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EXMO. SR. DR.

JUIZ DA 1ª VARA FEDERAL DE FLORIANÓPOLIS

Autos nº 2008.72.00.006258-8

ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DA UFSC – APUFSC,


Seção Sindical do SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES EM
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR, já qualificada nos autos
de mandado de segurança coletivo que, perante esse MM.
Juízo, impetrou em face de atos do Magnífico Reitor da
Universidade Federal de Santa Catarina, Professor ÁLVARO
TOUBES PRATA; do Pró-Reitor de Desenvolvimento Humano e
Social da mesma Universidade, Professor LUIZ HENRIQUE
VIEIRA SILVA; da Coordenadora Geral de Procedimentos
Judiciais do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, Dra. MARIA ELIETE NUNES MACHADO PENHA; e do Chefe
da Divisão de Aplicação de Decisões Judiciais do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão, Dr. FREMY DE SOUZA E
SILVA, não se conformando, data vênia, com a respeitável
decisão de fls. 645/647-verso, que extinguiu, sem
julgamento do mérito, nos termos do art. 267, V, do Código
de Processo Civil, o mandado de segurança supra, dela
apelar ao colendo Tribunal Regional Federal da 4ª Região,
em Porto Alegre, na forma e prazo do art. 514 e seguintes
do Código de Processo Civil, requerendo se digne V. Exa. de
receber o presente recurso e mandar processá-lo, remetendo
os autos àquele colendo Tribunal, onde espera o apelante
seja o recurso provido, como de direito.

Nestes termos,
P. deferimento.
Florianópolis, ... de julho de 2008.

Sergio Bermudes Frederico Ferreira


OAB/RJ 17.587 OAB/RJ 107.016

João José Ramos Schaefer Nelson Luiz Schaefer Picanço


OAB/SC 16.700 OAB/SC 15.716

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Razões da Apelante,
ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – APUFSC.

Colenda Turma,

1. A respeitável decisão apelada extinguiu o


processo sem julgamento do mérito, na forma do art. 267, V
do Código de Processo Civil, ao entendimento de que
ocorrentes os fenômenos jurídicos, primeiro, da coisa
julgada entre o presente processo e os de n°
2006.72.00.011707-6, que tramitou na colenda 4ª Vara
Federal de Florianópolis e a Reclamação Trabalhista 561/89,
que teve curso na 3ª JCJ de Florianópolis, hoje 3ª Vara
Trabalhista desta Capital e, segundo, da litispendência,
esta relativamente aos mandados de Segurança n°
2007.72.00.013093-0, em curso na digna 3ª Vara Federal
desta Capital e o de n° 2001.34.00.020574-8, que correu
perante a 17ª Vara da Justiça Federal de Brasília e hoje se
encontra em grau de recurso no colendo Tribunal Regional
Federal da 1ª Região, sendo dado provimento parcial à
Apelação da União, estando o acórdão em fase d declarações
de voto.

2. Não tem razão, data vênia, a sentença recorrida.

3. Um e outro desses pressupostos processuais


negativos exigem não só a identidade de partes entre o novo
processo e outros anteriormente ajuizados, como a mesma
causa de pedir e o mesmo pedido.

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4. Esta é a lição da doutrina e o entendimento dos
Tribunais.

5. J. J. CALMON DE PASSOS, nos “Comentários ao


Código de Processo Civil”, ed. Forense, 1 ed., páginas 259
e seguintes, assinala que para que se reconheça a
identidade das lides, exige-se “a identidade dos sujeitos,
identidade do pedido e a identidade da causa de pedir”.

6. Mas adverte:

“Faltando qualquer dessas identidades,


não se pode cogitar nem de
litispendência, nem de coisa julgada.”

7. Uníssono, a respeito, o entendimento dos


Tribunais. Proclamou o STF, em acórdão da lavra ilustre do
Min. FRANCISCO RESEK, no RE 101.690-3–PA, o seguinte:

“Não há coisa julgada se o feito


anterior, embora entre as mesmas
partes, não apresente identidade do
pedido.”

