Conhencedo-Se A Si Mesmo PDF

Alcimar Dantas Dias – “... Liderando-se a si mesmo.
“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina.”

I Timóteo 4.16
Para ser uma pessoa bem sucedida,

você precisa começar...
“... Liderando-se a Si
Mesmo.”
Autor: Rev. Alcimar Dantas Dias
João Pessoa, Fevereiro de 2011
2
Alcimar Dantas Dias – “... Liderando-se a si mesmo.”
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO, 4.
INTRODUÇÃO, 8.
PRINCÍPIO 1 - Observe a data de validade, 16.
PRINCÍPIO 2 - Conheça melhor o seu Deus, 19.
PRINCÍPIO 3 - Renda-se ao seu deus, 34.
PRINCÍPIO 4 - Mantenha a consciência limpa, 46.
PRINCÍPIO 5 - Conheça melhor a si mesmo, 54.
PRINCÍPIO 6 - Tenha uma atitude positiva, 65.
PRINCÍPIO 7 - Tome iniciativas, 79.
PRINCÍPIO 8 - Cuide do seu pensamento, 89.
PRINCÍPIO 9 - Viva com esperança, 96.
CONSIDERAÇÕES FINAIS, 105.
BIBLIOGRAFIA, 108.
3
APRESENTAÇÃO
O homem foi criado à imagem de Deus (Gn
1.26,27), e a Bíblia o apresenta como coroa da
criação. Num sentido restrito, a imagem de Deus
no homem “consiste nas qualidades espirituais com
que o homem foi criado, a saber, o verdadeiro
conhecimento, retidão e santidade” (Ef 2.24; Cl
3.10). No sentido mais abrangente, significa “que o
homem é um ser espiritual, racional e moral”...
Embora tenha perdido a imagem de Deus no
sentido restrito, o homem “pode ainda ser chamado
o porta-imagem de Deus” (Gn 9.6; 1 Co 11.7).
Para exercer o papel para o qual foi criado, o
ser humano deve estar consciente das virtudes que
recebeu do Criador e pronto para exercer os
mandatos da criação. Quer dizer, precisa aprender
a liderar-se e agir, tudo de acordo com as
qualidades que Deus concedeu a cada um. Neste
livro, o Rev. Alcimar Dantas propõe ao leitor “uma
viagem pelo seu próprio interior e uma caminhada
pelas avenidas, ruas e becos da sua própria vida
num exame introspectivo de si mesmo, com o
propósito de descobrir como ter sua vida
melhorada, transformada e renovada”.
“Liderando-se a si mesmo” é, portanto,
trabalho que objetiva levar-nos a pensar e a agir,
pois estamos vivendo “tempos difíceis” (2 Tm 3.1).
Por um lado, o trato relativista das verdades
absolutas da Palavra de Deus; por outro, o
ufanismo inconseqüente de uma religiosidade
4
humanista, antropocêntrica, que atribui ao homem

um “comando” que vai muito além daquele que ele
recebeu...
Este trabalho se move em cima de princípios,
portanto, pode ser aplicados a todos nós. Um deles,
que considero o mais importante, é que, antes de
tudo, devemos conhecer a Deus. Jamais iríamos
conhecer-nos sem antes conhecermos o nosso
Criador, o Qual se revelou a nós e, de modo pleno e
perfeito, nos conhece e nos revela quem realmente
somos. Mas não basta admitir a existência de
Deus; é preciso ter a visão correta sobre Ele. O
autor apresenta citações de pensadores modernos e
até a Confissão de Fé de Westminster para
fortalecer o assunto; porém, como lhe é próprio,
cita o texto bíblico, a autoridade maior. Além disto,
prova que é preciso crer – no sentido certo da
palavra – e obedecer, para que se possa ter uma
consciência limpa. Ao registrar as experiências de
alguns personagens bíblicos, o autor toma o
exemplo de Jacó (Gn 32.22-32) e apresenta uma
solução, com a identificação da origem do
problema, rendição a Deus e o trilhar por um novo
caminho.
“Liderando-se a Si Mesmo” apresenta um
outro princípio que objetiva “um estilo de vida feliz
e equilibrado”, para que hoje o ser humano tenha
“a auto-compreensão e a facilidade de lidar consigo
mesmo”. Como já foi afirmado, só Deus nos
conhece realmente. Esta é a compreensão do
salmista no Salmo 139.22,24. A razão é simples: o
5
pecado maculou a imagem de Deus com que fomos

criados, conforme já foi explicado. Nossas
faculdades pessoais foram atingidas por esse tipo
de mal. Abriram-se as partes da nossa vida para
acolher o que contraria a vontade de Deus...
Portanto, cada um de nós precisa se conhecer
melhor para aceitar o que agrada a Deus, abster-se
de toda forma de mal e tomar iniciativas que
correspondam à vida que o Senhor quer para nós.
No processo de santificação, nós cooperamos com
Deus... Assim, temos que tomar iniciativas
bastante pessoais dentro de um universo de
possibilidades.
O que fazer? Tomar atitude positiva,
compreendendo o que nos é oferecido pela graça de
Deus. Para o cristão, o dia-a-dia é muito
causticante. Viver de modo agradável a Deus é
possível, mas não é fácil; às vezes, temos que
passar por sofrimentos. E para sermos vitoriosos,
devemos guardar a Palavra de Deus em nosso
coração. A Escritura nos ensina que “enganoso é o
coração”... Neste caso, devemos mantê-lo,
consciente e totalmente, sob o comando do nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo. Como nos ensina
Fp 4.8, tudo que é verdadeiro, honesto, justo, puro,
amável, de boa fama, nisso devemos pensar.
Agindo assim, viveremos ministrados pela
esperança que deve estar no profundo dos corações
dos filhos de Deus, pois sabem em quem têm crido.
O pastor Alcimar Dantas não desenvolveu
um tratado teológico; este não é seu objetivo aqui.
6
Na verdade, ele nos convida a pensar sobre a vida,

devocionalmente. Pensando bem, devemos
responder positivamente à dádiva da vida que o
Senhor nos concede, com todas as implicações
decorrentes, humilde e fervorosamente, para que
desfrutemos da vida abundante. No entanto,
precisamos entender que não é a nossa
compreensão de tamanha necessidade, ou apenas
a nossa disposição de realizar as coisas agradáveis
a Deus, que tornam essas coisas possíveis.
Humildemente, reconheçamos que todos os nossos
atos bons são atos de Deus através de nós.
Boa leitura, na bênção de Deus.
Rev. José Alves da Silva, VDm.
7
INTRODUÇÃO
Como posso liderar a mim mesmo e o que

isso tem a ver com a minha vida? Esta pode ser a
pergunta que você está se fazendo ao pegar este
livro. O nosso objetivo é propor uma viagem pelo
seu próprio interior e uma caminhada pelas
avenidas, ruas e becos da sua própria vida num
exame introspectivo de si mesmo, com o propósito
de descobrir como ter sua vida melhorada,
transformada e renovada.
A Liderança de si mesmo é a habilidade de
influenciar-se a si mesmo para viver
entusiasticamente, visando atingir objetivos
pessoais, a curto, médio e longo prazos.
Como estamos vivendo num período da
História com grandes desafios, grandes e rápidas
mudanças impostas pelo mundo pós-moderno,
deparamo-nos com muita perplexidade em todos os
setores da vida, o que pode proporcionar o
enfraquecimento da realização do seu propósito
8
principal, com a conseqüente queda na qualidade e

eficácia de sua vida, de seus relacionamentos e de
seu trabalho.
A proposta deste livro é EXAMINAR princípios
bíblicos que ajudarão a organizar sua vida, com
exemplos e argumentos bíblicos, bem como
responsabilidades pessoais que podem auxiliar na
mudança de sua vida a partir de onde você se
encontra, com a intenção de gerar CAPACITAÇÃO
pessoal suficiente para o melhoramento do seu
desempenho em todos os setores de sua vida
pessoal, com ênfase na formação do caráter cristão.
Como mudar minha vida para melhor a partir
de onde estou? Seria possível? Já ouvi muita gente
dizer: “A minha vida está no fundo do poço.” No
início eu não tinha uma resposta rápida e fazia
muitos rodeios para aconselhar tais pessoas.
Depois aprendi a dizer que existe uma coisa
positiva nesta afirmação e é o fato de que, se elas
estão no fundo do poço, então já desceram até o
limite. Para baixo não podem mais descer! A única
direção para onde podem caminhar agora, é para
cima. É sobre isso que trataremos neste livro.
Faremos isto por crermos que há esperança para o
homem, seja qual for o estágio em que ele se
encontra. O fato é que vivemos tempos difíceis,
tempos confusos, tempos de indefinição para uns,
incertezas para outros, aflição e sofrimento para
tantos e a busca por uma vida melhor para todos.
9
Quem não já leu algum livro de auto-ajuda,

ou não já ouviu falar neste assunto, ou não já
buscou ajuda numa religião ou noutra, correu
atrás de alguma fórmula para alcançar o sucesso?
Parece que todos estão caçando um jeito de viver
feliz de forma rápida e barata com pouco esforço.
Ou quem não já pensou em uma vacina que
pudesse proporcionar felicidade imediata e eterna?
Há alguns dias, vi um filme interessante com
minha família, chamado “2019”. Trata-se de uma
ficção em que o mundo é dominado por vampiros
super inteligentes, os quais vivem do sangue dos
humanos que por sua vez, são tratados como
animais e começam a entrar em extinção. A cúpula
dos vampiros começa a investigar um substituto
para o sangue como alimento, mas não consegue
êxito. Um conflito interno se instala entre eles,
enquanto uma minoria de seres humanos consegue
viver às escondidas, mas correndo um alto risco de
serem pegos. Em meio a tudo isso, como ápice da
trama, alguém diz desesperado que, o que
realmente precisam é apenas da certeza de um
futuro. Fico pensando que figuradamente já temos
sido perturbados pelos vampiros das crises
existenciais, das depressões e dos estresses desta
pós-modernidade que pressiona o homem do século
21. Parece que o filme “2019” já está acontecendo e
o ápice tem sido o mesmo: a falta de opções de
futuro. Talvez o Apocalipse já tenha iniciado e não
percebemos. Estamos chegando numa época em
que a maior riqueza que alguém pode ter é a
10
certeza de que seu futuro está de fato garantido e a

única garantia de futuro que ainda pode existir é a
certeza bíblica de que há uma pátria celestial sendo
preparada para todo aquele cujo nome está escrito
no livro da vida.
O que pretendemos neste livro é mostrar
princípios de liderança que podem mudar a sua
vida a partir de onde você está. Princípios antigos e
já experimentados por pessoas que descobriram
um jeito novo de viver, colocando em prática lições
simples que as fizeram recomeçar. Lições que
trouxeram novo ânimo e renovaram as expectativas
de uma vida equilibrada e feliz. Fizeram renascer
das cinzas a alegria pela vida, o prazer pelo novo
amanhecer com a certeza de um novo dia com
qualidade de vida. Não foi sem razão que Paulo
escreveu aos Romanos: “De sorte que fomos
sepultados com ele pelo batismo na morte; para que,
como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela
glória do Pai, assim andemos nós também em
novidade de vida”.1
Andar em novidade de vida é experimentar o
novo de Deus, é encontrar em Deus uma força
nova, uma motivação nova, um perdão novo, um
recomeço, uma oração nova, um trabalho novo
para realizar, uma canção nova, uma lição nova a
aprender, uma solução nova para o problema tão
antigo e que permanece como aquele velho espinho
1
Romanos 6. 4.
11
na carne. Andar em novidade de vida é encontrar

um caminho novo para seguir, valores novos a
admitir, coisas novas que só podem ser produzidas
pelo Espírito Santo de Deus, no seu coração, com
base na verdade eterna das Sagradas Escrituras.
Andar em novidade de vida é experimentar
diariamente uma porção nova da graça de Deus
operando em nosso interior.
Deixe-me compartilhar com você o que
escreveu Max Lucado em um dos seus livros:
“Para minha esposa Denalyn não é suficiente ter uma
casa; ela tem que mudar a casa. Quanto a mim, estou
contente tendo uma casa. Meus gostos são, por assim
dizer, menos refinados. No meu modo de ver, uma
cadeira e um refrigerador são equivalentes para receber
um prêmio por decoração de ambientes. Para mim, a
tarefa de Hércules é comprar a casa. Uma vez que a
transação está finalizada e a casa comprada, estou
preparado para me mudar e descansar. Mas para
Denalyn não é assim. Assim que a tinta das assinaturas
secam nas escrituras, ela está se mudando e
remodelando. Me pergunto se ela herdou esse traço de
seu Pai, o Pai celestial. Acontece que Denalyn vê uma
casa da mesma maneira como Deus vê uma vida. Deus
adora decorar. Deus tem que decorar. Deixe-o viver por
tempo suficiente em um coração, e esse coração
começará a mudar. Os retratos de feridas serão
substituídos por paisagens de graça. As paredes de ira
serão demolidas e os alicerces fracos restaurados. Deus
não pode deixar uma vida sem mudar, assim como uma
mãe não pode deixar sem tocar a lágrima de seu filho.
Não é suficiente para Deus ser seu dono; Ele quer mudá-
lo. Onde você e eu nos daríamos por satisfeitos com uma
12
poltrona e um refrigerador, Ele recusa se conformar com

qualquer moradia que não seja um palácio. É sua casa.
Não há gastos a serem regulados. Não há atalhos a
tomar.”2
Pretendemos neste livro, conversar com você
sobre princípios de liderança que podem mudar a
sua vida a partir de onde você está. Refiro-me ao
estágio de vida onde você está, lembrando que
estamos em movimento contínuo e sabendo que às
vezes é muito difícil saber onde realmente estamos.
A vida é dinâmica, a nossa mente nunca pára de
pensar, nascemos, crescemos, amadurecemos e
morremos e quase não paramos para refletir sobre
a própria vida. “Pois todos os nossos dias vão
passando na tua indignação; passamos os nossos anos
como um conto que se conta. Os dias da nossa vida
chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez,
chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e
enfado, pois cedo se corta e vamos voando.”3
Talvez você esteja se perguntando por que
precisa conversar sobre Princípios de Liderança
para ter sua vida mudada. É simples. Deus criou o
homem para ser líder e a primeira coisa que você
tem que liderar é a sua própria vida. A mudança
que deverá acontecer em sua vida dependerá muito
de como você lidera a si mesmo. Não estou falando
sobre gerenciar a si mesmo nem sobre controle de
finanças pessoais ou outra coisa parecida. Quando
falo Liderança, refiro a habilidade de influenciar-se
2
Max Lucado, Simplesmente como Jesus. pp 4 e 5.
3
Salmos 90. 9,10.
13
a si mesmo, pensando nas possibilidades de você

começar sendo uma bênção para si mesmo,
amando a si mesmo e praticando o que o apóstolo
Paulo escreveu: “Examine-se, pois, o homem a si
mesmo...,” 4 E depois, o mesmo Paulo escreveu a
Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina”.5
Sempre que viajamos de avião, temos que
ouvir a repetição daquelas velhas instruções da
comissária de bordo, explicando onde estão as
portas de emergência e como deve usar a máscara
de oxigênio que cairá automaticamente em caso de
acidente. Elas repetem: “Primeiro coloque a máscara
em você, depois no seu filho.” Creio que o objetivo
principal deste livro é chamar a sua atenção para
este princípio tão básico de sobrevivência: Primeiro
você, depois o outro. Isto por uma razão óbvia, você
só pode servir ao próximo se estiver vivo. Foi por
este motivo que Jesus ensinou o seguinte: “E o
segundo (mandamento), semelhante a este, é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”6 Aqui está
o segundo maior mandamento. O primeiro é amar a
Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de
todo o teu conhecimento. Você precisa liderar a
própria vida antes de se tornar uma pessoa capaz
de servir ao próximo com amor. Como você vai
amar o próximo se não consegue amar nem a si
mesmo? A verdade é que muitos não se dão bem no
relacionamento com o próximo porque o problema
4
I Coríntios 11. 28.
5
I Timóteo 4: 16.
6
Mateus 22. 39.
14
está neles mesmos e não no próximo. No entanto,

quando alguém está de bem consigo mesmo, passa
a amar o próximo com naturalidade. Liderar-se a si
mesmo é conhecer-se a si mesmo, quebrar
paradigmas, ser aberto para mudanças
inteligentes, nunca desistir de si mesmo, ter
esperança, investir em si mesmo com a intenção de
servir ao próximo.
Quantos são avessos às mudanças! Contudo,
ninguém pode impedir que o grande decorador das
vidas trabalhe. Deus trabalhará em seu interior
não obstante o seu querer. Se a sua vida pertence a
Ele, mudanças irão acontecer e se você for sincero,
terá que admitir que mudanças aconteceram no
passado e novas mudanças são esperadas,
desejadas e determinadas pelo Criador.
Toda pessoa deve aprender a liderar-se a si
mesmo para encontrar um estilo de vida eficaz,
com maior realização pessoal, mais felicidade
interior e assim ajudar os outros a encontrarem as
mesmas coisas. Para isso, é necessário conhecer o
Princípio n. 01.
15
PRINCÍPIO 01 - OBSERVE A DATA DE

