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Um resumo dos 4 primeiros dias do governo Bolsonaro

Os 4 primeiros dias do governo Bolsonaro foram mais assustadores do que os


analistas mais moderados previam

(Bolsonaro, Mourão e Moro posam para foto oficial do novo governo/AP/Eraldo Peres)

Passaram-se apenas quatro dias do governo Jair Bolsonaro (PSL) e as medidas já adotadas foram mais
dramáticas do que previram os analistas políticos mais moderados.
Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro prometeu que atacaria o que define como “viés ideológico”. Na prática,
porém, o atual presidente está impondo sua visão ideológica na administração federal.

SALÁRIO MÍNIMO
Em um de seus primeiros atos como presidente da República, Jair Bolsonaro assinou decreto em que estabelece
que o salário mínimo passará de 954 Reais para 998 Reais este ano. O valor ficou abaixo da estimativa que
constava do orçamento da União, de 1.006 Reais.

CARGOS POLÍTICOS
Bolsonaro assinou a MP 870, que cria cargos de articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso
Nacional. Eles devem ser ocupados por deputados aliados do presidente que não se reelegeram nas últimas
eleições.

22 MINISTÉRIOS
A Medida Provisória 870 define toda estrutura do governo Bolsonaro. O texto confirma a estrutura de governo
anunciada ainda na transição, com 22 ministros de Estado. Um decreto complementar distribui as entidades da
administração indireta, como autarquias e fundações, aos ministérios a que estão vinculados.

FUNAI e RURALISTAS
A responsabilidade de realizar a reforma agrária e demarcar e regularizar terras indígenas e áreas remanescentes
dos quilombos passou a ser do Ministério da Agricultura, de controle ruralista. Com a mudança, ficam esvaziados a
Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

DEMISSÕES
Um decreto exonera, a partir do dia 30 de janeiro, servidores comissionados dos ministérios da Fazenda, do
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; da Indústria, Comércio Exterior e do Trabalho — pastas que foram
extintas para formar o todo-poderoso Ministério da Economia, chefiado por Paulo Guedes.

MILITARISMO NAS ESCOLAS


Ao definir a estrutura do Ministério da Educação, o governo determinou que caberá à pasta promover o modelo
de escolas “cívico-militares” nos sistemas de ensino municipais. Falta definir como a ideia irá funcionar na
prática.
ATAQUE ÀS MINORIAS
A Secadi (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão) foi extinta no MEC. Em
seu lugar, entra a Secretaria de Modalidades Especializadas, que terá diretorias voltadas para pessoas com
deficiência, indígenas e quilombolas. Mas a coordenação de ações voltadas à diversidade sociocultural não terão
espaço na nova estrutura da pasta.

TRAPALHADAS
Os primeiros bate-cabeças públicos entre o presidente e a equipe econômica aconteceram nesta sexta-feira (4).
O descompasso aconteceu após Jair Bolsonaro afirmar que o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciaria “a
possibilidade de diminuir” a alíquota do imposto de renda de quem ganha mais.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro também anunciou que a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)
seria elevada para compensar a prorrogação de benefícios fiscais às Regiões Norte e Nordeste. As falas do
presidente foram, no entanto, desautorizadas ao longo do dia e chamadas de “confusão” e “equívoco” pelo
secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, e por Onyx.
Diante do panorama, o superministro da Economia, Paulo Guedes, que já havia visto o presidente defender uma
reforma da Previdência mais branda do que ele almejava, desmarcou os compromissos públicos. Preferiu o
silêncio.
Para a Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital, o anúncio feito pelo presidente quanto à redução de
alíquota de imposto de renda (que cairia dos atuais 27,5% para 25%) é inconstitucional, porque é contrário ao
critério da progressividade estabelecido no parágrafo 2º do artigo 153 da Constituição Federal.
Quem ganha mais deve pagar mais impostos, quem ganha menos, deve pagar menos. Essa medida anunciada
pelo novo governo vai favorecer uma parte da população (os mais ricos), mas deixa de fora muitos brasileiros
que ganham até dois salários mínimos, o que é um erro e favorece a desigualdade”.