8. O Tribunal de Alçada Civil do Rio de Janeiro,


após referir que para configurar-se a coisa julgada é
necessário que a ação anterior seja idêntica em relação aos
seus três elementos, personae, causa petendi e res,
sublinhou:

“Quando a identidade se limita aos dois


primeiros, inocorre a identidade das
duas ações e, igualmente, a coisa
julgada” (O Processo Civil à luz da
jurisprudência, de A. de Paula, Vol.
XI, p. 441, n° 25.567).

4
9. Também no Tribunal de Alçada Civil de São Paulo,
na apelação nº 150.698, rel. Juiz MORAES SALLES:

“Para que haja litispendência é


necessário que ocorra identidade da
lide. E isto se verifica, quando são os
mesmos sujeitos que contendem a
respeito do mesmo bem da vida e pela
mesma causa. Há, pois, necessidade de
que ocorra uma tríplice identidade;
identidade dos sujeitos, identidade do
pedido e identidade da causa de pedir.
Faltando qualquer destas, não se pode
cogitar de litispendência”.

10. Assim, também, o Tribunal de Justiça da Bahia, no


Agravo nº 1213/85:

“Não há litispendência se não


coexistirem três requisitos essenciais
e indispensáveis: identidade de parte,
de objeto e a causa de pedir. Se o
objeto e a causa de pedir são mais
amplos, não há identidade dos mesmos
para efeito de litispendência,embora
exista uma identidade parcial em
enseja, no máximo, a conexão das ações”
(Obra e volume citados, p. 436, n°
25.448)

11. Na mesma linha o Tribunal do Mato Grosso, no


Agravo nº 2443:

“Inconfigura-se a litispendência se não


são idênticas as causas de pedir entre
duas ações, eis que os fundamentos de
fato e de direito que as embasam não
são os mesmos. Não se tratando de
reprodução de demanda já em curso,
inexiste litispendência. A diversidade
de um só elemento acarreta a
diferenciação de ações”. (Obra citada,
p. 437, n° 25.551)

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12. Admitindo-se, apenas ad argumentandum, que, no
caso, haja identidade dos sujeitos, o que, em realidade,
não se verifica em todos os casos confrontados, não há,
contudo, identidade da causa de pedir e identidade do
pedido.

13. Examinemos, primeiramente, a causa de pedir ou


causa petendi.

14. CALMON DE PASSOS discorre:

“Quando um fato da vida encontra


correspondência num fato abstratamente
previsto na lei, dizemos que o direito
incidiu. E porque incidiu, as
conseqüências igualmente previstas na
lei devem ocorrer. Esse fato da vida,
condição da incidência do direito, é
denominado de fato jurídico. Fato, como
acontecimento da vida; jurídico, em
face de sua relevância para o direito”.
(Obra citada, p. 141)

15. E depois de assinalar que, ante o conflito entre


os sujeitos de uma relação jurídica, “qualquer deles está
autorizado a fazer desse conflito de interesses objeto de
um processo, perante o juiz competente para o seu
conhecimento”, afirma:

“A causa de pedir é a resultante da


conjugação desse fato, relevante para o
direito, da relação jurídica dele
derivada e da conseqüência pretendida
no caso concreto.” (Idem, p. 142)

16. A identidade da causa de pedir, refere adiante,


ao estudar a litispendência, “resulta de ser o mesmo o fato

6
jurídico de uma e outra demanda. Nele se incluem tanto o
fato constitutivo do direito do autor quanto o fato
constitutivo da obrigação do réu. Em resumo, ela é
representada pelo fato ou pelos fatos que autorizam o
pedido”. (Obra citada, p. 261).

17. Acrescenta, contudo:

“Quanto dissemos no n° 81 é aplicável


aqui. Queremos, entretanto, ressaltar
que um mesmo fato (acontecimento da
vida) pode revestir-se de mais de uma
qualificação jurídica, por conseguinte,
ser fato jurídico em mais de um
sentido. Como, por igual, relativamente
a uma relação, mais de um fato
juridicamente qualificado pode existir.
Fala-se, no particular, em fattispecie,
ou fato jurídico complexo. Se a
conseqüência jurídica pretendida é
diversa, ou se para a mesma
conseqüência é fato novo que se invoca,
não há por que se falar em identidade
de causa de pedir.” (Obra citada, p.
261)

