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Controle endócrino do metabolismo energético

por Fábio Dias Magalhães, texto complementar para o Curso Por Dentro

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A glicose é componente de polissacarídeos como amido, glicogênio, celulose e quitina,


entretanto apenas o amido e glicogênio são digeridos no corpo humano, liberando glicoses.
Após a alimentação, a glicemia aumenta, o que induz a produção de insulina. Esse hormônio
estimula a captação de glicose pelos hepatócitos e miócitos , e o armazenamento na forma de
glicogênio (glicogenogênese ) e lipídeos (lipossíntese). Dietas hipercalóricas levam
a aumento dos lipídeos corporais.
A glicólise é uma evidencia evolutiva, já que todas células a realizam (aeróbicas ou
anaeróbicas). Ela é um processo comum à respiração aeróbica, fermentação e é essencial a
síntese de lipídios a partir da glicose.

A respiração aeróbica é mais eficiente que fermentação, por apresentar maior saldo
energético. Já a fermentação é um processo rápido de obtenção de ATP. Atividades como
musculação são predominantemente anaeróbicas, por causa da demanda rápida de ATP. A
fermentação em humanos produzem lactato, que é reciclado em glicose no fígado (ver figura
ao lado).

Questão sobre metabolismo energético


(Uerj 2005) As células de nosso organismo metabolizam glicídios, lipídios e proteínas usados
para fins energéticos ou para sintetizar componentes de sua própria estrutura. O esquema
adiante apresenta algumas etapas importantes do metabolismo energético no fígado.
a) Suponha uma dieta alimentar cuja quantidade de carboidratos ingerida esteja acima da
necessidade energética média de uma pessoa. Dentre as etapas metabólicas apresentadas,
cite duas que devem ser ativadas para promover acúmulo de gordura no organismo dessa
pessoa.

b) Nomeie um hormônio que seja capaz de induzir o processo de gliconeogênese no fígado e


indique onde esse hormônio é produzido.

Respostas:
a) 3 (glicólise) e 7 (síntese de ácidos graxos) b) Um dentre os hormônios e respectivo local de
produção: - adrenalina - medula da supra-renal ; glucagon - pâncreas ;- glicocorticóides -
córtex da supra-renal

Reservas energéticas
As reservas energéticas do corpo são feitas pelo glicogênio e lipídeos. Os lipídeos representam
uma reserva mais compacta.Isso porque cada grama de lipídeo libera o dobro de energia que
uma grama de carboidrato.E, ainda, por serem apolares, uma reserva lipídica é desidratada.
Compare a estrutura química do glicogênio e triglicerídeo.RESPONDA: Como relacionar o
fato do lipídeo ser uma reserva mais compacta com a sua estrutura carbônica?
Triglicerídeo:
Lipídeos são reservas mais compactas, por serem apolares ( e por isso não reterem água) e
por oferecerem mais calorias por grama, comparado a um carboidrato. Compare duas refeições
com o mesmo número de calorias, mas uma rica em carboidrato e outra em lipideo:
Proteínas são fonte, mas não reserva de
energia
Proteínas são fonte de energia, porém não são reserva de energia. Isso quer dizer que
não são mobilizadas para uso futuro. Toda proteína cumpre uma função e se essas são usadas
como fonte de energia, existe um prejuízo de sua função. Por exemplo,pode ocorrer perda de
massa muscular levando a constipação (prejuízo da musculatura lisa) e insuficiência cardíaca
(prejuízo da musculatura cardíaca).

