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______________________________
Orientador
Flávio Luiz de Silva Bussamra, Prof. Dr.
______________________________
Co-Orientador
Sr. Joseph Kóvacs, Eng.
__________________________________
Homero Santiago Maciel, Prof. Ph.D.
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Campo Montenegro
São José dos Campos, SP, Brasil
2004
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MANÇO, Henrique Gustavo Alecrim Estudo e Desenvolvimento de um Sistema de Junção Asa-Fuselagem
de uma Aeronave de Treinamento Avançado. 2004. 95f. Dissertação de mestrado – Instituto Tecnológico de
Aeronáutica, São José dos Campos.
CESSÃO DE DIREITOS
_____________________________________
Henrique Gustavo Alecrim Manço
Estância Alzira S/N - Centro
CEP 14390-000 – Santo Antônio da Alegria – SP
ii
Prof. Flávio Luiz de Silva Bussamra, Dr. Orientador e Presidente da banca - ITA
Sr. Joseph Kóvacs, Eng. Co-orientador - EMBRAER
Prof. Paulo Rizzi, Dr. ITA
Alessandro Teixeira Neto, Dr. EMBRAER
ITA
iii
Dedicatória
Agradecimentos
Primeiramente a Deus, pela graça alcançada.
À minha namorada, Andréa, pelo amor manifestado no apoio irrestrito nos momentos difíceis,
pela compreensão e pela paciência.
Aos meus pais, Alzira e Vicente, e aos meus irmãos, Eduardo e Guilherme, pelo incentivo
irrestrito.
Ao meu orientador, Professor Flávio de Silva Bussamra, pelos ensinamentos que muito
contribuíram para o trabalho.
Ao meu co-orientador, Sr. Joseph Kóvacs, pelas lições de vida, sempre transmitidas com
entusiasmo e paixão pela aviação.
À minha prima Rosana Assis Manco, pelo apoio técnico na tradução do resumo.
Aos colegas Cleber Soares, David L. Machado, Enéias Freitas, Evandro R. Moreira, Gustavo
Isoni Paiva, Rogério Ruiz e aos demais colegas do Programa de Especialização em
Engenharia (PEE), que, de alguma forma, contribuíram para que este projeto fosse
concretizado.
v
Aos colegas Laudério Leonardo Botigelli Neto, Mauro Bruno Biasizzo e aos demais colegas
da EMBRAER, que, de alguma forma, contribuíram para que este projeto fosse concretizado.
E, finalmente, aos meus irmãos de república, José Henrique de Andrade Pinto e Marcos Gritti,
pela convivência e incentivo no dia-a-dia.
vi
Resumo
Este trabalho descreve o estudo de diversas configurações e metodologias de fixação
ataque leve. Trata-se de uma aeronave desenvolvida pelo grupo Treinador Avançado (TA) do
tensões e distribuição dos esforços, é realizada por elementos finitos e através de métodos
analíticos.
como um todo.
vii
Abstract
This task describes a study of several configurations and methodologies from wing
fixation to fuselage for conventional aircrafts, numbering its advantages, disadvantages and
advance pilot trained polyvalent aircraft, tactic support and air raid. This aircraft was
(ESP), with the partnership between Aeronautic Technologic Institute (ITA) and Aeronautic
This project is developed on a structural scope with the wing fuselage joint fasteners
distribution and tensions, is done by finite elements and through analytical methods.
The main structural elements, such as joint fasteners, are generated in the program
CAD, for visualization and verification of the integration between itself and the aircraft as a
whole.
viii
Sumário
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................ 5
4 CONCLUSÃO ................................................................................................... 85
x
5 TRABALHOS FUTUROS.................................................................................. 87
6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...................................................................... 88
APÊNDICE ............................................................................................................... 90
Índice de Figuras
Figura 1: Esboço de uma semi-asa com enflechamento de bordo-de-ataque (ΛLE ) ..............13
Figura 24: Leiaute das cavernas da fuselagem central (programa de CAD CATIA 3D)......... 56
Figura 25: Leiaute das cavernas da fuselagem traseira (programa de CAD CATIA 3D)........ 56
Figura 26: Leiaute das fuselagem completa e o revestimento (programa de CAD CATIA 3D)
.....................................................................................................................................57
Figura 27: Desenho básico da semi-asa esquerda do avião TA (programa de CAD CATIA 2D)
.....................................................................................................................................58
Figura 28: Leiaute das nervuras da semi-asa do avião TA (programa de CAD CATIA 2D) ..59
Figura 29: Leiaute da semi-asa esquerda do avião TA contendo as longarinas, nervuras e o
painel inferior (programa de CAD CATIA 3D).............................................................59
Figura 30: Leiaute da empenagem vertical do avião TA(programa de CAD CATIA 3D) ...... 60
Figura 31: Empenagem horizontal do avião TA (programa de CAD CATIA 3D) .................60
Figura 32: Seção típica da fuselagem central da aeronave TA (programa de CAD CATIA 2D)
.....................................................................................................................................62
Figura 33: Volume destinado ao tanque da aeronave TA (programa de CAD CATIA 3D)....64
Figura 34: Volume e integração dos principais sistemas do avião TA (programa de CAD
CATIA 3D) ..................................................................................................................64
Figura 35: Desenho expondo a interferência entre os fittings e a fuselagem na configuração de
junta de tração proposto no projeto do avião TA (programa de CAD CATIA 3D)........ 65
Figura 36: Idealização de um perfil de uma asa (MEGSON, 1999) ....................................... 67
Figura 37: Idealização: (a) estrutura real, (b) estrutura idealizada (MEGSON, 1999) ............ 68
Figura 38: Cálculo das áreas do perfil da junção asa-fuselagem (programa de CAD CATIA)
.....................................................................................................................................69
Figura 39: Idealização das áreas concentradas da junção asa-fuselagem (programa de CAD
CATIA)........................................................................................................................69
Figura 40: Modelo da semi-asa esquerda do avião (programa de CAE PATRAN) ................72
Figura 41: Pontos de aplicação do carregamento na semi-asa esquerda (programa de CAD
CATIA 3D) ..................................................................................................................73
Figura 42: Modelo do carregamento e das condições de contorno da semi-asa esquerda
(programa de CAE PATRAN), unidade em (N) ............................................................74
Figura 43: Representação das condições de contorno da semi-asa esquerda do TA (programa
de CAE PATRAN) ....................................................................................................... 75
Figura 44: Condições de contorno da junção asa-fuselagem do TA (programa de CAE
PATRAN) ....................................................................................................................78
xiii
Figura 45: Projeto das longarinas dianteira e traseira do TA (programa de CAD CATIA 3D)
.....................................................................................................................................81
Figura 46: Revestimentos Superior e Inferior do TA (programa de CAD CATIA 3D) ......... 82
Figura 47: Digitais dos revestimentos superior e inferior (programa de CAD CATIA 3D)...82
Figura 48: Digitais das longarinas dianteira e traseira (programa de CAD CATIA 3D)........ 83
Figura 49: Distribuição dos parafusos na junção asa-fuselagem do TA (programa de CAD
CATIA 3D) ..................................................................................................................83
Figura 50: Montagem do conjunto da seção central da asa....................................................84
Figura 51: Fator de carga para cada configuração de missão da aeronave TA ......................90
Figura 52: Especificação dos parafusos da junção asa-fuselagem.......................................... 93
Figura 53: Especificação do material da liga de alumínio Al 7075........................................ 94
Figura 54: Especificação do material da liga de alumínio Al 2024........................................ 95
xiv
Índice de Tabelas
Tabela 1: Característica, vantagens e desvantagens de configurações de ligação por olhais...39
Tabela 2: Descrição geral da semi-asa da aeronave TA.........................................................61
Tabela 3: Carregamento atuante na condição crítica da aeronave TA....................................66
Tabela 4: Dados da junção asa-fuselagem idealizada ............................................................70
Tabela 5: Cálculo do momento resultante em torno do eixo z (Mz)....................................... 70
Tabela 6: Tabela descritiva contendo os valores das cargas de tração e compressão obtidos
nos métodos analítico e computacional ......................................................................... 76
Tabela 7: Distribuição dos parafusos na junção asa-fuselagem do TA ..................................80
Tabela 8: Dados de entrada da planilha de cálculo do carregamento da semi-asa desenvolvido
pela Embraer ................................................................................................................91
Tabela 9: Dados de entrada da planilha de cálculo do carregamento da semi-asa desenvolvida
pela Embraer ................................................................................................................91
Tabela 10: Dados de saída da planilha de cálculo do carregamento da semi-asa desenvolvida
pela Embraer, unidades em DaN...................................................................................92
Índice de Gráficos
Gráfico 1: Relação entre a carga do boom e o seu respectivo nó .......................................... 76
1
1 INTRODUÇÃO
obtidas por engenharia genética e aviões são produtos de alto valor agregado, tornando-se
indústrias centralizadoras de conhecimento e, por meio delas, manter ou até mesmo ditar os
toda uma civilização como, por exemplo, ocorreu durante a Revolução Industrial, no final do
século XIX, que, com o advento da máquina a vapor, substituiu a tração animal.
