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06/02/2019 Morro do Moreno - Variedades - Cidade Presépio: Gente - Por Renato Pacheco

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Cidade Presépio: Gente - Por Renato Pacheco


Variedades
Publicada em 02/07/2012 por Morro do Moreno

Que povo morava então, nesta cidade de Vitória, a tão


decantada cidade-presépio?

Paulo Stuck de Moraes, em trabalho demográ co baseado


nos dados censitários, revela que, em 1920, a cidade possuía
apenas 21.866 habitantes, sendo 49.09% de homens; em EU QUERO EU QUERO
1940, 45.212 habitantes com 47,52% de homens; e em 1950,
50.922 habitantes, com 46.89% de homens. Houve
entrementes o desmembramento do planalto de Carapina, Pesquisa
anexado à Serra, e, acrescentemos, a autonomia de Vila
Velha.
pesquise aqui pesquisar

Segundo a cor, o pesquisador encontrou, em 1940, 57.57%


de brancos, 27,04% de pardos e 15,24% de pretos.
Facebook

Sem surpresa, os dados para a religião nos dão, ainda e,


1940, 92,21% de católicos, 3,60% de protestantes e 2,54% de Casa da Memória de …
espíritas. 5.259 curtidas

Há poucos estrangeiros: 1.060 em 1940 e 712 em 1950. A


Revista Capichaba - Fonte: Acervo da Casa
proporção de casados é aproximadamente igual à de
da Memória de Vila Velha Curtir Página Enviar mensagem
solteiros e são pouquíssimos os casais separados.

Uma estimativa nossa quanto ao labor nos dá, entre os habitantes da cidade: 6 amigos curtiram isso

50% de donas de casa e empregadas domésticas;

20% de menores, estudantes ou não;

10% de funcionários públicos, inclusive força pública e magistério; Leia Mais

5% do comércio (patrões e empregados) Fim da era dos chafarizes - Por


Celso Caus
5% de pro ssionais liberais; Primeira década do século XX – Captação das
águas na cabeceira do Rio Duas Bocas e
5% de operários diversos (inclusive porto e eletricitários); construção do primeiro reservatório da
capital

5% de outros (aposentados e sem pro ssões de nidas).  Ver Artigo

Numa cidade com forte vinculação com os costumes tradicionais brasileiros, machistas e conservadores,
mulheres não dirigiam automóveis, não fumavam – ao menos em público – não andavam de calças Uma mensagem de Natal
compridas nem desacompanhadas. A Mamãe Noel de Vila Velha me traz de volta
o sentido de Natal, ao colocar uma roupa
Numa cidade com tal estilo de vida era profundamente incômoda a situação de algumas poucas vermelha e um gorro vermelho e se
transformar em puro encantamento
mulheres progressistas, que inicialmente, sendo letradas, propugnavam pelo voto feminino, algumas
desquitadas, num universo de pouquíssimas separações judiciais. Referindo-se a Consuelo Salgueiro,  Ver Artigo
pintora e escritora, Yvonne Amorim diz que: “A sociedade marginalizava a mãe (desquitada) e os lhos.
Conscientes do problema, Consuelo Salgueiro optou em residir em um centro irradiador, como o Rio de
Cachaça Thimotina - Agroturismo
Janeiro.
Cultural
Reservava-se assim às mulheres o papel de dona de casa – lugar de mulher é em casa, criando os lhos – Fundada em 1915, por Francisco Thimóteo
Dias, a Thimotina é considerada entre os
ou empregadas domésticas (cozinheiras, pejorativamente chamadas “graxeiras”, arrumadeiras, copeiras,

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amas-secas (babás), lavadeiras, passadeiras) ou professoras primárias (poucas secundárias), secretárias apreciadores, uma das cachaças de maior
no serviço público ou privado, balconistas, telefonistas e como artesãs e operárias as catadeiras de café, qualidade do Brasil

