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COMUNICAÇÃO:
DIGITALIZAÇÃO E SOCIEDADE
Juliano Maurício de Carvalho
Antonio Francisco Magnoni
Mateus Yuri Passos
(organizadores)
ISBN 9788579834653
Inclui bibliografia
Prefácio
César Bolaño
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Possibilidades da interatividade da TV
digital no campo da educação
Valério Cruz Brittos
Nadia Helena Schneider
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O local é o diferencial
O papel do rádio na era da conexão planetária
Leandro Ramires Comassetto
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A digitalização, a convergência
e as novas interfaces do Rádio
Antonio Francisco Magnoni
Juliana Gobbi Betti
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populacional, as cidades industriais em pouco tempo foram transformadas em
metrópoles caóticas.
Dos teares aos primeiros motores a vapor, a indústria moderna iniciou o século
XIX com a incorporação de maquinário e força motriz ao trabalho coletivo das
fábricas, ação sistemática e evolutiva que revelaria, desde a segunda revolução
industrial, a surpreendente capacidade técnica da burguesia para liderar a produção
a uma diversidade inumerável de bens materiais e, mais tarde, simbólicos. A
educação, a cultura e o entretenimento adquiriram crescente importância nas
sociedades urbano-industriais e houve um rápido aumento do número de pessoas
alfabetizadas e de trabalhadores assalariados, fatores que estimularam um maior
consumo de mercadorias e de informações baratas e atualizadas sobre o cotidiano
social.
A imprensa e a publicidade viabilizaram a proliferação de uma nova e lucrativa
atividade de produção e oferta de bens simbólicos para as diferentes camadas
populacionais urbanas. A tecnologia de mecanização e motorização desenvolveu
novas impressoras, que aposentaram a prensa tipográfica manual, utilizada
desde Gutenberg. Também estimulou a organização empresarial de gráficas e
de editores de jornais.
A expansão do trabalho não material ocorreu em um tempo simultâneo ao
desenvolvimento do trabalho industrial e de outras atividades urbanas. Serviu para
atender aos contingentes modernos, cujas necessidades cotidianas já não podiam
ser atendidas com casa, roupa, comida e reprodução. Os meios de comunicação
de massa serviram como ferramentas modernas para a transformação do trabalho
abstrato, literário, plástico, musical, educativo, publicitário, jornalístico etc., em
produtos culturais, que alimentariam o extraordinário mercado simbólico, desde
o cinema mudo até a internet.
Na segunda metade do século XIX, as redes ferroviárias rasgaram os continentes
seguindo todos os pontos cardeais. Antes das ferrovias, o telégrafo elétrico significou
a primeira rede de comunicação por fios, que foi completada, a partir de 1880,
pela rede telefônica e pela radiotelegrafia. Daquela época em diante, as redes
elétricas passaram a recortar todas as paisagens das regiões mais desenvolvidas
do planeta. Com a invenção do automóvel, as redes de transporte rodoviário
retalharam em apenas algumas décadas a superfície inteira dos continentes:
tornaram insignificante a façanha dos antigos romanos, que, durante vários
séculos, abriram 80 mil km de precárias estradas.
No entanto, a moderna epopeia da máquina-ferramenta fabril e as linhas de
montagem das antigas indústrias analógicas já fazem parte do passado. Hoje,
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de massa, novos definidores da representação da realidade e da intermediação
dos diversos segmentos da sociedade, de modo a favorecer interesses burgueses,
devem ser revistas com o surgimento de redes sociais em que, cada vez mais, o
discurso autorizado passa a ser questionado e o cidadão não certificado tem direito
à voz, com novas negociações em torno da credibilidade de fala e a fragmentação
de espaços de discussão de acordo com os campos de interesse.
O sistema digital, não mais linear, mas em rede, torna-se mais complexo, com
maior dificuldade no controle da circulação de informação sem que se firam
princípios liberais ainda caros à sociedade burguesa – constituindo-se, portanto,
um fértil meio de cultura para que vicejem e se propaguem opiniões contra-
hegemônicas. Independentemente dos embates conceituais que o atual contexto
suscite, parece-nos que a percepção coletiva já se convenceu de que o novo modo
de convívio e de trabalho dependerá, sempre mais, de ferramentas e informações
digitais. No entanto, sem medidas abrangentes de inclusão social e cultural, uma
eventual “sociedade da informação” poderá será mais assimétrica que a atual e
apartará os indivíduos despreparados para operar os novos sistemas informáticos
de produção e de interação interpessoal.
A exclusão digital aprofundará a lógica vigente de apartação cultural e
material. Ao difundir suas ferramentas computacionais por todos os espaços
vivenciais e produtivos, a ordem informacional requer para o desempenho do
trabalho intelectual ou material, conhecimentos e habilidades técnico-científicas
advindos de uma sólida e contemporânea formação educacional. Nesse aspecto,
as tecnologias digitais tornam-se novos elementos extremamente importantes
para todos os modos de produção atuais, mas elas servem muito mais, para a
constituição de opinião pública em tempos de predomínio da informação em
todos os níveis de relações sociais.
O barateamento dos aparatos e o desenvolvimento de interfaces comunicativas
inteligíveis aos leigos trouxeram em um curto período de tempo os computadores
para o espaço doméstico e daí eles se espalharam por todas as atividades humanas.
O principal atrativo do computador foi a profusão incessante de novos programas,
linguagens e possibilidades de trabalho, apresentados em suportes gráficos e
audiovisuais, capazes de mimetizar as interfaces comunicativas dos conhecidos
veículos de imprensa e de radiodifusão.
Com o desenvolvimento da internet, o computador rompeu seu vínculo remoto
com a máquina-ferramenta. Deixou de ser um processador estanque de dados, mera
extensão mecânica do corpo e do trabalho orgânico do homem, para se tornar de
fato uma máquina “inteligente”, uma extensão da memória humana. Negroponte
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dizia Milton Santos.
De acordo com a economia clássica, os novos instrumentos também constituem
bens de capital, insumos indispensáveis para que haja alimentação do ciclo
produção-oferta-consumo-acumulação. A fonte principal de prosperidade da “livre
iniciativa” continua sendo a extração de mais-valia do antigo trabalho manual ou
das atuais formas de trabalho automático, seja material de produção material ou
simbólica, acrescida da especulação financeira em tempo real e alcance mundial.
Certamente, o capitalismo tradicional ou digital não sobreviveria sem a manutenção
desses processos assimétricos de produção e acumulação.
Enquanto os Estados, organizações oficiais e não governamentais discutem
a melhor forma de gestão política, administrativa e econômica da internet, os
registros, os fluxos de bens e riquezas e o próprio dinheiro perdem a materialidade
de celulose e assumem o formato de arquivos e pacotes binários, que transitam
mundialmente ao ritmo atômico da digitação em um teclado. A transição ocorre
em sintonia com os interesses imediatos de um mercado global articulado por
um pequeno grupo de nações hegemônicas.