Outro aspecto importante da tecnologia é a sua aplicação para fins militares, muito
evidenciados durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial, que deflagraram para vários
científico e tecnológico.
Como foi citada anteriormente, a indústria aeronáutica está entre os principais ramos
industriais com alto nível de tecnologia aplicada ao seu produto. É por isso que vários
como, por exemplo, o desenvolvimento de materiais compósitos, que hoje são aplicados
Vale ressaltar que o desejo insaciável do homem de querer voar contribui, e muito,
para tais progressos. Desde os primórdios da aviação aos dias atuais, muitos foram os que, de
2
que o Brasil muito contribui para tal: personagens como o jovem padre Bartolomeu Lourenço
dito Balão - que utilizou ar quente para ascender-se. Posteriormente vieram outros nomes,
entre eles, Júlio César Ribeiro de Souza, Augusto Severo de Albuquerque Maranhão e o
lendário Alberto Santos Dumont - este considerado pela grande maioria do meio aeronáutico
França, centro mundial da aeronáutica na época, o primeiro vôo com uma aeronave mais
pesada do que o ar, feito conseguido com o seu avião 14 Bis. O fato foi presenciado por um
empresas voltadas para a indústria aeronáutica - entre elas o Centro Técnico Aeroespacial
situado dentro do CTA em São José dos Campos – SP; a Sociedade Aeronáutica Neiva, na
década de 50, localizada em Botucatu - SP, incorporada pela Embraer em 1974 e a Empresa
1994, localizada em São José dos Campos – SP. Esta última é hoje a quarta maior empresa de
computador como ferramenta de trabalho auxiliando nas tarefas - não se podendo esquecer
que todo o conhecimento sobre o assunto ainda pertence ao ser humano, e que o computador é
uma máquina desenvolvida e manipulada. O mérito, bem como os erros, são e continuarão
Para a área de engenharia estrutural, o computador não tem tido um papel diferente. É
e dos mecanismos, como também a integração dos diversos sistemas, sem a necessidade de se
tempo: das sedas e madeira de baixo peso específico, ligas de aço, ligas de titânio e de
aplicabilidade aumenta progressivamente. Mas, qualquer que seja o material, quando utilizado
dela que todo o carregamento proveniente da sustentação gerada pela ação aerodinâmica
sobre asa e a tração do sistema de propulsão (caso esteja alocado sob a asa) são transmitidos à
fuselagem.
importância que ela representa para o projeto, existe pouco material bibliográfico disponível
para estudos. Na maioria dos casos, o tema abrange apenas um capítulo e é abordado de uma
maneira simplificada.
estudo das principais partes que constituem um avião e os métodos de junção asa-fuselagem.
No capítulo Trabalhos futuros, são dadas sugestões para projetos de estudos futuros a
2 DESENVOLVIMENTO
O sonho de voar sempre foi um dos mais belos, senão o mais belo, que a humanidade
almejou um dia. O que parecia ser um privilégio para alguns grupos de animais era, até então,
algo impossível. A idéia de se locomover no ar voando era inconcebível para o ser humano.
Mas então, como voar? Essa foi provavelmente uma das tantas perguntas feitas, a que não se
podia responder.
inspirado nos pássaros. Ao imitá-los, lançou-se literalmente aos céus. Foram dados, pois, os
primeiros passos para entender o ar - que o mesmo possuía peso (Aristóteles) - definir os
e que sua pressão decai com a altitude (Galileo, Roger Bacon e Pascal).
A partir do Século XVI, iniciou-se uma nova etapa, com Leonardo da Vinci, gênio do
Renascimento. Ele estudou o vôo dos pássaros e passou a vislumbrar formas de oferecer
também ao homem tal privilégio. Ele concluiu que o vôo realizado pelos pássaros era o
resultado do movimento relativo das suas asas com relação ao ar, resultando em uma força de
reação que gerava a sustentação necessária para se manter em vôo e, no intuito de imitá-los de
alguma forma, esboçou alguns ornitópteros – máquinas propulsadas pela força muscular do
Na prática, entretanto, a primeira nave voadora não imitou os pássaros, mas sim,
baseou-se no princípio da flutuação dos corpos mais leves que o ar, aplicando o princípio de
Arquimedes. A idéia pertence ao padre jesuíta italiano Francisco de Lana Tersi, que, em 1670,
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concebeu um engenho semelhante a uma caravela, suspenso por quatro globos que,
quente contido dentro de um envoltório. Ele ofereceu sua invenção ao rei de Portugal, D. João
V, para que fosse usada como instrumento de guerra, porém, por problemas de estabilidade e
Sir George Cayley, inglês, viveu de 1773 a 1857. Ele identificou as forças atuantes na asa e a
aplicação do ângulo de diedro, técnica amplamente aplicada até os dias atuais. Otto
Lillienthal, alemão, engenheiro civil, considerado o pai da mecânica do vôo, provou que “o
mais pesado que o ar” podia voar. Construiu e voou em aviões de asa fixa sem motor, já então
conhecidos como planadores, e fez mais de dois mil vôos até o trágico acidente, em 1896, que
lhe custou a própria vida. Cabe mencionar também os brasileiros Júlio César Ribeiro de Souza
Júlio César nasceu em 1843, na vila de São José do Araçá, província do Pará. Augusto
Severo nasceu em 1864, na cidade de Macaíba, RN. Eles transferiram-se para Paris para
conceber suas invenções. Júlio César construiu alguns balões e Augusto Severo, alguns
dirigíveis, tendo sua vida interrompida em um trágico acidente com o dirigível “PAX”. Ele
estava a uma altura de aproximadamente 400 m, quando ocorreu uma explosão ateando fogo
pesado que o ar” - denominado aerodino, existem controvérsias. Há quem atribua o feito a
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Clement Ader, francês, com seu avião “Avion 3”, que teria voado no ano de 1897. O termo
avião foi atribuído por ele. Mas (OLIVEIRA, 1966) contesta veemente a atribuição a Ader da
criação do avião, apresentando inúmeras citações (algumas delas elaboradas pelo próprio
Ader) que comprovam a ilegitimidade do vôo descrito por ele. Diz ainda que a experiência de
Ader não foi mais do que um simples salto e não um vôo propriamente dito.
Há quem atribua a proeza aos irmãos americanos Wright, que voaram no dia 17 de
dezembro de 1903 nas dunas de Kill Devil Hills, Kitty Hawk, Carolina do Norte - E.U.A. O
feito é contestado por não existir comprovação técnica e por eles terem utilizado uma
catapulta para a decolagem. Recentemente foi construída uma réplica para comprovar o feito
comemorar o primeiro centenário do primeiro vôo. O estudo não conseguiu repetir a façanha
Outro nome é Santos Dumont, brasileiro, filho de franceses. Mudou-se para Paris onde
se tornou leitor fiel de Júlio Verne, um aviador por natureza que sonhava, um dia, dar a volta
ao mundo em um balão. Santos Dumont começou, ainda no final do Século XIX, a construir
balões e já em 1901, com o seu balão SD-6, disputou o prêmio Deutsch de la Meurthe, cujo
itinerário era contornar a Torre Eiffel no prazo de 30 minutos. Três anos depois, Santos
Dumont lançou livros e em seguida iniciou experiências com “o mais pesado que o ar”. Criou
balão SD-14 (daí o nome 14-Bis) e decolou com a força do motor. Confiante, organizou a
Passado apenas um século desde o primeiro vôo, a aviação evolui a passos largos,
Segunda Guerra Mundial, quando, já na primeira ocasião, o avião passou a ser utilizado como
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superiores a Mach 1, quebrando assim a até então insuperável barreira do som. Hoje ele pode
fazer uma viagem transcontinental em poucas horas, ir de Nova York a Paris, por exemplo,
em apenas três horas e meia, transportando uma grande quantidade de pessoas com todo
conforto e segurança. O que mais impressiona é o fato de que a evolução do avião parece não
que ela servirá, isto é, quais são as necessidades a que deverá atender, sejam elas um conjunto
gerados pela própria indústria aeronáutica, no intuito de se antecipar o que os futuros clientes
projeto conceitual;
projeto preliminar;
projeto detalhado.