18. Conclui, então CALMON DE PASSOS:

“Para que haja litispendência,


portanto, exige-se a identidade dos
sujeitos, da causa de pedir e do pedido
nos termos estritos em que vimos de
enunciar. Se essa identidade, não
ocorre, apenas se pode falar de conexão
ou continência, que reclamam unidade de
juízo, unidade de procedimento e
unidade de julgamento, mas não induzem
litispendência.” (idem, p. 262)

19. Relativamente ao pedido, ou ao objeto, deve a


lide, ainda na lição de CALMON DE PASSOS, “ser apreciada

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sob duplo aspecto”. E prossegue o consagrado
processualista:

“Quando uma lide é posta como objeto de


certo processo, a respeito dela se
formula determinado pedido, constituído
justamente por aquele bem da vida que o
autor afirma satisfazer ao seu
interesse protegido ou tutelado”. (obra
citada, p. 259/260)

20. Diz, adiante, CALMON DE PASSOS, que para obter


esse bem da vida, o autor

“pede ao juiz, também, uma providência


jurisdicional de determinado conteúdo
(…). Daí falar-se em pedido imediato e
pedido mediato (…). A identidade do
objeto, para fins de litispendência e
coisa julgada, deve atender a um e
outro” (ob. cit., p. 260).

21. Estabelecidas essas premissas, de que para


configurar–se a coisa julgada e a litispendência a causa de
pedir e o pedido hão de ser igualmente idênticos na nova e
nas ações anteriores, verifica-se que não existe, no caso,
a identidade entrevista na douta sentença apelada.

22. O Mandado de Segurança nº 2006.72.00.011707-6,


que teria gerado a coisa julgada impeditiva do presente
mandado de segurança coletivo, foi ajuizado em 24.10.2006,
nele se pretendendo que o Pró-Reitor da UFSC se abstivesse
de “suprimir das remunerações, proventos e pensões dos
substituídos vantagem salarial decorrente de ação
judicial”.

8
23. Não havia, entretanto, ato concreto da autoridade
apontada como coatora com vistas à supressão da vantagem,
mas apenas um Ofício Circular comunicando que o TCU
considerara ilegal o pagamento da parcela relativa à URP de
fevereiro de 1989.

24. Além disso, o mandado de segurança coletivo de


2006 era de caráter preventivo e apenas contra uma das
autoridades responsáveis pelo pagamento, não formulando
pedido algum contra os responsáveis pelas verbas
orçamentárias que dão lastro ao pagamento da vantagem.

25. Nesse caso, portanto, não há sequer identidade de


sujeitos passivos, a causa petendi é diversa e o pedido é
diferente, descaracterizando a coisa julgada pela falta dos
três requisitos que a configuram.

26. Não há, igualmente, como vislumbrar a coisa


julgada em face da decisão tomada na Reclamação Trabalhista
nº 561/89.

27. A inicial demonstra amplamente que a sentença nos


embargos à execução, da lavra da Juíza do Trabalho Dra.
Maria Aparecida Caitano, foi proferida no curso de
liquidação de sentença de atrasados e que, por isso mesmo,
não podia afetar a decisão, trânsita em julgado, quanto à
vantagem em si, decisão, de resto, que não estabeleceu
limite temporal (a respeito o acórdão no REsp nº
604.880/SE, relator o Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA – item
89 da inicial), a par de que na decisão de 15.09.94
(documento nº 21 da inicial), a mesma magistrada determinou
que a Universidade deveria proceder “à efetiva INCORPORAÇÃO
(integração) e, não INCLUSÃO (que pressupõe listagem) da

9
URP de fevereiro/89 no vencimento-base dos empregados
substituídos, fazendo desaparecer a parcela denominada
‘AÇÃO JUDIC.URP FEV/89’”, assim procedendo com o propósito
evidente de reafirmar e ratificar o mandado de 25.09.90, da
mesma 3ª JCJ, “para que inclua na folha de pagamento do
corrente mês o reajuste salarial no percentual de 26,05%,
em cumprimento à decisão proferida pela Exma. Juíza da 3ª.
Junta de Conciliação e Julgamento de Florianópolis/SC, no
processo n° 561/89 (…)”.

