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2 Arte


Sumário do Volume
Artes
1. Arte: conceito, reflexões 5
1.1 O tema, o belo 6
1.2 A arte no tempo e a sua compreensão 7
2. Egito 13
3. Grécia 20
4. Roma 30
5. A Idade Média 44
5.1 Arte bizantina 44
5.2 A arte românica 49
5.3 A arte gótica 51
Arte 3

Sumário Completo
VOLUME 1

1. Arte: conceito, reflexões


2. Egito
3. Grécia
4. Roma
5. A Idade Média

VOLUME 2

6. Arte Islâmica
7. Renascença
8. Gravura
9. Barroco
10. Fotografia
11. Neoclassicismo
12. A Missão Francesa no Brasil
13. Romantismo
14. Realismo
4 Arte

Arte 5
Arte: conceito, reflexões

1. Arte: conceito, reflexões

História de Arte - H. W. Janson


Os objetos artísticos são resultantes de uma elaboração
e reflexão do artista a partir do seu contato primário
com a realidade; portanto carregam significados.
Através de sua obra, ele acrescenta conhecimentos ao
universo cultural do seu tempo, atribuindo-lhe novos
significados.
Aranha e Martins, 1994.

Isso é arte? Por quê? Afinal, o que é arte?


Podemos afirmar com certeza que a Cabeça de Touro
é uma obra de gênio, é arte. Picasso, ao criá-la, fez uma
associação única: usou um selim e um guiador de uma
bicicleta velha, sugerindo uma cabeça de touro.
O que parecia não ter qualquer relação, a
imaginação e a criatividade do artista relacionam, Pablo Picasso - Cabeça de Touro, 1943. Moldagem
dando à obra nova forma. Trata-se de um exemplo em bronze de partes de bicicleta. Alt. 0,41 m.
Galerie Louise Leris. Paris.
típico de como a criatividade dá forma material a uma
ideia.
      Marcel Duchamp, artista francês, figura das
Disponível em: <http://upload.wikimedia.org>. Acesso em: 30 ago. 2012.

mais influentes da arte moderna, radicaliza a noção


do que é arte, ou melhor, do que é constituída a arte.
     Cria os famosos objetos chamados ready-made, ou
“arte pronta”.
      Para Duchamp não importava a criação, o ato de
fazer, mas sim a ideia, a escolha do objeto.
      Seu ready-made mais famoso e polêmico foi um
mictório de porcelana, comprado por ele numa
firma de materiais de encanamento. Esse objeto
foi assinado por ele com o pseudônimo de R. Mutt
e intitulado A Fonte, participando da exposição
dos Independentes, em Nova York em 1916.
Essa assinatura, R. Mutt, foi inspirada em Mutt e Jeff,
personagens de histórias em quadrinhos da época. O
R. significa “Richard”, em francês, pessoa rica.
      Esse pseudônimo também é uma alusão ao nome
da empresa onde comprou o mictório, a “Mott Works”.
Marcel Duchamp - A Fonte , 1917.
Ele troca o “o” pelo “u” (Mott - Mutt).
Quanto ao título A Fonte, o que se deduz é que
tenha associado a ideia da função da peça de porcelana
com as fontes de jardins, onde o chafariz é um cupido ou querubim.
A ideia de tirar um objeto comum de seu cenário habitual e colocá-lo num contexto novo e incomum
desperta um novo olhar sobre ele, cria um novo conceito, transformando-o numa obra de arte.
De acordo com Marcel Duchamp, a concepção da obra de arte é mais importante que o produto acabado.
Seus trabalhos revolucionaram a arte convencional e influenciaram vários artistas e movimentos, como o
Dadaísmo e o Surrealismo.
6 Arte
Arte: conceito, reflexões

Definindo arte - Diríamos que arte é um objeto


estético (uma criação humana) feito para ser visto e A beleza de uma obra de arte, seja um quadro ou
uma escultura, não reside realmente na beleza do
apreciado pelo seu valor intrínseco. A necessidade seu tema, e sim na maneira como foi concebida.
de fazer arte é exclusivamente humana. Só o Nossa tendência natural é gostar daquilo
homem é capaz de usar a imaginação para contar que entendemos com facilidade, daquilo que nos
histórias, pintar, esculpir, etc. é óbvio. O problema é que gostos e padrões de
beleza variam muitíssimo entre países, povos e
As artes e as ciências são aspectos do pessoas.
desenvolvimento da mente humana no concreto.
A arte forma a realidade usando a matéria de