Nessa fase, geralmente, são levantadas diversas discussões, tais como: “é a aeronave capaz de
cumprir os requisitos propostos de maneira que a mesma seja viável?”, caso contrário, “que
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Todo esse processo ocorre de uma maneira interativa, e idéias e problemas novos
emergem em ordem crescente à medida que o projeto é investigado. A cada passo, o projeto é
vistas da aeronave que possa passar, de maneira confiável, para a etapa seguinte do projeto.
Embora possam se esperar outras mudanças, revisões maiores não irão ocorrer caso o esforço
Pode-se dizer que o projeto preliminar começa quando não há maiores mudanças na
É durante o projeto preliminar que os especialistas das mais diversas áreas, tais como,
estrutura, aerodinâmica, sistemas de controle, etc., irão projetar e analisar as suas respectivas
partes do projeto. Uma atividade chave durante esta etapa é a traçagem ou geração da
aeronave, denominada lofting, que consiste em uma modelagem matemática da parte externa
da aeronave, com precisão suficiente para assegurar um ajuste aprimorado entres as diferentes
partes. O objetivo final é direcionar a indústria para um estágio detalhado, também chamado
A fase do projeto detalhado começa quando se tem uma posição favorável para que
partindo dos menores e mais simples subsistemas, até chegar ao processo de montagem final.
foram realmente cumpridos. Vale ressaltar que quanto mais se progride, maior é a quantidade
fuselagem;
asa;
trem-de-pouso;
conjunto moto-propulsor.
2.3.1 Fuselagem
estrutura básica do avião, uma vez que os outros componentes estão ligados a ela. Possui a
função de acomodar a tripulação e a carga paga, seja ela constituída de passageiros e/ou de
cargas. Esta função deve ser cumprida de maneira que o peso estrutural e o arrasto sejam o
mínimo possível.
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arrasto de atrito;
arrasto de forma;
arrasto induzido;
arrasto de onda.
fricção do escoamento, Cf, que, por sua vez, é em função dos números de Reynolds e de
Mach.
também, à razão de esbeltez, dada pela relação entre o comprimento, Lf, e o diâmetro da
fuselagem, df, ou diâmetro equivalente, para o caso de uma fuselagem com seção transversal
não circular.
Surge para aeronaves que voam em alta velocidade. No caso de aviões de transporte,
voando na faixa transônica, o arrasto de onda deve ser minimizado e, para tanto, procura-se
2.3.2 Asa
é obtida por meio da ação dinâmica que o ar exerce sobre a mesma, equilibrando assim, o
peso da aeronave. O seu projeto deve ser tal que, maximize a sustentação e minimize o arrasto
total. Esta relação é dada pela equação da polar de arrasto: razão entre o coeficiente de
No projeto de uma asa existem alguns parâmetros que podem ser modificados no
alongamento;
enflechamento;
afilamento;
torção;
ângulo de diedro.
2.3.2.1 Alongamento
área de referência, S. Quanto maior é o alongamento, mais afastados estão os vórtices gerados
nas pontas da asa e, portanto, o escoamento na parte central da mesma tem características
na asa. Para asas com baixo alongamento, o caráter tridimensional do escoamento se estende
por toda a envergadura e o escoamento na parte central apresenta diferenças acentuadas com
relação ao escoamento sobre um aerofólio. Porém, para uma relação maior do que oito tal
também, quanto a problemas de ordem estrutural, uma vez que os esforços na raiz da asa são
2.3.2.2 Enflechamento
O enflechamento é definido pelo ângulo dado entre uma linha horizontal perpendicular
supersônico. Portanto, o número de Mach pode ser decomposto nas direções normal e
componente normal, a qual tem efetividade para produzir sustentação. Com isto, embora a
aeronave seja projetada para voar em um número de Mach de cruzeiro ,M, o escoamento
efetivo sobre os perfis tem número de Mach igual a M*cos(ΛLE ), onde ΛLE é o ângulo de
desejável, pois pode diminuir o peso estrutural da asa e aumentar o espaço disponível para
enflechamento deve ser minimizado, uma vez que o seu aumento acarreta redução do valor do
ponta da asa, devido ao fato de que a distribuição de Cl ao longo da envergadura alcança seu
valor máximo na região mencionada acima. Para asas com alongamento elevado, o centro de
gravidade da aeronave, CG, pode estar localizado à frente da região onde o estol tem início.
Portanto, devido à perda de sustentação nesta região, o restante da envergadura da asa gera
Esta é uma característica indesejável e perigosa para uma aeronave, pois pode levar ao
chamado deep stall, no qual o piloto fica incapaz de reduzir o ângulo de ataque, para que a
aeronave possa sair da condição de estol. Asas com esta característica podem ser usadas em
aeronaves nas quais a empenagem horizontal tem grande efetividade na condição de estol e
pode compensar e ainda exceder os valores de momento gerados pela asa, de maneira que o
Neste caso, o enflechamento e o ângulo de diedro devem ser ajustados para que não se tenha
excesso de estabilidade, o qual pode provocar problemas na qualidade de vôo. É por causa
deste problema que aeronaves asa-alta, situação que favorece o aumento de estabilidade, e
frente ou para trás (o efeito na redução do número de Mach efetivo é o mesmo). No entanto,
15
asa devido ao efeito de divergência torcional que limita bastante a pressão dinâmica máxima
ou a velocidade.
Embora o enflechamento não seja necessário para aeronaves que voam no regime
baixo subsônico, vários aviões que operam neste regime possuem asas enflechadas. Nestes
casos, ele é normalmente usado para resolver algum problema associado à adoção de
centro de pressão, Xcp, da asa, ponto de aplicação das forças aerodinâmicas. Para aviões
subsônicos, o centro de pressão é localizado próximo a 1/4 da corda média aerodinâmica, com
algumas aeronaves, existem restrições para a posição da fixação da asa na fuselagem, sendo
que isto pode resultar em uma distância inadequada entre o CG e o Xcp. Para resolver isto,
entre o CG e o Xcp, pode-se projetar uma asa enflechada para trás, para garantir a estabilidade
da aeronave.
da aeronave para fornecer controle direcional. Devido a isto, é importante que a distância
entre a mesma e o CG tenha um valor adequado. Existem aeronaves com empenagem vertical
localizada nas pontas das asas. Neste caso, o enflechamento da asa é usado para incrementar a
distância mencionada acima e, com isto, evitar que esta empenagem vertical tenha área muito
elevada.
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2.3.2.3 Afilamento
asa, ct, e o comprimento da corda do perfil na raiz da asa, cr, representado pela letra grega λ.
obtida por uma asa com distribuição de cordas elíptica, como no caso da aeronave Spitfire,
que teve grande sucesso nos combates da 2a Guerra Mundial. No entanto, tal tipo de asa é de
difícil construção e de custo inicial elevado. Uma solução barata e de fácil construção é a
da envergadura alcança seu valor máximo em uma posição que depende do valor do
afilamento. Quanto menor for λ, mais próximo da ponta de asa encontra-se-á o valor máximo
da distribuição de Cl. Neste caso, valores muito baixos de λ acarretam estol na região da
ponta da asa, onde estão posicionadas as superfícies de controle de rolamento, sendo esta uma
situação que deve ser evitada, como discutido anteriormente. Devido a este problema, o
projetista de uma asa deve evitar valores de afilamento menores que 0,2.
dados que mostram o impacto que este parâmetro tem sobre o desempenho da aeronave.
A asa retangular (λ = 1) é mais fácil de ser construída e mais barata e, por isto, é
A asa sem enflechamento, porém, com afilamento λ = 0,45, possui arrasto induzido
apenas 1% maior que o de uma asa elíptica. Deve-se mencionar que este valor de afilamento é
aquele que produz o menor arrasto induzido para uma asa sem enflechamento e sem torção.
