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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA ____ª VARA

DO TRABALHO DA COMARCA DE SANTA RITA/PB

TÁCIO DA SILVA, brasileiro, solteiro, autônomo, portador do RG nº ______,


inscrito no CPF/MF sob o nº ______, CTPS nº_______, filho de Tícia da Silva e Mévio
da Silva, email_________, residente e domiciliado na Rua______, nº______,
bairro______, cidade_______, Estado da Paraíba, CEP________, vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado abaixo assinado (procuração
em anexo), com endereço profissional na Rua______, nº______, bairro______,
cidade_______, Estado da Paraíba, CEP________, onde recebe intimações, propor, com
fulcro no art. 840, caput e §1º, e 852-A, da Consolidação das Leis do Trabalho, combinado
com o art. 319 do Código de Processo civil de 2015, a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

a ser processada pelo rito órdinário, em face do FRIGORÍFICO BOI FRIO


LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº _________, com
email___________ e sede na Rua______, nº______, bairro______, cidade_______,
Estado da Paraíba, CEP________, pelos motivos expostos abaixo.

1. DA JUSTIÇA GRATUITA

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso LXXIV, prescreve que
“o estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos”, garantindo, dessa maneira, os meios necessários para o livre
acesso à justiça.
Infra constitucionalmente a matéria é regulada pela consolidação da legislação
trabalhista (CLT). Confira-se:

Art. 790, CLT. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no
Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos
obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.
(RedaçãG dada pela Lei no 10.537, de 27 .8.2002)
( ... )
§ 3° É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho
de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça
gratuita, inclusive quanto a trasladas e instrumentos, àqueles que perceberem salário
igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do
Regime Geral de Previdência Social.
§ 4° O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência
de recursos para o pagamento das custas do processo.

Para tanto, a reclamante, por ser pessoa física, basta a mera declaração de ausência
de recursos para que seja deferida a gratuidade. Por seu turno, o art. 99, § 3 °, do CPC,
prevê a presunção de veracidade da alegação de que não há recursos financeiros para arcar
com as despesas processuais quando se tratar de pessoa natural.

Isto posto, o reclamante não detém condições de demandar judicialmente sem que
tenha nenhum abalo em seu sustento e no de sua família. Assim, por ser considerada pobre
na forma da lei, faz jus a concessão da justiça gratuita nos termos do art. 98 do CPC/2015.

2. DOS FATOS

O trabalhador Tício da Silva foi contratado em 6.11.2013, dia seguinte ao dia do


seu aniversário de 14 anos de idade, como menor aprendiz, para trabalhar no abate de
animais no FRIGORÍFICO BOI FRIO LTDA, percebendo ao longo da relação
contratual 1 salário mínimo como remuneração mensal, tendo sido contratado em Jacaraú
– PB e prestado serviços em Riachão do Poço – PB, que tem 10 empregados. Foi
dispensado sem justa causa em 06.08.2018, sem receber as verbas rescisórias. Vale
ressaltar que trabalhava de segunda a sexta-feira de 8:00 às 12:30 horas e de 13:00 às
17:00 horas e nos sábados de 8:00 às 12:00 horas. Somente teve sua CTPS anotada em
06.05.2014. Durante a relação de trabalho não recebeu pagamento referente a horas in
itinere, não gozou férias e não recebeu gratificação natalina. Convém lembrar, ainda, que
o frigorifico está localizado em local de difícil acesso, tendo o empregador fornecido ao
empregado o transporte até a data de sua demissão, no percurso de ida e volta era realizado
em 60 minutos num trajeto de difícil acesso.

3. DO DIREITO

3.1 - DA IRREGULARIDADE DO CONTRATO DE MENOR APRENDIZ

A Lei nº 10.097/00 que introduziu a qualidade de Jovem Aprendiz na CLT, previu


claramente que:

"Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade,


salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos.

Parágrafo único. O trabalho do menor não poderá ser realizado em locais


prejudiciais à sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral
e social e em horários e locais que não permitam a freqüência à escola."

Já a Lei nº 11.180/05 incluiu os princípios básicos que devem ser observado no


contrato de aprendiz:

"Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado


por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a
assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito
em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica,
compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o
aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa
formação."

No entanto, contrariamente ao que dispõe o Art. 428 e ss da CLT, a empresa


descumpre as condições necessárias à manutenção do contrato de aprendiz, tais como:

A) DESVIRTUAMENTO DO CONTARTO DE APRENDIZ

Todas as atividades envolvidas no programa deveriam ser destinadas à


aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o
desenvolvimento físico, moral e psicológico do aprendiz.No entanto, nenhuma das
atividades desenvolvidas pelo menor eram relacionadas à atividade teórica, voltada ao
seu aprendizado, o que se evidencia pela total ausência de acompanhamento de um
profissional qualificado para orientar e transmitir o conhecimento esperado pelo aprendiz.

O Decreto nº5598/05 que regulamenta a contratação de aprendizes dispõe


expressamente:

Art. 6º. Entendem-se por formação técnico profissional metódica para


os efeitos do contrato de aprendizagem as atividades teóricas e
práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade
progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho".

