Professional Documents
Culture Documents
a u l a
Cnidários e ctenóforos II
OBJETIVOS Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: Pré-requisitos
• Conhecer as características biológicas e Aulas 1, 2, 3 e 4
fisiológicas dos animais pertencentes a cada classe
dos filos Cnidaria e Ctenophona. Disciplina Introdução à
Zoologia.
• Conhecer as relações de parentesco dentro do filo
Cnidaria e entre este e o filo Ctenophora. Noções básicas sobre
Citologia e Histologia.
Noções básicas sobre
diversidade e filogenia dos
animais.
INTRODUÇÃO Na aula anterior, você estudou alguns aspectos importantes dos filos Cnidaria
e Ctenophora. Nesta aula, estudaremos outras características interessantes
dos animais que formam as classes de cada um desses filos.
Antes de abordarmos cada classe do filo Cnidaria, estudaremos uma das
mais interessantes e intrigantes características desses animais. Trata-se dos
dois diferentes tipos morfológicos (dimorfismo) que ocorrem no ciclo de
vida de muitas espécies deste filo.
p p
Figura 5.2: Pólipos associados, formando
uma colônia.
60 CEDERJ
AULA
organismos vágeis, ou seja, que Corpo em forma
de guarda-chuva
não se fixam a nenhum substrato. (umbrela)
A forma do corpo das medusas
assemelha-se a um guarda-chuva
ou a um sino (forma medusóide).
Tentáculo
A boca se encontra no centro da
Boca central
superfície côncava e os tentáculos
Figura 5.3: Estrutura corporal de
estão distribuídos nas suas bordas uma medusa típica.
(Figura 5.3).
Nas colônias de muitas
Gas
espécies, há pólipos especializados
onozoóide
para diferentes funções, com a
reprodução, a alimentação e a
defesa (Figura 5.4). Nesse caso,
há um polimorfismo na colônia,
pois os pólipos especializados são
morfologicamente diferentes.
A forma medusóide é bastante
evidente nas espécies da classe
Figura 5.4: Exemplo de polimor-
Scyphozoa. Por isso, são chamadas
fismo em uma colônia de um
medusas verdadeiras. Porém, em hidrozoário.
CEDERJ 61
Diversidade e classificação
62 CEDERJ
AULA
nadadora) sendo, portanto, dimórficos. Entretanto, há espécies em que
só ocorrem pólipos (como aquelas do gênero Hydra) ou apenas medusas
(como as do gênero Liriope). Em outras espécies, as medusas não são
nadadoras e permanecem fixadas ao pólipo, como as espécies do gênero
Tubularia (Figura 5.6).
Figura 5.6: Diversidade dos hidrozoários: a) Hydra sp; b) Liriope sp; c) Tubularia sp.
Gonozoóide
Os hidróides coloniais são exemplos
Perisar
mais representativos da classe Hydrozoa do
que as hidras. Ao contrário destas, os hidróides Cenosar
coloniais têm a forma medusóide no seu ciclo
rocaule
de vida. As espécies do gênero Obelia (ordem ical
Hidroc
Hydroida) (Figura 5.7a) são um bom exemplo horizo
de um hidróide típico, pois possuem uma base, Figura 5.7a: Estrutura corporal de um hidrozoário típico
(Obelia sp).
CEDERJ 63
Hidrocaule
Atecad o
Hidrorriza
AULA
O ciclo reprodutivo de um hidrozoário típico é composto por
uma fase assexuada (fase polipóide) e outra sexuada (fase medusóide).
Geralmente, os pólipos são GONOCÓRICOS (ou seja, têm sexos separados) e G ONOCORISMO
produzem apenas medusas femininas ou masculinas. O HERMAFRODITISMO Presença de órgãos
reprodutores de
é menos comum, assim como a reprodução assexuada de medusas. No um único sexo
no indivíduo.
pólipo, os gonozoóides são responsáveis, exclusivamente, pela produção
Diferenciação sexual.
de medusas e dependem dos gastrozoóides para obter nutrientes. As
H ERMAFRODITISMO
medusas produzem gametas que são lançados na água. Ocorrendo
Presença, no mesmo
a fertilização, será formada uma larva nadadora chamada plânula. indivíduo, de órgãos
reprodutores dos
Após encontrar um local adequado, a plânula sofre metamorfose dois sexos.
transformando-se em um novo pólipo (Figura 5.9).