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cruzeiro, ele possui contribuição ainda menor. Desta forma, o carregamento não necessita ser
ajustado perfeitamente a uma distribuição elíptica, permitindo que o projetista tenha alguma
sustentação de uma asa enflechada requer um valor menor de afilamento do que aquele
requerido para uma asa não enflechada. Este aspecto é muito prejudicial quando se considera
enflechamento quanto a redução do afilamento tem a tendência de levar para a região da ponta
Vale ressaltar que o afilamento tem a vantagem de reduzir o peso estrutural da asa,
Reynolds ao longo da envergadura. Esta variação pode acarretar redução do Clmax dos perfis
implementados nas estações da região da ponta da asa. Com isto, a tendência da asa afilada
2.3.2.4 Torção
A torção dos aerofólios ao longo da envergadura da asa pode ser de dois tipos, torção
A torção geométrica é definida pelo o ângulo formado entre as cordas dos perfis da
raiz e da ponta. Com relação ao plano horizontal, ver Figura 2. O perfil da ponta pode estar
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ajustado a um ângulo menor que o perfil da raiz, neste caso, diz-se que a torção é wash out, e
envergadura da asa, desde que estes tenham diferentes ângulos para sustentação nula (αo).
Isto ocorre quando a linha de arqueamento dos aerofólios varia ao longo da envergadura.
No projeto de uma asa pode-se utilizar uma das torções ou a combinação de ambas. Os
ângulos de ataque de cada estação da asa, entre as estações da raiz e da ponta, podem, em
princípio, seguir qualquer tipo de variação ao longo da envergadura, porém, em geral, esta
variação é linear.
alcança seu valor máximo, sendo esta a posição onde o estol da asa é iniciado;
induzido. Quanto maior for a torção usada para a otimização do carregamento, piores
19
serão os resultados para outros valores de Cl, fora do ponto de projeto. É por esta razão
Como discutido anteriormente, uma asa sem torção, com enflechamento para trás e
com afilamento pode ter seu carregamento ajustado de maneira a se aproximar da distribuição
elíptica, porém, a distribuição de Cl alcança o seu valor máximo na região da ponta da asa.
Para resolver este problema, pode-se implementar uma torção wash out, de maneira a reduzir
os valores de Cl das estações próximas à ponta. Esta redução está associada à diminuição do
e ajusta-se à torção wash out, de maneira a mover o ponto de máximo Cl para a parte interna
da asa. Este procedimento ajusta a posição onde ocorre o início do estol ao longo da
elíptica. Por fim, mantendo-se a torção fixada, modifica-se novamente o valor do afilamento,
de modo a ajustar o carregamento. Para fazer este ajuste o afilamento foi aumentado, sendo
isto favorável no sentido de deslocar a posição de início de estol para a parte interna da asa e,
O processo descrito acima deve prosseguir até que se fixe o início do estol em uma
posição mais interna - fora da superfície dos ailerons - e o carregamento esteja próximo da
distribuição elíptica.
mínimo, ou muito próximo do valor mínimo, quando o escoamento estiver alinhado com esta
20
referência. Deve-se lembrar que, durante o vôo de cruzeiro, o piso da cabine de passageiros
Para definir o ângulo de incidência, pode-se escolher aquele que for mais conveniente
Estações da raiz e da ponta podem ser usadas de maneira que a torção fique explícita.
Para determinar este ângulo, deve-se ter a curva Cl x α da asa, onde α é o ângulo que o
escoamento não perturbado faz com a estação especificada para definir a incidência.
produzir o valor do Cl de cruzeiro e o menor valor possível para o coeficiente de arrasto, pois
a fuselagem estará alinhada com a direção mais favorável do ponto de vista do arrasto.
passado, os quais podem ser aplicados como estimativa inicial para aeronaves classificadas
como homebuilt, 2o; transporte, 1o; e militar, 0o. Esses valores são referentes a asas sem
torção. Para asas com torção, devem-se usar os mesmos valores, porém, eles devem ser
encarados como o ângulo entre a referência da fuselagem e a estação intermediária entre a raiz
e a ponta.
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O ângulo de diedro é definido pelo ângulo entre uma linha horizontal perpendicular à
estabilidade causa dificuldades na pilotagem e, em geral, os aviões são projetados para serem
estáveis. Por outro lado, estabilidade em excesso está associada à falta de manobrabilidade da
aeronave, essencial para aviões de combate e de acrobacias. Devido a isto, a estabilidade deve
ser ajustada para que a aeronave tenha boas características de qualidade de vôo.
possui efeito de incrementar a estabilidade lateral. Porém, o valor fixado para este parâmetro
está muito ligado à espessura relativa máxima, t/c, onde, t, é a espessura do aerofólio e, c, o
comprimento da corda do aerofólio, e este enflechamento pode ser usada como estimativa
enflechamento não devem ser feitas para se corrigir algum problema na estabilidade da
aeronave, pois causariam um impacto razoável sobre o peso, o arrasto induzido e a posição
da aeronave. Quando a escolha da posição da asa não for ditada por considerações de máxima
decisivo.
Existem três alternativas distintas para a posição vertical da asa em relação à fuselagem:
Figura 3: Esboço geral da posição vertical da asa em relação à fuselagem: (a) asa-alta, (b)
asa-média, (c) asa-baixa.
asas enflechadas;
ficam bem longe do solo, devido à localização da asa, não sendo necessária a instalação
pistas precárias;
possibilidade de a asa ser contínua através da fuselagem, isto é, asa passante. A asa, ao
passar sobre a fuselagem, faz com que a estrutura de fixação da junção da asa com a
fuselagem não necessite ser tão reforçada, obtendo-se dessa forma uma configuração
mais leve;
margem maior para que as pontas da asa não toquem o solo na manobra de rolamento,
Mas, em geral, não é possível que a fuselagem tenha formato cilíndrico e, portanto,
ocorre um incremento da área frontal da aeronave que, por sua vez, tem arrasto e peso
pode ser incrementado devido aos aumentos da área frontal e da área molhada. Na
posicionado abaixo da asa. Para o caso de asa-baixa, este tipo de solução de projeto não
visibilidade superior comprometida para aviões leves, pois o centro de gravidade fica
muito próximo da cabine do piloto. Com isto, a asa é localizada logo acima da cabine
Aplicação:
de flapes com múltiplos elementos, que são defletidos com ângulos elevados. Neste
caso, a configuração com asa-alta é vantajosa por permitir tais dispositivos sem a
em aeronaves leves, quando têm baixa velocidade de cruzeiro, pode-se utilizar suportes
que fixam a asa à parte inferior da fuselagem. Com isto, pode-se projetar uma asa
ângulos-de-ataque é minimizada.
25
Na maior parte dos casos, a seção de fuselagem onde está montada a asa é quase
cilíndrica e, com isto, o descolamento do escoamento sobre a raiz da asa em altos ângulos-de-
ataque é minimizado. Para tanto, as carenagens da raiz da asa devem ser pequenas. Essa é a
razão pela qual são encontradas muitas aeronaves de treinamento e de combate com essa
configuração.
Aspectos favoráveis:
apresenta o menor valor de arrasto devido à interferência, sem que a carenagem seja
implementada;
bom espaço entre o solo e os motores a jato ou a hélice fixados à asa. Em geral, não há
Aspectos desfavoráveis:
fuselagem. Para se transmitir as cargas geradas nas semi-asas para a fuselagem, podem-se
utilizar a estrutura chamada de caixa da asa wing box, na qual são ligadas as duas semi-
asas. Neste caso, esta estrutura ocupa o meio da fuselagem e divide a cabine de
Aplicação:
realizar esta tarefa. Permite também uma boa visibilidade traseira - aspecto este
estabilidade látero-direcional ser neutra. Estes aviões precisam ter desempenho razoável
Aspectos favoráveis:
constitui uma grande massa de absorção de energia. Caso o pouso forçado seja na água,
a linha de submersão ficará a uma altura tal que permitirá um tempo maior para
evacuação do avião. Vale ressaltar que nem todas as aeronaves têm certificação para
cabine;
27
necessita ser muito grande para permitir o giro da aeronave por ocasião da decolagem.
apenas possível se a fuselagem estiver a uma altura mínima adequada acima da pista,
possível, em geral, devido à altura da fuselagem, que permite um maior ângulo para
Aspectos desfavoráveis:
solo e a ponta da hélice (ou ao motor a jato). Neste caso, ocorre um aumento do peso
passageiros fica a uma altura razoável em relação ao solo. Como conseqüência, existe a
como a asa está mais próxima do solo, pode ser necessário aumentar o ângulo de diedro
para se evitar que a ponta da asa bata no solo, no caso de um pouso mal feito. Este
incremento no diedro pode acarretar aumento da área da empenagem vertical para ajuste
Aplicação:
na aviação geral. Esta configuração é mais indica para essa classe de aeronave, mas
existem ainda muitos monoplanos do tipo asa-alta. No entanto isto pode ser considerado
mais uma tradição das empresas que os fabricam do que propriamente um aspecto
técnico.