VALIDADE.
Assim como os produtos de supermercado, a
vida do homem tem também uma data de validade.
Ninguém compra uma lata de leite com validade
vencida. O leite está ruim, pode fazer mal à saúde.
Tornou-se inútil. A lata continua a mesma, mas o
que está dentro está vencido.
Muitas pessoas continuam com uma forma
boa, mas o que tem dentro, a vida, pode já ter
passado do prazo de validade. Somente cada um é
que pode saber sobre o seu próprio prazo de
validade. Não há idade para isso. Tanto
adolescentes como adultos ou pessoas da terceira e
quarta idade podem chegar à conclusão de que já
passaram do seu prazo de validade e a única coisa
que lhes resta a fazer é nascer de novo e receber
uma nova vida.
O sinal de que o prazo de validade expirou é
o anseio veemente por uma nova vida. É também a
constatação sincera de que desse jeito não dá mais.
É a inconformação com a mesmice do estilo de vida
que vem levando. Pode ser também a tristeza e
16
angústia existencial sem causa e que persistem na

infelicidade interior. A vida ficou sem graça.
Perdeu-se o encanto.
Foi isso o que aconteceu na vida de alguns
personagens bíblicos como, Davi, Nicodemos, o
apóstolo Paulo e tantos outros. Eles tiveram
experiências profundas com Deus no sentido de
receberem um novo coração e experimentaram uma
nova vida dada pelo próprio Deus. Eles chegaram
num ponto de suas vidas em que não agüentavam
mais viver como vinham vivendo. Somente com
uma transformação de suas vidas é que poderiam
continuar. Somente com a recepção do novo
coração é que poderiam ainda viver o resto de suas
vidas. Até porque o coração novo que receberam
não tinha mais prazo de validade. A vida nova que
ganharam foi uma vida que jamais se acabaria.
Apesar de terem o corpo envelhecido e morto, o que
tinha dentro, a vida eterna, recebeu um selo de
qualidade garantida por toda a eternidade.
Davi, depois de cometer pecados absurdos
como o adultério e o assassinato, perdeu a alegria
de viver e não aquentando mais a vida que levava,
orou arrependido pedindo a Deus que lhe
concedesse um novo coração. A partir dali, sua vida
mudou completamente (Salmos 51.10)
Nicodemos estava cansado da vida religiosa
legalista que levava e resolveu ter uma entrevista
com Jesus. A primeira coisa que ouviu foi que se
não nascesse de novo, não poderia ver o reino de
17
Deus. A sua religiosidade não lhe satisfazia mais e

ele precisava realmente de um novo coração para
poder continuar o resto de sua vida de forma feliz e
realizada (João 3.1 a 7).
O apóstolo Paulo era culto e inteligente,
zeloso por sua religião e cheio de justiça própria,
até o dia em que caiu do cavalo, na estrada para
Damasco, quando deu de cara com a aparição de
Cristo que lhe mostrou um novo caminho e lhe deu
um novo coração (Atos 9.1 a 5).
Quanto ao selo de garantia de qualidade de
vida para sempre, é também nos concedido por
Deus o seu Santo Espírito que vem para selar a
nova vida para sempre. “... e, tendo nele também
crido, fostes selados com o Espírito Santo da
promessa.”
Para que isto aconteça em sua vida você vai

precisar conhecer melhor o seu Deus.
18
PRINCÍPIO 2 - CONHEÇA MELHOR O SEU

DEUS.
O que Deus é? “Deus é Espírito, em si e por si
infinito em seu ser, glória, bem-aventurança e
perfeição; todo-suficiente, eterno, imutável,
insondável, onipresente, onipotente, onisciente,
infinito em sabedoria, santidade, justiça,
misericórdia, graça e longanimidade; cheio de toda
bondade e verdade.” 7
Esta é a pergunta 7 do Catecismo Maior que
foi elaborado no período de 1643 a 1649 na
Inglaterra, por 121 teólogos devidamente
convocados pelo Rei Carlos I, para a composição do
sistema Teológico que ocuparia a religião oficial
daquele país.
Sendo Deus tudo isso que acima está escrito,
podemos conluir como disse John Piper: “ele deve
ser o mais feliz de todos os seres.”8
7
Catecismo Maior de Westminster,Ed. Cultura Cristã, p 05., (formulado pela
Assembléia de Westminster, no séc. XVII, é um catecismo de orientação calvinista,
composto de 196 questões. Junto da Confissão de Fé de Westminster e do Breve
Catecismo, compõe os símbolos de fé das igrejas presbiterianas ao redor do mundo.)
8
John Piper. Em Busca de Deus, p 14.
19
É claro que a mente finita do homem não suporta

o conhecimento total do infinito. É claro que o ser
limitado do homem não pode abstrair a totalidade
do ser ilimitado de Deus. “Porque do céu se manifesta
a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos
homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o
que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque
Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis,
desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder,
como a sua divindade, se entendem, e claramente se
vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles
fiquem inescusáveis”.9
A Visão errada sobre Deus
A visão que muitos têm de Deus é de um

Deus velho, ultrapassado, exigente, egoísta e
infeliz. Outros podem ver Deus como um ser
poderoso, mas que perdeu o controle de tudo e a
vida seguiu o seu curso fatal como uma tragédia
grega. Se Deus é bom e existe, porque não mostra a
sua cara? Enfim, são muitos e inesgotáveis os
conceitos que as pessoas criam sobre Deus. São
conceitos formados a partir do empirismo humano,
do achismo, ou de outros sentimentos e impressões
que passam pela cabeça do ser limitado.
Para Friedrich Nietzsche, filósofo alemão do
final do séc. XIX (1844-1900), Deus está morto. “Já
ouviu falar daquele louco que acendeu uma lanterna
numa manhã clara, correu para a praça do mercado e
9
. Romanos 1.18 a 20.
20
pôs-se a gritar incessantemente: - Eu procuro Deus! Eu

procuro Deus!. Como muito dos que não acreditam em
Deus estivessem justamente por ali naquele instante, ele
provocou muitas risadas... -Onde está Deus?”, ele
gritava. -Eu devo dizer-lhes: nós o matamos – você e eu.
Todos nós somos assassinos... Deus está morto. Deus
continua morto. E nós o matamos... ”10
A idéia de Nietzsche da morte de Deus revela
rebelião contra o Criador. Nietzsche assimilou a
problemática do sofrimento humano e não tendo
opção de esperança, tentou secularizar a Teologia,
trocando-a pelo conhecimento científico, revelando
assim, a centralização do pensamento humanista
mais uma vez, na medida em que postula a
existência de um deus cultural apenas, ou seja,
criado e morto pelo próprio homem.
Para outros, a preocupação principal de Deus
é com a salvação dos homens ou com a Redenção
da humanidade ou com satisfazer o homem.
Embora Deus esteja preocupado com a salvação e o
bem estar dos homens, este não é o seu principal
propósito.
A Visão correta sobre Deus
Existe um propósito anterior a tudo isso e é o

que motiva a existência eterna de Deus. O
propósito principal de Deus é glorificar-se a si
mesmo e ter prazer em si mesmo através da
realização de sua vontade.
10
NIETZSCHE, F. A Gaia Ciência, 125, São Paulo: Hemus, 1981
21
“Eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não

há outro semelhante a mim; que desde o princípio
anuncio o que há de acontecer e desde a antigüidade, as
coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu
conselho permanecerá de pé, farei toda a minha
vontade”.11
Investir no conhecimento de Deus de forma
séria e reverente vai, com certeza, mudar a sua
vida a partir de onde você se encontra.
Provavelmente você descobrirá um Deus diferente
de tudo o que já pensou até hoje. Você verá que
Deus sendo o ser mais feliz de todos os seres é um
ser equilibrado, bondoso, amoroso e pleno de
felicidade. Você descobrirá que Deus é um ser auto
sustentável e que jamais se perturba com qualquer
coisa nesta vida.
O Dr. James Kennedy afirma no seu livro,
Truths That Transform, que “Se o Antigo Testamento
apresenta alguma coisa a respeito de Deus, apresenta
três atributos seus: em primeiro lugar, a ONIPOTÊNCIA
de Deus, onde se aprende que Ele possui todo o poder,
em razão do que o seu plano será devidamente cumprido.
Em segundo lugar, a SANTIDADE de Deus, em que se vê
que Deus é santo, em razão do que o seu plano, que será
e está sendo cumprido, é moralmente correto. E, em
terceiro lugar, a PERSONALIDADE de Deus, em que se
observa que que Deus não é alguma mera força
onipotente, conforme desejam manter os fatalistas, mas
pelo contrário, Deus é uma Pessoa Infinita, cujos
atributos são amor, misericórdia, retidão, justiça,
11
Isaías 46.9, 10.
22
bondade e verdade. Deus é uma pessoa todo-poderosa e

todo-santa.”12
Sendo assim, tudo o que você vai precisar
fazer resume-se nas seguintes palavras: Ouvir, Crer
e Obedecer.
Estas três palavras aparecem como o segredo
da transformação de vida que experimentou um
cego de nascença no capítulo 9 de João.
Somente Ouvindo
Se você ler o capítulo 9 do Evangelho escrito

por João, vai ver o encontro que Jesus teve com um
cego de nascença. Aquele pobre homem não podia
ver nada, mas podia ouvir. Com uma vida
marginalizada, vivendo como mendigo, esquecido
por todos e dependendo da misericórdia e do favor
dos outros, teve o grande privilégio de ser
encontrado por Jesus. Por si mesmo, jamais
encontraria Jesus. A sua vida começou a mudar
quando foi encontrado por Jesus. Isso nos leva a
pensar que não somos nós que encontramos Deus ,
mas é Deus quem nos encontra onde estamos e nos
transforma pelo seu infinito amor e misericórdia.
Não podemos ver a Deus. Somos
inteiramente cegos espirituais. A menos que Deus
nos veja e nos encontre, nada de bom poderá nos
acontecer. Em nossa cegueira espiritual, a única
coisa que nos resta fazer é ouvir a voz de Deus.
12
James Kennedy. Verdades que Transformam. Editora Fiel. p.11.
23
Para ouvir Deus é fundamental calar a nossa

alma dentro de nós. Não podemos falar e ouvir ao
mesmo tempo. Ouvir é uma tarefa difícil. Todos
querem falar e mesmo que ouçam, continuam
falando dentro de suas mentes recheadas de
filosofias. Ouvir o que é dito já uma tarefa bastante
difícil, imagine então, quão difícil é ouvir o que não
é dito. O bom ouvidor, no entanto, é aquele que é
capaz de ouvir tanto o que é dito quanto o que está
latente nas palavras.
No Evangelho de João 9: 6 e 7 está escrito:
“Tendo (Jesus) dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva
fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego. E disse-lhe:
Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado).
Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo.
Jesus falou pouco ao cego de nascença.
Apenas uma frase foi suficiente para comunicar o
segredo que mudaria o resto de sua vida. Uma
palavra clara, objetiva e oportuna, num tom de
orientação, comunicou àquele cego o que deveria
ser feito para resolver o seu problema. O cego não
respondeu nada. Apenas assimilou as palavras de
Jesus. Ouviu as suas palavras com atenção e
consideração, creu nelas e obedeceu. O resultado
foi a cura de sua visão. Ele voltou vendo. Sua vida
mudou a partir de onde ele estava.
Se você deseja mudar sua vida, a partir de
onde está, aprenda a ouvir Deus. Saiba calar a sua
alma para ouvir o que Deus tem a dizer. Deus nos
fala através de seu Filho Jesus. Deus nos fala
através de sua Palavra. Aprenda a ouvir Deus pela
sua Palavra. Ouça Deus!. Abra os ouvidos do
24
coração para considerar tudo o que Deus deseja lhe

dizer a começar pelos Dez mandamentos, pelos
Salmos, pelos Evangelhos. Considere o que Deus
lhe diz através dos seus pais, através das
circunstâncias, através da sua paz interior e
através até do silêncio nas caladas da noite.
Quando nenhum som se ouvir e apenas a doce e
suave voz do Espírito de Deus ecoar lá no mais
íntimo do seu ser, considere o falar de Deus e siga
com atenção.
Conta-se que certa vez, Um rei mandou seu

filho estudar no templo de um grande mestre com o
objetivo de prepará-lo para ser um grande líder.
Quando o príncipe chegou ao templo, o mestre o
mandou sozinho para uma floresta. Ele deveria
voltar um ano depois, com a tarefa de descrever
todos os sons da floresta. Quando o príncipe
retornou ao templo, após um ano, o mestre lhe
pediu para descrever todos os sons que conseguira
ouvir. Então disse o príncipe: "Mestre, pude ouvir o
canto dos pássaros, o barulho das folhas, o
alvoroço dos beija-flores, a brisa batendo na grama,
o zumbido das abelhas, o barulho do vento
cortando os céus..." E ao terminar o seu relato, o
mestre pediu que o príncipe retornasse a floresta,
para ouvir tudo o mais que fosse possível. Apesar
de intrigado, o príncipe obedeceu a ordem do
mestre, pensando: "Não entendo, eu já distingui
todos os sons da floresta..." Por dias e noites ficou
sozinho ouvindo, ouvindo, ouvindo... mas não
conseguiu distinguir nada de novo além daquilo
25
que havia dito ao mestre. Porém, certa manhã,

começou a distinguir sons vagos, diferentes de tudo
o que ouvira antes. E quanto mais prestava
atenção, mais claros os sons se tornavam. Uma
sensação de encantamento tomou conta do rapaz.
Pensou: "Esses devem ser os sons que o mestre
queria que eu ouvisse..." E sem pressa, ficou ali
ouvindo e ouvindo, pacientemente. Queria ter
certeza de que estava no caminho certo. Quando
retornou ao templo, o mestre lhe perguntou o que
mais conseguira ouvir. Paciente e respeitosamente
o príncipe disse: "Mestre, quando prestei atenção
pude ouvir o inaudível som das flores se abrindo, o
som do sol nascendo e aquecendo a terra e da
grama bebendo o orvalho da noite..." O mestre
sorrindo, acenou com a cabeça em sinal de
aprovação, e disse: "Ouvir o inaudível é ter a calma
necessária para se tornar uma grande pessoa.
Apenas quando se aprende a ouvir o coração das
pessoas, seus sentimentos mudos, seus medos não
confessados e suas queixas silenciosas, uma
pessoa pode inspirar confiança ao seu redor;
entender o que está errado e atender as reais
necessidades de cada um". A morte de uma relação
começa quando as pessoas ouvem apenas as
palavras pronunciadas pela boca, sem se
atentarem no que está no interior das pessoas para
ouvir os seus sentimentos, desejos e opiniões reais.
É preciso, portanto, ouvir o lado inaudível das
coisas, o lado não mensurado, mas que tem o seu
valor, pois é o lado mais importante do ser
humano...
26
...A terra está cheia da glória de Deus e

quanto mais prestarmos atenção a tudo, mais
vamos conhecer e descobrir aspectos novos dessa
glória infinita do nosso Criador.
Simplesmente Crendo
Seria Fé uma emoção? Um estado de êxtase?

