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GÊNEROS DISCURSIVOS
NO ENSINO DE LÍNGUA
CONTEXTUALIZANDO
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O PNLD é um programa que atende a um número grande de estudantes e,
por isso, exige uma escolha criteriosa dos livros didáticos – relembre a importância
que os livros didáticos têm por serem, muitas vezes, o único meio de acesso a
diferentes gêneros discursivos em algumas regiões do país.
O processo de seleção de obras para o programa nos interessa, pois, tendo
início na publicação de um edital, traz as informações de como deve ser tratado o
ensino e os gêneros discursivos nesse processo.
Dentre as orientações que constam nos editais, há aquela do ensino a partir
da realidade do aluno:
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Tabela 1 – Critérios indicados para o professor no guia do PNLD-2014 para
análise do livro didático referente aos gêneros discursivos
Note que tanto para o ensino de língua portuguesa como para o de língua
estrangeira há preocupação com a variedade de gêneros do discurso e também
de campos da atividade humana, isso porque nos comunicamos por meio de
gêneros, e todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso
da linguagem.
Ao longo dessa disciplina, traremos exemplos que confirmem a importância
de um livro didático com gêneros discursivos variados, e também de diferentes
campos da atividade humana.
Ainda que tenhamos falado até agora sobre os livros didáticos, as apostilas
de sistemas de ensino, por exemplo, também devem ser objeto de análise,
devendo estar pautadas na realidade do aluno e trazendo diferentes gêneros do
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discurso de diferentes campos da atividade humana. Essa orientação precisa ser
seguida em materiais de toda a Educação Básica e para as diferentes disciplinas;
porém, quando se trata do ensino na área de linguagem, devemos pensar na
forma como tais gêneros são apresentados: quais as sugestões trazidas, quais os
exercícios propostos.
Apesar de todas as pesquisas e orientações para que o ensino de línguas
aconteça a partir de gêneros, há, ainda, o uso dos gêneros apenas como pretexto
para o ensino de outros conteúdos, um ensino descontextualizado – muitas vezes
apenas o ensino da gramática. Isso não significa de forma alguma que a gramática
não deva ser trabalhada, porém, o ensino descontextualizado, sem considerar
reais situações de uso, esse sim, deve ser evitado.
Sendo assim, ressalta-se que o trabalho com os gêneros não seja realizado
como um conjunto de normas a serem seguidas, como cita Fiorin (2016, p. 69):
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No exercício proposto na Figura 1, temos o gênero discursivo diálogo. Está
claro que esse não é um diálogo que realmente tenha acontecido; ele foi criado
para trabalhar os conteúdos propostos nesse livro didático. Não sabemos, por
exemplo, qual o contexto em que esse diálogo aconteceu. Consequentemente, o
aluno que faz o uso desse livro didático também não saberá.
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Na Figura 3 temos o sumário de um livro/apostila do segundo ano do Ensino
Fundamental para o ensino de língua portuguesa. Note que o livro é para um
bimestre e traz diferentes gêneros discursivos.
É importante lembrar que, quando falamos sobre diferentes gêneros,
estamos tratando não apenas de sua leitura: a produção textual também deve
considerar uma variação de gêneros de diferentes esferas. Olhe novamente para
a Figura 3: o sumário traz uma história em quadrinhos (HQ), mas também traz a
produção do gênero. Já para o gênero piada tem-se a leitura e também a contação
de piadas, ou seja, são trabalhadas as diferentes habilidades.
Se analisarmos, veremos que na maioria das vezes a diversidade de
gêneros é atendida, porém, há mais detalhes a se pensar quando tratamos de
gêneros discursivos e materiais didáticos, e um dos pontos a serem vistos é a
orientação dada ao professor sobre o trabalho com tais gêneros. Esse será o
próximo tema.
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o material já trouxesse informações prévias? (É claro que você também pode
pesquisar por conta própria.)
Bons livros didáticos trazem diferentes gêneros discursivos e informações
para o professor, que vão desde a apresentação de uma visão geral sobre os
gêneros discutidos na obra até orientações sobre o uso em sala de aula. Vejamos
a Figura 4:
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discussão acerca dos conhecimentos prévios do aluno sobre aquele conteúdo
temático ou aquele gênero?
Todas essas questões devem ser pensadas para a escolha de livros
didáticos e também para o planejamento das aulas. Comentamos aqui que,
embora o livro didático seja muitas vezes elemento norteador do ensino, cabe ao
professor avaliar o que ainda precisa ser discutido, complementar o material que
já está à disposição do aluno e inserir novas informações necessárias à sua
realidade.