No entanto, a internet não é um refúgio idílico, isento da sedução do capital,
nem é totalmente imune ao autoritarismo político, religioso, militar e policial. A
rede pode absorver as contradições que os indivíduos, as culturas e sociedades,
os sistemas políticos e econômicos trazem em seu interior. É por tais razões que
a gestão e o uso público da internet mobilizam em muitos países as organizações
e interesses sociais, governamentais e privados.
A gestão do ciberespaço deverá alimentar um debate demorado para estabelecer
uma legislação internacional que assegure o desenvolvimento, a manutenção e o
uso coletivo das tecnologias e meios de informação mundiais. É preciso garantir
a participação simétrica dos países na web, de acordo com suas necessidades in
ternas. O grande desafio é promover a inclusão de todas as camadas sociais nas
“facilidades” do ciberespaço.
Este volume apresenta onze artigos originados nas exposições e debates gesta
dos nos painéis do segundo encontro da seção brasileira da União Latina de
Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (ULEPICC-Brasil),
realizado em Bauru (SP) pelo Laboratório de Estudos em Comunicação, Tecnologia
e Educação Cidadã (LECOTEC) de 13 a 15 de agosto de 2008 na Faculdade de
Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista (UNESP).
O percurso traçado pelos capítulos delineia o panorama das discussões acerca
do tema-chave do evento, “Digitalização e sociedade”. No primeiro, Luiz Alfonso
Albornoz, presidente da Ulepicc-Federação na gestão 2007-2011, aborda o impacto
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Na sequência, “A reedição do difusionismo diante da brecha digital: o desafio
das regiões na sociedade da informação”, de Francisco Javier Moreno Gálvez,
resgata a historicidade das rupturas e continuidades ideológicas ocultas por trás do
modelo denominado “sociedade da informação”, surgido como resposta à crise do
capitalismo na década de 1970, e ao processo atual em que uma descentralização
aparente convive com uma efetiva recentralização, apontando reflexões sobre
o possível desenvolvimento das regiões periféricas nesse cenário, em especial
aquelas que ocupam lugar subalterno na divisão internacional do trabalho.
No sétimo capítulo, Leando Ramires Comassetto, ao considerar a aptidão histórica
do rádio para trabalhar questões de proximidade, estabelecendo empatia entre
emissora e audiência, promovendo valores e discutindo problemas da localidade
em que atua, traça considerações sobre a importância do suporte frente ao
curso globalizador, descrevendo um modelo de programação mais adequado
às emissoras que pretendam sobreviver e manter relevante sua atuação local,
chamando atenção para a necessidade de renovação da linguagem tendo em
vista recursos proporcionados pelas TIC.
O rádio brasileiro chega aos 90 anos em meio a um cenário de profundas
transformações dos meios de comunicação de massa. Com essa questão em
mente, Antonio Francisco Magnoni e Juliana Gobbi Betti refletem sobre a
vagarosa e indefinida digitalização do suporte radiofônico, oriunda em parte
de uma concepção ultrapassada, de caráter ainda getulista, sobre o modelo
nacional de radiodifusão e, a partir dos conflitos entre rádio, TICs e a rede mundial
de computadores, apontam possibilidades para sua efetiva modernização e
incorporação na convergência de plataformas, assim como assimilação dos novos
recursos na radiodifusão.
A seguir, André Luís Lourenço e Juliano Maurício de Carvalho, em “Clivagem
da democracia no plano digital da esfera pública”, propõem uma sistematização
do conceito de arena ou microesfera pública, na qual se imbricam as noções
de democracia e deliberação, para pensar contribuições, assim como limites,
ofertados pelas TICs para estender, em caráter incremental, a participação política da
população para o meio digital, notoriamente a internet, considerando a experiência
do website Observatório de Botucatu, focado na discussão de questões políticas
de ordem municipal.
Em “Sistema Público de Comunicação: por uma mídia de todos”, Adilson Vaz
Cabral Filho discute a implantação de um sistema de comunicação brasileiro que
adotasse efetivamente o modelo público, o qual se entende como plural, polifônico,
a partir do que se discute sobre o tópico na academia e organizações sociais,
Boa leitura!
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Prefácio
A publicação deste volume representa uma vitória importante da Economia
Política da Comunicação brasileira. A União Latina de Economia Política da
Informação, da Comunicação e da Cultura (ULEPICC) nasceu com o século XXI,
por obra de um pequeno grupo de pesquisadores, organizados em torno da rede
de Economia Política das Tecnologias da Informação e da Comunicação (EPTIC) e
da revista Eptic On Line, frutos do ativismo político-epistemológico dos grupos
de Economia Política da Comunicação (EPC) da Associação Latino-americana de
Investigadores da Comunicação (ALAIC) e da Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM), ambos coincidentemente sob
minha coordenação em 1999.
A luta epistemológica no campo da Comunicação no Brasil impingira ao
coletivo uma derrota inesperada com o fechamento, por decisão unilateral da
diretoria da INTERCOM, do núcleo original de organização da EPC brasileira,
que se reuniu pela última vez no ano 2000, em Manaus. Questionada no interior
do campo da Comunicação em nível nacional, a legitimidade da EPC brasileira
ficaria demonstrada ao longo dos anos 2000, culminando com o retorno do GT
da INTERCOM, dez anos após o fechamento. Entre 2001 e 2002, três encontros,
em Buenos Aires, Brasília e Sevilha, terminaram com a constituição da ULEPICC.
Dois movimentos importantes seriam então realizados. Um de continuidade da
realização dos encontros internacionais, cuja periodicidade passaria a ser bianual a
partir de 2003. Aos três primeiros, seguiram-se Caracas, Salvador, México e Madrid.
O segundo movimento foi o de constituição de alguns capítulos nacionais,
tendo em vista a necessidade de organização legal da entidade como federação
internacional. A ULEPICC-Brasil nasce desse propósito e, a partir de então, passaria a
tomar uma série de iniciativas que a transformariam numa referência incontornável
do pensamento crítico no campo da Comunicação no Brasil. A mesma legitimidade
foi conquistada pela ULEPICC-Espanha, que desempenhou, aliás, um papel de
primeiro plano na própria criação da Associação Espanhola de Investigadores
da Comunicação (AE-IC). Nos dois casos, optou-se pela realização de encontros
nacionais bianuais, nos anos pares, para não coincidir com os encontros da
federação.
Sob a presidência de Valério Brittos, dois eventos nacionais desse tipo foram
realizados, um em Niterói, coordenado por Adilson Cabral, outro em Bauru,
organizado por Juliano Mauricio de Carvalho e o grupo de pesquisadores do
LECOTEC - Bauru. Depois viria o encontro de Aracaju, sob a presidência de Anita
Simis e coordenado por Verlane Aragão Santos, e o do Rio de Janeiro, sob a
presidência de Ruy Sardinha Lopes e coordenação de Marcelo Kirchinevsky,
marcado para outubro de 2012.
Este é o segundo livro publicado como decorrência desses eventos nacionais.
