocupante da Cadeira número 43-Poções-
Bahia-Brasil
Escreve nos sites: Recanto das Letras:http://
recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=28134
Usina de Letras:http://www.usinadeletras.com.br/
exibelotextoautor.php?user=walnelia
Apolo – Academia Poçoense de Letras: http://
www.apoloacademiadeletras.com.br/
Varal do Brasil – Literário, sem frescuras – http://
www.varaldobrasil.ch

9
A ESTRELA

Vi uma estrela tão alta,


Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!


Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância


Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?

E ouvi-a na sombra funda


Responder que assim fazia O IMPOSSÍVEL CARINHO
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia. Escuta, eu não quero contar-te o meu
desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que
me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor -
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!

10
DESEJOS
Por Vó Fia

Antigamente acreditava-se que as mulheres grávidas tinham que serem


atendidas em todos os seus desejos, por mais estranhos que pudessem
parecer e as senhoras usavam e abusavam desse suposto direito, os
coitados dos maridos se viravam em dois para atender a todos os pedi-
dos indiferentes ao horário ou ao estado do tempo; era uma loucura, e
ninguém se queixava por medo das línguas das fofoqueiras de plantão e
as exigências cresciam na mesma medida das barrigas. Era um horror.
Todas as mulheres daquele tempo ao engravidar, passavam a infernizar
a vida de seus maridos com seus pedidos absurdos. Algumas se conten-
tavam com comidas, doces e frutas diferentes, mas outras descontentes
com as agruras da gravidez abusavam e exageravam ao extremo com
seus pedidos, era uma forma de vingança disfarçada contra os maridos
que levavam sempre a melhor parte da procriação. E para agravar o pro-
blema, ainda havia as sogras, sempre prontas a dar mão forte as filhas
se os genros se negassem a atendê-las.
E as historias mais absurdas aconteciam por causa dessa crendice, mas
dona Hermínia era a campeã desses desejos difíceis e estranhos e seu
marido, o pacifico e bem intencionado seu Lucas, jamais se queixava e
atendia prontamente a todos eles; certa vez caiu uma chuva violenta em
toda a região, e a enchente tomou conta dos cursos de água daqueles
lados, mas dona Hermínia resolveu se desesperar de desejo de comer
uma goiaba que estava no alto de uma goiabeira, mas estar no alto era o
menor dos problemas.
O pior era que a casa estava de um lado e a goiabeira do outro de um
ribeirão, que no momento se transformara em caudaloso rio por causa
da enchente, mas ela não podia esperar que as águas baixassem e seu
Luas foi obrigado a se arriscar nadando até a tal goiabeira. Quando vol-
tou, exausto e triunfante com a cobiçada goiaba nas mãos, ela estava se
sentindo mal e se recusou a comê-la. Mas pior foram alguns dias depois
quando a dona teve um novo desejo e disse ao paciente marido: Lucas
eu estou com um desejo enorme de comer um pedaço da barriga de sua
perna, só um pedacinho, bem.
Pela primeira vez seu Lucas se zangou e gritou: essa historia de desejo
já foi longe demais, você não vai comer pedacinho nenhum de minha
perna sua canibal, e de hoje em diante vou dormir no quarto de hóspe-
des para não ser mordido durante a noite. E por minha conta você nunca
mais fica grávida, contente-se com os filhos que já tem sua maluca. Os
meses se passaram, a esperada criança nasceu e seu Luas continuava
ocupando o quarto de hóspedes. Mas o tempo é um santo remédio para
tudo, ele voltou para o quarto de casal e ainda tiveram mais quatro filhos.
Dizem as más línguas que na perna dele faltam quatro pedacinhos.

11
A LUA SOBRE AS ÀRVORES
Por Vicência Jaguaribe

A lua pairando
Sobre as árvores.
A lua pairando
Sobre os prédios.
Foto de Vicência Jaguarribe
A lua mais alta do que
Meu amor e meus desejos
Vicência (Maria Freitas) Jaguari- Meus medos e minhas frustrações
be é cearense. Nasceu em Jaguarua-
Minha ansiedade e minha angústia
na, em 07/08/1948. Formada em Le-
tras, com Mestrado em Literatura Bra- Minha solidão e minhas decepções.
sileira, é professora da Universidade A lua em sua distância, bela e inacessível.
Estadual do Ceará, onde, por muitos
anos, ensinou Literatura Infanto- E eu a chamá-la, a esperá-la.
Juvenil. Escreve para criança e adultos - Ela virá?
– crônicas, contos e poemas. Publica
seus textos nos seguintes endereços - Não.
eletrônicos: A distância é grande
http://palavraengenhosa.blogspot.com
(Blog por ela administrado.) E o único ônibus da linha
www.republicadosautores.com.br Acaba de sofrer uma avaria.
http://singrandohorizontes.blogspot.co
http://www.conexaomaringa.com E pensar que, um dia,
www.varaldobrasil.ch
Eu já a tive quase à mão
E perdi-a,
Num cochilo fora de hora!

12
DULCE SCHWABACHER

Por Varenka de Fátima

A escola de teatro em tempos idos,gloriosa! Continua com a mesma fama, não mu-
dara quase nada,a escola está situada no bairro do Canela no centro de Salvador.
Apenas uma modificação na estrutura dentro do teatro e aumentaram com a cons-
trução do pavilhão de aulas ao lado do teatro.
A tarde estava agradável e morna. Eu sentei num banco do pátio da escola,olhei
para as árvores e comecei a meditar no rumo inesperado que minha vida tinha to-
mado.
Depois de dezoito anos afastada, trabalhei em belas artes e na escola de dança e
agora estava na minha escola de teatro,onde estudei, lembrei dos colegas e profes-
sores e das aulas de improvisações. Mas,jamais esquecerei das aulas da professo-
ra Dulce Schwbacher. Uma mulher de pequeníssima estatura, respeitada e reco-
nhecida pelo seu talento na sua convicção de que tudo é possível e viável. Quando
estava passando seus ensinamentos, todos alunos atentos para aprendermos,pois
suas técnicas eram transmitidas artesanalmente.Como professora de maquia-
gem,sabia fazer as tintas para transformar os alunos em vários personagens.
Fiquei de imediato encantada pelas aulas e sentava na frente do espelho e desaba-
fei.
- Professora Dulce, tenho pavor de ficar velha.
A professora lentamente aproximou e perguntou.
- Quantos anos você tem?
- Tenho 25 anos.
A professora não conteve o sorriso.
- Então vou fazer uma maquiagem e vai ficar com 80
anos.
Foto S.A.

- Primeiro franzir a sua testa, para que eu possa pas-


sar o lápis preto nas rugas feita na testa e no canto
dos olhos.
- Agora dê um leve sorriso, para passar o lápis preto
nas rugas do canto da boca,em seguida passou uma base mais clara do que a mi-
nha pele e esfumaçou.
A professora Dulce ordenou em seguida:
- Olhe para baixo,vou passar uma tinta branca nos cílios e no seus cabelos, ok.
Vamos levante os olhos
- Oh! Estou com 80 anos.
13
Depois das aulas conversávamos e ficamos amigas.
Quando a adorável Dulce se aposentou disse:
- Estou passando minhas ferramentas para a minha aluna predileta.
- Mas, professora, fico feliz, obrigada.
Durante anos, fomos aos domingos para a missa na igreja da Vitória,foram tardes
inesquecíveis.Os anos passaram com o tempo as marcas irreversíveis.
De súbito, Dulce foi acometida de um infarto e silenciou eternamente.
Para acalentar o meu coração, passo os ensinamentos que minha doce Dulce me
ensinou, como forma de gratidão. Na certeza que vivemos na fronteira e que pode-
mos partir a qualquer momento.

V arenka de Fátima Araújo reside em Salvador-Bahia. Formada em Direção


teatral pela Universidade Federal da Bahia, cursou licenciatura em Desenho na Es-
cola de Belas Artes da UFBA É figurinista da Escola de Teatro da UFBA. Professora
de teatro aqui e em 1984 no Panamá. Atriz, maquiadora e figurinista de varias pe-
ças de teatro. Participou do livro Ecos Machadianos, coletânea verso e prosa, teve
participação com a poesia Salvador no Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus.
Teve duas poesias na Antologia Delicatta IV prosa e verso, Poeta, Mostra Tua Cara
e Coletânea Eldorado é colaboradora da revista Artpoesia e Minirevista Contando e
Poetizando de Marcos Toledo é membro do grupo Poetas Del Mundo e Luso Poe-
mas. Na antologia Mãos que falam, ficou na nona colocação com a poesia Tempo
de Espera. Teve três poemas no livro GACBA.

Celeiro dos Escritores:


http://galerialiteraria.celeirodeescritores.org/perfil.asp?at=varenka
Poetas Del Mundo:
http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_america.asp?
ID=6036
Luso Poemas: http://www.luso-poemas.net/modules/yogurt/
index.php?uid=9120
Contato: venkadefatima@hotmail.com

14
REGRESSO
Por Valquíria Gesqui Malagoli

Perguntaste a mim,
que meus pés molhava
neste mar sem fim,
para o que eu olhava...

Eu, ah, olhava ao longe


sem pensar em nada,
imitando um monge
de vista ilibada.

(– Que descanso imenso


mora onde eu não penso!)
Só fui retornar

porque me chamaste,
e ao que perguntaste,
respondi: “pro mar!”

15
V alquíria Gesqui Malagoli , Jundiaiense, Presidente da Academia Femi-
nina de Letras e Artes de Jundiaí (2010-2012) e membro de diversas en-
tidades culturais.
Articulista do Jornal de Jundiaí Regional, colabora também com outros veículos.
Autora de: Versos versus Versos (2005) e Testamento (2008) – poesias; O presen-
te de grego (2009) – romance infanto-juvenil.
Em coautoria com Renata Iacovino, lançou Missivas (2006 – parceria poética), e
OLHAR DIverso – haicaimagético (2009), além dos infantis uniVerso enCantado
(2007 – livro/CD) e De grão em grão (2008 – CD).
Juntas, realizam oficinas, saraus e atividades afins; desenvolveram e mantêm des-
de 2009 a CircuitoTeca, biblioteca itinerante sem fins lucrativos. Com Josyanne Rita
de Arruda Franco, criaram o jornal literário de distribuição gratuita CAJU.
www.valquiriamalagoli.com.br
vmalagoli.blog.uol.com.br
reval.nafoto.net
vmalagoli@uol.com.br
caju.valquiriamalagoli.com.br

16
SOU LOUCO

Por Valdeck de Almeida Jesus

Quero transformar:
A mentira e a traição em confiança;
Louco para fazer da fome, mesa farta;
Da indiferença, atenção;
Sou louco para fazer da roubalheira,

V
Divisão igualitária de riquezas;
Da corrupção, compaixão;
Sou louco para fazer da violência,
aldeck Almeida de Jesus,
Equilíbrio social; 43, jornalista, funcionário público, edi-
tor de livros e palestrante. Membro
Sonho em fazer do frio, abrigo;
correspondente da Academia de Le-
Do aborto, um abraço afetivo; tras de Jequié e efetivo da União Bra-
sileira de Escritores. Embaixador Uni-
Sou louco para fazer do desamor,
versal da Paz..
Carícia; Publicou os livros Memorial do Inferno:
E da ganância, solidariedade. a saga da família Almeida no Jardim
do Éden, Feitiço contra o feiticeiro, Val-
Só assim teremos paz! deck é Prosa e Vanise é Poesia, 30
Anos de Poesia, Heartache Poems,
dentre outros, e participa de mais de
60 antologias.
Organiza e patrocina o Prêmio Literário
Valdeck Almeida de Jesus de Poesia,
desde 2005, o qual já lançou mais de
600 poetas.

Site: www.galinhapulando.com

E-mail: valdeck2007@gmail.com

17
DESAFOGUE A SI MESMO

Por Thiago Maerki

Marquei um encontro
Em um café qualquer
Sentei a frente de mim mesmo
E comecei a questionar-me

Tentei disfarçar
Mas o outro eu
Sabia tudo sobre mim
Coisas que nem mesmo eu conhecia

Ou conhecia
E não estava claro
Percebi então que muitas vezes não somos
nós
E nos escondemos de nós mesmos

É sempre bom encontrar-se


Consigo mesmo
E perguntar:
Quem sou eu?

A resposta virá de você mesmo


Não procure externamente
Respostas para suas questões interiores

Cave seu ser


Achegue-se às águas profundas
Sinta o manancial
E desafogue a si mesmo

18
CRÔNICA, CONTO, ROMANCE, NOVELA...

Um artigo de Airo Zamoner

Transcrito do site http://www.protexto.com.br/

Todos nós, autores novos e não tão novos, vez por outra, sentimos imensas dúvidas
para enquadrar em um desses gêneros e sub-gêneros, nossa criação literária.
É bom não esquecer o interminável debate que remonta à República de Platão e
que deságua hoje num certo consenso sobre a existência de dois gêneros, poesia e
prosa, seguido de subdivisões, como poesia lírica, épica por um lado, e conto, nove-
la e romance por outro.
Os especialistas no assunto, e é bom esclarecer que não sou um deles, tentam ex-
plicar tudo isso. A gente lê, relê e acaba ficando com as mesmas interrogações.
Nesse artigo posso perturbar o academicismo dos especialistas, mas pretendo dar
minha visão como escritor, de forma objetiva, prática e principalmente didática, arris-
cando sofrer a crítica que me mostrará as imensas teses, tratados, ensaios sobre
cada um desses gêneros. Provavelmente dirão: "Que pretensioso esse escritorzinho,
hein?". Assim mesmo, revolvi correr o risco e me antecipar à crítica. Meu endereço
está disponível e prometo responder educadamente a todos.
Se consultarmos algum dicionário de termos literários, teremos algo assim:
Crônica, vem do Grego, krónos, que significa "tempo" e do Latim, annum, ano, ou
ânua, significando, "anais".
Poesia também do Grego, poíesis, que quer dizer, "ação de criar alguma coisa".
Conto, do Latim computum, ou seja, "cálculo, conta", ou do Grego kóntos,
"extremidade da lança", ou commentum, "invenção, ficção".
Romance, do Latim romanice, que quer dizer, "em língua românica".
Poema, do Grego, poiema, significando "o que se faz".
Novela, do Latim, novellam, ou seja:, "nova
É... por aí, não vamos poder ter grandes esclarecimentos...
Vamos aglutinar alguns termos para simplificar a variedade em três:

1. Poesia, poema
2. Crônica
3. Conto, novela, romance, poesia, poema

Poesia, poema
Se consultarmos Octavio Paz, El Arco y la Lira, 1956 p.14, encontramos sobre Poe-
ma: a afirmação, "um organismo verbal que contém, suscita ou segrega poesia"
Massaud Moises em seu fabuloso Dicionário de Termos Literários, afirma:
"Assumida ortodoxalmente, a conexão entre poema e poesia implicaria um juízo de
valor, ainda que de primeiro grau: todo poema encerraria poesia, e vice-versa." E
mais adiante: "...existem poemas sem poesia, e a poesia pode surgir no âmbito de
um romance ou de um conto". Acho mais esclarecedor o que Jean Cohen em sua
Structure du language poétique, 1966, p.207, afirma: "...precisamente uma técnica
linguística de produção dum tipo de consciência que o espetáculo do mundo não
produz ordinariamente".
Claro que essas citações ajudam muito pouco. Vamos tentar mais praticidade e ser
menos acadêmicos.

19
Em primeiro lugar devemos compreender O Conto contém apenas um único dra-
que a questão formal não caracteriza a ma, um só conflito. Esse drama único
poesia. Fazer versos não é fazer poesia. pode ser chamado de "célula dramáti-
Aristóteles já alertava que o uso do verso ca". Uma célula dramática contém uma
não torna ninguém um poeta. só ação, uma só história. Um conto é
Em segundo lugar, poemas e poesias se- um relâmpago na vida dos persona-
rão reconhecidos pelos seguintes fatores: gens. Não importa muito seu passado,
nem seu futuro, pois isso é irrelevante
1. Um poema ou poesia é carente de lógi- para o contexto do drama, objeto do
ca, pois seu conteúdo tem que ser intrin- conto. O espaço da ação é restrito. A
secamente, as emoções do "eu" ação não muda de lugar e quando e-
ventualmente muda, perde dramatici-
2. Não existe relação passado, presente, dade. O objetivo do conto é proporcio-
futuro. Existe unicamente um presente nar uma impressão única no leitor.
eterno. Daí ser possível reconhecer um Podemos, pois, resumir em quatro os
poema, poesia pelo turbilhão de metáfo- ingredientes que caracterizam o conto:
ras. Metáforas intercaladas num círculo Uma ação
vicioso, onde a palavra do final volta para Um lugar
a palavra inicial. Um tempo
Um tom.
3. Não existe narração num poema ou po- Em outras palavras, um conto contém
esia. Numa poesia não há fatos, e sim es- uma única Célula Dramática.
tados. Não há enredo. Deve conter as si- Cabe aqui ressaltar alguns tipos espe-
tuações que povoam o "eu" do poeta, um cíficos de contos como a fábula, o apó-
ser solitário e conflituoso. logo e a parábola.

Resumindo: vamos reconhecer uma poe- Fábula - Protagonizada geralmente


sia, ou um poema, não pela presença de por animais, pretende encerrar em sua
versificação mas sim se: estrutura dramática alguma "moral" im-
plícita ou explícita.
1. Não obedecer à lógica formal Apólogo - Protagonizado geralmente
2. Contiver as emoções do "eu" do autor por objetos que falam, também como a
3. Não for cronológico fábula, pretende conter uma "moral",
4. Não contiver narrativa implícita ou explícita.
Parábola - Narrativa curta, pretenden-
Conto, novela, romance do conter alguma lição ética, moral,
implícita ou explícita, diferenciando-se
Acho que a primeira coisa que devemos da fábula e do apólogo, por ser prota-
tirar da cabeça é aquela história de que a gonizada por pessoas.
diferença entre esses três gêneros é a Voltando, contudo, ao Conto em geral,
quantidade, ou seja, o conto é curto, a no- e entendido esse conceito de Célula
vela, mais ou menos, e o romance é lon- Dramática, podemos mais facilmente
go. Nada disso é verdadeiro. Existem no- compreender o que é uma novela. U-
velas maiores que romances e contos ma novela nada mais é que uma su-
maiores que novelas. cessão de Células Dramáticas, como
Onde está a diferença? se fossem arrumadas em uma linha
Gosto muito do conceito de unidade dra- reta infinita. Face a essa estrutura é
mática, ensinado pelo eminente doutor sempre possível, acrescentar mais u-
em literatura, Professor Vicente Ataíde, ma Célula Dramática, mesmo depois
que denominamos de "Célula Dramáti- de terminada a novela.
ca" e que passo a utilizar para uma boa
compreensão do assunto.
20
Com esse conceito de "arrumação", po-
demos compreender a diferença entre
uma novela e um romance. Essa diferen-
ça está na forma como as células estão
dispostas. Num romance, elas estão con-
catenadas, formando um círculo. Uma
estrutura fechada. Uma sucessão lógica
com um encerramento definitivo. Seria
impossível acrescentar mais uma Célula
Dramática, depois de terminado um ro-
mance.

Consolidando as idéias:

Um Conto é uma narrativa ficcional con-

Jacqueline Aisenman
tendo uma única Célula Dramática.
Uma Novela é uma narrativa ficcional con-
tendo uma sucessão linear de Células
Dramáticas.
Um Romance é uma narrativa ficcional
contendo uma sucessão circular fechada
de Células Dramáticas.

Espero ter contribuído para trazer mais Genebra


objetividade e lógica no enquadramento
de nossas criações, nas diversas famílias
dos gêneros literários .

(Artigo de Airo Zamoner, transcrito do site « Quem já passou por essa vida e
http://www.protexto.com.br/t) não viveu, pode ser mais, mas sabe
menos do que eu... »

« ...Por céus e mares eu andei,


Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber
O que é o amor. »

Vinícius de Moraes

21
Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter cora-
ção. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia,
de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da
brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter
esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consi-
go. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda
mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preci-
so que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um
ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo
que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser
o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos
solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando cha-
mado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes
chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlou-
quecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das
realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de
água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se
deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela,
mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos
bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a
consciência de que ainda se vive.