Metabolismo da inanição
A ingestão hipocalórica leva ao uso das reservas: glicogênio e lipídeos. A reserva
hepática de glicogênio é a primeira a ser depletada, o uso de gorduras é aumentado. Se o
quadro persiste, proteínas são utilizadas como fonte de energia, prejudicando, assim as
funções desempenhadas por elas .
Com isso, as células intensificam a autofagia, ocorrendo perda de massa muscular,
com prejuízo do peristaltismo e podendo levar a insuficiência cardíaca. Esse quadro em que a
proteína corpórea passa a ser a principal fonte de energia do corpo caracteriza o metabolismo
da inanição.
Esses fenômenos são estimulados pelo glucagon, que induz
a glicogenólise, lipólise eproteólise. Esses dois últimos fornecem reagentes para outro
processo estimulado pelo glucagon: a gliconeogênese, ou seja, produção de glicose a partir de
aminoácidos e glicerol. Lembre que o cérebro depende de glicose, e essas ações tentam
regularizar a glicemia.

Marasmo e Kwarshiokor
São duas formas de desnutrição graves, sendo o marasmo chamado de desnutrição
seca e o Kwarshiokor de desnutrição úmida (por apresentar edema).
No Marasmo há grave deficiência de calorias, especialmente carboidratos. Assim,
os processos de gliconeogênese, lipólise e proteólise predominam , ocorrendo intensa redução
de massa muscular.
O nome africano Kwarshiokor significa “aquele que foi colocado de lado”, ou seja, uma
criança foi deixada de lado na amamentação por conta de um novo bebê. Assim, a restrição
nutricional é protéica, normalmente há ingestão de carboidratos, por exemplo, pela farinha.
Assim, existe uma informação confusa para o sistema endócrino: o carboidrato estimula a produção
de insulina, um hormônio que estimula armazenamento. Entretanto, a criança vive uma situação de
restrição. Como resultado, a insulina reduz a proteólise no músculo. Dessa forma, a perda
muscular é menor do que no marasmo. Entretanto, a falta de aminoácidos prejudica a
produção de albumina, reduzindo a pressão osmótica, levando a extravasamento de líquido
dos vasos e edema. (Lembre, da aula do sistema circulatório, que o liquido que se mantém no
vaso é resultado do equilíbrio da pressão osmótica e da pressão sanguínea. Se a pressão
osmótica – ou oncótica- é reduzida por conta da diminuição de solutos-no caso albumina- há
extravasamento de liquido e edema).

Acompanhe, no quadro ao lado, o processo do marasmo. Na fome, há baixo nível de


insulina e alto nível de cortisol ( e glucagon). Ocorre proteólise e com isso redução de massa
muscular e da gordura subcutânea. A proteólise e a lipólise liberam, respectivamente,
aminoácidos e glicerol, que são usados na glicogeogênese, levando a liberação de glicose. A
glicose fornece energia para o sistema nervoso, os aminoácidos restantes são utilizados nas
sínteses protéicas e os ácidos graxos, também produto da lipólise, são fonte de energia para
os outros tecidos. Assim, o marasmo é uma adaptação metabólica a um regime de
economia energética.
Assim,no marasmo, os aminoácidos são liberados através da proteólise, que
ocorre graças a uma taxa reduzida de insulina (já que a ingesta de carboidratos é baixa).
No Kwarshiokor não é assim, por que existe ingestão de carboidratos.
Acompanhe no esquema ao lado. No Kwarshiokor a dieta é pobre em proteínas,
mas nela existe carboidrato. Isso eleva a glicemia após a alimentação (glicemia pos-
prandial). Como conseqüência, existe um sinal confuso: a insulina é hormônio de
armazenamento, mas a situação é de restrição. A insulina estimula a síntese protéica,
mas a situação é de falta de aminoácidos e de necessidade de proteólise, processo que a
insulina inibe. Como conseqüência, há preservação de massa muscular e tecido
adiposo. O fígado deixa de ser abastecido de aminoácidos, não produzindo
lipoproteínas de transporte (apoproteinas) nem albuminas. A redução de apoproteínas
leva ao estoque de gorduras no fígado (fígado gorduroso). A redução da produção de
albumina leva a diminuição da pressão oncótica que tem como conseqüência o edema.

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