O primeiro, fruto do encontro de Niterói, este do de Bauru. Estão de parabéns
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ao lado do estruturalismo althusseriano e das chamadas teorias da dependência,
as primeiras contribuições latino-americanas ao campo, inadaptadas, pela própria
especificidade do subcontinente, ao modelo originário da sociologia americana,
é nossa obrigação lembrar que o pensamento marxista, desde o início, esteve
presente no debate. Assim, à contribuição fundadora de Baran e Sweezy, seguir-
se-ão, ainda na América do Norte, as análises de Dallas Smythe, de um lado,
e de Herbert Schiller, de outro, que formarão, ao lado de colegas europeus,
como Kaarle Nordenstreng e Tapio Varis, autores da antológica pesquisa sobre
os fluxos internacionais de informação, o núcleo da tradição principal da EPC de
língua inglesa, organizada no interior da International Association for Media and
Communication Research (IAMCR).
Em diálogo com a tradição frankfurtiana, aparecerão também, no rastro dos
trabalhos de Enzensberger e de Raymond Williams, as atuais escolas inglesa e
francesa, de grande impacto no campo internacional, surgidas ambas ao final
dos anos 1970 e início dos 1980, ao mesmo tempo em que várias contribuições
isoladas apareciam também na América Latina, em diálogo, estas, com as teorias
da dependência cultural, que tanta importância tiveram no diálogo global dos
anos 1960 e 1970, em favor de uma Nova Ordem Internacional da Informação
e da Comunicação (NOMIC) e na Comissão Mac Bride, da UNESCO, aliados na
linha de frente com os intelectuais do grupo da IAMCR citados, através inclusive
da Asociación Latino Americana de Investigadores de la Comunicación (ALAIC),
que hoje tenho a honra de presidir.
A EPC se apresenta, em todos os três casos citados (Inglaterra, França e América
Latina), como uma espécie de “recuo crítico” em relação às respectivas tradições
de esquerda, propondo entender a Comunicação a partir de uma leitura mais
detida da obra de Marx. No caso latino-americano, tratava-se essencialmente de
uma crítica às limitações das teorias da dependência e do imperialismo cultural,
em parte coincidente com as críticas de autores do campo dos Estudos Culturais.
Neste último caso, entretanto, embora, especialmente no início, a perspectiva
marxista estivesse presente, predominará um enfoque basicamente sociológico
e especialmente antropológico, que frequentemente renegará a EPC, acabando
por adotar uma ideologia pós-modernista incompatível com o pensamento crítico.
Os primeiros trabalhos que se poderia classificar de EPC, nesse sentido de recuo
crítico, serão os de Hector Schmucler, parceiro de Armand Mattelart, Eriberto
Muraro, Diego Portales, Patricia Arriaga, Javier Esteinou Madrid e o meu próprio,
que datam todos do final dos anos 1970 e início dos 1980. Os primeiros intentos
efetivos de organização desse grupo se darão bem mais tarde, e já em diálogo
com o resto da EPC e do pensamento crítico comunicacional, com a criação dos
referidos GT de Economia Política da ALAIC e da INTERCOM, da rede EPTIC e da
revista Eptic On Line.
Não tenho por que renegar o orgulho que tenho de haver convocado, mas
não posso deixar de citar uns poucos entre inúmeros nomes que se envolveram
nessa construção nos anos 1990: Guillermo Mastrini, Francisco Sierra Caballero,
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A integral digitalização das indústrias culturais:
tensões e reestruturações em andamento1
LUIS A. ALBORNOZ
CUSTOS IMPLICADOS
CARACTERÍSTICAS DO SUPORTE
AMPLITUDE DO MERCADO
DISPONIBILIDADE DE CONTEÚDOS
2 O grupo FNAC (Fédération Nationale d’Achat des Cadres), criado em 1954, faz parte do
Grupo PPR (Pinault-Printemps-Redoute), também formado pelas multinacionais Conforama, Redcats,
CFAO e pelo Grupo Gucci. Atualmente é o maior distribuidor europeu de produtos técnicos e culturais
com mais de uma centena de lojas em todo o mundo. Presente em oito países europeus, e ainda no
Brasil e em Taiwan. Em 2005, a FNAC faturou 4.400 milhões de euros.
PAPEL DO CONSUMIDOR
FORMAS DE CONSUMO
Por fim, cabe destacar que as indústrias culturais trabalham desde sempre na
estandardização de formatos da produção simbólica com a finalidade de facilitar
sua comercialização massiva. De forma tal que, tradicionalmente, o consumo de
conteúdos se dá por pacotes: um filme, uma série de televisão dividida em capítulos
sequenciais, um jornal com suas editorias fixas, uma gravação fonográfica com
determinadas músicas, etc.
Por sua vez, o consumo por meio das redes digitais apresenta uma flexibilidade
muito maior. Assim, o consumidor pode optar por um consumo enquadrado nos
cânones tradicionais ou optar pelo consumo de formatos variáveis (uma cena,
a aparição de um ator em diferentes filmes, uma música, etc.). Ainda assim, o
alto grau de maleabilidade dos conteúdos digitais possibilita sua modificação,
mescla e cópia.
Por outra parte, a compressão digital, unida às redes e suportes digitais, aumenta
consideravelmente a portabilidade e ubiquidade de conteúdos. Todo esse conjunto
de mudanças está na base da ameaça que sofrem os tradicionais distribuidores
que operam no marco analógico.
3 Estas diferenças também se verificam em outras indústrias culturais; por exemplo, no interior
do setor editorial, até o momento, o impacto causado pela internet no subsetor das publicações
científicas não tem sido o mesmo que no das novelas. Enquanto as publicações acadêmicas têm
encontrado na internet novas dinâmicas de trabalho e uma oportunidade de maior impacto na
comunidade científica internacional, em que muitos editores até cogitam a conveniência de abandonar
a edição em suporte papel e investir esses recursos em outros aspectos; os cimentos da distribuição
tradicional e as estratégias mais correntes (campanhas promocionais de best sellers, listas de mais
vendidos ou prêmios literários) ligados aos romances, não se vêm alterados.
RESISTÊNCIA ÀS MUDANÇAS
REFERÊNCIAS
BBC. “Music site Last.FM bought by CBS”. BBC News Channel, 30 maio 2007.
Disponível em: <http://news.bbc.co.uk/1/hi/technology/6701863.stm>. Acesso
em: 25 jul. 2008.
DNX. Desafíos para el copyright: música e cine en la era digital. DNX Group, maio
2007. Disponível em: <http://dnxgroup.com/ideas/trends/dnxTrends-Cultura_
Digital.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2008.
GEORGE, N. & BELL, N. On Media. Recorded Music – Who benefits from digital.
PricewaterhouseCoopers (PwC). Londres, abril 2008.
PEREA, F. Entrevista a Balazs Gardi, ganador del World Press Photo. 20 Minutos
(edição espanhola), 11 jul. 2008. Disponível em: <http://blogs.20minutos.es/
sextacolumna/ post/2008/07/11/entrevista-balazs-gardi-ganador-del-world-
press-photo-i>. Acesso em 1 ago. 2008.