para melhorar-lhe o tipo.  Ver Artigo

À dona de casa, além de cuidar dos lhos e da economia doméstica, permitia-se uma vasta gama de
relações familiares e de amizade, com troca de visitas, com quem se mantinha relações (que por mil Presidente Castello Branco na
motivos poderiam ser “cortadas”). Aos amigos davam-se presentes de aniversário e Natal, trocavam-se Assembleia Legislativa do ES
fotos, inclusive dos lhos.
(1964)
Adalberto Simão Nader, discursa: "o honroso
título de “Cidadão Espírito-Santense” que vos
Os lhos nasciam em casa pelas mãos das parteiras. D. Augusta Mendes, veneranda senhora, e D. Maria
foi concedido, por iniciativa do nobre
Lúcia Viana, esta nossa primeira Obstetra formada. Antes de consultar o pediatra, recorriam as mães ao
deputado Setembrino Pelissari, nos oferece a
Guia do Dr. Wittrock (dos hospitais de Berlim), cuja primeira edição brasileira é de 1927. Na classe média, oportunidade 
os recém-nascidos se davam o luxo de terem sua vida registrada no Meu bebê, livro das mamães, de
Bastos Tigre, com ilustrações de F. Acquarone, que se propunha a ser um “registro material de fotos e  Ver Artigo
datas notáveis da vida do bebê”, Rio, 1924.
Em busca de uma resposta -
Nos seus momentos de ócio, deviam as donas de casa exercitar algum tipo de trabalho manual, Partido Comunista e as outras
aprendido no lar e com novas receitas pelo método Singer de corte e costura ou pelas revistas cariocas esquerdas
Moda & Bordado e Tricô & Crochê. A hoje Singer, especializada em máquinas de costura, na rua Jerônimo
O partido acreditava em seu Comitê Central;
Monteiro, fazia periódicas exposições de bordados de sua professora Etelvina Almeida e alunos. E este, em Luís Carlos Prestes; o Cavaleiro da
também cuidava de sua elegância. Havia alfaiates que faziam robes, manteaux, costuras para senhoras, e Esperança con ava em Jango. No nal das
costureiras famosas como D. Emma, esposa do prof. Philogomiro Lannes, D. Biblites, esposa do fotógrafo contas, todos caram a reboque de João
Mazzei, D. Nicota, conhecida como Madame Prado, com loja à rua Duque de Caxias, 21, e que em Goulart

outubro de 1936 montou moderníssima loja na praça Costa Pereira, ditando a moda por muitos anos.  Ver Artigo

Numa crônica feminina estampada no Diário da Manhã, a articulista Vera Maria, versando “a mulher
moderna em face do amor”, aconselha as jovens a adivinhar o pensamento do eleito, satisfazendo os
seus desejos, correspondendo aos seus carinhos para ter o “sutil perfume de felicidade”, numa clara
alusão à submissão feminina, o que se contrapõe à criação, em 1933, da Federação pelo Progresso
Feminino, cuja primeira delegada dos congressos femininos do Rio, em 1932 e 1933, foi a professora,
bióloga e historiadora D. Maria Stella de Novaes.

Um grupo de mulheres, paradoxalmente, detinha alguma liberdade de ação: as prostitutas, que a


linguagem forense chamava de rameiras, decaídas, putas, mundanas, mulheres da vida fácil, mulheres-
dama ou simplesmente mulheres da vida, e em cujas casas resolviam-se até problemas políticos, como
relata Ormando Moraes, em A Gazeta de 19 de novembro de 1944, assunto a que voltaremos quando
trataremos do dia-a-dia político.
EU QUERO EU QUERO
As principais “pensões” que registramos à vista de processo dos Arquivo do TJES eram na rua Duque de
Caxias nos números 8, 45, 77, 80, 258, 291 e 301 (Maria Amélia), as primeiras mais próximas à praça Oito
e as demais saindo-se da praça Costa Pereira; as da rua General Osório, nos números 120 e 130; as da
Vila Rubim, Bela Vista e rua São João, 3 e 93; a Pensão Aurora na ladeira Sacramento; 13 casas em
Caratoíra, na avenida Santo Antônio e São Torquato; e a Neuzinha, na rua Sete de Setembro.

Nelas residia uma utuante população de que registramos os nomes de Maria Rodrigues da Silva, Maria
Amélia, Ana Pereira, Cecília Ferreira, Marina de Carvalho Campos, Alda Silva Neves, Maria José Pevin,
Auremira Loureiro, Aurora Rezende, Maria Auxiliadora de Oliveira e Ildefonsa Nacarat, entre muitas.

Às crianças capixabas se dava como valor básico a honestidade, ou a falta dela, porque, sempre que
possível, passavam por baixo dos panos, nos circos, deixavam de pagar passagem nos bondes (as
célebres “pongas”) ou colavam em exames escolares. A “cola”, se o professor deixasse, era feita pura e
simplesmente copiando de cadernos e livros o aluno as respostas às questões formuladas: havia arranjos
especiais que envolviam elásticos presos ao corpo, escrita à tinta, no corpo ou na carteira, e até telegra a
Morse. O Ginásio São Vicente, noticiando sua prova parcial de outubro de 1931, informou que “algumas
tentativas de fraude, tristes lembranças do regime passado que a isto davam margem, foram
imediatamente punidas com todo o rigor da lei, sendo sumariamente anuladas as provas dos temerários,
felizmente raros, que se meteram nessa perigosa aventura.”