29
uma vez que todo esforço proveniente da sustentação da aeronave provido pela asa é
principalmente às que operam nos regimes subsônico e transônico, onde a variação das
condições de vôo não é tão evidente como a presente no regime supersônico e também,
Para otimizar o projeto de tal forma que o mesmo se torne mais eficiente e econômico,
o arranjo da asa é configurado numa posição na qual a aeronave tenha excelente desempenho
em cruzeiro, uma vez que o tempo de vôo é quase na sua totalidade despendido neste trecho.
pista, mas que podem ser melhoradas introduzindo superfícies hipersustentadoras de bordos
distâncias de pouso e decolagem. Porém esses sistemas ocasionam incremento de peso e, por
Asa com enflechamento variável tem como principal característica boa qualidade de
apresenta restrições de projeto por problemas de fadiga estrutural - aspecto este que fez com
que o departamento de força aérea americana reavaliasse seus projetos, ao constatar, através
de estudos, que na década de setenta ocorreram falhas catastróficas nas aeronaves F111 por
fadiga estrutural. A partir deste momento, os projetos que até então eram desenvolvidos
dano. A carenagem da junção da asa-fuselagem deve ser adequada nas duas configurações. O
enflechadas deve ter a tendência de começar na região mais próxima da ponta da asa, devido
conjunto atuador nas duas semi-asas para que não ocorra assimetria e cada semi-asa esteja
pivotada a um ponto, o que determina que nele se aplique a filosofia de projeto fail safe.
A posição vertical da asa em relação à fuselagem pode determinar qual o tipo de asa
que uma dada aeronave deve possuir. Essas asas podem ser classificas em dois tipos: asa-
passante e não-passante.
por possuir excelente rigidez estrutural, uma vez que a estrutura da asa se estende por toda a
sua envergadura - excelente característica contra esforços repetitivos e baixo peso estrutural.
Em aeronaves do tipo asa-alta e asa-baixa, este inconveniente não é tão acentuado, pois se
faz a junção asa-fuselagem sem que se interrompa a área da fuselagem destinada à carga paga.
Em aeronaves asa-alta, a asa fica acima do teto e, em asa-baixa, a asa fica abaixo do piso,
como mostrado em Figura 4 (a) e Figura 4 (b), respectivamente. Isso justifica o porquê de
serem preferidas em aeronaves comerciais.
Asa Seção de
asa-passante
Caverna de junção
asa-fuselagem
Caverna de junção
asa-fuselagem
Asa
Seção de
asa-passante
(a) conf. de asa-alta passante (b) conf. de asa-baixa passante
Figura 4: Esboço de configurações de asa-passante: (a) asa-alta, (b) asa-baixa (Niu, 1988)
meio é inevitável, como visto na Figura 5(b). Esta é a razão pela qual este tipo de
configuração é raramente aplicado na aviação comercial (uma exceção é a aeronave HFB 320
Seção de asa
não-passante
(a) conf. de asa-média não-passante (b) conf. de asa-média passante
Figura 5: Esboço de configurações de asa-média não-passante (a) e passante (b) (Niu, 1988)
inteiriça, isto é, a asa não constitui uma única peça. Portanto a asa-passante pode ser sub-
por possuir uma pequena envergadura, o que facilita a utilização de longarinas que se
propriedade mecânica do material no qual as longarinas são constituídas, que limita o ângulo
máximo de dobramento da longarina, o qual deve ser igual ou maior que o ângulo de
produção.
quais duas semi-asas são unidas diretamente uma à outra e, posteriormente, unidas à
planador.
grande para impossibilitar a dobra das longarinas, recorrendo-se assim à aplicação de uma
estrutura central na asa entre as duas semi-asas, denominada seção central da asa ou stub (do
inglês).
O stub é uma parte integrante da asa fixa à fuselagem. Ele é, na sua essência, uma
caixa que possui, nas laterais direita e esquerda, a forma do perfil da semi-asa no plano da
junção asa-fuselagem. Geralmente esse perfil compreende somente a parte oriunda do caixão
central da asa, delimitado pelas longarinas dianteira e traseira, por onde são transmitidos os
perpendiculares à linha de eixo do avião. Isso caracteriza uma quebra na direção dos ângulos
Figura 6: Esboço de uma seção central da asa, aeronave Fokker 100 (Fokker, 1990)
34
na região de intersecção asa-fuselagem. Esta asa interrompida possui menor rigidez estrutural,
o que gera a necessidade de uma estrutura mais robusta e conseqüentemente mais pesada.
aplicada somente quando a solução anterior for inviável. Esta restrição se dá pela posição
central do motor à fuselagem, o que impede a asa de ser contínua ao longo da fuselagem. Isto
geralmente ocorre em aviões asa-média, que se restringem basicamente aos aviões militares
A asa é essencialmente uma viga que transmite todo o esforço de sustentação do avião,
proveniente da ação aerodinâmica sobre o perfil da asa, considerada força primária. Existem
ainda outros esforços ditos secundários que atuam na asa e que podem ser considerados:
pressão interna do tanque de combustível quando o mesmo existir na asa; fixação do trem-de-
pouso quando for localizado na asa; e superfícies hipersustentadoras. De posse de toda a carga
atuante na asa, é preciso determinar a forma na qual ela é transmitida para a fuselagem,
Esforço cortante;
Momento fletor;
Momento torçor.
reforçadores e revestimento. Para resistir aos esforços, busca-se sempre a melhor relação
de asa: com uma longarina, aplicada na aviação de pequeno porte onde os esforços são
pequenos. Com duas ou três longarinas, possuindo uma excelente relação rigidez
longarinas, aplicada geralmente a aeronaves de asa delta que operam no regime supersônico -
são asas complexas que possuem baixa espessura relativa do perfil aerodinâmico.
o número de nervuras.
paralela à trajetória de vôo. Aplicada em casos onde se deve manter uma rigidez no
reforçadores aplicados para delimitar a distância entre painéis para que os mesmos não
momento fletor. Essa decisão deve ser tomada antes mesmo de se iniciar o projeto de
36
trabalha em compressão. Vale ressaltar que o revestimento pode ser responsável por cinqüenta
reforçadores são constituídos do mesmo material base usinado, até atingir a forma final,
muitas vezes complexa (este processo vem a cada dia sendo mais aplicado, devido ao advento
dos avanços tecnológicos nos processos de usinagem); e não-integral, metodologia que requer
montagem uma vez que o painel e os reforçadores são constituídos de diferentes peças. A
montagem é feita utilizando elementos como clip e rebites. Este processo permite formas
A junção por olhal ou Lug, termo em inglês muito difundido no meio aeronáutico, é
constituída por alças de ligação que, no caso, ligam a raiz das longarinas à fuselagem, onde é
fixada a semi-asa. Essa ligação é feita através de pinos pelos quais são transmitidos os
esforços pelo plano de cisalhamento do material. Uma disposição típica de olhais nas
Figura 7: Esboço de uma semi-asa com junção por olhais (Niu, 1988)
37
A ligação nas duas longarinas é feita basicamente através de três olhais. Dois, na
longarina principal, posicionados um sobre o outro, são responsáveis pela transmissão dos
torçor e principalmente pelo momento fletor, este último mais preponderante. E ainda um
outro na longarina auxiliar, responsável pelo esforço cortante vertical e pelo momento torçor.
Este tipo de junção é aplicado na maioria das asas carregadas levemente e presente em
aeronaves militares de combate asa-média com alto ângulo de enflechamento, por ser uma
posicionada na região onde a semi-asa é mais solicitada (geralmente à frente, onde se localiza
a longarina dianteira) e uma longarina auxiliar posicionada mais atrás. Mas no caso de
aeronaves militares de combate com alto ângulo de enflechamento para trás, as longarinas
Figura 8.