Art. 7º. A formação técnico-profissional do aprendiz obedecerá aos


seguintes princípios:

I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino fundamental;


II - horário especial para o exercício das atividades; e
III - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.

Portanto, para que um contrato de aprendiz seja válido, é indispensável que a


formação técnico-profissional leve em conta, além das atividades teóricas e práticas
previstas no art. 428, § 4º da CLT, a contribuição intelectual e a instrução pedagógica e
didática oferecidas ao aprendiz. No entanto, não havia nenhuma correlação da atividade
desenvolvida na empresa com o curso exercido pelo menor, o que evidencia o
desvirtuamento do contrato, conforme precedentes sobre o tema:

RECURSO ORDINÁRIO. CONTRATO DE MENOR APRENDIZ.


DESVIRTUAMENTO. NULIDADE. Uma vez comprovado que a
autora exercia as mesmas atribuições que os auxiliares
administrativos, sem qualquer supervisão, sem se submeter a
qualquer atividade teórica supervisionada ou compromisso da
empresa com o seu desenvolvimento e aprendizagem, é de manter
o reconhecimento da nulidade do contrato de menor aprendiz.
Aplicação do princípio da primazia da realidade sobre a forma. (TRT-
1 - RO: 00100381020145010202 RJ, Relator: CARINA RODRIGUES
BICALHO, Terceira Turma, Data de Publicação: 02/10/2017)

B) ATIVIDADE INSALUBRE
O simples exercício do menor aprendiz em atividade insalubre desqualifica o
contrato de menor aprendiz, pois trata-se de atividade expressamente vedada pela
Constituição Federal, nos termos do art.7.º,XXXIII:

"...proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de


dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos".

No entanto, o Reclamante exercia diariamente a atividade de abatedor de animais ,


claramente enquadrada como atividade insalubre, o que poderá ser confirmada em perícia
específica.

Dessa forma, além do desenquadramento do contrato, requer a devida reparação


por danos extrapatrimoniais, conforme precedentes sobre o tema:

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DANO MORAL. A


prova dos autos revela-se suficiente a demonstrar não haver a
reclamada observado os direitos mínimos do autor, notadamente por
se tratar de menor aprendiz, sobre o qual há tutela especial. O horário
exigido do autor e o labor em condições insalubres não condiz com
o cuidado necessário que o empregador deve ter ao contratar
"menor aprendiz", em violação ao art. 7º, XXXIII, da CF
(proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores
de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos,
salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos).
Configurado o dano à esfera extra patrimonial do demandante,
passível de reparação. Apelo negado. (TRT-4, RO
00210626620155040024, Relator(a): Ana Rosa Pereira Zago Sagrilo,
10ª Turma, Publicado em: 04/08/2017)

Trata-se, portanto, de nulidade do contrato firmado, nos termos do Art. 9º da CLT:

Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de


desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na
presente Consolidação.

E diante da nulidade do contrato de aprendiz, deve ser concedido ao Reclamante


os direitos previstos para a condição de empregado, pelo desvirtuamento do
contrato, conforme destaca a doutrina:
"A ausência de qualquer um desses requisitos espaciais para a celebração de
um contrato de aprendizagem implica a sua nulidade absoluta, atraindo a ira
do art. 9º da CLT; consequentemente, o aprendiz terá todos os direitos
trabalhistas do empregado comum." (BEZERRA LEITE, Carlos Henrique.
Curso de Direito do Trabalho. 9ª ed. Saraiva, 2018. Versão kindle, Cap. XIX,
2.2)

Este entendimento já predomina na jurisprudência:

"O contrato de aprendiz, tal qual o contrato de trabalho, é informado por


princípios de ordem pública, ressaltando-se que o menor é sujeito à proteção
prioritária e integral. (...) Contudo, a fraude ao contrato não retira os direitos
previstos para a autora, pois a nulidade produz efeitos no contrato de trabalho,
já que as partes não podem ser restituídas ao estado em que se encontravam
anteriormente. Assim, negar à autora os direitos previstos para a condição de
empregada, pelo desvirtuamento do contrato, seria beneficiar a ré que
praticou a fraude aos direitos trabalhistas em relação ao menor aprendiz. A
ré deverá indenizar a autora por todas as parcelas que seriam devidas no
contrato de emprego. (...) Ainda que haja formalização do contrato, a realidade
dos autos revela a existência de desvirtuamento do contrato de menor aprendiz,
em verdadeira fraude à legislação trabalhista. (...) Ante o exposto, e em respeito
ao princípio da primazia da realidade sobre a forma, nenhum reparo merece a
r. sentença que reconheceu a nulidade do contrato de aprendiz. (TRT-1 - RO:
00100381020145010202 RJ, Relator: CARINA RODRIGUES BICALHO,
Terceira Turma, Data de Publicação: 02/10/2017)

Nesse sentido, requer o reconhecimento da nulidade do contrato de aprendiz, com


a condenação do Reclamado ao pagamento de todas as verbas trabalhistas cabíveis ao
vínculo de emprego.