Um exercício mental que requer concentração ou
alguma técnica mística para sustentá-la? Um
Fenômeno Psicológico? Afinal, o que vem a ser FÉ?
No texto bíblico considerado nos parágrafos
anteriores, um cego de nascença creu nas palavras
que ouviu de Cristo. Simplesmente creu. Acreditou
nelas e procedeu conforme ouviu. Praticou o que
ouviu e deu certo.
“ORA, a fé é a certeza das coisas que se esperam, e a prova
das coisas que se não vêem.” 13 Fé é certeza de que algo é
verdadeiro. Fé é a convicção de que tais palavras
ditas são verdadeiras e não necessitam de provas
para o que crê, pois a prova já é a própria fé. Fé é a
aceitação simples de verdades com ou sem a
comprovação científica.
Certa vez ouvi um pregador leigo dizer a
seguinte frase: “Com a minha mão eu toco neste
púlpito. Com os meus olhos eu vejo quem está lá
13
Hebreus 11. 1.
27
na porta. Com a minha fé eu vejo Deus”. Mas há

muitos que só acreditam no que tocam ou no que
vêem. A Fé é pessoal.
Louis Berkhof, (1873-1957) um teólogo
sistemático reformado, afirma o seguinte: “O
vocábulo (fé) não é um termo exclusivamente religioso e
teológico. É empregado muitas vezes no sentido geral e
não religioso, e mesmo assim tem mais de uma
conotação.” 14
Berkhof considera as conotações do vocábulo

Fé inicialmente num sentido solto e popular para
indicar uma simples opinião. Depois ele considera
a Fé como “uma certeza imediata” relacionada com
a Ciência e os resultados que podem ser obtidos
pela percepção, experiência e dedução lógica, mas
admite a certeza intuitiva referindo-se aos axiomas
que não podem ser demonstrados. E por último, ele
cita a denotação da Fé como convicção de que o
testemunho de outro é verdadeiro, a confiança na
promessa que o outro fez, com base unicamente no
histórico de veracidade e fidelidade do outro. Isto
inclui a confiança num amigo, no piloto do avião
quando viajamos, no médico quando estamos na
sala de cirurgia, etc.
A Fé Religiosa, por sua vez, não difere da fé
em geral. no sentido mais abrangente, é a
persuasão do homem quanto à veracidade das
14
Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p 500.
28
Escrituras Sagradas, com base na autoridade de

Deus.
Teologicamente, Berkhof distingue o4 tipos
de Fé:
a. Fé histórica. Trata-se da pura e simples
apreensão de fatos históricos vazia de qualquer
propósito moral ou espiritual.
b. Fé miraculosa. É a fé em milagres como
aparece nos Evangelhos, nos milagres de Cristo e
no livro de Atos, a qual podia gerar ou não a Fé
Salvadora.
c. Fé temporal. Trata-se da persuasão das
verdades religiosas que vem acompanhada de
algumas incitações da consciência e de uma
agitação dos afetos, mas não tem suas raízes num
coração regenerado. O nome é derivado de Mt 13.
20,21.
d. Fé salvadora. “A verdadeira fé salvadora tem
sua sede no coração e suas raízes na vida regenerada.
Muitas vezes se faz distinção entre o habitus e o actus da
fé (entre o hábito e o ato da fé). Contudo, por trás destes
acha-se a semen fidei (semente da fé). Esta fé não é
primeiramente uma atividade do homem, mas uma
potencialidade produzida por Deus no coração do
pecador. A semente da fé é implantada no homem
quando da regeneração. Alguns teólogos falam disto
como habitus da fé, mas outros mais corretamente lhe
chamam semen fidei. Somente depois que Deus
implantou a semente da fé no coração do homem, é que
ele pode exercer a fé. É isto, evidentemente, que Barth
tem em mente também, quando, em seu desejo de
29
ressaltar o fato de que a salvação é exclusivamente obra

de Deus, afirma que Deus, e não o homem é o sujeito da
fé. O exercício consciente da fé forma gradativamente o
habitus, e este adquire uma significação fundamental e
determinante para o ulterior exercício da fé. Quando a
Bíblia fala da fé, geralmente se refere à fé como uma
atividade do homem, mas nascida da obra realizada pelo
Espírito Santo. Pode-se definir a fé salvadora como certa
convicção, produzida pelo Espírito Santo no coração,
quanto à veracidade do Evangelho, e uma segurança
(confiança) nas promessas de Deus em Cristo. Em última
análise, é certo, Cristo é o objeto da fé salvadora, mas
Ele nos é oferecido unicamente no Evangelho.” 15
Obedecendo
O cego foi inquietado para obedecer às

palavras de Jesus, mesmo sem saber quem ele era.
De alguma forma ele foi em direção ao poço, em
cumprimento ao que Jesus lhe ordenou, porque
havia dentro dele um tipo de fé que foi produzida
pela audição das Palavras do Senhor Jesus. A fé
produzida por Deus no coração do homem provoca
o desejo da obediência. Não foi difícil pra ele chegar
ao poço, como não foi difícil obedecer. Com isso, ele
cumpriu o círculo da verdadeira fé que resultou em
obediência e produziu efeitos benéficos em sua
15
30
vida. Ele voltou curado. “E assim, a fé vem pela

pregação e a pregação pela palavra de Cristo.”16
A obediência fez a diferença entre a vida de

Saul e Davi. Os dois tiveram as mesmas situações
de serem reis em Israel. Desfrutaram das mesmas
assessorias de homens experientes e tementes a
Deus como o profeta Samuel e o profeta Natã.
Tiveram que enfrentar grandes desafios ao longo do
exercício de seus ministérios. Também tiveram As
mesmas oportunidades de cresceram e se tornarem
notórios na História de Israel.
Porém, uma análise simples de suas vidas
nos livros escritos pelo profeta Samuel, nos mostra
que Saul foi rejeitado por Deus por causa de sua
desobediência, o que culminou com o seu suicídio.
Enquanto Davi teve um final feliz e foi depois
considerado por Deus como homem segundo o seu
coração,
“... Achei a Davi, filho de Jessé, homem conforme
o meu coração, que executará toda a minha vontade”.17
Davi foi considerado “homem segundo o
coração de Deus” por causa do seu histórico de
obediência a Deus. Ele revelou em todos os seus
atos, o respeito que tinha pelas autoridades
delegadas por Deus. Mostrou-se obediente aos pais
16
Romanos 10. 17.
17
Atos 13. 22.
31
quando era jovem. Sempre respeitou as

autoridades delegadas por Deus como aparece no
seu conflito pessoal com o Rei Saul. Por algumas
vezes ele poderia ter eliminado Saul e assim
apressado a sua ida para o trono, mas não fez por
causa do seu entendimento sobre autoridades
delegadas por Deus.
“Então os homens de Davi lhe disseram: Eis aqui o
dia, do qual o SENHOR te diz: Eis que te dou o teu
inimigo nas tuas mãos, e far-lhe-ás como te parecer bem
aos teus olhos. E levantou-se Davi, e mansamente cortou
a orla do manto de Saul. Sucedeu, porém, que depois o
coração doeu a Davi, por ter cortado a orla do manto de
Saul.”18
A fé que Davi tinha em Deus e a certeza de
que o mesmo era todo poderoso para cumprir suas
promessas lhe fizeram ter uma obediência passiva
a Deus. Ele não quis fazer nada para apressar o
cumprimento das promessas de Deus. Antes
preferiu esperar no Senhor e no tempo do Senhor.
Queria ir para o trono sim, mas não do seu próprio
modo. Preferiu esperar que o próprio Deus o
conduzisse ao lugar desejado.
A fé bíblica é capaz de influenciar as pessoas
em suas ações. Quando estamos corretamente
orientados e firmados nas palavras de Deus, o
nosso comportamento sofre uma profunda
influência nos levando a obedecer a Deus de forma
ativa ou passiva.
18
I Samuel 24. 4, 5.
32
Outro dia, vi no youtube.com, uma entrevista

com a compositora e cantora gospel Brooke Fraser,
neozelandesa que ficou conhecida pelas suas belas
músicas. Ela disse o seguinte: “Não é a igreja que
influencia minha música, mas é a fé que eu tenho em
Jesus que influencia tudo que eu faço.”
Esta frase serve para ilustrar uma grande

verdade bíblica. A fé que temos em Jesus influencia
todos os atos da nossa vida. É a nossa vida prática
que revela o tipo de fé que professamos.
Poderíamos fechar este tópico afirmando que
a Fé Bíblica é caracterizada pelo conhecimento,
concordância e prática das Escrituras Sagradas.
Sem um destes itens, a Fé não é genuína.
33
PRINCÍPIO 3 – RENDA-SE AO SEU DEUS.
A maioria dos livros de auto-ajuda aconselha

às pessoas em sofrimento a reagirem e lutarem.
Mas, há um segredo na Bíblia que tem
revolucionado a vida de milhões de pessoas ao
redor do mundo. É o segredo da RENDIÇÃO.
Render-se é uma atitude dos que resolvem
parar de lutar e reconhecem a própria derrota
optando por se entregarem ao inimigo contra quem
estão lutando. Rendição é, portanto, uma palavra
não muito aceita porque implica em humilhação,
perda e reconhecimento da superioridade do
adversário. Na verdade ninguém deseja se
humilhar e tão pouco perder alguma coisa.
Contudo, só há um jeito de recomeçar a vida e é
através do princípio da Rendição.
Algumas pessoas, inconscientemente adotam
Deus como um inimigo contra quem passam a
lutar. Foi o que aconteceu com o apóstolo Paulo no
caminho para Damasco. “E ele disse: Quem és
Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu
persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os
34
aguilhões”.19 Paulo lutava contra Jesus e não

sabia, até o dia que o próprio Senhor Jesus
apareceu a ele e o derrubou do cavalo. Caído,
humilhado e vencido, Paulo teve o melhor encontro
de sua vida. Tornou-se a partir dali, um fiel
discípulo de Cristo. Algumas pessoas optam pela
rendição voluntária e sofrem menos. Existem
outras que resistem e passam pelo que Paulo
passou. São derrubadas, humilhadas e vencidas
por Deus. Claro que é o paradoxo da vitória cristã.
Somente os que se rendem se tornam vencedores.
Antes de Paulo mudar de rumo em sua vida,
teve que passar pela experiência dolorosa da
queda, da humilhação e da Rendição. Podemos
concluir que nos dias atuais, o Espírito Santo de
Deus, que é quem convence o homem do pecado,
da justiça e do juízo (Jo 16.8) tem agido na vida de
muitas pessoas no sentido de levá-las a Rendição.
O fundo do poço é o melhor lugar para
alguém reconhecer-se vencido e assim parar de
lutar contra o seu criador.
Eliú aconselhou seus amigos com a seguinte
palavra: “Assim, torna Deus inativas as mãos de todos
os homens para que reconheçam as obras dele.” 20 O
que dizer então, diante de situações em que
ninguém pode fazer absolutamente nada? Seja uma
19
Atos 9. 5.
20
Jó 37. 7.
35
dívida financeira impagável que lhe atormenta de

dia e de noite. Seja um caso de enfermidade de um
ente querido em que a medicina já desenganou.
Seja uma crise no casamento onde a única coisa
que parece certa é a separação. Seja na vida de um
filho que se enveredou pelas drogas e já não há
mais nada a ser feito por ele. Ou qualquer outro
tipo de situação onde as mãos de todos os homens
ficaram inativas, impotentes e impossibilitadas de
fazer qualquer coisa para ajudar.
Só resta a Rendição ao Deus todo poderoso e
o reconhecimento sincero de suas obras, de seus
milagres, de seu socorro e de sua soberania. Seja a
derrota,seja a queda, seja a humilhação para
glorificar ao Deus todo poderoso. Se isto o agrada e
o glorifica, que assim seja! Quem sabe, o que tem
acontecido em sua vida seja Deus agindo no
sentido de te levar ao chão para humilhado e
vencido poder encontrar o caminho novo que Ele já
preparou para você a partir de agora.
A situação de “fundo do poço” não nos
permite dizer de Deus o que não é correto. Esta foi
a razão porque se acendeu a ira de Deus contra os
amigos de Jó: “... A minha ira se acendeu contra ti e
contra os teus dois amigos porque não disseste de mim o
que era reto, como o meu servo Jó”21 A verdadeira fé
permanece e até se fortalece em meio às provações.
A verdadeira fé não se dilui e nem negocia seus
21
Jó 42. 7.
36
princípios. A fé bíblica sustenta sua convicção em

meio aos momentos mais dolorosos da vida.
A responsabilidade de dizer de Deus o que é
correto é muito grande e talvez sejam poucos os
que estão dizendo de Deus o que é correto nos dias
atuais. É preciso crer em milagres sim, todavia,
jamais se deve viver de milagres ou acreditar em
certos ensinamentos que visam sucesso financeiro
e saúde perfeita como principais bênçãos de Deus
para seus servos. Se alguém não crer em cura
divina, deve parar de orar pelos enfermos, mas há
de se convir que Jesus não curou a totalidade dos
enfermos. Dizer de Deus o que é correto é muito
mais importante do que viver de milagres.
A verdadeira Rendição leva o homem a
apreciação do poder de Deus revelado em suas
obras e leva o homem a um estado de inteira
dependência de Deus somente.
A EXPERIÊNCIA DE JACÓ
Uma história bíblica que ilustra o assunto da

Rendição é a história de Jacó, filho de Isaque e neto
de Abraão, conforme está registrado em Gênesis
nos capítulos 27 a 33. A vida de Jacó foi uma vida
de altos e baixos até o dia em que teve uma
profunda experiência de Rendição a Deus. Ele
enganou o próprio irmão Isaque, enganou seu pai,
enganou seu sogro, teve que fugir de casa para não
ser morto. Mesmo assim ele ia se dando bem nos
negócios. Mas o cerco começou a se fechar para ele
37
até que aconteceu o dia “D” em sua vida. Foi o dia

da sua Rendição a Deus. Embora Jacó fosse um
escolhido e nascido numa família de servos de
Deus, cansou- se da própria maneira de viver e viu
que não dava mais para continuar daquele jeito.
“E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as
suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus
onze filhos, e passou o vau de Jaboque. E tomou-os e fê-
los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha. Jacó,
porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a
alva subiu. E vendo este que não prevalecia contra ele,
tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da
coxa de Jacó, lutando com ele. E disse: Deixa-me ir,
porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei
ir, se não me abençoares. E disse-lhe: Qual é o teu nome?
E ele disse: Jacó. Então disse: Não te chamarás mais
Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e
com os homens, e prevaleceste. E Jacó lhe perguntou, e
disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por
que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. E
chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia:
Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva.
E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava
da sua coxa”.22
Algumas lições podem ser extraídas deste
episódio:
Identificando a origem do problema
Embora Jacó tivesse problemas de

relacionamentos com o irmão, com o Pai e com o
22
Gênesis 32. 22 a 31.
38
sogro, a sua luta maior era com Deus. O que

provocava os transtornos inter pessoais de Jacó era
uma falta de acerto de contas com o seu Criador.
Havia algo a ser resolvido antes do relacionamento
com os outros. Enquanto não tratasse dessa causa
existencial, Jacó não teria sucesso nos
relacionamentos. A prova disto é que logo após esta
luta com Deus, Jacó encontra-se com o irmão que
vinha para matá-lo, mas por uma intervenção
divina, o encontro tornou-se festa, abraços e
reconciliação de ambos. Quando o homem está de
bem com o seu Criador, tudo muda em seu redor.
Jacó conseguiu identificar a causa dos seus
problemas e naturalmente a sua vida se
reorganizou.
Ficando a sós com Deus
Jacó passou os familiares e tudo que

possuía para o outro lado e ficando ele só, lutou
com Deus. Há momentos na vida em que é
necessário deixar tudo do outro lado e ficarmos a
sós com Deus. Aquele lugar se chamava Vau de
Jaboque. Jacó chamou de Peniel, pois disse que ali
viu a Deus. Precisamos construir o nosso próprio
Peniel, o nosso lugar para ficarmos a sós com
Deus. Pode ser o nosso quarto, pode ser debaixo de
uma árvore, pode ser no templo ou qualquer outro
lugar. O certo é que precisamos ter um Peniel em
nossa vida.
39
Sendo marcado por Deus
O Anjo que lutava com Jacó resolveu marcá-

lo na coxa e com isso ele saiu dali mancando. Jacó
foi marcado para nunca mais esquecer aquela
experiência. Quais são as marcas de Deus em
nossas vidas?
O apóstolo Paulo escreveu certa vez para os
Gálatas: “Desde agora ninguém me inquiete; porque
trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.” 23 No
seu primeiro encontro com Jesus ele ficou cego por
alguns dias. Também foi perseguido pelos
compatriotas judeus. No início do seu ministério ele
foi visto pela igreja com desconfiança. Paulo foi
preso várias vezes. A sua biografia é repleta de seu
sofrimento e das marcas que ficaram por causa do
seu amor a Cristo. Todas as marcas simbolizam os
fatos importantes da história de Paulo. Foi uma
história de gratidão pela sua salvação, uma história
de abnegação e renúncia, foi uma história de
entrega total de sua vida para servir ao Senhor na
pregação do Evangelho como missionário. Assim
também aconteceu com Jacó. Ele foi marcado por
Deus no processo de suas experiências pessoais
com o seu Criador.
Todas estas marcas significaram o recomeço
de uma vida. A experiência de um novo estilo de
vida a qual tinha Cristo como Senhor e como
23
Gálatas 6.17.
40
Mestre do novo viver. As experiências boas ou ruins

em nossas vidas acabam nos marcando para
sempre. Elas servem como referenciais para
enfrentarmos o novo sem medo.
Indo até as últimas consequências
No versículo 26 Jacó se mostra resolvido a

ser abençoado. Ele diz: “não te deixarei enquanto
não for abençoado.” 24 Creio que se alguém se
encontra numa situação de fundo de poço, precisa
de autodeterminação para ser abençoado por Deus.
A bênção que Jacó almejava era a transformação de
sua própria vida, pois ele sabia que não podia
continuar vivendo daquela forma. Então, ele
encontra forças para insistir no seu ideal e
continua ali sem desistir, pois estava determinado
a ter a resposta para a sua oração.
Assumindo-se diante de Deus
Jacó foi interrogado sobre sua identidade.