A História da Arte - E. H. Gombrich


acordo com uma concepção estética. Transmite
nossa percepção através de símbolos, permite-
nos apresentar, de um modo novo, pensamentos
complexos e compreender melhor o real,
analisando, estabelecendo relações e estimulando
reflexões, através do objeto artístico.
Um quadro sugere muito mais do que diz,
transmitindo novos e múltiplos significados e
estados de espírito.
A arte está sujeita ao gosto e aos conceitos
da sociedade que a cerca. É a nossa cultura que
condiciona o nosso gosto e as nossas opções.
Se quisermos compreender uma obra de
arte, é necessário que conheçamos o estilo e as
concepções de um país, de um período, para assim
entender a linguagem do artista, ou melhor, do
autor da obra.
Assim, a arte, como atividade inserida em um
PICASSO. Uma galinha com pintos. Ilustração para a
contexto histórico e social, e a vivência cotidiana História Natural de Buffon, publicado em 1942.
do artista têm uma importante relação com o seu
trabalho. A sensibilidade humana na forma de
A História da Arte - E. H. Gombrich
perceber, apreender e construir o real é a relação
do artista com o seu mundo.
Poderíamos dizer que as obras de arte são
arranjos formais, exprimindo atitudes emocionais.
Para produzirmos arte, são necessárias
determinadas capacidades, tais como: coordenação,
inteligência, personalidade, imaginação, criatividade
e sentimento estético.
Suas características especiais fazem da obra de
arte um objeto à parte, longe da vida cotidiana,
em museus, igrejas, galerias, etc.

1.1 O tema, o belo

Para um artista, qualquer tema nada


mais é senão uma oportunidade de
estudar o equilíbrio da cor e do desenho. PICASSO. Um galo novo. Desenhado em 1938.
Anteriormente propriedade do artista.
Whistler
Arte 7
Arte: conceito, reflexões

Nesses casos, vamos analisar a expressão, que é o que nos leva a gostar de uma obra ou detestá-la. Quando
um artista desenha ou pinta alguma coisa a sua maneira, fica sujeito a críticas das mais variadas. Se foge
da realidade tal como a vemos, não quer dizer que não tenha conhecimentos para desenhar corretamente.
Na obra que retrata a galinha com pintinhos, ninguém encontrará defeitos. A composição, a
movimentação, as imagens representam a realidade com expressividade e perfeição. O objetivo do artista
era ilustrar um livro de “História Natural” e, para isso, tinha que representar a realidade tal como a vemos.
Ao desenhar o galo, entretanto, seu objetivo era outro: mostrar sua agressividade, sua insolência.
Sendo assim, não se contentou em fazer uma mera reprodução física da ave, recorrendo à caricatura.

As obras de arte expressam um pensamento, uma visão do mundo e provocam uma forma
de inquietação no observador, uma sensação especial, uma vontade de contemplar, uma
admiração emocionada ou uma comunicação com a sensibilidade do artista. A esse conjunto
de sensações chamamos de experiência estética.
Oliveira e Garcez, Explicando a arte

Se quisermos realmente sentir uma obra, vivermos uma autêntica experiência estética, além de
conhecer o estilo e o período em que o artista produziu essa obra, é necessário que eduquemos nosso
olhar.
Olhar e ver – olhar o mundo como se o víssemos pela primeira vez, olhar com os olhos de estrangeiro
numa viagem de descoberta. Ver que o céu apresenta muitas outras cores além do azul e que a grama
nem sempre é verde. Tentar interpretar o olhar do artista, que sempre vê o mundo como uma novidade,
numa viagem de descobertas, sem ideias preconcebidas. Só assim “nos tornaremos capazes de captar a
banalidade do cotidiano humano, dando-lhe a poesia do instantâneo e da contemporaneidade”.
PEIXOTO, Nélson Brissac. Olhar do estrangeiro.

“Ser o olho que transforma o muro em nuvem.


Apoiar-se sobre o que há de mais leve, as nuvens e o vento,
e dirigir o olho para aquilo que só pode se revelar por uma visão indireta.
Capaz de – sem deixar de dar concreção e espessura às coisas
– subtrair peso do mundo.
“Retirar o peso” é transformar o mundo em paisagem.
Transformar tudo em luz.”
Nelson Brissac Peixoto no livro Paisagens Urbanas, pg. 41.