Carregamento na
Carregamento
longarina dianteira
aerodinâmico
Longarina principal
Cisalhamento
Momento
Longarina principal
Cisalhamento
Momento
Carregamento na
longarina traseira
Figura 8: Exemplo de um carregamento de uma semi-asa de ligação por olhais (Niu, 1988)
38
subconjunto onde todo carregamento proveniente dela é transmitido à fuselagem através dos
olhais e o revestimento não trabalha, o que requer uma maior rigidez estrutural que é obtida
estrutural, uma vez que o carregamento se faz de forma pontual; e exigência de alto controle
distintas, como mostra a Figura 9. Cada configuração possui sua característica com vantagens
Configuração A
Configuração B
Configuração C
mitares de ataque cuja asa possua perfil aerodinâmico fino; não exigir tanto domínio sobre o
tema quando comparado com outros sistemas de junção. Em contrapartida, tem como
articulações de portas;
atuando juntos, uma vez que a resistência de um pode influenciar na resistência do outro. Os
40
olhais devem ser dimensionados conservativamente, visto que seus pesos são relativamente
fabricação e do controle dimensional dos quais eles são concebidos (Niu, 1997).
Este método tem bases teóricas e ganha validade após ser verificado através de testes.
cisalhamento com espessura uniforme e com cargas estáticas aplicadas segundo a direção de
Olhal macho
Olhal fêmea
Aplicar fator de junta de tração (λ), λ=1,15, tanto para tensão de escoamento como
Ao considerar os fatores citados no tópico anterior, a MS do olhal deve ser maior que
20%;
testar o olhal;
A relação entre a espessura e o diâmetro do olhal deve ser maior que 0,3;
A direção dos grãos do material do olhal (L, LT e ST) deve ser cuidadosamente
Figura 12: Orientação dos grãos do material dos olhais (Niu, 1997)
42
A junção por junta de tração é feita por parafusos fixados na extremidade da longarina
junto a fuselagem (como mostra a Figura 13) e/ou através de uma seqüência de parafusos
fixados por todo perímetro da junção do caixão central da semi-asa, compreendido pelos
painéis superior e inferior, com a seção central da asa (como mostra a Figura 14). Sua
denominados no meio aeronáutico brasileiro. Vale ressaltar que, apesar do nome ser junta de
de combate.
Junta superior da
longarina traseira
Junta superior da
longarina dianteira
Figura 13: Exemplo de junção por junta de tração nas longarinas; aeronave Beech King
Air 90 (Roskam, 1989)
43
Figura 14: Exemplo de junção por junta de tração, aeronave Concorde (Niu, 1988)
aeronaves militares de ataque cuja asa possua perfil aerodinâmico fino; pouca exigência de
domínio sobre o tema quando comparado com outros sistemas de junção. E como
As juntas de tração são estruturas concebidas para alojar os parafusos e resistir aos
configurações de junta de tração: angle, channel e double angle, como mostra a Figura 15.
(a) conf. Channel (b) conf. angle (c) conf. Double angle
Figura 15: Configurações de junta de tração: (a) channel, (b) angle, (c) double angle
(Niu, 1997)
44
reforçadas de suporte. As duas paredes devem ser fixadas para transferir os esforços da junta
reforçadas de suporte, nas quais o centro das paredes da junta de tração são fixadas ao
inferior da junta de tração são reforçadas o suficiente para transmitir a força de reação.
maneira pela qual a junta de tração é fixada na estrutura através da base e não mais pela
parede. Este tipo de estrutura é aplicado principalmente em pilones montados sob a asa e em
Esses elementos devem ser pré-dimensionados conservativamente uma vez que seus
pesos são relativamente baixos em relação à função que eles exercem e também devido à
ganho em produção;
45
necessidade de realizar cortes nas cavernas de pressão para a passagem dos mesmos;
caixão central da asa, caso crítico quando o mesmo constituir tanque de combustível.
fuselagem
Figura 16: Exemplo de aplicação de junta de tração tipo channel, Aeronave F16
(Niu, 1997)
2.6.2.1 Pré-dimensionamento
em uma dada aplicação, adotar o maior valor dos dois citados nos dois itens anteriores;
aplicações excêntricas geram tensões residuais e, para anular tal efeito, recomenda-se
a tensão última de tração (Ftu) do material deve ser maior que uma vez e meia a tensão
é recomendado utilizar material forjado uma vez que o mesmo promove uma melhor
orientação dos grãos do material, juntas usinadas são produzidas a partir de placas ou
forjados cujos grãos são cuidadosamente orientados nas direções (L, LT e ST);
parafusos altamente carregados sob tensão devem ser montados com uma arruela sob a
deve-se manter excentricidade e uma distância mínima para que o parafuso não
momento excêntrico;
resistir às cargas de reação e prevenir falhas prematuras nas paredes da junta de tração.
Parafuso
Arruela de tração
escareada
chanfro
Figura 17: Esboço de uma montagem de arruela escareada ou chanfrada (Niu, 1997)
47
utilizar regiões livres onde são realizadas as fixações dos parafusos, conhecidas como
parafuso-arruela;
fazer tratamento por jateamento das peças após o processo de usinagem, melhorando a
aplicar uma pré-carga de tração tanto na junta de tração, como também no parafuso
Furos dos
fixadores
Sela da arruela
spotface
arruela
Figura 18: Esboço de sela de arruela spotface de uma junta de tração tipo angle
(Niu, 1997)
48
cisalhamento ou splices - como são comumente conhecidas - posicionadas nas longarinas das
duas semi-asas, quando a junção for feita unindo as duas semi-asas diretamente uma à outra.
Essas placas de cisalhamento são posicionadas tanto sobre as mesas superior e inferior como
Parafuso de Splice
mesa superior
fixação
Splice
Parafuso
alma de fixação
Splice
mesa inferior
Figura 19: Esboço de junção asa-fuselagem por placas de cisalhamento (Roskam, 1989)
Outra maneira é através da seção central da asa. Este tipo de junção possibilita ao
Isto é possível unindo-o aos painéis superior e inferior da seção central da asa através de
Alma da
nervura
Corte A-A
Figura 20: Esboço de junção de revestimento por placas de cisalhamento (Niu, 1988)
O nome placa de cisalhamento se dá pelo fato de que as placas utilizadas para unir as
material que é unido por rebites ou parafusos, estes últimos muito mais freqüentes.
A junção por cisalhamento pode ser classificada como simples ou dupla: simples
quando se utiliza apenas uma placa de cisalhamento na parte interna da junção fixada à alma
dupla quando se tem, além da placa de cisalhamento descrita anteriormente, uma adicional
As vantagens são o baixo peso estrutural e melhor característica contra falha por
Existem ainda aspectos peculiares de cada projeto a serem analisados para se aplicar a
metodologia de placas de cisalhamento que podem implicar ou não sua utilização, como, por
exemplo, a restrição quanto à espessura da placa da qual será confeccionado o painel da asa.
Este fato ocorreu no projeto da aeronave Embraer 190, da Embraer, que não utilizou, no
projeto da asa, junção por tração no intradorso como o fez no extradorso, pois a espessura da
50
placa estava acima da medida na qual o fornecedor assegurava não haver micro fissura interna
que o carregamento é suficientemente grande e pode ser considerado na análise dos cálculos,
fuselagem também tem tensão de cisalhamento que pode ser considerado devido à
pressurização da cabine.
com o menor peso e custo possível, isto é, determinar o equilíbrio de projeto. Considerando,
como exemplo, um caso em que a placa ou revestimento possua uma margem de segurança de
10%, então o rebite também deve ter aproximadamente a mesma margem de segurança.
vez que o incremento de custo proporcionado por eles é secundário quando comparado com o
3 ESTUDO DE CASO
Para o projeto, foram estabelecidos alguns requisitos que a aeronave deveria cumprir.
baixos custos de aquisição e operação, capaz de realizar missão de ataque leve, o que gerou
T / W > 0,7;
determinar qual delas melhor atenderia às necessidades do projeto. Nessa linha de raciocínio,
52
por um motor turbofan, cabine biposto na configuração tandem, como mostra a Figura 21.