3.2 - DOS DANOS MORAIS

Conforme narrado, o Reclamado se valeu de benefícios de um contrato especial


para burlar a legislação trabalhista, pagando piso salarial e reflexos inferiores ao
trabalhador comum.

Ao desvirtuar o contrato de aprendiz, o reclamado causou, danos de ordem moral


ao menor, por utilizar-se do seu anseio por aprendizagem como método escuso de obter
privilégios não amparados pela legislação trabalhista. No presente caso, o dano fica
evidente por ser o primeiro contato com o mercado de trabalho do reclamante e ter um
reflexo tão negativo na sua formação, em especial por influenciar no seu tempo de estudo.

Trata-se de situação nitidamente danosa ao menor e a todo ordenamento jurídico,


caracterizando ato ilícito passível de indenização, como entende a jurisprudência:

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DANO MORAL. A


prova dos autos revela-se suficiente a demonstrar não haver a
reclamada observado os direitos mínimos do autor, notadamente por
se tratar de menor aprendiz, sobre o qual há tutela especial. O
horário exigido do autor e o labor em condições insalubres não condiz
com o cuidado necessário que o empregador deve ter ao contratar
"menor aprendiz", em violação ao art. 7º, XXXIII, da CF (proibição de
trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de
qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos). Configurado o dano à esfera
extra patrimonial do demandante, passível de reparação. Apelo
negado. (TRT-4, RO 00210626620155040024, Relator(a):Ana Rosa
Pereira Zago Sagrilo, 10ª Turma, Publicado em: 04/08/2017)

RECURSO ORDINÁRIO. CONTRATO DE MENOR APRENDIZ.


DESVIRTUAMENTO. NULIDADE. Uma vez comprovado que a
autora exercia as mesmas atribuições que os auxiliares administrativos,
sem qualquer supervisão, sem se submeter a qualquer atividade teórica
supervisionada ou compromisso da empresa com o seu
desenvolvimento e aprendizagem, é de manter o reconhecimento da
nulidade do contrato de menor aprendiz. Aplicação do princípio da
primazia da realidade sobre a forma. (TRT-1 - RO:
00100381020145010202 RJ, Relator: CARINA RODRIGUES
BICALHO, Terceira Turma, Data de Publicação: 02/10/2017)

Da referida ementa, urge transcrever trecho elucidativo sobre o tema:

"Não há que se falar em prova do dano moral, mas sim na prova do


fato que gerou a dor, sofrimento, sentimentos que o ensejam. A
concepção atual da doutrina orienta-se no sentido de que a
responsabilização do agente causador do dano moral opera-se por
força do simples fato da violação (danum in re ipsa). Provado, assim,
o fato, impõe-se a condenação.
In casu, o ato ilícito restou comprovado, tendo em vista que a ré
desvirtuou o contrato de aprendizagem e sonegou os direitos
trabalhistas da autora, exigindo desta, que na época da contratação,
era menor de idade, condições de trabalho idênticas a de empregados,
mas pagando remuneração compatível com a de um aprendiz, e
prejudicando seu estudo, já que restou comprovado os atrasos para
chegar à escola.

Dessa forma, sabendo-se que o poder diretivo do empregador deve ser


exercido de forma regular, a sua inobservância, ou seja, a
extrapolação do empregador de tais limites, configura-se o abuso do
direito, que é considerado ato ilícito, nos termos do artigo 187 do
Código Civil.

Os atos praticados afrontaram o sentimento de justiça e lealdade que


deveriam ser dados como exemplo pela ré e não o foram, já que o
primeiro contato da autora com o mercado de trabalho se deu por
meio de um contato fraudulento." (TRT-1 - RO:
00100381020145010202 RJ, Relator: CARINA RODRIGUES
BICALHO, Terceira Turma, Data de Publicação: 02/10/2017)

A narrativa demonstra claramente o grave abalo moral sofrido pelo Autor em


manifesto constrangimento ilegítimo. A doutrina ao lecionar sobre a matéria destaca:

“O interesse jurídico que a lei protege na espécie refere-se ao bem


imaterial da honra, entendida esta quer como o sentimento da nossa
dignidade própria (honra interna, honra subjetiva), quer como o apreço
e respeito de que somos objeto ou nos tornamos mercadores perante os
nossos concidadãos (honra externa, honra objetiva, reputação, boa
fama). Assim como o homem tem direito à integridade de seu corpo e
de seu patrimônio econômico, tem-no igualmente à indenidade do seu
amor-próprio (consciência do próprio valor moral e social, ou da
própria dignidade ou decoro) e do seu patrimônio moral.” (CAHALI,
Yussef Said. Dano Moral. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1998, p. 288).