Fonte: https://www.pragmatismopolitico.com.br/2019/01/primeiros-dias-governo-bolsonaro.html
Como foi a primeira semana do governo Bolsonaro
Primeiros dias da nova gestão foram movimentados, com polêmicas,
reestruturação e ruído na comunicação
04/01/2019 - 22h49minAtualizada em 04/01/2019 - 23h04min

Bolsonaro e seus 22 ministros tomaram posse em cerimônia na última terça-feiraSergio LIMA / AFP

Os primeiros quatro dias do governo de Jair Bolsonaro foram movimentados. No mesmo dia em que tomou posse, o presidente da
República despachou temas importantes, como definição do salário mínimo e reorganização da estrutura do Executivo.
As movimentações não ficaram restritas a Bolsonaro. Recém empossados, integrantes do primeiro escalão, com o ministro da Casa
Civil, Onyx Lorenzoni, também já promoveram mudanças em suas pastas.
Nesta sexta-feira (4), quarto dia da nova gestão, foi marcada por uma confusão envolvendo alíquota da tabela do Imposto de
Renda e ajustes no IOF.
Confira abaixo um resumo da primeira semana do governo Bolsonaro:

Terça-feira, 1º de janeiro de 2019


Salário mínimo
Poucas horas após participar da cerimônia de posse em Brasília, na terça-feira (1º), Bolsonaro assinou o decreto que define o salário
mínimo de 2018 em R$ 998 — o atual valor é de R$ 954. A medida foi publicada no Diário Oficial da União no final da tarde de terça-
feira. O valor é R$ 8 abaixo do que foi definido pelo Congresso Nacional quando aprovado o Orçamento da União, no dia 19 de
dezembro.
Primeira medida provisória
Ainda no dia 1º de janeiro, Bolsonaro editou a primeira medida provisória de seu governo. O texto prevê que Ministério da Agricultura,
coordenado pela deputada Teresa Cristina (DEM-MS), será responsável pela demarcação de terras indígenas e quilombolas, além
da definição da Amazônia Legal e das atividades de reforma agrária e regularização fundiária.
Os ministérios da Fazenda e do Planejamento informaram que o valor do mínimo foi revisado para cima porque a estimativa de inflação
pelo INPC em 2018 passou de 3,3% para 4,2%.
Na mesma MP, o presidente da República oficializou o fim do Ministério do Trabalho, que será incorporado por outras pastas da atual
gestão.

Quarta-feira, 2 de janeiro de 2019


Pacto com oposição
Onyx, um dos integrantes do núcleo duro do governo, apelou por um "pacto político" entre governo e oposição "por amor ao Brasil"
e respeitando as diferenças de ideológicas. Segundo ele, o espaço para as disputas será preservado, mas é fundamental "garantir o futuro
de cada brasileiro".
Exonerações
Poucas horas após adotar tom de conciliação com a oposição, Onyx disse que vai exonerar todos os funcionários com cargos em
comissão e gratificação na sua pasta, número calculado por ele em 320.
O ministro disse que o governo de Bolsonaro não pode manter servidores petistas ou de ideologias que não se identificam com o projeto
"de centro-direita". Ele disse que vai recomendar o mesmo sistema para os comandantes das demais pastas.
Moro assume a Justiça
O primeiro dia após a posse foi marcado por cerimônias de transmissão de cargo. Ao assumir o Ministério da Justiça, Sergio Moro disse
que uma das primeiras de suas medida à frente da pasta será enviar para o Congresso, já em fevereiro, um projeto de lei anticrime.
Segundo ele, a "missão prioritária" dada por Bolsonaro foi "o fim da impunidade da grande corrupção, o combate ao crime organizado e
a redução dos crimes violentos". Segundo Moro, "o Brasil não será porto seguro para criminosos".
Guedes e a reforma da Previdência
Em sua primeira fala após assumir o Ministério da Economia, Guedes voltou a defender a importância da aprovação da reforma da
Previdência. Negando a alcunha de superministro, o ministro disse que a medida é essencial e que o intuito do novo governo é
implementar essa e outras reformas estruturais, como a abertura comercial, "de maneira sincronizada". Para o novo ministro, sem a
reforma, o caminho será desvincular as receitas da União.
Base da reforma de Temer
O secretário especial da Previdência do Ministério da Economia, deputado Rogério Marinho, disse que a equipe usará o "bom senso"
e usará como base o texto de reforma da Previdência enviado pelo ex-presidente Michel Temer, já em tramitação no Congresso
Nacional.
Relações exteriores
Comandante das Relações Exteriores, Ernesto Fraga Araújo, Um dos ministros mais polêmicos de Bolsonaro, fez duras críticas ao
que chama de "globalismo", termo que significaria "a globalização econômica ditada pelo marxismo cultural", de acordo
com a sua própria definição. Araújo citou Raul Seixas, Olavo de Carvalho e Renato Russo no seu discurso de transmissão de cargo.
Mais horários em atendimentos na Saúde
Ao assumir o cargo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendeu a implantação de terceiro turno no programa de
atenção básica. Nesse modelo, já em prática em algumas cidades do País, unidades atuam em horários estendidos, sobretudo noturnos,
para garantir que pessoas que trabalham possam se consultar ou levar seus dependentes para o atendimento.
As polêmicas de Damares
A cerimônia de transmissão de cargo da ministra das Mulheres e Direitos Humanos, Damares Alves, foi repleta de frases polêmicas. Em
uma delas, Damares disse que "o Estado é laico, mas essa ministra é terrivelmente cristã".
A ministra declarou que vai governar com "princípios cristãos", sempre priorizando a família. Damares também disse que vai lutar contra
a "doutrinação ideológica", apesar de não ter detalhado o que esta seria.
Em vídeo, a ministra aparece dizendo que "meninos vestem azul e meninas vestem rosa". A afirmação gerou polêmica e Damares
disse que a fala foi uma metáfora para ideologia de gênero.