1.2 A arte no tempo e a sua compreensão

A história da arte em seu todo não é uma história de progresso evolutivo em aperfeiçoamento técnico na
maneira de representar a realidade, mas muito mais uma história de ideias, concepções e necessidades em
permanente evolução.
Ao analisarmos as obras de arte, ao longo da história, notamos que os temas usados pelos artistas são,
muitas vezes, repetidos em várias épocas e de muitas maneiras.
Se o que distingue a arte do artesanato é a originalidade, essas obras são ou não obras de arte?
O que teremos de analisar não é o fato de ser ou não original determinada obra, e sim estabelecer com
precisão o grau de originalidade alcançado. Quando um artista usa uma obra como modelo, ele não está
realmente copiando, querendo uma réplica. Ele o faz para se instruir, às vezes copiando com rigor, mas
transmitindo o seu próprio e inimitável ritmo.
Então, podemos dizer que o artista representa (portanto não copia) a outra obra.
A relação entre duas ou mais obras de arte acontece com certa frequência.
8 Arte
Arte: conceito, reflexões

Vamos analisar uma obra que exemplifica claramente a tradição e os vários momentos dentro da história
de um mesmo tema.
Disponível em: <www.100besteverything.com>. Acesso em: 30 ago. 2012

ÈDOUARD MANET. Le Déjeuner sur l’Herbe. Óleo sobre tela, 2,13 X 2,44 m. Museu do Louvre, Paris.

Esse quadro foi enviado para o Salão dos Artistas Franceses em 1863 e recusado pelo seu júri. Foi
exposto no Salão dos Recusados e, mesmo assim, causou verdadeiro escândalo, parecendo uma obra
revolucionária, em parte pelo fato de o artista ter ousado representar uma mulher jovem despida, junto de
dois homens elegantemente trajados.
Ora, o nu já era usado na arte desde a época clássica na Grécia, então qual era a novidade?
Acontece que o nu era usado na antiguidade para representar divindades e, assim, sempre foi aceito,
porém Manet usou-o para mostrar pessoas comuns da sociedade parisiense num hábito familiar que era
o piquenique nos arredores de Paris. As pessoas ali representadas eram conhecidas: a jovem despida era
Victorine Meurand, modelo de Manet.
Os rapazes eram Eugène Manet, irmão do pintor, e Ferdinand Leenhoff, escritor e amigo do pintor.
A figura de fundo identificada como uma Vênus saindo da água foi inspirada na sua cunhada, também
artista plástica, Berthe Morisot.
A maneira de pintar também foi uma inovação: a construção por meio de extensões planas de tintas,
de cores francamente destacadas, dispensando os meios-tons.
Só passados muitos anos um historiador de arte descobriu a origem do grupo: uma gravura,
representando divindades clássicas, feitas segundo um desenho de Rafael.
      A relação, desde que foi apontada, passara despercebida, porque Manet não copiou, nem representou a
composição de Rafael, apenas tirou dela os traços principais, transpondo as figuras em termos modernos.
Arte 9
Arte: conceito, reflexões

Disponível em: <http://upload.wikimedia.org>.


Acesso em: 30 ago. 2012.
      
Manet não foi o único a se inspirar em Rafael.
Giorgione (pintor veneziano) mostra esse tema num detalhe de
Concerto Campestre (1505-1510).
A gravura O julgamento de Páris (cerca de 1520), de Marcantonio
Raimundi, tem um detalhe que mostra três figuras com a mesma
composição do desenho de Rafael, que, por sua vez, se inspirou num
grupo escultórico de um sarcófago romano.
Esses artistas formam elos de uma cadeia de relações que surgiu
no passado e que continuará a prolongar-se pelo futuro, pois o
Dejeuner sur l’Herbe também já serviu de modelo a trabalhos mais
recentes.

H.W. Janson, História da Arte.


Releitura de Picasso
“O conjunto dessas cadeias forma uma espécie de teia, a que damos
o nome de tradição, na qual cada obra ocupa um lugar específico.”
História da Arte – H.W.Janson. 5a edição. Editora Martins Fontes.

É a tradição e o passado, usando Janson como plataforma segura,


que permite ao artista dar rédeas à sua imaginação criadora e criar obras
originais refletindo seu pensamento e seu tempo.

Para mim não existe passado, nem futuro na arte.