Por tais razões que deve ser reconhecido o dano moral causado ao reclamante com
a reflexa condenação indenizatória.
3.3 - DAS HORAS EXTRAS E DO INTERVALO INTRAJORNADA

Verifica-se que o reclamante além de sofrer com o desvirtuamento de um contrato


que deveria ser de menor aprendiz conforme previsão legal para maiores de 14 e menores
de 16 anos, o que lhe proporcionaria uma carga horária máxima de 6 horas diárias
(podendo chegar a 8 horas diárias desde que cumpridos alguns requisitos), também teve
usurpado seu direito a um intervalo intrajornada de pelo menos 1(uma) hora( antes da lei
№ 13.467 de 2017 ), pois lhe eram concedidos apenas 30 (trinta) minutos, o que lhe gera
o direito a percepção de horas extras com adicional de 50% pela não concessão do
intervalo.

Destarte, a teor do que dispunha a CLT até entrada em vigor da lei № 13.467 de
2017, deverá a Reclamada remunerar a hora que deixou de conceder a Reclamante :

Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de


6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para
repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora
e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não
poderá exceder de 2 (duas) horas.

§ 4. Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto


neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará
obrigado a remunerar o período correspondente com um
acréscimo de no mínimo cinqüenta por cento sobre o valor da
remuneração da hora normal de trabalho.

O Reclamante, além de realizar fielmente suas atividades como acordado, era


obrigado a prolongar sua jornada em até depois do limite diário de 8 horas, conforme
provas que junta em anexo, tendo direito ao pagamento das horas extras que excediam
semanalmente em 2(duas) horas e 30(trinta) a jornada de 44(quarenta quatro) horas
semanais prevista legalmente.
Desta feita, estava à disposição do Empregador além do horário limite previsto
em lei, tempo que deve ser computado como hora extra e repercutir em todos os seus
reflexos, conforme precedentes sobre o tema:

HORAS EXTRAS E INTERVALO INTRAJORANDA. (...) Verifico,


inicialmente, que, apesar de ter sido declarada a nulidade do contrato
de aprendiz, não foi reconhecido o vínculo empregatício entre as
partes. Portanto, a jornada normal de trabalho é a fixada no contrato,
ou seja, vinte horas semanais. (...) Ante o exposto, evidencia-se que os
controles de ponto juntados aos autos não são documentos hábeis a
demonstrar a real jornada trabalhada, motivo pelo qual, por
fundamento diverso, mantenho a decisão do juízo a quo que condenou
a ré ao pagamento de horas extras e intervalo intrajornada ante a
inidoneidade dos cartões de ponto apócrifos. (TRT-1 - RO:
00100381020145010202 RJ, Relator: CARINA RODRIGUES
BICALHO, Terceira Turma, Data de Publicação: 02/10/2017)

Cumpre registrar que o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho, 3ª região,


apreciou matéria idêntica, entendendo por garantir, de forma inequívoca o direito dos
trabalhadores, senão vejamos:

EMENTA: INTERVALO PARA REFEIÇÃO E DESCANSO.


FRUIÇÃO EM PERÍODOS RÁPIDOS E INTERMITENTES.
PAGAMENTO COMO EXTRA. Restando patente através da
prova oral, que mesmo quando o autor fruía de tempo para uma
"rápida refeição", tinha ele que parar para atender clientes,
conclusão a que se chega também do depoimento pessoal do
preposto do reclamado, reputo como não alcançado o objetivo da
norma inserta no art. 71 Consolidado, vez que se não tinha o autor
tempo disponível sequer para fazer uma rápida refeição, óbvio
que não tinha tempo para descansar das atividades do primeiro
período laborado. Portanto, confessado em defesa o direito a
fruição de 02 (duas) horas diárias, e já tendo sido deferido o
pagamento de 01 (uma) diária ao título em reexame, impõe-se
acrescer à condenação o pagamento de mais 01 (uma) hora diária
a título de intervalo para repouso e alimentação não fruído, na
conformidade do vindicado. (TRT 3ª R. - 5T - RO/21420/00 - Rel.
Juíza Márcia Antônia Duarte de Las Casas - DJMG 31/03/2001
P.35). (grifos e destaques nossos)

Registre-se ainda que esta questão, encontra-se sedimentada pela sumula 05 do


Egrégio Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais:

SUMULA 05: FONTE: DJMG 25.11.2000, 29.11.2000,


30.11.2000 e 01.12.2000CATÁLOGO: INTERVALO PARA
ALIMENTAÇÃO E DESCANSO TEXTO: "INTERVALO
PARA ALIMENTAÇÃO E DESCANSO NÃO GOZADO.O
intervalo para alimentação e descanso não concedido, ainda que
não tenha havido elastecimento da jornada, deve ser remunerado
como trabalho extraordinário, com o adicional de 50%
(cinqüenta por cento). Inteligência do art. 71, § 4º da
Consolidação das Leis do Trabalho."