22
A VIDA DE VINÍCIUS DE MORAES
Nasceu no Rio de Janeiro em uma família amante das letras e da música, e seguiu as duas
vocações. Ainda no colégio, começou a compor com os amigos Paulo e Haroldo Tapajós, e
juntos tocavam em festinhas. Nos anos 30 formou-se em Direito e fez letra para dez músi-
cas que foram gravadas, nove delas parcerias com os irmãos Tapajós. Em 1933 publicou
seu primeiro livro de poemas, "O Caminho para a Distância". Amigo de Oswald de Andra-
de, Manuel Bandeira e Mário de Andrade, publicou outros livros de poemas nessa década.
Passou algum tempo estudando inglês na Universidade de Oxford e, de volta ao Brasil em
1941, foi crítico cinematográfico do jornal "A Manhã". Dois anos depois foi aprovado para o
Itamaraty e seguiu a carreira diplomática. Como diplomata morou nos Estados Unidos,
França, Uruguai. Em 1954 inicia-se como teatrólogo, escrevendo a peça "Orfeu da Concei-
ção", que mais tarde virou o filme "Orfeu do Carnaval", dirigido pelo francês Marcel Camus.
Sua carreira como músico é impulsionada a partir das décadas de 50 e 60, quando conhe-
ce alguns de seus parceiros, como Tom Jobim, Antônio Maria, Edu Lobo, Carlos Lyra, Ba-
den Powell. Em 1958 Elizeth Cardoso lança "Canção do Amor Demais", com diversas par-
cerias Tom/ Vinicius: "Luciana", "Estrada Branca", "Chega de Saudade". O primeiro grande
show em que se apresenta, na boate Au Bon Gourmet, em 1962, ao lado Tom Jobim e Jo-
ão Gilberto, o liga permanentemente ao mundo da música popular e aos palcos. Seu elo
com a bossa nova é muito importante. Fez letras para algumas das músicas mais importan-
tes do movimento, como "Garota de Ipanema", "Chega de Saudade", "Eu Sei que Vou Te
Amar", "Amor em Paz", "Insensatez", "Se Todos Fosse Iguais a Você" (todas com Tom Jo-
bim), "Minha Namorada", "Coisa Mais Linda", "Você e Eu" (com Carlos Lyra). É também em
1962 que conhece Baden Powell, com quem comporia músicas de temática afastada da
bossa nova, como os afro-sambas ("Canto de Ossanha", "Canto de Xangô", "Samba de
Oxóssi") e outros sambas ("Samba em Prelúdio", "Samba da Bênção", "Formosa", "Apelo",
"Berimbau"). Em 1965, num show na boate Zum Zum, lançou o Quarteto em Cy, de quem
se tornou padrinho. No mesmo ano, "Arrastão", sua parceria com Edu Lobo, defendida por
Elis Regina, é a vencedora do Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior, em
São Paulo. O segundo lugar também é de Vinicius: ""Valsa do Amor que Não Vem", parce-
ria com Baden interpretada por Elizeth. Após a promulgação do AI-5, em 1968, Vinicius é
aposentado compulsoriamente da carreira diplomática. A partir de então passa a se dedicar
à vida artística. Faz shows em Portugal, Argentina, Uruguai, acompanhado de Nara Leão,
Maria Creuza, Toquinho, Oscar Castro Neves, Quarteto em Cy, Baden Powell, Chico Buar-
que. Nos anos 70 incrementa a parceria com Toquinho: "Tarde em Itapuã", "Regra Três",
"Maria Vai com as Outras", "A Tonga da Mironga do Kabuletê" são algumas músicas da
dupla. Muitos discos foram lançados na década de 70 com composições ou interpretações
suas. Um dos mais importantes é "Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha", gravado ao vivo no
Canecão (Rio), em um espetáculo que ficou quase um ano em cartaz no Rio e seguiu para
outras cidades da América do Sul e Europa. Apesar do sucesso com a música popular, Vi-
nicius não abandonou a poesia, tendo inclusive gravado discos em que recita
suas obras. Depois de sua morte, em 1980, diversos shows-tributo foram a-
presentados, ao longo dos anos, assim como coletâneas e biografias.

Fonte: http://cliquemusic.uol.com.br/

23
O PAI DAS TELECOMUNICAÇÕES

Por Suziley Silva

É este o título e a homenagem que deve merecer o ilustre padre inventor e cientista
nascido na segunda metade do século XIX aos 21 de janeiro de 1861 nesta cidade
de Porto Alegre. No ano de 2011 completará 150 anos do nascimento daquele sa-
cerdote que foi o quarto filho de uma família de quatorze irmãos cujos pais, Inácio
José Ferreira de Moura e Sara Mariana Landell de Moura, possuiam ascendência
inglesa. Pe. Roberto Landell de Moura era antes de mais nada um livre pensador;
um profícuo inventor; um cientista nato. E as provas estão, aí, para que todos ve-
jam e constatem. Foram inúmeras contribuições e inovações. Basta citar algumas
apenas: foi o pioneiro na radioemissão e telefonia por rádio (por isso é o patrono
dos radioamadores do Brasil); precussor na transmissão de imagens (a televisão)
teletipo à distância e tantos outros trabalhos, pesquisas e estudos.
Aliás, o padre em questão era detentor de um balizado arcabouço teórico aliado a
um espantoso lado pragmático que o orientava na constru-
ção e na operacionalização de suas úteis invenções. Lan-
dell fazia acontecer a necessá- ria união entre teoria e práti-
ca. Pois o sacerdote gaúcho “teorizava a vida e vivencia-
va a teoria”. Além disso, por vo- cação ministerial e mística
era um ardoroso pastor que a- mava os seus fiéis com esti-
mada e paternal atenção. Toda- via, os grandes homens,
geralmente, não são compreen- didos por seus pares. Não
são compreendidos nem apoia- dos pelas autoridades que
pouco caso dispensam aqueles que pelo espírito, pela men-
te, pelas idéias inovadoras, en- contram-se muito à frente
do seu tempo e lugar. E com o Pe. Landell de Moura não foi diferente.
O peregrino das ciências físicas e metafísicas não recebeu nenhum suporte e aos
67 anos, em 30 de junho de 1928, faleceu, anonimamente, no Hospital da Benefici-
ência Portuguesa de Porto Alegre, acometido por uma tuberculose. Pelo pouco que
li a respeito da figura carismática do Pe. Landell, ainda que houvessem os que o
consideravam um “louco e desvairado”, (julgamento próprio das mentes pequenas
que não enxergam um palmo à frente do próprio nariz, que dirá erguerem as cabe-
ças enterradas na areia do próprio chão das suas ignorâncias para longe avistarem
o horizonte da genuína sabedoria...), ele foi um homem, um sacerdote, um pastor,
um ser humano, também, muito querido pelas pessoas que com ele conviveram ou
de alguma forma se encontraram com aquele “apóstolo do Cristo”.
E é por estas razões, por sua inteligência inventiva provada e comprovada em su-
as descobertas e invenções de muita utilidade para a humanidade, pela personali-
dade carismática e caridosa, por todo seu esforço, estudo, pesquisa e ciências, é
que com muita alegria anunciamos o início desde, ontem, do acontecimento de e-
ventos alusivos a comemoração no ano que vem do sesquicentenário do seu nasci-
mento. Convocamos, ainda, a população de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, de
todos os Estados do Brasil, a aderirem a um abaixo-assinado elaborado pelo

24
Movimento Landell de Moura (MLM), composta por radioamadores, preenchendo o
formulário na http://www.mlm.landelldemoura.qsl.br/abaixo_assinado.html e claman-
do bem alto SIM façamos justiça à memória daquele brilhante brasileiro com o reco-
nhecimento pelas autoridades nacionais e internacionais da mais que merecida, ain-
da que póstuma, atribuição da nota que de fato ele, magistralmente, o foi, a saber: o
Pai das Telecomunicações!! Façamos a nossa parte. Sintonizemos as ondas do nos-
so “rádio” interior e lhe prestemos esta justa homenagem.

BRISA

Vamos viver no Nordeste, Anarina.


Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixaras aqui tua filha, tua avó teu marido, teu amante.

Aqui faz muito calor.


No Nordeste faz calor tambem.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.

Visite o site ANJOS CAÍDOS e, entre muitos poetas talentosos, conheça Aníbal
Beça poeta que partiu no ano passado deixando saudades.

Conheça mais dele : http://www.anjoscaidos.jor.br/a_beca/a_beca.html

Abro o armário e vejo


nos
sapatos meus caminhos.

Qual virá comigo ?

(Editora do site: Clarice Villac)


 

25
O SISTEMA EDUCACIONAL NA O Ensino obrigatório, assim como no
SUÍÇA Brasil, inicia-se aos seis anos de
idade e dura nove anos, entre Ensino
Fundamental I (seis anos de duração,
Uma característica marcante do ensino suíço em média) e II (três anos de
é a diversidade. A diversidade linguística do duração). Uma particularidade do
país é apenas uma das muitas ensino suíço em alguns
particularidades de seus Cantões, diferenças Cantões, é a divisão das turmas por
que se estendem também ao sistema rendimento. Há também a
educacional. possibilidade de, já nesse estágio
inicial, focar os estudos numa área do
Estruturalmente, o Cantão assume a conhecimento que mais interesse ao
responsabilidade pelas escolas, enquanto a aluno, como por exemplo línguas,
Comuna (município) cuida da administração matemática, ciências biológicas.
destas. Isso ocasiona diferenças curriculares
e administrativas entre as escolas de todo o Um outro ponto forte das escolas
país. Todas essas diferenças são, entretanto, suíças é o ensino de idiomas. Com a
regidas com muita maestria pelo governo diversidade linguística que abrange o
geral, o que proporciona ao estudante boa alemão, o francês, o italiano e o
aceitação e possibilidade de intercâmbio romanche como línguas maternas, o
dentro e fora do país. Veja a seguir como idioma em que são ministradas as
funciona o famoso sistema de educação aulas, difere conforme a região
suíço. linguística do país. Ainda durante o
ensino Fundamental, os alunos
Educação Infantil e Ensino Fundamental aprendem no mínimo dois outros
(obrigatório) idiomas além da língua materna:
A maioria dos alunos suíços (cerca de 95% ) normalmente uma segunda língua
freqüenta uma instituição pública na comuna nacional e o inglês.
onde reside e somente 5% da
população paga uma escola privada.
A escola pública cumpre um
importante papel na integração
social: crianças com diversas
origens sociais, culturais e
linguísticas frequentam a mesma
escola, promovendo o convívio com
as diferenças e a integração já
desde o início de sua formação.
Todos os Cantões oferecem uma
Educação Infantil que é gratuita e
dura em média, de um a dois anos
(Jardim de Infância). Uma exceção é o Cantão
Ticino, onde a Educação Infantil dura três Foto Tribune de Genève
anos.

26
A organização descentralizada e
federativa na área da Educação Infantil e
do Ensino Fundamental, possibilita o
respeito às diferenças culturais e
regionais. Existem, entretanto, diretrizes
superiores da Confederação para as
regras mais importantes, como a idade
de ingresso na escola obrigatória ou a
duração da mesma.

Escola de Engenheiros em Genebra


Formação pós-obrigatória
Bolsas de estudos para estrangeiros
A formação pós-obrigatória (Ensino na Suíça
Médio e Faculdade) normalmente é
baseada em decretos federais ou inter- As bolsas do governo Suíço são
cantonais. Os Cantões são responsáveis destinadas a estudos de pós-graduação.
pela execução e direção das escolas. A É importante lembrar que alguns cursos
única exceção é a ETH (Instituto Federal não são contemplados pelo programa de
Suíço de Tecnologia) em Zurique, que é bolsas. Esses são: artes, hotelaria e
dirigida pela Confederação. cursos de idiomas (estudo não científico
Cerca de 90% dos adolescentes da de um idioma).
Suíça terminam a escola no nível do Caso tenha interesse em candidatar-se
Ensino Médio com 18/19 anos. Isto lhes à uma bolsa de estudos oferecida pelo
permite o acesso direto à uma formação governo suíço, pedimos que leia
técnica profissional, uma escola superior atentamente as informações no site da
ou universidade. Embaixada da Suíça
O sistema educacional da Suíça se Queira observar que o processo seletivo
destaca nos seguintes pontos: para o ano letivo 2009/2010 já foi
Flexibilidade: existem várias encerrado.
possibilidades de se iniciar ou retomar Para mais informações, contate os
uma formação ou os estudos normais. reponsáveis no Consulado de sua
Grande variedade de opções de jurisdição.
formação: quem tem as qualificações
necessárias, pode, em princípio, realizar Bolsas de estudos para jovens
a formação desejada, no lugar desejado, Suíços no exterior
sem a necessidade de exames O Cantão de origem tem a
admissionais. responsabilidade por uma possível ajuda
Somente o curso de medicina apresenta financeira aos jovens Suíços no exterior
vagas limitadas. Para esse curso os (portadores de passaporte suíço, de
candidatos devem passar por um idade entre 15 e 25 anos, cujos pais
processo seletivo (Numerus Clausus), estão domiciliados no exterior). Os
sendo que apenas os melhores regulamentos diferem de Cantão para
colocados obtém a vaga. Cantão.

27
Para ter o direito à candidatura a uma Reconhecimento de diplomas
bolsa de estudos é imprescindível estar estrangeiros na Suíça
regularmente matriculado numa O Centro de Informação sobre questões
instituição de ensino superior ou de reconhecimento/SWISS ENIC é
técnico. Geralmente candidatos com responsável pelo reconhecimento de
diplomas e títulos reconhecidos pela diplomas universitários extrangeiros na
Confederação e provenientes de Suíça.
instituições públicas, têm maior chance As pessoas interessadas no
de serem subsidiados. reconhecimento do seu diploma devem,
A AJAS (Associação para o preferencialmente, fazer um contato por
encorajamento à formação de jovens telefone com esse serviço, para verificar
Suíços no exterior) também pode se há algum outro Ofício Federal em
ajudar financieramente os jovens Berna com competência para tratar do
Suíços no exterior. Geralmente, por dossiê em questão.
dispor de recursos financeiros muito Mais informações sobre o reconhecimento
limitados, a AJAS só concede de diplomas e as autoridades
complementos de bolsas para a competentes no site dos Diretores das
primeira formação na Suíça. universidades suíças CRUS.
Mais informações podem ser obtidas Contato por telefone com:
no site (veja no final do artigo). Swiss ENIC, Rektorenkonferenz der Sch-
weizer Universitäten / Conférence des
Recteurs des Universités Suisses CRUS /
Rectors' Conference of the Swiss Univer-
sities,
Postfach 607, CH-3000 Bern 9
Tel. +41 (0)31 306 60 32
Fax +41 (0)31 302 68 11
Site: www.crus.ch

n
enma
e Ais
uelin
Jacq

Reconhecimento de diplomas suíços no Brasil


O órgão responsável pelo reconhecimento de diplomas no Brasil é o MEC ou a
Assessoria Internacional do Ministério da Educação do Governo Federal.

Este texto sobre o sistema educacional suíço e maiores informações você encontra em

http://www.eda.admin.ch/eda/fr/home.html

28
As quatro gares

infância

O camisolão
O jarro
O passarinho
O oceano
A visita na casa que a gente sentava no sofá

adolescência

Aquele amor
nem me fale

maturidade
PRONOMINAIS
O Sr. e a Sr. Amadeu
Participam a V. Exa.
O feliz nascimento
De sua filha Dê-me um cigarro
Gilberta Diz a gramática

velhice Do professor e do aluno


E do mulato sabido
O menino jogou os óculos
Mas o bom negro e o bom
Na latrina
branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

29
Às mães sem nome

Por Sonia Alcalde

Mãe, três vezes santa: na dor, na renúncia e no sacrifício. Frase ressaltada


numa escultura em Rio Grande. Não sei se ainda existe por lá, mas ficou eterniza-
da em minha memória.
Era o ano de 1970. A visão dessa escultura instigou-me rever a responsabi-
lidade de ter filhos. Quanto de mim daria para que eles crescessem protegidos,
nutridos em amor e normas que os tornassem independentes? Não tinha noção, a
referência era a dedicação de minha mãe, com a figura do pai sempre presente,
do seu jeito: provedor, parceiro nos trabalhos domésticos, de jogar dama, dominó
e banco imobiliário. Contador de histórias, de causos da família, com inserções da
mãe. Adorávamos ouvi-los, enquanto ela servia a sopa. À noite, só de legumes,
mais apropriada, dizia. Vez por outra, quando corria um ar frio a la carioca, era so-
pa “levanta defunto”, de feijão-manteiga, com risos e prosas. Hoje, ela se refere a
esta sopa como “levanta forças”, para não apressar sua hora.
Mãe que fazia meus vestidos, colocava-me sobre a mesa para acertar a
barra da saia godê. Mãe que tomava tabuada na mesa da cozinha, ensinava a fa-
zer bolo português, rabanada, carne assada, bolo de batata... Mãe que nas férias
aceitava encomenda de viandas para ter mais dinheiro e confeccionar fantasia de
nega maluca, borboleta, escrava, colombina, bate-bola... Mãe que cuidava de tias
doentes, sobrinhos, vizinho dementado... Mãe que lutava por crianças carentes,
abrigando-as, dando-lhes o melhor de si. Mãe que se revelou compositora cantan-
do a dor da saudade quando o amor partiu. Minha mãe.
O tempo passou, meus filhos nasceram, cresceram, já se multiplicaram. A-
cho que alguma coisa acertei, não com tanta dor e sacrifício. Certa renúncia, sim,
a começar pelo sono interrompido. Foi o que me chamou mais atenção, ainda que
amenizado pelo cuidado paterno. Quando casaram, parecia ter encerrado esse
capítulo até minha mãe vir morar conosco. O ciclo está fechando. Num desses di-
as, de madrugada, levantou-se e caiu. O estrondo ecoou pela casa, corremos para
socorrê-la... Ainda bem que foi mais o susto. Emocionada, envolvi-a em meus bra-
ços, beijei seus cabelos brancos. Lembrei de outras mães, desprotegidas.
Vejo-me no espelho/ lembro aquelas que me antecederam/ a que surgiu de
mim/ as que me ajudam com amizade./ Ouso ir mais longe/ sinto gemidos/ daque-
las que não conseguem/ ver seus filhos crescer./ Queria meu peito estender-lhes/
um pouco de seiva/ aos pequenos brotos/ para não secarem ao nascer...

30
S onia Alcalde é carioca, mora em Bagé/ RS desde 1975. Re-
cebeu o título de Cidadã Bageense em 1990. Membro do
www.culturasulbage.com.br . Cronista do CooJornal, edita-
do por www.riototal.com.br. Patrona da 12ª Feira do Livro de Bagé/
2009.
Entre as obras publicadas: Papos e Pontos, 1995, Poa (c/ Sarita Barros); Coleção
Conte Mais- 4 vol., 2003, Poa (Org. c/ Eloína Lopes); Estações do Eu, 2007, Poa
alcaldede@alternet.com.br

POEMA x POESIA
É bom ressaltar a diferença entre poema e poesia. Apesar de
serem tratadas por muitos como sinônimos, o uso dos dois termos
entre os estudiosos apresenta diferenças:
Poesia: Caráter do que emociona, toca a sensibilidade. Sugerir
emoções por meio de uma linguagem.1
Poema: obra em verso em que há poesia
"Se o poema é um objeto empírico e se a poesia é uma substância
imaterial, é que o primeiro tem uma existência concreta e a segun-
da não. Ou seja: o poema, depois de criado, existe per si, em si
mesmo, ao alcance de qualquer leitor, mas a poesia só existe em
outro ser: primariamente, naqueles onde ela se encrava e se mani-
festa de modo originário, oferecendo-se à percepção objetiva de
qualquer indivíduo; secundariamente, no espírito do indivíduo que
a capta desses seres e tenta (ou não) objetivá-la num poema; ter-
ciariamente, no próprio poema resultante desse trabalho objetiva-
dor do indivíduo-poeta." 2
O poema destaca-se imediatamente pelo modo como se dis-
põe na página. Cada verso tem um ritmo específico e ocupa uma
linha. O conjunto de versos forma uma estrofe e a rima pode surgir
no interior dessa estrofe. A organização do poema em ver-
sos pode ser considerada o traço distintivo mais claro en-
tre o poema e a prosa (que é escrita em linhas contínuas,
ininterruptas).

1 - Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa. RJ: Nova Fron-


teira, 1993.
2 - LYRA, Pedro. Conceito de Poesia. São Paulo: Ática, 1986.

Informações recolhidas no site: http://www.sitedeliteratura.com/

31
RISCO IMINENTE

Por Rosane Magaly Martins

Há cada vez mais dentro, introspecta


Há alguns espaços inocupados
Cantos escuros com imagens riscadas

Embaixo de tudo há tapetes úmidos


No centro da sala sombra do espectro de piano
E os silêncios que circundam o passado

Esferas descem as escadas imóveis


O pó encobre o olhar pela janela
A chuva é mais longa que o tempo de sol

Enquanto as palavras não ditas espreitam-na


seus chinelos gastos ficam por ali
ao lado do gato embalsamado

Há um risco em viver dentro de si


com tempo de higienizar as vísceras
como se pérolas fossem traumas doces

Ar rarefeito, narinas ferozes anseiam ventos


pele seca, rugosa e fria aguarda trancafiadas carícias
sob olhares do escuro que oculta o corpo inerte

Busca o pulso, o relógio quebrado e queda-se


Nuances restritas e confinadas do que não fora
E a certeza da nenhuma possibilidade de reproduzir-se.

32
R osane Magaly Martins, escritora, advogada com abordagem holística e psico-
terapeuta somática, especializada em Gerontologia (Furb-Blumenau) e em Gerenci-
a de Saúde para Idosos (OPAS-México), é mestranda em Serviço Social na UFSC.
Fundadora do movimento Poetas Independentes na década de 80, presidiu o Con-
selho Municipal de Cultura de Blumenau por duas gestões (2006/07). É autora de
diversas obras, entre elas “Martins ao Cubo: altura, largura e profundidade da exis-
tência” (Odorizzi, 2008); “Diário de uma aborrecente” (Estudio Criação, 2007) e “Clio
no Cio: escritos livres sobre o corpo” (Casa Aberta, 2010). Ocupa a cadeira 19 da
Academia Catarinense de Letras e Artes. É idealizadora e presidente do INSTITU-
TO AME SUAS RUGAS que atua com projetos sociais em prol do envelhecimento
ativo, qualidade de vida e longevidade. Organiza e é co-autora dos livros “Ame suas
rugas: viver e envelhecer com qualidade” (2006) e “Ame suas rugas: aproveite o di-
a” (2007) e “Ame suas rugas: pois há muito por viver” (2008), os dois últimos lança-
dos e editados também em Portugal.