Como te chamas? E ele respondeu: “eu sou Jacó”.
Trata-se de uma confissão acerca de sua própria
identidade, acerca dos seus próprios erros, dos
seus pecados pessoais. Jacó enfrentou a Deus e
logo em seguida enfrentou-se a si mesmo através
desta simples citação do seu nome. Ele se assume
como ser exclusivo para Deus. Embora esteja no
mesmo nível de igualdade com todos os homens,
24
Gênesis 32. 26.
41
Jacó também sabe de sua exclusividade perante

Deus. Podem existir outras pessoas chamadas
Jacó, mas aquele Jacó era exclusivo, tinha seus
próprios erros, havia cometidos seus próprios
pecados. Tinha também suas virtudes pessoais
como o arrependimento e o desejo sincero de
começar tudo de novo.
Cada um de nós foi criado de forma exclusiva
e com traços pessoais únicos. Ao chegar diante de
Deus precisamos confessar a Ele quem somos
realmente, embora Ele já nos conheça. Mas ao
afirmar nosso nome, estaremos fugindo de toda
hipocrisia espiritual, estaremos fugindo de toda
leviandade e de qualquer esperteza humana que
possa subestimar a onisciência de Deus.
A confissão do seu nome perante Deus é a
confissão dos pecados e a coragem de assumi-los
com arrependimento. Noutras palavras, Jacó
estava dizendo que sabia muito bem quem ele era,
mas que estava resolvido a sair daquele lugar
transformado.
Mudando de rumo
Jacó teve o nome mudado para Israel. O

nome Jacó, Ἰακώβ, traduzido como "aquele que
segura pelo calcanhar", foi-lhe dado porque ele
nasceu segurando o calcanhar de Ezaú, seu irmão
gêmeo, (Gn 25.26). Este nome também significa
“suplantador” , relacionado com os acontecimentos
da troca da primogenitura de seu irmão por um
42
prato de lentilhas, da obtenção indevida da bênção

de seu Pai e da maneira como cuidava das cabras
de seu sogro, levando vantagem no negócio.
A vida de Jacó até o momento de seu
encontro com Deus foi marcada por
desentendimentos, visto que o mesmo sempre
queria tirar vantagem em tudo. Ele era especialista
em suplantar os outros e sair vencendo. Por causa
disso, Jacó teve inimigo e arranjou muita encrenca
até o dia em que já não agüentava mais o seu
próprio jeito de ser.
Ao chegar à conclusão de que não podia
continuar vivendo daquele jeito, Jacó buscou em
Deus, uma transformação e se deu bem. Teve o seu
caráter transformado e recebeu um novo nome.
Passou a chamar-se Israel, que significa “aquele
que reina com Deus”.
O grande problema de Jacó era ele mesmo.
Era o seu caráter suplantador, era a sua facilidade
de enganar os outros e seguir como se nada
houvesse acontecido. Mas no encontro com Deus
ele foi convencido de seus próprios erros e da
necessidade de uma mudança radical no seu
caráter.
A mudança do seu nome para Israel
simbolizou a transformação de sua vida, a
mudança do seu caráter. Foi o se novo nascimento.
43
Caminhando por um novo caminho
Nasceu para Jacó um novo dia. Uma nova

vida estava começando. Ele saiu da luta
manquejando enquanto contemplava um novo
alvorecer. A vida de Jacó começou a tomar um novo
rumo.
Se a luta com Deus deixou marcas em Jacó e
resultou na mudança do seu nome ou na mudança
de sua vida, também o levou a andar por novos
caminhos. Foram caminhos que ele jamais teria
andado sem uma mudança de pensamento ou de
visão.
Em certo sentido, ele começou a andar para
trás ou em direção ao seu passado. Isto foi
necessário para consertar situações e
relacionamentos. A primeira coisa que lhe
aconteceu depois da luta com Deus foi o reencontro
com seu irmão Ezaú com quem estava intrigado a
muito tempo. O texto bíblico diz: “E ele mesmo
passou adiante deles e inclinou-se à terra sete vezes, até
que chegou a seu irmão. Então Esaú correu-lhe ao
encontro, e abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e
beijou-o; e choraram.” 25 No passado, tinha havido
uma discórdia tão grande entre os dois irmãos e
deixado mágoas tão profundas em ambos, que
Ezaú saiu à procura de Jacó para matá-lo. No
entanto, Ezaú não encontrou mais Jacó. Ezaú
encontrou um novo Jacó transformado por Deus,
25
Gênesis 33.3 e 4.
44
não mais um Jacó suplantador e sim um Israel

amoroso e arrependido. Ezaú encontrou um novo
homem humilde, consciente dos seus próprios
erros, resolvido a mudar o seu comportamento,
determinado a pedir perdão. Então eles se
abraçaram e choraram juntos num clima de
reconciliação que proporcionou a ambos, muita paz
interior, muita satisfação espiritual e embora
estivessem chorando, eles estavam com seus
corações repletos de alegria.
Jacó havia enfim, aprendido o segredo do
paradoxo de render-se para vencer.
O primeiro princípio importante na vida de
quem deseja ser um vencedor de verdade, é o
princípio da Rendição, pois o primeiro inimigo que
enfrentamos na vida somos nós mesmos.
Somente o toque de Deus na nossa vida é
capaz de nos levar pelo caminho da reconciliação e
do conserto. Foi esta mensagem que o Senhor
Jesus mandou para a igreja de Éfeso: “Lembra-te,
pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as
primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e
tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te
arrependeres”. 26
26
Apocalipse 2. 5.
45
PRINCÍPIO 4 - MANTENHA SUA

CONSCIÊNCIA LIMPA
“Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está,

temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus
Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” (I João
1.7).
Deparar-se com o coração apertado, um nó
na garganta, a sensação de que Deus nos
abandonou e nada está dando certo é uma
experiência que pode acontecer com qualquer um.
Estávamos indo tão bem, conhecemos Jesus,
desfrutamos da alegria da salvação, descobrimos
que este é o caminho e por ele vamos andar, no
entanto, repentinamente, começamos a nos sentir
sem graça, tudo parece ter perdido o sentido,
estamos triste na alma. O que pode ter acontecido?
Parece que a luz se apagou. Como posso voltar a
ter aquela alegria espontânea e aquele gozo tão
profundo que senti antes?
A consciência é uma espécie de disjuntor
automático da energia espiritual que emana do
Espírito Santo em nossos corações. Os pecados
praticados fazem o disjuntor se desligar
automaticamente e ficamos em trevas. Isto é um
46
sinal de Deus de que é preciso confessar os

pecados para que a energia volte a circular
livremente no nosso espírito. “Se dissermos que não
temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há
verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele
é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar
de toda a injustiça.” 27
Eis o Princípio da consciência limpa, pois
somente com a consciência limpa poderemos ter
um estilo de vida sadio e frutífero, no gozo do nosso
Senhor Jesus, diariamente.
Outro dia precisei ligar um aparelho
eletrônico num dos quartos do meu apartamento e
assim que o fiz, ouvi um barulho e imediatamente
acabou a energia geral. Chamei alguém para
examinar o que houve, já que todos os vizinhos
tinham energia. Somente nós estávamos nas
trevas. O técnico examinou e constatou que a
tomada que eu usei estava com problemas e
quando tentei acioná-la, houve um desligamento
automático no disjuntor geral. Ele religou o
disjuntor e a energia imediatamente retornou para
alegria de todos. O apartamento tinha energia, mas
o disjuntor estava desligado por causa de um
problema ocorrido.
Assim acontece na vida espiritual. Sempre
haverá energia de Deus em nossas vidas, porém os
pecados são responsáveis pelo desligamento
27
I João 1.8, 9.
47
automático do disjuntor. Vai faltar energia

temporariamente até que o problema seja corrigido.
Embora salvos e transformados em novas
criaturas, não estamos livres de cometer pecados.
Também não devemos viver pecando, até porque o
verdadeiro salvo tem o seu prazer na lei do Senhor
e nela medita de dia e de noite. A Consciência
Cristã que foi implantada em nós nos falará sobre a
necessidade do arrependimento e da prática do
conserto.
“Porque do coração procedem, maus pensamentos,
mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos
testemunhos e blasfêmias”. Este é o ensinamento de
28
Jesus sobre o coração do homem. Esta situação de

pecado é tão latente no ser humano que o leva a
pecar por pensamentos, palavras, atos e omissão.
Conquanto o Espírito Santo trabalhe no coração
dos servos de Deus gerando a santificação, ainda
assim, ninguém está isento de cometer pecados
quer sejam grandes ou pequenos, graves ou não
graves, com conseqüências menores ou maiores.
Não existe e jamais existirá uma vacina feita
pelo homem que o impeça de cometer um pecado
que seja. Ai, você pode se perguntar: “e agora, como
vai ser a minha vida?”
Só há uma resposta para esta questão:
Teremos que conviver o resto da nossa vida com a
situação de arrependimento e mudança de atitude.
28
Mateus 15.19.
48
“E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da

justiça e do juízo.” 29 Este é um dos principais
trabalhos do Espírito Santo na vida dos homens -
gerar sincero arrependimento- A falta de
arrependimento é, portanto, um mau sinal, ou seja,
se alguém vive na prática de um determinado
pecado e não sente o desejo de abandonar esta
prática, é preocupante. Quando pessoas começam
a se acostumar com determinados pecados e
começam a achar que é normal, torna-se
preocupante porque é uma situação normal na vida
dos iníquos. Esta situação é conhecida como
prática da iniqüidade. “Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão
naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em
teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e
em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então
lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de
mim, vós que praticais a iniqüidade.” 30
O Arrependimento é resultado da ação do
Espírito Santo na vida do homem e geralmente,
apresenta três aspectos: O primeiro aspecto é o
conhecimento claro do que foi praticado como
pecado. Isto abrange desde uma simples discussão
entre casais até a prática de um adultério. O
segundo aspecto é o efeito emocional ou a maneira
como reagimos diante da certeza de que realmente
pecamos. Isto provoca tristeza, choro e vontade de
29
João 16. 8.
30
Mateus 7.21 a 23.
49
mudar. O terceiro aspecto é a coragem dada pelo

Espírito Santo para confessar e abandonar tal
pecado.
A consciência limpa é algo tão importante e
necessário na vida de quem quer viver plenamente
o cristianismo que Jesus orientou o seguinte:
“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te
lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te
primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua
oferta.” 31
O cuidado com a própria consciência é uma
responsabilidade pessoal. É a forma correta de
mantermos o disjuntor sempre ligado para o
desfrute continuo da alegria espiritual que emana
do Espírito Santo como sinal e certeza da vida
eterna.
Considerando os três aspectos do
arrependimento, vemos que os dois primeiros
aspectos afetam sua vida particular, enquanto que
a prática do conserto vai envolver o próximo. Se o
teu pecado afetou apenas um próximo, deves ir a
ele e reconciliar-te de forma sincera e sábia. No
entanto, se teu pecado afetou mais de uma pessoa,
deves direcionar a reconciliação ao conhecimento
dos envolvidos, quer seja uma equipe de trabalho
ou até mesmo à igreja toda. Mas, se o teu pecado
foi praticado entre ti e Deus somente, deves fazer o
31
Mateus 5. 23, 24.
50
teu conserto apenas com Deus mesmo. Ou seja,

devemos saber exatamente quem está envolvido
pelo nosso procedimento pecaminoso para que
fique claro o nosso arrependimento e mudança de
comportamento.
O Pastor Max Lucado conta a seguinte
história para ilustrar o poder revolucionário do
Perdão:
“Faz pouco tempo jantei com uns amigos. Uma
senhora casada queria me contar sobre uma tempestade
pela qual estavam passando. Através de uma série de
eventos, ela soube de um ato de infidelidade que tinha
acontecido uma década atrás. O esposo cometeu o erro
de pensar que seria melhor não dizer nada a ela; assim
não lhe contou. Porém ela soube. Como você pode
imaginar, ela ficou profundamente magoada.
Orientados por um conselheiro matrimonial, o
casal deixou tudo de lado, e viajaram por uns dias.
Deviam tomar uma decisão. Fugiriam, lutariam ou
perdoariam? Então oraram. Conversaram. Caminharam.
Refletiram. Neste caso a esposa claramente tinha a
razão. Poderia ter ido embora. Há mulheres que fizeram
isso por muito menos. Poderia ter ficado e transformado a
vida dele num inferno. Outras mulheres o fizeram. Mas
ela escolheu uma resposta diferente.
Na décima noite de sua viagem, meu amigo achou
um cartão sobre seu travesseiro. Tinha uma frase
impressa que dizia: "Prefiro não fazer nada e estar com
você, do que fazer algo e estar sem você". Embaixo da
51
frase ela tinha escrito o seguinte: Te perdôo. Te amo.

Vamos em frente.” 32
É duro para pessoas que foram traídas terem
que perdoar, mesmo estando elas com a razão.
Realmente as pessoas encontram dificuldade e as
opções são somente estas: FUGIR, LUTAR ou
PERDOAR. A fuga não resolve o problema porque
para onde você for levará também a sua mágoa e o
seu desencanto. Ficar e lutar também proporciona
desconforto, infelicidade e a agonia de viver
diariamente com o fantasma da traição provocando
desentendimentos pelo resto da vida. O perdão é a
decisão de esquecer para sempre o que houve e
continuar a vida com paciência e amor. Perdoar é
sepultar o que houve para sempre.
A expressão “Te amo. Te perdôo. Vamos em
frente” é de fato, muito poderosa nos consertos com
as pessoas com quem desentendemos. Pode ser
dita aos filhos, ao cônjuge, aos colegas de trabalho,
aos irmãos na igreja, etc.
É uma expressão que pode religar o disjuntor
do poder de Deus que opera em nossos corações
para uma vida cristã na luz. A liberação do perdão,
mesmo para pessoas que te magoaram no passado
e até já se foram, uma vez dita e assumida de
forma sincera e verdadeira, vai causar o retorno da
alegria abundante em seu coração. Por que cultivar
em sua vida, algo que só lhe traz tristeza e que
32
Max Lucado. Simplesmente como Jesus. p.21.
52
atrapalha tanto o seu viver? É como o lixo da nossa

casa que deve ser jogado fora diariamente. Lixo
incomoda e fede! Jogue fora o lixo da mágoa e do
ressentimento para que a sua vida esteja
resplandecente e exalando o bom perfume de
Cristo.
O Princípio da Consciência limpa é
fundamental para uma vida bem sucessida, pois
proporciona bem estar interior e aumenta a
motivação para realização das tarefas cotidianas.
Cuidar da própria consciência é uma
responsabilidade pessoal. Muitas pessoas não
conseguem ir muito longe em seus projetos por
causa da prisão em que vive suas consciências.
Imagine o inferno que é para alguém que vive
mergulhado em suas culpas, seus ressentimentos,
suas mágoas por situações vividas no passado.
Muitos até conseguem perdoar os outros, mas são
tão exigentes consigo mesmo que não conseguem
perdoar-se a si mesmos. Convivem constantemente
com o sentimento de remorço por falhas cometidas
no passado e chegam ao ponto de imporem juízos
eternos em si mesmos. “Prossigo para o alvo, pelo
prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.33
Esquecer o passado é uma decisão pessoal para
quem deseja alcançar os seus alvos. Uma vez
confessados os pecados e erros cometidos no
passado, é necessário também esquecer tudo e
33
Filipenses 3.14.
53
avançar de forma entusiástica. Há muita coisa à

frente para ser conquistada e você não pode ficar
preso a sentimentos, remorsos e exigências
infundadas com relação ao seu passado.
PRINCÍPIO 5 - CONHEÇA MELHOR A SI

MESMO
Na liderança de si mesmo, na busca de um

estilo de vida feliz e equilibrado, torna-se
fundamental o conhecimento de si mesmo para que
aconteça a auto-aceitação, o amor próprio, auto-
compreensão e a facilidade de lidar consigo mesmo.
“A Janela de Johari” 34 é uma ferramenta

bastante útil para explicar as bases como acontece
a nossa interação com o próximo.
As pessoas que se relacionam conosco também
enxergam nossos comportamentos e atitudes, da
forma deles, tendo também uma área conhecida
para eles sobre a nossa pessoa e outra área
desconhecida, conforme as definições dos 04 tipos
de EU(s) mostrados nesta janela.
34
Johari nada mais é do que as iniciais dos nomes dos autores
(Joseph Luft e Harry Ingham). Este modelo diz que há áreas do
nosso comportamento e atitudes que nós conhecemos e outras que
não conhecemos.
54
O “Eu Público” que representa a área de

conhecimento sobre nós, comum a nós mesmos e
aos outros. Tanto nós como os outros sabem sobre
o nosso EU. Quantas coisas boas e ruins que estão
expostas ao público. Tanto nós como todos
sabemos sobre estas coisas e não há como
escondê-las. Quais são as coisas que você conhece
sobre si mesmo e que todos também sabem?
O “Eu Oculto”, representa tudo aquilo que

só eu sei sobre mim mesmo. Ninguém mais
consegue saber. Inclui até os meus pecados ocultos
pelos quais Davi orou dizendo:
“Quem pode entender os seus erros? Expurga-me
tu dos que me são ocultos.” 35 Existe uma quantidade
de autoconhecimento que somente cada sabe e não
é interessante contar para ninguém. Ou talvez nem
seja capaz de ser contato, ainda que se queira
contar. São tantas as lembranças e recordações
que dariam livros e mais livros escritos, para
revelar aos outros tudo o que compõe a nossa
existência.
O “Eu Desconhecido” representa tudo

aquilo que nós nem os outros sabemos sobre nossa
própria vida. Há muita coisa sobre nós que
somente Deus sabe. Como exemplo simples,
somente Deus sabe quantos fios de cabelo temos
na cabeça. Daí até coisas mais profundas que
35
Salmos 19: 12.
55
aconteceram desde a vida uterina há muita coisa

que só Deus pode saber.
Talvez a inovação da teoria Freudiana da

existência do Inconsciente como uma camada do
cérebro, explique a influência que as muitas coisas
que aconteceram na vida do homem e não são
conhecidas por ele, ainda estejam presentes
influenciando as emoções, os sentimentos e até o
comportamento.
O “Eu Cego”, representa o que os outros

vêem e sabem sobre nós, mas somente nós mesmos
não conseguimos enxergar nem admitir. Podemos
exemplificar esta teoria com o ponto cego do
retrovisor de um carro. Há no retrovisor um ponto
em que não nos permite ver um carro atrás de nós
e que os bons motoristas sabem que é necessário
esperar um pouquinho antes de ultrapassar outro
carro, pois numa fração de segundos o suposto
carro poderá aparecer. É o chamado ponto cego.
O exemplo do Eu cego é o famoso “chato”.