2 De R$ 70,00 a R$ 90,00 por cada linha pós-paga, contra apenas R$15,00 a R$20,00 por cada
linha pré-paga (cf. Dantas, 2008)
REFERÊNCIAS
7 Os dados referentes a 2007, num cenário de redução do crescimento do PIB mundial, também
apontavam um crescimento do mercado mundial das TICs (5.8% em relação à 2006) movimentando
2,75 bilhões de euros no conjunto do setor (IDATE-DIGIWORD 2008). Ver a esse respeito Bolaño e
Santos (2007).
FIORI, José Luís. Formação, expansão e limites do poder global. In: Colombo (org.).
O poder americano. Petrópolis: Vozes, 2004.
FRANSMAN, Martin. Telecom in the Internet Age: From Boom to Bush to…?,
Oxford: Oxford University Press, 2002.
LOPES, Ruy S. Informação, Conhecimento e Valor. São Paulo: Radical Livros, 2008.
Previu-se algo para cada um a fim de que ninguém possa escapar. Cada setor
da produção é uniformizado e todos são em relação aos outros. A civilização
contemporânea confere a tudo um ar de semelhança. A indústria cultural
fornece por toda a parte bens padronizados para satisfazer às numerosas
demandas, identificadas como distinções às quais os padrões da produção
devem responder. Por intermédio de um modo industrial de produção, obtém-
se uma cultura de massa feita de uma série de objetos que trazem de maneira
bem manifestada a marca da indústria cultural: serialização-padronização-
divisão do trabalho. (Mattelart; Mattelart, 1999).
Os próprios produtos (...) são feitos de modo que a sua apreensão adequada
se exige, por um lado, rapidez de percepção, capacidade de observação
e competência específica, por outro lado é feita de modo a vetar, de fato,
O termo indústria cultural, de acordo com Passos (2011), não deve ser tomado ao
“pé da letra”, conforme alerta de Adorno, pois trata-se de uma metáfora. Indústria
cultural remete a incorporações das formas industriais de organização “como a
racionalização do trabalho em atividades econômicas não industriais - à produção
da cultura no âmbito dos meios de comunicação num contexto de um capitalismo
monopolista.” (Passos, 2011). Para o autor trata-se do primado total da eficácia
calculada, sendo que toda a prática da indústria cultural reveste o lucro de formas
culturais.
No entanto, o domínio da indústria cultural para os filósofos vai além do consumo
cultural, envolve o próprio ritmo e sistemática de vida para lidar, inclusive com
a relação entre trabalho e lazer, tornando ambos mecanismos econômicos de
manipulação e lucro. Envolvido pelo sistema, torna-se um consumidor incessante,
vivendo sempre de modo insatisfeito, querendo consumir, constantemente,
cada vez mais, transformando seu trabalho em instrumento de viabilidade de
consumo e o lazer um elemento a ser consumido em um processo completo de
mecanização. “A totalidade das instituições existentes os aprisiona de corpo e
alma a ponto que sem resistência sucumbem ante tudo o que lhes é oferecido.”
(Adorno; Horkheimer, 2002).
O homem não se deve dar ao trabalho e nem adquirir a faculdade de pensar
de modo autônomo, basta seguir sinais, evitando qualquer conexão lógica que
possa vir a desenvolver. O homem deve possuir um tempo restrito, guiado e
disciplinado de lazer, sendo que este deve estar ligado aos clichês da rotina que
o prendem ao sistema. A indústria cultural torna-se responsável pela indústria
do divertimento, ditando o que deve ser consumido nos momentos de lazer
reprimindo e sufocando a individualidade. Neste contexto, apodera-se da arte,
desvirtuando-a para atender seus interesses de massificação e lucro.
A Economia Política da Comunicação é uma base teórica que “se interessa pelo
estudo da totalidade das relações sociais que formam os campos econômico,
político, social e cultural, objetivando compreender a mudança social e a
transformação histórica e como ela repercute e se imbrica com o mundo da
comunicação em todos os sentidos” (BOLAÑO, 2007). Ao analisar as relações sociais,
particularmente as relações de poder, que mutuamente constituem a produção,
distribuição e consumo de recursos, incluindo os recursos de comunicação, torna-
se o estudo do controle e da sobrevivência social, com o objetivo de entender
as mudanças sociais e as transformações históricas que a sociedade vivencia.
(MOSCO, 2006). As três linhas da teoria – a da América do Norte, a Europeia e a
de Terceiro Mundo -, assim definidas por Mosco (1996, 2006), desde o surgimento
das indústrias de mídia no século XX, buscam compreender os personagens que
envolvem as indústrias culturais e suas relações com processos econômicos sociais
mais amplos abarcando poder, Estado, dinheiro, a sociedade e valores humanísticos.
A Economia Política da Comunicação se destacou por sua ênfase em descobrir
e examinar o significado das instituições, especialmente empresas e governos,
responsáveis pela produção, distribuição e intercâmbio das mercadorias de
comunicação e a regulação do mercado de comunicação. (Mosco, 2006).
...uma área da produção social no capitalismo avançado que deve cumprir uma
dupla condição de funcionalidade, a serviço do capital individual monopolista
em concorrência (função publicidade) e do capital em geral, ou do Estado
(função propaganda), servindo como elemento-chave na construção da
hegemonia. Para isso, deve responder também a uma terceira condição de
funcionalidade (função programa), ligada à reprodução simbólica de um
mundo da vida empobrecido de suas condições de autonomia. (Bolaño, 2010)
A FORÇA DA TELEVISÃO
Para Moraes (2008), as sociedades passam a ser guiadas pela astúcia do marketing
e dos planejamentos estratégicos – ambos possuídos pela fixação de manter o
capital em rotação e rentabilizá-lo ao máximo. “A exacerbação consumista interfere
na cotidianidade e nas relações humanas, formando marcas distintivas entre
pessoas e grupos, na mesma proporção em que conclama ao individualismo e à
apatia” (Moraes, 2008). Entre os veículos de comunicação existentes, tão fortemente
influenciados e dominados pela indústria cultural, o mais abrangente em todo
o território nacional, latino-americano e até mesmo mundial é a televisão. Neste
cenário de ampla aceitação, abarca a hegemonia de duas dezenas de corporações
comerciais que respondem por dois terços das informações e dos entretenimentos
mundiais, o que resulta em uma comunicação movida pela audiência, pela força da
indústria cultural. Já em meados da década de 1940, quando Adorno e Horkheimer
pensaram sobre a televisão ainda em processo de consolidação, perceberam seu
imenso potencial como veículo de comunicação.
Para avanzar en esta dirección podemos seguir la pauta establecida por diversas
declaraciones de la Unión Europea, especialmente de su Parlamento, en la línea
de lo que estableció hace unos años (1993) la Unión Europea de Radiodifusión
(UER) al enumerar la especificidad del servicio público audiovisual: “una
programación para todos, un servicio de base generalista con ampliaciones
temáticas, un foro para el debate democrático, libre acceso del público a
los principales acontecimientos, una referencia en materia de calidad, una
abundante producción original y un espíritu innovador, una vitrina cultural,
una contribución al refuerzo de la identidad europea, así como a sus valores
sociales y culturales, un motor de la investigación y del desarrollo tecnológico”.