Medusa
Gonozo
oto (após
ilização)
Gastrozo
Plânula
ula
ntada
Colônia jovem
Figura 5.9: Ciclo reprodutivo de um hidrozoário típico (Obelia). CAMPÂNULA
A medusa de um hidrozoário é relativamente pequena, com diâmetro Qualquer objeto em
forma de sino. No
variando entre 2mm a poucos centímetros. A principal característica das caso das medusas,
corresponde à maior
hidromedusas é a presença de uma projeção na margem (chamada véu) porção corporal do
que fecha parcialmente sua abertura (Figura
g 5.10). O véu atua como um animal, que possui
uma forma de sino
anteparo que canaliza a saída da (umbrela).
água da umbrela
a (ou CAMPÂNULA). A
contração da umbrela expulsa a água ascular
CEDERJ 65
66 CEDERJ
AULA
ação dos ventos. Os pneumatóforos, por sua vez, estão ausentes em outras
espécies de sifonóforos, como em Muggiaea sp (Figura 5.12 a,b).
Pneumatóforo
b
a
G
ectóforo
R actilozoóide
Pneumatóforo cr
lozoóide
gastrozoóide
Gastrozoóides
Diversidade e classificação
CEDERJ 67
(cifístoma). Assim, cada pólipo produz uma única medusa. Cada medusa
produz larvas (plânulas) não ciliadas e incapazes de nadar, ao contrário
dos outros cnidários. Nesse caso, a plânula rasteja pelo substrato e se fixa
através de um disco adesivo central.
Estrutura corporal
68 CEDERJ
isto
Projeção
do ropálio
Tentáculo
Aurelia sp.
CEDERJ 69
O ciclo reprodutivo
M
dos cifozoários é bastante
peculiar. Suas gônadas s
se formam dentro da
nula
l
gastroderme e estão intima-
mente associadas às bolsas
gástricas (Figura 5.18). Éfir
É
Diversidade e classificação
A classe Cubozoa (do grego kwbos, pelo latim cubu = cubo + -zoa
(grego) = animal), até recentemente, foi considerada uma ordem dentro
da classe Scyphozoa. A classe é formada por menos de 50 espécies, todas
muito pouco estudadas até agora. Há apenas uma ordem (Cubomedusae)
formada por duas famílias.
70 CEDERJ
AULA
ciclo de vida. Apenas os pólipos de poucas espécies já foram estudados,
e são muito pouco evidentes, além de não sofrerem estrobilização, ao
contrário dos cifozoários.
As espécies desta classe estão restritas a regiões tropicais e
subtropicais.
Estrutura corporal
Bolsa radial
lamentos
Bolsa radial b gátricos c
a
anúbrio
ônada
Manúbio Canal
Gônada
circular
Pedálio
Ropálio
Tentáculos Velário
CEDERJ 71
Cílio
Pedú
Lent
Fibra Ocelos
sensoriai
Diversidade e classificação
72 CEDERJ
AULA
Ceriantipatharia, que inclui as anêmonas de tubo ou ceriantos (ordem
Ceriantharia) e os corais negros (ordem Antipatharia) (Figura 5.22) e
Alcyonaria (ou Octocorallia), que abrange os octocorais (colônias de pólipos
que possuem uma simetria baseada em oito planos) (Figura 5.23).
a
Figura 5.22: Exemplos de
espécimes da subclasse
Ceriantipatharia: (a) uma
anêmonadetubo(cerianto)
b (ordem Ceriantharia); (b)
um coral negro (ordem
Antipatharia.
corporal
Pínulas
Tentác lo
CEDERJ 73
onóglifo ntério
rio
Gastroderm
Músculo
retrátil
ero
Mesentér
D secundári
pe nóglifo
Mesen
terciár ero
Figura 5.24: Estruturas características de um antozoário: (a) o pólipo com algumas
estruturas internas; (b) corte transversal do pólipo evidenciando os mesentérios, as
cavidades e a musculatura.
A parede corporal de um antozoário possui dois conjuntos de
musculatura que permitem a variação na altura e no diâmetro do pólipo:
os músculos circulares e longitudinais. É fácil perceber essa possibilidade
se relembrarmos a estrutura corporal em forma de saco (saculiforme)
que caracteriza todos os cnidários. No caso dos antozoários, a contração
da musculatura circular, juntamente com o relaxamento dos músculos
ESFÍNCTER longitudinais e com o fechamento da boca (por contração dos ESFÍNCTERES),
Estrutura muscular, causa o aumento da altura do pólipo e a redução do seu diâmetro.
em forma de anel,
presentes em diversos A água retida no interior da cavidade gastrovascular funciona como
órgãos ocos, e que, ao um esqueleto hidrostático. Se ocorrer a contração da musculatura
relaxar-se ou contraír-
se, regula a passagem longitudinal, combinada com o relaxamento da musculatura circular e
de matérias no interior
dos esfíncteres bucais, a água é expelida pela boca e o pólipo se achata
desses órgãos.
quase que completamente, mudando drasticamente de aparência (Figura
5.25). A contração da musculatura longitudinal de apenas um dos lados
do pólipo, simultânea ao relaxamento da musculatura longitudinal do
lado oposto, fará com que o pólipo se redobre para um dos lados (Figura
5.25). A musculatura longitudinal encontra-se nos mesentérios, enquanto
a circular se localiza na parede do pólipo (Figura 5.24).