Todo mundo sabe que aquele indivíduo é chato,
mas o próprio chato não se acha chato. Falta nele o
senso de autocrítica. É importante ficar atento às
observações dos outros, considerar a freqüência
com que os outros nos falam as mesmas coisas e
buscar uma mudança naquelas áreas em que
recebemos críticas mais constantes. Isto pode nos
ajudar a melhorar muita coisa em nós mesmos.
56
A janela de Johari é somente uma ferramenta

que serve para ilustrar a complexidade do ser e o
relacionamento entre os homens. Ajuda-nos a
compreender a nós mesmos com a intenção de
melhorarmo-nos a nós mesmos.
Somente Deus nos conhece por completo. Ele

já sabe como será o final de nossa vida porque
Deus conhece o princípio e o fim de todas as
coisas. Deus nos avalia pelo total da nossa vida e
não por um momento ou por alguma parte isolada
num determinado tempo de nossa história pessoal.
Somos tendentes a julgar os outros tomando

um evento especial de sua vida, mas Deus nos
julga diferente porque somente Ele sabe da nossa
vida toda, do começo, meio e fim.
Ninguém pode concluir tudo sobre si mesmo,

pois ninguém sabe como será o fim de sua própria
vida. Há muita coisa ainda para acontecer com
você nesta vida. Reviravoltas para o bem podem
acontecer em fração de segundos e esta
possibilidade pode mudar o conceito de quem é
você. Somente quando se completar os dias de sua
vida é que o seu EU estará completo no que diz
respeito ao conceito sobre você.
O conhecimento de si mesmo é aprimorado

no contexto social. Não fomos criados para viver
isolados, mas para vivermos em sociedade e é no
convívio com o outro que vamos poder mensurar,
57
avaliar e medir o que somos. É no movimento da

vida que somos formados. No convívio com os
diferentes. Embora não devemos nunca nos
comparar com ninguém, por sermos todos
diferentes.
As árvores serão sempre árvores. Até o fim de

suas existências darão sempre o mesmo fruto até
que envelheçam e morram. Não há nada novo para
esperar de uma árvore e assim que pegamos uma
semente nas mãos, logo sabemos o que poderá ser
aquela semente, se for plantada. Será somente
mais uma árvore. Os animais irracionais serão os
mesmos desde o nascimento até a morte. Tais
animais não são criativos, aprendem algumas
coisas pelo instinto e não promovem surpresas.
Os homens, porém, não são assim. Eles são
exclusivos para Deus e, somente Deus pode saber o
que será a vida de cada criança que está nascendo
hoje, pois somente Ele tem nas mãos todo o nosso
histórico de vida.
Também não devemos nos comparar com os

outros homens, pois sempre vamos encontrar
pessoas melhores ou piores do que nós. Devemos
sim, nos conscientizar de nossa exclusividade
perante o nosso criador. Devemos nos conscientizar
que a probabilidade de existir outro exatamente
igual a nós é zero.
Devemos aproveitar o fato da exclusividade

para assumir a nossa própria identidade com
58
equilíbrio e viver uma vida conforme a vontade de

Deus. Devemos fazer tudo àquilo que está
reservado para nossa responsabilidade,
inevitavelmente deixando nossa marca como um
pintor que escreve seu nome nos quadros que
pinta.
Sobre a Alma
“Em conexão com a questão, se a imagem de Deus

pertence à essência do homem propriamente dita a
teologia reformada não hesitou em dizer que ela constitui
a essência do homem. Todavia, ela distingue entre os
elementos da imagem de Deus que o homem não pode
perder sem deixar de ser homem, elementos que
consistem das qualidades e poderes da alma humana, e
aqueles elementos que o homem pode perder e continuar
sendo homem, a saber, as boas qualidades éticas da
alma e seus poderes. Neste sentido restrito, a imagem de
Deus é idêntica ao que se chama justiça original. É a
perfeição moral da imagem que podia ser perdida por
causa do pecado, e foi.” 36
“E o vosso espírito, alma e corpo sejam
conservados íntegros.” 37 O entendimento comum
diz que a alma é a nossa personalidade. Os anjos
são espíritos e os animais inferiores são apenas
carne. O homem tem espírito e carne e a junção
destes dois elementos se expressa através da alma.
36
37
I Tessalonissenses 5.23.
59
No livro “O Poder Latente da Alma” 38

Watchman Nee nos adverte contra a obra do diabo
hoje em dia, que tem como principal objetivo
despertar a alma humana para liberar o poder
latente que está em seu interior. Ele chama a
atenção para a falsificação do poder espiritual que
pode ser produzido pela alma humana para
enganar os homens.
O homem sempre esteve interessado em
descobrir o seu futuro e se destacar através da
exibição de seus poderes pessoais. Tanto em
religiões como em pequenas seitas e movimentos
modernos ou mesmo em livros de auto-ajuda, são
ensinadas técnicas e uso de meios especiais para
liberar o poder da alma, o poder sobrenatural é
disponibilizado para pessoas efetuarem cura de
doenças e predição do futuro.
O grão de trigo
O grão de trigo é composto de duas cascas
que envolvem o núcleo no seu interior. O grão
precisa ter suas cascas exteriores quebradas para
surgir a vida nova lá de dentro. O homem pode ser
comparado a um grão de trigo envolto pelas cascas
da alma e do corpo. No seu interior encontra-se o
espírito que lhe foi dado por Deus. Assim a alma do
homem precisa ser quebrada para que do seu
interior flua a vida espiritual.
38
Aconselha-se ler o livro de Watchman Nee, O Poder Latente da
Alma, principalmente os Apêndices: Como provar os Espíritos (A. W.
Tozer) e Testes para o Sobrenatural (D.M.Panton).
60
“Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão

de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se
morrer, dá muito fruto.” 39
O processo de mortificação das cascas pode
ser doloroso, mas é inevitável na vida daqueles que
foram realmente escolhidos por Deus para a vida
nova. Para que haja a frutificação, como resultado
da vida nova, com certeza as cascas serão
quebradas ao longo da vida.
O propósito do sofrimento não é, de forma
alguma, liberar o poder da alma, mas quebrá-la
para que a vida floresça de um lugar que fica antes
da alma, que é o espírito. O poder que flui da alma
torna os homens soberbos e presunçosos, fazendo-
os sentirem-se como se fossem deuses. A vida que
flui do espírito, no entanto, torna os homens
humildes e reconhecedores de que o sucesso
humano vem somente da comunhão sincera com o
Senhor.
Há uma grande diferença grande entre
aqueles que exercem seu poder liberado de dentro
da própria alma e aqueles que têm a alma
quebrada e andam no Espírito de Deus “Digo,
porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a
concupiscência da carne.” 40
A liberação do poder da alma endeusa os
homens e é uma grande armadilha contra a
salvação dos mesmos, pois os levam a pensar que o
poder que exercem vem de Deus. No entanto, o
39
João 12: 24.
40
Gálatas 5.16.
61
poder que brota do espírito de uma pessoa

regenerada por Deus conserva os a sã consciência,
produz a certeza da vida eterna e gera o fruto do
Espírito conforme está listado na carta de Paulo
aos Gálatas 5: 18 a 22.
Sobre as Inteligências Múltiplas

Na visão tradicional a inteligência é
conceituada como a capacidade de responder a
testes de inteligência, o Q.I. Alguns testes
realizados demonstram que a "faculdade geral da
inteligência" não muda muito com a idade ou com
treinamento ou experiência. A inteligência é um
atributo ou uma faculdade inata do ser humano.
Howard Gardner 41 procurou ampliar este conceito.
A inteligência para ele é a capacidade de solucionar
problemas ou elaborar produtos que são
importantes em um determinado ambiente ou
comunidade cultural. A capacidade de resolver
problemas permite às pessoas abordar situações,
atingir objetivos e localizar caminhos adequados a
esse objetivo. Segundo as suas investigações,
existem sete tipos de inteligência:
1. Inteligências Lingüísticas: característica dos
poetas;
2. Inteligências Lógico-Matemática: à Capacidade
lógica e matemática ;
41
Howard Gardner é um psicólogo cognitivo e educacional estado-
unidense, ligado à Universidade de Harvard e conhecido em especial
pela sua teoria das inteligências múltiplas.
62
3. Inteligências Espacial: à capacidade de formar

um mundo espacial e de ser capaz de manobrar e
operar utilizando esse modelo (Marinheiros,
Engenheiros, cirurgiões, etc.);
4. Inteligência Musical: possuir o dom da música;
5. Inteligência Corporal-Cinestésica: capacidade de
resolver problemas ou elaborar produtos utilizando
o corpo (Dançarinos, Atletas, artistas, etc.);
6. Inteligência Interpessoal: capacidade de
compreender outras pessoas (Vendedores, Políticos,
Professores, etc.);
7. Inteligência Intrapessoal: capacidade correlativa,
voltada para dentro. Capacidade de formar um
modelo acurado e verídico de si mesmo e de utilizar
esse modelo para operar efetivamente na vida.
Creio que seria necessário acrescentar mais
uma Inteligência nesta lista que seria a Inteligência
espiritual conforme o apóstolo Paulo escreveu aos
Colossenses:
“ Por esta razão, nós também, desde o dia em que
o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que
sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a
sabedoria e inteligência espiritual.” 42
De acordo com o Matthew Henri Commentary
of Colossians, 43 os Colossenses eram conhecidos
como cristãos inteligentes: cheios do conhecimento
42
Colossenses 1: 9.
43
The Matthew Henry Commentary of Colossians, by The Bible Work
6 Program.
63
da vontade de Deus, em todos havia sabedoria e

entendimento espiritual. Observa-se o seguinte:
1. O conhecimento de nosso dever é o maior ganho
do conhecimento. A mera noção vazia de grandes
verdades é insignificante. Nosso conhecimento da
vontade de Deus deve ser sempre de ordem prática:
é preciso saber o que, a fim de fazê-lo.
2. Nosso conhecimento é, então, uma bênção,
mesmo quando ele é feito com sabedoria, quando
sabemos como aplicar nosso conhecimento geral a
nossa ocasiões especiais, e para atender a todas as
emergências.
3. Os cristãos devem se esforçar para serem cheios
do conhecimento, não só para conhecer a vontade
de Deus, mas para saber mais dele. O aumento do
conhecimento de Deus é crescimento na graça e no
o conhecimento de nosso Senhor e Salvador.
A Inteligência Espiritual é a consciência de
que bons conhecimentos sem uma boa vida não
terá lucro. Nossa compreensão é, então, uma
compreensão espiritual quando revelamos o nosso
conhecimento na nossa maneira de viver: Isto é,
Devemos mostrar coerência entre o que sabemos e
o que praticamos.
64
PRINCÍPIO N 06- TENHA UMA ATITUDE

POSITIVA
Muito do que acontece na vida das pessoas

depende da atitude que elas adotam nas situações.
Uma atitude positiva ajuda a enfrentar os desafios
e superar os obstáculos. Mas se a atitude for
negativa, a situação se complica e tende a se tornar
ainda mais traumatizante.
Dificilmente pessoas de atitude negativa

aceitam que tem esta atitude. Acham que têm uma
atitude correta e que os problemas são externos.
Preferem culpar os acontecimentos, culpam os
outros e querem que eles os resolvam. Não aceitam
que precisam mudar sua própria atitude e assim,
se tornam ansiosas, angustiadas, rancorosas e com
mecanismos de defesas.
A atitude positiva revela um coração

transformado e inteligente. Revela o EU equilibrado
e realista. Revela ainda equilíbrio emocional e evita
as doenças psicossomáticas.
65
Depoimentos
Enquanto escrevia este livro, deparei-me com

dois depoimentos de atitude positiva que marcaram
minha vida. Há 25 anos exercendo a função
pastoral na Igreja Presbiteriana do Brasil na
Paraíba, em meio à uma reunião de Casais na
Igreja Presbiteriana de Cruz das Armas, no dia 19
de Fevereiro de 2011, ouvi o testemunho de um
casal, de aproximadamente 30 anos de idade e oito
anos de casamento, contaram como foi o
nascimento da única filha Letícia, a 5 anos atrás.
O pai de Letícia nos contou, muito

emocionado e com lágrimas nos olhos, que teve
uma grande alegria quando sua filha nasceu, mas
ao mesmo tempo, teve também uma profunda
tristeza por constatar que sua filha nascera com a
Síndrome de Down. Feliz pelo nascimento dela e
profundamente angustiado pela síndrome de Down.
Ele tentava expressar qual era o seu sentimento
diante da situação. Entre lágrimas, contou-nos com
detalhes o que aconteceu naquela ocasião. Também
a mãe da menina fez o seu relato, contou sua luta
interior, seu desapontamento e choraram enquanto
contava tudo isso para um auditório de
aproximadamente 25 casais.
O momento que mais emocionou a todos foi

quando aquela mãe nos disse sobre algo que uma
determinada enfermeira lhe dissera durante o
período que ficou na maternidade. A enfermeira lhe
66
contou a seguinte historinha: “Antes do nascimento

de Letícia, quando os anjos no céu estavam trabalhando
na sala de distribuição de crianças para o mundo, eles
perguntavam a Deus para qual família iria cada criança.
Chegando o momento de Letícia nascer, os anjos
perguntaram a Deus para qual família iria a menina.
Deus então respondeu que Letícia deveria ir para o lar de
Ademar e Jeane porque eles eram os pais certos para
aquela criança especial.” Nesse momento, a mãe de
Letícia chorou com mais intensidade enquanto
tentava explicar a todos que não estava triste e sim
orgulhosa pela confiança que Deus tinha
depositado neles para cuidar de alguém tão
especial como sua filha. O casal finalizou o
depoimento, dizendo de como a vida deles mudou
depois da vinda de Letícia e de como a menina é
feliz e trouxe felicidade para aquele lar. Isto é uma
atitude positiva que faz a grande diferença diante
de uma situação.
O segundo depoimento aconteceu no dia

seguinte à reunião de casais, quando tomei
conhecimento de que uma senhora que faz parte de
nossa igreja, estava no Hospital São Vicente de
Paula, em João Pessoa-PB, porque havia se
agravado o seu quadro de diabetes e fora
necessário amputar-lhe a perna. Ao receber a
notícia, confesso que fiquei desapontado. Trata-se
de uma pessoa muito amada pela igreja, muito
atuante nos trabalhos, principalmente no
ministério de Serenatas quando ela saía com o
grupo para visitar os lares nas sextas à noite. Isso
67
não podia ter acontecido! “Tenho que me preparar

para visitá-la e preciso dizer a ela palavras de conforto e
ânimo, pois sei que ela deve estar muito abatida” -
Pensei comigo mesmo.
No dia seguinte, fomos visitá-la. Eu, minha

esposa Nalígia e mais um casal amigo. Fomos ao
hospital. Ali chegando, dissemos de nosso lamento
pelo que houve e antes de continuar com as
minhas palavras, ela me interrompeu e, com muita
serenidade, começou a nos relatar como foi o
procedimento cirúrgico. O que mais me chamou a
atenção no seu depoimento foi quando ela nos
contou que “... o médico examinou o meu pé já muito
afetado pela doença e disse-me que eu tinha duas
opções: ou continuar com a situação que poderia piorar
com o tempo, ou amputar a perna. Depois de ficar
sozinha por dez minutos, lembrei de tudo que venho
sofrendo nestes dois anos e resolvi dizer ao médico que
procedesse com a cirurgia, pois sabia que Deus estava no
controle de tudo e mesmo sem uma perna, eu iria
continuar lhe amando e lhe servindo do mesmo jeito.”
Aquela senhora ainda continuou nos

confortando, dizendo que estava bem de saúde, que
a febre tinha sumido, disse também que já havia
recebido uma prótese e iria poder andar. Com um
semblante de alegria e de felicidade no rosto, ela
demonstrou uma atitude muito positiva e todos
saímos confortados por vê-la intimamente bem,
mesmo tendo perdido uma perna.
68
É a atitude positiva que faz a diferença na

felicidade e bem estar de cada um. É a maneira
como cada um enfrenta uma situação que vai
determinar as conseqüências emocionais.
Atitude Positiva foi o que levou o apóstolo

Paulo a escrever aos Filipenses a seguinte frase: “As
coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para
o progresso do evangelho.” 44 O apóstolo havia sofrido
açoites e prisão por causa da pregação do
evangelho havia sofrido muita incompreensão por
parte até dos próprios irmãos de algumas igrejas e
rejeição por parte de alguns colegas, contudo,
resolveu pensar que tudo o que lhe ocorrera estava
contribuindo para a promoção da causa maior que
era o progresso do Evangelho.
Ver o que os outros não vêem é a habilidade

que produz a Atitude Positiva. A percepção da mão
do todo poderoso controlando todas as coisas vai
produzir a certeza de que “... tudo coopera para o
bem daqueles que amam a Deus.” 45
Atitude Positiva é uma escolha
A Atitude Positiva é o resultado da escolha

sobre para onde olhar. Quando Daniel estava na
cova dos leões ele tinha apenas duas opções para
44
Filipenses 1.12.
45
Romanos 8: 28.
69
onde olhar. Ou olhava para os leões que lhe

rodeavam ou olhava para o seu Deus que, mesmo
invisível, estava ali presente. Daniel resolveu olhar
para o seu Deus. A história Bíblica conta que ele
saiu dali ileso e vitorioso. (Dn. 6.1 a 28)
A Atitude de José do Egito, como aparece no

