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Resumo: o objetivo deste trabalho é fazer a exposição dos esboços da teoria do valor
empreendidos por Adam Smith e, por outro lado, uma leitura da teoria dos preços:
delimitando a teoria dos preços de mercados e dos preços naturais. O trabalho empreendido
aqui, de certa forma, busca uma releitura da teoria dos preços, pois circunscreve, através do
respaldo bibliográfico e matemático, a teoria dos preços além da exposição de Smith.
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Graduando em Economia pela Universidade Estadual de Goiás (Câmpus de Ciências Sócio-Econômicas e
Humanas). Gmail: luizpaulolocke@gmail
Para ilustrar a problemática da constituição do valor nas sociedades primitivas, é só
imaginar o clássico exemplo da caça: dado o valor de dois cervos, aquele que incorporou
maior tempo de caça, ou seja, maior trabalho, necessariamente terá maior valor.
Analiticamente, então, podemos expressar os preços relativos:
Pm lm
Pμ = lμ (1)
Onde, como bem lembra Enrico Bellino, em Appunti delle lezioni di Analisi
economica2, P m/P μ indicam o preço relativo da mercadoria m expresso em termos da
mercadoria μ , enquanto lm e lμ indicam as quantidades de trabalho incorporado,
respectivamente, nos bens m e μ . Lembrando que, nas sociedades primitivas e rudes, os
preços relativos são expressos sem a determinação das taxas de lucro e renda, pois são
inexistentes.
Derivando também a distribuição de renda em: lucros para aplicação de capital que,
no longo prazo, é equalizado pela concorrência intra-capitalistas em lucros uniformes, a
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BELLINO, Enrico. Appunti delle lezioni di Analisi economica. A.A. 2006-2007, p. 21.
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BELLUZO, Luiz Gonzaga de Mello. Valor e capitalismo um ensaio sobre economia política. São Paulo:
Brasiliense, 1980, p. 29.
renda fundiária para os proprietários de terras e o salário para os trabalhadores; sendo que,
para Smith, assim como para boa parte dos teóricos da economia política clássica, o salário
dos trabalhadores é o salário de subsistência: Smith saw such subsistence not as a biological
minimum but as a social one varying among nations ( BREMS, 1991, p. 16). Isto é, dada às
variações sociais de nível de subsistência entre as nações, a poupança do trabalhador (Ws)
será sempre igual ao salário recebido (W) subtraído do consumo do trabalhador (Wc), que é
igual a zero4:
Ws = W − Wc = 0 (2)
Portanto, neste novo contexto, não há mais uma estrita correspondência entre o
valor do trabalho e o valor do produto do trabalho, aliás, a soma dos três fatores
distributivos, pagos em níveis naturais, formam os preços naturais. Trata-se, pois, como
salienta Carcanholo (CARCANHOLO, 1991, p. 197), de uma teoria dos preços pelos
componentes e não uma teoria do valor-trabalho como normalmente é entendida6. Sendo,
não muito raro, colocado pelos críticos como uma mera teoria dos preços contábeis através
dos custos de produção. Porém, deixando esse debate para um momento mais oportuno;
como foi mencionado até aqui, todos os preços são redutíveis ao somatório da tríade
distributiva: os três fatores ou remunerações são, portanto, componentes tanto do preço
natural quanto do preço de mercado. De forma simplificada temos, então, P os preços de
unidades m de mercadorias no qual W m, Km, Rm, respectivamente, são os níveis naturais
de Salário ( W ), Lucro ( K ) e Renda ( R) :
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A simplificada equação, apenas para melhor visualização, não está levando em consideração as ações do
governo (G), ou seja, é um modelo fechado sem intervenção do governo. Sendo os salário ante factum.
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Há um longo debate sobre o tema entre os comentadores da obra de Smith, pelo curto espaço de tempo e para
não fugir do tema proposto como ponto axial, não abordaremos o assunto, para melhores detalhes consultar a
referência bibliográfica.
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Para mais detalhes consultar a bibliografia referente ao Carcanholo.
II- Conclusão: Preço Natural e Preço de Mercado
Importa observar que o valor real dos diversos componentes do preço é medido
pela quantidade de trabalho que cada um deles pode comprar ou comandar. O
trabalho mede o valor não somente daquela parte do preço que se desdobra em
trabalho efetivo, mas também daquela representada pela renda da terra, e
daquela que se desdobra no lucro devido ao empresário. Em toda sociedade, o
preço de qualquer mercadoria, em última análise, se desdobra em um ou outro
desses três fatores, ou então nos três conjuntamente; e em toda sociedade mais
evoluída, os três componentes integram, em medida maior ou menor, o preço da
grande maioria das mercadorias (SMITH, 1996, p. 103)
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Preferimos utilizar uma nova nomenclatura e deixar de lado o típico sentido pejorativo atribuído pela ‘’mera
soma dos três componentes do preço’’. Para mais detalhes: DOBB, Maurice. Theories of value and distribution
since Adam Smith. Cambridge, Cambridge University Press, 1973, p. 46.
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Fonte do gráfico I: http://areadocenti.eco.unicas.it/nistico/Smith2007.pdf
Portanto, dado que os preços de mercado gravitam em torno dos preços naturais:
um aumento da demanda efetiva D e acima da quantidade Q 1 ofertada, em concorrência,
os preços de mercado P m seriam superiores aos preços naturais P n (como expresso no II
quadrante: Q 1 < D e ⇒ P m > P n ). E, em sentido contrário, um aumento da quantidade
Q 2 ofertada acima da demanda efetiva D e , em concorrência, os preços de mercado P m
seriam inferiores aos preços naturais P n ( como expresso no IV quadrante: Q 2 > D e ⇒
P m < P n ). E, como foi exposto anteriormente, o ponto de interseção entre preços naturais
e preços de mercado ( Q 2 = D e ⇒ P m = P n ), seria o ponto em que o preço do produto,
os preços naturais reais, remunerando os componentes distributivos às taxa naturais, seriam
iguais aos custos de produção:
Consequentemente:
(...) o preço natural é como que o preço central ao redor do qual continuamente
estão gravitando os preços de todas as mercadorias. Contingências diversas
podem, às vezes, mantê-los bastante acima dele, e noutras vezes, forçá-los para
baixo desse nível. Mas, quaisquer que possam ser os obstáculos que os impeçam
de fixar-se nesse centro de repouso e continuidade, constantemente tenderão
para ele (SMITH, p. 111-112).
Referência bibliográfica:
BREMS, Hans. The microeconomics of the price mechanism. College of commerce and
Business Administration University of Illinois: Urbana-Champaign, 1991.
DOBB, Maurice. Theories of value and distribution since Adam Smith. Cambridge,
Cambridge University Press, 1973.
HURTADO, Jimena. La teoría del valor de Adam Smith: la cuestión de los precios
naturales y suas interpretaciones. Cuadernos de Economía. V. XXII, Nº 38, Bogotá, 2003,
p. 15-45.
SMITH, Adam. An inquiry into the nature and causes of the wealth of nations. Reprint.
Originally published: Oxford: Clarendon Press, 1979.
SMITH. Adam. Investigação sobre a natureza e a causa da Riqueza das Nações. São
Paulo: Editora Nova Cultura, 1996.