(Moragas; Prado, 2003)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
______; BRITTOS, V. A televisão brasileira na era digital. São Paulo: Paulus, 2007.
SILVA, D. M. F.; GOBBI, M. C.. Cenários e desafios da digitalização para as TVs Públicas.
In: GOBBI, M. C. (org.); KERBAUY, M. T. M. (org.). Televisão Digital: informação e
conhecimento. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.
INTRODUÇÃO
1 Este capítulo é uma publicação póstuma. Valério Cruz Brittos faleceu em julho de 2012,
durante o processo de editoração do presente volume. A primeira versão do texto foi preparada em
2009.
TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO
Acessibilidade
- Facilidades para gravação de programas – A introdução de sinais codificados
de início e fim de programas facilitará o acionamento automático de videocassetes
ou gravadores digitais.
- Gravadores digitais incluídos nos receptores ou conversores – Alguns modelos
de aparelhos receptores ou mesmo os conversores poderão incorporar gravadores
digitais de alto desempenho (semelhantes aos discos rígidos utilizados nos
computadores), que poderão armazenar muitas horas de gravação e permitir
que o usuário escolha a hora de assistir o programa que desejar.
- Múltiplas emissões de programas – A transmissão de um mesmo programa em
horários descontínuos em diversos canais permitirá que o usuário tenha diversas
oportunidades para assistir ao programa desejado em um horário escolhido.
Recepção
- Otimização da cobertura – A tecnologia digital possibilita flexibilidade para
ajustar os parâmetros de transmissão de acordo com as características geográficas
locais. Com este recurso, um programa pode ser transmitido (com sinal menos
robusto) de modo a ser recebido em locais mais favoráveis, através de antenas
externas, por exemplo, enquanto outra atração ou o mesmo programa do mesmo
CONVERGÊNCIA E CAMINHOS
CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS
REFERÊNCIAS
MARIZ, Luciana. Japoneses podem incorporar avanços do Brasil, diz Costa. Agência
Câmara, Brasília, 31 jan. 2006. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/internet/
agencia/materias.asp?pk=82641>. Acesso em: 15 out. 2008.
2 Adotamos aqui a perspectiva que compreende tanto espaço material quanto representações
do espaço e espaços de representação (Harvey 2004, 2006; Levebvre, 2003a, 2003b).
No caso das famílias mineiras, o vínculo com o município mostra-se ainda mais
orgânico, sendo a história do lugar indissociável do sobrenome: os Andradas
em Barbacena, os Coelhos em Ubá, os Neves em São João Del Rey (dona de um
conglomerado de mídia na cidade, que reúne jornal, rádio e televisão educativa,
essa família atualmente tem como principal representante Aécio Neves, ex-
deputado federal e governador de Minas Gerais (PSDB, 2003-2010), neto do
presidente Tancredo Neves).
Entre as famílias radiodifusoras, como se trata de um poder simbólico
historicamente entranhado no imaginário da sociedade local, não se faz necessário
que um membro ocupe sempre um cargo eletivo – embora a permanência no
poder garanta a perpetuação da rede de influências e da posição social. É o caso
da família Coelho, cuja ocupação mais recente de posto público se deu durante
o governo Fernando Henrique Cardoso, quando o então deputado Saulo Coelho
foi nomeado primeiro ouvidor da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Com a missão de tornar mais transparente a instituição encarregada de fiscalizar
as comunicações no país, Coelho assumiu o cargo tendo em sua cidade de origem
uma rádio, uma TV educativa e um jornal.
Tradicional família da Zona da Mata mineira, os Coelhos atuam na política desde
a República Velha, tendo Levindo Eduardo Coelho sido senador estadual entre os
anos de 1915 e 1930. Seu filho, Ozanam Coelho, depois de liderar o PSD no estado
na década de 1950, chegaria mais longe, ao assumir o governo de Minas Gerais de
1978 a 1979, no posto deixado por Aureliano Chaves. Em sua terceira geração na
política, a família alcançou a presidência da Telemig (Telecomunicações de Minas
Gerais S/A), com o deputado federal Saulo Coelho, depois nomeado ouvidor da
Anatel pelo ministro Pimenta da Veiga – não causalmente também mineiro e
integrante do mesmo partido (PSDB).
Não há uma palavra sequer no meu livro pela qual se pudesse atribuir o
status de senhor absoluto ao coronel (...) Em nenhum momento – repito –
chamei o coronel de senhor absoluto. Nem jamais me passou isso pela cabeça.
Ao contrário, divergindo da noção corrente, digamos, da noção vulgar de
coronelismo – que punha ênfase no mandonismo, e apresentando sempre
o coronel como um homem valente, destemido, desafiador da autoridade
Foi no Brasil que a família atingiu, talvez, o mais alto grau de interação com o
poder […] Desde os começos da formação do país, o exercício do poder político
ligou-se ao fato de que os primeiros grupos a conquistarem a terra o fizeram
como empresas militares familiais. A economia política por eles legada aos
descendentes testemunhou assim uma grande dependência no que se refere
à família e aos laços de parentesco (2008, 55).
Além dos membros de famílias tradicionais, temos outra espécie de parlamentar
5 Consulta em http://www.empresaslaelvarella.com.br
6 Correio Brasiliense (03 jul. 2006). Em consulta ao banco de dados da Câmara dos Deputados,
verificamos que a Fundação Cristiano Varella recebeu 5,2 mi de Emendas ao Orçamento em 2006,
sendo que 2,5 mi foram aprovados pelo próprio Varella. Em 2007, foram 3,15 mi e, em 2008, mais 8,5
mi destinados ao Hospital do Câncer, mantido pela Fundação que leva o nome do fi lho do deputado.
Além do próprio Varella, as emendas parlamentares foram assinadas pelos deputados Leonardo Mattos
(PV-MG), Isaías Silvestre (PSB-MG) e Gilberto Nascimento (PMDB-SP).
7 Segundo o parágrafo 1º do Artigo 13 do Decreto 2108 de 1996: “É dispensável a licitação
para a outorga para a execução de serviço de radiodifusão com fins exclusivamente educativos.”
8 Jaime Martins Filho foi acusado pelo Ministério Público Federal de participar de um esquema
de desvio de verbas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), para favorecer aliados e
prejudicar adversários. Bifano também participaria do mesmo esquema, segundo o MPF, cobrando
propinas de prefeitos para liberar Emendas ao Orçamento para determinados municípios.
CONCLUSÕES INICIAIS
REFERÊNCIAS
CASTRO, Daniel. Bandeirantes acusa Globo de barrar seus canais. Folha Online,
7 jun. 2005. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/
ult90u51163.shtml> Acesso em: 22 ago. 2007.
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& Society, abr. 1996. v. 18, n. 2, p. 185-212.
CASTRO GOMES, Angela de; MORAES FERREIRA, Marieta de. Primeira República:
um balanço historiográfico. Estudos Historiográficos, Rio de Janeiro: CPDOC-
FGV, 1989. v. 2, n. 4, p. 244-280. Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/revista/
arq/60.pdf>. Acesso em: 12 set. 2006.
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Eleonore(eds.). Henri Lefebvre Key Writings. New York, London: Continuum,
2003b. p. 151-162.