Consulados da Suíça no Brasil

Se você precisa ir a um Consulado da Suíça no


Brasil entre neste site e verifique os endereços:

http://www.consulados.com.br/suica/

33
METRÓPOLE

Por Renata Gomes de Farias

Em algum lugar que não esta em destaque no mapa e mesmo que estivesse quem
iria se preocupar em saber do nome de todas as pessoas que ali residem. Inúmeros
rostos e passos deixados nas ruas lamacentas nos dias de chuva ou fazendo poeira
nos dias de sol forte. Em cada janela uma sombra um vulto nas noites escuras com
gatos boêmios a cantar nos muros. Cada veneziana um segredo, cada cortina uma
sedução e em cada janela suada um choro. Nas ruas entre uma e outra esquina
passava alguém e seus passos ecoavam em um silêncio sepulcral, um cheiro de
medo vinha trazido com vento e nele olor de perfume barato. Ao amanhecer tudo ia
criando volume e movimento, crianças a caminho da escola, homens e mulheres a-
pressados como se estivessem sempre atrasados, carros parados e o salseiro esta-
belecido, buzinas, motos, fumaça, desordem, caos...

Este lugar morre e renasce todo o dia a cada amanhecer, transborda vida a cidade,
a metrópole, e tudo vai depois para os jornais, onde muitas vezes as noticias não
são boas, quase nunca. Trancar-se e ignorar o que se chama realidade nem sempre
é inteligente, mesmo que sua realidade seja outra, seu lugar é também o de outros.

Entre tantas coisas sempre existe uma praça e nela crianças que chegaram para es-
palhar sorrisos para quem os quer ver, pássaros a construir ninhos, mães dando a
luz, o mar quebrando na areia e alguém caminhando sobre a espuma da praia. Pa-
rado no sinal vermelho ergue os olhos e vê uma pipa lá ao alto, colorida dançando
ao bel-prazer do seu dono o vento, na calçada uma mãe de mãos dadas conversa
animada com sua pequenina filha que leva na guia um lindo cachorrinho. São estes
os verdadeiros nomes de cada um seu estado de espírito e como ele encaminha seu
dia, escondido atrás de uma janela ou caminhando despretensiosamente no lugar
que mais gosta ir e sem se importar o que irá enfrentar para chegar lá.

Renata Gomes de Farias

Nascida em três de agosto de 1965, mineira, artista


plástica. Descobriu aos 15 anos paixão por contar
histórias. Atualmente exerce esta atividade no Blog
Por Toda Minha Vida – Alegria Joei Joy.

34
POESIA FALADA
Por Renata Iacovino

Lendo uma entrevista de Tavinho Paes, letrista e poeta, ele comenta sobre
algo que tem sido a prática em saraus da atualidade: a poesia falada.
Sim, poesia falada, pois muito pouco se diz, hoje em dia, nestas rodas lite-
rárias, que determinada poesia será declamada. É falada ou dita.
A declamação caiu em desuso? Creio que não, no entanto, novas formas
de manifestar a oralidade poética nasceram naturalmente. Parece-me que o va-
lor da transmissão da mensagem está vinculado à interpretação e não à capaci-
dade de decorar aliada à interpretação. Aquele que optar por falar o poema e
não declamá-lo, poderá fazê-lo até melhor, caso se utilize do papel à sua frente.
Mesmo que este papel funcione apenas como um instrumento que compõe a
cena.
O que dará vida ao texto é a respiração, entonação e pontuação do apre-
sentador. Se a poesia escolhida for de sua própria autoria, os ouvintes poderão
se deleitar com a intenção fiel de quem a concebeu; ao contrário, se a obra se-
lecionada é de outro escritor, provavelmente a interpretação dará um novo en-
tendimento àquilo proposto por seu primeiro autor – sim, pois sempre que nos
apossamos de algum texto para lê-lo em público, tornamo-nos de certa forma
co-autores. Processo semelhante ao que se dá com uma música, em que o in-
térprete emprestará sua leitura àquilo que o compositor tencionou dizer.

Os saraus nos trazem momentos lúdicos,


interativos e, portanto, a naturalidade, o im-
proviso e o imprevisto recheiam o clima que
deve buscar o não engessamento do script.
Outra modalidade que vem sendo bas-
tante praticada nos meios culturais são os
chamados recitais. A pessoa fala ou lê de-
terminados poemas a partir de algum tema
escolhido para aquele evento e é acompa-
nhada por uma música de fundo executada
ao vivo.
O sarau e o recital nos chamam atenção pa-
ra um elemento importante: a poesia lida em
voz alta. É um exercício que podemos prati-
car mesmo não estando em público, mas
conosco. Desta forma, é possível descobrir
uma outra poesia que se escondia por de-
trás daquela que estava no papel. É, é uma
outra poesia. Ao fazermos a leitura em voz
alta, deparamo-nos com uma nova mensa-
gem, aquela que só conseguimos captar
quando nossos ouvidos tiveram acesso
35
àquilo que, até então, somente nossos olhos podiam tocar.
E as palavras, desta outra forma, nos tocam de maneira diversa, soando tal
qual uma música, com seus meandros intercalados entre a melodia, a harmonia e o
ritmo.
E como poesia e música caminham – na minha cabeça – como duas linguagens
irmãs, ilustro o assunto aqui escolhido com um fato curioso ocorrido em 2003, no Rio
de Janeiro, quando de um encontro cultural. A filha da cantora Beth Carvalho subiu
ao palco, que abrigara até aquele momento tão somente pessoas que escreviam po-
emas – o que não era seu caso. A moça de 17 anos iniciou sua récita com um poe-
ma longo, estruturado, produzindo um efeito desconcertante na platéia. Na seqüên-
cia, outros dois poemas de impacto. No terceiro, desconfiou-se que eram letras de
sambas, pois os versos de Nelson Cavaquinho repercutiam na memória dos ouvin-
tes, arrepiando a todos. Os anteriores, descobriu-se, eram pérolas desconhecidas,
colhidas na discoteca da mãe, assinadas por Luís Carlos da Vila e Candeia, dois
grandes sambistas.
Sem pretensão alguma, ela deu à chamada “letra de música” qualidades típicas
de nobres poemas, recitando os versos daqueles sambas com outra respiração, ou-
tro ritmo e outra harmonia.
E como dizer, por exemplo, que Shakespeare, quando escreveu suas peças te-
atrais, não foi um poeta?
Para os amantes da poesia, da palavra, do ritmo e das possibilidades de signifi-
cado, fica então uma dica: pratiquem a leitura em voz alta e um mágico e novo uni-
verso descortinar-se-á diante de seus ouvidos.

O QUE SÃO SARAUS?

Sarau: é toda aquela reunião festiva


entre amigos. Ouve-se música, assis-
te-se filme, filosofa, lê-se trechos de
livros, faz-se poesia! Sarau é onde a
gente reúne os amigos ligados a arte
e cultura. Onde a gente soma conhe-
cimentos e delícias, onde a gente
descobre junto e vivencia! Sarau é,
segundo os dicionários consultados,
reunião festiva, dentro de casa, de
clube ou de teatro, em que se passa
a noite a dançar, a jogar, a tocar, etc.
Também pode ser concerto musical
de noite, assim como reunião de pes-
soas para recitação e audição de tra-
balhos em prosa ou verso.

(Definição do Sarau Benedito)

http://saraubenedito.wordpress.com/

36
R enata Iacovino. Natural de Jundiaí/SP, escritora, poetisa e cantora. Cinco livros
de poesias editados: Ilusões Amanhecidas (Literarte Editora), 1996; Poemas
de Entressafra, 2003; e Missivas (Editora In House), 2006, com Valquíria Gesqui Mala-
goli, com quem também lançou em 2007 o livro/CD infantil uniVerso enCantado; e Ouvin-
do o silêncio, 2009; ainda em 2009, com Valquíria, lançou o CD infantil De grão em grão
e o livrObjeto OLHAR DIverso (haicais e fotos). Participa de Antologias e é jurada de
concursos literários. Integra: Academia Jundiaiense de Letras, Academia Feminina de
Letras e Artes de Jundiaí (é atual Primeira Secretária), Academia Infantil de Letras e Ar-
tes de Jundiaí, Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística, Grêmio Cultural Prof. Pedro
Fávaro e Grupo Arte em Ação. Autora do Hino da Academia Jundiaiense de Letras. Or-
ganizou o livro 1ª Olimpíada de Redação – Ano 2005/Os 35 anos da Biblioteca Pública
Municipal Prof. Nelson Foot Jundiaí-SP (Editora In House). Em 2009 organizou a Antolo-
gia – Encontros de Defesa do Consumidor do Estado de São Paulo – 25 anos, lançado
pela Fundação Procon/SP. Articulista do Jornal de Jundiaí Regional. Ministra oficinas lí-
tero-musicais e realiza Saraus para públicos diversos. Premiada em concursos literários.
reiacovino.blog.uol.com.br
reval.nafoto.net
caju.valquiriamalagoli.com.br
reiacovino@uol.com.br

Consulat Général du Brésil


54, rue de Lausanne
1202 Genève

Horário de atendimento ao público: de segunda a


sexta-feira das 09:00 às 14:00
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Stampfenbachstrasse, 138 8006 Zürich
Telefone: 044 206-9020 Fax:01 206-9021
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MUNDO DA LUA
Por Oswaldo Begiato

Eu vivo no mundo da lua;

Sou amigo particular do dragão

E tomo cerveja com São Jorge


OSW@LDO BEGI@TO
Nas noites em que, cheia,

A lua imita o uivar dos lobos.


“SEM SOMBRAS

Ao meio dia
Sou noivo da estrela cadente.
De um domingo
Ouço todos os pedidos secretos Prenhe de sol
E enamorado de outubro
Dos jovens com sonhos em rebuliço Rompi espontâneo
Como um botão de rosa fêmea
E quando brincamos na Via Láctea Que nasce sem ser esperado.”
Peço a ela que uma os corações sensatos Nasci, sob o signo de escorpião,
em 26 de outubro do ano de 1.953,
Com a dobradiça das paixões dementes.
na cidade de Mombuca,
- Ela me obedece e eu amo ainda mais. um pequeno encanto
no canto interior
do Estado de São Paulo.
Menor que a cidade só eu mesmo.
E quando estou absorto no mundo da lua Ainda pequeno vim para Jundiaí,
também São Paulo, Terra da Uva,
Morro de paixão por ela, da qual experimentei o sabor do fruto
Minha pequenina estrela menina, e jamais a deixei.
Nela me fiz advogado sem banca,
Que achei cadente no meio do meu olhar, aposentado sem queixas
e onde perambulo até hoje,
No meio do meu olhar triste e solitário. buscando, perdidas nas sarjetas,
as palavras que me usam
para escrever poesias.

EMAIL
oabegiato@yahoo.com.br

BLOG
http://oabegiato-poesias.blogspot.com

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GREVE SUSTENTÁVEL
Por Matheus Paz

Quando ele se virou,


o papel não estava
mais lá.

M atheus Paz. Entre contos e poemas, um homem comum, ao mesmo


tempo raro, na singularidade do que faz, a cada dia: expressão do trabalho, do
amor, enfim, da vida...

Professor de Geografia, casado com Marcilei, atualmente reside em Taquara-


RS, Brasil.
Colabora no Caderno Literário Pragmatha (Porto Alegre-RS) e tem poemas no
Jornal de Poesia de Soares Feitosa.

Email: o_paz@pop.com.br

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40
Origem da Festa Junina
Existem duas explicações para o termo festa junina. A primeira explica que surgiu em
função das festividades que ocorrem durante o mês de junho. Outra versão diz que
está festa tem origem em países católicos da Europa e, portanto, seriam em home-
nagem a São João. No princípio, a festa era chamada de Joanina.
De acordo com historiadores, esta festividade foi trazida para o Brasil pelos portugue-
ses, ainda durante o período colonial (época em que o Brasil foi colonizado e gover-
nado por Portugal).
Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chi-
neses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica
das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tra-
dição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a mani-
pulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a
dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha.
Todos estes elementos culturais foram com o passar do tempo, misturando-se aos
aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus)
nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma de-
las.

Comidas típicas
Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos
e salgados, relacionados às festividades, são feitas deste alimento. Pamonha, cural,
milho cozido, canjica, cuscuz, pipoca, bolo de milho são apenas alguns exemplos.
Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz
doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, bombocado,
broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho
quente, batata doce e muito mais.

Tradições
Carlos Magno de Almeida

As tradições fazem parte das comemorações. O mês


de junho é marcado pelas fogueiras, que servem co-
mo centro para a famosa dança de quadrilhas. Os ba-
lões também compõem este cenário, embora cada
vez mais raros em função das leis que proíbem esta
prática, em função dos riscos de incêndio que repre-
sentam.

41
No Nordeste, ainda é muito comum a formação dos grupos festeiros. Estes grupos
ficam andando e cantando pelas ruas das cidades. Vão passando pelas casas, onde
os moradores deixam nas janelas e portas uma grande quantidade de comidas e be-
bidas para serem degustadas pelos festeiros.
Já na região Sudeste são tradicionais a realização de quermesses. Estas festas po-
pulares são realizadas por igrejas, colégios, sindicatos e empresas. Possuem barra-
quinhas com comidas típicas e jogos para animar os visitantes. A dança da quadrilha,
geralmente ocorre durante toda a quermesse.
Como Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro, é comum as simpatias pa-
ra mulheres solteiras que querem se casar. No dia 13 de junho, as igrejas católicas
distribuem o "pãozinho de Santo Antônio". Diz à tradição que o pão bento deve ser
colocado junto aos outros mantimentos da casa, para que nunca ocorra a falta. As
mulheres que querem se casar, diz a tradição, devem comer deste pão.
Simpatias na Festa Junina
Proteção e Alegria: Encha uma bacia com água e adicione cravo, alecrim e manjeri-
cão. Deixe descansar. No dia de São João jogue a mistura do pescoço para baixo e
peça proteção e alegria. Enxugue levemente.
Conhecer seu amor: No dia de São Pedro, junte um pouco da comida servida no al-
moço e no jantar. Antes de dormir, prepare a mesa com uma toalha branca, o prato
com a comida e os talheres e vá dormir. Em sonhos você conhecerá seu amor.
Arranjar namorado: Pegue uma fita branca e uma vermelha e amarre em Santo An-
tônio. Enquanto dá os nós faça o pedido. Reze um pai nosso e coloque o santo de
cabeça para baixo pendurado sob a cama. Só retire o santo quando alcançar a graça.
Decidir com quem namorar: Na noite de São João, escreva o nome dos pretenden-
tes em pequenos pedaços de papel e enrole. Jogue dentro de uma bacia com água.
O que primeiro desenrolar será seu futuro namorado.

http://www.portalvaledesconto.com.br/

42
ARROZ DOCE
 Ingredientes
 1 litro e meio de leite
 2 xícaras de arroz (já lavado)
 3 xícaras de açúcar
 Canela (quantidade a gosto)
 1 lata de leite condensado
Uma panela bem grande para que o leite ferva e não derrame

Modo de Fazer:

Cozinhar o arroz no leite, juntamente com a canela


20 minutos depois, mexer de tempos em tempos, acrescentar o açúcar, deixar
mais 20 minutos e logo em seguida acrescente o leite condensado e deixar
mais 20 minutos
Colocar em uma linda travessa
Essa receita é de família
Uma delícia, esse é o verdadeiro arroz doce

QUENTÃO
1 1/2 xícaras de açúcar refinado
1 1/2 xícara de água
50 g de gengibre cortado em fatias finas (1/4 de xícara)
3 limões cortados em rodelas
4 xícaras de pinga (aguardente de cana)
3 cravos da índia
2 pedaços pequenos de canela em pau

Modo de Fazer:

Aqueça o açúcar refinado em fogo alto, mexendo de vez em quando até cara-
melizar.
Junte todos os ingredientes menos a pinga e ferva mexendo até dissolver o
açúcar.
Junte a pinga, com cuidado, de preferência fora do fogo para não incendiar,
misture e deixe ferver em fogo baixo por 3 minutos.
Sirva em caneca de barro ou louça, pois as de metal tiram um pouco o sabor
do quentão.

43
A TERRA PROMETIDA

Por Marília Kosby

Salvem a pátria dessas estrelas


Pois minha terra natal acabou de ruir
Sem cortejo ou cerimônia
Meus mortos trouxeram-me
Os panos sujos de limpar memórias

Vieram até minha casa


Não comeram
Nem sorriram
Verde
Como sorriem as serpentes
De tristeza

Os mortos rastejaram até a janela


Viram que o céu não cabia mais no mundo
E cantaram seu choro cósmico de notas repetidas

Esquecer é da vida o único milagre

M arília Floôr Kosby nasceu em 1984, na cidade de Arroio Grande, sul


do Rio Grande do Sul. Há cerca de dez anos mora em Pelotas /
RS, onde realiza a maior parte de seus trabalhos como antropóloga, poeta e
letrista. Além dos escritos etnográficos sobre a presença africana e afro-
descendente no continente americano - publicados em diferentes revistas cien-
tíficas, veicula nos blogs Salamancas Supersônicas e A Sanga das Patavinas,
bem como em outros sites da internet e publicações impressas no sul do sul pa-
ís, sua produção literária de poemas, contos e letras musicais, iniciada em
2008.

44
OS COMPANHEIROS

Por Márcio José Rodrigues

O tempo passou em minha porta.


Não cumprimentou nem sorriu, nem tampouco deixou transparecer qualquer
tipo de expressão na face petrificada.
Sem sequer pedir permissão, arrastou-me, agarrando-me tão fortemente pe-
lo punho, que nem pude reagir.
Implorei que me deixasse.
Ele respondeu com a voz mais fria que eu já ouvira, sem nenhuma modula-
ção de qualquer sentimento:
- Não podes permanecer nos lugares por onde passas!
- Como não? - respondi incrédulo. Estamos agora mesmo em minha casa!
- A casa de que falas ficou no passado. O vento que entrou pelas janelas mu-
dou a posição das cortinas, o pó se deposita sobre os móveis, as pessoas estão
mais velhas; algumas já se foram para sempre, assim como teu canário e teu ca-
chorro.
- Mas, este rio em que sempre me banhei, está bem aqui. Ainda o conheço.
Ainda é o mesmo...
- Não te enganes. Um rio é sempre outro rio a cada instante. As águas em
que te banhaste já foram para o mar. Estas que vês, são novas águas de um novo
rio.
- Misericórdia! - roguei. Dá-me uma oportunidade de abraçar meu irmão, dizer
algo que tenho travado aqui dentro do peito para aquele amigo que magoei, ter de
novo um só beijo de minha mãe...
- Não tenho esta permissão!
- Mas, isso é muito cruel!
- Não há crueldade! - apenas cumpro minha destinação. Posso, porém revelar
-te um segredo:
- Será permitido que olhes para trás e assim possas ver o que fizeste e o que
deixaste. Também terás dois companheiros de jornada. Eles estarão sempre ao teu
lado e te acompanharão como a tua sombra. Aparecerão quando menos esperares,
mesmo que não os tenhas invocado.
- Posso saber quem são?
- Eles são o remorso e a saudade!

45
M árcio José Rodrigues é um escritor ocasional
de contos, crônicas e poesias.

Nascido em Gravatal, SC, em 1941, viveu uma grande


parte do seu tempo em Laguna, uma bela e mágica cida-
de no Atlântico Sul do Brasil, repleta de sol e sortilégios,
onde as pessoas são incrivelmente pitorescas, simpáticas
e nobres.

Inundada de maresia, luz, ventanias, história e peripécias, a cidade incita, desafia


e abastece a fantasia, com repleto material para se escrever, pintar, compor e can-
tar.

O autor publicou, "A CONFRARIA"( história local), "ANTÔNIO DOS BO-


TOS" (contos) , "RECORTE" ( contos e crônicas, com outros autores), artigos para
imprensa, conferências e palestras. Considera o fato de ter sido professor por mais
de 30 anos, um dos maiores orgulhos de sua vida profissional.

Capa do livro Antônio dos Botos

Marcio autografa o livro no dia do lançamento.

Foto: http://www.farolimagem.com.br

O VARAL DO BRASIL é uma revista


digital gratuita proposta por e-mail
e através de download no site
www.varaldobrasil.ch

46
 
A UM ARTISTA

Mergulha o teu olhar de fino colarista


No azul: medita um pouco, e escreve; um nada quase:
Um trecho só de prosa, uma estrofe, uma frase
Que patenteie a mão de um requintado artista.

Escreve! Molha a pena, o leve estilo enrista!


Pinta um canto do céu, uma nuvem de gaze
Solta, brilhante ao sol; e que a alma se te vaze
Na cópia dessa luz que nos deslumbra a vista.

Escreve!... Um céu ostenta o matiz da celagem


Onde erra o sol, moroso, entre vapores brancos,
Irisando, ao de leve, o verde da paisagem...

Uma ave banha ao sol o esplêndido plumacho...


Num recanto de bosque, a lamber os barrancos,
Espumeja em cachões uma cachoeira embaixo...

