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Presidente da CNE pede demissão

fevereiro 20, 2019

Lisboa – O Presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), André da Silva


Neto, 73 anos, anunciou nesta quarta-feira, 20, aos funcionários desta
instituição, a sua decisão de retirar-se do cargo, invocando motivos de saúde.
Para breve, deverá remeter ao presidente da Assembleia Nacional, a sua
comunicação oficial de resignação.
Fonte: Club-k.net

Com a formalização da sua saída,


caberá depois ao Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), realizar
um concurso público para escolha de outro juiz de carreira em obediência ao
termo do n.º 1 do artigo 143º da Lei 36/11, de 21 de Dezembro, que estabelece
que o presidente da CNE deve ser um “magistrado judicial”, oriundo de qualquer
órgão, o qual suspende as suas funções judiciais após a designação”.

André da Silva Neto é veterano magistrado judicial oriundo da justiça colonial.


No período de 2005 a 2008, foi designado comissário nacional da CNE, tendo
depois regressado ao Tribunal Supremo como juiz. Em 2012, foi designado pelo
CSMJ para substituir a jurista Suzana Inglês, que deixou o cargo por insuficiência
de requisitos para ocupar o cargo (não é magistrada judicial).

Em Novembro de 2016, o juiz Silva Neto chegou a pedir demissão do


cargo, invocando razões de saúde, conforme lê-se, numa carta que o Club-K
teve acesso na ocasião. Meses depois teria recuado da decisão de sair, tendo a
UNITA, na voz do seu vice-presidente, Raúl Danda, o criticado
apontando ausência de coerência.

A demissão de André da Silva Neto da presidência da CNE acontece numa altura


em que o MPLA teme que a UNITA desafie a Procuradoria Geral da República
(PGR) a não retirar dos autos do processo que envolve o general Higino Lopes
Carneiro, as acusações de que enquanto governador provincial de Luanda terá
usado fundos públicos para o pagamento de fiscais eleitorais credenciados pela
CNE, em 2017. A UNITA fez, na altura, participação ao Tribunal Constitucional
sobre alegados indícios de corrupção eleitoral, mas as suas denúncias nunca
foram levadas em consideração.

MPLA obriga Presidente da CNE a pedir


demissão
novembro 23, 2016

Lisboa – O MPLA convocou na passada quarta-feira (16), o Presidente da


Comissão Nacional Eleitoral (CNE), André da Silva Neto para lhe transmitir que
deverá abandonar o cargo que ocupa. Foi-lhe sugerido a apresentação da sua
própria demissão invocando razões de saúde, o que deverá acontecer até
próximo mês.

Fonte: Club-k.net

Como o regime dita as regras na CNE

Silva Neto termina o mandado em Maio


de 2017. Geralmente a mudança de Presidente deste órgão é feita através de um
concurso público que acontece dois meses antes do termino do mandato do presidente
em função. O MPLA através do Presidente José Eduardo dos Santos mostra-se
apressado em escolher já um novo presidente da CNE, seis meses antes do fim de
mandato de Silva Neto.
Para o efeito, o Presidente do Tribunal Supremo, Manuel da Costa Aragão foi orientado
a avançar com a constituição do júri do concurso público curricular para o provimento
do lugar de Silva Neto. No concurso deverá ser escolhido como próximo presidente
da CNE, o juiz do Tribunal Supremo, Agostinho Antônio dos Santos.

Deverá também concorrer (de modo decorativo) ao concurso para Presidente da


CNE, o coordenador da Comissão Provincial Eleitoral de Luanda, Agostinho Miguel
Lima.

Em meios do regime, alega-se que a decisão do MPLA em deixar “cair”, Silva Neto da
CNE terá sido reflexo de uma suposta retirada de confiança na sua pessoa mas
também a critérios do próprio Presidente da República que por tradição nunca “repete”
um Presidente da CNE, em eleições consecutivas. Nas eleições de 2008, esteve o juiz
Caetano de Sousa, depois, em 2012 entrou a jurista Suzana Inglês que viu o seu
mandato interrompido tendo sido rendida interinamente por Edeltrudes Costa e meses
depois pelo actual presidente Silva Neto.

PR não recebe Presidente da CNE

O reflexo de que o actual Presidente da CNE está a ser deixado “cair” foi também
verificado no rodeio que lhe foi dado no fracasso de um pedido de audiência com o
Presidente José Eduardo dos Santos na qual tinha como tema solicitar a liberação de
verbas para a supervisão do registro eleitoral. O PR não o recebeu e puseram - lhe a
falar com o ministro das finanças. Geralmente, o assunto das verbas das eleições são
tratados pelo PR, na sua qualidade de principal gestor do OGE.

Regime acusa-o de “cometer erros” que dão razão a oposição


O
pensamento que altos funcionários do regime fazem transmitir quanto a saída de Silva
Neto é de que o partido tenciona conferir maior credibilidade a CNE. Dentro do regime,
o actual Presidente da CNE é acusado de “não estar ajudar” e a de “cometer erros” que
permitem a oposição politica de atacar o processo com alguma razão.

Recentemente o regime lamentou internamente que Silva Neto teria feito gestão
impropria no caso dos comissários que questionaram ao parlamento a legitimidade do
Presidente José Eduardo dos Santos em realizar actos eleitoral. A constituição diz que
o PR não tem competências eleitorais.
Em reação Silva Neto vingou-se dos seus colegas da CNE, ao invés de gerir o caso sem
sobressaltos. Isto é, o líder da CNE procedeu a abertura de mais de 760 processos
disciplinares contra os seus colegas, comissários eleitorais nacionais, provinciais e
municipais, dos vários partidos, que decidiram subscrever uma petição colectiva,
prevista no artigo 73.º da Constituição, para colocar aos Deputados 17 questões práticas
sobre a interpretação e aplicação da Lei do Registo Eleitoral Oficioso.