74 CEDERJ
5AULA
Figura 5.25: (a) Variação de forma de uma anêmona-do-mar causada pela contração
e relaxamento sincronizada da musculatura longitudinal e circular; (b) pólipo se
redobrando para um dos lados, devido à contração da musculatura longitudinal deste
lado e o relaxamento da musculatura do lado oposto.
LACERAÇÃO
RELAÇÕES FILOGENÉTICAS ENTRE AS CLASSES DO FILO
Processo de
CNIDARIA reprodução assexuada
na qual um organismo
Ainda restam dúvidas sobre a relação de parentesco entre as se fragmenta em
dois pedaços, por
classes do filo Cnidaria. Basicamente, uma pergunta central em relação distensão forçada.
à história evolutiva do grupo deve ser feita:
CEDERJ 75
FILO CTENOPHORA
Diversidade e classificação
76 CEDERJ
AULA
as espécies possuem oito fileiras de placas ciliadas em forma de pentes
que promovem a locomoção.
Como os cnidários, os ctenóforos possuem uma simetria radial primária
e um nível de organização tissular, características já estudadas na Aula 4.
Os ctenóforos são nadadores em sua maioria e estão sujeitos às
ações das correntes e marés, ou seja, têm uma vida planctônica. Há poucas
espécies rastejantes e sésseis e apenas uma espécie parasita conhecida.
O filo está dividido em duas classes: a classe Tentaculata (do latim
tentaculum = que sente + (latim) -ata = grupo) (Figura 5.27), que é formada
por seis ordens, e a classe Nuda (do latim nudus = nu) (Figura 5.27), composta
por uma ordem apenas.
Órgão sensorial
a apical b
Caidade epidérmica que Órgão Ctenos
co
Figura 5.27: Representantes do filo Ctenophora: (a) classe Tentaculata (Pleurobrachia sp);
(b) classe Nuda (Beroë
ë sp).
a
d
Grânulos
secretores
(adesivos)
c Filamento
espiral Ctenos
78 CEDERJ
AULA
pressão exercida pelo estatólito sobre os cílios. Como há terminações
nervosas ligadas aos tufos de cílios, o animal percebe a mudança
no posicionamento do corpo. Acredita-se que o estatocisto também
coordene, sem, porém, estimular, o batimento dos cílios dos ctenos.
A respiração e a excreção dos ctenóforos ocorrem por simples
difusão através da parede corporal. Não há qualquer estrutura
especializada para essas funções.
Reprodução e desenvolvimento
CEDERJ 79
epidérmicas profundas, de
forma semelhante aos ctenóforos
da classe Tentaculata. Essas
hidromedusas também possuem
um único órgão sensorial no
ápice da umbrela, mas sua o tentáculo Abertura da
Véu umbrela
composição difere daquela
dos estatocistos dos ctenóforos Figura 5.29: Hidromedusa do gênero
Hydroctena, que possui características
(Figura 5.29). semelhantes aos ctenóforos.
80 CEDERJ
AULA
Nesta aula você estudou vários aspectos importantes dos filos Cnidaria e
Ctenophora. A seguir, encontram-se listadas no Quadro 5.1 as principais diferenças
e semelhanças entre os dois filos. As informações contidas no Quadro 5.1 permitem
que você tenha uma visão concisa do que foi abordado nesta aula.
CEDERJ 81
EXERCÍCIOS
1. Quais as classes que compõem o filo Cnidaria e como podem ser distinguidas?
2. O que você entende por dimorfismo no ciclo de vida e em qual classe do filo
Cnidaria ele não ocorre?
AUTO-AVALIAÇÃO
82 CEDERJ
AULA
possuem um aspecto corporal parecido, ou seja, são vermiformes. O termo “verme”
pode ser usado para qualquer animal sem pernas, de corpo mole, no qual o seu
comprimento excede a sua largura. Curiosamente, essa arquitetura corporal
surgiu em vários momentos da evolução animal. Um verme pode ser facilmente
produzido? Por que tal arquitetura corporal foi favorecida pela seleção natural?
Ela caracteriza, pelo menos, 15 filos diferentes de animais. Há vantagens em ser
um verme? Há desvantagens? O Quadro 5.2, a seguir, descreve algumas vantagens
e desvantagens dessa interessante arquitetura corporal.
CEDERJ 83