47
ESCRITO NAS ESTRELAS

Por Marcelo de Oliveira Souza

Todos sabemos como é difícil educar um filho, principalmente nos tempos de ho-
je, com a televisão, o advento da internet, redes de relacionamentos, comunicado-
res e tudo que possa vir para deseducar e afastar os membros da família de uma
boa conduta.
Muitos pais se perdem em meio à obrigação de cuidar dos seus rebentos contem-
porizando com uma vida social e produtiva.
Nessa difícil relação ainda tempos que abordar a briga entre casais que poderá
até culminar em uma separação; alcoolismo e outros vícios piores; traumas e ou-
tros tantos fatores que são abordados rotineiramente em alguns programas de tv.
Da mesma forma que a televisão deseduca, tem muitas outras programações que
podemos utilizar em nosso crescimento próprio e até como forma de nortear os
nossos entes queridos, absorvendo o que há de melhor na grade televisiva.
Um grande exemplo é “A grande Família”, todos têm problemas de relacionamen-
to, contudo percebemos uma interação muito bonita, o filho “Tuco” com todas as
suas imperfeições de um desempregado, vida mansa, ainda clama atenção ao
pai, querendo que o seu genitor ainda se orgulhe de todos os seus defeitos, uma
relação difícil mas que é suplantada com muita confusão e amor.
A nova novela das seis horas na Rede Globo, “Escrito na Estrelas” é mais um
grande exemplo de relacionamento entre pai e filho, onde um promissor médico
tinha um relacionamento muito difícil com o seu viúvo pai, eles possuíam idéias
díspares e diante disso o filho resolveu sair de casa a fim de que possa seguir o
que achava correto.
Independente de quem está certo ou não, o importante é que percebamos que o
relacionamento entre as pessoas está cada vez mais difícil, principalmente entre
pais e filhos, muitos deles pensam que irão morrer primeiro que os seus antigos
pimpolhos, seguindo a lei da natureza, contudo não é bem assim, Deus têm mui-
tos planos e muitas lições a nos ensinar, não é à toa que estamos aqui e que não
escolhemos os nossos parentes, há muita coisa além disso e a maior lição é a do
amor incondicional, entre pais e filhos, a relação mais singela.
Esse aprendizado é muito difícil, a cada dia temos uma nova lição, contudo a mai-
or dela é não nos esquecermos de amar os “nossos”, valorizando-os, auxiliando-
os, independentemente de tudo, pois as convenções muitas vezes servem para
afastar e um afago não utilizado na hora certa, pode gerar muito arrependimento
no futuro e não haverá inseminação artificial, espiritismo nem nada nesse mundo
que possa dirimir o sentimento de perda e de culpa que poderemos carregar.

48
CHÃO

Por Maíra Cortez Galhardo

O pão da vida
Temperado com o sal da terra
O que será do nosso amanhã?
Se já não conseguimos mais colher nossos frutos

Nao há mais raízes, princípios, vontades, virtudes...


Estamos sem chão
Para que a vida cresça em nós
Para que vejamos Deus em tudo e todos
Nos nossos pensamentos, palavras e atitudes

49
ROSAS AZUIS
Por Lariel Frota

Elas existem, é preciso acreditar


Por mais estranho que pareça
Elas estão lá, no fundo do mar....
São azuis da cor do infinito
Suaves qual noites de primaveras
Embora frágeis, indestrutíveis
Embora submersas, são belas....
Elas existem, embaladas docemente
Pelo eterno bailar do oceano. M eu nome é Marli Ribeiro de Freitas
e nas minhas criações utilizo o pseudôni-
Se um dia as encontrar por acaso, mo de LARIEL FROTA. Sou professora,
Não pense que é um engano. educadora na área de Educação para o
Trânsito, palestrante, escritora e poeta.
Elas existem esplendorosas. Fui responsável por duas colunas numa
Você tem que aceitar revista voltada ao público dos motociclis-
tas, a REVISTA MOTOBOY, daí nasceu
Azuis da cor do infinito
a necessidade do pseudônimo. Como
Há rosas no fundo do mar!!!!! assinava uma coluna sobre Legislação
de Trânsito e Primeiros Socorros, o edi-
tor julgou que a outra coluna com con-
tos e crônicas sobre o quotidiano desse
profissional sobre duas rodas, deveria
ser assinada por outra pessoa, daí, pari
Lariel.

E-mail: marlidifreitas@msn.com

50
E O AMOR ACONTECE

Por Ju Virginiana

Quando respiro teu ar


Não sei o que acontece
Minh’alma passa a cantar
E de tudo se esquece

Meus olhos encontram teu olhar


Mais bela a vida parece
Sinto meu corpo arrepiar
Meu chão quase desaparece

A tua voz a soar


Em mim como uma prece
Ecoa linda a cantar
Num maleável sobe e desce

J
Nosso olhar ao se cruzar
Meu corpo todo estremece
u Virginiana. Professora, licenciada Palavras ficando no ar
em Letras Português e Espanhol, Minha face enrubesce
especialista em Leitura e Produção
Textual. Pensamentos a rodar
Ilusão que floresce
É associada à AGES - Associação Gaú- Silêncios a sufocar
cha de Escritores, filiada à UBT - União Alma que padece
Brasileira de Trovadores de Caxias do
Sul, Se pudesse te falar
Membro Efetivo da Academia Virtual Sala Mas meu ser todo emudece
de Poetas e Escritores - AVSPE, Cônsul Como é bom te amar
do Movimento Poetas del Mundo de Caxi- Melhor se tu soubesse
as do Sul
Participa em inúmeros sites, blogs, jor-
nais. Já integrou várias comissões julga-
doras em concursos literários
Participa em mais de cinquenta Antologi-
as Poéticas. Conta com várias classifica-
ções e premiações em Concursos Literá-
rios
E-MAIL: Jussara.c.godinho@gmail.com

51
60% de sua doação será destinada ao atendimento emergencial aos animais de rua em
situação de emergência, no pagamento de despesas médico-veterinárias e de medicamen-
tos, os 40% restantes serão utilizados para outras despesas, como para a confecção de
material educativo, despesas administrativas, bancárias (inclusive as tarifas de emissão dos
boletos) etc. Caso você queira contribuir com valores menores, sua ajuda será bem vinda,
mas devido ao valor da tarifa de emissão de boletos cobrada pelo banco, pedimos que faça
isso através de depósito direto em nossa conta.

Instituto É O BICHO!
Banco Itaú (Nº 341)
Agência - 0289
Conta Corrente - 61018-0
CNPJ do Instituto: 06.006.434/0001-85 (solicitado no caso de transferências entre
contas)

Obrigado por colaborar financeiramente com o trabalho do Instituto É O BICHO!

Projeto “Balaio da Saúde Literária” é lança-


do em Bento Gonçalves
O projeto “Balaio da Saúde Literária (para com-
bater o óbito mental)”, realizado pela Biblioteca
Pública Castro Alves em parceria com a Secre-
taria Municipal de Saúde, foi recebido com mui-
to carinho por representantes das 22 Unidades
Básicas de Saúde (UBS), além de outros cinco
Centros de Referência da cidade, no Salão No-
bre da prefeitura, na sexta-feira, dia 23, Dia do
Livro. A iniciativa tem como objetivo criar um
espaço de acesso ao livro, e despertar o gosto
e o hábito pela leitura na população que fre-
quenta os postos de saúde do município. Ini-
cialmente, os balaios foram entregues a 27
centros, porém a iniciativa visa contemplar 40
postos, em diversos bairros.
As antologias “Poesia do Brasil”, “Poeta, Mos-
tra a Tua Cara” e “Poemas á Flor da Pele”,
doadas pelo Congresso Brasileiro de Poesia
fazem parte dos balaios.

52
A FUGA DO CARANGUEJO

Por J. Machado

Ajoelhou-se e rezou! Rezava com fé, enquanto chorava. Não havia mais
lágrimas, apenas o soluço que lhe cortava as palavras. Só as palavras, não a
intenção. Sabia o que queria!
- Julieta não pode ficar sozinha! O senhor pode ajudar! Não pode?
Julieta sabe que pode. - E assim prosseguia com seus clamores em terceira
pessoa, acreditando estar sendo ouvida. E continuou: -
Julieta não quer ficar sem o caranguejo!
- Era assim que chamava seu companheiro, o qual amea-
çava em deixá-la. Não era a primeira vez, mas Edgar ago-
ra estava decidido e ela sabia que não era como das ou-
tras vezes.
Sentindo que sua fé estava um tanto desgastada e
com o vai e vem do caranguejo, enquanto arrumava as
coisas dele, Julieta entrou em desespero. Alguém tinha
que impedir este abandono!
Então passou a rogar a Buda, mas ele nada lhe fa-
lava, pediu a Che Guevara, que passava em sua frente
por várias vezes, estampado na camisa de Edgar. Que nada! Nem Buda, Nem
Che Guevara, nem Iemanjá que há anos habitava aquele cantinho. Nem mesmo
Santo Antonio que já estava de cabeça pra baixo há dias.
Por fim numa tentativa ainda desesperada, passou a rogar pelos ídolos
mais próximos, Barak Obama, Silvio Santos, Agnaldo Timóteo, Galvão Bueno,
Ana Maria Braga, o próprio Loro José...
Nada! Ninguém fez nada para impedir e Edgar se foi.

J .Machado, 50 anos. Já viajou pelo mundo todo. Foi


à Londres da Rainha mãe, em Jerusalém sentiu a presença
do Cristo, aquele, o filho do homem. Conheceu Manoel
Bandeira, no Jardim da Luz, claro, de volta ao Brasil, aqui
mesmo em São Paulo. Encantou-se com Clarice Lispector,
numa biblioteca, bem pertinho de casa, aqui em Laguna. De
onde faz suas viagens através da leitura.

53
A LÍNGUA PORTUGUESA Com a independência de Portu-
gal, por Dom Afonso Henriques, em
Luciano Maia 1147, o português se propagou a
partir do norte e se mesclou com os
É comum aceitar-se que ao final do falares neolatinos do sul da Lusitâ-
século VIII a língua portuguesa (ou ga- nia, os chamados romanços moça-
lego-portuguesa) já estava constituída, rábicos, passando, aos poucos, a
diferente do latim vulgar, que a engen- formar o idioma português propria-
drou e dos demais romances peninsu- mente dito (cerca de 1350), que di-
lares ibéricos. Esse é o protoportuguês, fere algo do galego original, que,
que se pode observar nas documenta- por assim dizer, fossilizou velhas
ções em latim bárbaro, ou seja, após a formas arcaicas e regionalismos da
queda do Império Romano do Ociden- língua, ainda hoje em uso pelos es-
te. critores galegos.
Num documento em latim bárbaro, A Língua Portuguesa, no auge
datado de 1161, o escrivão introduziu das conquistas marítimas, se pro-
uma frase inteira cujos componentes pagou pelos cinco continentes. Até
são já galego-portugueses: deslo rivoll mesmo na longínqua Oceania, na
até no rego que vai porla vila. Ilha de Timor, até recentemente sob
As invasões germânicas (século V) e domínio da Indonésia, a língua de
a invasão moura (século VIII) marca- Camões é escrita e falada. (...)
ram profundamente a futura feição da Atualmente o idioma português
língua galego-portuguesa. desfruta de grande prestígio inter-
A língua portuguesa teve seu berço nacional, tendo sido recentemente
na Galiza, território ao norte de Portu- adotado pela Organização das Na-
gal, a partir da Reconquista, ou seja, ções Unidas como língua de traba-
com a emancipação das terras que se lho, a par do chinês, inglês, russo,
encontravam em poder dos árabes, que francês, árabe e espanhol.
invadiram a península no ano de 711 e O Brasil é o maior país de língua
dali só foram definitivamente expulsos portuguesa, responsável por mais
em 1492, com a queda do califado de de 3/4 dos falantes da nossa língua.
Granada, na Andaluzia. Some-se a isso o fato de não con-
É comum, portanto, o emprego de tarmos com dialetos em nosso vas-
galego-português para designar esta to território, sendo perfeitamente
língua, mesmo porque, tratando-se de inteligível a fala de um cearense do
textos antigos, não há como separar os Vale do Jaguaribe a um gaúcho de
dois idiomas. Na realidade, foi em gale- Bajé ou a um carioca de Ipanema, e
go-português que se redigiram os pri- vice-versa.
meiros documentos e os primeiros tex- O português do Brasil é, isto sim,
tos literários no oeste da península ibé- um idioma extremamente enriqueci-
rica, inclusive na corte de Madrid, o que do com os aportes indígenas e afri-
atesta o enorme prestígio de que des- canos, que modelaram, deram um
frutava a nossa língua na Idade Média. retoque final à nossa língua, en-
Dom Afonso X, o Sábio, rei de Caste- chendo-a de graça e suavidade.
la, usou a língua galego-portuguesa pa- Vários dialetos subsistem, porém,
ra os seus escritos, poemas líricos, pro- no português continental, ou seja,
fanos e religiosos de grande beleza. europeu. Em Portugal, cumpre citar
Ademais, foi em galego português que os dialetos do Minho, de Trás-os-
poetaram muitos outros escritores me- Montes, da Beira, da Extremadura,
dievais da Espanha e mesmo de outras do Alentejo e do Algarve.
nações, como a Itália!
54
A língua portuguesa é ainda utilizada Regionalismos
por núcleos de imigrantes, principal-
mente nos Estados Unidos, onde pos- São registros de língua próprios da
suem um jornal (há também jornais diri- população de diferentes povoações
gidos a brasileiros), no Canadá, na Ve- ou regiões. Distinguem-se pela pro-
nezuela, além de aproximadamente 1 núncia, pelos diferentes significados
milhão de portugueses hoje residentes e diferente construção de palavras e
na França, principalmente em Paris. frases.
Por fim, lembremos que o papiamento
(do português papear), provavelmente
uma das mais novas línguas literárias
do mundo, tem um fundo lexical portu-
guês-espanhol, com cerca de 45%, con-
tra cerca de 25% holandês e o restante
de línguas africanas, do francês e do
inglês. Sua estrutura gramatical é, en-
tretanto, predominantemente africana.
Até hoje, nas Antilhas Holandesas
(Curaçao, Bonaire e Aruba)um movi- TANGERINA
mento visando à normatização do papi-
amento, por intermédio do Instituto Ling- fruto da tangerineira; bergamota,
wistiko Antiano, com sede em Willems- laranja-cravo, laranja-mimosa,
tad, capital das Antilhas Holandesas. mandarina, mexerica, mimosa,
Ressalte-se ainda que, ao contrário tangerina-cravo, tangerina-do-rio,
do que ocorre com outros falares criou- vergamota.
los do Caribe, o papiamento conta com
uma expressiva literatura já desde o
século XIX.
A figura canônica da literatura em lín-
gua portuguesa é Luís Vaz de Camões
e a obra "Os Lusíadas", mas os nomes
que dignificam uma e outra (a língua e
a literatura) são incontáveis. Citemos
um nome apenas: José Saramago, Prê-
mio Nobel de Literatura de 1998.
MOUSSE DE TANGERINA

FONTE: Maia, Luciano. ALMANA- 250 ml de suco de tangerina concen-


QUE NEOLATINO. Fortaleza: UFC / trado natural
Casa de José de Alencar, 2002, p. 33- 1 lata de leite condensado
35. 1 lata de creme de leite

http://www.viegasdacosta.hpg.ig.com.br/
amigos/lucianomaia.htm Modo de fazer:

No liquidificar coloque o suco, o leite


condensado e o creme de leite
Bata por cinco minutos
Disponha em taças e leve à geladei-
ra por 2 horas

55
PENSANDO COM NÉLIDA PIÑON

A alma murcha é como uma passa de Corinto.

A vida de um homem termina nele. Só alguns ar-


tistas prorrogam a existência.

O ser humano é um peregrino. É só na aparência que ele tem uma ge-


ografia

"Se a memória simula esquecer os mortos, o amor, albergado no cora-


ção e sempre à espreita, a qualquer sinal açoita quem sobrevive às
lembranças."

Se ao ler você não entende o que alguém está dizendo e se não exer-
ce a crítica diante do que lhe está sendo dado, não apreende e passa
a ser apenas um escravo da informação

56
CONTUBÉRNIO
Por José Carlos Paiva Bruno

Perfeita acoplagem: homem e mulher. Presente do Criador; este acoplar, espiritual,


carnal, anatômico, convoluto... Entrópico! Êxtase que revela vida...
Completam-se em sedução, franqueza, sexo, nostalgia; solidariedade, simbiose, ca-
minhar, completar... Benção e necessidade mútua, que espanta qualquer melancoli-
a: sacripanta, desânimo, tristeza, fracasso e covardia...
Revelação da verdade, surpresa em afinidade...
Gancho na espírita poesia:
Alma gêmea da minha alma,
Flor de Luz da minha vida...
Sublime estrela caída,
Das belezas da amplidão...
Sazão primavera, sempre candura eterna, residente poesia... Alma que contagia!
Energia vital, aura que tudo faz valer à pena. Especiaria do Divino...
Mulher, alquimia da felicidade, sagrado manto da verdade. Caprichosa em existir,
valente em dar a luz, acompanhante que conduz; felicidade manifesta do encontro
do Gênesis.
Diana ou Afrodite, Eva ou Brigite, universo hálito, recomendado pelo Paráclito...
Cândida luz que guia; expoente da ternura, revelação da bravura...
Mulher lanterna do Homem, candelabro de magia, farol estrela-guia...
Bendita Virgem Maria!

J osé carlos Paiva Bruno é a quarta geração


originada de Domenico Bruno, quando de
sua imigração da Itália para o Brasil... Iniciou-se co-
mo menor-aprendiz no Banco do Brasil em 1979,
técnico em eletrônica, advogado, integrador INTEL
602597, especialista MBA pela FGV em Direito da
Tecnologia e especialista pela FOA em Docência
Superior, sempre aprendiz-escritor e poeta…

http://cid-bab27cce4ad326da.spaces.live.com/blog/

57
FALANDO DE AMOR

Por Jania Souza

És sensível ao sentimento, Amor!


És o próprio vôo de pétalas na carne
Confetes de felicidade no céu de boca nua salivada.

És beijo doce de mãe


Mão estendida ao desamparado
Água fresca na fervura da ira
Lençol branco da paz.

És meu suspiro de esperança


Meu abraço de caridade
Meu clamor por liberdade
Meu mar sensual no espaço.

És meu norte e meu ocidente


Bússola permanente em meu coração
Guia de minhas sensações perenes.
És paradigma no caos da violência
Consciência necessária à preservação humana.

És o Jardim da Bonança, Amor!


Pronto a ofertar teus saborosos frutos
A cada filho do homem.
És as delícias conjugais dos novos amantes
Em colchões de sonhos e plumas de avestruzes
Pássaros no nirvana da procriação.

Em todas as horas és meu incansável companheiro.


Sempre alerta, relembras-me os prazeres da vida.
Jamais permites que eu abdique do teu corpo puro.

58
J ania Souza, potiguar de Natal/RN, Brasil, artista plástica,
poeta, escritora, sócia fundadora da SPVA/RN - Sociedade
dos Poetas Vivos e Afins do RN. Pertence a AJEB/RN e a UBE/
RN. APPERJ. Clube dos Escritores de Piracicaba. Participação em
coletâneas nacionais e internacionais. Publicou em 2007, Rua
Descalça (poemas) pelas Edições Bagaço/PE; em 2009, Fórum
Íntimo (poemas) e Magnólia, a besourinha perfumada (infantil) pela Editora Alcance/
RS. Contato: www.janiasouzaspvarncultural.blogspot.com; janiasouza@uol.com.br

COMO VOCÊ VÊ @ VID@?

Todos as pessoas possuem uma maneira diferente de ver a vida e de expressar es-
ta visão.

Algumas escrevem, outras pintam, fotografam, desenham, cantam, tocam um instru-


mento, esculpem, fazem artesanato… Dentro de cada um de nós existe um artista.
Algumas vezes escondemos tanto que nem mesmo os familiares sabem que temos
aquele jeitinho especial!

Que tal mostrar pra gente? Que tal enviar para o site do VARAL DO BRASIL o que
você faz e dar uma chance para que possamos conhecer melhor você?

Leia as instruções nas seções « ELES » no www.varaldobrasil.ch

E-mail: varaldobrasil@bluewin.ch

E mãos à obra: a vida é agora!

59
Se você deseja ajudar os animais que
todos os dias são abandonados, atrope-
lados, maltratados e não sabe como,
vai aqui uma dica:

Procure uma associação de proteção


aos animais, um refúgio, uma organiza-
ção ou mesmo uma pessoa responsá-
vel em sua cidade ou estado. As cola-
borações podem ser feitas através de
tempo, dedicação, ajudas financeiras,
divulgação.

Há pessoas por todos os cantos ajudan-


do aqueles que não sabem como ajudar
a si mesmos. Seja mais um, faça destes
bichinhos a sua causa!!

AJUDE A AJUDAR, SEJA


HUMANO!

Antologia Literária Cidade Volume V

A Antologia Literária Cidade foi criada com a finalidade de cen-


tralizar autores numa publicação fora do eixo, de oportunizar es-
paço para novos autores, que ainda não tiveram seus textos publi-
cados em livros, e oferecer um diferencial em relação a outras pu-
blicações do tipo. Lançamos os três primeiros volumes com a par-
ticipação de mais de 100 autores: de alunos de Ensino Médio a
professores com doutorado, de autores nunca publicados a auto-
res com mais de uma dúzia de publicações, com a participação de
autores de várias cidades do Brasil e também com três autores
residentes em outros países (Áustria, Austrália e Suíça).Dando
continuidade ao nosso trabalho estamos fechando o Volume V da
publicação com a perspectiva de levar o livro para a gráfica ainda
em dezembro, posto que até o momento metade das páginas já
estão fechadas. Além disso, contamos com a sua participação co-
mo mais um habitante/morador desta nossa Cidade Literária.
Contatos: antologiacidade@bol.com.br

60
GOSTO

Por Jacqueline Aisenman

Alguns sabores são indeléveis

como certos sinais que trazemos

J
de nascimento...

O sabor do primeiro amor.

O sabor das boas lembranças. acqueline é quem edita o VA-


RAL. E quem tem o coração povoado
O sabor de uma torta de chocolate. de letras que vivem saindo pela caneta
ou pelas teclas do computador. Pala-
O sabor de uma vitória dita intangível. vras escritas, muitas vezes nem ditas.
O bom dos sabores assim Tem em seu site Coracional e em seu
é que eles não causam enjôo, Blog Certas Linhas um meio de expres-
são constante.
não fogem da memória
E-mail: coracional@bluewin.ch
e não percutem os sentimentos.

São sublimes

e somam-se aos prazeres eternos

e às alegrias etéreas.