Inclusive, deve-se ressaltar que também no âmbito do Egrégio Tribunal Superior


do Trabalho, esta matéria, atualmente, já se encontra pacificada, sedimentada no teor da
Súmula 437:

Súmula 437 - Jornada de trabalho. Horas extras. Intervalo


intrajornada (para repouso e alimentação). Lei 8.923/1994. CLT,
art. 71, «caput» e § 4º. CF/88, art. 7º, XXII.«I - Após a edição da
Lei 8.923/1994, a não concessão ou a concessão parcial do
intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a
empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do
período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com
acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da
hora normal de trabalho (CLT, art.71), sem prejuízo do cômputo
da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. Res. 185,
de 14/09/2012 - DJ 25, 26 e 27/09/2012 (Acrescenta a súmula.
Seção do Pleno de 14/09/2012). II - E inválida cláusula de acordo
ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou
redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de
higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de
ordem pública (CLT, art. 71 e CF/88, 7º, XXII), infenso à
negociação coletiva. III - Possui natureza salarial a parcela
prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei
8.923, de 27/07/1994, quando não concedido ou reduzido pelo
empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e
alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas
salariais. IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas
de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de
uma hora, obrigando o empregador a remunerar o período para
descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do
respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, «caput» e § 4º
da CLT.»

Assim, de acordo com as argumentações supra, e o que será provado na instrução


processual, resta incontroverso, data vênia, o direito da reclamante a remuneração de uma
hora extra por dia trabalhado, com acréscimo de 50%, relativo ao intervalo para repouso
ou alimentação, não gozado, conforme preconiza o artigo 71, § 4º da CLT e a pacífica
jurisprudência dos Tribunais.

Por habituais, requer ainda a condenação do reclamante ao pagamento dos


seguintes reflexos:

a) Férias (Art. 142, §5º da CLT);


b) Aviso prévio (Art. 487 da CLT, §5º);
c) FGTS sobre verbas rescisórias (Súmula 63
do TST);
d) Multa de 40% do FGTS (Súmula 63 do
TST);
e) Gratificações e 13º (Súmula 45 do TST)
f) Repousos semanais (Art. 7º, "a" da Lei
605/49 e Súmula 172 TST);
g) Multa do Art. 477, § 8º, da CLT;

3.4 – DAS HORAS IN ITINERE

Por se tratar de local de difícil acesso e por motivos de logística da empresa o


empregado ficava sujeito a esperar o transporte fornecido pela empresa, e gastava um
total de 60(sessenta) minutos nos trajetos de ida e volta para o local de trabalho.
Portando, considerando a legislação em vigor desde o início do contrato de
trabalho em 06.11.2013 até a entrada em vigor da lei № 13.467 de 2017, em 11 de
novembro de 2017, que extinguiu as horas in-intinere, o reclamante tem direito ao
pagamento das horas in itinere num total de 60(sessenta) minutos por dia de trabalho
dentro do período supramencionado, pois o tempo gasto pelo empregado em transporte
fornecido pelo empregador, de ida e retorno, até o local da prestação dos serviços, deve
ser computado na jornada de trabalho.

Logo, se o tempo de percurso mais as horas efetivamente trabalhadas excederem


a jornada normal de trabalho, o excesso deverá ser remunerado como serviço
extraordinário, relativo às horas "in itinere".

O TST já decidiu recentemente que este período de espera na jornada de trabalho


configura horas in itinere, condenando a empresa a pagar horas extras.

TST - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA AIRR 2822420145090567 (TST)
Data de publicação: 19/02/2016
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE
REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014
- DESCABIMENTO. 1. IRREGULARIDADE DE
REPRESENTAÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. A ausência de
instrumento de mandato regular, oferecido em prazo hábil e que
legitime a representação da parte, compromete pressuposto de
admissibilidade recursal. Na inteligência das Súmulas 164 e 383
do TST, tem-se por inexistente o recurso ordinário. 2. HORAS
EXTRAS. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR.
PERÍODO DE ESPERA DO TRANSPORTE FORNECIDO PELA
EMPRESA. "Considera-se como de serviço efetivo o período em
que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando
ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente
consignada" (art. 4º da CLT). Assim, o tempo despendido pelo
trabalhador, aguardando a chegada do transporte da empresa,
configura período de efetivo serviço, nos moldes da lei. 3. HORAS
"IN ITINERE". NEGOCIAÇÃO COLETIVA. 1. Nos termos do
item I da Súmula 90 do TST, o tempo despendido pelo empregado,
em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho
de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular, e
para o seu retorno é computável na jornada de trabalho. 2.
"Considerando que as horas ' in itinere' são computáveis na
jornada de trabalho, o tempo que extrapola a jornada legal é
considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o
adicional respectivo" (Súmula 90, V, desta Corte). Óbice do art.
896, § 7º, da CLT e da Súmula 333/TST. Agravo de instrumento
conhecido e desprovido.
(Grifo nosso)

Ainda, nesse sentido o item I da súmula 90 do TST:


I - O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida
pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não
servido por transporte público regular, e para o seu retorno é
computável na jornada de trabalho. (ex-Súmula nº 90 - RA
80/1978, DJ 10.11.1978)
Portanto, nesse sentido requer o reclamante a condenação das reclamadas no
pagamento de horas extras “IN ITINERE” de 60% sobre a hora comum de todo o período
contratual com as reclamadas.