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SILVA, Luiz Inácio L. Discurso de Lula na Confecom (Parte V). Discurso proferido
em Brasília, 14 dez. 2009. TV UMLAW, União dos Moradores de Luta do Álvaro
Weyne, dez. 2009. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Jlhymy6bCz
c&feature=related>. Acesso em: 12 fev. 2010.
Para entender o papel dos territórios no novo cenário que podemos designar
como sociedade da informação, será necessário nos aprofundarmos sobre o
processo de crescente interconexão e interdependência conhecido como
globalização, um fenômeno de dimensões econômicas, políticas, culturais e sociais
que organiza praticamente a totalidade do planeta em uma dinâmica de exclusão/
inclusão e que, como assinalamos anteriormente, rearticula as relações entre
agentes políticos ao mesmo tempo em que reorganiza a posição dos territórios
no sistema-mundo. Falar de globalização pressupõe adentrar um terreno de
areias movediças devido à polêmica que rodeia o termo quando, carregado de
conotações ideológicas, é apresentado como um processo naturalmente benéfico
graças ao qual se cumprirão algumas das utopias de democracia e igualdade que
haviam dominado a arena política da modernidade. Não cabe duvidar que, como
aponta Octavio Ianni (2001, p. 81-88), o termo “globalização” nos remete a uma
ruptura histórica (e também epistemológica) de vastas proporções que sacode
os marcos de referência, sociais e mentais, dos coletivos e dos indivíduos e que
constitui uma realidade original, desconhecida e desprovida de interpretações.
7 Renato Ortiz (2005) nos recorda muito oportunamente que o lema think global,
act local tem sua origem nas estratégias empresariais de marketing que buscavam a exploração dos
mercados locais por parte de corporações principalmente transnacionais. Mais tarde, o pensamento
sociológico o tomaria para si, resignificando-a como estratégia glocal.
Temos de esclarecer, sob a luz dos debates que se puderam suscitar, que a
existência desse tipo de hierarquização espacial da desigualdade não é nova e
já a encontramos nas mesmas origens do sistema capitalista, pois “las relaciones
de poder y las diferencias sociales preexistentes se transfieren también en la red”
10 A evolução dos princípios que regem as políticas regionais nas últimas décadas
nos serve como mostra de como foram se modificando as variáveis do desenvolvimento. Em Boisier
(2002, p. 19), encontramos um quadro que resume essa evolução: “1950/1960: infraestructura como
condición del crecimiento económico regional; 1960/70: atracción de actividades externas, polos
de desarrollo, base exportadora; 1970/80: desarrollo endógeno, PYMES, competencias (habilidades
y atribuciones) locales; 1980/90: innovación, difusión de tecnología, medios innovadores; 1990/00:
conocimiento, factores intangibles, aprendizaje colectivo; 2000/10: capital relacional, interconexión,
cultural local, e-trabajo.”
REFERÊNCIAS
CIMADEVILLA, Gustavo. Tocarle la cola al león: una lectura del desarrollo a través
de sus condiciones de intervención. In: APREA, Gustavo (org.). Problemas de
comunicación y desarrollo. Buenos Aires: UNGS/Prometeo, 2004.
HARNECKER, Marta. La izquierda en el umbral del siglo XXI. Madrid: Siglo XXI,
1999.
JAMBEIRO, Othon; FERREIRA, Fábio. Múltiplas Vozes, uma só Estrutura. In: JAMBEIRO,
Othon (org.); PEREIRA DA SILVA, Helena (org.). Socializando informações,
reduzindo distâncias. Salvador: Edufba, 2003.
ROBINS, Kevin; WEBSTER, Frank. Times of the Technoculture. From the information
society to the virtual life. London: Routledge, 1999.
______. Nuevas políticas para la diversidad: las culturas territoriales en riesgo por la
_______. Políticas culturales territoriales: una experiencia rica pero insuficiente. In:
BUSTAMANTE, Enrique (org.). Comunicación y cultura en la era digital: industrias,
mercados y diversidad en España. Madrid: Gedisa, 2002b.
WEBSTER, Frank. Theories of the Information Society. New York: Routledge, 1995.
Vale reforçar, porém, que a informação de real interesse do rádio local é a que
está relacionada aos acontecimentos da proximidade, aos valores, situações e
vivências próximas. Quanto mais se ativer a isso, maior será, na opinião de Cebrián
Herreros (2001b), a sobrevivência do rádio local. “O mais importante é cobrir
as notícias que os demais não dão” (p. 181), mesmo que menos sensacionais.
Ao rádio não convém querer competir com quem, por ter mais recursos, pode
oferecer produtos mais espetaculares (p. 157). Para Montesinos Civera (2003,
p. 91), “a chave está em se conseguir com a proximidade tudo o que os demais
oferecem com conteúdos”.
A necessidade de proximidade, entretanto, não pode ser confundida com
falta de criatividade, atendo-se as emissoras apenas ao relato do factual, dos
acontecimentos triviais do dia-a-dia e que, a médio e longo prazo, podem se
tornar maçantes ao ouvinte, sempre tentado pela multiplicidade da oferta na
era da conexão planetária. É por isso que o profissionalismo e o investimento em
equipes jornalísticas capacitadas, além de âncoras de talento, são fundamentais
para um maior número de variações e novidades. Reportagens especiais, novos
ritmos e formatos diferentes ajudam a quebrar a monotonia e a garantir a audiência.
Sobretudo no rádio generalista, pensar que só variar o repertório musical significa
inovação é bobagem, na opinião de Herreros, que destaca a crescente inserção
de espaços ou programas humorísticos, entre eles os que, de forma inteligente
e responsável, satirizam os políticos.
Por fim, sempre é importante lembrar que, por maior e mais diversificada
que seja a proliferação de canais informativos, em vista das novas mídias e da
especialização dos veículos tradicionais, nenhum bate o rádio na intimidade
e facilidade com que trata e discute as questões que estão mais próximas da
audiência, favorecido que está pela proximidade geográfica (não está se tratando
de emissoras de rede, obviamente), mas também pela agilidade com que pode
pôr no ar as informações. A dispensa de aparatos sofisticados na cobertura dos
acontecimentos dá mobilidade ao veículo, reconhecido pela imediaticidade com
que põe o ouvinte em contato com a realidade.
A saturação de mídias tem sido uma das principais queixas dos empresários da
radiodifusão e que, na opinião de alguns estudiosos, ameaça a própria sobrevivência
das emissoras locais. O curioso é que, nesta entrada de século, o meio vê-se
ameaçado pelo próprio meio, inclusive por emissoras, em princípio, identificadas
com o mesmo propósito de servir às comunidades próximas. A preocupação
deve-se à disputa pelo já saturado mercado publicitário.