Velho Testamento, foi muito positiva durante todas
as situações que enfrentou em sua vida. Ou ele
olhava para as circunstâncias contrárias que lhe
rodeavam a todo instante e desistiria de seus
sonhos ou olhava para a fidelidade do seu Deus
que lhe fizera grandes promessas e continuaria em
frente na sua caminhada.
Lendo o capítulo 37 do livro de Gênesis

descobrimos que José era muito amado pelo seu
pai. Isso causou o ciúme dos seus irmãos.
Enquanto José era um bom filho e cativava o amor
do pai, atraía o ciúme dos irmãos. Facilmente
percebemos que José desenvolvia um profundo
relacionamento com Deus ao ponto de ter tido
sonhos reveladores sobre o seu futuro. Como
caçula da família e ainda muito jovem, ele não
sabia lidar com a situação e de forma muito
espontânea contava os sonhos e provoca mais
ciúmes e inveja nos irmãos.
José revela o seu caráter quando obedecia a

seu pai incondicionalmente. A sua Atitute Positiva
lhe impulsionava a obedecer às autoridades
delegadas por Deus em sua vida (Gn 37.14).
70
Ele foi preso pelos próprios irmãos e jogado

numa cisterna vazia. Em seguida foi vendido aos
mercadores midianitas que o levaram para o Egito
e lá foi vendido a Potifar como escravo.
Na casa de Potifar, José assume a atitude

positiva de fazer o seu trabalho da melhor maneira
possível e se torna o mordomo daquela mansão.
José não consegue evitar a armadilha que a mulher
do seu chefe armou para ele e como se negou a ter
um relacionamento sexual com ela, foi acusado e
colocado na prisão.
Na prisão José cativa o carcereiro que se

torna o instrumento de sua promoção ao posto
principal do país depois do Rei. A atitude positiva
lhe ajuda em suas promoções porque ele nunca é
encontrado reclamando dos seus irmãos, nem de
Potifar, nem mesmo da esposa dele, nem dos
mercadores midianitas, nem dos seus colegas de
prisão, nem tão pouco do seu Deus.
A atitude positiva é presente em todas as

situações que se sucedem na vida de José. Ele se
comporta como alguém que está enxergando além
do que os outros enxergavam. Ele tem a percepção
da ação soberana de Deus através dos episódios de
sua vida. Ele se propõe a fazer o seu trabalho com
excelência, quer seja em casa com seus pais ou na
casa de seu chefe Potifar, ou na prisão, ou no
palácio onde foi morar depois que foi promovido
pelo Rei.
71
Contudo, o ápice da sua atitude positiva

acontece quando os mesmos irmãos que o traíram
e o venderam, vão ao Egito para comprar
alimentos, depois de muitos anos passados, e se
deparam face a face com ele. Eles não reconhecem
José, mas são reconhecidos por ele. José age com
nobreza e reconhece diante de todos que foi Deus
quem permitiu que tudo aquilo acontecesse. José
não esboça nenhum plano de vingança ou coisa
parecida, chora diante do encontro com os
familiares. Ele privilegia sua família, perdoa seus
irmãos e continua sua vida dando a todos uma
grande lição de atitude positiva.
72
PRINCÍPIO N 07- TOME INICIATIVAS
Um dia desses, acordei cedo e fui à praia com

meu filho Lucas. Ele gosta de surfar e levou a
prancha para pegar umas ondas. Enquanto isso
fiquei em baixo de um coqueiro revisando a
palestra que tinha para os jovens naquela noite.
Lembrei-me então, do que escreveu Rick Warren
em seu livro "Uma Igreja com propósito". Na
introdução ele fala que se alguém quer aprender a
surfar é só inscrever- se em um curso sobre surf e
aprender sobre os melhores equipamentos. Vai
saber identificar qual é a onda boa pra surfar, vai
saber como ficar em pé na prancha, vai aprender a
sair da prancha na hora certa e vai saber sobre
condições da maré, etc. A única coisa que os cursos
não ensinam é como produzir uma onda. As ondas
são produzidas por Deus e o surfista deve apenas
estar no lugar certo e aproveitá-las.
A dicotomia "O que o homem deve fazer e

O que só Deus pode fazer" é algo que precisa ser
muito bem entendido. Saber o que temos que fazer
e estarmos atentos para fazer isso bem feito e no
momento certo é imprescindível para uma vida bem
sucedida. Mas, isto somente não basta. É preciso
estar atento às ondas que Deus proporciona em
nossas vidas, ou melhor, às oportunidades que
73
Deus faz chegar em nossas mãos. Devemos

observá-las bem e aproveitá-las em tempo
oportuno. A profunda comunhão com Deus para
entender Seu agir em nosso favor e a coragem
para agir com sabedoria vão nos garantir sucesso e
bom êxito.
Jesus disse em João 15:5 "... sem mim nada

podeis fazer." O importante não é o que queremos
fazer e sim, descobrir o que Deus já vem fazendo
antes mesmo de existirmos e nos enquadrarmos
dentro do plano dele com o propósito de ajudá-lo.
Temos a tendência de ignorar o que estava
acontecendo antes de nós e corremos o risco de
pensar que tudo está começando conosco. Mas,
quando pensamos que Deus é antes de nós e que
nós somos apenas instrumentos da continuidade
dos seus projetos. Quando entendemos que Ele
vem executando planos previamente escolhidos e
determinados, a nossa postura pode mudar e
ganhamos com isso.
Logo cedo em minha vida, mesmo antes de

ter passado pela experiência do novo nascimento
aos 15 anos, convivi com as teorias da Soberania
de Deus e do livre arbítrio do homem, as quais me
foram transmitidas por meus pais que tinham
posições diferentes na luta pela criação dos 10
filhos. Minha mãe, católica, costureira, acreditava e
pregava o tempo todo, sobre a importância do
trabalho, do esforço humano, do estudo e da luta
por uma vida melhor. Meu Pai era defensor
74
convicto da soberania de Deus e vivia dizendo que

tudo vinha de Deus e por isso não adiantava se
inquietar nem se desesperar. Éramos uma família
católica não praticante, com uma tendência para o
espiritismo. Após conhecer o Evangelho de Cristo,
passei a me interessar pelo assunto da soberania
de Deus com mais intensidade por acreditar que o
entendimento correto sobre esta matéria
influenciaria pra sempre o resto da minha vida.
Passei a crer no que está escrito em

Filipenses 2:13 “Porque Deus é o que opera em vós
tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa
vontade.” Creio que somos dotados de vontade,
temos desejos e uma certa liberdade de fazer ou
não algumas coisas. Mas creio que Deus é
soberano como disse Jó 42:2 “Bem sei que tudo podes
e nenhum dos teus planos pode ser frustrado”.
A percepção do agir de Deus e a habilidade

de aproveitar as oportunidades é mesmo uma
qualidade importante na vida dos que amam a
Deus de verdade. Haverá coisas que só Deus pode
fazer, mas certamente vamos nos deparar com
coisas que nós é que devemos fazer.
Tirando a pedra
Antes de ressuscitar Lázaro, Jesus ordenou

aos homens que tirassem a pedra que fechava o
túmulo (João 11:39,40). Ali estava Jesus, o autor
da vida, diante de um defunto de quatro dias. Entre
75
eles havia uma pedra que precisava ser retirada e

quem deveria retirar eram os homens. Assim que a
pedra foi retirada Jesus fez a parte dele
ressuscitando o morto.
O detalhe importante neste acontecimento foi

que a ordem partiu de Jesus para tirar a pedra.
Tudo começa quando Deus fala. Tirar a pedra sem
que Deus mande não resulta em ressurreição, mas
a obediência às ordens de Deus geralmente
resultam em milagres em nossas vidas. Mesmo que
sejam milagres pequenos e imperceptíveis aos olhos
humanos. O certo é que houve uma iniciativa de
Deus que foi devidamente aproveitada pelos
homens e que resultou na ressurreição de Lázaro.
Existe coisas que competem ao homem fazer

e sendo feitas de forma oportuna vão trazer as
bênçãos de Deus sobre os que os fazem. Não
podemos esperar que Deus faça o que só nós
devemos fazer e nem devemos tentar fazer aquilo
que somente o Senhor poderá fazer.
Às vezes nos deparamos com a tentativa de

querer ressuscitar mortos, mas eles ainda
permanecem mortos. Talvez seja pela soberba
humana ou o estado decaído em que ficamos
depois do pecado, o motivo porque somos tentados
a querer intervir em coisas que pertencem somente
a Deus realizar. Outras vezes reclamamos das
coisas que Deus já fez em sua soberania, somos
murmuradores e ingratos.
76
Entender que tirar a pedra é nosso papel nos

ajuda a encontrar um estilo de vida abençoado e
saudável. Mas o homem peca duas vezes: peca por
não fazer a sua parte e peca por querer fazer a
parte que cabe a Deus.
Pode ser que existam coisas em sua vida que

estão mortas e até já cheiram mal. Pode ser um
casamento que já morreu a tempo e se tornou em
um silêncio fúnebre. O diálogo está sepultado, o
carinho já não existe e resta apenas a cortesia ética
entre amigos que convivem debaixo do mesmo teto.
É preciso tirar a pedra do orgulho e do amor
próprio. É necessário deixar a porta do túmulo
aberta para que o ressuscitador ordene a vida.
Situações que lembram a morte na vida como

angústia, amargura, decepções, frustrações pode
transformar o viver numa coisa tão angustiante
como um túmulo. A mesmice da vida provoca frieza
o descontentamento, faz com que as pessoas se
sintam como sepultadas dentro delas mesmas. O
quadro se agrava quando isso vem acompanhado
de conformação.
Deus é o autor da vida. Jesus disse em João

10:10: “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a
destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com
abundância.” Quando Jesus fala de vida ele está
falando sobre felicidade, alegria no coração,
entusiasmo para viver, ânimo para trabalhar,
77
realizar tarefas com prazer, sonhar, fazer planos,

etc. A vida abundante é também a quantidade de
vida que somente Ele pode nos dar.
Ao ressuscitar, Lázaro levantou-se do caixão
e começou a andar. Uma pessoa que está viva quer
se movimentar, andar, sair, conversar, realizar, etc.
Deus não lhe criou para ficar prostrado, parado,
estático sem rumo e sem direção. Não se conforme
diante do seu próprio diagnóstico. Jesus te chama
para fora. Saia de dentro de si mesmo! Há muita
coisa que precisa ser feita lá fora.
Buscando a Vontade Geral de Deus
Voltando a atenção para questões mais

específicas como: Para quê fui criado? Com quem
vou me casar? Qual deve ser a minha profissão?
etc. Como saber a vontade de Deus? Hebreus1:1
"HAVENDO Deus antigamente falado muitas vezes, e de
muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-
nos nestes últimos dias pelo Filho,"
É normal que toda pessoa temente a Deus

deseje conhecer a vontade específica dele para sua
vida, principalmente quando se sabe que a vontade
de Deus é boa, perfeita e agradável como está
escrito em Romanos 12: 1 e 2.
A grande questão é saber os meios de

comunicação que Deus se utiliza para comunicar a
sua vontade. No Salmo 19 encontramos três
maneiras de Deus se revelar aos homens. Nos
78
versículos de 1 a 5 vemos que a criação anuncia a

existência do seu criador.Também o apóstolo Paulo
confirma isso em Romanos 1:20 “Porque as suas
coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu
eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e
claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para
que eles fiquem inescusáveis.” No Salmo 19:7 a 10
vemos a segunda maneira de Deus se revelar que é
pela sua Lei escrita, pelo seu livro que é a Bíblia.
Os versículos 12 a 14 do mesmo Salmo 19 falam da
consciência humana, da consciência do bem e do
mal, do conhecimento das próprias faltas e dos
próprios erros. Para se comunicar com os homens
Deus usa a Criação, a Bíblia e a consciência do
bem e do mal.
Antes de entender a vontade de Deus para a

vida pessoal é necessário conhecer a vontade geral
de Deus para todos os homens. Os mandamentos
de Deus que são endereçados a todos, com certeza
são também para a vida pessoal. Por exemplo, Jesus
nos deu um novo mandamento: "Um novo mandamento
vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos
amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis."
João 13:34 Este mandamento revela a vontade de
Deus para todos os seus discípulos, portanto, estou
incluído e sei que é da vontade de Deus que eu ame
a todos como Jesus me amou. Um dos segredos
para se conhecer a vontade específica de Deus é
por em prática a Sua vontade geral.
A vontade específica de Deus
79
Veja algumas atitudes que podem ajudar a

descobrir a vontade específica de Deus:
1. Buscar a Deus. Em II Crônicas 20:3 temos

o relato do Rei Josafá buscando a Deus porque
estava numa situação em que não sabia o que
fazer. Não sabendo o que fazer naquela hora,
Josafá buscou ao Senhor com jejum e oração e
Deus lhe respondeu. No texto de Hebreus 1:1
vemos que Jesus é a fala de Deus para nós hoje.
Temos o Senhor Jesus presente conosco e devemos
conversar com Ele, buscá-lo e Ele nos dirá qual o
caminho devemos seguir quando nos encontrarmos
numa situação difícil. Para isso é necessário
separar um tempo para Ele, gastar esse tempo com
Ele em oração e perguntar o que Ele faria se
estivesse no seu lugar.
2. Desejar não errar. Não queremos decidir

erradamente. Desejamos somente fazer o que
glorifica a Deus. Deve ser esse o sincero desejo
daqueles que realmente temem ao Senhor.
3. Considerar os sinais da aprovação e

confirmação da vontade específica de Deus:
-Deus não é Deus de confusão I Coríntios 14: 33

- A paz de Cristo seja o árbitro em vossos corações.
Colossenses 3:15.
- Ouça o que dizem as autoridades delegadas por
Deus em sua vida. Ou seja, essas autoridades são
os seus pais, seu líder religioso ou alguém que você
80
considera digno de lhe dar um conselho. Prov 24:6

diz que “... na multidão dos conselhos está a vitória”.
Busque conselhos de pessoas mais experientes e
ainda que não sejam do seu agrado, atente para a
importância dos mesmos.
- Verificar que "A bênção do SENHOR é que enriquece; e
não traz consigo dores." Pv 10:22 Quando qualquer
coisa em nossa vida está trazendo muitas dores e
não enriquece em nada, deve ser questionada se
vem de Deus ou não. Em geral as bênçãos de Deus
trazem paz, alegria e motivos de gratidão. Ainda
disse o Senhor Jesus em Mt.6:34 "Não vos inquieteis,
pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã
cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal."
Devemos buscar no Senhor a cura de toda a
ansiedade pois aquilo que Ele preparou para nós
chegará no tempo certo em nossas mãos.
Concentre-se no reino de Deus e busque-o, pois
naturalmente as demais coisas serão
acrescentadas.
O apóstolo Paulo escreveu “ROGO-VOS, pois,

irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os
vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional. E não sede
conformados com este mundo, mas, sede transformado
pela renovação do vosso entendimento, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita
vontade de Deus.” Romanos 12: 1 e 2.
É sempre muito bom refletirmos nas

características da vontade de Deus. É a vontade
81
boa, agradável e perfeita. A vontade de Deus é geral

e específica. O propósito de Deus é o beneplácito de
Sua vontade, é o seu desejo original tanto geral
como específico.
O propósito geral de Deus é tudo aquilo que

se aplica a todos os homens. Trata-se do propósito
geral para o qual a humanidade foi criada e
também toda a criação. Enquanto o propósito
específico se refere aos planos de Deus para cada
ser humano em especial.
Para se conhecer o propósito específico é

necessário antes conhecer o propósito geral. Em
geral, todos foram criados para glorificar a Deus e
gozá-lo para sempre. A trajetória de vida, os dons
específicos, bem como os talentos individuais e a
maneira de aplicar isso fazem parte do propósito
específico de Deus para cada um.
O Propósito de Deus
Devemos então, voltar os olhos para o

Propósito de Deus revelado em sua Palavra como
meio de alcançarmos a verdadeira realização
interior.
A resposta para a primeira pergunta do Breve

Catecismo de Westminster é: “O fim supremo e
principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo plena e
eternamente.” Entendo que glorificar a Deus está
profundamente ligado a ter prazer em Deus. A
82
glorificação de Deus resulta do prazer que o cristão

tem em Deus.
Foi assim que escreveu John Piper na

introdução do seu livro “Em Busca de Deus”:
“Você pode virar o mundo de pernas para o ar
apenas mudando uma palavra em seu credo. A tradição
antiga diz:
O fim supremo e principal do homem é glorificar a
Deus E gozá-lo plena e eternamente.
"E"? Como arroz e feijão? Às vezes você glorifica
Deus e às vezes se alegra nele? Às vezes ele recebe a
glória, e às vezes você recebe a alegria? "E" é uma
palavra muito ambígua! Que relação essas duas coisas
têm entre Si?
É evidente que os antigos teólogos não achavam
que estavam falando de duas coisas. Eles disseram "fim
supremo e principal", não "principais finalidades".
Glorificar a Deus e gozá-lo eram uma só finalidade em
sua mente, não duas. Como pode ser isso?
Não que eu me importe muito com a intenção de
teólogos do século XVII. Importo-me, porém,
tremendamente com a intenção de Deus na Bíblia. O que
Deus tem a dizer sobre a principal finalidade do ser
humano? Como Deus nos ensina a dar-lhe glória? Ele nos
ordena a nos alegrar nele? Nesse caso, como essa busca
da alegria em Deus se relaciona com tudo mais? Sim,
tudo! "Quer comais, quer bebais ou façais outra coisa
qualquer, fazei tudo para a glória de Deus".
A preocupação principal é que em tudo na vida
Deus seja glorificado da maneira que ele indicou.
83
O fim supremo e principal do homem é glorificar a