3.5 - DA APRESENTAÇÃO DOS CONTROLES DE JORNADA.

Assim como dispõe o artigo 74 parágrafo 2º da CLT, a Reclamada é imposto a


obrigação de manter o controle de jornada, pois como se observa o estabelecimento
possui mais de 10 (dez) empregados.
Insta observar que a incidência da Súmula 338 do Tribunal Superior do Trabalho,
apresentá-la em sua defesa, assim como preceitua a própria Súmula:

I - E ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez)


empregados o registro da jornada de trabalho na forma do
art.74,§ 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos
controles de freqüência gera presunção relativa de veracidade da
jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em
contrário. (ex-Súmula nº338 - alterada pela Res.121/2003, DJ
21.11.2003).

No mais, Ínclito Julgador, se faz necessário desta maneira a apresentação do


controle de jornada de trabalho, desde o início do contrato de trabalho.

3.6 – DO REPOUSO EM SERVIÇOS FRIGORÍFICOS

Além do que já foi exposto no tocante ao exercício da atividade em ambientes


frios e a concessão da insalubridade, nas situações em que o trabalho é realizado nos
interiores das câmaras frigorificas, há de se ressaltar o direito ao repouso de 20(vinte)
minutos, sendo, inclusive, computado como de efetivo trabalho.
Esse direito é assegurado pela própria Consolidação das Leis do Trabalho, mais
especificamente no art. 253, nestes termos:
Art. 253 - Para os empregados que trabalham no interior das
câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do
ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1
(uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será
assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso,
computado esse intervalo como de trabalho efetivo.
Parágrafo único - Considera-se artificialmente frio, para os fins
do presente artigo, o que for inferior, nas primeira, segunda e
terceira zonas climáticas do mapa oficial do Ministério do
Trabalho, Industria e Comercio, a 15º (quinze graus), na quarta
zona a 12º (doze graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas a 10º
(dez graus).

Desse modo, requer o pagamento dos valores pecuniários correspondentes ao


repouso inerente ao exercício nas câmaras frias não concedidos, refletindo nas seguintes
verbas: horas extras, aviso prévio indenizado, 13º salários, férias e FGTS.

3.7 – DA ANOTAÇÃO DA CTPS

Pede-se, por outro norte, seja reconhecido o vínculo empregatício adicional do


período de 06 de novembro de 2013 (admissão) a 06 de maio de 2014 (primeira anotação
da CTPS), com as datas respectivas anotadas na CTPS, conforme demonstram as provas
constantes nos autos ser aquela a real data de admissão do reclamante, tudo isso com base
no Princípio da Primazia da Realidade atinente ao processo trabalhista.

Por se tratar de uma relação jurídica de trabalhador com registro em carteira e


que a Reclamada usando de todos os meio ardilosos e subterfúgios para se eximir da sua
obrigação com o trabalhador, invoca-se o Princípio da Primazia da Realidade a fim de
comprovar pelos meios verídicos a verdadeira realidade dos fatos.
Temos no direito do trabalho um princípio doutrinário denominado princípio da
primazia da realidade, ou princípio da realidade dos fatos, que visa à priorização da
verdade real em face da verdade formal.

Ensina Mario de La Cueva, lembrado por Plá Rodriguez, que este princípio:

“significa que, em caso de discordância entre o que ocorre na


prática e o que emerge de documentos ou acordos, deve-se dar
preferência ao primeiro, isto é, ao que sucede no terreno dos
fatos” (Plá Rodriguez, Américo - Princípios de Direito do
Trabalho, tradução portuguesa por Wagner Giglio, 1ª ed., 2ª
tiragem, São Paulo, Editora LTr, 1993.).

Sendo assim, o contrato de emprego é um contrato realidade, pois sempre haverá


preferência, em caso de discordância entre os sujeitos da relação de emprego, a situação
real, aquilo que efetivamente ocorre na realidade dos fatos, e não aquilo que está pactuado
no contrato.

3.8 - DAS FÉRIAS

A Reclamada não observou a legislação trabalhista no que diz respeito às férias,


uma vez que o Reclamante, desde que trabalha com a Reclamada nunca usufruíu de seu
direito a férias.
Nessa situação a legislação prevê o pagamento das férias em dobro, nos termos
do artigo137 da CLT. Matéria também consagrada na Súmula 81 do TST e na OJ 386
da SDI-1 do TST. Súmula nº 81 do TST - FÉRIAS (mantida) - Res.121/2003, DJ 19, 20
e 21.11.2003 “Os dias de férias gozados após o período legal de concessão deverão ser
remunerados em dobro.” E, OJ 386. “FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA.
PAGAMENTO FORA DO PRAZO. DOBRA DEVIDA. ARTS. 137 E 145 DA CLT.
(cancelada em decorrência da sua conversão na Súmula nº 450) – Res. 194/2014,DEJT
divulgado em 21, 22 e 23.05.2014”
Desta feita, é nítido o desrespeito ao trabalhador, afronta a dignidade da pessoa
humana, pois infringiu totalmente os direitos do Reclamante, foi tida como mero escravo,
máquina da Reclamada, visto que não recebeu suas férias, que compõe o contrato de
trabalho.