AS INCERTEZAS DO DIGITAL
A mesma observação vale para as demais mídias, entre elas o rádio, que
hoje, ressalvadas poucas exceções, não tem projetos nem planos para melhor
aproveitamento do meio com a tecnologia digital. E não só no que tange à melhoria
da qualidade do sinal, que oferecerá áudio estéreo, com definição de CD e livre de
interferências, nem no que se refere aos recursos adicionais ao som (gráficos, mapas,
textos e até imagens úteis principalmente para agregar dados referentes ao trânsito,
localização geográfica, meteorologia, indicadores econômicos, informações sobre
a programação, etc.), cuja veiculação será possível. A questão mais desafiadora diz
respeito mesmo à programação de melhor qualidade, atrativa e verdadeiramente
útil, ainda mais tendo em vista o desdobramento dos canais pela fragmentação
do espectro. Dependendo da tecnologia a ser adotada, as frequências atuais serão
A EXPERIÊNCIA NA WEB
PROFISSIONAIS MULTIMÍDIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
DEL BIANCO, N. E tudo vai mudar, quando o digital chegar. In. BARBOSA FILHO, A.;
PIOVESAN, Â.; BENETON, R. (org.). Rádio: sintonia do futuro. São Paulo, Paulinas,
2004.
DETONI, M. Rádios comunitárias: revolução no ar. In. BARBOSA FILHO, A.; PIOVESAN,
A; BENETON, R. (org.). Rádio: sintonia do futuro. São Paulo: Paulinas, 2004.
1 Ainda de acordo com o Ministério das Comunicações existem 386 emissoras (AM/FM)
funcionando em caráter provisório. Os Estados Unidos, maior mercado radiofônico mundial, possuíam
10.807 emissoras de rádio em março de 2002 (dados da Federal Comunications Comission, disponíveis
em: http://www. fcc.gov/working-papers/radio-industry-review-2002-trends-ownership-format-and-fi
nance).
2 De acordo com o relatório Rádio Digital no Brasil – Mapeamento das condições técnicas das
emissoras de rádio brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão digital sonora terrestre,
2009-2011, aproximadamente 81% das emissoras não possui, nem de perto, US$ 150 mil para investir
na digitalização.
3 Dados referentes à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2008, disponíveis
em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/acessoainternet2008/internet.pdf. No
entanto, atualmente estima-se que o “número de pessoas com acesso à Internet no Brasil chegou a
82,4 milhões no primeiro trimestre de 2012, segundo pesquisa do Ibope, em parceria com a Nielsen
Online” (http://br.reuters.com/ article/internetNews/idBRSPE85A04Z20120611)
4 Valores disponíveis em Mídia Dados 2012 - http://midiadados.digitalpages.com.br/home.
aspx?edicao=4
5 Fonte: http://oglobo.globo.com/politica/em-8-anos-governo-gastou-10-bi-com-
publicidade-2907526. Ver também: http://blog.planalto.gov.br/secom-divulga-dados-atualizados-
dos-investimentos-em-publicidade/
6 Fonte: http://blog.planalto.gov.br/comparar-verba-publicitaria-entre-lula-e-fhc-resulta-
em-distorcao-da-informacao
7 Não é possível afirmar que exista queda na audiência, mas os valores demonstram a
necessidade urgente da medição dos números referentes aos aparelhos portáteis, multimídia e
em automóveis. O Censo 2012 revela também um crescimento de 7,9% da posse de aparelhos de
televisão, chegando ao total de 95,1% dos domicílios. E, um aumento de 27,7% dos domicílios com
computadores, totalizando 38,3% das residências. O acesso à internet está presente em 30,7% dos
domicílios, sendo a primeira medição do IBGE
REFERÊNCIAS
CUNHA, M. Não é mais possível pensar o rádio como antes. Razón y Palabra,
n. 48, dez.2005/jan.2006. Disponível em: <http://www.razonypalabra.org.mx/
anteriores/n48/bienal/mesa3.pdf>. Acesso em: 1 mar. 2012.
DEL BIANCO, N. Digital Radio in Brazil: Indecision and Impasse After a Ten-Year
Discussion. Journal of Radio & Audio Media, v. 18, p. 371-380. Disponível em:
<http://www. tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/19376529.2011.616786>. Acesso
em: ago. 2012.
GONTIJO, Silvana. A voz do povo: o Ibope do Brasil. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996.
8 Modelo que atribui à comunicação relevante função tanto nas arenas comunicativas da vida
social quanto nas instâncias de decisão dos sistemas políticos constitucionais, e, portanto, defende o
fortalecimento da esfera pública e das arenas públicas nela contidas.
Silveira (2007, p. 128) ainda apresenta outra deficiência da internet como espaço
de conversação apto a abrigar processos argumentativos de deliberação, indo
além da crítica à comunicação anônima.
Para a autora, cada vez mais essas tecnologias da mobilidade, sensíveis aos
locais, podem acessar a internet e permitir que as informações sejam armazenadas
e recuperadas a partir de bases de dados remotas.
Diante disso, é possível afirmar que excessos cometidos por internautas podem
ser responsabilizados nas figuras de pessoas físicas, por meio de uma investigação
relativamente simples – independentemente de conexões efetuadas via Internet
fixa ou móvel. Portanto, a questão do anonimato parece não se configurar em um
verdadeiro problema à formação de arenas públicas na Internet, uma vez que se
mostra de fácil responsabilização.
Conforme as diretrizes apontadas, a internet pode ser considerada um novo
componente da esfera pública ‘geral’. Ou seja, trata-se de um novo tipo de esfera
pública parcial, tal como abstrata, episódica e de presença física.
Isso porque se pode encarar a internet como uma grande plataforma que
depende da criação de espaços de debate, que seriam as arenas públicas, para
poder formar uma esfera pública complementar à esfera convencional analógica
e suas esferas parciais. Vale lembrar, a função de criação de arenas seria da própria
sociedade civil, ou aquela parcela que possui acesso à tecnologia.
O raciocínio vai ao encontro do que afirma Marcondes (2007, p. 08). A autora
aponta que a Internet, como um todo, não é uma esfera pública autogerada, ou
seja, compartilhada por visitantes regulares transformados magicamente e que lá
depositam atitudes, práticas e objetivos que promovam modificações na sociedade.
Diante desses argumentos, é possível apontar que existe a possibilidade de que
a Internet se torne uma esfera pública parcial, na medida em que sejam criadas
arenas públicas por iniciativa da própria sociedade civil, que fomentem o debate
sobre a ‘coisa pública’, a troca de experiências e posicionamentos políticos, e que
tenham a possibilidade de extrapolarem os limites do universo virtual, de modo
que as deliberações e opiniões geradas nos espaços democráticos contidos na
internet possam influenciar as decisões políticas por meio da inflamação da
esfera pública.
13 Botucatu é uma cidade do interior do Estado de São Paulo, com aproximadamente 130
mil habitantes, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2010, e
que está localizada cerca de 240 km da Capital do Estado.
REFERÊNCIAS
AVRITZER, L.; COSTA, S.. Teoria crítica, democracia e esfera pública: concepções
e usos na América Latina. Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, 2004, v.
47, n. 4, p. 703- 728.
14 Essa explicação está disponível no próprio ‘Observatório de Botucatu’, no link “Sobre nós
– <http://www.observatoriodebotucatu.com.br/sobre>. Acessado em 31 de janeiro de 2012.