Deus AO gozá-lo plena e eternamente.” 46
Quanto mais nos agradamos de Deus, mais

Ele é glorificado em nós. Seria legítimo pensar
sobre agradar a Deus ao mesmo tempo em que
devemos nos agradar de Deus? Deve o homem
agradar a Deus ao mesmo tempo em que se agrada
dEle? Ou agradar a Deus é alguma coisa difícil,
enfadonha e sacrificante? Não seria terrível pensar
que tudo que se relaciona com Deus é chato,
cansativo e brega? Existe prazer em Deus? Como
alcançar esse prazer?
Estas questões me incomodaram por muito

tempo. A preocupação com um estilo de vida
continuamente sacrificado, tantas renúncias e
reclusões que mais nos tornam hipócritas e
prisioneiros do que realmente livres para uma vida
prazerosa em Deus. Para muitos, a vida fora da
igreja parece mais prazerosa e atraente. Não estou
defendendo o hedonismo. A minha preocupação é
com a privação ingênua de cristãos desinformados
sobre tudo o que há de legítimo e prazeroso no
reino de Deus para nós por falta de entendimento.
Seria Deus um Deus egoísta que só pensa em si
mesmo, que deseja o tempo todo ser agradado,
elogiado e glorificado com o preço de nossa
infelicidade e nossos sacrifícios contínuos?
46
John Piper. Em Busca de Deus. São Paulo: Shedd, 2001, p. 06.
84
Ao aprofundar o conhecimento de Deus, o

homem vai se sentir encorajado a tomar iniciativas
ousadas com base na fé em um Deus maior do que
os paradigmas religiosos possam construir. A
familiaridade com o propósito de Deus, com a
vontade revelada e a segurança nos meios de
comunicação de Deus com os homens vão gerar
ousadia para iniciativas novas e proporcionarão o
desfrute de experiências novas com Deus.
Empreendedores
Stephen Kanitz, administrador pela Harvard e

conferencista, escreveu um artigo na Revista Veja,
do dia 11 de novembro de 1998, página 22, falando
sobre Iniciativa que diz o seguinte:
“Iniciativa é a capacidade que todos nós temos de
criar, iniciar projetos e conceber novas idéias.
Algumas pessoas têm muita iniciativa e outras têm
pouca.
Acabativa é um neologismo que significa a
capacidade que algumas pessoas possuem de terminar
aquilo que iniciaram ou concluir o que outros começaram.
É a capacidade de colocar em prática uma idéia e levá-la
até o fim.
Os seres humanos podem ser divididos em três
grupos, dependendo do grau de iniciativa e acabativa de
cada um: os empreendedores, os iniciativos e os
acabativos - sem contar os burocratas.
* Empreendedores são aqueles que têm iniciativa e
acabativa. Um seleto grupo que não se contenta em ficar
na idéia e vai a campo implantá-la.
85
* Iniciativos são criativos, têm mil idéias, mas abominam

a rotina necessária para colocá-las em prática. São
filósofos, cientistas, professores, intelectuais e a maioria
dos economistas. São famosas as histórias de
economistas que nunca assinaram uma promissória.
Acabativa é o ponto fraco desse grupo.
* Acabativos são aqueles que gostam de implantar
projetos. Sua atenção vai mais para o detalhe do que
para a teoria. Não se preocupam com o imenso tédio da
repetição do dia-a-dia e não desanimam com as
inúmeras frustrações da implantação. Nesse grupo está a
maioria dos executivos, empresários, administradores e
engenheiros. ” 47
Embora Stephen Kanitz esteja abordando o

tema do ponto de vista empresarial, o que ele diz se
aplica a todos os seguimentos da vida. Sem
iniciativa ninguém consegue nada.
A falta de iniciativa tem levado muitas idéias
boas, muitos sonhos, muitas músicas, muitos
planos e muitas poesias para o cemitério. O medo
de publicar, de expor, de gravar, de externar ou de
investir em certos projetos contribui para que
muitas coisas fiquem esquecidas na mente de
pessoas sem iniciativa e acabam enriquecendo o
cemitério.
Mt 8: 1 a 4 revela-nos o encontro de um
leproso com Jesus . A lepra era uma doença
sem cura no tempo de Jesus. Era uma doença
terrível porque provocava feridas pelo corpo que
47
Stephen Kanitz (www.kanitz.com.br) Editora Abril. Revista Veja, edição 1572,
ano 31, nº 45, 11 de novembro de 1998, p. 22.
86
iam destruindo os membros lentamente sem

causar dor. Os leprosos cheiravam mal e não
podiam viver em sociedade, eram separados e
discriminados, somente esperavam a hora da
morte. Chama-nos a atenção a maneira como
ele tomou a iniciativa de se aproximar de Jesus
e adorá-lo.
Em seguida, o leproso fez um pedido curto,
mas que, expressou tudo o que ele desejava
naquela hora: “Se quiseres podes purificar-me.”
Ele resolveu verbalizar o seu sincero desejo. O
desejo de viver, de ser curado, de ser livre do
seu mal, etc. Aquele leproso inconformado com
seu estado de lepra quis ser curado e por isso
tomou a iniciativa de aproximar-se de Jesus em
busca da cura do seu mal. Jesus respondeu-lhe
imediatamente dizendo SIM e depois tocou nele
e o curou.
Fazer a coisa certa, na hora certa, é uma
iniciativa que pode mudar o resto da vida de
uma pessoa. Isto se chama Ação eficaz.
A iniciativa pode ser eficiente ou eficaz.
Diríamos que fazer certo uma coisa é fazer com
eficiência. Mas, fazer a coisa certa, na hora
certa é fazer com eficácia. Eficácia está além de
eficiência. Um professor pode dar uma aula com
eficiência, mas sem eficácia. Ou seja, ele fez
tudo certo, mas os alunos não corresponderam
à sua aula. Outro professor pode não ser muito
eficiente em sua aula, mas se os alunos
87
aprenderam o que foi ensinado, pode-se dizer

que foi uma aula eficaz porque alcançou os
resultados desejados. Iniciativa eficaz é aquela
que alcança os resultados desejados.
88
PRINCÍPIO 08 - CUIDE DO SEU

PENSAMENTO
“O homem é assim como imagina no seu coração.”
Provérbios 23.7
Todos nós somos muito influenciados por
tudo aquilo que está dentro da nossa caixa de
memória. Outro dia, estávamos em casa, revendo
fotos antigas e dando risadas das roupas, dos
penteados, das caras e tudo mais que aparecia nas
fotos de um álbum antigo da família.
Outras coisas como perfumes e músicas
antigas também ativam a nossa caixa de memória e
nos proporcionam sentimentos como: saudade,
tristeza, ojeriza, alegria, etc.
O certo é que tudo que está na nossa caixa
de memória acaba influenciando o nosso modo de
pensar e de falar e principalmente o nosso discurso
interior que é fruto do que está armazenado na
nossa caixa de memória.
Não pretendo aqui dissertar sobre a análise
do Discurso Interior, mas apenas chamar a sua
atenção para o cuidado que devemos ter com o
nosso monólogo interior que acontece
constantemente em nossa mente e que é
responsável por nos deixar com a auto-estima alta
ou baixa, alegres ou tristes, animados ou
desanimados e até provocar desentendimentos,
discórdias, mal-entendidos, etc.
89
O Psicólogo Lev Semenovitch Vygotsky 48

postulou a idéia de que o desenvolvimento
humano, principalmente o psicológico/mental
depende da aprendizagem, na medida em que se dá
por processos de internalização de conceitos, que
são promovidos pela aprendizagem social. Esta
teoria pode nos ajudar muito a entender a
importância do meio social na formação dos
conceitos que estão internalizados em nós. Isto tem
a ver com a influência da família nos primeiros
anos de vida de uma criança. A influência da
Escola nos anos escolares. A influência dos amigos
e de todos os relacionamentos sociais. Podemos
concluir que a convivência com a Palavra de Deus,
a vida de oração, o convívio com pessoas que tem
muito a nos ensinar, a leitura de bons livros, a
audição de boas músicas pode influenciar os
nossos pensamentos, o nosso discurso interior.
Discurso interior e pensamento
Para Vygotsky, o pensamento é um plano

mais profundo do discurso interior, que tem por
função criar conexões e resolver problemas, o que
não é, necessariamente, feito em palavras. As
48
Vygotsky nasceu em 1896 na Bielo-Rússia, que depois (em 1917)
ficou incorporada à União Soviética, e mais recentemente voltou a
ser Bielo-Rússia. Nasceu no mesmo ano que Piaget, mas viveu
muitíssimo menos que este último, pois morreu de tuberculose em
1934, antes de completar 38 anos.
90
palavras são pensadas, sem que necessariamente

sejam faladas. É algo feito de idéias, que muitas
vezes nem conseguimos verbalizar, ou demoramos
ainda um tempo para achar as palavras certas para
exprimir um pensamento. O pensamento não
coincide de forma exata com os significados das
palavras. Para a expressão verbal do pensamento,
às vezes é preciso um esforço grande para
concentrar todo o conteúdo de uma reflexão em
uma frase ou em um discurso. Portanto, podemos
concluir que o pensamento não se reflete na
palavra; realiza-se nela, à medida que é a
linguagem que permite a transmissão do seu
pensamento para outra pessoa.
O pensamento, no entanto, é influenciado
pela consciência, que abrange nossas inclinações e
necessidades, nossos interesses e impulsos, nossos
afetos e emoções. Tudo isso vai refletir
imensamente na nossa fala e no nosso discurso
interior.
Conta-se que certa vez, um homem muito
ignorante estava fazendo um conserto em casa e
precisou de um martelo para fixar uns pregos
numa mesa. No seu diálogo interior, ele começou a
pensar em como resolver o problema. Lembrou-se
do vizinho da frente. Sabia que o vizinho tinha um
martelo e ensaiou intimamente um pedido de
empréstimo do martelo, mas também imaginou que
o vizinho poderia dizer-lhe um não. Pensou que iria
ser humilhado diante dos outros vizinhos e seria
envergonhado quando eles soubessem que o
91
empréstimo do martelo foi negado. Esse ensaio

interior foi se estendendo, provocando raiva,
decepção, mal-estar ao ponto que o referido homem
ficou tão enfurecido que saiu de casa, bateu na
porta do vizinho da frente e assim que o pobre
vizinho lhe abriu a porta foi surpreendido com os
desaforos: “vizinho, vim aqui só pra lhe dizer que não
preciso do seu martelo e jamais iria lhe pedir qualquer
coisa emprestada.”
Quantas vezes nós somos enganados pelo
nosso próprio coração. “Enganoso é o coração, mais do
que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” 49 A
visão que temos de nós mesmos é tosca. Algumas
vezes acordamos nos achando que não temos valor
nenhum, ficamos desestimulados para viver,
achamos que nunca vamos conseguir realizar os
sonhos. O nosso diálogo interior é enganoso e nos
leva a construir uma auto-imagem muito negativa e
desestimulante.
Esquecemos que Deus nos criou à sua
imagem e semelhança e que Ele nos criou com um
propósito. Nós não nascemos por acaso. Não
chegamos aqui por um lapso dos nossos pais. Pelo
contrário, Deus planejou nosso nascimento, antes
mesmos de existirmos. Basta ler o salmo 139 que
você vai perceber o critério de Deus e a maneira
como Ele nos formou no ventre materno.
49
Jeremias 17. 9.
92
É muito importante cuidar do discurso

interno e usar os pensamentos em prol do seu
próprio benefício.
Para isso, é demais necessário pensar no
seguinte:
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro,
tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é
puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se
há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.
50
Significa que devemos cuidar diariamente da

nossa caixa de memória. Devemos jogar fora
aquelas imagens negativas que geram confusão em
nosso modo de pensar e ao mesmo tempo,
organizar a caixa de memória com tudo aquilo que
preencha os requisitos do versículo acima. Assim, o
nosso discurso interior será fertilizado e
influenciado com coisas que realmente edificam.
A meditação agradável
Nada tem vida longa enquanto não se torna

um hábito. A meditação do coração deve ser uma
prática diária e assim proporcionará uma qualidade
de vida melhor.
“Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a
meditação do meu coração perante a tua face, SENHOR,
Rocha minha e Redentor meu!” 51
50
Filipenses 4: 8.
51
Salmos 19. 14.
93
Cuidar bem de si mesmo é ainda algo a ser

aprendido por muitos. A meditação que consiste de
uma parada diária de todos os afazeres para ficar a
sós consigo mesmo é algo que contribui muito para
diminuir o stress, até minimizar dores de cabeça,
acalmar a mente e tranqüilizar a alma.
É preciso aprender a valorizar o momento a
sós com consigo mesmo. Transformar esta prática
num hábito diário. Hoje em dia, parece que
ninguém suporta o silêncio e a solidão. Mas a
meditação agradável só pode acontecer num
ambiente de silêncio e solidão.
A Palavra de Deus é poderosa para gerar em
nosso interior o prazer espiritual suficiente para
tranqüilizar o espírito e proporcionar a paz no
coração. O processo de meditação na Palavra de
Deus inclui inicialmente a escolha do texto a ser
lido. Em seguida, deve ser feita a busca pelo
significado das palavras e a análise semântica das
frases. Para uma melhor compreensão do texto
escolhido ainda pode ser feita uma busca de dois
ou três versículos que tratam do mesmo assunto
em outros livros da Bíblia. Por último, deve ser feita
as possíveis aplicações pessoais do texto estudado.
Aconselho ainda, que um levantamento do
campo semântico de palavras chaves do texto
estudado seja feito. Pensar no campo semântico de
palavras ajuda muito a compreender o significado
do texto e enriquece a meditação.
A meditação agradável vai além da simples
leitura de textos bíblicos. Ela sugere uma análise
94
mais acurada e cuidadosa do texto lido e se torna

muito eficaz na edificação do discurso interior.
A meditação agradável é um poderoso
fertilizante para os pensamentos. Quando
transformamos o discurso interior em oração, a
nossa vida se torna mais leve e mais fácil de ser
vivida.
95
PRINCÍPIO 09 - VIVA COM ESPERANÇA

“Quero trazer a memória o que me dá esperança.”
(Lamentações 3:21).
A Esperança é fundamental para motivar o

homem à vida. Sem esperança o homem é um ser
morto. Em Novembro de 2009, quando visitei o
Museu do Holocausto, em Washington D.C. fiquei
chocado com o número de pessoas mortas nos
campos de concentração e o grau de sofrimento a
que foram submetidas aquelas pessoas antes de
serem executadas, no período da Segunda Guerra
Mundial.
Elie Wiesel conta no seu livro “Night”, sua

experiência como adolescente junto a seu pai nos
campos de concentração de Auschwitz, Buna e
Buchenwald. Ele conta que, a qualquer momento,
qualquer um poderia ser selecionado para a morte.
Ele relata o que aconteceu a um velho rabino
chamado Akiba Dumer: “Akiba Dumer nos deixou,
vítima da seleção. Ultimamente, ele havia vagueado entre
nós, olhos vidrados, contando a todos sobre sua
fraqueza: „não posso continuar...tudo acabou...‟ Era
impossível levantar sua moral. Ele não escutava o que
nós lhe dizíamos. Só sabia repetir que tudo acabara para
ele, que ele não podia mais continuar a luta, que não
tinha mais forças, nem fé. De repente seus olhos ficaram
96
vazios, nada senão duas feridas abertas, duas fossas de

terror.” 52
Akiba Dumer foi executado, mas já havia se

rendido à morte antes mesmo dela chegar, por falta
de esperança.
Ao contrário de Akiba Dumer, A história de

Jürgen Moltmann nos mostra o poder da
Esperança e como ela pode transformar o destino
de pessoas, mesmo que estejam marcadas para
morrer. Moltmann nasceu em Hamburgo, na
Alemanha, em 1926 e foi criado em lar protestante
liberal, foi capturado pelos ingleses em 1945, foi
mantido prisioneiro até 1948.
Nesse mesmo ano, foi liberto e regressou a