Verifica-se ainda, que a Reclamada também não observou o prazo estabelecido


pelo artigo 134 da CLT:
“Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do
empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses
subseqüentes à data em que o empregado tiver adquirido o
direito. (Redaçãodada pelo Decreto-lei nº 1.535, de
13.4.1977)”

Não é outro o entendimento dos Tribunais Regionais do Trabalho sobre o assunto


do Reclamante:
TRT-4 - Agravo De Petição AP00003932320145040801
RS 0000393-23.2014.5.04.0801 (TRT-4) - Data de
publicação:02/09/2014 - Ementa: AGRAVO DE
PETIÇÃO. PAGAMENTO DAS FÉRIAS EM DOBRO.
NÃO OBSERVÂNCIA DO ARTIGO 145 DA CLT.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Tratando-se de
parcela de cunho indenizatório, não incidem contribuições
previdenciárias sobre a dobra das férias, acrescidas de 1/3,
decorrentes da não observância do disposto no artigo 145
da CLT.Agravo de petição interposto pelo executado
Município de Uruguaiana a que se dá provimento.

FÉRIAS. PAGAMENTO. PRAZO. INOBSERVÂNCIA.


EFEITOS. PAGAMENTO EM DOBRO . SÚMULA
450/TST.
1. Hipótese em que a e. Turma não conheceu do recurso de
revista do reclamado, por óbice da Súmula 333/TST e do
art. 896, § 4º, da CLT, ao fundamento de que o acórdão
regional fora proferido em conformidade com a OJ 386
desta Subseção.
2. Nesse contexto, registrado no acórdão embargado que as
férias não foram quitadas no prazo estabelecido no art. 145
da CLT, inviável o recurso de embargos, nos moldes da
parte final do art. 894, II, da CLT, ante a consonância da
decisão com Súmula 450 desta Corte, firmada no sentido de
que "É devido o pagamento em dobro da remuneração das
férias, incluído o terço constitucional, com base no art. 137
da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o
empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145
do mesmo diploma legal" .
Recurso de embargos não conhecido.
Portanto, é devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o
terço constitucional com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época
própria, o empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma
legal.

3.9 - DAS VERBAS RESCISÓRIAS DEVIDAS AO RECLAMANTE EM RAZÃO


DA DISPENSA SEM JUSTA CAUSA

Diante da inexistência de justa causa para a rescisão do contrato de trabalho surge


para o Reclamante o direito à indenização pela rescisão antecipada do Contrato, uma vez
que não observada a disposição do Artr. 433 da CLT, in verbis:

Art. 433. O contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu termo ou quando o


aprendiz completar 24 (vinte e quatro) anos, ressalvada a hipótese prevista no
§ 5odo art. 428 desta Consolidação, ou ainda antecipadamente nas seguintes
hipóteses:
I - desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, salvo para o aprendiz
com deficiência quando desprovido de recursos de acessibilidade, de
tecnologias assistivas e de apoio necessário ao desempenho de suas atividades;
II – falta disciplinar grave;
III – ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo; ou
IV – a pedido do aprendiz.

Em outras palavras, ausente quaisquer dos motivos legalmente previstos para a o


encerramento do contrato, a rescisão antecipada é ilegal, motivando a indenização
prevista no Art. 479 da CLT, conforme precedentes sobre o tema:

CONTRATO DE APRENDIZAGEM. NULIDADE DA DESPEDIDA.


MOTIVAÇÃO. É nula a rescisão antecipada do contrato de aprendizagem,
nos termos do art. 433 da CLT, quando a motivação da despedida operada
pela empresa não encontra correspondente falta praticada pela empregada
no desempenho das atividades laborais. Incúria do empregador no
desligamento da menor aprendiz que enseja a invalidação da rescisão,
com decorrente pagamento da indenização prevista no art. 479 da CLT
pela despedida sem justa causa antecipada. Recurso provido no aspecto.
(TRT-4, RO 00205413920175040352, Relator(a): Marcelo Jose Ferlin
D'ambroso, 2ª Turma, Publicado em: 23/03/2018 )

Com efeito, diante da rescisão não motivada e antecipada do contrato por tempo
determinado, tem o Reclamante o direito a receber todas as seguintes verbas rescisórias,
nos termos dos arts. 479 e 480 da CLT, tais como

a) Saldo de salário;
b) Metade da remuneração a que teria direito até a data
do término do contrato;
c) Férias proporcionais;
d) 13º salário proporcional; e
e) Liberação das guias do FGTS

Isto posto, requer seja a Reclamada condenada ao pagamento de todas as verbas


rescisórias decorrentes da relação de trabalho.