Quinta-feira, 3 de janeiro de 2019


Primeira reunião ministerial
Bolsonaro também pediu um levantamento do número de imóveis da União e deu carta branca para que os ministros exonerem
servidores sem estabilidade que foram indicados nos últimos governos.
Pela primeira vez desde que tomou posse, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu, na quinta-feira (3), com o Conselho de Ministros, no
Palácio do Planalto. Bolsonaro determinou aos 22 ministros do governo que seja feito um pente-fino nos recursos repassados pela
gestão de Michel Temer, especialmente nos últimos 30 dias. Segundo Onyx Lorenzoni, "o alto volume" de movimentação financeira
chamou atenção.
Terras indígenas
Depois de retirar a função de demarcação e delimitação de terras indígenas da Fundação Nacional do Índio (Funai), a equipe de governo
do presidente Jair Bolsonaro anunciou que prepara nova regulamentação para liberar a exploração de terras indígenas pelo
agronegócio. O objetivo é autorizar parcerias entre os índios e os produtores rurais, para cultivo e criação de gado em terras já
demarcadas.
Cadeiras não serão vermelhas
O fotógrafo Daniel Marenco, da agência O Globo, registrou o momento em que as cadeiras vermelhas do palácio são retiradas por
um caminhão de mudança. De acordo com o jornal, os móveis serão trocados por outros, de cor azul, antes de Bolsonaro se mudar para
lá.
Idade mínima para aposentadoria
Bolsonaro afirmou que pretende propor idade mínima para a aposentadoria de 62 anospara homens e de 57 anos para mulheres.
Em entrevista ao SBT, na noite de quinta-feira, o presidente afirmou que seria elevado um ano da idade mínima atual (60 para homens e
55 para mulheres) a partir da promulgação da lei e outro a partir de 2022 — fim de seu governo. O presidente não descartou propor o
fim da Justiça do trabalho no país, que, segundo ele, é um "excesso de proteção".

Sexta-feira, 4 de janeiro de 2019


Ruído na comunicação
O quarto dia do novo governo federal foi marcado pela falta de sintonia em anúncios da área econômica.
Em entrevista coletiva na manhã, Bolsonaro anunciou que aumentaria o IOF para não descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Além disso, seriam realizadas mudanças na tabela do Imposto de Renda, diminuindo o teto de 27,5% para 25%.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, cancelou agendas públicas e não se manifestou sobre o tema. No meio da tarde, o secretário da
Receita Federal, Marcos Cintra, afirmou que o aumento de impostos não seria necessário, e que Bolsonaro "deve ter cometido um
equívoco".
Onyx afirmou que Bolsonaro realmente se enganou sobre o tema. Em entrevista a jornalistas, negou qualquer mudança no IOF e no
Imposto de Renda, declarando que não haverá aumento de tributos.
Novo slogan
Jair Bolsonaro divulgou, na noite desta sexta-feira, o logo e o slogan do seu governo. Com a inscrição "Pátria Amada Brasil" e uma
figura que representa um nascer do sol, o logo foi divulgado pelas redes sociais, e não pelas TVs — o que, segundo o governo,
representa economia de R$ 1,4 milhão.

https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2019/01/como-foi-a-primeira-semana-do-governo-bolsonaro-
cjqiqjzi50pjj01rxged7how0.html

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