61
SIGNOS
Por Jaci Santana

Este homem, cujo rosto e corpo,


Esculpi em pensamento.
Que vi nascer em minhas fantasias mais
inocentes.
Tem a beleza de Narciso,
Revelando-se, brandamente,
A caminhar sobre os meandros de minha
consciência.
Neste sonho delirante,
Delineei este rosto, este corpo,

J
Que tanto admiro e amo,
Deixando-lhe minha marca, meu brasão de
múltiplos signos.
Enquanto vou inserindo-me nestes traçados, aci Santana- Nasceu em
Aracaju. Mora no Rio de
Uma indescritível onda de prazer brotou-me,
Janeiro. Cursou Direito
subitamente. e,atualmente, dedica-se a poesia.
Tamanho o regozijo de vê-lo materializando-se Participa de Concursos Literários.
Em formosura Osiriana... Altivo! Imponente!... Recebeu vários convites para par-
Um mito a acorrentar-me os pensamentos. ticipar de Antologias. Recebeu
Ah! Que sabor de glória tem o amor que sinto, Menção Honrosa no I Concurso de
Poemas Delfos com o 5º lugar, e a
Por este ser mitológico,
divulgação do mesmo no Jornal Le
Que se veste de anjo, e aborda-me na cama, Ville com a poesia “Oásis Tropi-
Arrastando-me em suas armadilhas de doces cal”. Em 2007 teve seu primeiro
encantos. Livro de Poesia “Amor, Sexo e Po-
esia” editado pela Litteris Editora e
participação no Diário do Escritor
de 2006 a 2010, também pela Lit-
teris Editora.

Nome: Jaci Leal Santana


E-mail:
grendaphinochio@yahoo.com.br
jacilealsantana@yahoo.com.br

62
B@RRE@DO

Receita original: Pesquisa realizada por Mara Salles referente a autêntica receita do
Barreado Morretes -PR. Data do registro: 1997

Rendimento: 20 pessoas
Precisa: 1 caldeirão grande de barro

Ingredientes: 3k de coxão duro cortados em cubos de 6cm, 200g de bacon em tiras


finas, 3 cebolas médias, 1 copo americano de vinagre de vinho tinto, 1 copo ameri-
cano de óleo de soja, 8 dentes de alho cortados ao meio, 8 tomates sem sementes,
1 maço de cebolinha e um maço de salsinha picadas, cominho em pó, 2 colheres
de sopa rasa de sal, 4 copos americanos de água, 3 folhas de louro.
Atenção: Copo americano: 160ml.

Faz Assim: Forre o fundo do caldeirão de barro com o bacon. Coloque uma camada
da carne em cubos, um punhado de cebola, um de salsinha e um de cebolinha. Pol-
vilhe o cominho e um pouco de alho. Vá fazendo as camadas, carne, cebola, cebo-
linha, salsinha, cominho e alho. Dá umas 3 a 4 camadas de cada dependendo do
diâmetro da panela. Bata no liquidificador o tomate com a água e coe. Misture o vi-
nagre, o óleo e o sal e jogue por cima das camadas no caldeirão. coloque por cima
as folhas de louro e tampe a panela. Faça uma pasta grossa com farinha de mandi-
oca e água e vá vedando a tampa com cuidado. Vá alisando bem com a mão úmida
para que fique bem vedada a tampa para garantir que não saia vapor. Cozinhe em
cima de uma chapa ou em fogão a lenha (nunca na chama direta), por, no mínimo,
12 horas em fogo baixo. Após cozido, use uma faca de ponta fina para ir abrindo a
massa que veda a tampa e tente não destruir a crosta de farinha. Se durante o co-
zimento houver escape de ar, vá vedando os buraquinhos com a pasta de farinha
que sobrou.

Montagem do prato: Coloque num prato fundo farinha de mandioca de boa qualida-
de, o barreado por cima e uma fatia de banana da terra grelhada em manteiga de
garrafa por cima de tudo. É MARAVILHOSO!!! Vale a pena!!
http://pt.petitchef.com/

63
Perguntas e respostas sobre o Barreado?
O que é Barreado? Onde posso comer?
Um prato típico da culinária brasileira de Você encontra o Barreado em qualquer
sabor indescritível e altamente revigorante. restaurante das cidades de Morretes e An-
Foi criado há mais de 200 anos por cabo- tonina (PR), onde anualmente acontece a
clos do litoral paranaense. Começou a ser Festa do Barreado. Também pode ser en-
servido por ocasião da festa do "entrudo", contrado nas boas casas do ramo de Curiti-
que hoje em dia conhecemos pelo nome de ba e grandes cidades do País. Sabe-se que
"Carnaval". Depois, foi incorporado às até nos Estados Unidos já existem restau-
festas religiosas de Morretes e Antonina e rantes especializados em comida típica
hoje é considerado o prático típico oficial brasileira servindo o Barreado. Mas tenha
do Paraná. cuidado, poucos restaurantes oferecem o
autêntico Barreado.

Como é feito? Qual a composição do prato?


É um cozido à base de carne bovina fibro- Tradicionalmente, o Barreado é servido em
sa, sem osso e sem gordura, temperada pequenas panelas de barro com porções
com condimentos tropicais. O autêntico individuais acompanhadas e arroz branco
Barreado é feito em panela de barro, onde solto, farinha de mandioca fina, pimenta e
os ingredientes são colocados em camadas banana-caturra. Pode-se incrementar o
e cobertos com folhas de bananeira. De- prato com salada de couve refogada, faro-
pois, a panela é lacrada com uma argamas- fa, porções de torresmo, azeite de oliva,
sa de farinha de mandioca para evitar a banana à milanesa e laranja. É recomendá-
saída de vapor. O cozimento se dá em fogo vel colocar as panelas sobre um fogareiro
de lenha brando e dura até 18 horas para de mesa para manter o conteúdo sempre
ficar no ponto. quente. Opcionalmente pode-se levar à
mesa a panela principal sobre fogareiro.

Que bebida devo tomar? Por que autêntico Barreado?


Uma dose de cachaça pura e da boa é in- Primeiro e mais importante é o sabor. O
dispensável como aperitivo. Se não tiver, autêntico Barreado tem sabor inconfundí-
substitua pela caipirinha, steinhäger ou vel e um cheiro inesquecível para aqueles
mesmo conhaque. Sem dúvida, isto ajuda a que já o provaram. Pode-se sentir o aroma
aguçar o paladar. Durante a degustação vai a cem metros de distância do fogão. Ele se
bem o chope gelado, a cerveja ou mesmo o apresenta na forma de um caldo encorpado
vinho. Não se preocupe com a dose, por- de coloração avermelhada.
que a bebida alcoólica faz pouco ou ne-
nhum efeito quando se come Barreado.

Como se come o Barreado? Existe uma receita simples?


Não existe um ritual para se comer o Bar- Sim, existem variações da receita original
reado. Basta uma mesa grande, uma roda que permitem a qualquer pessoa preparar
de amigos e muita descontração. Os utensí- uma versão simplificada do Barreado em
lios são: prato raso, garfo, faca e uma co- fogão a gás e panela de pressão. Certamen-
lher de madeira ou concha para servir. Co- te, isto demanda bem menos tempo de co-
loque no prato dois quartos de Barreado, zimento, algo em torno de 4 horas. Todavi-
um de arroz e o outro de farinha. O sabor a, alertamos que o sabor final pode ficar
fatal está esta na mistura destas três partes muito aquém do verdadeiro Barreado. La-
temperada com pimenta malagueta ao gos- mentamos que o uso indiscriminado de
to de cada um. Algumas rodelas de banana receitas improvisadas, inclusive por co-
-caturra fazem o contraponto, já que seu merciantes de Antonina e Morretes, tem
adocicado dá um contraste ótimo com o desvirtuado a originalidade do prato.
Barreado picante.
http://www.torque.com.br/barreado/faq.htm

64
SIMPLES ASSIM

Por Infeto

Ossos do ofício.
Ossos precipício.

Vida descontínua.
Vida que termina.
INFETO
Sebo nas canelas.
Sebo de vela.

Doença infernal. Soteropolitano, conhecido co-


Inferno Carnal mo INFETO. Diplomado em
ansiedade, insônia, frustração
Desejo reprimido. e com tendências artísticas e
Represo estampido. ao pensar desde os 14 anos.
Julga-se, autodidata e ignoran-
Vozes no ouvido.
te por natureza perante a arte.
Orelha no testículo.
Possui projetos engavetados e
Razão bem rasa. alguns realizados nas áreas
Proporção imediata. literárias (contos, resenhas,
críticas, artigos, monografias,
Destino cria vínculo. poemas, crônicas, livros etc.), e
Link tem vírus. também nas áreas de teatro e
cinema (roteiros de curtas e
Assim vou vivendo até quase parar!
Assim vou parando até me acabar! peças), música, e artes visuais
em geral. "Sou o espírito do Dr.
Parando vivendo. Fritz incorporado num corpo de
Vivendo parando. um tetraplégico."

Pensando!

65
ACEITO A NOITE LENTA

Por Gustavo Henrique Bella

Aceito a noite lenta de horas vagas


Grisalhos cabelos surgem com a névoa branca
Lembranças cintilantes no céu passado
E aquela mão roga por um toque
Recebe uma face em meio a noite
O tempo que sofre entre as horas negras
Grita pelo nome de alguém que passa
Apenas um eco na escuridão faminta
Levando beijos que serpenteiam o coração
Cravando presas de veneno amargo
Derrubando os fortes e consumindo os fracos
Irônica vida de encantos tolos
Fortes palavras ditas a esmos
Sem salvação ou redenção
São apenas as presas encontram o tempo
E a noite longa ganha força ante as horas
Consumindo o corpo e diluindo a alma.

66
ESPERANÇA Gilberto Nogueira de Oliveira

Por Gilberto Nogueira de Oliveira


1953 - Nasce a 26 de agosto em Nazaré-
Ba 1968 – Ingressa no PCdoB, na ilegali-
Transpus um arco argentino dade e começa sua carreira literária com
E caí num nada várias poesias e um romance: A VIN-
Um nada abstrato GANÇA DOS IRRACIONAIS
Um nada incomum 1971 – Escreve REVOLTA e algumas
Acontece tantas com o homem... poesias
Hesse aceitou o desafio do lobo 1972 – Perde seu irmão mais velho (21
Vencendo a si próprio anos) em Salvador-Ba na militância polí-
Kardek venceu as religiões tica.
Esquivando-se de todas 1974 – Escreve o SANTO DEMONIO e
Titov venceu o desafio do Vostok poesias
Dando dezessete voltas em órbita da 1976 – Muda-se para Belo Horizonte a
terra
trabalho e escreve poesias
Gagárin venceu o desafio das
religiões: 1977 – Escreve ESSES HEROIS CAM-
“Fui ao céu e não vi Deus” PONESES, OS DOIS POLOS ANTA-
Os japoneses venceram o desafio da GÔNICOS e algumas poesias
bomba A 1979 /1994 Escreve poesias
Provaram que os EUA não ganharam 1995 – Escreve O SISTEMA e poesias
a guerra 1998 – Escreve NEOLIBERALISMO NO
CÉU e poesias
Quem consertaria o mundo?
Eu? Você? Nós? Eles? 1999 – Escreve IMPÉRIO e mais dois
Talvez a educação livros que continuam sem títulos.
Talvez os filósofos... 2000 -10 – Escreve ORGIAS CAPITAIS,
Talvez ninguém. FERRO, O HOMEM PARTIDO
2001 – Escreve TEATRO IMPRODUTI-
E se o tempo consertar? VO, ZÉ, e conclui o livro FERRO. São
Mas o tempo não existe.
Vamos tentar? organizadas todas as suas poesias em
É uma esperança... dois livros com os títulos LÁ FORA e EM
MINHA TERRA.
E se esperarmos e nada vier?
Que fazer? Contato:gilbertosombra@hotmail.com
Vamos lutar?

67
ALMA ESCURA

Por Fabricio Couto Martins

Tantas noites para desvendar


Os mistérios dessa alma escura,
Nos anseios dessa louca procura
E eu pobre de mim nada consegui
entender ,então hoje minha alma
Eu quero entregar a qualquer aventura
possível,dentro desse sonho estranho que
Se chama vida,dentro desta noite comum,
Onde estrelas brilham como sempre no céu
Eu procuro um sentido,um sentido para alem desse véu.

F abrício Couto Martins. Moro em Fronteira, Minas Gerais, onde sempre vi-
vi,escrevo desde adolescente, e já publiquei alguns poemas numa antologia da edi-
tora Scortecci que foi lançada na XVIII bienal internacional do livro de São Paulo,
porém minha obra é bem vasta e diversificada e inclui poesias, crônicas, contos,
textos e até letras para canções, a maioria de minha obra ainda não foi publicada.

Mantenho alguns endereços na internet onde coloco quase que diariamente obras
de minha autoria, a saber, os dois mais acessados são:

http://blogdosblogs.spaceblog.com.br

http://artespontaneaart.blogspot.com

68
MUSA IMPASSÍVEL I

Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero


Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho,
e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.

Em teus olhos não quero a lágrima; não quero


Em tua boca o suave o idílico descante.
Celebra ora um fantasma angüiforme de Dante;
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.

Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem atrativa;


A rima cujo som, de uma harmonia crebra,
Cante aos ouvidos d'alma; a estrofe limpa e viva;

Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos,


Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,
Ora o surdo rumor de mármores partidos.

Mármores (1895)

69
http://www.sougaucho.com.br/

Abagualado* - O que ainda é muito Bolicheiro - Dono de bolicho.


arisco e espantadiço, como se fora Bolicho - Casa de negócio.
bagual. É semelhante a bagual.
Abichornado - Aborrecido, triste, de- Bugio - Pelego curtido e pintado, em
sanimado.
Buenacho - Muito bom, excelente,
Aboletar-se* - Instalar-se. Ocupar
indevidamente determinado lugar. Re-
ceber ou ganhar qualquer coisa. Apo- Chilena* - Espora grande de papagaio
derar-se de algo ou ocupar determin- virado e grandes rosetas, muito usada
dado lugar por esperteza. pelos campeiros e domadores.
Abrir cancha - Abrir espaço para al- Chimango - Alcunha dada no Rio
guém passar. Grande do Sul aos partidários do go-
Achego - Amparo, encosto, proteção. verno na Revolução de 1929.
Acolherar* - Unir dois animais por China - Descendente ou mulher de
meio de uma pequena guasca amar- índio, ou pessoa do sexo feminino que
rada ao pescoço. Atrelar ou ajoujar apresenta algumas das características
animais por meio de coleira. Unir, jun- étnicas das mulheres indígenas. Mu-
tar com relação a pessoas. lher de vida fácil.
Acolherado* - Andar acolherados,
Chineiro - Grande número de chinas,
sempre junto de duas pessoas.
Açoiteira* - Parte do relho ou reben-
que, constituída de tira ou tiras de
couro, trançadas ou justapostas, com Gaudério - Pessoa que não tem ocu-
qual se castiga o animal de montaria pação séria e vive à custa dos outros,
ou de tração. andando de casa em casa. Parasita,
Afeitar - Cortar a barba. amigo de viver à custa alheia.
Agregado - Pessoa pobre que se es- Gauderiar* - Viver vida de gaudério,
tabelece em terras alheias. viver à custa de outrem, vagabundar
vivendo às expensas de outrem. O
mesmo que gandular ou fila.

Manotaço - Pancada que o cavalo dá


com uma das patas dianteiras, ou com
ambas, bofetada, pancada com a mão
dada por pessoa.
Minuano - Vento frio e seco que sopra
do sudeste, no inverno, vem dos An-
des.
70
BEMBEM PADECE DE AMOR

Por Eurico de Andrade

O Raimundo barbeiro estava quase indo à falência. A machaiada de Tabuí fizera da sua
barbearia ponto de encontro predileto, onde se ficava sabendo de tudo. Quem tava ficando
rico ou pobre, quem gostava de quem, quem apanhou de quem, quem tava saindo com
quem... E o Raimundo brabo com a falta da freguesia que refugava de tanto falatório. Fre-
guês que se aventurasse ali, mal saía, a ficha tava completa e era assunto por uma semana.
Até que um dia o barbeiro resolve espantar o azar. Zequinha Bembem, o açougueiro simpló-
rio, o mais conversador de todos, contador de papo, inventor de histórias, metido a brabo e a
paquerador, era quem mais divertia a turma da barbearia. Raimundo acha de aprontar com o
Bembem para ver se espalhava aquela homaiada da sua barbearia e a freguesia voltava. Es-
creveu bilhete com letrinha delicada, caprichando na língua pátria. "Zequinha, tô pachonada
por ocê. Sou sua fãn ocurta. Quero marcá incontro. Guarda segredo." E colocou o bilhete
debaixo da porta do açougue, já tarde da noite, para não correr o risco de ser visto.
No dia seguinte, mal o Raimundo abre a barbearia,
lá vem o Zequinha Bembem correndo, eufórico.
- Remundo, óia só! Ela tá paixonada por mim, sô!
E Raimundo leu o bilhete que ele mesmo escreve-
ra, mostrando espanto.
- Mas ocê não tá guardano o segredo que ela
pediu, ô Bembem!
- Só tô contano procê, Remundo!
- Óia, é bom ocê não contá para mais nin-
guém não, sô! Cê num conhece aquele ditado que diz
que quem tiver segredo, não conte pra mulher casada,
pois ela conta pro marido e ele pro seu camarada? Se-
gredo tem perna curta, home! Ainda bem, Bembem,
que sou homem de pouca fala! E quem será ela?
- Sei não... Pode sê a...
E Bembem teceu uma longa lista das possíveis pretendentes. De solteiras donzelas a casa-
das que jogavam água fora da bacia, até beatas convictas e juramentadas.
- Ah, Remundo! É dessa vez que eu disincravo, sô! Vai s'imbora, solidão!...
Bembem passou o dia inquieto, rindo a toa, doido para enfronhar conversa de amor. Co-
mo ninguém deu trela, ele se calou. E Raimundo, só de butuca, querendo ver até quando o
homem guardava segredo. Antes de ir para casa, comecinho da noite, escreve outro bilhete,
novamente com letrinha delicada "Beimbeim, meu amor. Quero mim revelá procê amanhã
de noite ao beco do Mijo 9 in ponto. Se eu demorá um poco, mim espera. Vái sozinho. De
camisa branca pra mode eu vê ocê no iscuro. Nem paletó, nem blusa e nem xapéu. Oia o
segredo viu? Sua amada". Deixa-o debaixo da porta do açougue e vai pra casa esconder-se
do frio entre as colchas e coxas da patroa.
De manhãzinha, lá vem o Bembem correndo de novo, emocionado e sem fala, esconden-
do papelzinho rosa no bolso.
- Remundo, ela me escreveu de novo, sô!
- Ih, é? Dexovê!
- Na-na-ni-na-não! Desta veiz não! Vô guardá segredo. É pedido dela.
- Deixa de sê bobo, sô! Cumpoco cê tá pensando que eu quero passá ocê pra trás?
- Né isso não, Remundo! Amanhã eu conto procê, tudo, no seu tintim, viu? Ah!...
Esta noite vai acontecê coisas!... - suspirou ele, revirando o zoinho.

71
Raimundo viu o amigo pra lá de emocionado. Os olhos brilhando, a respiração ofegante e
ele não parava um instante sequer, saltitante feito tiziu.
Bembem, naquele dia, não abriu o açougue e nem matou vaca. Ficou zanzando pela rua,
ruminando seu segredo, vendo passarinho verde, doido pra contar para alguém, mas se segu-
rando nos trancos, em respeito ao pedido da amada desconhecida.
À noite, a barbearia funcionou até bem mais tarde. O Raimundo, pedindo boca de siri, con-
tou pra mais de uns quinze a história do Bembem. E todo mundo ficou sabendo o que iria a-
contecer.
Um pouquinho antes das nove, tá a turma toda abafada, dentro da barbearia, tiritando de
frio, cada um mais encapotado que o outro, esperando Bembem passar. Para chegar ao beco
do Mijo, aquele era o único caminho. Cinco pras nove, um avisa lá vem o home! Bembem
vem, em manga de camisa branca, banho tomado, perfumado e barba feita, olhando desconfi-
ado para a porta da barbearia, de onde saia luz e bafo de macho. Assim que vai passando, en-
colhido pelo frio e para não ser visto, alguém grita lá de dentro ô Bembem, ondé cocê vai, sô?
Vamo chegá, home! O açougueiro, pego de surpresa, treme nas bases, sente batedeira, perde o
tesão incontido e começa a suar frio.
- Tá com frio não, Bembem?
- Vô ali! Tô não! - responde o moço às duas perguntas de uma vez.
- Vem cá, Bembem! Vamo tomá uma pra esquentar o peito, home! - insiste o outro.
- Depois em venho, tá? Larga deu! Dexeu em paz!
E isala no mundo, ganhando a escuridão do beco do Mijo. Nessa hora, o Raimundo barbei-
ro entra em ação. Pega sua bicicleta velha, de nome magricela, bastante escangalhada, e sai
também em direção ao beco do Mijo. Passa pelo Bembem e finge não conhecê-lo. Dá uns cin-
co minutos de prazo e volta. Repete a ida e a vinda mais umas duas vezes, enquanto o Bem-
bem se espreme entre um muro e um poste de luz sem luz, imaginando que não seria visto e
nem reconhecido pelo barbeiro. Praguejava pros seus botões, querendo saber o que o Raimun-
do fazia por ali, àquela hora da noite. E, emocionado, espera, espera, espera... Tremendo de
frio. Até que, da emoção, após mais de uma hora, passa
à raiva e resolve ir embora. O povo, estranhamente, -
Bembem achou -, naquele frio, continuava na barbearia.
Puto da vida, resolve pular dois muros do quintal do Al-
fredão, correndo risco de mordida de cachorro, para não
ser mais visto por aquele bando de vagabundos. Passa
no seu açougue, já quase 11 da noite para procurar sinal
da amada. E acha. Papelzinho cheiroso, cor de rosa,
com letrinha delicada, dizia:
"Meu bem. Me perdoa gostozão. Num deu pra mim
falá cocê. Si ocê num sabe, sou muié casada e o tarado
do Remundo barbero tá disconfiado e aresorveu dá em
riba deu e a siguieu fazeno preposta obissena de sequisso. Como num quero ficá malafama-
da, adeus".
Bembem não esperou pelo dia seguinte. Saiu de si e deixou, no coração, lugar para homem
brabo. Pegou faca de sangrar vaca e foi pra barbearia. A turma, incentivada pelo Raimundo,
esperava.
- Cadê aquele disgraçado do Remundo? Remundo!... Traidô! Vem cá fora procê vê o
quequié bão pa tosse! Cê tá dano inriba dela, né, fedaputa?!...
Entrou em campo a turma do deixa disso e foram segurar o Zequinha Bembem. Começa-
ram os empurra-empurras e os sopapos. E uns passaram a descontar nos outros as mágoas de
antigamente, as fofocas mal ditas e as falas bem ditas, dando e levando

72
bordoada. Cada um por si e Deus por todos. O fuzuê foi feio, em plena rua, beirando a
meia-noite. Na refrega, alguém sumiu com a faca do açougueiro, desapareceram a peruca do
alfaiate Cirilo e a dentadura do Laerte. Quando chegou o Divino soldado, o Toim Zaroio pro-
curava, tateando o chão, os seus óculos fundo de garrafa e ninguém entendeu porque o Mané
Falafina, o qualira da cidade, mais conhecido como arame liso, perdeu a calça e tava sentado
no colo do Xinco Mangüara num cantinho mais escuro. Com o Divino, tudo acalmou quando,
franzino e baixinho, ele teve que gritar, dando pulinhos e tiros pro alto para impor sua vonta-
de.
- Cês num tão veno a otoridade aqui não, ô? Pára cuisso, cambada de fedaputa!
Ao ouvir os tiros e sentir cheiro de autoridade, cada um foi saindo de fininho pra caçar seu
canto, fugindo de ver o sol nascer quadrado. E Raimundo, o único que não tomou parte da
confusão no meio da rua, fechou sua barbearia em paz, enquanto os da turma, alguns de olho
inchado, boca sangrando e cuspindo dente, ficaram de nariz torcido e de mal uns com os ou-
tros. Era o que queria Raimundo, para atrair de novo a freguesia.