3.10 – ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA


Em que pese o teor da Súmula 211 do TST, a Reclamante pede que
valores apurados nessa demanda sejam corrigidos monetariamente a partir
de seu vencimento (Súmula 381, do TST) e, empós disto, aplicados, sobre
o capital atualizado (Súmula 220, do TST), os juros moratórios (Lei nº.
8177/91, art. 39) à razão de 1% (um por cento) ao mês, estes contados a
partir do ajuizamento desta ação. (CLT, art. 883)

3.11 - DA MULTA DO ART. 477 DA CLT

Considerando que o Reclamante não recebeu no prazo legal as verbas a que fazia
jus quando da dispensa, resta configurada a multa do art. 477, § 8º, da CLT.No mesmo
sentido, os seguintes precedentes da Alta Corte Trabalhista:

MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. Não provado o depósito tempestivo das


verbas rescisórias discriminadas no TRCT, mantém-se a condenação ao
pagamento da multa de que trata o artigo 477, § 8º, da CLT. (TRT-1 - RO:
00001194820145010282, Relator: Angela Fiorencio Soares da Cunha, Data de
Julgamento: 06/06/2017, Quarta Turma, Data de Publicação: 20/06/2017)

MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. A multa do § 8º do art. 477 da CLT é


aplicável quando não adimplidas as verbas decorrentes da ruptura contratual
reconhecidas como devidas pelo empregador no prazo legal previsto no § 6º do
mesmo dispositivo legal. (TRT-4 - RO: 00208341920145040027, Data de
Julgamento: 23/11/2016, 3ª Turma)

Assim, devido o pagamento da multa, eis que as verbas rescisórias não foram
pagas no prazo legal, impondo-se a penalidade em razão da mora.

4. DOS REQUERIMENTOS FINAIS


Ante o exposto, requer:

a) A citação dos Réus para responder a presente ação, querendo;


b) Que seja designada audiência de conciliação ou mediação na forma do
previsto no artigo 334 do NCPC;
c) A concessão dos benefícios da Gratuidade Judiciária, por tratar-se o
Reclamante de pessoa pobre nos termos da lei, não possuindo condições
financeiras de arcar com os custos da presente ação sem prejuízo de sua
subsistência e de sua família;
d) A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a
documental, testemunhal e pericial, com a inversão do ônus da prova nos
termos do Art. 818, §1º da CLT;

5. DOS PEDIDOS

Sendo assim, requer a total procedência da presente Reclamatória, para que:

a) Seja reconhecida nulidade do contrato de aprendiz, condenando a reclamada ao


pagamento de todas as verbas trabalhistas;
b) Determine o pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo, durante
toda a contratualidade, sendo incorporado nas horas extras, aviso prévio
indenizado, 13º salários, férias acrescidas de 1/3 e FGTS mais multa de 40%
totalizando o valor de R$ 20.520,00( vinte mil quinhentos e vinte reais);
c) Determine o pagamento do valor referente as férias não gozadas em dobro
totalizando o valor de R$ 11.280,00 ( onze mil duzentos e oitenta reais);
d) Determine o pagamento do valor referente aos 13º salários não percebidos pelo
reclamante durante toda a duração do contrato de trabalho, totalizando o valor de
R$ 5.922,00 (cinco mil novecentos e vinte e dois reais);
e) Determine o pagamento do valor referente às horas extras e horas in itinere não
percebidos pelo reclamante durante os períodos acima especificados, totalizando
o valor de R$ 15.540,00 (quinze mil quinhentos e quarenta reais);
f) A condenação da reclamada ao pagamento indenizatório de danos morais por todo
exposto, no valor de R$ 3.000,00(três mil reais);
g) A condenação da reclamada ao pagamento da verbas recisórias, no valor de R$
5.558,00(cinco mil quinhentos e cinquenta e oito reais);
h) Seja determinada retificação e baixa da CTPS do reclamante;
i) Seja condenada a reclamada ao pagamento da multa do artigo 477, §8º, da CLT,
pelo desatendimento do prazo para efetivação e pagamento da rescisão;
j) Seja condenado ao pagamento dos honorários do procurador do Reclamante na
razão de 15% sobre o valor bruto da condenação, nos termos do Art. 791-A;
k) Seja determinado o recolhimento da contribuição previdenciária de toda a
contratualidade;
l) Seja determinado o pagamento imediato das verbas incontroversas, sob pena de
aplicação da multa do artigo 467 da CLT;
m) A multa devida;
n) Requer a aplicação de juros e correção monetária até o efetivo pagamento das
verbas requeridas.

Junta em anexo os cálculos discriminados das verbas requeridas nos termos do Art. 840,
§1º da CLT.

Por fim, pugna para que todas as intimações sejam realizadas exclusivamente em
nome da advogada RAFAEL RODRIGUES DE AZEVEDO LOPES, inscrita na
OAB\PB Nº20160152340.

Dá à presente, para fins de distribuição, o valor de R$ 70.000,00 (setenta mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.

João Pessoa/PB, 12 de fevereiro de 2019.

_______________________________________________ _________________________________________________
RAFAEL RODRIGUES DE AZEVEDO LOPES SILVANO DE ARAÚJO GUERRA JÚNIOR
Matrícula: 20160152340 Matrícula: 201700019835

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