Os críticos de Silva Neto no seio do próprio MPLA alegam que os processos


disciplinares são ilegais, desnecessários e enfermam de vários vícios, em parte
porque a sua justificação é insustentável, a sua condução é descentralizada e os
municípios não têm capacidade humana para os conduzir com o rigor necessário.

O mais grave ainda, segundo fontes do regime, é que Silva Neto enviou ao Parlamento
uma carta com teor falso. Afirmou ao Parlamento que “o Plenário deste órgão, reunido
em sessão aos 26 de Julho do ano em curso, deliberou sobre a questão em apreço, o
seguinte:

a) Por o conteúdo da petição subscrita pelos membros neles identificados, não provir do
órgão competente para o fazer, não deve a Assembleia Nacional apreciar e decidir a
mesma, devendo ser tida por inexistente por ilegitimidade dos subscritores.

Não houve nenhuma deliberação do Plenário da CNE nesse sentido. A deliberação


tomada foi no sentido de os comissários do MPLA demarcarem-se da posição colectiva
assumida pela minoria de cerca de 800 comissários da CNE em todo o país. E foi
publicada na altura uma Nota de Imprensa que este portal também já publicou em 27
de Julho transacto.

O Presidente da Assembleia Nacional soube agora que o teor da alínea a) do Ofício do


Presidente da CNE N.º 157/GAB.PR/CNE/2016, que deu entrada no seu Gabinete aos
29/7/16, é falso.

Juristas consultados afirmam, por seu turno, que o Silva Neto não tem competência
para solicitar à Assembleia Nacional que considere inexistente um documento que não
é dele nem do órgão que preside. Nem o Gabinete do Presidente da Assembleia
Nacional devia aceitar como legítimo o “pedido” do Presidente da CNE relativo a uma
petição colectiva formulada por cidadãos no exercício de um direito fundamental
protegido pela Constituição da República no seu artigo 73.º.

Acrescentam a isso o facto de Silva Neto ter acusado e sancionado indevidamente seus
colegas por terem alegadamente violado os princípios da legalidade, da lealdade e da
defesa e preservação do bom nome da CNE, quando os factos indicam exactamente o
contrário.

Raul Danda acusa presidente da CNE de falta de


coerência
janeiro 31, 2017

Luanda - Hoje, tomou posse, perante os Deputados à Assembleia Nacional, o Dr. Silva Neto,
para mais um mandato como Presidente da Comissão Nacional Eleitoral, na sequência da
escolha, por concurso público, pela Magistratura Judicial. Essa posse, nos termos da lei, por
via de uma resolução a que a UNITA votou "abstenção". No final da votação, impunha-se
mandar alguns recadinhos ao senhor Silva Neto, e o Grupo Parlamentar fê-lo por via de uma
declaração de voto, que passo a partilhar convosco:
Fonte: Club-k.net

DECLARAÇÃO DE VOTO SOBRE A


RESOLUÇÃO QUE CONFERE POSSE AO PRESIDENTE DA CNE

Excelência Senhor Presidente da Assembleia;

O Grupo Parlamentar da UNITA votou “abstenção”, na tentativa de dar o benefício da dúvida;


na tentativa de termos isenção e imparcialidade nos próximos actos eleitorais Convenhamos,
Senhores Deputados, que o senhor presidente “cessante-e-reconduzido” da Comissão
Nacional Eleitoral, Dr. Silva Neto, que se pretende “independente”, não nos tem facilitado a
vida, a nós os angolanos, relativamente à solidez da sua postura. E é essa volatilidade da sua
postura que torna difícil, dificílimo mesmo, colocarmos nas mãos de um homem assim os
desafios e destinos da nossa soberania; da soberania do nosso Povo.

Senhor presidente “cessante-e-reconduzido” da Comissão Nacional Eleitoral, vossa


excelência tem sido de uma grande, gritante e desastrosa falta de coerência. Alguns dados:

• O presidente da CNE disse, em carta assinada, que iria deixar a presidência da CNE,
indicando as razões ponderadas e ponderosas que o levavam a tal posição. A nossa pergunta
é: afinal não saiu saindo porquê? Fica tudo no âmbito dos hábitos do país, onde os detentores
de cargos nunca saem saindo, mas saem ficando?

• Quando alguém está doente, o voto é sempre que essa pessoa melhore o mais rapidamente
possível. Na sua carta do “vou-me embora”, evocava o elemento “degradar do estado de
saúde”. Melhorou? A saúde já está recuperada? Se sim, graças a Deus.

• Outro elemento evocado na sua carta do “não fico mais” é o avançar da idade. Diz que já
sente que a idade lhe confere o merecido descanso. Ora, o que é que aconteceu a essa idade?
Decresceu? Está a andar para trás? Ou conseguiu fazer uma actualização dos seus dados de
registo de nascimento e a idade recuou?

• O Presidente da Comissão Nacional Eleitoral é chamado a um comportamento de coerência


e de assunção clara das suas responsabilidades, cumprindo estrita e rigorosamente com as suas
competências e atribuições constitucionais e legais. Esse não tem sido o caso. “Wi liatanga
yaku, kumbubinianga k’ikode” (na caminhada, é preciso ir batendo no calcanhar de quem viaja
connosco, de modo a avisá-lo dos perigos dessa caminhada).

• Eleições são causa de estabilidade ou de instabilidade, em função dos comportamentos que


se assume. Saiba, senhor Presidente “cessante e reconduzido” da CNE, que isso é uma
responsabilidade que passa a pesar sobre os seus ombros.

Muito obrigado, Senhor Presidente.

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