28. Esse despacho é, na verdade, uma reafirmação da


incorporação, indicando, outrossim, que os cálculos que
estavam sendo objeto da liquidação diziam respeito apenas e
tão somente aos atrasados.

29. Já não fosse isso, sem que a douta sentença


apelada tenha atentado para o fato de que a decisão de fls.
... (documento nº 17 da inicial) foi tomada quando a
Justiça do Trabalho já não mais podia decidir a respeito de
quaisquer verbas integrantes dos vencimentos dos servidores
da UFSC, por força da Lei Federal nº 8112/90 – matéria de
que a inicial se ocupou longamente nos itens 65 a 71 -, é
de ver-se que a decisão na fase de conhecimento da
Reclamação Trabalhista nº 562/89, de ... (documento nº 6 da
inicial), transitou em julgado a 18.08.90 (item 22 da
inicial) e a vantagem por ela proclamada foi averbada em
folha de pagamento por mandado judicial em 25.10.90 (item
25 da inicial).

30. Não poderia, pois, uma decisão em liquidação de


atrasados (ou diferenças devidas entre a data da sentença
de conhecimento e da averbação em folha de pagamento)

10
vulnerar sentença trânsita em julgado, como decidiu o STF
no MS nº 25.009, relator o Sr. Ministro Carlos Velloso:

“(…) a situação coberta pela coisa


julgada somente pode ser modificada
pela via da ação rescisória”.

31. Bem por isso, nos itens 78 a 86 da inicial, a ora


apelante desenvolveu estas considerações:

“II. 10 - A GARANTIA DA SENTENÇA TRÂNSITA EM


JULGADO

78. O direito dos substituídos mais avulta se


estão eles amparados pela garantia da coisa
julgada, uma vez que a sentença da MMª 3ª Junta
de Conciliação e Julgamento de Florianópolis,
confirmada pelo colendo TRT da 12ª região,
transitou em julgado em 5.09.90 e, desde então,
vem sendo ininterruptamente paga a vantagem a
todos os substituídos.

79. De acordo com o art. 467 do CPC,


“denomina-se coisa julgada material a eficácia,
que torna imutável e indiscutível a sentença, não
mais sujeita a recurso ordinário ou
extraordinário”.

80. Na lição de VICENTE GRECCO FILHO (in


Direito Processual Civil Brasileiro, vol. II, Ed.
Saraiva, 16ª. ed., p. 249/250),

11
”(…) O fundamento da coisa julgada
material é a necessidade de
estabilidade nas relações jurídicas.
Após todos os recursos, em que se
objetiva alcançar a sentença mais justa
possível, há necessidade teórica e
prática de cessação definitiva do
litígio e estabilidade nas relações
jurídicas, tornando-se a decisão
imutável. Não mais se poderá discutir,
mesmo em outro processo, a justiça ou
injustiça da decisão, porque é
preferível uma decisão eventualmente
injusta do que a perpetuação dos
litígios.”

81. A coisa julgada, no magistério de JOSÉ


CARLOS BARBOSA MOREIRA,

“Cria para o juiz um vínculo


consistente na impossibilidade de
proferir novo julgamento sobre a
matéria já decidida. Essa
impossibilidade às vezes só prevalece
no mesmo processo em que se proferiu a
decisão (coisa julgada formal), e
noutros casos em qualquer processo
(coisa julgada material)”. (Comentários
ao Código de Processo Civil, edição
1976, 5° volume).

82. Para o eminente Ministro LUIZ FUX, em


acórdão de que relator, no Recurso Especial n°
763.231-PR:

“1. A coisa julgada é tutelada pelo


ordenamento jurídico não só pelo
impedimento à repropositura de ação
idêntica após o trânsito em julgado da
decisão, mas também por força da
denominada eficácia preclusiva do
julgado.