Uma das situações comuns em materiais didáticos é que a escolha dos
gêneros privilegie os gêneros escritos, deixando em segundo plano o trabalho
com os gêneros orais. Vejamos essa temática a partir de agora.
De acordo com o que vimos até agora, o ensino a partir dos gêneros
discursivos não deve privilegiar nenhum campo da atividade humana ou gênero
específico. Da mesma forma, não se deve ter como foco apenas uma das
habilidades, como a leitura, por exemplo. Vejamos o que traz o guia de escolha
de livros didáticos de língua estrangeira sobre as habilidades da língua nos
critérios de escolha:
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novas situações e contextos, inclusive no que diz respeito a situações
escolares, como as exposições orais e os seminários. Assim, caberá à
coleção de língua portuguesa no que diz respeito a esse quesito:
1. recorrer à oralidade nas estratégias didáticas de abordagem da leitura
e da produção de textos [...]. (Guia PNLD – LP, 2014, p. 19)
Ao ler esse trecho, você deve ter pensado: “Mas em que parte o texto está
falando sobre gêneros?”. Ainda que o termo gêneros do discurso não esteja
presente, o trabalho com oralidade deve “propiciar o desenvolvimento das
capacidades e formas discursivas envolvidas nos usos da linguagem oral próprios
das situações formais e/ou públicas pertinentes ao nível de ensino em foco”, ou
seja, devem ser trazidos textos orais em que sejam apresentadas as mais
diferentes situações de realidade em que o aluno possa vivenciar diferentes
contextos e usos.
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diz respeito à sua organização quanto às orientações dadas ao longo do livro
acerca do trabalho com os gêneros discursivos. Outro ponto a se destacar é que
todas as habilidades devem ser trabalhadas sem que haja detrimento de uma em
relação às demais. Todas essas discussões foram pautadas nos guias e editais
do PNLD.
Já fundamentados teoricamente, vejamos alguns exemplos de cada um
desses casos em livros de língua portuguesa e estrangeira para a Educação
Básica.
Comecemos pela variedade de gêneros. Na Figura 3, vimos um exemplo
para os anos iniciais de língua portuguesa; na figura a seguir, temos um exemplo
para o ensino de língua inglesa para o Ensino Médio.
Figura 5 – Exemplo de livro didático para o ensino de língua inglesa no Ensino Médio
Atente que a Figura 5 traz o fragmento de um sumário de livro que faz parte
de uma coleção com três volumes. Sendo assim, é importante que a coleção,
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destinada a um nível de ensino, desenvolva o trabalho com diferentes gêneros e
de forma progressiva ao longo de todos os seus volumes.
A progressão do trabalho com gêneros e os diferentes gêneros usados na
coleção completa são informações que devem estar presentes no livro. Como já
mencionamos, devem ser claras as orientações dadas para o professor. Veja na
Figura 6 um exemplo dessa clareza:
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Figura 7 – Exemplo de material para Educação Infantil
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Figura 8 – Gênero “receita” como objeto de estudo
FINALIZANDO
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Embora ele não seja o único material na escola e o êxito do trabalho dependa do
professor, ele tem fundamental importância na formação dos nossos alunos, por
isso ele deve ser constantemente avaliado e discutido.
Vimos nesta aula que todos os materiais didáticos da Educação Básica e
também da Educação Infantil devem trabalhar com variedade de gêneros
discursivos dos mais diferentes campos da atividade humana. Ainda que os
materiais utilizados nas redes privadas de ensino não sejam analisados pelo
PNLD, as orientações do programa são uma boa fonte de consulta quando
precisamos escolher um material didático, seja para rede pública ou privada.
Sendo assim, além da diversidade de gêneros, constatamos que os livros
didáticos devem trabalhar com todas as habilidades da língua, seja portuguesa ou
estrangeira, e devem trazer orientações para o professor de forma que se
complemente o conhecimento que o docente já tem sobre o assunto.
Por fim, nos resta enfatizar que toda e qualquer atividade de ensino tem
por base a realidade do aluno. Considerar as demandas sociais da realidade do
aluno é fundamental para o bom desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem.
Então, faça esse exercício de análise dos tópicos aqui discutidos sobre o
livro didático e pense no que precisa ser melhorado, ou se tal livro foi uma boa
escolha. Enfim, faça a aplicação prática do que foi visto nesta aula.
Bons estudos.
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REFERÊNCIAS
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