15 A informação foi confirmada pelo próprio idealizador da iniciativa, o botucatuense Rafael
Romagnolli,em entrevista aos autores deste texto.
GOMES, W.. Opinião pública na Internet: uma abordagem ética das questões
relativas à censura e liberdade de expressão na comunicação em rede. In: Encontro
Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação
(Compós), X. Anais.... Brasília: Compós, 2001.
MAIA, R.C. Dos dilemas da visibilidade midiática para a deliberação pública. In:
Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em
Comunicação (Compós), XII. Anais.... Brasília: Compós, 2003. Disponível em:
<http://www.unb.br/fac/comunicacaoepolitica/Rousiley.pdf>. Acesso em: 27
mar. 2010.
Para deixar clara a proposta em torno desse artigo, não se trata de igualar sinais
entre iniciativas de Comunicação Comunitária tal qual atualmente implementadas,
mas de buscar critérios que efetivem a compreensão do que se pode conceber
como serviço de caráter e voltado para o interesse público no que diz respeito
à Comunicação.
A Comunicação Comunitária é própria da comunidade, representada por
uma dimensão territorial que tece seus limites e fronteiras. É assim com a Lei de
Radiodifusão Comunitária, de 1998, e também com a Lei de TV a Cabo, de 1995.
Se a primeira limita ao raio de 25 watts de potência e 1km de distância do sinal,
a segunda limita à cidade na qual existe outorga para TV a Cabo. Essas são as
compreensões de comunidade e atividade comunitária estabelecidas no âmbito
do Legislativo e exercidas pelos grupos interessados implementar suas emissoras
e programas. Ou ainda, este é o território em torno do qual as experiências
comunitárias se assentam no país.
Embora comunidade sempre estivesse relacionada a uma imagem de território
e/ou de afinidade de um determinado grupo, o sentimento de pertença consiste
num desafio cada vez mais difícil entre os participantes de um dado local. A despeito
da abstração conceitual contida na Lei da TV a Cabo, equivalendo comunidade
ao contexto de cidades amplas como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte
ou Porto Alegre, o movimento de rádios comunitárias, a partir de suas rádios
associadas, se ressente de um engajamento mais contínuo dos moradores nas
suas localidades de atuação, até pela repressão policial que inibe uma melhor
participação das pessoas, o que limita a efetivação de um espírito comunitário
ou mesmo de coletividade em torno dos projetos.
O sentido do engajamento, fruto da pertença, é justamente a consciência da
condição de exploração, mesmo que essa se dê meramente no campo simbólico
da necessidade de se expressar a partir da realização de seus próprios programas
e processos. Embora esse processo se dê com muita clareza a partir da afirmação
de uma condição de classe, também a imposição da força, nos mais variados
contextos (gênero, etnia, infância/adolescência, combate às drogas e à pedofilia,
dentre outras temáticas), constroem um cenário mais dinâmico do que o movido
simplesmente pelas relações entre capital e trabalho.
1 http://www.medioscomunitarios.org/pag/index.php?id=48
REFERÊNCIAS
LIMA, Venício. Mídia: teoria e política. São Paulo, Perseu Abramo, 2001.
MORAES, Dênis de (org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro, Record, 2003.
Fica evidente que o Estado deve garantir o provimento dos serviços, já que
é um bem público, relativo ao cidadão e às suas necessidades, que passa a
ser influenciado em seu desenho por percepções políticas (Ruediger, 2006). A
informação, tanto no acesso quanto na geração, é inegavelmente importante
para o cidadão, sendo a responsável pela melhoria na qualidade de vida uma vez
que, ao ter informação sobre determinado bem ou serviço, a população não fica
à mercê de vontades alheias. De acordo com Ruediger (2006, p. 235)
Aqui trabalhamos com o segundo tipo, quando tratamos de apontar que a gestão
dos projetos de inclusão digital do Governo Federal devem levar em consideração
a diversidade de nosso país, bem como as necessidades de cada região e de cada
comunidade atendida. Também trabalhamos com o terceiro tipo, ao buscarmos
apontar que as TIC podem ser um instrumento facilitador para o cidadão, uma
vez que, por meio do uso das redes, é possível haver um maior acesso a todos os
tipos de informação, inclusive as públicas, exigindo maior transparência, maior
empenho, cobrando e colaborando para o desenvolvimento da nação.
É importante que o Estado desperte para a relevância da capacidade cívica e
social da promoção informacional, com a possibilidade de desenvolvimento de
coletivos inteligentes capazes de estabelecer relações mais democráticas entre
governo e sociedade civil, tornando evidente a implementação de mecanismos
democráticos como forma de participação no desenho e implementação de
políticas públicas (Ruediger, 2006).
Como afirma Jóia (2006, p. 260), “o caminho para se entenderem as disparidades
existentes na sociedade da informação em países em desenvolvimento passa,
inexoravelmente, pela análise contextual da inclusão/exclusão social”. Um
exemplo clássico são as lan houses, que se transformaram em um verdadeiro
fenômeno, principalmente nas periferias, explicado pelo fato de que são espaços
de convivência, de interação, troca de experiências e busca por informações que
estão disponíveis na rede. Tirando o uso diversional com os jogos e redes sociais,
elas têm sido um importante instrumento para a democratização da rede em
comunidades carentes, chegando onde muitas vezes os projetos de inclusão
digital, governamentais e não-governamentais, não chegam.
REFERÊNCIAS
NORRIS, P. Digital divide: civic engagement, information poverty, and the internet
worldwide. New York: Cambridge University Press, 2001.
TENÓRIO, F. G.; SARAVIA, E. J. Escorços sobre gestão pública e gestão social. In:
MARTINS, Paulo Emílio Matos (org.); PIERANTI, Octavio Penna (org.). Estado e gestão
pública: visões do Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: FGV, 2006. p. 107-132.
LUIS A. ALBORNOZ
Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidad de Buenos Aires
(UBA). Doutor pelo Departamento de Comunicación Audiovisual y Publicidad I da
Universidad Complutense de Madrid (UCM). Professor titular do Departamento
de Periodismo y Comunicación Audiovisual da Universidad Carlos III de Madrid
(UC3M). Integrante do grupo de pesquisa ‘Televisión-cine: memoria, representación
e industria’ (Tecmerin), UC3M. Especialista em políticas de comunicação e nas
transformações das indústrias culturais. Foi presidente da União Latina de Economia
Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (ULEPICC). Autor de numerosos
artigos e capítulos de livro, publicou as obras Al fin solos… La nueva televisión
del Mercosur (org., Buenos Aires, 2000), Periodismo digital. Los grandes diarios en
la Red (Buenos Aires, 2007), Cultura y Comunicación. Estado y prospectiva de la
cooperación española con el resto de Iberoamérica, 1997-2007 (org., Madrid, 2009),
Poder, medios, cultura. Una mirada desde la economía política de la comunicación
(org., Buenos Aires, 2011), e Televisión digital terrestre. Experiencias nacionales y
diversidad en Europa, América y Asia (org., Buenos Aires, 2012). Entre janeiro de
2008 e março de 2010 coordenou o Observatorio de Cultura y Comunicación da
Fundação Alternativas (OCC-FA).