12
2. O primeiro aspecto acerca do artigo
468, do CPC ("a coisa julgada tem força
de lei nos limites da lide e das
questões decididas"), assenta-se em
clássica sede doutrinária que: "Já o
problema dos limites objetivos da res
iudicata foi enfrentado alhures, em
termos peremptórios enfáticos e até
redundantes, talvez inspirados na
preocupação de preexcluir quaisquer
mal-entendidos. Assim, é que o art.
468, reproduz, sem as deformações do
art. 287, caput, a fórmula
carneluttiana: "A sentença, que julgar
total ou parcialmente a lide, tem força
de lei nos limites da lide e das
questões decididas". (José Barbosa
Moreira, in Limites Objetivos da Coisa
Julgada no Novo Código de Processo
Civil, Temas de Direito Processual,
Saraiva, 1977, p. 91).

3. O segundo, inerente à eficácia


preclusiva, admite dizer-se que a coisa
julgada atinge o pedido e a sua causa
de pedir. Destarte, a eficácia
preclusiva da coisa julgada (artigo
474, do CPC) impede que se infirme o
resultado a que se chegou em processo
anterior com decisão trânsita, ainda
que a ação repetida seja outra, mas
que, por via oblíqua, desrespeita o
julgado anterior (Precedentes desta
relatoria: REsp 714792/RS, Primeira
Turma, DJ de 01.06.2006; EDcl no AgRg
no MS 8483/DF, Primeira Seção, DJ de
01.08.2005; REsp 671182/RJ, Primeira
Turma, DJ de 02.05.2005; e REsp
579724/MG, Primeira Turma, DJ de
28.02.2005)”.

83. Bem por isso, no REsp nº 23.182-0, de


Goiás, o notável Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO
proclamou que:

13
“(…) as decisões judiciais, como
cediço, somente são desconstituídas
pelas vias expressamente contempladas
na lei, a saber, pela via recursal, se
ainda não transitadas em julgado, ou
pelas denominadas ações de impugnação,
quando ocorrente a res iudicata, de que
são exemplos em nosso direito a ação
rescisória e a ação anulatória do art.
486 do Código de Processo Civil,
situando-se em plano distinto a querela
nullitatis”.

84. Revestida da qualidade de coisa julgada


material, a sentença da colenda 3ª JCJ de
Florianópolis, de 10.11.89, confirmada pelo TRT e
com trânsito em julgado conforme documentos ns. 8
e 9, só poderia ser rescindida, portanto, nas
hipóteses do art. 485 ou 486 do CPC, que são as
referidas no acórdão supra, da lavra ilustre do
Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, nenhuma
delas ocorrente no caso.

85. Ainda que, ad argumentandum, se


admitisse que a decisão na fase de liquidação,
teve por objeto estabelecer um limite temporal ao
direito de incorporação da URP de Fevereiro de
1989, é de ver-se que, conforme lição de NELSON
NERY JÚNIOR e ROSA MARIA DE ANDRADE NERY:

“Em caso de conflito entre duas coisas


julgadas, “prevalece a primeira porque
a segunda nem chegou a se formar ou, no
mínimo, ofendeu a primeira coisa
julgada, sendo inconstitucional (CF 1 ,
caput e 5 XXXVI) e ilegal (CPC 267 V,
301 VI, 471, 485 IV)”.(Código de
Processo Civil Comentado, ed.São Paulo,
Revista dos Tribunais, 2003, p. 789)

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86. É que,

“Dada a intangibilidade da coisa


julgada material, o juiz não pode
rejulgar a lide sobre a qual pesa a
autoridade da coisa julgada. Caso o
faça, essa segunda sentença será
passível de rescisão, quer tenha
repetido o julgamento anterior, quer
tenha sido dele diferente (…).
Ultrapassado o prazo do CPC 495 e
havendo conflito entre duas coisas
julgadas antagônicas, prevalece a
primeira sobre a segunda, porque esta
foi proferida com ofensa àquela (CPC
471)”. (obra citada, p. 830)”

32. Daí o descabimento, no caso, do Enunciado nº 322


(itens 87 a 90 da inicial), de sorte que o ato impugnado,
de suspensão da vantagem e do corte das verbas
orçamentárias, fere direito líquido e certo dos
substituídos.

33. Não é diversa a situação relativamente à


litispendência invocada pela respeitável sentença apelada.