Eurico Andrade.
Um menino que nasceu e começou a crescer lá no interior do
interior pescando piabas, traíras e chorões no anzol e no puçá...
Pegando juritis e saracuras na arapuca... Chupando ingá, gabi-
roba, peidorreira, baco-pari, araçá, mangaba e cagaita... Mon-
tando cavalo em pêlo... Bebendo leite direto dos peitos de va-
cas, éguas, cabras e ovelhas... Comendo pururuca, angu com
couve e torresmo... Morrendo de medo de assombração, evitan-
do mato para não virar comida de onça... Fazendo promessas
pra São Sebastião, São Jorge e Santa Bárbara... Garrando com
o chefe de tudo quanto é santo para não deixar nenhum insatis-
feito... Acreditando no coisa ruim, em mal-olhado, em assombração e no saci pere-
rê... Curando cobreiro e inflamação de aroeira com a Maria Geroma, à custa de mui-
ta Ave-Maria e fio frio da faca afiada... Educado sob a batuta do chicote e ameaças
de castigo de Deus, nosso Senhor... Trabalhando como candieiro guiando carro de
boi... Trabalhando como meeiro e tarefeiro no cabo da enxada... Ajudando vaca na
hora do parto... Vendo a Joaninha apanhando do Zé da Ponte do Bode enquanto ele
cobria de mimos e beijos a mocinha Julieta... Bebendo chá de mané turé, carqueja,
fedegoso, chapéu de couro, congonha... Comendo beldroega, broto de aboboreira,
miolo de gueroba, frango com pequi, angu com quiabo, quibebe, inhame com leite...
Assistindo a boiada passar... Vendo o trem de ferro apontar na boca de um corte e
sumir na outra carregando boi, muquiça e gente... Vendo a enchente destruir as ro-
ças de arroz e milho do pai... Arrancando mandioca no muque pra farinha e o polvi-
lho do ano... Fazendo paçoca de carne seca e socando arroz e café no monjolo de
pé... Indo pra escola a uma légua de distância no cavalinho da orelha murcha... Con-
vivendo e conversando com João Pelota, Zé Rosa, João Garrote, João Geada, Zé
Ficiano, Zé Pelotin ha, João Garrotinho, João do Zé Ficiano, Zeca do Zé Ficiano, Zé
Albino, João Miguel, Zé do Orico, Zé Taviano, João Vergina, Zé Cota, Zé Ramo, Jo-
ão do João Vergina, Severo... Só podia dar no que deu, no meio de tantos zés e jo-
ães : um escrevedor de coisas da roça.
Email: eurico2005c@gmail.com)

73
CANTÕES PEQUENOS E desfecho em 1798 com a “Revolução
Helvética”, baseada na Revolução
AUTÔNOMOS Francesa, que vai dar na criação da
http://www.swissinfo.ch República Helvética. No seio desta,
os cantões não passarão de simples
circunscrições administrativas. A
ocupação do território suíço pelas
Se a Suíça como Estado surgiu em 1848,
tropas napoleônicas acabava
a maioria dos cantões tem uma história
definitivamente com o Antigo Regime.
bem antiga.
Após a queda de Napoleão e o
Quando se fala em origem da Suíça,
Congresso de Viena, a Suíça retoma
evoca-se freqüentemente a data de 1291.
o modelo de Confederação cujo
Isto não é nem totalmente errado, nem
símbolo é a assinatura do Pacto
realmente certo. É verdade, no entanto,
Federal de 1815.
que no fim do século XIII, os três cantões
Entre 1803 e 1815, os novos cantões
da denominada ‘Suíça primitiva’ – os
– St.Gallen, Grisões (Graubünden),
Waldstäten Uri, Schwyz e Unterwald –
Aarau, Thurgóvia, Ticino, Vaud,
formalizaram uma aliança de ajuda
Valais, Neuchâtel e Genebra –
mútua.
aderem à Suíça, preservando, porém,
Lançaram assim os alicerces de uma
parcialmente, a própria
confederação de Estados que perdurou
independência. Assim, vários cantões
até 1798. Os outros cantões aderiram a
da Suíça Romanda (de expressão
esse pacto, paulatinamente, embora
francesa) – Genebra, Neuchâtel, Jura
permanecendo entidades quase
– conservam o nome de república e
independentes.
do cantão. Genebra, por exemplo,
denominam-se “República e Cantão
Uma expansão progressiva
de Genebra”.
Entre 1353 e 1481, a antiga
Isto surpreendeu a todos, porque
Confederação cresceria ao ponto de, desde a fundação da Suíça como
finalmente reunir oito cantões. Nesse Estado Federal, os cantões não
espaço de tempo, os cantões de Zurique, gozavam de soberania como estado.
Berna, Lucerna, Glarus e Zug decidiram, As leis e os regulamentos cantonais
de fato, unir-se a Uri, Schwyz e estão subordinados ao direito federal.
Unterwald. A Suíça foi, então, tomando
forma no âmbito do Sacro Império
Romano-Germânico.
A etapa seguinte ocorreu após o
Convênio de Stans que permitiu aos
diferentes membros da antiga
Confederação acertar um novo
compromisso. A adesão de Solothurn e
Friburgo como membros de plenos
direitos será seguida em 1513 por
Basiléia, Schaffhausen e Appenzell. A
Confederação dos 13 antigos cantões
estava formada.
A conclusão desta confederação terá

74
Vastas competências
Foto: Harshil-Shahb

Em sua estrutura política, os cantões


assemelham-se, porém, à Confederação.
Eles baseiam-se numa constituição que,
em numerosos casos, remonta ao século
XIX. Como o Governo (chamado de
Conselho Federal), os executivos
cantonais são regidos pelo princípio da
colegialidade e contam com cinco ou sete
membros.

Nos cantões, diferentemente da


Confederação, o governo é eleito pelo
povo e não pelo Parlamento. Os
parlamentos cantonais, chamados de
Grande Conselho (Grand Conseil em
francês, e Grosser Rat, Landrat ou
Kantonsrat, na Suíça Alemã), são Genebra
unicamerais, ou seja, dispõem de uma
única câmara legislativa.

Os cantões são credenciados a


promulgar uma constituição e as leis que
os governam. O poder judiciário é
também da competência deles.

Territórios idênticos

De acordo com a Constituição Federal, a


Suíça é formada por 26 cantões, sendo
seis
semi-cantões’: Obwald / Nidwald, Basiléia
-Cidade / Basiléia-Campo, Appenzell
Rhodes Exteriores / Appenzell Rhodes
Interiores. Esse estatuto não afeta a
Jacqueline Aisenman

autonomia interna do Estado membro. A


diferença está na sua representação em
Berna: o ‘semi-cantão’ dispõe apenas de
uma cadeira no Senado (chamado de
Conselho dos Estados ).

Quando de votações populares, em que a


maioria dos cantões deve aprovar a
questão submetida a sufrágio, o resultado Genebra

de um ‘semi-cantão’ conta somente como


metade.

75
A maioria dos cantões está enraizada na
antiga Confederação. Durante séculos,
seus territórios permaneceram
inalterados. As últimas modificações de
fronteira aconteceram em 1979, quando
foi criado o cantão do Jura, resultado da
separação de três distritos berneses. E,
em 1993, a região de Laufental deixou o
cantão de Berna para unir-se ao Cantão
FONDUE SUISSE
de Basiléia-Campo.
Ingredientes (para 4 pessoas):
Com 37 km2, Basiléia-Cidade é o menor
cantão em superfície. Já os Grisões
(Graubünden) com 7.105 km2 é o maior - 200 g de queijo gruyère suíço meio
do país. Zurique é o mais populoso salgado
(quase 1.3 milhão de habitantes, segundo
- 300 g de queijo Swiss Vacherin le-
dados de 2005). Appenzell Rhodes
Interiores é o cantão com menor ve (adocicado)
densidade demográfica, pois conta com - 2,25 dl de vinho branco (Valais)
somente 15.171 habitantes, de acordo - 3 colheres de chá de maisena
com estatísticas de 2004. - 2 dentes de alho
- Noz-moscada
http://www.swissinfo.ch - Pimenta do reino
- 1 pitada de bicarbonato de sódio
- 1 / 3 de uma colher de kirsch
- 500 g de pão branco

Preparação:

Corte o queijo em pedaços pequenos


e reserve.
Cortar o pão em fatias.
Em uma panela coloque os dentes de
alho e esfregue até esmagá-los, adi-
cione o vinho branco e milho. Colo-
que para aquecer.
Adicione o queijo e deixe derreter,
mexendo sempre com uma espátula
de madeira. Quando a mistura estiver
homogênea adicionar o kirsch mistu-
rado com bicarbonato de sódio.

Adicione a pimenta, noz-moscada e


sirva imediatamente.
Foto de Michel Bobillier
http://www.marmiton.org

76
MEU BRASIL BRASILEIRO

Por Dimythryus

Eu brasileiro, pouco mais dos trinta


CPF, regular
Título em dia
Um verdadeiro patriota.

Eu, montoeiras de declarações


Recadastramentos
Retificações
E vão-se os últimos soldos em autenticações e
xérox.

Brasileiro, da contribuição sindical


PIS, FGTS, Confins, IRPF, CPMF, IOF
Malha fina, Carne Leão
E o tão bravo e guerreiro SALÁRIO mínimo.

Sem contar o ICMS, IPTU, licenciamento, taxa de luz


E extensas filas de centopéias enlouquecidas
Protocolos queda de pressão, indeferimento
E vão-se os dígitos do impostômetro.

Quarta feira campeonato brasileiro


Sambinha
Uma loira geladíssima, espetinho
E mais um lote da restituição é liberado.

D imythius. Heterônimo do poeta Darlan Alberto T. A. Padilha, Licencia-


do em Letras pela Faculdade UNIESP-SP, Embaixador da Paz, títu-
lo que lhe fora atribuído pelo “CERCLE UNIVERSEL DES AMBASSADEURS
DE LA PAIX – SUISSE – FRANCE (Genebra – Suíça). Entre suas 71 premia-
ções destaca-se o “Prix Francophonie” a Menção Honrosa (Diplôme
d’honneur) no 10éme Concours International de Litterature Regards 2009
(Nevers – France). Contatos:

Caixa Postal : 1573 – São Paulo / SP – Brasil, 01009-972

Dimythryus@hotmail.com

eucaliptos.jequitibas@gmail.com

Cel.: (11) 7377-3630 - Tel. Com: (11) 3106 – 0078


77
Salve, salve os santos padroeiros
(Resumo de matéria da revista Bons Fluídos)

Na tradição brasileira, junho é mês de festa, quentão, quadrilha e de comemorar os


dias de padroeiros queridos: são João, são Pedro e santo Antônio. Conheça a his-
tória dos santos juninos, reze e – por que não? – capriche nos pedidos e nas sim-
patias.

Chapéu de palha, fantasia de caipira, rojão, busca-pé, balão, bombinha. É assim


que a gente gosta de reverenciar nossos queridos santos do mês de junho. Vira-
mos crianças ao pé da fogueira, soltando biriba, comendo pipoca e pé-de-moleque
– e fazendo simpatias para conseguir amor, felicidade e fartura. Afinal, os santos
estão aí para isso mesmo.

Essas festas tão brasileiras têm na verdade uma origem remota. Antes do nasci-
mento de Jesus Cristo, os povos pagãos do Hemisfério Norte celebravam o solstí-
cio de verão, o dia mais longo e a noite mais curta do ano, que lá acontece em ju-
nho e marca o início da estação quente. Nessas festas, a fim de promover a fertili-
dade da terra e garantir boas colheitas futuras, havia danças e fogueiras (acesas
para afugentar os espíritos maus).

Com o avanço do cristianismo, a Igreja preservou e


incorporou essas tradições também como forma de
conseguir mais popularidade. No século 6, os ritos
da festa do dia do solstício de verão, em 21 de ju-
nho, passaram para o dia do nascimento de são Revista Bons Fluídos de ju-
João Batista, dia 24 de junho. Mais tarde, no século nho de 2004 com texto de
13, foram incluídas no calendário litúrgico as datas Wilson F. D. Weigl.
comemorativas de santo Antônio (dia 13) e são Pe-
dro (dia 29).

Os colonizadores portugueses trouxeram as festivi-


dades para o Brasil e aqui elas ganharam cores e
sabores influenciados pelos índios e negros escra-
vos, responsáveis pela mão-de-obra nas cozinhas
coloniais. “É por isso que até hoje reverenciamos
os santos juninos provando quitutes de milho, a-
mendoim e mandioca, ingredientes básicos na me-
sa popular para bolos, tapioca, paçoca, pé-de-
moleque, milho cozido”, diz a especialista em folclo-
re e cultura popular Lourdes Macena, coordenadora
de pós-graduação do Centro Federal de Educação
Tecnológica do Ceará, em Fortaleza. Nos estados
nordestinos, as festas juninas hoje são tão popula-
res quanto o Carnaval. “Para os sertanejos, elas
têm um significado muito importante, reforçando o
sentido de união da comunidade”, explica Lourdes.

78
Rotina

Por Cristiane Stancovik

Na rotina de fechar meus olhos


venho aqui todos os dias
neste mundo impudico
tênue na consciência
do reles mortal que sou
tele transporto-te comigo
para um mundo nubente
de compromisso com nós dois

N
confirmando que a felicidade
o bem estar de um coração apaixonado
sustenta o depois
que o simples toque do perfeito
desvenda mistérios elci Cristiane Stanco-
desmistifica o impossível vik nasceu em Novo Hamburgo,
concretiza o desejo Rio Grande do Sul no ano de
da sensação dolente
1980, mas vive em Capivari de
de um sentimento indescritível
envolvendo-te na dimensão exata Baixo, Santa Catarina desde os
que é exatamente permanecer comigo no dois anos de idade. É filha de
além Nelson Stancovik (artista circen-
tendo a certeza de que quando fechas se) e Clair Salete Pandolfi
teus olhos (descendente de imigrantes itali-
sentes o mesmo prazer
anos).
que eu estou sentindo também.
Estudante de letras na Universi-
dade do Sul de Santa Catarina,
lugar o qual foi incentivada por
sua professora de literatura
"Jussara Bittencout de
Sá" (escritora) a escrever e ins-
crever-se para um concurso na-
cional literário no ano de 2008,
conquistando o primeiro lugar na
categoria crônica.

79
Um dos festivais de verão mais conhecidos do mundo, o
Festival de Jazz de Montreux reúne a cada ano uma di-
versidade de artistas que chegam do mundo todo.
Ao contrário do título, o festival não se resume ao jazz,
mas traz muitos tipos de música.
Há o programa pago e o programa livre. Neste segundo,
artistas das mais variadas localidades e com performan-
ces que nos levam a passeios por vários ritmos, fazem o
show em diversos locais externos (parques e palcos) do
festival e também no já famoso Montreux Jazz Café.
Uma experiência musical única, o Festival traz nomes
consagrados e revela talentos a cada ano.

Este ano o cartaz foi realizado por um artista brasileiro,


Romero Britto

De 02 a 17 de julho de 2010
Para conhecer a programação visite o site:
http://www.montreuxjazz.com/2010/

Romero Britto é um artista, pintor e escultor nascido em Recife no dia 06 de ou-


tubro de 1963. Sua obra tem elementos da arte pop, o cubismo e o grafite.

Ele fez sua primeira exposição com 14 anos. Em sua juventude, visitou muitos
países da Europa. Sediado em Miami, ele montou seu estúdio
no bairro de Coconut Grove, onde expôs suas obras nas ruas.

Surgiu na cena internacional, em 1989, ao receber o pedido


da marca de vodka Absolut de rótulo novo para uma campa-
nha publicitária. Seu estilo de desenho diferente começou a
ter uma grande demanda proveniente de grandes empresas,
tanto para os murais e esculturas como para produtos de iden-
tificação das sociedades. Recentemente, por exemplo, ele tra-
balhou para a Disney e Evian.
Fotos e biografia: Wikipédia

Britto foi nomeado embaixador das Artes pela Flórida. Em 2007, ele fez uma
escultura para o quadragésimo aniversário do Festival de Jazz de Montreux e
figurinos para o quadragésimo primeiro Super Bowl.

http://www.britto.com/

http://www.britto.com.br/

80
CALENDÁRIO

Por Clarice Villac

Finzinho de abril –

conhecedoras do tempo

as flores-de-maio

penduradas na varanda

formam seus botões.

Aprendo com elas.

C larice Villac. Paulistana, reside em Campinas, SP.

Revisora editorial e professora, encantada por bichos & plantas. Sítio:


http://www.villac.pro.br/

81
Ingredientes

 600 g de isca de vitela


 1 colher (sopa) de manteiga
 1 cebola picada fina
 250 g de cogumelos variados
 1 colher (sopa) de farinha de trigo
 200 ml de vinho branco seco
 200 ml de creme de leite fresco
Sal e pimenta do reino à gosto

Modo de preparo:

 Numa frigideira refogue rapidamente a carne


na manteiga.
 Reserve.
 Na mesma frigideira, doure a cebola, acrescente
os cogumelos e refogue, polvilhando com a farinha de
trigo e misturando com uma colher.
 Adicione o vinho branco e o creme de leite, sem
deixar ferver.
 Tempere com sal e pimenta.
Junte a carne, aqueça e sirva em seguida.