Se uma obra de arte não vive sempre no presente,
está fora de questão. A arte dos gregos, dos egípcios
e dos grandes pintores que viveram noutras épocas
H.W. Janson, História da Arte.

não é uma arte do passado; talvez esteja hoje mais


viva do que nunca. A arte não se desenvolveu a partir
de si própria, mas as ideias dos homens mudam e,
com elas, a sua forma de expressão.
Pablo Picasso
Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com>. Acesso em: 30 ago. 2012.

Deuses Fluviais (pormenor de um


sarcófago romano), século III d.C. Vila
Médici-Roma.
Disponível em: <http://famouspeopleever.blogspot.com.br>.
Acesso em: 05 set. 2012

Pablo Picasso - (Málaga,


Espanha, 25 de outubro de
1881 — Mougins, França,
8 de abril de 1973), foi um
pintor, escultor e desenhista
espanhol.

O pequeno almoço na relva segundo Manet - Foi reconhecidamente um dos mestres da arte do século
Óleo sobre tela, 60 x 73 cm - Lucerna, Galerie Rosengat. XX. É considerado um dos artistas mais famosos e
versáteis de todo o mundo, tendo criado milhares de
trabalhos, não somente pinturas, mas também esculturas
e cerâmica, usando, enfim, todos os tipos de materiais.
Ele também é conhecido como sendo o cofundador do
Cubismo.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org>.
Acesso em: 5 set. 2012
10 Arte
Arte: conceito, reflexões

Exercícios de sala
1 Os artistas usaram em suas obras os mais diversos objetos do cotidiano ou não, criando novos
significados para suas imagens e novos objetos associando elementos variados numa só composição.
Fizeram colagens, assemblagens e esculturas com os mais diversos materiais, usando, às vezes,
técnicas diferentes numa só obra.
Dê asas a sua imaginação...
Crie uma obra com os recursos que temos na sala.

Observação: O professor deixará à disposição uma caixa contendo sucatas de diferentes objetos, peças de
aparelhos eletrônicos, caixas, latas, cordões, lãs coloridas, garrafas pet, papelão, revistas, colas, fitas adesivas, tesoura.

Ao escolher seu material, observe sua textura, sua cor, seu formato. Faça um objeto ou uma colagem.
Dê um nome ao seu trabalho.
Para concluir essa atividade, será feita uma exposição na própria sala, para que todos conheçam as
obras produzidas durante a aula. Cada aluno falará sobre seu processo de criação.

Arte Rupestre
A primeira forma de linguagem humana de que
História Univesal da Arte - G. Pischel

se tem notícia é a arte pré-histórica ou arte rupestre.


Antes da escrita, o homem (homo sapiens) já se
comunicava através de desenhos, pinturas e esculturas.
É a chamada escrita pictográfica, representando
ideias e fatos através do desenho.
Alguns desenhos têm técnicas “avançadas”
de pintura, dando sentido de profundidade,
movimento e policromia. Utilizavam-se os dedos
untados com argila, responsável pelas cores ocre e
vermelho, e carvão ou óxido de manganês (retirado
das rochas), responsáveis pelas cores negras. Como Combate entre arqueiros. Mesolítico. (Gruta de Morella la Vieja).
aglutinante, era usado gordura ou sangue de animais.
O homem pré-histórico também se dedicava à escultura, produzindo pequenas peças feitas de chifre.
Para esculpir, eram usados instrumentos de sílex, uma espécie de pederneira usada para fazer fogo.
Essas manifestações artísticas feitas no interior das cavernas, na maioria das vezes em lugares de difícil acesso,
nos atestam que as imagens pintadas ou esculpidas tinham significado mágico, religioso, e não decorativo. Essas
obras serviam a ritos mágicos, destinados a assegurar êxito nas caçadas.
O homem das cavernas não estabelecia uma distinção nítida entre a imagem e a realidade. Possuir a imagem
significava também o poder sobre o animal
História Univesal da Arte - G. Pischel

representado. A arte rupestre mostra a visão da


realidade, o ambiente do homem pré-histórico e
a sua consciência mágica do mundo.
As primeiras manifestações foram as mãos
em negativo e traços feitos no interior das
cavernas.
O artista preparava um pó colorido através
da trituração de rochas e usava como
instrumento um canudo de osso ou de
alguma planta. A mão era colocada na parede
da caverna, e o pó era soprado sobre ela.
A região em volta da mão ficava colorida, e
a parte coberta não. Assim, o resultado era a
silhueta da mão.
Arte 11
Arte: conceito, reflexões

História Univesal da Arte - G. Pischel


 

        

Bisão Ferido (pintura rupestre) 15 000 – 10 000 a.C. Altamira, Espanha.