34. Afirma a douta sentença recorrida que a


litispendência se configura em face do ajuizamento anterior
do MS nº 2007.72.00.013093-0, em Florianópolis, e do MS nº
2001.34.00.020574-8, na 17ª Vara Federal de Brasília.

35. Quanto ao primeiro, é de ver-se que foi impetrado


também em caráter preventivo, apenas contra o Pró-Reitor de
Desenvolvimento Humano e Social e contra o ato (à época) de
provável suspensão da vantagem salarial.

15
36. Em decisão de 14.02.2008, o MS foi extinto sem
julgamento de mérito, com fundamento no art. 267, V, do
Código de Processo Civil.

37. Embora interpostos embargos declaratórios dessa


decisão, conhecidos e não acolhidos, a 24.06.2008, a ação
já fora extinta em 14.02.2008, não havendo falar-se em
litispendência.

38. Ainda que assim não seja, o caráter preventivo do


Mandado de Segurança viu-se prejudicado pela sentença de
extinção sem julgamento de mérito, sendo certo, outrossim,
que o pedido formulado no MS nº 2008.72.00.006258-8, de que
ora se recorre, é mais amplo do que o de nº
2007.72.00.013093-0, porque impetrado este apenas contra o
Pró-Reitor de Desenvolvimento Humano e Social da UFSC e
aquele, o ora recorrido, contra o Reitor e o Pró-Reitor da
UFSC, contra a supressão, já caracterizada, de vantagem, e
contra a Coordenadora Geral de Procedimentos Judiciais do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e contra o
Chefe da Divisão de Aplicação de Decisões Judiciais do
mesmo Ministério, em face do ato de cancelamento das verbas
orçamentárias que respaldam o pagamento da vantagem.

39. Diversas, portanto, as autoridades coatoras e


muito mais amplo o objeto, vinculado este a um fato
concreto, a efetiva supressão da URP, vigente há mais de 17
anos sem qualquer interrupção.

40. Esse mandado de segurança objetivou questão


pontual, que só muito remotamente tem ligação com o mandado
de segurança nº 2008.72.00.006258-8, que se insurge contra
a supressão da vantagem e o cancelamento das respectivas

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verbas orçamentárias, numa nova investida das autoridades
coatoras contra o direito líquido e certo dos substituídos,
de fruir a vantagem que conquistaram em sentença trânsita
em julgado e definitivamente incorporada em seus
vencimentos por mandado judicial.

41. Inexistente, pois, a primeira litispendência


cogitada.

42. Finalmente, quanto ao MS nº 2001.34.00.020574-8,


ajuizada na 17ª Vara Federal de Brasília, em 17.07.2001,
seu objeto foi a reativação das rubricas 5171, 51,73, 5434,
...., de forma a continuar a ser feito em folha o pagamento
do reajuste de 26,05% devido aos substituídos e que se
abstenham (os impetrados) de praticar quaisquer atos que
visem impor aos substituídos o ressarcimento dos valores
recebidos, desde 11.02.94, ao mesmo título.

43. Por todo o exposto, ratificando os demais


fundamentos alegados na inicial e invocando os altos
suplementos desse colendo Tribunal, espera-se seja provida
a presente apelação, reformando a decisão apelada com o
afastamento da litispendência e da coisa julgada,
entendidas como ocorrentes pela r. sentença apelada, para
que o processo, retornando à instância a quo, tenha seu
curso retomado, com a concessão da liminar e prosseguimento
do feito, como de direito.

(Ante o exposto, resta evidente não só a


inocorrência dos institutos de coisa julgada e da
litispendência, como da ma-fé .....pelo douto sentenciante,
já que não fez a impetrante senão mais um esforço para
restabelecer uma vantagem conquistada há quase 20 anos e

17
que agora se suprime, mesmo em se tratando de vantagem
outorgada por sentença transita em julgado e incorporada na
folha de vencimentos por medida judicial.)

Nestes termos,
P. deferimento.
Florianópolis, ... de julho de 2008.

Sergio Bermudes Frederico Ferreira


OAB/RJ 17.587 OAB/RJ 107.016

João José Ramos Schaefer Nelson Luiz Schaefer Picanço


OAB/SC 16.700 OAB/SC 15.716

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