Quem não conhece? De Anchorage a Tóquio, o picadinho de vitela cortada à


moda de Zurique, coberto com um molho de creme delicioso, é um prato servido
em todos os menus. Embora não haja dúvida de que ele é um nativo de Zurique,
é mencionado pela primeira vez em 1941 em um livro de receitas. Pensa-se,
contudo, que ele já era consumido no século XVIII, na época com preparado
com os rins. Muitos restaurantes em Zurique têm esse clássico em seus cartões
e são acompanhados por batatas fritas crocantes.
Dica: http://www.myswitzerland.com/

82
Por CHAJAFREIDAFINKELSZTAIN

É tempo de voar! Dar asas à imaginação! Tempo de se voltar voando


num tapete mágico... sintonizar o botão e regredir... voltar numa temporada de verão.
Os meninos pequenos, passando as férias no condomínio da casa serrana. Fugindo
do calor da cidade, passavam quase dois meses integralmente, curtindo a casa, o
clima, os espaço e os amigos. Tempo bom... bom tempo... elástico e preguiçoso,
sem compromisso com a vida, tempo de curtir a infância, deixando fluir a inocência,
semeando a alegria, deitando no embalo da rede e balançando... só balançando.
Antes de saírem da cidade, o vô oferecera aos netos um passarinho
alegre e cantor, que o despertava todas as manhãs. A filha alerta recusou-o, saben-
do o quanto ele havia se apegado ao pássaro, mas mais que tudo era o amor por a-
queles meninos, seus netos. Aliás, o vô, sempre estava bolando um meio de agradar
àquelas crianças. Então, para não deixá-lo mais triste, levaram o bichinho na gaiola,
frisando que os meninos teriam uma enorme responsabilidade no seu cuidado, que
não esquecessem esse detalhe!
E, lá se foram, com as inúmeras tralhas, a felicidade despontando pela
estrada, pelo caminho. Cantarolaram a viagem inteira. Na chegada, precisavam aco-
modar as coisas, mas esta era tarefa exclusiva da mãe, aliás, ela sempre sobrecarre-
gada, e sempre dando conta do recado. O mais velho dos meninos, estava preocu-
padíssimo onde colocariam a avezinha cantora, amarelinho-amarelinho?! E o restan-
te, seria como aproveitar melhor os momentos de lazer, as brincadeiras na piscina,
as corridas de bicicleta, os jogos de futebol, alternados com "voleibol”, o passeio a
cavalo todos os dias depois do almoço, os piques da vida onde corriam e se escondi-
am por todas as áreas do condomínio. Abençoadas férias, te curtiram de montão!
Decidiram que durante o dia, a gaiola ficaria pendurada na área e à noi-
te dormiria dentro da cozinha. Ali havia bastante luz do sol, um ventinho ameno, com
bastante movimento de vozes. O bichinho teria de sentir-se protegido, precisava de
gente, para aprimorar as cordas vocais. Todas as manhãs, às vezes cedo demais, lá
estava ele desempenhando suas funções. Impossível ignorar a sua existência, sem-
pre se fazia ouvir.
Os irmãos iam lá conferir com assiduidade, se estava se alimentando,
afinal passara-lhes a idéia de como "ter de cuidar do bicho" seria mais ou menos is-
so, fiscalizar se a mãe, ou se a empregada estavam desempenhando as tarefas co-
mo deveriam. Assim, começa a formação dos líderes, "dos mandões-zinhos" desde
pequenos, já testando o alcance de uma ordem, ordenando e verificando a eficiência
do cumprimento da mesma. Certo?
Durante o mês de janeiro, sempre chovia mais do que desejavam, mas,
naquela manhã, um vento forte antecedera a chuva, e antes que dessem conta, o
vento derrubara a gaiola. Um pressentimento terrível, ao levantarem a gaiola do
chão. Os meninos fecharam os olhos e não queriam ser testemunhas do que se pas-
sara, então pela voz da mãe, toda nervosa, verificou-se que o canarinho quebrara a
perninha na queda, deitado acuadíssimo no canto preso à grade, tremia assustadís-
83
Jelena Jovović

Só houve tempo de pegar as chaves do carro na gaveta, a gaiola e


os meninos e sair à procura de um veterinário para socorrer o pobre do bichinho.
Orientando ao mais velho que segurasse firme enquanto ela dirigia. Que surpresa
ao parar o fusquinha sobre a calçada em busca do socorro, lá de dentro saíram
todas as crianças do condomínio, ela poderia jurar que não os vira entrar. Eram
nada mais, que sete, os três da última casa, uma da casa ao lado, outros três da
casa da frente, e com os seus dois, somavam nove... nove crianças... sentaram um
no colo do outro, não proferiram uma palavra, vieram caladíssimos e torciam que o
passarinho sobrevivesse. Com certeza, entraram com assentimento do filho mais
velho! O general e sua tropa a acompanhá-lo!
O veterinário ficara mais sensibilizado com a platéia, do que com a
vítima ou acidente em si. Prometera então a todos, que faria o que seria possível,
e pegou um fósforo prendeu-o a perninha do passarinho com um esparadrapo. Fi-
zera uma tala, mas não prometia milagres, se a perninha aderisse, o bichinho esta-
ria salvo, caso contrário ele não resistiria.
Não faltaram rezas, e naquela tarde nem se lembraram de brincar,
ficaram sentados no jardim, só olhando o passarinho. Uma espécie de roda intuiti-
va de pensamento positivo. Até a noitinha nenhum efeito se fazia notar. Foram to-
dos para cama preocupados. A mãe tinha além dessa, outra preocupação, como
contar ao vô o que acontecera? Decidiu que nada contaria pelo telefone e orientou
as crianças para fazerem o mesmo. Nenhum comentário seria feito sobre o aconte-
cido, segredo de Estado! Todos só chegavam ao final de semana, e até lá, quem
sabe algo já estaria modificado!
No dia seguinte, o bichinho cantor, amanhecera em cima do poleiro,
saltara para lá sozinho, o fizera com seu próprio esforço, sinal que estaria se resta-
belecendo. Não emitia um só pio, silencioso como a madrugada. A notícia propa-
gou-se num segundo. Precisavam aguardar com paciência a evolução do quadro.
Os avós chegaram ao final de semana, e a primeira observação fora
quanto ao silêncio do canarinho, porque não estaria cantando? Sempre que havia
agitação, ele cantava mais alto e naquela tarde, nada acontecia...
Os netos, não sabiam como disfarçar, mas ao cruzarem com o olhar
da mãe, desviavam e procuravam por outro assunto. Foi muito difícil omitir o fato
naquele final de semana. E a cada vez, que o vô, ia à área o coração dos meninos
ia ao chão, loucos para contar o sucedido.

84
Voltaram das férias com o canarinho vivo, mas sem cantar, o vô nunca
se conformara com o sucedido, achava que o clima da montanha fora incompatível
com a ave, jamais lhe contaram sobre a queda. Devolveram o bichinho ao dono,
com um peso enorme na alma.
Meses depois... o vô que morava no apartamento ao lado, entrara de
manhãzinha bem cedo, antes de ir para o trabalho, no quarto dos meninos e os avi-
sara que antes de se prepararem para irem à escola, dessem uma olhadinha na ca-
sa dele: o passarinho amanhecera cantando e parecia não querer parar
maisssssssssssssssss!

ChajaFreidaFinkelsztain
Professora, Pedagoga, Escritora, Poetisa, Contista e Cronista, Chaja nasceu na Alemanha
em 1947. Seus pais foram sobreviventes de campos de concentração. Atualmente somente
sua mãe (Eva) está viva. A família chegou ao Brasil em 1950, puxados por um tio materno
que aqui vivia. O início de vida foi muito difícil e trabalharam arduamente pela manutenção
digna de uma família. Aos dezoito anos naturalizou-se brasileira.

Casada com Isaac Manoel, médico pediatra, mãe de dois filhos: Cláudio e Gilson, ambos
casados, têm dois netinhos lindos – Marcel e Mariana e um a caminho (do Gilson).

Chaja graduou-se inicialmente, em 1968 em Filosofia pela UERJ, tendo registro MEC em
História, Filosofia e Psicologia. Lecionou por dez anos História, Moral e Cívica e OSPB no
Colégio A. Liessin, (particular). Paralelamente fez concursos e foi aprovada para o Município.
Começou como profa. de Estudos Sociais na Escola Estados Unidos. Em 1980 foi convidada
a ingressar para equipe do 5º DEC, STAE, onde chegou a coordenar a equipe de Supervisão
Escolar.

Fez complementação na área de Pedagogia com registros do MEC em Supervisão, Orienta-


ção e Administração. Em 1982 terminou seu curso de Pós-graduação em Educação pela U-
FRJ.

Árcade efetiva da ABRACE–Arcádia Brasílica de Artes e Ciências Estéticas, desde setembro


de 2000, onde atualmente ocupa a função de Secretária Geral.

Escritora correspondente da Academia Cachoeirense de Letras foi con-


vidada através de participação e premiação em concurso literário.

Laureada com diplomas, títulos, troféus


e medalhas de “ouro”, “prata” e” bronze”
– Tem obras publicadas em Antologias,
Jornais e Revistas.

Uma pequena obs.: Chaja têm material


suficiente para impressão de um livro
solo, mas ainda não conseguiu tempo
para organizá-lo .

85
SILÊNCIO

Por Carlos Eduardo Marcos Bonfá

Cilicia
O silêncio
Que silencia
A música
Que necessita
Encontrar
Para ritmar
O mundo.
Mas
O silêncio
Éo
Cio
Do som.

C arlos Eduardo Marcos Bonfá nasceu em Socorro (SP), em 1984. É


mestre em Estudos Literários (Letras) pela Universidade Estadual Paulista "Júlio
de Mesquita Filho" (UNESP), sendo graduado em Letras na mesma instituição a-
cadêmica. Publicou um livro: Ossos e ervas (2002).
Publicou poemas e artigos acadêmicos em jornais,
sites, blogs, blogs coletivos, revistas eletrônicas, aca-
dêmicas e especializadas e participou de antologias.
Mantém um blog no seguinte endereço:
www.carloseduardobonfa.blogspot.com

86
OS SAPATOS DO VALDEMAR

Por Antonio Vendramini Neto

Valdemar era um paulistano da gema, uma pessoa muito educada e bem vivida, se
trajava muito bem, mantinha sempre a barba e cabelos aparados e unhas cortadas,
calçados engraxados e lustrosos. Nas suas viagens como caixeiro-viajante, antes de
visitar um cliente, utilizava uma loção, mantendo uma postura de uma pessoa bem as-
seada. Muito gentil, utilizava um vocabulário impecável, devido ao seu bom grau de
escolaridade.
Sabia como ninguém demonstrar os produtos que representava, colocando argumen-
tos convincentes, que resultavam em um belo pedido para a empresa que trabalhava.
Tinha uma ótima clientela que se espalhava pelo interior do Estado, e uma boa parte
do sul de Minas Gerais.
Em uma segunda-feira veio almoçar em sua casa, e falou para a esposa que lhe a-
guardava sempre com um sorriso nos lábios e uma palavra de conforto pelo seu árduo
trabalho de viajar a serviço.
- Olha, hoje à noite, tenho que viajar para o sul de Minas, para fazer toda aquela regi-
ão e volto na quinta-feira, prepare um bom jantar, que vou sentir falta de sua comidi-
nha gostosa. La pelas vinte horas chegou apressado, querendo jantar logo, pois logo
mais tinha jogo que seria transmitido pela televisão do Corinthians, e não queria per-
der, porque o Ronaldão jogaria aquele jogo.
Terminou o jantar, beijou Alzira e começou arrumar a mala de viagem, nesse momen-
to, lembrou do jogo, ligou a TV que ficava em sua bela sala, toda cercada de cortinas,
e a tela abriu com o timão entrando em campo, foi uma alegria, quando ouviu o repór-
ter entrevistando o Ronaldão, que prometeu marcar dois gols.
Deu um sorriso e falou para Alzira:
- Quero ver se ele vai fazer mesmo, está muito mascarado!
Enquanto o jogo se desenrolava, nos momentos de marasmo, corria para o quarto,
apanhava as roupas e ia arrumando na mala, na sala, para não perder as jogadas. No
momento em que estava no quarto, Ronaldão marcou um gol, ele veio correndo para
a sala e soltou um palavrão.
- Filha da mãe, perdi o gol, mas acho que vão repetir a jogada!
Na repetição, se deleitou com o gol e falou para Alzira.
- Não é que o gordo está cumprindo com a palavra! Só falta mais um.
Num daqueles momentos de monotonia do jogo, pensou: “vou buscar o meu par de
sapatos sobressalentes”
Abriu a sapateira e apanhou um par, quando ouviu a voz do locutor se encher de emo-
ção, porque Ronaldão fez mais um. Veio correndo para a sala, com o par de sapatos
na mão e ficou pulando que nem um moleque na sala. Abraçou Alzira, deu uma tapa
na bunda e disse:
-Sempre que faço isso da sorte, êta bunda boa!
Foi então colocar os sapatos na mala e começou a embrulhá-los com um pano, para
não sujar a roupa. Percebeu então que estavam sujos, teve a iniciativa de ir trocá-los,
mas a jogo estava bom e ficou com aquele par na mão. Pensou então: “Vou deixá-los
aqui perto da cortina, pego outro e depois eu limpo esse aqui e deixo na sapateira”.
Só que o jogo estava emocionante e ele colocou na mala o calçado limpo, e esqueceu
-se de guardar aquele sujo, que ficou junto à parede com a biqueira voltada para a sa-
la, com a cortina sobre o mesmo.

87
Valdemar exclamou! Vou embora, me dá aqui um beijo, vou assistir o restante do jo-
go no radio do carro, o Ronaldão já fez dois e agora é só alegria. Foi embora para
chegar logo pela manhã no local de destino.
Alzira que já estava meio sonolenta foi deitar em seu quarto, sem desligar a televi-
são. Acordou no meio da noite e ouviu vozes... O que seria? Será algum ladrão? En-
tão foi na ponta dos pés para a sala, de onde vinham as vozes. “Então pensou”, A-
quele maluco foi embora e não desligou a televisão. Foi mais perto para desligar,
quando viu de baixo da cortina, aqueles calçados esquecidos por Valdemar. Pensou
rapidamente: “É um ladrão, e está escondido atrás da cortina, se ele avançar para
cima de mim? É melhor chamar a policia”.
Ligou para o 190 e pediu urgência, fornecendo o endereço e tudo o mais. Depois de
uns quinze minutos, bateram a porta. Foi correndo abrir e deu de cara com um ho-
mem corpulento que logo se identificou como o sargento Nepomuceno.
- Pois não minha senhora, o bandido está ainda aí?
- É eu desliguei a TV e vi que aqueles sapatos ainda estão lá em baixo da cortina, vá
logo para prender o ladrão.
Nepomuceno sacou de seu revólver trinta e oito e foi em direção a cortina na ponta
dos pés, removeu-a com um golpe rapidíssimo, e o que estava lá atrás? Ninguém!
Foi tudo uma ilusão de ótica da sonolenta e medrosa Alzira.
Ela parou de tremer, ficou calma e começou a agradecer ao sargento que não
“tirava” os olhos de seu corpo, uma vez que estava com roupas intimas e nem tinha
se apercebido. Começou uma conversa mole do sargento etc., pedindo um copo de
água, que ela foi buscar, quando ele viu aquele corpo bonito, coberto apenas por u-
ma roupa transparente, de onde via todo o contorno de uma pequena calcinha bran-
ca, contrastando com o pano preto da capa rendada.
Percebeu então a burrada que tinha feito em atender a um estranho com aqueles tra-
jes. Quando voltou, o sargento pediu se tinha café e estava prolongando a conversa
que ela não respondia, ficando um monólogo.
Ela então agradeceu e pediu que retirasse porque já era tarde e estava com sono.
Voltou para a cama e dormiu profundamente até à tarde do dia seguinte. Passado
mais um dia, escutou batidas na porta da sala. Ficou temerosa e olhou para o corpo
para ver se estava trajada decentemente.
Perguntou então:
- Quem é?
- Do outro lado respondeu:
- É o sargento Nepomuceno, vim trazer os sapatos de seu marido, posso entrar? Ela
então percebeu que ele tinha levado os sapatos naquela noite, com o objetivo de re-
tornar para ver se conseguia algum sucesso em conquistá-la.
Foi quando Alzira falou:
- Pode deixar aí fora que depois eu pego.
- Mas eu limpei e engraxei os sapatos, estão brilhando, abra a porta e a senhora vai
ver que beleza que ficou.
Apavorada, foi ao telefone, ligou para a Delegacia e denunciou o sargentão conquis-
tador. Quando voltou para falar com ele sem abrir a porta, percebeu que não havia
resposta. Virou a chave da porta com cuidado abriu a porta e notou que os sapatos
estavam na soleira.

88
A ntonio Vendramini Neto. Sou aposentado,
casado, dois filhos e dois netos. Vivi minha vida
profissional intensamente nas áreas de Recursos
Humanos e Gestão da Qualidade, (Normas ISO
9001), como Auditor do Sistema.
Comecei a escrever recentemente, de forma des-
pretensiosa, mas com muito respeito aos leitores.
Não tenho formação literária, julgo-me um autodida-
ta, colocando nos textos, à emoção e o coração, caminhando nesse mundo mágico e
esplendoroso de tantos intelectuais. Espero que o tempo permita aprender os segre-
dos e a magia das palavras.
Meus temas favoritos são as crônicas e os contos, onde solto a minha imaginação,
descrevendo situações acontecidas e virtuais. Dou minhas pinceladas nos poemas,
poesias, poetrix e prosas.
Estou escrevendo um livro, sobre a saga de meu avô Italiano em terras Brasileiras,
que um dia espero terminar e publicar. A internet com os maravilhosos portais para
quais escrevo, estão deixando-me quase que sem tempo, e o projeto está momenta-
neamente na gaveta.
Email: toninhovendramini@gmail.com Site: www.favascontadas.com.br
Jacqueline Aisenman

Montreux

89
OS AMANTES DO CÍRCULO-POLAR

Por André Luis Aquino

Deve ser a parte tóxica do meu sangue que faz isso comigo, o meu louco gos-
to pelas segundas intenções. Amorardente, sempre buscando sangrar pelo
umbigo.Nos conhecemos na escola, ainda na infância.E os anos nos juntam e
nos separam com tanta freqüência, como se tudo isso estivesse acontecendo
ao sabor do vento.
Amordormente. Deve ser a parte doce do meu sangue que faz isso com a
gente. Naquela época mal nos falávamos; apenas nos olhávamos, enamora-
dos, mas sem coragem de se aproximar. Duas crianças que se apaixonaram
uma pela outra, sem que um saiba do sentimento do outro.
Amorlouco, deve ser a parte venenosa do meu sangue que faz isso comi-
go.Quando alguém mente não nos olha nos olhos, pra te confundir eu fa-
ço exatamente ao contrário.Uma história de amor que atravessa duas déca-
das repletas de altos e baixos, cheias de idas e vindas.
Amorencontrado, deve ser a parte suave do meu sangue que faz isso com a
gente.Medos, amores, ciúmes, tudo isso vai e vem, regido pelo destino, por
uma lei aleatória de encontros e desencontros.
Amorperdido pela parte do meu sangue malvado. “Eu poderia contar toda a
minha vida como um trem de coincidências”. Direção é o meu sexto sentido.
Amoreterno é a parte sólida do meu sangue carinhoso.“A vida tem muitos ci-
clos”.
Há coisas que nunca acabam e o amor é uma delas.

http://ww2.ccebrasil.org.br/system/project_images/35/final/los-amantes-del-circulo-polar.jpg

90
Por Ana Anaissi

-Pra onde as senhoras vão? Aurora fala mentiras,


-Para a próxima cidade, Eu acho que é compulsão.
A moto caiu com a gente E ela tem oitenta e oito,
Na maior velocidade. Fez no último verão!

-Quer dizer que aquela moto -Ei, Emília, quem mandou?


Destruída lá na estrada... Mas é muito fofoqueira...
-Era nossa sim senhor Se eu não tivesse sentada,
Só que deu uma derrapada. Te passava uma rasteira.

-Dá pra levar nossa moto -As senhoras vão brigar?


Nessa sua caminhonete? Nessa idade e desse jeito?
É pesada e está quebrada, -Viu só, Aurora, o rapaz
Mas não dá pra pagar frete. Já cheio de preconceitos?

-Mas que coisa surpreendente! -Filho, você não viu nada


Quantos anos vocês tem? Tá vendo esta contusão?
-Eu só tenho oitenta e sete, Não foi da queda da moto,
Emília tem mais de cem! Emília que deu um tostão!

-Ai , mas é tão mentirosa! -Devia ter dado mais!


Não liga não, ela inventa. Pra aprender a dirigir.
Eu nem sou tão velha assim, Porque foi ultrapassada,
Esse ano eu fiz noventa. Começou a se exibir.

91
Quis fazer pega com o carro Nesse ponto até dei sorte,
Mas eu disse: Agora não! Só fiquei sem meu dentinho.
Pisou no acelerador Talvez tenha sido bom,
E saiu comendo chão. Ele era mesmo sozinho.

E eu pensando, na garupa: Na hora me revoltei,


Isso aqui não vai dar certo. Fui desprendendo do chão,
Aurora já está caduca Disparei atrás da Aurora
E o carro tá muito perto. Pra tomar satisfação.

E eu acabei de pensar, Ela ainda estava deitada.


O burro pisou no freio, Que cena desagradável!
Aurora desconcentrou, Todinha desconjuntada,
A estrada virou um rodeio. Essa doida irresponsável!

Pois a moto deu um pinote, Aí fui me aproximando


Rapaz, eu subi tão alto Do jeito que ainda podia,
Que pude ver lá de cima Dei-lhe um chute nas costelas
Aurora beijando o asfalto. Pra ver se ela se mexia.

Foi só essa a hora boa, No primeiro chute, nada.


Depois veio a minha vez; Resolvi bater mais forte.
Meu único dente bom Tentei a boca do estômago
Gastou, na trilha que fez. Só pra ver se dava sorte.

Porque eu ralei uns dez metros, E não é que consegui?


Ou melhor, eu capinei. Houve um leve murmurar,
Abri caminho no mato Mas ele era tão baixinho
E, amigo, eu não parei. Que eu resolvi confirmar.

Talvez o Ibama me prenda -Deixa que eu conto essa parte.


No final dessa viagem. Eu, meio desacordada,
Pois arranquei tanta folha Já vendo a famosa luz
Que até mudei a paisagem. E só senti a botinada.

Tentava me segurar Da luz eu voltei pro escuro,


Pra que, quando viesse o fim, Ou melhor, eu vi Emília;
Sobrasse um número grande Tive uma vaga lembrança
De ossos mais perto de mim. Que ela era da família.

92
-Só torcida, como assim?
-Você não viu nossas fotos?
E tentei fazer um sinal Somos famosas no mundo
Que já estava tudo bem, Pilotando nossas motos.
Tive medo que essa doida
Chutasse meus rins também. -Ô Emília, não exagera.
Temos fãs só no Brasil.
Debilmente abri meus olhos E na próxima cidade
E dei de cara com ela. Com certeza mais de mil!
Se eu não tivesse acabada,
Eu matava essa banguela. -Peraí minhas senhoras,
Eu não posso acreditar!
Minha queda foi horrível, As duas correm de moto?
Eu fiquei toda quebrada, -Vai precisar desenhar?
Mas o que traumatizou
Foi aquela botinada. -Caramba, não pode ser!
-Só porque somos velhinhas?
-Ah, Aurora que exagero! Já demos alguns troféus
Eu salvei você, querida. Pra nossa cidadezinha.
Mas um dia vai entender
E vai ficar comovida. -Mas vocês dirigem bem?
-Você viu que Aurora não.
Quando dei a tal botinada, Mas eu, sou super veloz
Minha única intenção, Quando pego a direção.
Era de abrir um canal
Pra sua respiração. -Hum Emília, vai pensando,
Quem tem mais troféus sou eu.
-Essa dúvida eu vou ter -Mas na última corrida
Pro resto da minha vida. Acabou roubando o meu.
Se queria me salvar
Ou me deixar estendida. Jogou tão sujo comigo
Moço, ela quer que eu desista!
-Mas dá pra ver direitinho Deu um jeito no meu freio
Que estão se recuperando. E jogou óleo na pista.
Vamos esquecer o tombo
Que a cidade está chegando.