      Essa pintura mostra um animal ferido que tomba agonizante e abaixa a cabeça para se defender das flechas
que lhe arremessam.
chel
l da Arte - G. Pis
História Univesa

000 a.C.
Vênus de Willendorf, 24 000 – 20
m. Mus eu de História
Touro Negro. Ma
dalense (Gruta Pedra. Alt. 0,12
de Lascaux). Natural, Viena.

Touro Negro é uma obra realista, admirável pela agudeza da observação, pelo traçado firme e pelos matizes
que dão volume e relevo às formas.
A escultura Vênus de Willendorf foi encontrada na Áustria e é considerada como fetiche da Fertilidade. Suas
formas, seios enormes e ventre protuberante, indicam a imagem de uma fêmea fértil. A cabeça é estilizada.
12 Arte
Arte: conceito, reflexões

Stonehenge, 2000 a.C. Diâm.


História da Arte - H.W.Janson do circulo 29,5 m. Planície de
Salisbúria, Wiltshire, Grã-Bretanha.
História Univesal da Arte - G. Pischel

É no período Neolítico ou da Pedra Polida


que começam a aparecer as primeiras construções
arquitetônicas, consequência do desenvolvimento
cultural do homem, que, de nômade, passa ao
sedentarismo. São dois tipos de construções: os
nuragues (moradias) e os dolmens.
O santuário de Stonehenge fica na Inglaterra
e até hoje não se sabe exatamente o porquê dessa
contrução. Na verdade, parece ser um calendário
astronômico muito preciso. Além de outras Aldeia pré-histórica de Barumini, na Sardenha.
particularidades, há uma pedra, que fica isolada desses
círculos concêntricos, que marca onde o sol nasce no
solstício de verão.
Na época neolítica, o homem muda seus
hábitos: dedica-se ao pastoreio, à criação de animais
e à agricultura. Sai das cavernas e passa a construir
suas casas, agrupando-as em aldeias. As cabanas são
geralmente circulares, com chão de terra batida, paredes
de treliça empastada de barro e coberta por ramos de
plantas, sustentada por um tronco central.

Pinturas rupestres encontradas em Tassili,


região do Saara (cerca de 4 500 a.C.).

Se a vida desses homens mudou, isso acontece também com


as suas pinturas, cujos temas agora são cenas da vida cotidiana
com: danças, plantios ou afazeres domésticos.
Arte 13
Egito

2. Egito
Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com>. Acesso em: 30 ago. 2012.

História da Arte - H. W. Janson

Saiba mais

Estilo
“O conjunto de elementos capazes de imprimir diferentes graus de valor às criações artísticas, pelo
emprego dos meios apropriados de expressão, tendo em vista determinados padrões estéticos. A feição
especial típica de um artista, de um ‘gênero’, de uma escola, de uma época de um tipo de cultura”.
Novo Dicionário Aurélio - Editora Nova Fronteira 1a edição.

D entre as civilizações antigas, o Egito foi o primeiro Estado unificado de grande porte. Uma grande
civilização, com organização social bem estruturada, responsável por grande desenvolvimento da escrita, da
matemática, das ciências médicas e de imensas realizações culturais. No entanto, foi a religião seu aspecto mais
importante. Através dela (e por causa dela), todas as outras atividades eram desenvolvidas (arte: escultura,
pintura, arquitetura; ciências médicas: embalsamamento, etc.).
14 Arte
Egito

Os egípcios acreditavam na imortalidade da alma, na vida após a morte. A vida terrena era uma passagem
para a outra, sendo esta mais importante, pois era de onde vinham e para onde voltavam para ficarem
infinitamente.
A arte egípcia refletiu suas crenças fundamentais, destacando-se em tudo que se relacionasse à religião:
túmulos, estatuetas e vasos, que acompanhavam o corpo mumificado do morto.
A crença na vida após a morte era tão forte que os túmulos dos primeiros faraós eram réplicas de suas
casas, com seus pertences, inclusive seus criados, que eram sacrificados para atendê-los na eternidade. Esse
costume foi modificado mais tarde, tendo sido a casa substituída pelas pirâmides, e os servos, por pinturas e
baixos-relevos nas paredes.
Durante muito tempo, a civilização egípcia foi tida como a mais rígida e conservadora de todas as
civilizações antigas. Os tipos fundamentais das suas instituições, crenças religiosas e ideais artísticos que se
formaram nos primeiros milênios conservaram-se até o fim.