De resto, gostavam as crianças de ir á praia, no verão, e às matinês cinematográ cas, aos domingos.
Outros valores que os pais tentavam inculcar-lhes era a ordem, a coragem, o asseio, a disciplina e a
obediência, principalmente a obediência. “Criança é para ser vista e não ouvida”, dizia o refrão popular.
Seus dias transcorriam numa mesmice eterna – ajudar nos quefazeres domésticos, ir à escola, fazer
deveres de casa, brincar na rua, os meninos jogando pelada, as meninas brincando de roda, havendo
brincadeiras comuns a ambos os sexos, como o picolé.

Os funcionários públicos trabalhavam, em sua maioria, na Cidade Alta (Palácio do Governo ou Tribunal
de Justiça), para onde se deslocavam no bonde circular, sendo de praxe o paletó e a gravata.

As chamadas “grandes e sólidas” fortunas estavam no comércio, principalmente no exportador de café –


os Guimarães, os Pinto, os Ayres, os Prado, os De Biasi – e a nal não eram tão grandes e sólidas porque,
em menos de duas gerações, se diluíram através de sucessivas partilhas, por morte de seus titulares.

Os pro ssionais liberais equiparavam-se na obrigatoriedade de usar terno e gravata aos funcionários
públicos; muitos, muitíssimos eram concomitantemente servidores do Estado, e só gozavam de mais

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liberdade, tendo alguns feito fortuna.

Os operários eram pouquíssimos e davam suas primeiras mostras de organização entre os portuários,
estivadores e arrumadores que se sindicalizavam.

Entre os outros viventes, havia um pequeno contingente de aposentados, sobre os quais escreve o prof.
Ruy Lora: “Pela manhã, barba feita, banho e depois... De terno e gravata passavam o dia perambulando
pela cidade, principalmente na praça Oito e avenida Jerônimo Monteiro, vendo vitrines, e juntando-se aos
colegas e amigos para conversa animada.”

Símbolos de “status” ostentado por cerca de trinta famílias vitorienses era morar em “palacetes”, sobre os
quais voltaremos a falar, possuir em casa telefone, eletrola, rádio, geladeira elétrica e automóvel
particular, assim como mandar os lhos estudar fora do Estado, máxime no São José do Rio, se rapazes,
ou no Sacré Couer de Laranjeiras, também no Rio, ou no Sion de Petrópolis, se moças.

Quanto à cor vimos, de início, a existência de maioria branca, esta todavia não isenta miscigenação.
Poucos pardos e pretos conseguiram ascender socialmente, e o zeram como indivíduos e não como
grupo: desembargador Danton Bastos, os médicos Demócrito Silva e Lucilo Santana, os professores
Arildo Lima, Afrordísio Pereira e Hermínio Blackman, o coronel Sidronílio Firmino, comandante da Polícia,
são exemplos marcantes. Entre os brancos, um grupo de italianos urbanos aguerridos se distinguia: o
exportador de café, Pietrangelo De Biasi, os construtores André Carloni e os Becacici e Gianordoli, os
Balbi e Sarlo, padeiros, e mais os Nicolussi, os Trombini Pellerano, os Samorini, os Vello, os Copolillo, os
Busatto, os Tancredi, os Pandolfo, os Cacciari, os Zamprogno e os Cariello.

Quando morria o capixaba, atestado o óbito por um médico, e preparados os papéis no Cartório de
Registro Civil, um dos empregados da Empresa Funerária, monopólio da Santa Casa de misericórdia,
vinha tomar as medidas do falecido, para fazer-lhe o caixão. Isto feito, procedia-se o velório, com
encomendação religiosa da alma, transportando-se o morto até Santo Antônio, de bonde, devidamente
aparamentado com panos pretos, ou no carro negro da Funerária, seguido de cortejo de carros, mais ou
menos de acordo com a preeminência do morto. De praxe o luto fechado dos familiares mais próximos,
ou o fumo à lapela e missas desde o sétimo dia pela alma do defunto.

Só havia o Cemitério Público de Santo Antônio, inaugurado em 9 de fevereiro de 1912, com 40.000 m2, a
que se agregaram 6.000 m2 vendidos pela Missão batista. As Irmandades do Santíssimo Sacramento de
São Benedito do Rosário e de Nossa Senhora da Boa Morte e Assunção, Nossa Senhora Auxiliadora e
Sagrado Coração de Jesus, ao lado, mantinham, pequenos cemitérios particulares. Previa-se fazer novo
cemitério em Mulembá, no bairro de Maruípe.

Fonte: Os Dias Antigos, 1998


Autor: Renato Pacheco
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2012 

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Altair – 1956 - Por Fernando Achiamé


Comandante dos países Baixos, Holandês Errante,  Errou feio –
manobrar na entrada da baía de Vitória  (logo onde, a baía de Vitória)
sem prático ou prática.  Rápido chocou-se com o cabeço do Baixio
Pequeno; Passava um pouco das treze horas do dia 15 de abril de 1956
Valsa de Guarapari

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