E por falar em cidade,


Têm algum parente aqui?
-Não meu filho, só torcida,
Somos lá de Muriqui.

93
Pode arregalar o olho, -Está bem vocês ganharam.
O juiz arregalou. Quanto é que eu pago pra ver?
Tudo isso é tão nojento -Nada assim tão extravagante,
Que até ele duvidou. Algo que dê pra comer.

-Porque inventou tudo isso! Com aquele tombo tremendo,


Uma história sem sentido. A comida se espalhou.
-Sem sentidos fiquei eu. Só dois pães com mortadela
Meu pescoço foi partido! Foi que a gente aproveitou.

-Tá vendo essa exagerada? -Então vamos combinar:


Aquilo foi só torção. Eu lhes dou toda a comida,
-Só que eu fiquei cinco meses Amanhã eu vejo o treino
Deitada em observação. E depois vejo a corrida.

Bom, vamos deixar pra lá, -Negócio fechado, filho.


Que o importante é a corrida. Pisa no acelerador!
Vai, acelera meu filho, Um ventinho nas orelhas
Aproveita essa descida. Cá pra nós, é inspirador.

Amanhã vai ser o treino -Vira, vira, vira, vira!


Pra ver quem larga na frente, Nesse posto tem comida!
Vou ganhar, eu estou mais leve Vou começar por aqui
Porque perdi mais um dente! A ficar abastecida.

-Nossa Mãe, mas que loucura, -As senhoras vão comer


Ninguém vai acreditar! Essas comidas tão fortes?
Eu posso assistir ao treino? -Claro! Porque essa corrida
-Só se você me pagar! Não depende só de sorte.

-Opa, opa, nada disso! Temos que estar preparadas


Tem que me pagar também. Alguns truques são os piores;
Eu arranjo um lugarzinho As pessoas nos sabotam
Pra você ver super bem. Porque somos as melhores.

-Mas olha que exploradoras, -Então tá, vamos parar.


Dei carona pras senhoras! Dona Aurora também quer?
-Tá, meu filho, então vai ver -Sim, mas minha dentadura
Tudo do lado de fora. Só aguenta comer filé!

94
-Chega, está quase na hora,
A corrida é na outra ponta.
Nós vamos indo pro carro,
Você vai pagando a conta.

-Ei, psiu, você, aí do posto...


Bota essa moto no chão?
Segura essa chave dela
E coloca na ignição.

-Vem aqui Aurora, entra logo!


Ainda mais depois do tombo, Temos que deixar o moço.
Que ela ficou deslocada. Ele vai nos atrasar.
Até mesmo pra falar -Mas e amanhã, nosso almoço?
Tenho que ficar ligada.
-Põe o cinto e se segura.
Já pensou se ela despenca O tempo está muito curto.
E a gente não acha mais? -Isso que estamos fazendo
Se ganharmos a corrida Será que é um assalto ou um furto?
Eu vou fugir dos jornais!
Nunca sei a diferença...
-Tudo bem, filé mignon -Porque não faz diferença.
Pras simpáticas velhinhas! Talvez não, no nosso caso,
-Arroz, farofa e feijão Porque pedimos licença.
Pra carne não vir sozinha!
-Pedimos licença como?
-E depois a sobremesa: -Uai, deixei nossa moto!
Queijo e muita goiabada! -Mas não faz muito sentido,
-Por causa da glicemia, O rapaz não teve voto.
Tem que estar equilibrada.
E além do mais nossa moto...
-E você não vai comer? Só tem peça com defeito
-Quando chegar na cidade; E nem o gênio da lâmpada
Uma comida caseira Conseguiria dar jeito.
É o melhor pra minha idade.
-Ai, Aurora, facilita!
Já tenho trinta e três anos Você quer ou não correr?
E prefiro não abusar. Se viéssemos com ele,
-Tá vendo, Emília, esse moço Não ia dar nem pra ver!
Que nunca vai “esclerosar”?
Chegaríamos no fim
Não vai ser que nem você, E a raiva então subiria
Que a gordura tomou conta, Quando víssemos no pódio
Quando não fala besteira, A besta da nossa tia!
Fica com cara de tonta.
-Tia Marga vai correr?
Aurora, eu estou esclerosada? -Vai! Ela estava na lista.
Se estou, é só no começo. Ela arranjou um patrocínio
Eu que saio todo dia De um velho contrabandista.
Com a roupa toda do avesso?

95
Ainda alterou a idade dela, Vou lá inscrever nossa moto,
De cem pra noventa e sete, Colocar na posição.
E vai chamar a torcida -E eu vou sabotando algumas
Do tempo que era vedete. Pra fazer uma seleção.

-Coitada, com essa torcida, -E aí, como é que foi lá?


Melhor ela nem ganhar... -Uns quatro nem vão sair,
Se os velhinhos se empolgarem, Três vão poder arrancar,
Vão todos ficar sem ar. Pra logo depois cair.

-É mas, com ar ou sem ar, Mas tem uma coisa bem chata,
Ela é nossa concorrente. A da titia não deu...
Seria muito humilhante Eu ia chegando pertinho
Perder pra tia da gente. E ela me reconheceu.

-Você então tá devagar! Mandou logo uns dois capangas


Acelera aí esse trem! Tomarem conta da moto.
Nós ainda precisamos -Deixa, vem se preparar,
Roubar a moto de alguém! Se der, depois eu saboto.

-Só precisa de uma moto. - Mas eu tenho uma fofoca...


Vai ser de dupla a corrida. Descobri quem vai com ela
-Então eu vou pilotar, O tal do contrabandista!
Pois você está proibida! -Que festival de banguelas!

Depois do que você fez Anda, bota o capacete


Vai quietinha na garupa. Que eles vão dar o sinal.
Vou te ensinar a correr. -Espero ficar com ele
-É isso que me preocupa. Até chegar ao final.

-Olha lá, não é uma moto? Me lembrei de uma corrida


-Por que tá parada ali? Que era de dupla também.
-Ah, pra pararem na estrada, Ganhamos, só que passamos
Ou é cocô ou é xixi. Pela faixa a mais de cem.

-Então freia. Mais pra perto. Seguimos reto na curva,


Tá com a chave aqui também! Atravessamos o muro,
Vamos montar bem depressa Na hora pensei num filme:
Enquanto não vem ninguém! “De volta para o futuro”

-Será que fizemos certo Enquanto se segurava,


Deixando a caminhonete? Seu capacete soltou,
-Eu obstruí a ignição Veio parar nos meus dentes,
Com um pedaço de chiclete. Minha arcada se espalhou.

Ainda falta meia hora Por isso, precocemente,


Pra corrida começar. Eu tenho essa dentadura.
-Ótimo, estamos no prazo, Foi feita por um pedreiro
Acabamos de chegar! Que deixou uma abertura.

96
Ainda falei, mas seu Zé, -Você, Emília, top model?
É dentadura e não casa Tendo essa cara de ameixa?
Por que é que deixou essa porta? Você só não come mais
Agora o que eu como, vaza! Porque a prótese não deixa.

-Chega, Aurora, cala a boca! -Vixe, olha lá a nossa tia!


Nós não temos o dia inteiro! Acabou de ultrapassar!
Presta atenção na titia Olha só, o contrabandista,
E naquele muambeiro. Querendo comemorar.

Agora é concentração... -Encosta neles Emília!


Vamos! Foi dada a largada! Me empresta a sua botina.
Ai, garota, o que que é isso? Vou dar um cacete nele
Aurora, que presepada! Pra subir a adrenalina.

Burra, você sabotou -Tem que bater na titia.


A moto da nossa frente. Ela que está dirigindo!
Atropelei a mocinha! -A mamãe não vai gostar.
-Ela que foi displicente. -Mas ela não tá assistindo!

Cair com a perna esticada “-Não desrespeitem os mais velhos.”


Numa pista de corrida -Nunca cansa de falar.
Cujo prêmio é andar de carro -Mais velhinhos que nós duas
De bombeiro na avenida? Tem poucos pra respeitar.

-Que garota sem noção! Cá pra nós, com a nossa idade,


E eu não pude fazer nada. Mais velha, tem só a titia;
Depois que eu ganhar o prêmio, E só um desrespeitozinho
Vou processar a danada! A gente bem que podia...

-“Nós” ganharmos o tal prêmio! -Então chega de falar,


Não se esqueça, se eu quiser Pé na tábua minha filha!
Jogo o corpo pro outro lado. A gente vence a titia
-Você não é besta, mulher! E desmancha uma quadrilha!

Se jogar, caímos juntas Porque do contrabandista,


E o nosso prêmio já era. Não precisamos ter pena.
Você, gorda, vai rolar Vai ser tanta humilhação
Mas eu vou pra estratosfera. Que ele vai sair de cena.

Estou magrinha, top model “Bora”, “bora”, tá encostando...


E a única desvantagem Estamos quase no fim...
É que um impulso pequenino Já que essa é a última volta.
Se transforma em uma viagem. Vai com tudo, manequim...

O meu corpo é tão levinho... -Ao invés de debochar,


O vento ainda empurra mais. Por que não presta atenção?
Vou parar um pouco longe, Você não me ajuda em nada,
Sei lá, sou frágil demais. Me tira a concentração!

97
-Você viu o que você fez? Viva, viva, conseguimos!
A moça ainda estava lá; Nós ganhamos a corrida!
Passou nos dedinhos dela; Corre, corre que os bombeiros
Não ouviu ela gritar? Vão salvar a nossa vida!
-Pensei que fosse você -Vão salvar nos dois sentidos.
Gritando um viva por nós. Queimei metade da bunda!
Ultrapassamos titia, -Capitão, aqui tem tina?
Nossa moto é mais veloz! E rasa? Que Emília afunda!
- Eu nem precisei bater? Viva, vitória, vitória!
Ufa, assim mamãe não briga. Esse carro não é lindo?
E, não sei, bater em tia... -Se eu não tivesse na tina
Sei lá se Deus me castiga. Também estaria curtindo.
-Por falar em nossa moto, -Não vai reclamar agora.
Você desacelerou, Nós ganhamos a corrida!
Pude ver na arquibancada -Mas titia vem aí,
Os dois que a gente roubou. Se juntou com os homicidas!
Estavam lá, os dois juntinhos. -Também não são tão homicidas...
-Tavam torcendo pra gente? Roubamos eles na estrada!
-Pra gente se espatifar, -Mas tão vindo nos matar,
Vieram ver pessoalmente! Vai ver deram uma surtada.
-Se ganharmos a corrida, E vão nos denunciar,
Corre logo pros bombeiros. Confiscar nosso troféu.
Assim temos proteção -Se chegarem muito perto,
Contra esses dois pistoleiros! Nós fazemos um escarcéu.
Não estou vendo mais titia -Bombeiros, vamos mais rápido,
Pelo meu retrovisor. Ela está passando mal!
-Porque nos ultrapassaram, Dá pra ligar a sirene
Deram um jeito no motor! Pra afastar o pessoal?
Também vou usar o meu truque -Vamos sair da cidade,
Que faz você correr mais. Precisamos respirar.
-Aurora, não estou gostando, Esses fãs são sufocantes,
Não faz besteira aí atrás! Sei lá se vão nos rasgar.
Uau, estou pegando fogo!
-Então acelera abestada!
Quando cruzarmos a faixa,
A tocha vai ser tirada.

-Aurora, vou te matar!


Ui, socorro, eu estou ardendo!
-Olha pra frente, dramática!
Estamos quase vencendo!

98
Estão vendo aquela moto
Que está caída no posto?
Podem pegá-la pra nós?
Nos dariam tanto gosto...

Isso, coloca aqui em cima.


Vamos virar pra direita?
-Muito obrigada, meninos.
E daqui a gente se ajeita.

Podem voltar pra cidade, CONHECENDO ANA ANAISSI


Deixa a moto aqui caída.
Já vamos nos preparar
Para a próxima corrida.
Ana Anaissi, ca-
Emília, mais um troféu! rioca, vivendo
Nós não somos geniais? em Brasília des-
Sempre somos vencedoras de 1970, é artis-
E nem moto temos mais! ta plástica, com-
-Ah Aurora, que pecado! positora, ilustra-
Nossa moto é uma carcaça dora e escritora.
Mas faz parte do cenário Tem um site
Pra termos tudo de graça. chamado Alma
Totem histórias
-Vem Emília, estica o braço, a granel, que foi inaugurado recente-
Lá vem uma caminhonete.
mente, onde divulga seus trabalhos.
Faz cara de quem caiu.
Vamos ganhar mais um frete!

-Pra onde as senhoras tão indo?


-Para a próxima cidade.
A moto caiu com a gente
Na maior velocidade.

-Quer dizer que aquela moto


Destruída lá na estrada...
-Era nossa sim senhor
Pintura de Jelly Watson

Só que deu uma derrapada...

99
Po_m[ Etíli]o

Por Angela Costa

Sobre o álcool, sei que é uma alquímica mistura de carbono, água e símbolos.
Sei que é algo quimicamente transmutável em comportamento.
Causa e consequência de nascimentos e mortes.

Sobre a dor, sei que não cabe em copos de licor.


Corre talvez pelas mesmas veias da embriaguez, ue alimentam o lado cerebral
da paixão.

Sobre a paixão, sei que é uma questão de detalhes,


um mistério a princípio, um copo de dor no cotidiano.

Sobre os detalhes do cotidiano, talvez o álcool ajude às vezes...

A ngela Costa: Vivo entre a ciência e a


arte - não consegui aceitar os limites
entre ambas. Prefiro pensar que integram a
"Magia".

http://www.angelacosta.recantodasletras.com.br/

100
AMAR COMO A PRIMEIRA VEZ

Por Amarilis Pazini Aires

Quero a minha alegria de volta


Correr solta pelos campos
Esperar a lua nascer
E o dia amanhecer.

Ler as palavras suaves de amor


Deixadas no pedaço de papel
Largado no canto especial
Onde só eu sei encontrar.

Quero o olhar doce


Refletindo o brilho
Da paixão desperta
Do toque de mãos suaves.

Quero olhar as estrelas


E chorar de emoção
Esperando o momento
Ao som de uma apaixonante canção.

Quero viver de novo


A emoção de amar
Tremer o corpo todo
Na ansia do encontro.

Eu quero amar
Como a primeira vez
Na descoberta inocente
Que ele dure eternamente.

101
VERSOS PERTURBADOS

Por Alessa B

Passa em tropel febril a cavalgada


Das paixões e loucuras triunfantes!
Rasgam-se as sedas, quebram-se os diamantes!

(Florbela Espanca)

Qual vela acesa num altar sagrado


Ardo na penumbra oca do teu sonho,
Sou o teu desejo casto e malogrado,
Teu medo taciturno e mais medonho.

Comigo teu eu demente e perturbado,


Perpassa cada verso que componho…
Sou teu chamado quente e desastrado,
Na esfera do teu sono mais bisonho!

És o meu canto louco em pensamento,


O soluço delirante em meu ouvido,
Um mosaico agastado e marulhento,

Vagando no limite dos sentidos.


Sou das ânsias tuas o sacramento,
És da doce angústia minha o aldeído.

102
CONHECENDO: ALESSA B.

Apaixonada pela Literatura desde sempre, descobriu a Poesia aos 14 anos, quan-
do então passou a exercitar a arte dos versos por conta própria. Tem como seus
ícones e espelhos na poesia mundial, poetas como: Camões, Vinicius de Moraes,
Álvares de Azevedo, Bocage, Gonçalves Dias, entre outros. Vem acumulando
menções honrosas e posições de destaque em concursos literários pelo país. Po-
de ser encontrada nos seguintes endereços:

E-mail:
ale-bertazzo@hotmail.com

Alquimia, Arte & Poesia


http://transversu.blogspot.com/

Recanto das Letras


http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=63043

Lançada no mês de maio em Laguna, S.C., a


antologia TÃO LONGE, TÃO PERTO, organiza-
da pelo escritor lagunense J. Machado, com a
participação de escritores de diversas regiões
do Brasil,.

A capa é de Maria de Fátima Barreto Michels, a


Fátima de Laguna, poeta das lentes e da pena.

Mais um sucesso literário a ser apreciado!

103
A origem da iguaria é incerta. Especula-se que
surgiu, no século 18, nas fazendas de Minas
Gerais e Goiás, quando as cozinheiras a pre-
paravam para servir aos senhores, mas se tor-
nou popular no Brasil a partir da década de 50.
Naquela época, não se imaginava que o pão
de queijo fosse ultrapassar as fronteiras “das
 4 copos(americanos)de polvilho Minas Gerais”, muito menos que ganharia o
doce (500g) mundo, tornam-se marca de empresas famo-
 1 colher de (sopa) fondor maggi sas.
ou sal a gosto
 2 copos de (americano)de leite Feito em casa, em quitandarias ou em escala
(300ml) industrial, não importa. A receita tradicional é
 1 copo (americano) de óleo (150 única. Leva leite, óleo, ovos, sal, queijo-de-
ml) minas ralado e polvilho. Mas cada um tem lá o
 2 ovos grandes ou 3 pequenos seu segredinho de sucesso.
 4 copos (americano) de queijo mi-
nas meia cura ralado Combinação cai bem com diversas bebidas
óleo para untar e acompanhamentos
Se mineiro come quieto, pão de queijo come-
se quente porque é impossível deixá-lo esfriar
e parar no primeiro. Eles vão bem no inverno e
Modo de Preparo: no verão, com café preto, como manda a tradi-
ção mineira, com chocolate quente, refrigeran-
1. ar o polvilho em uma tigela gran-
de tes, sucos, chá e para alguns até com cerveja.
2. à parte, aquecer o fondor, o leite Qualquer bebida é boa companhia e qualquer
e o óleo lugar é lugar para saborear um bom pão de
3. Quando ferver escaldar o polvilho queijo simples ou com recheio.
com essa mistura, mexer muito
bem para desfazer pelotinhas Entre pães de queijo clássicos, nos quais a
4. Deixe esfriar massa é escaldada, amassada com as mãos e
5. Acrescentar os ovos um a um, moldada em forma de bolinhas, existem outras
alternando com o queijo e sovan- opções para quem deseja variar o sabor. Lêda
do bem após cada adição sugere os temperados com salsinha, cebolinha
6. Untar as mãos com óleo, se ne- e até mesmo presunto picadinho. “Esses com
cessário sabores diferentes têm grande aceitação”, (...)
7. Enrolar bolinhos de 2 (cm) de diâ- Eles também vêm recheados com requeijão,
metro e colocá-los em uma assa- frango, cheddar e viram sobremesa quando
deira untada acompanhados de doce de leite. (...)
8. Levar ao forno médio (180º), pré-
quecido
Assar até ficarem douradinhos
Texto: http://www.correiodeuberlandia.com.br

http://tudogostoso.uol.com.br

104
Todos os textos publicados no
Varal do Brasil receberam a apro- Se você não leu os
vação dos autores. números anteriores,
É proibida qualquer reprodução peça através do nosso
dos mesmos sem os devidos e-mail ou faça downlo-
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das obras, por favor entre em
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imagens que encontramos na in-
ternet sem créditos, faça-nos sa-
ber para que divulguemos o seu
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Os textos dos escritores


brasileiros e/ou portugueses que
aqui estão como convidados es-
peciais foram retirados da inter-
net.

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do VARAL DO BRASIL visite
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Editar um livro depende muito da forma que você deseja que ele seja editado. Se
deseja que seja feito por uma Editora já conhecida ou mesmo pequena ou por con-
ta própria.

Procurar uma editora nem sempre é uma tarefa simples. Você deverá verificar, pri-
meiramente, o tipo de editora que poderia se encaixar melhor no seu estilo. De-
pois, vem o envio de manuscritos ou arquivos para que sejam examinados pelos
responsáveis das mesmas e que decidirão se você é um candidato que eles vão
“bancar” ou não. No caso de resposta afirmativa prepare-se para ceder boa parte
dos seus direitos autorais, decisão quanto à impressão, capa e etc..

Há muitas editoras na internet que não demandam os direitos autorais, cobrando


apenas pela impressão ou colocação online no ca-
so do livro ser digital. Neste caso você terá que en-
viar seu arquivo tendo em vista o tipo de impres-
são, a quantidade de exemplares, formato do livro,
formatação do arquivo para tal, tipo de papel para
capa e interior, capa (colorida ou não, brilhante ou
não), número de exemplares, etc.

Há artigos especializados que mostram as regras


básicas para a diagramação de um livro para que
ele seja feito dentro das normas. Este é um serviço que também é oferecido por al-
gumas empresas, assim como a confecção da ficha catalográfica.

É muito importante, seja qual for a forma que você decidir editar, de registrar o seu
livro (ISBN). Este registro pode ser feito no Brasil através da Biblioteca Nacional
(http://www.bn.br) e na Suíça nas Agências ISBN vinculadas à Biblioteca Nacional
Suíça (http://www.nb.admin.ch/nb_professionnel/issn/00660/index.html?lang=fr) .
Este registro é o que lhe garante os direitos autorais.

Procure conversar com que já editou, discuta com pessoas que desejam editar, tro-
que idéias. A melhor maneira para um nem sempre é para o outro mas o a experi-
ência com certeza será o que há de mais valioso no caminho de sua edição ou auto
-edição.

Boa sorte!

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