Tudo o que era considerado bom e belo na época das pirâmides era tido como igualmente perfeito
mil anos depois. É certo que surgiram novas modas, e novos temas foram pedidos aos artistas, mas
a maneira de representar o homem e a natureza permaneceu essencialmente imutável”.
Gombrich

No entanto, a arte não era tão imutável e estática como se julga. Oscilava entre a tradição e a inovação,
e algumas de suas grandes realizações exerceram uma influência decisiva nas artes grega e romana.
Os egípcios criaram um estilo próprio, que incorporou uma série de regras rigorosas. Todo artista tinha
que aprender a dominá-las desde cedo. Não se pedia ao artista que fosse criativo e inovador, e sim que
revelasse um perfeito domínio das técnicas de execução.
O sentido egípcio de ordem em todos os detalhes é tão poderoso que qualquer variação parece
desorganizar o conjunto.
De certa forma, a arte egípcia foi padronizada e anônima.
Veremos a seguir as características gerais da pintura, da escultura e da arquitetura egípcias.

Arquitetura

A arquitetura egípcia reflete, na sua monumentalidade e aparente imutabilidade, o caráter político-


religioso da cultura egípcia.
A crença na vida além-túmulo e na natureza divina do faraó justifica a criação de uma arquitetura
religiosa em honra dos deuses e a construção de túmulos para a conservação dos corpos, que seriam a
morada dos espíritos.
O sistema político da autocracia faraônica e a abundância de vassalos e escravos facilitam a disposição da
enorme mão de obra necessária.

Túmulo da Rainha Hatshepsut Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com>.
XVIII Dinastia, em Deir el Bahri Acesso em: 30 ago. 2012.
(perto de Tebas).
Arte 15
Egito

As formas arquitetônicas egípcias – O

Disponível em: <http://upload.wikimedia.org>. Acesso em: 30 ago. 2012.


principal material usado nas construções foi a
pedra, que era abundante na região que limita a
bacia do Nilo.
As maiores realizações na arquitetura
foram as construções dos túmulos dos faraós
e, posteriormente, também de sua família e da
nobreza, só que mais modestas.
Os túmulos mais antigos são as mastabas,
inspiradas na forma da casa, compostas de uma
câmara funerária subterrânea, a que se tem acesso
através de um poço e de uma câmara, às vezes
precedida de antessala para a estátua do morto.
São câmaras retangulares, cobertas com
vigas de madeira ou telhado de areia compactada
com gordura, como o chão, com tábuas debaixo Pirâmide de Djoser, em Sacará. 2723 - 2563 a.C.

para evitar a umidade.


Exteriormente, a mastaba apresenta-se como uma pirâmide truncada, retangular.
A pirâmide é uma evolução da mastaba, tendo aparecido primeiro como uma sobreposição de
mastabas. Como exemplo, a pirâmide de Djoser, em Sacará, que aparece com templo anexo, construído
com colunas fasciculadas e um altar com cabeça de leões. Nessa pirâmide, existem duas câmaras interiores:
uma em poço, a funerária, revestida de cerâmica, imitando talos de papiro e de madeira, e a outra, no lado
oposto, que contém a estátua do faraó. A pirâmide estava rodeada de uma muralha, que criava um espaço
retangular de 544 x 177 m.
Acesso em: 30 ago. 2012.
Disponível em: <http://download.ultradownloads.com.br>.

A Pirãmide de Gizé. Quarta Dinastia, 2723-2563 a.C.

Inicialmente, esses ritos eram reservados aos monarcas, mas logo os nobres da casa real
passaram a ter seus túmulos menores agrupados em filas muito bem alinhadas ao redor do
túmulo real; e, gradualmente, toda pessoa que se prezava tinha que tomar providências para a
vida no além, encomendando uma dispendiosa tumba para abrigar sua múmia e sua imagem,
onde sua alma podia habitar e receber as oferendas de alimento e bebida que eram feitas aos
mortos.
Gombrich

As grandes pirâmides (como as do deserto de Gizé, Quéops, Quéfren e Miquerinos) já foram concebidas
desde o princípio como pirâmides, e não como consequência da sobreposição de mastabas.
A maior pirâmide é a de Quéops, com 146 m de altura, que ocupa uma superfície de 54 300 m².
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