Alemanha. Mas Moltmann já não era o mesmo. A
prisão, paradoxalmente, o libertara. Segundo seu
próprio testemunho: “Nos campos da Bélgica e da
Escócia, experimentei tanto o colapso das coisas que
tinham sido certezas para mim como também uma nova
esperança com a qual viver, oferecida pela fé cristã”.
O que libertou Moltmann e o fez sair da

cadeia foi a esperança de vida que ele conheceu na
prisão. Moltmann e Akiba passaram pela mesma
experiência terrível de prisão e incerteza de futuro.
52
Elie Wiesel. Night. Nova York: Bantam Books, 1982,original 1960,
p.72.
97
A diferença foi que Akiba não tinha nenhuma

expectativa de ser liberto, enquanto Moltmann foi
salvo por causa da esperança que alimentou em
sua mente e coração.
O mundo pós-moderno
O início do século XXI tem sido marcado por

terremotos, guerras civis, seqüestros, assaltos,
violências, escândalos na política, desvios de
dinheiro, roubo, e outros males que tem conduzido
muitos a um estado de espírito onde predomina o
pessimismo, a angústia, o desalento e o desespero.
Não se sabe com exatidão para aonde está
caminhando a humanidade.
Podemos acompanhar pelos jornais locais,

acontecimentos diários, bem próximos a nós, como
assassinatos de jovens envolvidos no mundo das
drogas. Conheço pelo menos uma meia dúzia de
histórias de jovens que não chegaram aos vinte
anos de idade. Foram mortos no mundo das drogas
por “acertos de conta.”
Estamos cada vez mais, presos dentro de

nossos apartamentos e nossas casas. Tememos
pelos nossos filhos, por aquilo que possa
influenciá-los. Tememos pela falta de oportunidade
de empregos para eles e pelas influências que lhes
cercam.
98
Nunca antes se ouviu falar tanto em

violência, drogas, assassinatos, etc. Outro assunto
que tem tomado bastante espaço na mídia é o
aquecimento da Terra. Grandes geleiras nos pólos
estão se desfazendo e aumentando o volume das
águas do mar e de forma violenta, tem invadido
praias ao redor do mundo.
Nunca se falou tanto nas Universidades e nas

escolas em geral, sobre o meio ambiente e
sustentabilidade. As graves alterações climáticas,
as crises no fornecimento de água devido a falta de
chuva e da destruição dos mananciais e a
constatação clara e cristalina de que, se não
fizermos nada para mudar, o planeta será alterado
de tal forma que a vida como a conhecemos deixará
de existir.
Todos ao redor do planeta parecem discutir e

levantar sugestões que possam trazer solução
definitiva ou ponto de equilíbrio que desacelere a
destruição que acontece nos dias atuais. A
conclusão, praticamente unânime, é de que
políticas que visem à conservação do meio
ambiente e a sustentabilidade de projetos
econômicos de qualquer natureza devem sempre
ser a idéia principal e a meta a ser alcançada para
qualquer governante.
Nunca houve antes, tanta preocupação com a

divulgação em massa sobre os perigos ocultos nas
intervenções mais inocentes que os homens
99
realizam no meio ambiente a sua volta. Nunca se

falou tanto sobre a necessidade de adotar práticas
que garantam a sustentabilidade dos atos e ações
da humanidade. Tudo isso como medidas
necessárias para evitar um colapso geral e fatal da
natureza e salvação do planeta.
Viver com esperança é estar a par de tudo,

atualizado com o que acontece ao redor do
Universo e bem próximo a nós, mas alimentar no
coração a certeza de que algo novo pode acontecer
a qualquer momento para mudar o quadro caótico
do presente.
A Expectativa do futuro
“Mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos

ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que
Deus tem preparado para aqueles que o amam.” I
Coríntios 2. 9.
A falta de expectativa de um futuro melhor, o

desespero e o desencanto transformam a vida
humana em um caos existencial. Ter uma
esperança, no entanto, gera no coração humano o
desejo de viver, gera a força para suportar
situações desconfortáveis, provações e lutas e gera
uma alegria indescritível na vida daqueles que
mantém esta esperança viva em seus corações. A fé
na bondade de Deus, a confiança nas Sagradas
Escrituras referente à suas profecias sobre o
futuro, proporcionam certa expectativa de um
100
futuro muito melhor do que o que já se viveu no

passado e no presente.
O conhecimento das promessas do Evangelho

e a concordância com essas promessas geram um
testemunho de amor a Deus e produzem um gozo
na alma, suficientes para a perseverança até o final
de uma etapa de vida ainda não concluída.
Esperar em Deus é uma prova de amor a

Ele. Existem coisas que Deus preparou para
aqueles que o amam, e esperar por ele, é a maior
demonstração de confiança e dependência dele.
Existem muitas coisas preparadas para a vida
futura e tais coisas não podem ser descobertas
ainda. São coisas relacionadas com o objeto da
esperança cristã, mas não podem ser reveladas
agora com exatidão. Todavia, pela ênfase que é
dada e pela grandeza e importância de tais coisas,
pode-se concluir que são coisas tão preciosas que
jamais alguém pensou , viu ou ouviu sobre as
mesmas.
Embora o Evangelho revele coisas grandes e

profundas sobre o amor de Deus e sobre a
redenção, existem ainda grandes verdades do
evangelho que estão fora do alcance da descoberta
humana: o olho não viu, nem ouvidos ouviram,
nem foram sondadas pelo coração do homem. O
conhecimento humano comum não pode, jamais,
decifrar ou sequer cogitar sobre tais coisas ainda
não reveladas. Este fato provoca ainda mais, a
101
expectativa do futuro, visto que são coisas

imensamente grandiosas que estão sendo
preparadas para aqueles que amam a Deus. Tais
coisas se tornarão responsáveis pela grande
surpresa a ser revelada àqueles que amam a Deus
no tempo apropriado, no futuro.
Vivendo com expectativas
Daqui a dois dias, terá início o carnaval 2011

e a nossa Igreja, como de costume, realizará um
acampamento para jovens. Os meus filhos Lucas e
Renata estão, há uma semana, entusiasmados com
o acampamento. Todo dia comentam sobre isso,
fazem planos, ligam para os amigos para planejar
coisas, falam sobre providências que precisam ser
tomadas, enfim, a atmosfera aqui em casa é só o
acampamento. A expectativa do acampamento tem
gerado neles, certa ansiedade, uma motivação
extraordinária para comparecer às reuniões na
Igreja e um aspecto de alegria nos seus rostos.
A expectativa do futuro naturalmente gera

nas pessoas motivação para viver, planejar, fazer
contatos, trabalhar antecipado, etc. O início dessa
expectativa é o anúncio daquilo que vem pela
frente, é a propaganda dos eventos e a divulgação
bem feita dos mesmos.
Sinto que há u em nossos dias, a urgente

necessidade de divulgarmos com mais ênfase, os
eventos escatológicos que estão bem próximos de
102
acontecerem. Devemos já, rever a importância que

estes eventos escatológicos ocupam em nossa
escala de valores e falarmos mais sobre isso.
Precisamos urgentemente divulgar com ênfase
sobre a segunda vinda de Cristo, sobre o
arrebatamento da Igreja, sobre a transformação do
nosso corpo mortal em imortalidade e sobre o que a
Bíblia diz a respeito da qualidade de vida pós-
morte.
A certeza do cumprimento das profecias

bíblicas vai gerar essa motivação pela vida, o
planejamento de como será o resto da nossa vida a
partir de agora, a criatividade no serviço cristão, a
fixação de um alvo a ser alcançado, um estilo de
vida santo e agradável ao Senhor. Vai sim
despertar os que dormem.
“Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te

dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá” 53
Se você confia que Deus vai cumprir tudo o

que está escrito sobre o fim deste mundo e se de
fato a Escatologia Bíblica vai realmente acontecer,
isso deve produzir em você, um despertamento
espiritual para trabalhar na divulgação de eventos
tão importantes para o mundo todo. Vai também
gerar em você uma grande expectativa de ser
53
Efésios 5: 14.
103
participante de tudo aquilo que o Senhor tem

cuidadosamente preparado para aqueles que o
amam e isso vai influenciar de forma radical no seu
estilo de vida a partir de agora.
Viver com esperança é ser diariamente
impactado com a possibilidade de estar vivendo o
último dia de nossas vidas. É viver de forma
consciente de que o resto da nossa vida está
começando agora.
104
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Enquanto escrevo estas considerações finais,
escuto notícias sobre a catástrofe que aconteceu no
Japão na sexta-feira passada, dia 11 de março de
2011. O Tsunami provocou milhares de mortes,
deixou inúmeras famílias desabrigadas e pessoas
aterrorizadas com o risco da irradiação atômica
naquele país. Vê-se no rosto da população japonesa
o desespero, a tristeza e o medo do futuro.
O Japão foi fortemente pressionado por uma
onda gigante que provocou perdas e prejuízos
financeiros, emocionais e físicos que deixaram o
país desapontado, mesmo sendo o mais bem
preparado para enfrentar situações como esta.
A humanidade toda é passiva de enfrentar
situações que fogem do seu controle.
John Maxweel, no seu livro Líder 360º,
aborda os desafios que estão presentes na vida dos
homens. Um dos desafios que ele menciona é o
desafio da Tensão sofrida de diferentes aspectos.
Existe a tensão sofrida pelas restrições
impostas pelos outros. Existe a pressão que o
mundo pós- moderno impõe sobre o homem. Existe
a cobrança da própria família. Existe a pressão de
situações imprevistas causadas por catástrofes.
Enfim, o que Maxwell tenta mostrar no seu livro é
que estamos cercados por possibilidades de tensões
e pressões que geram ansiedade, medo e desespero.
105
Em meio aos muitos desafios que

enfrentamos diariamente, quer seja a pressão vinda
das exigências dos familiares, exigências da
sociedade onde vivemos, exigências até pessoais
conosco mesmo ou qualquer outro tipo de pressão
que possamos vivenciar, devemos manter firme a fé
de que existe uma saída, existe uma solução.
De vez em quando nos deparamos com frases
feitas ou lugar comum como os críticos literários
assim denominam, mas nestes dias, encontrei uma
frase que me chamou à atenção: - Comece fazendo
o necessário e depois faça o que for possível, quem
sabe com o tempo, você fará o impossível!
Esta foi a nossa intenção ao escrever este
livro: desafiá-lo a lutar pelo melhoramento de sua
própria vida a partir de onde você se está.
Deixamos bem claro que, a solução desse
melhoramento não está em você e sim no seu
Criador. Parafraseando Rick Warren em “Uma Vida
com Propósitos”, o manual de sua vida está nas
mãos do seu criador. Somente Ele entende sobre o
funcionamento de sua vida e somente Ele pode
compreendê-lo e ajudá-lo a lidar consigo mesmo.
No capítulo 14 do evangelho que João
escreveu, no primeiro versículo, encontramos Jesus
aconselhando os seus discípulos com as seguintes
palavras: “NÃO se turbe o vosso coração; credes em Deus,
crede também em mim”. Jesus viu que os corações dos
seus discípulos estavam turbados, tumultuados,
em desordem, confusos e sem sossego. Por isso,
106
lhes deu a ordem para não deixarem os corações

confusos. Toda essa turbulência de coração era
devido à dúvida que queria se instalar em seus
corações.
Jesus também lhes mostrou de forma clara e
simples o que fazer para afastar a turbulência e
desassossego da alma: “Credes em Deus, crede
também em mim.” Eles já criam em Deus,
precisavam crer em Jesus também. Ainda estavam
com dificuldade de associar Jesus a Deus, de ver
Jesus como Deus. Queriam ver o Pai, queriam
saber o caminho, queriam provas. Mas Jesus
apenas lhes disse que “quem me vê a mim vê o Pai”
Jo.14.9.
A turbulência de coração acompanha a vida
de todos os homens em todos os tempos. Hoje , ela
vem dos apertos financeiros, vem das dívidas, do
medo das doenças, do medo da violência, dos
problemas conjugais, da preocupação exagerada
com o futuro dos filhos e provoca ansiedade
existencial. Tudo isso tira a paz do coração e
provoca distúrbios emocionais, ou estado de
sofrimento, angústia contínua que tem como
propósito afastar ainda mais o homem de Deus,
levá-lo a buscar alívio através do consumo de
drogas, práticas pecaminosas, anormalidades no
apetite, etc.
Como evitar isso? Crer em Deus e crer
também em Jesus Cristo seu Filho. Confiar de
forma especial em Deus. Está seguro de sua fé e
confiança no Senhor, através do conhecimento de
sua Palavra , através da concordância com Sua
107
Palavra e de uma vida pautada nas Escrituras

Sagradas.
A Fé que normaliza o coração do homem e
lhe devolve a paz está diretamente associada a um
relacionamento pessoal com Jesus Cristo na base
do conhecimento de suas palavras, na base da
confissão e aceitação de que só Ele é o Senhor e
Salvador dos homens. Esta é a fé que salva e
também gera o arrependimento dos pecados e
proporciona o novo nascimento. É a fé que
transforma o homem em uma nova criatura e gera
paz no coração.
Cremos que estes nove princípios
apresentados neste livro poderão revolucionar sua
vida se forem bem compreendidos e postos em
prática. E poderão prepará-lo também para
enfrentar o futuro que se aproxima com a certeza
serena de que há um Deus que lhe ama e se
preocupa com a sua existência.
Deus seja contigo!
108
Bibliografia
A BÍBLIA SHEDD. São Paulo - SP: Ed. Vida Nova, 1997.
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Traduzido por Odayr Olivetti.
Campinas - SP: Ed. Luz para o Caminho, 1990.
CURY, Augusto Jorge. Inteligência Multifocal. São Paulo: Ed. Cultrix,
2006.
HUNTER, James C. O Monge e o Executivo. Rio de janeiro RJ: Ed.
Sextante, 2004.
KENEDY, James. Verdades que Transformam. São José dos Campos -
SP: Ed. Fiel, 1986.
LUCADO, Max. Just Like Jesus. Ed. Caribe, 1999.
MAXWELL, John C. Líder 360º. Tradução Valéria Lamim Delgado
Fernandes. Rio de Janeiro: Ed.Thomas Nelson Brasil, 2007.
MOLTMANN, Jürgem. Teologia da Esperança:São Paulo: Teológica,
2003.
NEE, Watchman. O Poder Latente da Alma. São Paulo - SP: Ed. dos
Clássicos, 2002.
OSTEEN, Victória. Love Your Life. New York - NY: Ed. Free Press,
2008.
PETERSON, Eugene. O Pastor Contemplativo. Rio de Janeiro: Ed. Sepal,
2004.
PIPER, John. Em Busca de Deus. São Paulo - SP: Ed. Shedd Publicações,
2001.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins
Fontes, 1998.
WARREN, Rick. Uma Vida com Propósitos. São Paulo: Ed. Vida. São
Paulo, 2003.
WIESEL, Elie. Night. Nova York: Bantam Books, 1982.
109
110

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Alcimar Dantas Dias – “... Liderando-se a si mesmo.

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina.”

Para ser uma pessoa bem sucedida,

Autor: Rev. Alcimar Dantas Dias

João Pessoa, Fevereiro de 2011

PRINCÍPIO 1 - Observe a data de validade, 16.

PRINCÍPIO 2 - Conheça melhor o seu Deus, 19.

PRINCÍPIO 3 - Renda-se ao seu deus, 34.

PRINCÍPIO 4 - Mantenha a consciência limpa, 46.

PRINCÍPIO 5 - Conheça melhor a si mesmo, 54.

PRINCÍPIO 6 - Tenha uma atitude positiva, 65.

PRINCÍPIO 7 - Tome iniciativas, 79.

PRINCÍPIO 8 - Cuide do seu pensamento, 89.

PRINCÍPIO 9 - Viva com esperança, 96.

CONSIDERAÇÕES FINAIS, 105.

humanista, antropocêntrica, que atribui ao homem

pecado maculou a imagem de Deus com que fomos

Na verdade, ele nos convida a pensar sobre a vida,

Rev. José Alves da Silva, VDm.

Como posso liderar a mim mesmo e o que

principal, com a conseqüente queda na qualidade e

Quem não já leu algum livro de auto-ajuda,

certeza de que seu futuro está de fato garantido e a

na carne. Andar em novidade de vida é encontrar

poltrona e um refrigerador, Ele recusa se conformar com

a si mesmo, pensando nas possibilidades de você

está neles mesmos e não no próximo. No entanto,

PRINCÍPIO 01 - OBSERVE A DATA DE

angústia existencial sem causa e que persistem na

Deus. A sua religiosidade não lhe satisfazia mais e

Para que isto aconteça em sua vida você vai

PRINCÍPIO 2 - CONHEÇA MELHOR O SEU

É claro que a mente finita do homem não suporta

A Visão errada sobre Deus

A visão que muitos têm de Deus é de um

pôs-se a gritar incessantemente: - Eu procuro Deus! Eu

A Visão correta sobre Deus

Existe um propósito anterior a tudo isso e é o

“Eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não

bondade e verdade. Deus é uma pessoa todo-poderosa e

Se você ler o capítulo 9 do Evangelho escrito

Para ouvir Deus é fundamental calar a nossa

coração para considerar tudo o que Deus deseja lhe

Conta-se que certa vez, Um rei mandou seu

que havia dito ao mestre. Porém, certa manhã,

...A terra está cheia da glória de Deus e

Seria Fé uma emoção? Um estado de êxtase?

na porta. Com a minha fé eu vejo Deus”. Mas há

Berkhof considera as conotações do vocábulo

Escrituras Sagradas, com base na autoridade de

ressaltar o fato de que a salvação é exclusivamente obra

O cego foi inquietado para obedecer às

vida. Ele voltou curado. “E assim, a fé vem pela

A obediência fez a diferença entre a vida de

quando era jovem. Sempre respeitou as

Outro dia, vi no youtube.com, uma entrevista

Esta frase serve para ilustrar uma grande

PRINCÍPIO 3 – RENDA-SE AO SEU DEUS.

A maioria dos livros de auto-ajuda aconselha

aguilhões”.19 Paulo lutava contra Jesus e não

dívida financeira impagável que lhe atormenta de

princípios. A fé bíblica sustenta sua convicção em

Uma história bíblica que ilustra o assunto da