uma configuração convencional, deu-se pelo fato de a aeronave poder cumprir os requisitos
Figura 21: Desenho de três vistas da aeronave TA (programa de CAD CATIA 3D)
54
fuselagem, por sua vez, foi subdividida em três partes: fuselagem dianteira, compreendida do
nariz do avião até a caverna onde ocorre a intersecção com a longarina dianteira da seção
delimitada pelas longarinas dianteira e traseira da asa; e fuselagem traseira, que se estende
desde a caverna onde ocorre a intersecção com a longarina traseira da seção central da asa até
3.2.1 Fuselagem
traseira, como mencionado no item anterior. O posicionamento das cavernas foi feito para
frente para trás) são as cavernas de pressurização, as em cor verde (4, 8, 9, 11 e 15) são as
Figura 23: Leiaute das cavernas da fuselagem dianteira (programa de CAD CATIA 3D)
alinhadas com as longarinas da asa, e são fixadas às fuselagens dianteira e traseira através das
Figura 24: Leiaute das cavernas da fuselagem central (programa de CAD CATIA 3D)
Na fuselagem traseira, Figura 25, as cavernas 2, 4 e 6 (cor verde) são para a fixação
do motor e as de número 7 e 10, também na cor verde, estão alinhadas com as longarinas da
horizontal. As demais, na cor vermelha, são cavernas intermediárias para diminuir o tamanho
Figura 25: Leiaute das cavernas da fuselagem traseira (programa de CAD CATIA 3D)
57
3.2.2 Asa
Corda
aerodinâmica
Longarina dianteira
Longarina traseira
longarina traseira, o que proporciona menor peso estrutural e ganho de produtividade devido à
superfícies de controle e dos pontos duros. Para aumentar a rigidez da asa na região dos
pontos duros, que são alinhados com a direção de vôo, foi feito o leiaute de tal forma que o
ponto de fixação de um ponto duro na longarina dianteira, na junção de uma nervura, coincida
com a intersecção de outra adjacente com a longarina traseira. Esta solução de projeto
posicionas nos pontos coincidentes com a direção de vôo, como mostra a Figura 28. A Figura
Ponto duro
Figura 28: Leiaute das nervuras da semi-asa do avião TA (programa de CAD CATIA 2D)
3.2.3 Empenagens
Figura 30: Leiaute da empenagem vertical do avião TA(programa de CAD CATIA 3D)
composto, tendo três longarinas posicionadas a 15%, 85% e 56% da corda aerodinâmica,
2
área do aileron 0,79 m
o o
deflexões do aileron 20 (p/cima)/15 (p/baixo)
Para a aeronave TA foi adotado o leiaute com enflechamento fixo, opção baseada no
regime de operação que a mesma trabalha, onde o requisito estabelece que a velocidade
simples e com aspectos de resistência à fadiga estrutural bem superiores quando comparados
com a configuração com enflechamento variável. Porém ela não se adapta às diversas
condições de vôo. Para se atingir excelentes condições de vôo tanto em manobra como em
pista, adotou-se a forma física da asa na posição ideal de manobra, regime este predominante
pista, lança-se mão dos recursos de três superfícies de controle com o advento do canard.
62
intermediária entre as posições superior e média tendo por base o eixo vertical do avião, o que
uma asa do tipo shoulder, como mostra a Figura 32. Este tipo de configuração é muito
aplicado para essa classe de aeronaves, porém de nome não muito usual.
passante é preferível tendo em vista uma maior rigidez estrutural e também devido ao maior
A asa do TA, em relação ao eixo horizontal do avião, está posicionada logo atrás do
assento do segundo tripulante. Com isso, faz-se necessário avaliar a interação com outros
construí-lo nas semi-asas, o que simplifica o projeto da asa e dos sistemas de combustível e
tanques posicionados na asa, por estarem mais expostos. Outro aspecto relevante na
alocado na fuselagem, devido ao menor peso estrutural, visto que, a distância entre o trem-de-
não na asa.
utilizando o programa de CAD CATIA, onde foi gerado um sólido para determinar o volume
disponível atrás da cabine de pilotos até a caverna de junção da fuselagem central à fuselagem
traseira acima da seção central da asa, delimitada pelas longarinas dianteira e traseira.
O sólido tem 1380 litros, excedendo em 130 litros a capacidade mínima necessária. O
volume gerado considera o tanque coletor com uma capacidade de 60 litros necessários para o
vôo invertido no período mínimo de um minuto. Ele está posicionado abaixo do tanque
principal entre as tubulações das duas tomadas de ar, fazendo com que o combustível atinja o
Figura 33: Volume destinado ao tanque da aeronave TA (programa de CAD CATIA 3D)
Tanque
Motor cabine
Tubulação
Tubulação (entrada de ar)
(saída de ar) Seção central da asa
Figura 34: Volume e integração dos principais sistemas do avião TA (programa de CAD
CATIA 3D)
Uma vez decidido que a aeronave seria asa-passante, passou-se à etapa seguinte:
determinar qual tipo de junção adotar, se por junta de tração ou por placas de cisalhamento.
inicial de que os dois leiautes fossem prosseguidos para que pudessem ser comparados e
avaliados para o caso específico do TA. Porém, a configuração por junta de tração mostrou-se
inviável por problemas de espaço para o posicionamento dos fittings, uma vez que os mesmos
seção central da asa, como no caixão central da semi-asa, como mostra a Figura 35. Este
problema poderia ser contornado ao alterar a forma aerodinâmica, mas isto não está no
escopo do trabalho.
A análise de cada uma destas condições tornaria o trabalho muito extenso, portanto, no intuito
de simplificar o volume de trabalho, foi adotada para estudo apenas a condição mais crítica,
de tal modo a garantir margens de segurança positivas aos demais carregamentos. A Tabela 3
Carregamento Atuante
Momento torçor My (N*m) -106040.00
Momento fletor Mz (N*m) 0.00
Momento fletor Mx (N*m) -361815.28
Esforço Cortante (N) 167260.00
Idealização Estrutural
por isso a análise estrutural torna-se muito trabalhosa se feita rigorosamente para uma
Observa-se, na Figura 36, que as áreas das seções transversais dos reforçadores e das
mesas das longarinas são pequenas se comparadas à área da seção toda. É razoável, portanto,
supor que a tensão normal σz seja constante nas seções dos reforçadores e mesas. A distância
construir um modelo estrutural mais simples, onde os reforçadores e mesas são substituídos
por áreas concentradas conhecidas como boom, localizadas na linha média do revestimento,
A idealização pode ser ainda mais simplificada supondo que as áreas concentradas
capacidade de resistência à tensão normal do revestimento pode ser incluída por meio de
(a) (b)
Figura 37: Idealização: (a) estrutura real, (b) estrutura idealizada (MEGSON, 1999)
Onde:
Modelagem
reforçadores foram idealizados como boom acrescido da área correspondente dos painéis e
das longarinas adjacentes de forma eqüidistante. O cálculo das áreas foi feito utilizando o
posicionada na linha média de seu respectivo painel, como mostra a Figura 39.
69
Figura 38: Cálculo das áreas do perfil da junção asa-fuselagem (programa de CAD
CATIA)
IDEALIZAÇÃO
2
Boom z(m) A (m ) x (m) z (m) BMX' (N*m) TMZ (N*m) Sy (N/m2)
1 0.127 1.41E-03 -1.76E+08
2 0.130 1.22E-03 -2.20E+08
3 0.124 1.18E-03 -2.44E+08
4 0.107 1.18E-03 -2.47E+08
5 0.081 1.18E-03 -2.29E+08
6 0.048 1.62E-03 -1.97E+08
7 -0.106 1.62E-03 7.235 -0.005 -2.05E+09 -8.32E+07 -2.08E+08
8 -0.116 1.16E-03 -2.29E+08
9 -0.121 1.17E-03 -2.39E+08
10 -0.118 1.17E-03 -2.34E+08
11 -0.108 1.23E-03 -2.13E+08
12 -0.092 1.47E-03 -1.80E+08
Somatória 1.56E-02
calcular o respectivo esforço pelo qual, quando multiplicado pelo braço de alavanca (z)
correspondente, pode-se determinar o momento por ele gerado. A somatória dos momentos de
todos os booms deve ser igual ao momento causado pelo carregamento externo aplicado na
semi-asa, adotado inicialmente (Tabela 3) para o cálculos das tensões atuantes servindo assim
descreve os valores dos momentos dos booms e também a somatória de todos eles.
modelados a partir de faces que posteriormente foram exportadas para o programa de CAE
Longarinas
de viga (1D – Beam) com 100 mm de largura e espessura de 6 mm para a longarina dianteira e
8 mm para a longarina traseira. A alma foi modelada com elementos de placa (2D – Shell
Nervuras
Revestimento Superior
de altura.
