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Fonte: Club-k.net
Em meios do regime, alega-se que a decisão do MPLA em deixar “cair”, Silva Neto da
CNE terá sido reflexo de uma suposta retirada de confiança na sua pessoa mas
também a critérios do próprio Presidente da República que por tradição nunca “repete”
um Presidente da CNE, em eleições consecutivas. Nas eleições de 2008, esteve o juiz
Caetano de Sousa, depois, em 2012 entrou a jurista Suzana Inglês que viu o seu
mandato interrompido tendo sido rendida interinamente por Edeltrudes Costa e meses
depois pelo actual presidente Silva Neto.
O reflexo de que o actual Presidente da CNE está a ser deixado “cair” foi também
verificado no rodeio que lhe foi dado no fracasso de um pedido de audiência com o
Presidente José Eduardo dos Santos na qual tinha como tema solicitar a liberação de
verbas para a supervisão do registro eleitoral. O PR não o recebeu e puseram - lhe a
falar com o ministro das finanças. Geralmente, o assunto das verbas das eleições são
tratados pelo PR, na sua qualidade de principal gestor do OGE.
Recentemente o regime lamentou internamente que Silva Neto teria feito gestão
impropria no caso dos comissários que questionaram ao parlamento a legitimidade do
Presidente José Eduardo dos Santos em realizar actos eleitoral. A constituição diz que
o PR não tem competências eleitorais.
Em reação Silva Neto vingou-se dos seus colegas da CNE, ao invés de gerir o caso sem
sobressaltos. Isto é, o líder da CNE procedeu a abertura de mais de 760 processos
disciplinares contra os seus colegas, comissários eleitorais nacionais, provinciais e
municipais, dos vários partidos, que decidiram subscrever uma petição colectiva,
prevista no artigo 73.º da Constituição, para colocar aos Deputados 17 questões práticas
sobre a interpretação e aplicação da Lei do Registo Eleitoral Oficioso.
O mais grave ainda, segundo fontes do regime, é que Silva Neto enviou ao Parlamento
uma carta com teor falso. Afirmou ao Parlamento que “o Plenário deste órgão, reunido
em sessão aos 26 de Julho do ano em curso, deliberou sobre a questão em apreço, o
seguinte:
a) Por o conteúdo da petição subscrita pelos membros neles identificados, não provir do
órgão competente para o fazer, não deve a Assembleia Nacional apreciar e decidir a
mesma, devendo ser tida por inexistente por ilegitimidade dos subscritores.
Juristas consultados afirmam, por seu turno, que o Silva Neto não tem competência
para solicitar à Assembleia Nacional que considere inexistente um documento que não
é dele nem do órgão que preside. Nem o Gabinete do Presidente da Assembleia
Nacional devia aceitar como legítimo o “pedido” do Presidente da CNE relativo a uma
petição colectiva formulada por cidadãos no exercício de um direito fundamental
protegido pela Constituição da República no seu artigo 73.º.
Acrescentam a isso o facto de Silva Neto ter acusado e sancionado indevidamente seus
colegas por terem alegadamente violado os princípios da legalidade, da lealdade e da
defesa e preservação do bom nome da CNE, quando os factos indicam exactamente o
contrário.
Luanda - Hoje, tomou posse, perante os Deputados à Assembleia Nacional, o Dr. Silva Neto,
para mais um mandato como Presidente da Comissão Nacional Eleitoral, na sequência da
escolha, por concurso público, pela Magistratura Judicial. Essa posse, nos termos da lei, por
via de uma resolução a que a UNITA votou "abstenção". No final da votação, impunha-se
mandar alguns recadinhos ao senhor Silva Neto, e o Grupo Parlamentar fê-lo por via de uma
declaração de voto, que passo a partilhar convosco:
Fonte: Club-k.net
• O presidente da CNE disse, em carta assinada, que iria deixar a presidência da CNE,
indicando as razões ponderadas e ponderosas que o levavam a tal posição. A nossa pergunta
é: afinal não saiu saindo porquê? Fica tudo no âmbito dos hábitos do país, onde os detentores
de cargos nunca saem saindo, mas saem ficando?
• Quando alguém está doente, o voto é sempre que essa pessoa melhore o mais rapidamente
possível. Na sua carta do “vou-me embora”, evocava o elemento “degradar do estado de
saúde”. Melhorou? A saúde já está recuperada? Se sim, graças a Deus.
• Outro elemento evocado na sua carta do “não fico mais” é o avançar da idade. Diz que já
sente que a idade lhe confere o merecido descanso. Ora, o que é que aconteceu a essa idade?
Decresceu? Está a andar para trás? Ou conseguiu fazer uma actualização dos seus dados de
registo de nascimento e a idade recuou?