Revestimento Inferior
caso é a liga de alumínio Al2024-T3 (propriedade do material, apêndice F). Esta liga de
alumínio possui melhor resistência à fadiga, mais indicada para esta aplicação.
crítica atuante em todo o envelope da aeronave. Esta condição está caracterizada pelos
envergadura. Esta representação diverge das condições reais atuantes. No intuito de minimizar
pela Embraer no projeto da aeronave Embraer 170 e que foi adaptada para a aeronave TA,
(LOREIRO, 2004). Esta planilha distribui o carregamento, que até então era bidimensional,
intersecções das nervuras com as longarinas dianteira e traseira, como mostra a Figura 41.
retornam os carregamentos a serem aplicados nos pontos descritos na Figura 41. Esta planilha
considerada como uma viga engastada. Tal engastamento foi representado pelos nós
São comparados os valores dos esforços obtidos pelo método analítico, oriundos das
fuselagem - o que corresponde ao eixo “y” do avião, com as cargas obtidas através do método
relações que, com auxílio do Gráfico 1 que dispõe no eixo horizontal, em ordem crescente de
numeração, os booms e, no eixo vertical, a distribuição dos valores da relação entre um boom
analítico são maiores nos nós mais próximos das extremidades da seção central da asa, da
longarina traseira são negativos, isto é, os valores obtidos pelo método computacional
apresentaram-se maiores quando comparados com os valores obtidos pelo método analítico,
enquanto que, para os booms próximos da longarina dianteira, adotam-se valores positivos.
Este fato é justificado pelo fato de que, no método de cálculo analítico, não se
considerou o enflechamento que, para esta aeronave, é de 25o ao quarto de corda - valor
método de cálculo analítico, no qual os valores obtidos pelo método na realidade representam
o cateto adjacente de um triângulo retângulo, cujo ângulo é dado pelo diedro aplicado à
aeronave.
78
Ao analisar as cargas pelo método de cálculo computacional (ver Tabela 6), nota-se
que as cargas atingem valores altos que extrapolam os limites de resistência dos parafusos
adotada foi distribuí-las para vários parafusos. Isto se traduz em remodelar as condições de
contorno em que o intervalo entre dois nós consecutivos foi subdivido ao meio, gerando um
número maior de nós. Outro refinamento nas condições se refere aos graus restringidos em
cada nó, uma vez que já foi adotado o sistema de junção por placas de cisalhamento duplo,
fazendo com que, por simplificação, todo o carregamento no plano XY (plano da asa) - Mz -
seja transmitido pelas mesas das longarinas e pelos painéis, representados pelos graus
planos da asa e função asa fuselagem), em graus restringidos 2, 3, 5 e 6, como mostra a Figura
Painel superior
Longarina Longarina
dianteira Painel inferior traseira
Figura 44: Condições de contorno da junção asa-fuselagem do TA (programa de CAE
PATRAN)
79
A escolha de que material deve ser usado para os parafusos e o diâmetro que os
processo interativo, uma vez que a distância entre parafusos é diretamente relacionada com o
diâmetro do mesmo.
A filosofia de projeto recomenda que a distância entre parafusos deve ser de, no
Este trabalho aplicou apenas um caso. O parafuso escolhido foi o NASM 14181,
apêndice D, com diâmetros de 0,5” (12,7 mm) para os painéis e alma das longarinas e de
0,625” (15,87 mm) para as mesas das longarinas. Ambos são de liga de titânio de alta
Para as mesas das longarinas utilizou-se um parafuso mais resistente devido às altas
cargas atuantes na longarina traseira e também pelo fato de que o modelamento foi feito por
um nó para cada mesa, posicionado no centro das mesmas. Este fato torna difícil aplicá-los,
por estarem alinhados com a alma das longarinas. Portanto, as cargas atuantes foram
Foram aplicados parafusos na alma das longarinas dianteira e traseira. Estes parafusos
eixo e a linha neutra quando comparados aos parafusos posicionados perpendicularmente aos
3.4.2.1 Longarinas
transversal da aeronave e são correspondentes aos valores das longarinas da asa, na raiz,
Figura 45.
Figura 45: Projeto das longarinas dianteira e traseira do TA (programa de CAD CATIA 3D)
como base para o tanque flexível, localizado acima. O revestimento inferior possui duas
3.4.2.3 Digitais
revestimentos (Figura 47) como para as longarinas (Figura 48). Para o caso específico dos
revestimentos, as digitais internas são em forma de “T” para que sejam fixadas à nervura de
junção.
Figura 47: Digitais dos revestimentos superior e inferior (programa de CAD CATIA 3D)
83
Figura 48: Digitais das longarinas dianteira e traseira (programa de CAD CATIA 3D)
3.4.2.4 Fixadores
Apêndice D, pela norma MIL-B-85604. Para os parafusos posicionados nas almas das
longarinas e nos revestimentos – exceto aos que estão posicionados nas mesas das longarinas
revestimetnos sobre as mesas das longarinas, o parafuso de 15,875 mm (5/8 in) como mostra a
Figura 49.
A Figura 50 mostra o conjunto da seção central da asa como um todo mais um detalhe
4 CONCLUSÃO
Foi adotada, para a aeronave Treinador Avançado, uma asa de enflechamento fixo de
existentes atualmente aplicadas a este tipo de aeronave. Observou-se que esta configuração
apresenta melhores características estruturais, menor peso, maior rigidez e melhor vida em
fadiga, quando comparada com os demais leiautes. O projeto foi viabilizado após estudos que
demonstraram haver espaço suficiente na fuselagem para a asa transpô-la sem interferir nos
demais sistemas da aeronave. A asa foi subdividida em três partes: seção central, fixa à
fuselagem, e as duas semi-asas. Esta decisão de projeto foi tomada devido ao alto ângulo de
enflechamento da asa, 25o a um quarto de corda, ângulo este alto suficiente para impedir a
tração, devido à interferência dos fittings de tração com a fuselagem. Uma solução seria
dianteira, os revestimentos superior e inferior, digitais internas e externas da junção por placas
CAD, mostrou-se eficiente para a verificação da interação com as demais partes da aeronave,
sem a necessidade de se conceberem projetos reais - o que, na aplicação, otimiza tempo, custo
de projeto e de produção.
86
apresentou-se como uma excelente ferramenta de análise ao representar com maior lealdade
Foi adotado para a união da asa à fuselagem o parafuso NASM 14181 devido a sua
alta aplicabilidade para essa finalidade. Foram obtidas margens de segurança positivas, sendo
a menor igual a 6%, posicionada na alma da longarina traseira, e a maior 613%, na longarina
dianteira. A margem de segurança do parafuso da alma da longarina dianteira é alta, uma vez
que os esforços atuantes são menores quando comparados com os aplicados à longarina
traseira, onde utilizou-se o mesmo parafuso. O parafuso foi mantido o mesmo para ambas as
almas da longarinas, bem como para os painéis. Esta decisão visa a aspectos de melhor
5 TRABALHOS FUTUROS
cálculos de pré-dimensionamento, é natural que o mesmo deva sofrer alterações à medida que
asa não-passante e compará-lo com a configuração asa passante, no que tange os aspectos:
Otimizar o sistema de fixação da junção asa-fuselagem, para o qual são fornecidos, como
dados de entrada, dimensões dos painéis, dimensões das longarinas, cargas atuantes e os
6 Referência Bibliográfica
[1] BRUHN, E. F. Analysis and Design of Flight Vehicle Structures. Cincinnati, OH: Tri-
State Offset, 1965.
[2] FOKKER. Fokker Maintenance manual - Center-eig Description and Operation, aeronave
Fokker 100. [S.l.: S.n], 1990.
[7] NAPOLEÃO, A . Santos Dumont et la Conquete de L'air. França: Ministère des Relacions
Extèrieures, 1947. v.1
[8] NIU, M. C. Y. Airframe Stress Analysis and Sizing. Hong Kong: Hong Kong Conmilit
Press , 1997.
[9] NIU, M. C. Y. Airframe Structural Design. Hong Kong: Hong Kong Conmilit Press,
1988.
[10] OLIVEIRA, J. F. Os Precursores da Aviação: seus pais e seus avós. São Paulo:
Fundação Santos Dumont, 1966.
89
[11] ROSKAM, J. Airplane Design ( Part III ): layout design of cockpit, fuselage, wing and
empennage: cutaways and inboard profiles. Lawrence – Kansas: University of Kansas, 1989.
[12] SANTOS DUMONT, A. O que eu vi e o que nós veremos. Brasília: Fundação Rondon,
1986.
90
APÊNDICE
7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):
Instituto Tecnológio de Aeronáutica. Divisão de Engenharia Mecânica-Aeronáutica – ITA/IEM
8.
PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:
11.
RESUMO:
12.
GRAU DE SIGILO: